LP9 1bim Aluno 2018
LP9 1bim Aluno 2018
LP9 1bim Aluno 2018
° ANO 0
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 1
MARCELO CRIVELLA
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
CÉSAR BENJAMIN
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
FÁBIO DA SILVA
MARCELO ALVES COELHO JÚNIOR
DESIGN GRÁFICO
EDIGRÁFICA
IMPRESSÃO
NOME: ____________________________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 2
Texto 1 ____________________________________________________________________________________
ESPELHO
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Espelho, espelho meu:
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diga a verdade,
quem sou eu? ____________________________________________________________________________________
O próximo texto é o início de um poema de João Cabral de Melo Neto. João Cabral de Melo Neto foi um poeta e diplomata brasileiro.
Nasceu na cidade do Recife, a 6 de janeiro de 1920 e faleceu no
dia 9 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, aos 79 anos.
Texto 3 Conhecido como “poeta engenheiro”, ele fez parte da terceira
MORTE E VIDA SEVERINA (Início) geração modernista no Brasil.
João Cabral de Melo Neto
Adaptado de http://www.academia.org.br/
academicos/joao-cabral-de-melo-neto/biografia
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
1 – Observe a presença do travessão (—), iniciando o poema. O que
— O meu nome é Severino, Mas isso ainda diz pouco: esse sinal indica?
como não tenho outro de pia. se ao menos mais cinco havia _______________________________________________________
Como há muitos Severinos, com nome de Severino _______________________________________________________
que é santo de romaria, filhos de tantas Marias
deram então de me chamar mulheres de outros tantos, 2 – Em que verso o personagem explica ter sido batizado com esse
Severino de Maria; já finados, Zacarias, único nome “Severino”?
como há muitos Severinos vivendo na mesma serra _______________________________________________________
com mães chamadas Maria, magra e ossuda em que eu vivia.
fiquei sendo o da Maria Somos muitos Severinos 3 – Observe, nas formas como o personagem diz que era conhecido
do finado Zacarias. iguais em tudo na vida: pelos outros e na forma como tenta, primeiramente, se apresentar
Mais isso ainda diz pouco: [...] aos leitores, que ocorre o que chamamos de processo de
há muitos na freguesia, Somos muitos Severinos GRADAÇÃO. Gradação é uma figura de linguagem caracterizada
por causa de um coronel iguais em tudo e na sina: por um encadeamento de ideias de forma gradativa, que pode
que se chamou Zacarias a de abrandar estas pedras seguir a ordem crescente ou decrescente. Diga que formas são
e que foi o mais antigo suando-se muito em cima, essas e como se dá a gradação.
senhor desta sesmaria. a de tentar despertar _______________________________________________________
Como então dizer quem falo terra sempre mais extinta, _______________________________________________________
ora a Vossas Senhorias? a de querer arrancar _______________________________________________________
Vejamos: é o Severino algum roçado da cinza. _______________________________________________________
da Maria do Zacarias, Mas, para que me conheçam _______________________________________________________
lá da serra da Costela, melhor Vossas Senhorias _______________________________________________________
limites da Paraíba. e melhor possam seguir _______________________________________________________
a história de minha vida, _______________________________________________________
passo a ser o Severino 4 – Ao procurar dizer ao leitor quem é, o personagem faz uma
que em vossa presença emigra. [...] tentativa para, logo depois, se opor a ela, reconhecendo que ainda
diz pouco. Transcreva do poema a palavra que indica tratar-se de
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa.Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1994. uma tentativa e a que indica a oposição que faz a ela (ou sua
xmp33.co
contradição).
_______________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 5
5 – Transcreva do poema os versos que expressam o motivo da dificuldade de o personagem dizer aos outros quem ele
é:_______________________________________________________________________________________________________________
6 – Que forma de tratamento o personagem usa para se dirigir aos leitores (ouvintes)?
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7 – Nos versos “Mais isso ainda diz pouco: / há muitos na freguesia,” com que sentido foi usada a palavra em destaque?
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8 – Nos versos “Somos muitos Severinos / iguais em tudo e na sina:”, que significado tem a palavra em destaque?
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9 – Transcreva os versos que indicam que o lugar onde o personagem estava era de terra ressequida, de difícil cultivo:
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10 – Transcreva os versos que expressam a finalidade do personagem ao procurar se apresentar aos leitores:
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11 – Observe os versos finais “passo a ser o Severino / que em vossa presença emigra.”. Que outra palavra, no poema, tem um sentido que
se relaciona com o sentido da palavra em destaque, “emigra”?
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O nome próprio, nome registrado, nome de identidade, não personaliza seu portador. Quantos Joões e quantas Marias a
gente conhece? O que vai nos identificar em nosso grupo, em nossa turma, é justamente a nossa diferença em relação aos demais.
Quer dizer, a questão da identidade está na diferença, naquilo que nos distingue uns dos outros, no que nos dá personalidade, mas
está também no que nos iguala e nos inclui como seres de uma coletividade.
Como ser o “um” entre iguais e como se saber igual sem se perder no todo?
Dá uma boa conversa, não é mesmo? Boa e importante.
Leia os textos de apoio a seguir e, orientado pelo(a) Professor(a), organize uma Roda de Conversa, um debate sobre o
assunto. Combine com o(a) Professor(a) a melhor forma de se fazer o registro do debate.
“No mundo em que vivemos, a expressão oral tem sido cada vez mais valorizada e, muitas vezes, é o critério decisivo para o sucesso profissional de muitas pessoas.
Contudo, em algumas situações, as práticas sociais de linguagem são regradas e a escola pode desempenhar um importante papel no sentido de criar vivências que
permitam o conhecimento e a apropriação de falas mais padronizadas. É o caso dos gêneros orais públicos, como a discussão em grupo, a exposição oral, o seminário, a
entrevista oral, o debate regrado e muitos outros.”
http://portuguescereja.editorasaraiva.com.br/oralidade-e-generos-orais/
A INTERTEXTUALIDADE ocorre quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Além do texto verbal,
podemos perceber esse diálogo entre outras linguagens, como a música e a pintura, por exemplo. Quem lê mais, aumenta seu repertório
de textos, amplia seu conhecimento de mundo, e fica mais competente para perceber o diálogo entre os textos. Fique ligado!
Você, agora, vai ler um texto que defende uma opinião. Observe que ele possui uma linguagem informal e apresenta uma tese que
nos faz pensar no nosso modo de ser, de viver.
Texto 7
UMBIGOLÂNDIA
Dias desses encontrei uma amiga que me disse que está achando tudo e todo mundo chato. Que a violência está demais, que o dinheiro não dá
pra nada, que o trânsito está uma loucura, que o amor já era, que ninguém mais quer amar ninguém, homem é uma raça em extinção e por aí vai.
Em seguida abanou os braços, gritou “Táxi!” e, antes de entrar no carro, arrematou:
─ E ainda tem esses táxis uó de vidro preto que a gente nunca sabe se estão vazios ou ocupados! Beijão, vê se me liga você também, pô!
E foi embora, largando no meu colo aquela corbeille de reclamações e uma cobradinha final. Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela,
enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga, certamente a vida não anda nada fácil, quem sai de
casa não sabe se volta, namorar está brabo e ai de quem reagir a qualquer tipo de violência. Reagir é um perigo mesmo. Principalmente se a
reação for de ordem mais, digamos, psicológica, tipo reagir-a-algum-comentário-maldoso-sobre-você-na-sua-cara. Neste quesito eu tenho muita
dificuldade: ou não reajo ou só reajo uma semana depois. Naquele breve encontro, só minha amiga falou. Despejou suas reclamações em cima de
mim e se mandou. E eu fiquei sem reação.
Bem, reagir como, se ela não me deu chance? Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento. E o que é reagir? Penso
que, ao pé da letra, reagir significa agir novamente, ou “agir de volta”. E por que reagir é um perigo? Porque a reação confere ao outro o poder de
tomar posição. Ter atitude. Trocar. Crescer. Será? Talvez. Mas está tão difícil reagir. Trocar. Crescer. Está difícil dialogar. Vivemos a era do
monólogo, do “eu” exacerbado, do “meu espaço”, da “minha individualidade”, do “meu momento”, enfim, da Umbigolândia.
E é cada vez maior a população desta estranha terra, ocupada por um único habitante, rei e súdito ao mesmo tempo: o ego. Na Umbigolândia,
só uma pessoa interessa: o eu. O outro é mera circunstância. O assunto é um só. Só um fala e ponto. Eu sei que estou generalizando, e me
perdoem por isso. Mas do jeito que a coisa está, não me resta pensar em outra coisa.
Foi minha amiga quem, involuntariamente, trouxe essas questões à minha mente. A escuta está virando artigo de luxo. Aquele que tem o dom da
escuta – sim, nos dias de hoje escutar o outro é honrar um dom ─ tem aberto o canal da inteligência. Do crescimento. Do autoconhecimento e do
conhecimento do outro. Do mundo. E é INCRÍVEL como a indústria do consumo corteja sem parar o individualismo desenfreado. A internet, então, é
a fada madrinha dos solitários. Bibiti-bobiti-bum! E lá está você diante do mundo. Sozinho. E o universo faz a sua parte conspirando a favor.
Conspirando e pirando. É muita gente no mundo. Muita gente procurando. Buscando. Querendo. Pouca gente escutando. Encontrando. Suprindo.
E quanto mais gente, mais ego. E quanto mais ego, mais solidão.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 9
Na Umbigolândia, ego gera ego. E o profeta disse que gentileza gera gentileza. Pra minha amiga, que está (espero eu) passando uma
temporada na Umbigolândia, isso não interessa, até porque quem mora lá não enxerga um palmo adiante do umbigo. Pra quem mora aqui na
Terra mesmo, a premissa do profeta é um toque. Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca. Que torna mais suportáveis
problemas modernos como egolatria, consumo desenfreado, falta de amor, de companhia, de solidão. Se bem que a solidão não sente falta de
companhia. Até porque ela está sempre ao lado de alguém.
Aloísio de Abreu - Revista O Globo 23/03 /2008.
1.O primeiro e o segundo parágrafos revelam o estado de espírito da amiga do cronista. Como ela está encarando a vida?
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6 – Que associação é feita em “Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento.”, no quarto parágrafo?
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8 – A que palavra estão relacionados os termos “a era do monólogo” , ‘do “eu” exacerbado’, “meu espaço”, minha individualidade”, “meu
momento”, no quarto parágrafo?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 10
9. A que se refere, no quarto parágrafo, a expressão “estranha terra”?
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10. Quem é o único habitante dessa “estranha terra”?
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14 – O trecho “[...] não enxerga um palmo adiante do umbigo” está associado a que dito popular?
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16 – Num texto que defende uma ideia, essa ideia recebe o nome de TESE. Qual a tese defendida neste texto?
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17 – Observe a estrutura do trecho “Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca. Que torna mais suportáveis problemas
modernos...”. Qual o efeito da repetição dos termos destacados?
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18 – No trecho que se segue, identifique os fatos e a opinião:
“Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela, enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga,
certamente a vida não anda nada fácil [...]”
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Opinião (do grego δόξα, doxa) ou conjectura é a ideia confusa acerca da realidade e que se opõe ao conhecimento verdadeiro. Como
verbete de dicionário, define-se opinião como a maneira pessoal de julgar; conceito formado a respeito de um assunto, tema ou
conversa, seja ele refletido ou infundado; julgamento de valor.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 11
O próximo texto também defende uma ideia. Siga lendo e aprendendo cada vez mais.
Texto 8
Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por
mudar o curso da História. A imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo.
Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes de definir o
resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma retórica bem estruturada.
O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa faixa etária seguem um certo
padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto em questão. Tal manobra de
“marketing” acaba transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato de ela possuir ou não
os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca
capacidade de discernimento infantil.
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países como
Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso
focar na conscientização dessa faixa etária em escolas, com Professores(as) que abordem esse assunto de forma compreensível e
responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos sem obter vantagem abusiva da
ingenuidade infantil.
Adaptado de https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/enem-2014
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 12
1 – No trecho “No entanto, tendo em vista a idade desse público [...]”, (primeiro parágrafo), a que se referem os termos destacados?
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TESE é a ideia que defendemos, pois a argumentação implica posicionamento, defesa do ponto de vista, o que pode implicar,
evidentemente, divergência de opinião. Os argumentos de um texto são, em geral, facilmente localizáveis.
Identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o texto afirma isso (tese) por vários motivos (argumentos).
Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos: exemplos, comparações, dados históricos, dados
estatísticos, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos – enfim, tudo o que possa demonstrar que o ponto de vista
defendido pelo autor tem consistência.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 13
Texto 9 Continuando as leituras, vejamos o que nos diz Mafalda, uma menina muito esperta!
“Mafalda é uma
personagem de
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
histórias em
quadrinhos escrita e
traduzida em imagens
pelo cartunista
argentino Joaquín
Salvador Lavado,
1 – No primeiro quadrinho, por que o texto dentro do balão está entre aspas? mais conhecido
________________________________________________________________________________________________________
como Quino. Ela
________________________________________________________________________________________________________
animou as tiras
2 – Repare que o formato do balão é diferente nos dois últimos quadrinhos. Explique porquê. cultuadas por fãs em
todo
________________________________________________________________________________________________________o Planeta de 1964
________________________________________________________________________________________________________a 1973. Esta
personagem, que logo
3 – Qual o significado de “fazendo turismo dentro de mim” ? se tornou célebre entre
________________________________________________________________________________________________________
os leitores de suas
________________________________________________________________________________________________________
histórias, é uma garota
constantemente
Texto 10
inquieta com a
trajetória do ser
humano e a paz no
mundo.[...]
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
No dia 25 de junho de
1973 Quino encerrou a
publicação das tiras de
Mafalda.[...]”
http://www.infoescola.com/biog
rafias/mafalda/
2 – No último quadrinho, Filipe se assusta com a possibilidade de não gostar de si mesmo. Que conectivo indica que isso é uma possibilidade?
___________________________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 14
MultiRio.
“Morde a Língua
Série de Língua Portuguesa dirigida a alunos do
6º ao 9º ano. No formato dramaturgia e inspirada na
linguagem dos vlogs, aborda temas como: linguagem
Fontes, 2003.
desenho de Almada
Negreiros. In: PESSOA, Fernando. Obra poética.
__________________________________________________________
Pessoa,
__________________________________________________________
Brilha, porque alta vive.”
__________________________________________________________
Fernando
Ricardo Reis __________________________________________________________
PESSOA, Fernando. Poesia; poesias de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 2000
Você reparou quem é o autor do texto 12? Observe a referência do texto. É um livro de Fernando Pessoa (1888–1935), um importante
escritor português. Uma das características desse escritor é ter tido mais de 127 heterônimos.
Heterônimo é um nome imaginário, utilizado por um escritor, para escrever como se fosse outra pessoa, criando para si uma outra
identidade. Ricardo Reis é um dos principais heterônimos de Fernando Pessoa, junto de Alberto Caeiro e Álvaro de Campos. Vale a pena ler seus poemas!
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 15
O próximo texto é um trecho da biografia de Clarice Lispector. Você sabe o que é uma biografia? Siga refletindo...
Texto 13
VOANDO PARA O RIO
Quando Clarice Lispector tinha 15 anos, um ano depois de descobrir a possibilidade de escrever, seu pai fez sua última mudança.
O destino agora era o Rio de Janeiro.
O Rio estava no auge de sua reputação internacional. Se anteriormente os navios que viajavam a Buenos Aires anunciavam que
não faziam escalas no Brasil – a mente estrangeira, quando pensava no país, imaginava um lugar infestado de macacos, febre amarela e cólera –,
o Rio tinha se transformado num dos destinos mais chiques do planeta. Cruzeiros afluíam para a Baía de Guanabara, descarregando seus
abastados passageiros nos novos hotéis que imitavam os brancos bolos de noiva originais da Riviera francesa: o Hotel Glória, perto do Centro,
inaugurado em 1922; o lendário Copacabana Palace, inaugurado um ano depois, numa praia que ainda ficava fora da cidade.[...]
Pedro Lispector tinha mais em comum com os imigrantes portugueses do que com aqueles que agora eram seus companheiros
nordestinos. Depois de anos de trabalho, seus negócios ainda não estavam prosperando, e ele tinha esperança de que a capital do país
oferecesse um campo mais amplo para suas ambições. Esperava também que o Rio de Janeiro, com uma grande comunidade judaica, pudesse
oferecer maridos apropriados para suas filhas. Elisa agora tinha 24 anos, Tania estava com vinte e Clarice, quinze.[...]
Clarice nunca descreveu a partida do Recife, onde ela passara toda a sua infância. Lembrava-se do barco inglês que as levara ao
Rio na terceira classe: “Foi terrivelmente exciting. Eu não sabia inglês e escolhia no cardápio o que meu dedo de criança apontasse. Lembro-me
de que uma vez caiu-me feijão-branco cozido, e só. Desapontada, tive que comê-lo, ai de mim. Escolha casual infeliz. Isso acontece”. [...]
Depois de chegar ao Rio, em 1935, ela passou um breve tempo numa precária escola de bairro na Tijuca antes de entrar, em 2 de
março de 1937, no curso preparatório para a Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. [...] No Brasil inteiro, a carreira no direito era reduto
da elite, e nenhuma escola do país tinha mais prestígio do que a da capital. [...]
A carreira, porém, não foi o que motivou Clarice a entrar na escola de Direito. A ânsia de justiça estava inscrita em seus ossos. Tinha visto a
horrível morte da mãe, e seu brilhante pai, incapaz de estudar, reduzido ao comércio ambulante de tecido. Cresceu pobre no Recife, mas sempre
teve consciência de que sua família, apesar das dificuldades, estava melhor de vida que muitas outras. [...] “E eu sentia o drama social com tanta
intensidade que vivia de coração perplexo diante das grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes menos privilegiadas”. [...]
Ela mudara de perspectiva pouco antes de começar o curso. Durante o primeiro ano na faculdade descobrira um canal para dar vazão a sua
verdadeira vocação, e, em 25 de maio de 1940, publicou seu primeiro conto conhecido, “Triunfo”, na revista Pan.
MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
1 – Com que idade Clarice Lispector descobriu a possibilidade de se tornar escritora?
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2 – Clarice, aos 15 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com sua família. Como a cidade era vista na época?
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3 – O que motivou Clarice Lispector a ingressar na escola de Direito?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 16
4 – Que sentido tem a expressão em destaque no trecho “A ânsia de justiça estava inscrita em seus ossos”?
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5 – Por que foram utilizadas as aspas no trecho ““E eu sentia o drama social com tanta intensidade que vivia de coração perplexo diante das
grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes menos privilegiadas”?
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6 – Nesse trecho da biografia, percebe-se uma sequência temporal dos fatos. Retire do texto expressões que marcam essa sequência do
tempo da narrativa, configurando a progressão dos fatos da vida de Clarice Lispector:
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ESPAÇO PES UISA
Sugerimos que você vá à Sala de Leitura e procure por biografias. Existem várias no acervo! Escolha uma pessoa importante e descubra
mais sobre ela! Depois, combine com o seu Professor(a) e leia para os colegas os fatos mais importantes da vida da pessoa que você escolheu.
Você também pode acessar o site http://www.e-biografias.net/ . Que tal elaborar um mural na sala com o resultado das pesquisas?
Texto 14 Texto 15
Livro Box Calvin e Haroldo – 7 volumes. Editora Conrad. Caixa Especial Peanuts Completo - Vols. 1 e 2 Schulz, Charles MonroeL&PM
1 – No texto, Calvin conversa com o seu Tigre Haroldo. O que constrói 1 – No texto, a menina conversa com o cãozinho Snoopy. O que
o humor da tirinha? constrói o humor da tirinha?
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Vários textos deste caderno são de base narrativa, contam histórias ou fatos.
Uma das características básicas do texto narrativo é a progressão temporal entre os acontecimentos relatados. Para
isso é importante a utilização de palavras e/ou expressões que marcam a passagem do tempo. Os verbos também são
fundamentais. A narrativa utiliza verbos preferencialmente no tempo passado.
A proposta de produção textual a seguir é uma AUTOBIOGRAFIA.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 17
Nossa história de vida nos ajuda a nos construirmos a cada dia. Você já pensou nos fatos que marcam a sua história de vida? Existem pessoas
que registram a sua história de vida em textos, em BIOGRAFIAS ou AUTOBIOGRAFIAS, gêneros discursivos de base narrativa muito
interessantes.
A palavra AUTOBIOGRAFIA se origina de BIOGRAFIA – termo derivado de “bio” que significa vida, e “grafia” que significa escrever ou
descrever. A BIOGRAFIA é um texto que objetiva contar a vida de uma pessoa. Já a AUTOBIOGRAFIA é o texto em que a própria pessoa conta a
sua vida (AUTO – radical grego que significa si mesmo).
A biografia é escrita pelo biógrafo através de pesquisas em documentos, cartas, depoimentos de testemunhas e do próprio biografado. A
autobiografia é resultado do levantamento das memórias da própria pessoa que a escreve, podendo, também, envolver pesquisa em documentos
─ cartas, fotos etc.
A biografia de uma pessoa pode ser escrita sem o seu consentimento. Ela é chamada, então, de BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA. Em geral, as
biografias não autorizadas causam polêmica, trazendo segredos que o biografado não gostaria de revelar e/ou diferentes versões para os fatos.
Sugerimos também a leitura do livro “Emília — Uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó” . Leia um trecho de
uma notícia sobre o livro:
Boneca Emília ganha biografia 'não autorizada’
Escritora cearense lança livro com histórias e curiosidades sobre a personagem do "Sítio do Picapau Amarelo”
RIO - Emília era muda e começou a falar. Ela não tem coração — literalmente — e se casou por interesse, só porque queria
ser marquesa. Torce pelo Palmeiras, pesa cinco quilos [...]. Sua dona, Narizinho, a define assim: algodão por fora, asneira por
dentro. Dona Benta, mais doce, diz que ela é “uma fadinha” que anda pelo mundo fantasiada de boneca de pano. Espevitada,
tagarela, atrevida — politicamente incorreta, por vezes —, a personagem de Monteiro Lobato (1882-1948) entrou para o
imaginário brasileiro a ponto de parecer ter vida própria. Tanta vida própria que acaba de ser radiografada em um livro, “Emília
— Uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó” (Casa da Palavra), no qual a cearense Socorro Acioli revê toda a
obra de Lobato para narrar a trajetória da personagem — mais agitada que a de muita gente de carne e osso, diga-se.[...]
É bom lembrar que, apesar do título, a biografia de Emília é, sim, autorizada pelos herdeiros de Monteiro Lobato. O título, diz
Socorro, é uma brincadeira com a recente polêmica sobre a publicação de biografias não autorizadas e também com a
personagem. É que Emília uma vez contratou o Visconde de Sabugosa para escrever suas memórias, mas desistiu quando
viu o sabugo de milho escrevendo umas verdades sobre ela e assumiu o posto, começando a inventar aventuras que jamais
haviam acontecido. Quando é confrontada por Dona Benta, ela responde: “Minhas memórias são diferentes de todas as
outras. Eu conto o que houve e o que deveria acontecer”.
Leia mais: https://glo.bo/2Cu9awI
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 18
MULTIRIO
narrativa em prosa. Você deve escolher uma das propostas:
1 – Escrever sua autobiografia real.
2 – Escrever sua autobiografia fictícia, inventada.
3 – Escrever sua autobiografia inventada, contando a sua vida como se você vivesse no ano 2050.
Vamos, passo a passo, para que seu texto fique muito interessante.
1.º passo – Escreva, numa folha separada, uma lista com os principais fatos que marcaram a sua vida (real ou inventada) e que
constarão da sua autobiografia.
2.º passo – Escolha a ordem em que esses fatos aparecerão no seu texto.
Uma boa maneira de organizar o texto é pensar na construção de, pelo menos, três parágrafos – começo, meio e fim. Outra questão para
você pensar é se você vai optar pela ordem cronológica (ordem dos acontecimentos, seguindo o tempo cronológico, sequência de fatos
ordenados como no calendário).
Decida-se e se organize!
3.º passo – Escreva, no seu caderno, a sua autobiografia. Lembre-se de dar a ela um título que desperte a atenção do leitor.
Após a escrita, siga os passos sugeridos abaixo:
Pense em Revise seu texto. Verifique também a Reescreva seu texto e Combine com o (a)
qual é o seu Ele cumpre a função de pontuação, a concordância compartilhe com os
e a ortografia. colegas! Professor(a).
leitor. uma autobiografia?
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 19
O próximo texto foi publicado na Revista Superinteressante. Compare-o com o poema que virá logo a seguir. Perceba a diferença quanto
ao uso da língua portuguesa e quanto à sua finalidade. Converse com seu (sua) Professor(a) de Ciências sobre o conteúdo do texto.
E conversamos toda a noite, enquanto 4 – Qual o estado de espírito do eu poético nas duas primeiras estrofes do texto?
A via láctea, como um pálio aberto, _____________________________________________________________________
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto. _____________________________________________________________________
Ainda estrelas... 1 – A tirinha mostra Calvin conversando com seu tigre Haroldo. Que
informação da tirinha se relaciona ao texto 16?
Texto 18 _________________________________________________________
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2 – A imagem do terceiro quadrinho se diferencia. Que efeito ela
produz?
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3 – Explique o último quadrinho, tomando por base o texto verbal e o
não verbal.
Livro Box Calvin e Haroldo – 7 volumes. Editora Conrad. _________________________________________________________
_________________________________________________________
Texto 19
Você viu toda 1 – Que crítica você pode perceber no texto 19?
essa gente
que se mata Eu fico com minha ___________________________________________________________
vida mil estrelas...
por uma vida ___________________________________________________________
cinco
estrelas? ___________________________________________________________
___________________________________________________________
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http://www.porliniers.com/tiras/browse
Texto 21
Texto 20
Pensar que existem
pessoas que creem
que as estrelas estão
na televisão.
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/27431-tiras-de-armandinho#foto-449325
http://www.porliniers.com/tiras/browse
1 – Qual o sentido de “estrelas” no texto?
1 – Qual o sentido de “alcançar” no último quadrinho?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 22
O sonho domado
Thiago de Mello
Você observou que, em vários textos deste início do caderno pedagógico, é utilizada a linguagem conotativa? Você foi
levado a imaginar...
O que seria “Viajar nos braços do infinito”?
Como seria “...sonhar, mas cavalgando o sonho...”?
A linguagem conotativa é também chamada de linguagem figurada exatamente porque ela evoca imagens, provoca o leitor
para que ele associe ideias, indo além do sentido objetivo, denotativo.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 24
Agora, você vai ler um texto escrito Você já deve ter estudado que uma forma básica de organizar um
por um jovem como você. texto de base argumentativa é estruturá-lo em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão. De forma geral, pode-se pensar assim:
Introdução Apresenta a ideia central.
Texto 23
SONHANDO EM SER FELIZ Desenvolvimento São apresentadas as ideias secundárias. É a linha
argumentativa,
Muitos adolescentes sentem-se perdidos quando o assunto é Conclusão Retoma a ideia central e, tendo em vista a
o futuro. argumentação anterior, a conclui, reafirmando o que foi
Todos projetamos uma vida feliz, de acordo com critérios dito, propondo, criticando, abrindo uma nova questão
pessoais de felicidade, porém, ao mesmo tempo, nossos projetos sobre o tema etc.
são preenchidos por dúvidas e temores.
1 – Marque, no texto, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Muitas vezes me pergunto quais são os meus objetivos e o
que espero conquistar. Já perdi as contas de quantas vezes
2 – Qual a ideia principal do texto?
mudei de ideia e imagino que aconteça a mesma coisa com a
___________________________________________________________
maioria dos adolescentes da minha idade. É como um “tiro no
___________________________________________________________
escuro”, não temos certeza de nossas escolhas. Apaixonamo-
nos e desapaixonamo-nos, sempre nos perguntando onde está o 3 – Cite um argumento utilizado para defender essa ideia:
“amor de nossas vidas”. Nós, adolescentes, queremos tudo na ___________________________________________________________
hora; não gostamos do termo “esperar” [...]. ___________________________________________________________
Quantos de nós, quando éramos pequenos, dizíamos que 4 – Por que são utilizadas aspas no trecho ‘. É como um “tiro no escuro” ”,
moraríamos sozinhos aos 17 anos, dividindo apartamento com não temos certeza de nossas escolhas.’?
nossos amigos, e seríamos independentes? E percebemos que, ___________________________________________________________
na verdade, não é assim tão fácil. ___________________________________________________________
A maioria dos meus amigos tem dificuldade para escolher uma
profissão. Ás vezes se perguntam: “será que é isso mesmo?”. 5 – O que significa a expressão “tiro no escuro”?
Imagino que isso deva acontecer com todos nós. ___________________________________________________________
Acredito que a autoconfiança é um fator fundamental para ___________________________________________________________
alcançarmos qualquer objetivo. Se não confiarmos em nós, quem 6 – Qual a ideia expressa pelo termo destacado em “Portanto, devemos
há de confiar? nos empenhar, independente [ ...].
Portanto, devemos nos empenhar, independente do que _________________________________________________________
escolhermos fazer: devemos dar tudo de nós.
7 – Indique um trecho do texto em que se percebe a interação com o
Monique Barbosa de Oliveira leitor.
CIEP Francisco Cavalcante Pontes de Miranda. ___________________________________________________________
Projeto Redação ___________________________________________________________
Folha Dirigida, 2010. ___________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 25
O próximo texto é uma crônica. A crônica tem, como traço marcante, o olhar para o cotidiano, registrado em um texto geralmente
conciso. A vivência do cronista e suas observações sobre a vida, sobre fatos banais – “pitorescos ou irrisórios” – do dia a dia, são
assuntos de uma crônica.
Antônio Cândido nos conta um pouco mais sobre a história da crônica: “Antes de ser crônica propriamente dita foi “folhetim”, ou
seja, um artigo de rodapé sobre as questões do dia – políticas, sociais, artísticas, literárias. [...] Aos poucos o “folhetim” foi encurtando e
ganhando certa gratuidade, certo ar de quem está escrevendo à toa, sem dar muita importância. Depois, entrou francamente pelo tom
ligeiro e encolheu de tamanho, até chegar ao que é hoje.”
In: Crônicas, 5/ Carlos Drummond de Andrade... [et al.]. São Paulo: Ática, 2011. (Para gostar de ler).
A palavra CRÔNICA tem sua origem em khrónos, vocábulo grego que significa tempo. Ela é, em geral, publicada em jornais, em
revistas, em blogs, que são publicações que obedecem a uma periodicidade de tempo.
Não perca!
Um vídeo sobre a nossa vida: crônica . Acesse Multirio
http://bit.ly/2nTI9hk
Texto 24
A MENSAGEM NA GARRAFA
Como outros escritores veteranos recebo muitas obras de estreantes. Livros de contos, de poesia, crônicas, um ou outro romance; edições
modestas, precárias até, várias delas obviamente pagas pelos próprios autores ─ é difícil arranjar editora quando se está começando. Sempre
que posso mando algumas linhas para o remetente, ao menos para dizer que o livro chegou e que, se possível, vou lê-lo. Faço isso porque lembro
o jovem escritor que fui, a ansiedade com que procurava fazer chegar meus textos às mãos de pessoas que conhecia e admirava. Esses dias
recebi de um contista do Nordeste uma carta em que ele me agradece o fato de lhe ter respondido. E diz: “O difícil não é a gente escrever; difícil,
mesmo, é encontrar alguém que leia o que a gente escreve. Pior do que não ter a quem contar o que a gente sente é contar o que a gente sente
a quem não sente o que a gente conta.”
***
Nestas frases está todo o drama da incomunicabilidade humana. Todos nós temos os nossos sofrimentos, as nossas angústias; todos nós
queremos expressar essas coisas sob a forma de palavras, faladas ou, como acontece em alguns casos, escritas. Se há talento nisso, se o
desabafo se transforma em literatura, é outra questão. O ponto crucial é que temos mensagens a transmitir, precisamos transmiti-las e não
sabemos se alguém vai recebê-las. Aí se aplica a clássica metáfora do náufrago na ilha deserta que escreve um bilhete, e coloca-o numa garrafa
e joga-a ao mar. Essa garrafa chegará a alguém? E esse alguém fará alguma coisa pelo náufrago? Ou estará o potencial salvador tão envolvido
com seus próprios problemas que jogará fora garrafa e bilhete?
Nós temos, sim, a capacidade de entender o outro, de corresponder a seu anseio. Chama-se empatia isso. Mas a capacidade de ser empático
varia de pessoa a pessoa, e, numa mesma pessoa, varia com sua disposição momentânea. Há momentos em que estamos dispostos a recolher a
garrafa da areia da praia e ler a mensagem que ali está. E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as
pessoas jogam lixo em qualquer lugar.
***
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 26
Os escritores não estão imunes a essas dúvidas e ansiedades. Ninguém escreve para a gaveta; todo mundo escreve para ser lido. Não
necessariamente por multidões; cem leitores já me bastariam, dizia o grande Flaubert, que hoje é lido por milhões. Franz Kafka , um dos
escritores mais revolucionários do século XX, tinha um público muito reduzido; conta-se que, quando foi publicada uma de suas obras, ele
perguntou numa livraria próxima à sua casa quantos exemplares haviam sido vendidos. Onze, foi a resposta do livreiro. “Dez fui eu que
comprei”, replicou Kafka, acrescentando: “Eu só queria saber quem foi o décimo primeiro.” Ao morrer (ainda jovem, de tuberculose), Kafka
pediu ao amigo Max Brod que destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não valia a pena. Brod não atendeu a esse pedido e a
humanidade lhe agradece: graças a ele, temos acesso a uma obra extraordinária.
[...] Só vivemos realmente se contraímos laços com outras pessoas, e para estabelecer esses laços usamos a palavra falada ou escrita. É
a nossa mensagem na garrafa. Só resta esperar que as mensagens cheguem a seu destino.
SCLIAR, Moacyr. Contos e crônicas para ler na escola.Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
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4 – A que se refere o termo destacado em “E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as pessoas
jogam lixo em qualquer lugar” ?
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5 – No trecho que se segue, marque a causa: “Kafka pediu ao amigo Max Brod que Os cientistas dizem que os humanos
destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não valia a pena”. são feitos de átomos, mas a mim um
_________________________________________________________________________ passarinho contou que somos feitos de
histórias.
6 – Retire do texto um trecho que explicita o diálogo com o leitor. Eduardo Galeano
http://bit.ly/2lXq5Rp
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 27
Você, agora, é convidado a ler algumas histórias. Recupere, na sua memória, a estrutura do conto, que já foi estudada em anos anteriores.
Texto 25
PARA CONTAR ESTRELAS
─ Pai, como é que a gente conta estrelas do céu?, perguntou Lelê. O pai, baixando o jornal, foi logo fazendo pose de explicação.
─ Bem, existem equipamentos especiais para isso. Eles tiram fotos do céu e fazem medições. E tem o Hubble, que é o bambambã dos telescópios! Mas só
os cientistas podem usá-lo. Então, cada um conta com o que tem à mão.
─ Ah!, disse Lelê com admiração, mesmo sem ter entendido muito bem (ele ainda estava no segundo ano).
A mãe o chamou na cozinha para um lanche. Ele se sentou à mesa pensando ainda no que o pai tinha dito. Decidiu perguntar para ela também.
─ Isso seu pai deve saber. Por que não pergunta para ele?
─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos práticos.
─ Hum..., pensou Lelê. Assim eu sei! E foi logo devorando o sanduíche.
Uns minutinhos depois, Lelê já estava no quintal. Olhava para o alto, bem fundo no céu de estrelas. Para começar, mirou a mais brilhante e passou a contar
em voz alta: Um... Dois... Três..., recolhendo um dedo de cada vez. Chegou até dez. Olhou para as mãos, olhou para o céu.
Suspirou. O problema é que ele tinha só dez dedos, e o céu tinha muito mais estrelas.
Desanimado, sentou-se na varanda, apoiando o queixo nas mãos. Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.
─ O que foi, filho?
─ Nada...
─ Hum. Sabe, eu conheço um jeito de fazer caber todas as estrelas na mão, de uma só vez.
Lelê olhou desconfiado, mas ficou atento, esperando o resto da história.
─ Está vendo as estrelas lá em cima? São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de
areia. Daí você passa a mão, assim, por todo o céu, como se estivesse varrendo, e fecha de uma vez no final! Depois, chacoalha bem e põe em cima do
coração, pegando emprestado um pouco da luz delas.
Ela deu então uma piscadela e foi se levantando para entrar em casa.
Lelê percebeu uma emoção estranha no peito, sentiu uma saudade imensa da avó, queria que ela morasse com ele para sempre.
Desde então, sempre que tinha vontade, Lelê contava todas as estrelas do céu. E num punhado só.
Dieter Mandarin
http://abr.ai/2CGSsyi
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 28
1 – No texto que você acabou de ler, pode-se perceber as falas de quatro personagens. Quem são eles?
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3 – No trecho “─ Bem, existem equipamentos especiais para isso.”, a que se refere o termo destacado?
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5 – No trecho “Então, cada um conta com o que tem à mão.”, qual o significado da expressão contar com o que se tem à mão?
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6 – Que diferença de sentido há em: contar com o que se tem à mão e contar o que cada um tem nas mãos?
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8 – Qual foi a sugestão da avó para que o menino pudesse contar todas as estrelas?
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10 – O uso das reticências é expressivo no texto. Releia os trechos e diga para que foram usadas as reticências.
a) “─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos
práticos.” _________________________________________________________________________________________________________
b) “─ O que foi, filho?
─ Nada...” ______________________________________________________________________________________________________
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 29
11 – No texto, várias vezes, aparecem palavras no diminutivo. Qual o efeito que esse uso provoca nestes trechos?
“Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.”
“São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia.
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Agora, você vai ler mais um conto. Observe a estrutura do texto. 1 – O homem, personagem principal do
texto, é descrito ao longo do conto. Como
Texto 26 ele é?
DE MUITO PROCURAR
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Aquele homem caminhava sempre de cabeça baixa. Por tristeza, não. Por atenção. Era um __________________________________
homem à procura. À procura de tudo o que os outros deixassem cair inadvertidamente, uma
moeda, uma conta de colar, um botão de madrepérola, uma chave, a fivela de um sapato, um __________________________________
brinco frouxo, um anel largo demais.
Recolhia, e ia pondo nos bolsos. Tão fundos e pesados, que pareciam ancorá-lo à terra. Tão 2 – A que se referem os adjetivos “fundos e
inchados, que davam contornos de gordo à sua magra silhueta. pesados” e “inchados”?
Silencioso e discreto, sem nunca encarar quem quer que fosse, os olhos sempre voltados para o ___________________________________
chão, o homem passava pelas ruas despercebido, como se invisível. Cruzasse duas ou três
vezes diante da padaria, não se lembraria o padeiro de tê-lo visto, nem lhe endereçaria a palavra. __________________________________
Sequer ladravam os cães, quando se aproximava das casas.
Mas aquele homem que não era, via longe. Entre as pedras do calçamento, as rodas das 3 – No trecho “Mas aquele homem que
carroças, os cascos dos cavalos e os pés das pessoas que passavam indiferentes, ele era capaz não era, via longe.” (4.º parágrafo), a que
de catar dois elos de uma correntinha partida, sorrindo secreto como se tivesse colhido uma fruta. característica do homem o narrador se
refere com a expressão em destaque:
À noite, no cômodo que era toda sua moradia, revirava os bolsos sobre a mesa e, debruçado
sobre seu tesouro espalhado, colhia com a ponta dos dedos uma ou outra mínima coisa, para ___________________________________
que à luz da vela ganhasse brilho e vida. Com isso, fazia-se companhia. E a cabeça só se punha __________________________________
para trás quando, afinal, a deitava no travesseiro.
4 – Escreva, de outra forma, a frase “Com
Estava justamente deitando-se, na noite em que bateram à porta. Acendeu a vela. Era um moço.
isso, fazia-se companhia”, no quinto
Teria por acaso encontrado a sua chave? Perguntou. Morava sozinho, não podia voltar para casa parágrafo, substituindo o SE por aquilo a
sem ela. que ele se refere:
Eu... Esquivou-se o homem. O senhor, sim, insistiu o moço acrescentando que ele próprio já
havia vasculhado as ruas inutilmente. ___________________________________
Mas quem disse... resmungou o homem, segurando a porta com o pé para impedir a entrada do __________________________________
outro.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 30
Foi a velha da esquina que se faz de cega, insistiu o jovem sem 5 – Repare que há um diálogo no trecho que vai do oitavo ao
empurrar, diz que o senhor enxerga por dois. décimo parágrafo. Escreva-o, usando a pontuação característica
O homem abriu a porta. de um diálogo:
Entraram. Chaves havia muitas sobre a mesa. Mas não era _________________________________________________________
nenhuma daquelas. O homem então meteu as mãos nos bolsos, _______________________________________________________
remexeu, tirou uma pedrinha vermelha, um prego, três chaves. Eram ____________________________________________________
parecidas, o moço levou as três, devolveria as duas que não fossem ____________________________________________________
suas. ____________________________________________________
Passados dias bateram à porta. O homem abriu, pensando que
fosse o moço. Era uma senhora. 6 – O que significam as reticências nesse trecho?
Um moço me disse... Começou ela. Havia perdido o botão de prata ____________________________________________________
da gola e o moço lhe havia garantido que o homem saberia encontrá-lo. ____________________________________________________
Devolveu as duas chaves do outro. Saiu levando seu botão na palma da
mão. 7 – A quem se refere a palavra destacada em: “Devolveu as
Bateram à porta várias vezes nos dias que se seguiram. Pouco a duas chaves do outro”?
pouco espalhava-se a fama do homem. ____________________________________________________
Pouco a pouco esvaziava-se a mesa dos seus haveres.
Soprava um vento quente, giravam folhas no ar, naquele fim de 8 – O que significa o termo “ seus haveres”? (16.º parágrafo)?
tarde, nem bem outono, em que a mulher veio. Não bateu à porta, ____________________________________________________
encontrou-a aberta. Na soleira, o homem rastreava as juntas dos
paralelepípedos. Seu olhar esbarrou na ponta delicada do sapato, na 9 – A chegada da mulher provocou inicialmente duas mudanças
barra da saia. E manteve-se baixo. na vida do homem. Quais?
Perdi o juízo, murmurou ela com voz abafada, por favor, me ajude. ____________________________________________________
Assim, pela primeira vez, o homem passou a procurar alguma ____________________________________________________
coisa que não sabia como fosse. E para reconhecê-la, caso desse com ____________________________________________________
ela, levava consigo a mulher.
Saíam com a primeira luz. Ele trancando a porta, ela já a esperá-lo 10 – O que significa a expressão “afeita a abaixar a cabeça”, no
na rua. E sem levantar a cabeça ─ não fosse passar inadvertidamente último parágrafo?
pelo juízo perdido ─ o homem começava a percorrer rua após rua. ____________________________________________________
Mas a mulher não estava afeita a abaixar a cabeça. E andando, o ____________________________________________________
homem percebia de repente que os passos dela já não batiam ao seu
lado, que seu som se afastava em outra direção. Então parava, e sem Não perca!
erguer o olhar, deixava-se guiar pelo taque-taque dos saltos, até Morde a Língua - Vladimir, o sapo, e outras
encontrar à sua frente a ponta delicada dos sapatos e recomeçar, junto histórias: contos .
deles, a busca. Acesse Multirio http://bit.ly/2nTI9hk
O narrador pode se apresentar como narrador-personagem, ou seja, aquele que participa das ações, dos fatos; ou como
narrador-observador, que não participa da história, somente a observa. O narrador-observador se caracteriza pelo uso doa verbos
em terceira pessoa e o narrador-personagem pelo uso dos verbos em primeira pessoa. O tipo de narrador constitui o foco narrativo.
Como você já sabe, um conto, em geral, possui uma estrutura mais ou menos composta pelos seguintes momentos: situação
inicial (ou apresentação), complicação (do conflito gerador ao clímax), desfecho.
De maneira geral, o conto é mais breve que um romance e apresenta número reduzido de personagens. O tempo e o espaço
em que se desenvolve a história também são mais restritos. Podemos dizer que esse gênero textual apresenta sequências de
fatos, que são vividos pelas personagens, num determinado tempo e lugar. Existe também um narrador, aquele que conta a
história.
Esses são os elementos do texto de base narrativa: personagem, tempo, lugar, ação e narrador.
13 – Leia os quadros que se seguem e preencha cada um deles, analisando o conto “De muito procurar”.
Conclusão da história,
4 - Desfecho normalmente apresentando a
solução do conflito.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 32
Seu desafio é escrever um conto. O conteúdo desse conto é você que vai escolher. Você deve escolher
entre - um conto de mistério - uma aventura - um encontro especial.
Para isso, vamos passo a passo.
Escreva uma lista de assuntos que poderiam virar um conto. Faça uma tempestade de ideias.
1.º passo
Analise as ideias que você listou e escolha a que vai virar um conto.
Em seguida, você pode utilizar uma estratégia para contá-la de forma rápida, fazendo uso das perguntas apresentadas
abaixo. Assim, vai ficar mais fácil ir construindo seu texto e melhorando-o.
2.º passo O quê? Como? Quando? Onde? Por quê?
Agora, pare um pouco e reflita sobre os elementos que vão constituir a sua narrativa.
Assim como seus sonhos o constituem, constroem sua identidade, assim também suas memórias fazem parte de você!
Vamos ler um pouco sobre a memória?
Texto 28
LEMBRE-SE: RECORDAR É VIVER
A memória humana é capaz de armazenar bilhões de informações. Graças a ela somos capazes não só de fazer
algo, como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer associações, sem as quais seria impossível
a própria sobrevivência.
Já pensou se, cada vez que fosse assinar o nome, você tivesse de recordar as primeiras
letras, aprendidas na infância? Pois é exatamente isso que acontece, embora não se
perceba: escrever é como pressionar no cérebro a mesma tecla da cartilha do curso primário,
desenhar novamente as palavras do jeito que a Professora ensinou. A rigor, fazer qualquer
coisa, qualquer coisa mesmo, é voltar inconscientemente à primeira experiência de
aprendizado. A memória está presente em tudo. Graças a ela somos capazes não só de fazer
algo, como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer toda sorte de
associações, sem as quais a própria sobrevivência seria impossível. Todos nós, enfim,
vivemos de recordações.
O dia de sol evoca a praia, o céu cinzento adverte que pode chover, a música reanima um
antigo sentimento. Dito desse modo, é como se os responsáveis pelas lembranças ou pelas
memorizações sempre estivessem fora da pessoa, no sol, no céu, no som, por exemplo. Faz
sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo. Essa interação altera o
sistema nervoso de tal modo que lhe permite reviver uma experiência. Naturalmente, todos
os sentidos – tato, paladar, olfato, audição e visão – são instrumentos da memória. Mas a
sede das lembranças é massa gelatinosa, com cerca de 1 quilo e meio que mal se
acomodaria na palma da mão. Ou seja, o cérebro.
[...]
Normalmente, o esquecimento é um recurso do cérebro para não ficar entulhado de
informações inúteis. Trata-se, portanto, de uma limpeza de arquivos. Ocorre que nem
sempre, alguns diriam raramente, os critérios dessa seleção do que deve ser guardado
passam pelo racional. Se já não bastassem as teorias de Freud e a prática da psicanálise, a
Glossário: experiência pessoal de cada um demonstra que aquilo que mexe com as emoções fica
olvido: sm. esquecimento. guardado no cérebro por mais tempo e com uma riqueza maior de detalhes. Ficar guardado
tangível: adj. palpável, que pode ser sentido, não quer dizer necessariamente que se consiga evocar certas memórias com facilidade. Ao
apalpado. contrário: lembranças associadas a emoções básicas ou poderosas demais tendem a
finda: adj. que findou: concluída, acabada. permanecer bloqueadas.
Adaptado de Dicionário Escolar da Língua
Adaptado de Lúcia Helena de Oliveira – Revista Superinteressante - Edição 11 - Agosto de 1988
Portuguesa. http://super.abril.com.br/ciencia/lembre-se-recordar-e-viver
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 34
1 – Releia o poema, agora de posse dos significados apresentados no glossário. Qual o sentido da expressão “à palma da mão”, no 9.º verso?
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2 – Você sabe o que é paráfrase? Com certeza você já parafraseou algo. Veja só:
Paráfrase: substantivo feminino 2. lit interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto que visa torná-lo mais inteligível ou que
sugere novo enfoque para o seu sentido. Parafraseie a terceira estrofe do poema:
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3 – No poema há uma oposição entre as coisas “tangíveis” e as coisas “findas”. Que palavra estabelece essa relação de oposição? Segundo o
texto, quem sai ganhando nesse confronto presente X passado?
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4 – Qual a informação principal do primeiro parágrafo do texto 27?
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5 – No trecho “Graças a ela somos capazes não só de fazer algo, como também de relacionar as coisas entre si [...]”, que expressões
estabelecem um paralelismo?
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6 – No trecho “Faz sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo.” qual a função dos dois pontos?
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7 – Qual o sentido da expressão destacada no trecho “[...] de estabelecer toda sorte de associações, sem as quais a própria sobrevivência
seria impossível.”?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 35
A próxima sequência de textos terá como fio condutor a memória. A memória nos leva a passear por diferentes fases da
vida. Você vai ler textos de diferentes gêneros que, de alguma forma, tocam no assunto: infância.
Texto 31
Naquele tempo o Rio não era o Rio. Eu me lembro muito bem quando começou essa moda de dizer: vou ao Rio, cheguei do
Rio. Até então nós todos dizíamos solenemente: Rio de Janeiro. E nos debruçávamos sonhadoramente sobre os cartões-postais que as
pessoas que iam ao Rio de Janeiro mandavam: o bondinho do Pão de Açúcar (que era de Assucar) e o Corcovado, ainda sem o Cristo.
Mas havia dois palácios de maravilha para a nossa imaginação; seus nomes soavam belíssimos: a Galeria Cruzeiro e o
Pavilhão Mourisco. Não consigo refazer a ideia que eu tinha da Galeria Cruzeiro, creio que era uma ideia que variava muito. Um grande
recinto sem plateia mas com muitas galerias, ou um palácio em forma de túnel com um Cruzeiro do Sul aceso na fachada, algo de estranho e
imenso, pois toda gente encontrava toda gente na Galeria Cruzeiro. O Pavilhão Mourisco, este para nós era feérico, cheio de minaretes*,
odaliscas, bandeiras e punhais, talvez camelos, pelo menos grandes camelos pintados entre oásis.
As pessoas grandes que chegavam do Rio traziam malas fabulosas, cheias de presentes para todos, além de dezenas de
encomendas, todas escritas cuidadosamente em uma lista com letra feminina. Nós juntávamos todos para assistir à abertura das malas.
“Isto é para você”! Era fascinante receber um embrulho de presente com o nome da loja impresso na fita que o amarrava.
Mas o que mais me impressionou foi a sopa juliana. Eu nunca tinha ouvido falar de sopa juliana, não era prato que se usasse
em minha casa. E não gostei da sopa: era de verduras e legumes. Mas o espantoso é que vinha seca, em um envelope, e quando se punha
n’água crescia, tomava cores. As coisas do Rio de Janeiro eram assim, cheias de milagres e de astúcias. E à noite, quando vinham visitas,
os viajantes contavam as últimas anedotas do Rio de Janeiro, pois naquele tempo não havia rádio.
Lembro-me que, apesar de sentir esse fascínio do Rio de Janeiro, eu não pensava nunca em vir aqui. Isso simplesmente não
me passava pela cabeça; o Rio era um lugar maravilhoso, onde vinham pessoas grandes e até eu pensava vagamente que no Rio de Janeiro
só devia haver pessoas grandes. Era verdade que havia, por exemplo, um menino, o Zezé, filho de seu Osvaldo, que vinha ao Rio de
Janeiro; ele usava sapatos, quando nós todos usávamos botinas. Mas, mesmo pelo fato de usar sapatos e vir ao Rio era como se ele fosse
uma pessoa de outra raça, não uma criança como nós. Eu não chegava sequer a invejá-lo, tão diferente de nós eu o achava. Zezé tinha até
um sapato de duas cores, branco e vermelho; e nós com nossas botinas pretas, sempre de bico esbranquiçado de tanto chutar pedra na rua,
sempre com os cadarços meio arrebentados, difíceis de enfiar.
Fiquei muito espantado quando minha irmã, que vinha ao Rio com o marido, me convidou para vir também. Ela disse que era
um prêmio porque eu tinha tirado boas notas nos exames. Lembro-me de que minhas notas tinham sido apenas regulares, de maneira que
achei aquele convite uma honra, uma distinção que eu mesmo sabia que não merecia muito. Eu tinha nove anos, e essa irmã era minha
madrinha.
[...]
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1987.
*Minaretes: pequenas torres de mesquita
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 37
1 – Na crônica de Rubem Braga que você acabou de ler, o cronista relata fatos de sua infância. Transcreva a
expressão indicadora de tempo passado que aparece no texto:
_____________________________________________________________________________________________ ESPAÇO PES UISA
2 – Que aspecto da paisagem do Rio Janeiro do passado está presente no primeiro parágrafo?
_____________________________________________________________________________________________ Seu desafio agora é
pesquisar sobre a
3 – Ainda no primeiro parágrafo, que trecho revela a paixão pelo Rio de Janeiro?
______________________________________________________________________________________________ memória da Cidade
Maravilhosa.
4 – Que palavras do texto pertencem ao campo semântico de MOURISCO?
_____________________________________________________________________________________________ Reunido em um grupo
de trabalho, com seus
5 – Com relação à culinária, o que espantou o cronista quando era menino?
_____________________________________________________________________________________________ colegas, combine com
o (a) Professor(a) uma
6 – A quem se refere a palavra VIAJANTES, no quinto parágrafo?
_____________________________________________________________________________________________ época histórica, um
período do passado de
7 – Ainda no quinto parágrafo, o que revela um tempo do passado distante?
_____________________________________________________________________________________________ nossa cidade, para
pesquisar.
8 – Que trecho do texto mostra que o cronista morava no Rio no momento em que escrevia a crônica?
______________________________________________________________________________________________ Converse, também,
com seu(sua)
9 – A que se refere a palavra ISSO, no sexto parágrafo?
______________________________________________________________________________________________ Professor(a) de
História e busque
10 – Aos olhos do cronista menino, o que distinguia Zezé das outras crianças?
______________________________________________________________________________________________ fontes confiáveis de
pesquisa.
11 – No último parágrafo, por que o cronista menino considerava uma honra que ele não merecia?
______________________________________________________________________________________________ O acervo da Sala de
Leitura será de grande
12 – No último parágrafo, substitua a expressão DE MANEIRA QUE por outra equivalente, sem mudar o sentido do
trecho: ajuda com certeza!
______________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 38
Texto 32
RÚSSIA – BRASIL
Eu não nasci no Brasil: sou imigrante. Nasci na Rússia, na então capital, que já não se chamava São Petersburgo, como quando foi
fundada e construída pelo imperador Pedro, o Grande, e ainda não se chamava Leningrado – agora São Petersburgo, recuperando
assim seu nome original. Quando eu nasci, dois anos depois da Revolução Russa, um ano após o término da Primeira Guerra Mundial, a
cidade se chamava Petrogrado – “cidade de Pedro”, em russo. O país estava em plena guerra civil, havia mesmo fome na cidade, os
alimentos estavam racionados, a vida era muito difícil. Então meus pais, que eram cidadãos letonianos, resolveram voltar para Riga,
capital da Letônia, um dos pequenos países do Mar Báltico. E foi assim que, de um ano de idade até os dez vivi com meus pais e meus
dois irmãos [...] na bonita cidade de Riga, conhecida principalmente pela madeira que exportava para o mundo inteiro, o famoso pinho-
de-riga.
Mas também em Riga a vida não era fácil. A situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam boas para
meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar
arrumar a vida em outra terras.
[...]
Então sou – ou fui – imigrante. Mas sou brasileira, como consta no meu “RG” – casada com brasileiro, com filhos e netos brasileiros:
marido santista, filhos, netos e bisnetos paulistanos.
[...]
Só que eu não virei brasileira de repente, do dia para a noite, sem mais nem menos. Quando cheguei ao Brasil, tinha pouco mais de dez
anos e todo um passado europeu atrás de mim: toda uma vida, todo um “caldo de cultura”. Clima, costumes, educação, idioma, até a
maneira de vestir e de morar eram muito diferentes. E levei algum tempo até me “aclimatar” e acostumar com todas as coisas novas que
me esperavam no Brasil, na cidade de São Paulo e, principalmente, na Rua Jaguaribe [...].
Hoje – e já há muito tempo –eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo. (E,
note-se que eu viajei muito, vi muitos países, coisas bonitas e interessantes...) [...]
Viajar para o Brasil! Foi o que nos disseram papai e mamãe, naquele dia: nós íamos viajar para o Brasil, um país que ficava na América,
muito longe, do outro lado do oceano. E que nós íamos navegar até lá num navio transatlântico – que coisa romântica e empolgante!
[...]
Papai de fato partiu antes de nós – para “apalpar o terreno” e, finalmente, três meses depois, chegou também a hora da nossa partida.
[...]
Saímos de Riga de trem noturno, até Berlim, de onde iríamos para Hamburgo, e de lá, desse velho porto alemão, embarcaríamos rumo
ao Brasil.
As despedidas na estação ferroviária de Riga foram emocionadas e emocionantes. De repente a gente se deu conta de que estávamos
deixando para trás toda a nossa grande família, boa parte da qual se apinhava na plataforma: vovô e vovó, tios e tias, primos e primas,
adultos e crianças – toda uma multidão de pessoas próximas e queridas, que sempre fizeram parte integrante da nossa vida – e das
quais de repente íamos ficar separados e distantes, não sabíamos por quanto tempo.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 39
Por fim, vinte e um dias depois de alçarmos âncora em Hamburgo, chegamos! Chegamos ao Rio de Janeiro. O General
Mitre entrou na Baía de Guanabara ao anoitecer e ficou fora da barra à espera da licença de ancorar até a manhã do dia seguinte. Todo
mundo correu para as amuradas, e ficamos olhando de longe aquela vista incomparável: a linha harmoniosamente curva da praia de
Copacabana, toda faiscante no seu “colar de pérolas”, como era chamada, carinhosamente, a iluminação da Avenida Atlântica. [...]
O nosso primeiro contato com a paisagem brasileira foi o Rio de Janeiro, e não podia ter sido mais encantador.
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. São Paulo: Uno Educação, 2008.
1 – Observe que, no primeiro parágrafo, aparecem os diferentes nomes que a cidade russa, São Petesrburgo, teve ao longo de sua
história. Organize-os em ordem cronológica:
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2 – Qual o significado de Petrogrado?
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3 – Por que os pais da narradora resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia?
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4 – Como era a vida em Riga?
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5 – Por que os pais da narradora decidiram sair de seu país?
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6 – Por que a narradora afirma que não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra?
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7 – A expressão “caldo de cultura” se refere a que aspectos presentes no texto?
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8 – Que parágrafo do texto mostra que a narradora gosta do Brasil?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 40
12 – Qual o efeito de sentido das aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?
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Agora você vai ler um texto de uma escritora já citada neste caderno. Aproveite!
Texto 33
UMA ESPERANÇA
Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora
mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
– Uma esperança! e na parede bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as
duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar “A palavra é o meu
diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era domínio sobre o mundo.”
Clarice Lispector
indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não podia ser.
– Ela quase não tem corpo, queixei-me.
– Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que
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ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes
tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
– Ela é burrinha, comentou o menino.
– Sei disso, respondi um pouco trágica.
– Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
– Sei, é assim mesmo.
– Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
– Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo
de fogo do lar para que não apagasse.
– Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria
sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha,
mas me parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a
esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura.
Eu disse francamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
– É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
– Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
– Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo
o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a
empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 42
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu
de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu,
que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era,
foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: “e essa agora? que
devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que
aconteceu. E acho que não aconteceu nada.
1 – A qual esperança a narradora se refere em “Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ilusória,
embora mesmo assim nos sustente sempre” ?
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2 – Qual o sentido do trecho destacado “[...] esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não
acima de minha cabeça numa parede” ?
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3 – Por que motivo um dos filhos da narradora disse que a esperança era burrinha?
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4 – Qual o sentido das aspas no termo destacado do trecho ‘Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha’?
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5 – A que esperança(s) refere-se o trecho “Ela queria esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la.”?
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 43
Texto 34
ESPERANÇA
Características - produzem som, e são ouvidas geralmente à noite. O som produzido pelas esperanças difere do dos grilos, pois parece um som
estridente e não musical. Já o canto dos grilos é musical. Possuem antenas longas e as fêmeas possuem o ovipositor longo e semelhante a uma
espada. Saltador de longas distâncias. Antenas mais longas que o corpo. Coloração, normalmente, verde. [...]
Habitat - zonas rurais e urbanas, em áreas abertas ou em matas.
Ocorrência - em todo o Brasil.
Hábitos - noturnos. Imitam folhas secas. A simulação chega a um tal grau de perfeição que as "folhas" contêm lesões e recortes nas bordas, como
uma folha de verdade que foi roída ou atacada por fungos. Em certas esperanças, a imitação de folha é apenas a primeira defesa. Quando
descobertas, elas abrem as asas e assustam o predador com um clarão de cores.
Alimentação – Alimentam-se de diversas espécies de plantas. Durante todo o verão, as esperanças comem e crescem. [...]
Predadores naturais - pássaros, aves, primatas, lagartos, anfíbios.
Ameaças - destruição do habitat e agrotóxicos.
Adaptado de http://www.vivaterra.org.br/insetos_2.html
Acesso em 12/10 /2011.
Glossário:
Ovipositor - estrutura final do canal por onde são eliminados os ovos.
Finalidade
Identificar a finalidade do texto é pensar sobre a sua intencionalidade. Para que ele foi escrito? Para que ele é utilizado na sociedade? Qual o seu propósito
comunicativo? Um texto pode ter a finalidade de informar, narrar um acontecimento, convencer alguém de uma ideia, divulgar um produto, divertir, contar uma
história...
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 44
Os próximos textos são trechos de um ROMANCE. O romance é outro gênero de base narrativa, como o conto. Podemos dizer que
uma diferença essencial entre eles é que o conto possui somente um conflito gerador e o romance pode ter vários.
Fique atento, pois os textos são o PRÓLOGO – parte inicial , introdutória – e o EPÍLOGO – parte final, conclusão – de um romance.
Texto 35
PRÓLOGO
O menino e o homem
Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e
quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para
aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não
entendia a razão: aquilo era uma distração das mais excitantes.
E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam.
Os diferentes ruídos das gotas d´água retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas do chão,
formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do relógio de parede dando horas.
Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos como entrada para a reunião da nossa sociedade
secreta. Depois de examinar o telhado, descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse penetrar
tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela casa cheia de mistérios.
[...]
EPÍLOGO
O homem e o menino
Paro de escrever, levanto os olhos do papel para o relógio de parede: cinco horas. As sonoras pancadas começam a soar uma a uma, como
antigamente em nossa casa.
É um relógio bem antigo. Foi do meu avô, depois do meu pai, hoje é meu e um dia será do meu filho. Seu tique-taque imperturbável me
acompanha todas as horas de vigília o dia inteiro e noite adentro, segundo a segundo, do tempo vivido por mim. [...]
Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.
Assombrado, em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema, o que eu vejo é uma mangueira
─ a mangueira do quintal de minha casa, em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que um dia quis dar
para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui da minha janela posso avistar todo o quintal, como antigamente: a caixa
de areia que um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo. Volto-me para dentro e descubro que já não
estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do Toninho, o armário de
cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim...
LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 45
Saio para a sala. Vejo meus pais conversando de mãos dadas no sofá, como costumavam fazer todas as tardes, PARA SABER
antes do jantar. Comovido, dirijo-me a eles: MAIS...
─ Papai... Mamãe...
Mas eles não me veem. Nem parecem ter-me ouvido, como se eu não existisse. Ganho o corredor, passo pela
copa onde o relógio está acabando de bater cinco horas. Atravesso a cozinha, vendo a Alzira a remexer em suas
panelas, sem tomar conhecimento da minha existência. Desço a escada para o quintal e dou com um garotinho
agachado junto às poças d´água da chuva que caiu há pouco, entretido com umas formigas. Dirijo-me a ele, e ficamos
conversando algum tempo. O universo dos
Depois me despeço e refaço todo o caminho de volta até o meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo romances é tema
de um dos
agora é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados pelas luzes do entardecer em
programas da série
Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada das cinco horas. Viro-me, e me vejo de novo no meu apartamento. “Morde a Língua”,
Caminho até a mesa, debruço-me sobre a máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas produzida pela
no papel: MultiRio.
... Até desaparecer em direção ao infinito. O programa é: “Um
mergulho no
Sento-me, e escrevo a única que falta: espelho: romance”.
FIM Você não pode
SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 1998. perder!
Acesse Multirio
1 – Qual a causa do corre-corre na casa do menino? http://bit.ly/2nTI9hk
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2 – Qual o trecho do texto que nos deixa perceber que havia muitas goteiras?
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sinestesiar.blogspot.com
4 – Após ler o prólogo e o epílogo, responda quem é o narrador em cada uma das partes do romance:
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LÍNGUA PORTUGUESA – 9.° ANO 46
5 – Um jogo de palavras foi utilizado em cada uma das partes para antecipar essa informação. Onde ocorre e como se dá o jogo de palavras?
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6 – No trecho do epílogo “Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.” A que se refere a
palavra destacada?
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8 – Da janela do seu apartamento, em Ipanema, o que o narrador-personagem imagina que vê e, depois do momento de recordação, o que vê
realmente?
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12 – Ao longo do epílogo, podemos perceber, explicitamente, palavras que representam os estados físicos e emocionais do narrador. Localize e
transcreva essas palavras.
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13 – Que elemento do apartamento do narrador, em Ipanema, proporciona a viagem ao passado e o retorno ao presente?
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