TCC Lucas Roberto Cgam-Ifpe-2023
TCC Lucas Roberto Cgam-Ifpe-2023
TCC Lucas Roberto Cgam-Ifpe-2023
Campus Recife
Departamento Acadêmico de Ambiente Saúde e Segurança
Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental
Recife
2023
1
LUCAS ROBERTO MATIAS
Recife
2023
2
Informações: A ficha catalográfica deve
ser impressa atrás da folha de rosto por favor,
não apagar da estrutura, pois irá interferir na
contagem das páginas.
RECIFE
2023
3
LUCAS ROBERTO MATIAS
___________________________________________________________
Profa. Dra. Rogéria Mendes do Nascimento
Orientadora (Professora CGAM-IFPE)
____________________________________________________________
Profa. Dra. Marília Regina Costa Castro Lyra
Coorientadora (Professora CGAM-IFPE)
_____________________________________________________________
Profa.Dra. Eugênica de Paula Benício Cordeiro
Avaliadora Interna (Professora CGAM-IFPE)
______________________________________________________________
Me. Rosângela Monteiro Gomes
Avaliadora Externa (Analista Ambiental – COMPESA)
RECIFE
2023
4
Dedico o presente trabalho aos meus pais Jose
Roberto Matias e Mauriceli Laurinda por sempre
incutirem em minha criação a importância da
educação.
5
AGRADECIMENTOS
6
RESUMO
Lixões a céu aberto são ambientes que representam uma parte importante a ser
resolvida da problemática ambiental. O objetivo deste trabalho foi analisar os desafios
socioambientais e socioeconômicos do fechamento do Lixão de Céu Azul no
município de Camaragibe, Estado do Pernambuco. Para o desenvolvimento do
trabalho, foram realizados levantamento bibliográfico e pesquisa de campo para
aplicação dos questionários para catadores de materiais recicláveis cooperados e
independentes, e aplicação de questionário pré-estruturado com um representante da
Secretaria do Meio Ambiente do Município. Conforme resultados obtidos, foi
identificado que o encerramento do lixão trouxe alguns condicionantes a serem
resolvidos pelo poder publico municipal e estadual. Verificou-se que houve um
impacto na obtenção de renda dos catadores que trabalhavam no antigo lixão.
Concomitante com o passivo socioambiental caracterizado pela área degradada
devido à disposição irregular dos resíduos. Com as exigências observadas na Política
Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010 houve uma evolução do
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos produzidos no
município. Assim, demonstrou-se que a aplicação de objetivos e instrumentos de
políticas ambientais se apresentam como dispositivos essenciais para a consecução
da sustentabilidade urbana.
7
LISTA DE FIGURAS
8
Figura 25 Prensa mecânica adquirida pelo centro de coleta Seletiva
Municipal......................................................................................... 59
Figura 26 Catadores no Lixão de Camaragibe trabalhando em condições
insalubres........................................................................................ 60
Figura 27 Casos de COVID-19 entre os catadores e
cooperados..................................................................................... 60
Figura 28 Renda Média Mensal dos Cooperados e
Catadores........................................................................................ 61
Figura 29 Escolaridade dos Catadores e
Cooperados..................................................................................... 62
Figura 30 Mudanças nas atividades após a Pandemia de Covid-19................ 63
Figura 31 Divisão dos sexos dos catadores entrevistados.............................. 63
Figura 32 Tempo de Profissão dos Entrevistados........................................... 64
Figura 33 Quantidade dos dependentes sustentados pelos entrevistados a
partir da atividade da catação de recicláveis.................................... 65
Figura 34 Utilização de Equipamentos de Proteção Individual passa os
Colaboradores................................................................................. 66
Figura 35 Presença de contrato com empresas do município para coleta ou
venda dos materiais coletados........................................................ 66
Figura 36 Percepção dos entrevistados sobre a importância da atividade
para o município.............................................................................. 67
Figura 37 Hierarquia do Manejo dos Resíduos Sólidos................................... 73
9
LISTA DE QUADROS
10
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
BMU Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz und Reaktorsicherheit
CNI Confederação Nacional da Indústria
CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente
CTF/APP Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras
EPI Equipamento de Proteção Individual
GIS Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 16
2.1. Geral................................................................................................................... 16
2.2. Específicos ......................................................................................................... 16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17
3.1 Sustentabilidade e Desenvolvimento .................................................................. 17
3.1.1 Dimensão Econômica .................................................................................... 18
3.1.2 Dimensão Social ............................................................................................. 20
3.1.3 Dimensão Ambiental ...................................................................................... 21
3.2 Políticas Públicas Ambientais .............................................................................. 23
3.3 Destinação e Disposição Final de Resíduos Sólidos .......................................... 24
3.4 Impactos Ambientais Causados por Lixões e Aterros Sanitários ........................ 26
3.5 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ........................................................ 28
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 30
4.1 Aspectos Metodológicos...................................................................................... 30
4.2 Roteiro para a Aquisição de Dados ..................................................................... 32
4.3 Caracterização da Área de Estudo ...................................................................... 33
5 RESULTADOS E ANÁLISE................................................................................... 35
5.1 Identificação da Área Degradada Proveniente do Descarte e da Disposição
Irregular dos Resíduos Sólidos ................................................................................. 35
5.2 Formulação do Novo Modelo de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de
Camaragibe após o Encerramento do Lixão. ............................................................ 40
5.2.1 Opção por Aterro Sanitário ........................................................................... 41
5.2.2 Plano de Coleta Seletiva de Município de Camaragibe............................... 42
5.2.3 Implantação da Coleta Seletiva no Município .............................................. 42
5.3 Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de Camaragibe.... 43
5.4. Resíduos Gerados pelos Principais Estabelecimentos Comerciais de Camaragibe
.................................................................................................................................. 45
5.4.1. Shopping Camará .......................................................................................... 45
5.4.2 Centro Comercial Elisa Cabral ...................................................................... 46
5.4.3 Assaí, Atacadão e Armazém Coral ............................................................... 47
5.4.4 Mercado Público Municipal ........................................................................... 47
5.4.5 Parque Municipal Maria Amazonas............................................................... 49
5.4.6 Resíduos Oriundos de Atividade Industrial ................................................. 51
12
5.6 Relação do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, número 12, com o
encerramento do lixão de Céu Azul, em Camaragibe. .............................................. 67
5.6.1 Meta 12.a ......................................................................................................... 68
5.6.2 Meta 12.2. ........................................................................................................ 69
5.6.3 Meta 12.4 ......................................................................................................... 70
5.6.4 Meta 12.5 ......................................................................................................... 71
5.6.5 Meta 12.8 ......................................................................................................... 72
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 74
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 77
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AO REPRESENTANTE DA
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE CAMARAGIBE ................... 85
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS REPRESENTANTES DAS
COOPERATIVAS...................................................................................................... 87
APÊNDICE C – QUESTIONARIO INDIVIDUAL COM OS CATADORES DA
COOPEMARE ........................................................................................................... 88
13
1 INTRODUÇÃO
14
Diante deste contexto, para a concretização deste projeto que visa garantir um
meio ambiente sadio, bem comum de todos, é necessária a atuação do Poder Público,
visando corrigir assimetrias entre os fatores envolvidos. Iniciativas como as exigências
estabelecidas por políticas públicas, acabam alavancando os mecanismos
institucionais de promoção dos planos gerenciais para o desenvolvimento
socioeconômico do país.
Dentre estes, têm-se na figura da PNRS, as disposições referentes a
destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, que estabeleceu até o
ano de 2014, para o fechamento de todos os lixões do país (BRASIL, 2010). Contudo,
por motivos que envolvem questões econômicas, técnicas e político-institucionais,
estes ambientes persistem em vários municípios do país.
Uma destas cidades, é Camaragibe, situada na Região Metropolitana do
Recife, que por diversos fatores, postergou o fechamento do Lixão que funcionava na
cidade até o ano de 2020. Apresentando-se como um aspecto da realidade que é
característica do país, referente ao incorreto gerenciamento dos resíduos sólidos.
Assim, o presente trabalho objetiva de forma geral, analisar os desafios sociais,
ambientais, e econômicos referentes ao encerramento do Lixão de Céu Azul, em
Camaragibe, município situado na Região Metropolitana do Estado do Pernambuco e
as iniciativas governamentais para a compensação dos impactos oriundos deste
processo.
A pesquisa está dividida em seis seções, incluindo esta introdução e a
conclusão. O terceiro capítulo é composto pela fundamentação teórica expondo a
temática do desenvolvimento sustentável, o movimento do corpo governamental por
meio das políticas públicas, a discussão referente aos impactos ao meio ambiente e
a sociedade, produzidos pelos lixões, além da definição e revisão dos preceitos da
Agenda 21 e os ODS.
A quarta seção trata da classificação da pesquisa, de acordo com as suas
características e métodos, bem como os procedimentos para a coleta de dados. A
quinta seção, traz a análise dos resultados bem com a discussão referente, e a relação
de alcance dos objetivos específicos propostos
15
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
2.2. Específicos
16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
17
O Relatório Brundtland – elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, reafirmou as críticas que eram feitas ao modelo
econômico vigente, adotado pelos países industrializados e implementado pelas
nações em desenvolvimento, que apresentavam os riscos da exploração dos recursos
naturais excessivamente sem observar a capacidade de suporte dos ecossistemas
(BOZZA; CALGARO; LUCCA, 2019).
De acordo com o relatório algumas medidas deveriam ser tomadas pelos
países para o alcance do desenvolvimento sustentável como a limitação do
crescimento populacional, garantir recursos básicos à população, como água,
alimentos e energia, estabelecer medidas de preservação da biodiversidade dos
ecossistemas, a diminuição do consumo de água e desenvolvimento de tecnologias
energéticas sustentáveis (BOZZA; CALGARO; LUCCA, 2019).
Ainda segundo o documento, o conceito de Desenvolvimento Sustentável deve
ser assimilado por gestores empresariais de modo que se torne uma nova forma de
produzir. Esta cultura deverá ser estendida a todos os níveis das organizações para
que os procedimentos de identificação de impactos ambientais possam ser
implementados resultando nos programas de mitigação aliem-se a tecnologias que
auxiliem as organizações a produzirem com os menores impactos ambientais
possíveis (BOZZA; CALGARO; LUCCA, 2019).
Desta forma, o paradigma ecológico emerge, com ênfase na necessidade de
remodelar a relação do homem com o meio ambiente. Destacando a dualidade do
modelo capitalista, ao observar que este gera riquezas, mas distribui a miséria na
sociedade. Assim, o desenvolvimento sustentável estabelece que se deve combater
o desequilíbrio existente na relação entre riquezas produzidas no mundo, de um lado,
e do outro, o constante aumento da pobreza, degradação ambiental e da poluição
(BOZZA; CALGARO; LUCCA, 2019).
18
econômico envolvem uma série de modificações estruturais qualitativas e
quantitativas na estrutura da sociedade (CORREIA; DIAS, 2016).
Crescimento econômico está relacionado ao aumento na renda e do Produto
Interno Bruto – PIB, que nem sempre implica em mudanças estruturais profundas,
assim pode-se medir o crescimento a partir da diferença percentual do PIB, que
corresponde a produção de bens e serviços por empresas e organizações nacionais
e estrangeiras em determinado país. Já o desenvolvimento econômico está ligado ao
aumento da qualidade de vida dos seres humanos proporcionado pelo crescimento
econômico (CORREIA; DIAS, 2016).
Carvalho et.al (2015) distinguem crescimento econômico de desenvolvimento
econômico afirmando que o primeiro não leva automaticamente à igualdade e justiça
sociais, porque não envolve outro aspecto da vida, que não o acúmulo de riquezas,
estas que geralmente são apropriadas por uma pequena parcela da população.
Enquanto o segundo, além a geração de riquezas, preocupa-se também com a
distribuição na sociedade, buscando melhorar a qualidade de vida das pessoas e a
conservação dos recursos naturais.
O modelo econômico capitalista é caracterizado pelo crescimento econômico,
tendo como principal característica a transformação de recursos em mercadorias, com
o objetivo de auferir lucros. É incompatível com o desenvolvimento sustentável, uma
vez que este busca alcançar uma dimensão holística na relação homem-meio
ambiente. Em virtude do aumento populacional constante, o crescimento econômico
proposto pelo capitalismo é necessário para a satisfação das necessidades humanas,
entretanto é necessário observar seus limites e obstáculos (CARVALHO et.al, 2015).
Desta forma, o desenvolvimento sustentável surge como uma alternativa que
busca equilibrar a relação entre os recursos necessários a sobrevivência humana das
gerações atuais e a capacidade de resiliência da natureza para que as futuras
gerações também tenham a garantia de que as suas necessidades serão atendidas.
Esta coexistência harmônica deve partir de planejamentos que permitam o
desenvolvimento econômico de modo a manter as bases vitais de produção para a
humanidade e a satisfatória relação com o meio ambiente (CORREIA; DIAS, 2016).
19
3.1.2 Dimensão Social
20
inovação, e considerar as externalidades das organizações, que possuem relações
diretas com a sustentabilidade.
Marques et.al (2015), afirmam que é necessário considerar as desigualdades,
os riscos à saúde, e ao meio ambiente nas políticas públicas, planos e indicadores,
com a finalidade de detectar as situações de risco, relacionados a estes fatores. Desta
forma, o monitoramento de tendências danosas permite identificar as áreas
prioritárias, avaliar os impactos de políticas ambientais e de saúde nestes locais.
Lopes et. al (2020) apontam a relevância da comunicação comunitária e da
economia solidária como meios para superar os problemas socioeconômicos pois
possibilitam participação ativa e democrática dos cidadãos, compartilhamento de
responsabilidades, propriedade coletiva e gestão partilhada, identificação com a
cultura e interesses locais, democratização de conhecimento e cultura, além
fortalecimento de vínculos entre os participantes, e a interação com trabalhadores,
movimentos sociais, e poder público na busca de soluções inovadoras para os
problemas do país.
As decisões tomadas em processos de políticas pública e atos inclusivos,
devem ser fundamentadas na noção de dignidade humana. Esta que se apoia no
combate à exclusão social e desigualdades, mitigação de fatores danosos ao meio
ambiente, fornecimento de água potável, e esgotamento sanitário. Assim, o Poder
Público deve adotar instrumentos que promovam o acesso aos serviços de
saneamento, junto a instâncias com competências específicas, como o Ministério
Público, órgãos legisladores e executivos. Deste modo, políticas de recursos hídricos,
saneamento e saúde, representam importantes pilares no enfrentamento da crise
urbana (MARQUES et.al. 2015).
21
Desta forma, quando se pensa em meio ambiente, é preciso adotar uma visão
holística onde deve-se buscar modos de readaptação para constituir projetos globais
de cidadania, transformando as estruturas econômicas, sociais e culturais.
Diferentemente do que se observa no paradigma desenvolvimentista, caracterizado
por associar a natureza a ausência de modernidade, ligada ao primitivo ou “pré-
moderno” (JÚNIOR; CARVALHO, 2016).
Mendes e Lacerda (2018), afirmam que o modelo de desenvolvimento
hegemônico é fundamentado em uma visão antropocêntrica e predatória dos recursos
naturais, este panorama vem acarretando consequências para a humanidade. Neste
sentido, pela complexidade das relações homem-meio ambiente, e necessário ampliar
as metodologias de análise, a fim de possibilitar o estabelecimento de novas
perspectivas epistemológicas e metodológicas para a compreensão dos fenômenos
relativos ao meio ambiente.
Segundo os autores é necessário construir nexos que articulem as dimensões
da gestão do meio ambiente natural com um olhar para a saúde humana. Deste modo
será possível superar a concepção reducionista e simplificadora da ciência tradicional,
que geralmente diluem a complexidade dos fenômenos e das práticas humanas para
revelar a ordem simples a que eles obedecem (MENDES E LACERDA, 2018).
A partir desta reflexão sobre o pensamento socioecológico, é importante
ressaltar a responsabilidade que surge no conceito do desenvolvimento sustentável.
Silveira (2018), afirma que este revelou a responsabilidade dos humanos para com a
natureza e, portanto, a necessidade de mudanças éticas da sociedade para com o
meio ambiente, onde deve-se assumir um agir ético, coerente com a continuidade da
vida humana no futuro.
O autor destaca o conceito de cidadania ecológica, como forma de mediar esta
relação conflituosa entre o homem e o meio ambiente. Esta que se caracteriza pelo
engajamento de países em desenvolvimento na construção de uma sociedade
baseada no desenvolvimento sustentável global (SILVEIRA, 2018). Deste modo, é
preciso alinhar os interesses nacionais e os acordos internacionais, para que a
proteção ambiental integral seja globalizada, o que só pode acontecer com a total
predisposição dos países para tal.
22
3.2 Políticas Públicas Ambientais
23
dos espaços participativos. Assim, a consideração de apenas alguns dos sistemas
discursivos em debate desencadeiam escolhas menos representativas e, portanto,
menos justas e legítimas (CHIODI; MARQUES; MURADIAN, 2018).
Campos e Paixão (2018) apresentam conceitos característicos da sociedade
contemporânea que estão relacionados a dificuldade de representatividade nas
políticas públicas ambientais, por não oferecerem meios de mobilizações e
representações políticas nos debates públicos que discutem demandas advindas da
modernização. A Teoria da Modernidade Tardia, que discute os fenômenos sociais
atuais, dilemas humanitários, e a crise ambiental global, apontando três tipos básicos
de riscos: os ambientais, representados pelas ameaças que incidem na destruição do
meio ambiente a partir da industrialização, os econômicos em virtude das oscilações
dos mercados financeiros, e os terroristas classificados como catástrofes intencionais.
A Teoria da Sociedade de Risco, que aborda os riscos criados pela
modernização e seus efeitos socioambientais, apontando a modernização tecnológica
como responsável por gerar um contexto global de ricos ao meio ambiente e
humanidade, oriundo do deslocamento para a sociedade industrial, resultando em
riscos decorrentes da industrialização, e os efeitos colaterais do desenvolvimento
tecnológico e econômico (CAMPOS; PAIXÃO, 2018).
A análise conjunta desses dois conceitos resulta em um terceiro, voltado para o
entendimento das mudanças sociais, degradação do meio ambiente, considerações
políticas no campo ambiental, e o desenvolvimento institucional das sociedades
modernas. A Teoria da Modernização Ecológica busca propor formas de superar a
crise ecológica a partir da atuação conjunta das esferas governamentais, sociais,
ambientais e organizacionais. A partir de observações e investigações, demonstra
que a presença do Estado- para a integração entre economia e ecologia, é capaz de
desenvolver instituições modernas responsáveis pela promoção de reformas
ambientais, científicas, tecnológicas, econômicas e políticas (CAMPOS; PAIXÃO,
2018).
24
semissólidos ou gases, que por particularidades torna-se inviável lança-los em redes
de esgoto ou corpos d’água sem o devido tratamento preliminar (BRASIL, 2010).
A norma da Associação Brasileira de Norma Técnicas (ABNT) NBR
10004:2004, afirma que os resíduos sólidos são substâncias ou materiais nos estados
sólidos e semissólidos, resultantes de atividades de origem industriais, domésticas,
hospitalares, comerciais, serviços e varrição, incluindo lodos de sistemas de
tratamento de água e esgoto e controle da poluição (BRASIL, 2004).
Esses materiais são oriundos das atividades humanas, domésticas ou
industriais, gerados em altas quantidades pela sociedade, associados a fatores como
o crescimento populacional, distribuição territorial da população, seus hábitos, e
fatores como flutuações econômicas e evolução tecnológica. Que em virtude da
ausência ou insuficiência do adequado gerenciamento de resíduos geram
desperdícios que afetam a saúde pública e qualidade do meio ambiente, impactando
assim a qualidade de vida da população (CAMPOS; BORGA; SARTOREL, 2017).
Jesus e Azevedo (2018) afirmam que a geração e disposição dos resíduos
sólidos, de forma inadequada, desencadeiam problemas de saúde, afetam a dinâmica
dos ecossistemas, e contribuem para a proliferação de vetores, tornando-os uma
questão a ser debatida no aspecto de saúde pública. Os autores consideram ainda
que a destinação final ambientalmente adequada dos resíduos é um grande desafio
para os municípios brasileiros, principalmente em virtude da insuficiência de recursos
para a implementação de aterros sanitários.
Junior; Cavalcanti; Alberigi (2020) expõem que grande parte da poluição
identificada em áreas de rios, lagos e regiões litorâneas decorrem da disposição
incorreta de resíduos industriais, químicos e embalagens. Para os autores, além a
melhoria da qualidade ambiental, o correto gerenciamento dos resíduos sólidos
diminui as ocorrências de acidentes de trabalho e melhoram as condições de saúde
pública.
De acordo com Oliveira et.al (2020) os desafios relacionados à complexidade
do gerenciamento de resíduos sólidos são expostos através dos impactos ambientais
causados pelos mesmos. Onde, o manejo ineficiente dos resíduos produzidos nos
centros urbanos impacta a saúde da população e o meio ambiente, pois estes
contribuem para a poluição do solo e do ar, além de eventos como inundações, pela
falta de coleta e disposição adequadas.
25
Silveira (2018) afirma que é necessário a adoção de medidas efetivas e
adequadas para que os municípios consigam atender as exigências das políticas
públicas referentes a gestão de resíduos sólidos. Que, neste caso, perpassa a
questão de fechamento de lixões, sendo necessário ainda as considerações
referentes a disposição final para os rejeitos.
26
Os principais empecilhos encontrados estão relacionados as altas taxas de
crescimento populacional, insuficiência de arrecadação pelas prefeituras por meio das
cobranças de coleta, e soluções propostas que copiam modelos de países
desenvolvidos, em que os padrões tecnológicos e regulatórios, e as características
técnicas, socioeconômicas e institucionais diferem dos países em desenvolvimento
(CARVALHO, BORSATO, 2020).
Como alternativa para superar esses problemas, Santos e Carelli (2021)
apresentam os consórcios intermunicipais, que seriam grupos de uma mesorregião
com o objetivo de resolver os problemas compartilhados por mais de um município,
por meio da divisão dos custos de determinada operação. No caso do gerenciamento
de resíduos sólidos, a PNRS prioriza a liberação de recursos federais para os
municípios que aderem a gestão consorciada, como meio para fomentar esse modelo
de gestão.
Estas opções são importantes para o gerenciamento de resíduos sólidos para
países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, pois nestes locais, boa parte do
lixo orgânico é destinado a lixões, onde são depositados diretamente no solo, sem
nenhuma forma de tratamento, este cenário desencadeia uma série de problemas
socioambientais, como a proliferação de doenças e a contaminação do ar e do solo.
A Constituição Federal prevê que os serviços de limpeza urbana são de
responsabilidade dos municípios. Entretanto, os governos municipais alegam
dificuldades financeiras para a adequação de seu serviço de coleta e destinação de
resíduos à Política Nacional de Resíduos Sólidos (CARVALHO e BORSATO, 2020).
Os resíduos plásticos dispostos na natureza de forma inadequada, sem o
devido tratamento e manejo se tornam um risco para a saúde humana e ambiental
(ALBURQUERQUE et.al, 2021). Em relação à poluição e contaminação do solo,
destaca-se que a disposição dos resíduos, sem os procedimentos de
impermeabilização provocam diversos impactos, principalmente a partir do chorume
emitido pelos resíduos, que se infiltram no subsolo e contaminam o lençol freático,
gerando danos ambientais e riscos à saúde pública. O chorume é uma substancia
constituída de altas concentrações de matéria orgânica, com baixo grau de
biodegradabilidade, em que estão presentes ainda vários metais pesados (RIBEIRO;
CANTÓIA, 2020).
27
Santos e Azevedo (2019), apresentam que a lixiviação do chorume se torna
uma rota de contaminação hídrica por meio da disposição de lodos de esgoto no solo,
os autores também afirmam que poluentes orgânicos persistentes contaminam águas
superficiais e de abastecimento público, esgotos tratados, e amostras do solo. De
acordo com Silva (2018), nos períodos de chuvas ocorre o carreamento de partículas
de matéria orgânica, sedimentos e microrganismos para os corpos hídricos, além de
concentrações de metais como Cu (Cobre), Fe (Ferro), Hg (Mercúrio), e Pb (Chumbo).
Carvalho e Saroldi (2018) afirmam que nos lixões podem ser observados impactos
como a contaminação de mananciais superficiais e de lençóis freáticos, erosão do
solo e atração de vetores.
No sentido de emissões atmosféricas, destacam-se os GEE (Gases do Efeito
Estufa), oriundos dos processos de decomposição aeróbica e anaeróbica, e
influenciam significativamente no aumento da temperatura média global, dentre eles
o metano e o dióxido de carbono (LIMA; JUNIOR, 2020). Sobre os aspectos sociais
característicos dos lixões, destaca-se a conexão dos catadores de materiais
recicláveis com um contexto em que poucos conseguem ingressar ou retornar aos
postos de trabalhos formais, a maior parte devido ao baixo nível de escolaridade,
qualificação profissional e faixa etária (MOURA; SERRANO; GUARNIERI, 2016).
Essas pessoas muitas vezes se submetem a jornadas extensas e ganhos
abaixo do salário mínimo, executam atividades sem os EPI’s (Equipamentos de
proteção Individual) necessários, não possuem locais adequados para as refeições e
higiene, fatores que dificultam o acesso a melhores condições econômicas, sociais e
de trabalho, sem o devido planejamento e apoio externos (MOURA; SERRANO;
GUARNIERI, 2016).
28
Cada Objetivo é constituído por metas e indicadores que visam assegurar a
coordenação, comparabilidade e monitoramento dos progressos de cada país quanto
ao atendimento dos ODS. Para que isto aconteça, a Organização das Nações Unidas
– ONU, orienta que os países se baseiem em suas realidades, especificidades, e
prioridades para a definição das metodologias a serem adotadas para alcançar os
objetivos da Agenda (BRASIL, 2018).
A Agenda 21, com os objetivos do desenvolvimento sustentável é um
desdobramento dos ODM – Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, que foram
estabelecidos em 2000, e abordavam principalmente o combate à pobreza. Com os
resultados obtidos, a Organização das Nações Unidas, em 2018, estabeleceu os
ODS, com foco de tornar o mundo mais sustentável até 2030 - Agenda 2030. Os ODS
podem ser divididos e eixos como: Social – ODS 1, 2, 3, 4, 5 e 10; Econômicos – ODS
7, 8, 9, e 12; Ambientais – ODS 6, 11, 13, 14 e 15; e institucionais – ODS 16 e 17
(MOLIN; ARMADA, 2021).
Garcia (2020), afirma que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável trazem
direcionamentos para atitudes em setores públicos e privados de adoção das medidas
que objetivem o fortalecimento da sustentabilidade em suas variadas dimensões. O
autor ainda aponta a necessidade de incorporação de fatores tecnológicos, ligados a
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, e o comprometimento ético,
relacionado aos aspectos existenciais, em que se busque a garantia de vida para o
homem e o ambiente a sua volta.
Os ODS assumem assim, uma postura de preocupação com o meio ambiente
e com o desenvolvimento social humano, pois evidenciam uma conexão íntima com
suas criações tecnológicas, e buscam possibilitar uma melhor distribuição de renda,
qualidade ambiental e melhores índices de desenvolvimento, destacando uma gama
de conceitos determinantes para a sustentabilidade, por meio de um mecanismo
conjugado de esforços e práticas com vistas a promover o bem-estar das presentes e
futuras gerações, com modelo para a promoção de justiça social intergeracional
(GOMES; FERREIRA, 2018).
29
4 METODOLOGIA
30
Desenvolvimento Social 976 Artigos 2016-2021
Ecologia política 459 Artigos 2016-2021
Direito ao meio ambiente 459 Artigos 2016-2021
Políticas Públicas 1336 Artigos 2016-2021
Ambientais
Objetivos do 129 Artigos 2016-2021
Desenvolvimento
Sustentável
Consumo e Produção 4 Artigos 2016-2021
Responsável
Fonte: MATIAS
Dentre estes, foram selecionados os trabalhos quem tem maior afinidade com
a temática da pesquisa (Quadro Y), para serem retiradas as citações e demais
recursos bibliográficos para a fundamentação teórica, os quais destacam-se:
Quadro 2: Artigos de maior relevância dentre os selecionados para o trabalho.
Ano Título Autor(es)
2015 Desenvolvimento sustentável x Desenvolvimento Econômico. CARVALHO, N;
KERSTING, C; ROSA,
G; FRUET, L;
BARCELOS, A.
2016 Desenvolvimento Sustentável, Crescimento econômico e o CORREIA, M; DIAS, E.
Princípio da Solidariedade Intergeracional na Perspectiva da
Justiça Social.
2018. Atores e sua capacidade de influência nas políticas setoriais a SILVA, V. P. E
partir de conferências nacionais. Revista de Sociologia e Política.
UFPR. v. 26, n. 68, p. 1-26, dez. 2018. Curitiba – PR
2018 Ruralidades e Política Ambiental: Heterogeneidade CHIODI, R. E;
socioeconômica e lógicas indiferenciadas dos projetos públicos de MARQUES, P. E. M.;
pagamento por serviços ambientais. MURADIAN, R. S.
2019 Sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, e BOZA, M; CALGARO,
ecodesenvolvimento: Um projeto para uma política social? C; LUCCA, M.
2019. Mecanismos Transnacionais de Combate à GARCIA, H. D.
Pobreza: Uma possibilidade de análise a partir da solidariedade,
da sustentabilidade, da economia e da governança ambiental.
31
2020 Sustentabilidade e os problemas socioambientais na sociedade CALGARO, C;
consumocentrista. SOBRINHO, L. L. P.
2020 A pobreza e a dimensão social GARCIA, D. S. S;
da sustentabilidade. DETTONI, J. L; SOUZA,
Ú. G. T. F.
Fonte: MATIAS
32
4.3 Caracterização da Área de Estudo
33
O território do município é majoritariamente permeado pelo bioma Mata
Atlântica, com uma arborização de vias públicas em torno de 30,5%, e a urbanização
de vias públicas de cerca de 12,9, em relação a taxa de esgotamento adequado, o
município apresentava o percentual de 40,5% na cobertura de saneamento básico,
que o posicionava em 10° lugar dentre os 16 municípios da região metropolitana do
Recife (IBGE, 2021).
Finalmente, destaca-se que a identificação e caracterização da área
degradada do decorrente do descarte irregular dos resíduos foi feita a partir da coleta
de informações de documentos, entrevistas via questionários aplicados com a gestão
municipal, catadores que trabalhavam na área, e imagens obtidas da internet.
34
5 RESULTADOS E ANÁLISE
35
– CPRH. Fatores que pressionaram ainda mais a gestão municipal a buscar um
modelo de gerenciamento adequado dos resíduos sólidos do município (Edital
Municipal 008/2020).
De acordo com o representante da gestão municipal, entrevistado para o
trabalho, a área total do lixão era de 12 hectares, dos quais cerca de 50% eram
ocupados por resíduos. E, mesmo depois do encerramento das atividades, a
Prefeitura não conseguiu retirar todos os resíduos que estavam no terreno, fator que
acaba por contribuir com a geração de impactos ambientais no local
A partir das imagens é possível observar que na área, os resíduos eram
depositados sem nenhum tipo de tratamento, além de serem oriundos de várias
atividades, fator que potencializava os riscos para as pessoas que trabalhavam no
local (Figura 2). O descarte irregular de resíduos, com o passar do tempo, por meio
de sua decomposição origina-se o chorume, este material é composto por vários
metais pesados, que possuem capacidade de reação com ligantes difusores e
macromoléculas, conferindo-os propriedades de bioacumulação, biomagnificação na
cadeia alimentar e persistência no ambiente. Fatores que causam distúrbios
metabólicos e danos biológicos aos seres vivos (RIGUETI et. al. 2014).
Figura 2: Disposição Irregular dos Resíduos no Lixão de Camaragibe.
38
cá estou ficando cansado. Moro aqui desde 2016 e sempre acontecem estas
queimadas. Fora a ‘catinga’ horrível. Quando dá o vento forte, a gente fica com um
embrulhamento no estômago”,
.
Fonte: Filipe Jordão / Jornal do Comércio. 2020.
39
Além desses impactos oriundos das operações realizadas no local de
disposição dos resíduos, é possível também destacar o aspecto dos danos
paisagísticos na área do lixão. Bandeira e Kneib (2017) apontam que a paisagem
urbana é apresentada de diversas formas, a depender do contexto, abordagem ou
campo de conhecimento, porém em todas elas são possíveis encontrar uma
semelhança: marcas produzidas pela relação entre pessoas e espaços (Figura 8).
Figura 8: Área Impactada pela disposição dos resíduos sólidos.
40
5.2.1 Opção por Aterro Sanitário
41
concreto, mangueiras de captação, pedra, óleo diesel, mantas e telas de aço e a
contratação de mais funcionários públicos. Estes que deveriam ser mantidos em
estoques regulares, pois seu uso é constante em aterros, tornando difícil sua
operação, em virtude das grandes dificuldades de captação de recursos e gestão dos
mesmos.
42
Com a coleta seletiva espera-se adequar-se a legislação vigente, bem como
adicionar melhorias socioambientais no município. Para tanto, a gestão municipal
criou o grupo de trabalho “GT Ambiental”, em julho de 2019, com as principais
responsabilidades ligadas ao gerenciamento de temas como Meio Ambiente,
economia solidária e desenvolvimento social. O grupo, em função do cenário político-
institucional em que passava o país priorizou a necessidade de preservação
ambiental, equilíbrio ecológico, desenvolvimento econômico e equidade social.
5.3.5 Manifesto de Transporte de Resíduos – MTR
Para a Implantação e operacionalização dos planos de resíduos sólidos o
Ministério do Meio Ambiente – MMA, instituiu, por meio da Portaria N°280, de 29 de
junho de 2020 o MTR (Manifesto de Transporte de Resíduos), como uma ferramenta
a ser utilizada para a declaração dos geradores de resíduos sólidos (BRASIL, 2020).
É uma ferramenta obrigatória em todo território nacional, para os geradores sujeitos à
elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), de forma que
possibilita o rastreamento, controle, armazenamento, transporte e destinação dos
resíduos no Brasil (BRASIL, 2020)
O Manifesto, obriga aos responsáveis pelos planos de gerenciamento, públicos
ou privados, a manter atualizadas as informações relacionadas a implantação de
planos de gerenciamento, identificando gerador, destinador, sendo necessário a
emissão de um MTR no SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de
Resíduos Sólidos (BRASIL, 2020).
Demonstra-se, desta forma, um mecanismo institucional relacionado a gestão
de resíduos sólidos a ser observado pelo pode público municipal referente aos
geradores de resíduos dentro do município de Camaragibe, sendo necessário a
observação por parte do puder público a necessidade proceder a integração com o
SINIR, de forma a manter o MTR nacional atualizado par fornecer subsídios
necessários o direcionamento das ações previstas pela PNRS (BRASIL, 2020).
43
feito em 2012, na época a população do município era de 147.837 habitantes, com
uma produção per capita diária de 0,95 kg, em que 18% dos resíduos produzidos era
formados por materiais com potencial para a reciclagem.
Como forma de atualizar estes dados, de acordo com o IBGE (2022), a
população do município, para o ano de 2021, foi estipulada em 159.945 pessoas, ao
multiplicar-se esse número pela estimativa de produção de resíduos diários da
população (0,95 kg), tem-se o valor de 151.947, 75 kg de resíduos gerados no
município diariamente. Montante que de acordo com o Plano Municipal de Resíduos
Sólidos é distribuído da seguinte forma.
Quadro 3: Composição dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) - Camaragibe
Material Peso Relativo (%)
Vidro 2%
Papel/ Papelão 5%
Metal 1%
Plástico 10%
Rejeitos 49%
Total 100%
Fonte: Plano de Coleta Seletiva Municipal (2020) Adaptado pelo Autor (2023)
44
5.4. Resíduos Gerados pelos Principais Estabelecimentos Comerciais de
Camaragibe
45
5.4.2 Centro Comercial Elisa Cabral
46
Figura 11: Contêineres para a coleta de resíduos na Rua Elisa Cabral de Souza
Fonte: MATIAS
47
Figura 12: Mercado Público Municipal
Fonte: MATIAS
Para obtenção de mais informações, foi realizada uma visita no dia 06/03/2022,
no dia em questão, um domingo, havia sacolas com os resíduos na calçada em frente
ao estabelecimento, possivelmente depositados desta forma para a coleta pelo
caminhão (Figura 13).
Figura 13: Resíduos depositados na calçada em frente ao mercado público.
Fonte: MATIAS
Conforme observado nas imagens percebe-se que não há ainda por parte dos
comerciantes do mercado os cuidados relacionados a separação dos resíduos de
48
forma a destiná-los a reciclagem ou iniciativas de compostagem. Boa parte dos
produtos comercializados pelo Mercado Público Municipal são passíveis de
destinação para compostagem, como os restos de frutas e verduras, e/ou reciclagem,
como o papelão, plásticos, madeira, etc. Para tanto é necessário a implantação de
práticas de educação ambiental além do apoio público municipal rumo a um padrão d
operação mais sustentável.
Por ser um ponto turístico da região, além de ser bastante utilizado para a
prática de atividades físicas, destaca-se também a geração de resíduos pelos
visitantes do parque. Em visita realizada no dia 21/03/2022, foi possível observar
49
pontos com resíduos descartados na praça, estes que são compostos basicamente
de embalagens de alimentos, majoritariamente, com potencial reciclável (Figura 15).
Fonte: MATIAS
Foi possível notar também, que há iniciativas da gestão municipal para fornecer
estruturas no local, que possibilite o a coleta seletiva e a separação dos resíduos de
acordo com o seu tipo, ponto fundamental para o correto gerenciamento de resíduos
(Figura 16).
Figura 16: Estrutura no Parque Municipal para a coleta seletiva dos resíduos
sólidos.
Fonte: MATIAS
50
5.4.6 Resíduos Oriundos de Atividade Industrial
51
5.5.1 Levantamento Socioeconômico dos catadores e cooperativas em Camaragibe
Fonte: MATIAS
52
Figura 18: Zezinho Reciclagem, no Bairro de Alberto Maia - Camaragibe
Fonte: MATIAS
O Segundo catador entrevistado “Ferro Velho do Irmão Nado”, trabalha de
forma autônoma, em conjunto com a esposa, realizando apenas a coleta na
vizinhança. Estes dois últimos foram escolhidos para a pesquisa visando caracterizar
as duas formas em que realizam a sua atividade, as primeiras no modelo de
cooperativa e os dois últimos de forma autônoma.
Figura 19: Catador Individual “Irmão Nado”.
Fonte: MATIAS
53
A partir dos questionários aplicados, foram levantadas informações de modo a
obter uma caracterização socioeconômica e operacional desses entrevistados.
Posteriormente, os dados obtidos foram inseridos no software “Google Docs”,
visando a elaboração de gráficos para ilustrar os resultados. A Figura 20 demonstra
a média de idade dos entrevistados, e observa-se que há uma amplitude nos
resultados, onde foi constatado que há uma variedade no quesito de idade dos
trabalhadores.
Figura 20: Levantamento das Idades dos Catadores e Cooperados.
Fonte: MATIAS
Foi questionado também sobre os locais de residência desses catadores,
conforme demonstrado na figura 22, a maioria dos entrevistados afirmaram residir no
próprio município. Inclusive alguns que foram acolhidos pelas cooperativas são
advindos do antigo Lixão de Céu Azul. Só foi encontrado um, catador que residia no
município de Paudalho, fazendo o trajeto diariamente para trabalhar na cooperativa.
54
Figura 22: Local de Residência dos Cooperados e Catadores
Fonte: MATIAS
55
Figura 23: Origem da renda dos entrevistados.
Fonte: MATIAS
Sobre o Impacto que o enceramento do lixão teve nas atividades dos
entrevistados, mais de 60% afirmou que houve um aumento no número de
colaboradores nas cooperativas (Figura 24), inclusive alguns que foram acolhidos
pelas cooperativas que trabalhavam no antigo lixão, os restante disse que houve um
pequeno aumento na quantidade de resíduos coletados (11,1%), a diminuição no
número de colaboradores (11,1%,) e uma leve diminuição na quantidade de resíduos
coletados. Esta última associada ao novo modo de atuação dos catadores, que
passaram a adquirir os resíduos apenas das comunidades circunvizinhas,
diferentemente de sua atuação no lixão, onde eram depositados os resíduos de todo
o município.
Figura 24: Impacto do Encerramento do Lixão de Camaragibe nas Atividades da
Cooperativa.
Fonte: MATIAS
56
Em relação a atuação da gestão municipal, a maioria dos entrevistados (81,3%)
afirmou que não houve nenhum contato da prefeitura em relação a qualquer projeto
desenvolvido para a colaboração ou destinação de recursos visando melhoria nas
condições de trabalho. A única que disse ter recebido apoio da prefeitura foi a
responsável pelo Centro de Coleta Seletiva, Luzia Fernandes – nome fictício - é uma
autentica representante dos trabalhadores que atuavam no antigo lixão de
Camaragibe.
Como boa parte dessas pessoas, começou a trabalhar cedo, aos cinco anos,
ainda no lixão de Abreu e Lima, além disso, conta que encarava a dupla jornada de
cuidar dos filhos e casa e o trabalho fora, comum entre as mulheres, criou os filhos
só, em meio ao trabalho, revestido de preconceitos, acidentes de trabalho entre os
colegas.
Em virtude de sua longa trajetória no trabalho de reciclagem, relaciona-o a um
dom divino: “Tudo que tenho veio da reciclagem, acho que é um dom que Deus me
deu” – afirma. No centro que está sobre sua responsabilidade, ainda acolhe pessoas
advindas do sistema prisional em cumprimento de medidas socioeducativas.
Sobre as diferenças entre o trabalho no antigo lixão e o que realiza no Centro
de Coleta Municipal (Figura 25), afirma que o novo local proporciona uma maior
ambiência, limpeza, além do acesso ao saneamento, água e alimento em melhores
condições e até a aquisição de uma prensa mecânica por meio de doação particular
– RECITEC (Figura26), que segundo ela representa “Liberdade para Trabalhar”.
Figura 25: Recepção do Centro de Coleta Seletiva Municipal de Camaragibe
Fonte: MATIAS
57
Figura 26: Prensa Mecânica adquirida pelo Centro de Coleta Seletiva Municipal.
Fonte: MATIAS
58
Figura 27: Catadores no Lixão de Camaragibe trabalhando em condições insalubres.
Fonte: MATIAS
Conforme demonstra no gráfico acima, a maioria dos entrevistados (60%)
afirmaram que não teve contágio pela COVID-19. Enquanto que 40% disseram que
tiveram alguns sintomas da doença. É necessário destacar que esses números
acabam sofrendo algumas influências pela dificuldade de acesso dessa população à
59
serviços básicos de saúde, inclusive os testes para a detecção da doença. Bezerra
et.al (2020) apontam que a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus impôs aos
catadores uma adicional situação de vulnerabilidade, notadamente a insegurança
alimentar, além da dificuldade de acesso a medicamentos e itens de higiene.
O acesso a serviços públicos acaba sendo de fundamental importância para
essa população, já que conforme mostra o gráfico abaixo (Figura 29) a maioria dos
cooperados e catadores (93,8%), obtêm uma renda média de até um salário mínimo
mensal, os outros (6,2%) corresponde ao catador que trabalha por conta própria, e
afirmou conseguir cerca de R$ 1.500,00 mensais com a atividade da coleta e venda
de materiais recicláveis. Necessário dizer que esses valores variam de acordo com a
quantidade de material coletado e vendido a cada mês.
Figura 29: Renda Média Mensal dos Cooperados e Catadores.
Fonte: MATIAS
Rocha et. al (2020) apontam como aspectos basilares para a garantia de renda
pelos catadores, o acesso a saúde, segurança, e assistência social. Estes
representam pontos inegociáveis, de forma que conferem respaldo para que estes
profissionais atuem em defesa do meio ambiente, tendo em vista o seu papel no
processo de reciclagem. Os autores ainda destacam a necessidade da transparência
governamental, para promover confiança na ação estatal, e a solidariedade entre os
diversos setores afetados pela reciclagem, ainda que de forma diferenciada.
Questionados sobre o grau de escolaridade (Figura 30), os entrevistados
afirmaram que tinham o ensino fundamental incompleto (62,5%), ensino médio
completo (25%), e ensino médio incompleto (12,5%). Esse quadro revela um contexto
de exclusão e desigualdade porque o nível de escolaridade é uma das variáveis que
60
podem influenciar melhores condições de vida dos indivíduos, dentre elas a inserção
no mercado de trabalho (CAMPOS; CRUZ; RODRIGUES, 2021). Além disto a
escolaridade é um fator que pode aprofundar quadros de desigualdades
socioeconômicas, pois até mesmo uma pequena diferença nos anos de estudos
costuma impactar decisivamente na remuneração de trabalhadores.
Figura 30: Escolaridade dos Catadores e cooperados.
Fonte: MATIAS
Foi também perguntado aos entrevistados sobre o impacto da pandemia de
COVID-19 nas atividades deles. Neste quesito, a maioria (75%) afirmou que a
pandemia não afetou diretamente a atividade de coleta, separação, venda, ou
catação dos materiais recicláveis. Esta posição vai em sentido oposto ao
encontrado na literatura, pois esta destaca como a Pandemia impactou de forma
a impor mudanças em vários aspectos a sociedade. Segundo Lima, Buss e Souza
(2020), a pandemia foi responsável por magnificar tensões que dilaceram a
organização social contemporânea, globalizada em trocas econômicas, mas com
frágil projeto político global.
61
Figura 31: Mudanças nas atividades após a pandemia de Covid-19
Fonte: MATIAS
Fonte: MATIAS
62
Um dado importante para a pesquisa é em relação ao tempo de profissão dos
participantes, pois a literatura aponta que em geral a atividade e trabalho em lixões
começa cedo, inclusive com o ingresso dessas pessoas no trabalho ainda na infância.
Esse contexto perpassa por problemas como o trabalha infantil e a vulnerabilidade
social de crianças e adolescentes, que se projeta na relação desses grupos com os
espaços habitados por eles, pois vivem negativamente as consequências das
desigualdades social, pobreza e exclusão. Processo que estigmatiza grupos sociais e
locais dentro de uma sociedade como marginalizados, excluídas de benefícios e
direitos em um mundo globalizado (SOUZA; OLIVEIRA; ALVES, 2018).
Conforme demonstrado pelo gráfico (Figura 33), a maioria dos entrevistados
responderam trabalhar a mais de 2 anos com a atividade de coleta e tratamento dos
resíduos recicláveis, fator que corrobora os resultados encontrados na literatura
específica, que afirmam haver uma dificuldade de ascensão social dos trabalhadores
deste setor.
Figura 33: Tempo de Profissão dos Entrevistados.
Fonte: MATIAS
Sobre a quantidade de pessoas que os participantes afirmaram sustentar com
a atividade nas cooperativas e no antigo Lixão de Camaragibe, o levantamento
apontou que boa parte (35,7%) não sustentava dependentes, ou porque morava só,
ou não tinha filhos. O restante dividia-se entre mais de três dependentes (14,3%), até
três (14,3%) ou duas pessoas (14,3%) que o participante era o provedor de recursos.
63
Figura 34: Quantidade de dependentes sustentados pelos entrevistados a partir da
atividade de catação de recicláveis
Fonte: MATIAS
Devido aos fatores relacionados a renda dessas pessoas, a compreensão
deste cenário é relevante para o trabalho visando compreender as dificuldades
relacionadas a capacidade de suprir as necessidades familiares destes cooperados.
A desigualdade social e a pobreza são apontadas como alguns problemas de maior
relevância atualmente, e que apresentam grandes dificuldades para ser resolvido
dentre elas o fator do modelo político-econômico dos países em desenvolvimento,
como o Brasil, que é caracterizado pela dependência dos países pobres da tecnologia
oriunda dos países ricos fator ocasiona a extração dos recursos naturais, oriundos
dos países pobres, que realizado de uma maneira predatória, destrói o meio ambiente,
e enfraquece as bases sociais de enfrentamento a pobreza (CALGARO; SOBRINHO,
2020).
Outro fator que merece ser destacado é a utilização de EPI (Equipamento de
Proteção Individual) pelos catadores e cooperados. De acordo com os dados obtidos,
mais de 93% dos entrevistados afirmaram que recebem materiais e ou orientação
sobre a utilização de equipamentos de proteção individual, dentre eles citaram calça,
luvas, botas, óculos e protetores auriculares. Merece destaque à o aspecto que o
percentual representado pelos que não utilizam essas proteções, é justamente o
catador autônomo/individual.
64
Figura 35: Utilização de Equipamentos de Proteção Individual para os Colaboradores
Fonte: MATIAS
Questionados sobre a se haviam algum tipo de contrato com organizações
privadas do município para a coleta in loco ou a venda do material coletado
diretamente, 87,5% afirmou não ter qualquer tipo de vínculo e que apenas vendem o
material coletado semanalmente a compradores avulsos.
Figura 36: Presença de contrato com empresas do município para coleta e/ou venda
dos materiais coletados.
Fonte: MATIAS
Esse cenário é um dificultante da melhora da sustentabilidade do município,
quando se analisa a questão do gerenciamento dos resíduos sólidos. Uma possível
relação dos cooperados e catadores com empresas do município, geradores de
resíduos, poderia potencializar suas atividades, principalmente no quesito
econômico/financeiro dos catadores. Este é um desafio municipal que precisa de um
65
enfrentamento amplo, fundamentado em uma proposta que integre os aspectos
ambiental visando a diminuição dos impactos ambientais das atividades, a
minimização de perdas e desperdícios dentro do pilar econômico, a geração de renda
de maior seguridade aos trabalhadores, além do territorial/tecnológico, com o aumento
da produtividade e redução das agressões ao meio ambiente (COLETO; BRANCHI;
SUGAHARA, 2021).
Finalmente, questionou-se sobre a percepção individual dos catadores sobre a
importância de sua atividade para o município, categorizando-se entre os fatores
reciclagem, geração de emprego/trabalho e renda, o seu papel na preservação do
meio ambiente, a inclusão social desses trabalhadores no mercado e economia, e o
papel como fomentadores da educação ambiental. Assim, conforme o gráfico abaixo
(Figura 37), a maioria 68,8% afirmou que o principal retorno que observam com o
trabalho realizado é a geração de emprego/trabalho e renda.
Figura 37: Percepção dos entrevistados sobre a importância da atividade para o
município.
Fonte: MATIAS
O fator percepção ambiental foi incluído nos questionamentos visando
compreender como os catadores e cooperados se auto percebiam dentro do escopo
da sustentabilidade ambiental do município. As respostas demonstram que o principal
quesito de relevância em suas atividades, dentro do tripé da sustentabilidade, é o
econômico, destaca-se que entender as visões, interesses e demandas dos atores
sobre o desenvolvimento urbano faz-se necessário para a compreensão das
tendencias de apoio ou oposição a modelos que buscam a transformação da
sustentabilidade urbana (BECK; DI GIULIO; MAHEIROS, 2022).
66
5.6 Relação do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, número 12,
com o encerramento do lixão de Céu Azul, em Camaragibe.
67
internacionalmente acordados, e
reduzir significativamente a liberação
destes para o ar, água e solo, para
minimizar seus impactos negativos
sobre a saúde humana e o meio
ambiente.
Meta 12.5 (Brasil) Até 2030, reduzir substancialmente a
geração de resíduos por meio da
Economia Circular e suas ações de
prevenção, redução, reciclagem e
reuso de resíduos.
Meta 12.8 (Brasil) Até 2030, garantir que as pessoas, em
todos os lugares tenham informação
relevante e conscientização sobre o
desenvolvimento sustentável e estilos
de vida em harmonia com a natureza,
em consonância com o Programa
Nacional de Educação Ambiental
(PRONEA).
Fonte: MATIAS
68
Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit – GIZ).
Buss (2018) afirma que a cooperação entre países se apoia em princípios que
envolvem não-assistencialismo, não possuir fins lucrativos ou pretensões comerciais,
centrada apenas no fortalecimento institucional para a transferência e absorção de
saberes práticos (Know-how). Assim, surge como uma resposta às dificuldades
organizacionais, onde práticas colaborativas refletem vantagens que seriam mais
difíceis de obter por meio de uma atuação isolada (FRIAS et.al 2018).
Quadro 6: Relação da Meta 12.a com o encerramento do Lixão.
Fortalecimento de Capacidade Encerramento do Lixão de Camaragibe
Científica e Tecnológica rumo a Acordo entre o Governo Alemão e
padrões mais sustentáveis de Estadual de Pernambuco;
Produção e Consumo. União dos Ministérios das Cidades, Meio
Ambiente brasileiro, Conservação da
Natureza Alemão;
Sobre a meta 12.2, que busca alcançar, até 2030, a gestão sustentável e uso
eficiente dos recursos naturais, destacam-se em relação ao objeto de estudo do
presente trabalho as iniciativas da gestão municipal para implementar um plano mais
sustentável em relação ao gerenciamento resíduos sólidos e os respectivos resultados
obtidos. Souza et.al (2021) afirmam que a eficiência se reflete na habilidade de obter
a máxima produção de acordo com uma determinada quantidade de recursos.
69
Nesse sentido podem-se citar, a elaboração e publicação do Plano de Coleta
Seletiva, a composteira municipal apresentada nele, as práticas sustentáveis de
reciclagem, envolvendo as cooperativas de resíduos sólidos. Destaca-se também as
possíveis iniciativas de recuperação das áreas degradadas no antigo lixão, em virtude
da disposição inadequada dos resíduos.
Quadro 7: Relação da Meta 12.2 com o encerramento do Lixão.
Gestão Sustentável e Eficiência no Encerramento do Lixão de
uso de Recursos Naturais, até 2030. Camaragibe
Plano de Coleta Seletiva;
Compostagem;
Reciclagem;
Inserção das cooperativas de coleta de
resíduos no gerenciamento municipal;
Possíveis iniciativas de
reflorestamento – remediação e
recuperação das áreas degradadas no
antigo lixão.
71
Cooperativas de Resíduos Sólidos;
PGRS
72
A Política Nacional de Educação (Lei N° 9.795/99) dispõe em seu artigo 1° que
a educação ambiental se constitui de processos que possibilitam a construção de
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente (BRASIL, 1999). Desta forma, a atuação municipal
relativa ao encerramento do lixão deve ser acompanhada por este componente,
articulando-o a todos os níveis e modalidades de ensino sejam eles - formais ou não-
formais.
Assim, destaca-se no caso da Meta 12.8 sua relação com o Lixão de Céu Azul,
as iniciativas de publicação do Plano de Coleta Seletiva municipal, disponibilizado em
PDF, na internet. A inauguração do Centro de Coleta Seletiva, no bairro de Alberto
Maia, a instalação dos ecopontos no centro comercial da Rua Eliza Cabral, incluindo
as atividades de educação ambiental.
Por último, relacionado também a meta 12.8, está o curso promovido pela
Prefeitura de Camaragibe, para a formação de Agentes Ambientais Comunitários, em
março de 2020, antes do encerramento do Aterro de Céu Azul.
O Curso continha carga horária de 20 horas, dividido em disciplinas que envolviam:
Ações de Educação Ambiental, Áreas Protegidas e recursos naturais, Recuperação
Florestal e Manutenção de Espécies Arbóreas, Impactos e Fiscalização Ambiental, e
Educação Ambiental e Sustentabilidade.
73
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
74
incorporando-os em cooperativas, ainda que estas não conseguiram acolher o
total dos trabalhadores que exerciam suas atividades no lixão.
Em relação a identificação das atividades geradoras de resíduos foi
demonstrado, ainda que o município fique responsável pelo gerenciamento de
resíduos domiciliares, há na cidade uma lista de polos que devem ser
acompanhados pela prefeitura e CPRH referente às exigências impostas pela
legislação ambiental devido às suas particularidades.
Foi possível também observar que os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável constituem uma métrica eficiente para a avaliação da
sustentabilidade nos municípios, oferecendo para pesquisadores, setores
públicos e privados, ONG’s e outros um meio para consolidar modelos de
avaliação das iniciativas rumo ao desenvolvimento sustentável.
Desta forma evidenciou-se que o fechamento de lixões é desafio
complexo para a sociedade. Pois são processos que requerem atuação
intersetorial, multidisciplinar de maneira que integrem os diversos fatores
envolvidos nesses projetos, e que requerem a devida atenção, configurando um
processo que necessita de atuação conjunta para a resolução.
Em relação aos procedimentos utilizados para a coleta de dados,
verificou-se que há uma vasta literatura e documentos técnicos envolvendo o
tema de resíduos sólidos, incluindo a temática de lixões, e seus impactos
socioambientais. Foi observado também que é importante confrontar os
diversos pontos de vista referentes a um mesmo processo, e como estes podem
ser diferentes de acordo com a óptica dos sujeitos.
Sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, formulados pela
Agenda 21, avaliamos que constituem um mecanismo prático para a
implementação de medidas sustentáveis para os municípios. O objetivo
escolhido para o trabalho, incluindo as metas especificadas apresentam um
escopo de orientação para os tomadores de decisão em políticas ambientais, por
definirem metas a serem acolhidas e readequadas de acordo com os aspectos
econômicos, financeiros, geográficos, educacionais entre outros.
Diante do contexto, destaca-se que o encerramento do Lixão de
Camaragibe, apresentou desafios nas esferas social, econômica e ambiental a
serem geridos pelo poder público em suas diferentes esferas de atuação para
incorporar as variadas nuances ocorridas neste processo.
75
Desta forma será possível para o município atender às disposições e
exigências estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos visando o
gerenciamento adequado dos resíduos municipais.
Este trabalho buscou elaborar um cenário do fenômeno em questão,
enfatizando e discutindo informações de diferentes meios, bem como os pontos
de vista e opiniões de alguns sujeitos impactados pelo encerramento do Lixão
de Céu Azul.
Finalmente, afirma-se que maiores estudos ainda precisam ser
executados visando uma melhor compreensão de fatores como a área
degradada ocasionada pela disposição irregular dos resíduos, a diversidade dos
resíduos gerados no município, estudos técnicos financeiros buscando entender
a realidade da cidade, e um maior acompanhamento da rotina dos catadores
para entender a realidade dessas pessoas que prestam um trabalho importante
para efetivação da sustentabilidade no município
76
REFERÊNCIAS
77
BEZERRA, S. M. C; NUNES, G. M; DREER, É. M; GONÇALVES, A. T;
SANTOS, Y.M. Universidade pública em extensão e ação: catadores de
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84
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AO REPRESENTANTE
DA SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE CAMARAGIBE
85
Associações/grupos de ( ) Sim, quais:
gerenciamento de resíduos, foram ( ) Não
incluídos em algum programa
municipal de apoio?
Qual a importância das ( ) Reciclagem
cooperativas? ( ) Coleta Seletiva
( ) Destinação Final Adequada
( ) Outro:
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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS REPRESENTANTES DAS
COOPERATIVAS
Quantos colaboradores há na
cooperativa?
Como é a divisão de gênero entre os
trabalhadores na cooperativa?
87
A cooperativa distribui e/ou orienta os ( ) Sim, quais?
colaboradores sobre a utilização de EPI’s ( ) Não
(Equipamento de Proteção Individual)?
Idade?
Teve Covid?
Local de Residência?
Renda?
Sexo?
Escolaridade
Tempo de Profissão
Dependentes
Renda Principal da Família
Pesquisador: Lucas Roberto Matias, Tecnologia em Gestão Ambiental –
IFPE
88