Chave Escondida Do Avivamento de Israel, A - Eitan Shishkoff
Chave Escondida Do Avivamento de Israel, A - Eitan Shishkoff
Chave Escondida Do Avivamento de Israel, A - Eitan Shishkoff
Eitan tem vivido e praticado o que escreveu neste livro e possui uma
perspectiva fora do comum para mostrar como essa união entre
judeus e gentios é essencial na preparação para o retorno do nosso
Rei.
Don Finto
Pastor emérito da Belmont Church. Nashville, TN, EUA
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DEDICATÓRIA
itan viveu e está vivendo o que escreveu neste livro. Ele faz
E parte de um crescente ciclo de avivamento entre a Igreja e
Israel, entre pessoas do mundo todo que creem em Jesus e
uma comunidade reavivada de judeus que crê no seu Messias
Yeshua. Como crente judeu que vive em Israel, ele tem uma
perspectiva privilegiada quando tece sua experiência pessoal com a
verdade das Escrituras, mostrando a necessidade dessa unidade
entre judeus e não judeus em preparação para a volta de Jesus.
Quando Paulo escreveu aos crentes primitivos de Roma, ele os
alertou, por diversas vezes, para o seu relacionamento com os
irmãos judeus por meio dos quais haviam recebido a redenção.
“Terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo?”, ele perguntou e,
então, respondeu à sua própria pergunta: “de modo nenhum! [...]
Deus não rejeitou o seu povo a quem de antemão conheceu [...]
Porventura caíram para que ficassem caídos? De modo nenhum!
Mas pela transgressão, veio a salvação aos gentios (aqueles das
nações) para pô-los em ciúmes. Ora, se a transgressão deles
redundou em riqueza para o mundo, e o seu abatimento, em riqueza
para os gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.1,11,12)
Paulo viu que a “plenitude” de Israel traria grande riqueza para
as nações. Alguns versículos adiante, o apóstolo afirma: “veio
endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude
dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo”. Existe algo sobre a
plenitude das nações que resultará na salvação de Israel. Contudo,
a plenitude de Israel também traz maiores riquezas para as nações.
A plenitude de Israel e a plenitude das nações: esse é o assunto
deste livro de Eitan.
Foi Eitan quem me compeliu pela primeira vez a analisar mais
profundamente a antiga história bíblica de Rute e Boaz e ver nela
essa mesma chave para a redenção do mundo que ficará cada vez
mais presente à medida que nos aproximamos do reaparecimento
de Jesus como Rei de toda a Terra.
Quando Rute, uma mulher não judia, entrou em aliança com
Boaz, um judeu, eles trouxeram o reino de Davi, por meio de quem
viria o Messias Judeu e Redentor do mundo.
Hoje, Boaz ressurgiu dentre os mortos na forma de judeus
crentes, que estão de volta na história após séculos ausentes. Ao
mesmo tempo, a Rute dos dias de hoje, representada por indivíduos
de todas as nações que creem em Jesus, está despertando para a
presença de Boaz e crescendo em amor por ele.
Quando a Rute da atualidade reconhecer o seu Boaz e entrar
em aliança com ele, veremos o retorno do grande Filho de Davi,
Yeshua (Jesus).
Permita que Eitan lhe mostre algumas das formas como isso
está acontecendo e como você pode ativamente se envolver nesse
casamento ordenado por Deus.
Don Finto
Presidente da Caleb Company
Pastor emérito da Belmont Church
Autor do Livro O Teu Povo Será o Meu Povo
INTRODUÇÃO
“EI, E NÓS? ONDE ENTRAM OS
GENTIOS?”
Preocupações
Apesar de toda a celebração, existem também motivos de
preocupação. Muitos estão confusos. Os crentes gentios deveriam
adotar a lei de Moisés como padrão de vida? A Igreja deveria ceder
às exigências, por parte da maioria dos judeus ortodoxos, de que
não se faça evangelismo entre eles em razão do seu tenebroso
passado antissemítico? Existe uma aliança de salvação diferente
para Israel que dispensa a necessidade de fé em Yeshua? Como a
Igreja deve relacionar-se com Israel– ou com o notável movimento
de judeus recebendo Jesus? Essas e muitas outras questões
exigem respostas ponderadas. Estão em jogo não só a saúde do
Corpo de Cristo, mas também a salvação de Israel.
Quero abordar esse tempo extraordinário de destino. Inclui um
conjunto de circunstâncias orquestradas pelo próprio Deus. Creio
que ele tenha aberto os olhos dos judeus da minha geração que
buscavam o sentido da vida, refugiados da selvagem e caótica
revolução cultural dos anos 1960. Quando vimos Jesus (isso
aconteceu literalmente comigo), soubemos que ele era a verdadeira
resposta para tudo o que procurávamos. Depois, muitos de nós
voltamos às nossas raízes judaicas, como membros do Corpo
universal de Cristo.
Ao perceber que uma obra especial da graça estava
acontecendo, alguns dos nossos irmãos gentios nos encorajaram a
levar uma vida judaica autêntica em Yeshua. Eu não poderia ter
cumprido o meu chamado sem eles. Nas décadas seguintes, Deus
usou irmãos e irmãs preciosos das nações para nos proporcionar
um treinamento ministerial profundo, recursos financeiros em
abundância e um consistente suporte de intercessão. Ao mesmo
tempo, eu comecei a ver evidências concretas nas Escrituras de que
esse sempre foi o plano de Deus. Estou convencido de que a
parceria entre seguidores gentios e judeus de Yeshua é essencial
para a salvação de Israel, e portanto, para a segunda vinda do
Messias.
Temos uma oportunidade única de fazer história como
seguidores judeus e gentios do Messias Jesus. O seu plano é levar-
nos a uma amizade de aliança com a finalidade de compartilhar o
seu cálice, em oração sacerdotal pela redenção de Israel, e
participar na restauração da presença de Deus em Israel – assim
como o rei Salomão e o rei Hirão fizeram quando se tornaram
parceiros para construir o primeiro templo.
Eitan Shishkoff
CAPÍTULO UM
O FATOR HIRÃO
Um mistério resolvido
Depois de duas conferências maravilhosamente intensas em Osaka
e Tóquio e um final de semana cheio de ministrações, peguei o voo
de volta a Hong Kong. Para minha alegria, o mesmo suspense ainda
estava disponível na lista de filmes. Louco para ver o fim do
mistério, liguei a pequena tela e passei para a última cena que eu
lembrava de ter visto. Desta vez, consegui ver o final. E embora eu
não vá lhe contar como o filme termina, estou extasiado por estar
envolvido no mistério da vida real com você.
Quanto mais aprendo sobre esse mistério, mais empolgante ele
se torna. Estamos experimentando a liberação dos recursos de
amor, prometidos há muito tempo, que virão para Israel em ondas
sucessivas (Is 60.5). Numa época em que muitos estão clamando
para que Israel seja punido e rejeitado, saber que os membros
gentios da nossa família estão empenhados em favor dos irmãos
messiânicos em Israel nos traz uma viva esperança, coragem e o
necessário conforto.
No capítulo anterior, destaquei o chamado de Israel de levar
salvação para todas as nações. Agora, em um caso de verdadeira
justiça poética, torna-se papel dos gentios retornar o favor. O
apóstolo Paulo deixa essa ideia bem clara em Romanos 11.11,12.
Ele admite que o povo judeu parece ter sido deixado de lado por
Deus, mas então faz uma forte afirmação:
Pergunto, pois: porventura, tropeçaram para que caíssem?
De modo nenhum! Mas, pela sua transgressão, veio a
salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes. Ora, se a
transgressão deles redundou em riqueza para o mundo, e o
seu abatimento, em riqueza para os gentios, quanto mais a
sua plenitude!
Muitos dos discípulos israelitas de Yeshua ficaram incomodados
com a entrada dos gentios. Anteriormente, fiz referência à dramática
visão que Pedro precisou receber no terraço em Jafa antes que
pudesse levar as boas novas a Cornélio, um oficial romano, e a seu
grupo de não judeus que esperava em Cesareia. O subsequente
influxo de crentes não judeus mudou para sempre a natureza do
reino.[4]
Podemos ver um elemento profético na maneira como Deus
abriu o coração dos apóstolos para receber os gentios. O livro de
Atos começa com a celebração de Pentecostes (a Festa das
Semanas ou shavuot em hebraico), quando dois pães fermentados
são apresentados como oferta a Deus segundo os requerimentos da
Torá. Eu creio que, pelo fato de serem levedados (simbolizando,
assim, uma dimensão de impureza), esses pães não podem
representar o Messias. Em vez disso, são a maneira de Deus de
demonstrar que judeus e gentios são um diante dele.
Na verdade, de forma fascinante, o ritmo das festas bíblicas
explica a história. A entrada de não judeus na redenção do Messias
sinaliza o que podemos chamar de o tempo dos gentios. O
alinhamento das sete festas dadas originalmente a Israel e o seu
cumprimento em Yeshua enfatizam especificamente os últimos dois
mil anos. Cada festa precisa encontrar cumprimento em Yeshua.
Deus continuamente nos leva de volta para ele. E o mesmo
acontece com esta festa.
As lágrimas de Yeshua
Yeshua chorou por Jerusalém. Ele não podia olhar para a cidade
sem ver a sua futura destruição. Seu grande desejo era a salvação
de Israel. Ele é o arquétipo do sacerdote (veja o livro de Hebreus),
tomando posição entre nós de um lado, em nosso estado de
futilidade totalmente merecedores do juízo, e Deus do outro lado,
com sua oferta de adoção, tornando-nos irrepreensíveis, sem culpa.
Embora Yeshua tenha vindo para as “ovelhas perdidas da casa
de Israel”, sua crucificação significa redenção para o mundo todo. É
como se ele tivesse “dado à luz” uma nova esperança, uma nova
realidade para todos os seres humanos por meio da sua carne. Não
é por acaso que o seu sofrimento é chamado de “paixão”. Ele
permitiu ser traspassado e rasgado por causa da nossa excruciante
necessidade de expiação. Isso é comparável a uma mulher que
suporta a agonia das dores de parto a fim de que possa dar à luz
um novo ser humano. Foi o seu ato intercessório e sacerdotal a
favor de toda a humanidade. Ele nos chama para sermos o “seu
corpo” neste mundo e nessa era a fim de que ele possa interceder
através de nós, levando tanto judeus quanto gentios a nascer de
novo.
Sacerdócio compartilhado foi o que o Senhor me mostrou
quando chorei juntamente com um príncipe alemão pelo fato de
nossas nações estarem perdidas. Essa posição privilegiada, diante
do propiciatório de Deus, é o lugar que ele nos chama para
ocuparmos juntos. Ao nos ajoelharmos em concordância, diante do
trono da graça, entrando em sua presença, reunidos como servos
judeus e gentios do Deus vivo, encontraremos o poder interveniente
de Deus para redimir Israel. A posição de chorar pelas ovelhas
perdidas de Israel é um lugar de humildade, totalmente fora dos
holofotes humanos.
No próximo capítulo, traçarei um paralelo entre a ressurreição
de um homem que já estava enterrado e a condição de Israel. Estou
convencido de que a história de Lázaro nos proporciona uma
imagem persuasiva da nossa atual posição de influência no
sepulcro, o local exato da ressurreição de Israel.
CAPÍTULO SETE
LÁZARO, VENHA PARA FORA!
Cristãos e judeus
messiânicos, profetizando para os ossos,
chamam Israel de volta à vida
A ressurreição de Israel
Israel é uma nação inteira que foi ressuscitada dentre os mortos! A
visão que Deus concedeu a Ezequiel no capítulo 37 hoje é fato
aproximadamente 2.600 anos depois do seu encontro profético no
vale dos ossos secos. Deus faz uma pergunta-chave ao profeta e
depois ele mesmo oferece a resposta.
Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão
reviver estes ossos? […] Assim diz o SENHOR Deus a estes
ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis... (Ez
37.3,5)
Uma faceta que chamou a minha atenção é que Deus instruiu o
profeta a “profetizar para esses ossos” e dizer-lhes: “vivereis”.
Parece que há necessidade de um elemento da participação
humana de Ezequiel que Deus embute no processo. Ele precisa
usar a voz humana e declarar aos ossos aquilo que o Senhor, que
ressuscita os mortos, está declarando. O que isso tem a ver
conosco?
Como uma geração profética, estou convencido de que a nossa
missão dada por Deus é fazer exatamente o que Ezequiel fez. Mas
esse trabalho não é incumbência apenas dos judeus messiânicos.
Para ilustrar como eu vejo nossa participação conjunta em um papel
profético como o de Ezequiel, volto-me para um evento muito
significativo no livro de João, na Nova Aliança. Essa história contém
ambos os elementos, a ressurreição de Israel e o sacerdócio
compartilhado de crentes judeus e gentios, igualmente necessários
para trazer a ressurreição. É a história de Lázaro, a quem Yeshua
ressuscitou, relatada em João 11.
Lázaro representa Israel. Por que eu concluo isso de forma tão
rápida? O texto nos dá inúmeras indicações.
1. Lázaro estava morto havia muito tempo. Da mesma forma, a
nação de Israel estava morta havia muito tempo.
Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia
quatro dias. (Jo 11.17)
2. As irmãs de Lázaro choravam amargamente (Jo 11.19, 31). O
povo judeu como um todo continua lamentando, de luto.
Esse é o pano de fundo de Israel como nação. Temos
lamentado, não por quatro dias, mas por séculos e séculos. Observe
a nossa história recente e a história antiga. Incluem terrorismo
jihadista, o Holocausto (1935-1945), os pogroms (massacres
racistas centrados na Ucrânia nos anos 1880), a Inquisição (1480-
1834; milhares de judeus foram queimados na fogueira pela Igreja
Católica, alguns deles verdadeiros seguidores de Yeshua que, como
nós, mantinham práticas fundamentadas na Torá), as Cruzadas
(1095-1291), a destruição dos dois templos (587 a.C. e 70 d.C.) e a
expulsão de inúmeros países.
3. Existe uma atmosfera de sofrimento e perda em torno de
Marta e Maria. Essa é exatamente a condição de Israel, seguida
de séculos de perseguição, especialmente após o Holocausto.
Podemos ver essa mesma emoção profeticamente em Noemi, a
mãe aflita do livro de Rute.
…porque, por vossa causa, a mim me amarga o ter o
SENHOR descarregado contra mim a sua mão. (Rt 1.13)
Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi [agradável];
chamai-me Mara [amargurada], porque grande amargura me
tem dado o Todo-Poderoso. Ditosa eu parti [para a
diáspora], porém o SENHOR me fez voltar pobre; por que,
pois, me chamareis Noemi, visto que o SENHOR se
manifestou contra mim e o Todo-Poderoso me tem afligido?
(Rt 1.20-21)
No caso da irmã de Lázaro, Maria (cujo nome vem da mesma
raiz que Mara), os judeus a acompanhavam enquanto ela chorava
em amargo desapontamento por Yeshua não ter aparecido (11.33).
4. A família de Lázaro sentiu-se abandonada. Sião expressa
esse sentimento também.
A reação frustrada foi: “se estiveras aqui” (v.21). Isso é paralelo
ao resumo do desamparo em Isaías 49.14:
Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o Senhor se
esqueceu de mim.
5. Yeshua “tinha a chave” para destrancar o túmulo de Lázaro.
Ele continua segurando a chave para destrancar o túmulo de
Israel.
Maria sabia que Yeshua tinha poderes para ressuscitar e
prostrou-se aos seus pés em adoração (11.32). Ela proclamou: “eu
tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus” (Jo 11.27). Isso traz
à lembrança a poderosa afirmação apocalíptica do segundo salmo:
“beijai o Filho...” (Sl 2.12). Evidentemente, essa é a autoridade que
traz Israel da morte para a vida: o reinado de Yeshua como o grande
Filho de Davi.
Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele
abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá. (Is
22.22)
6. Yeshua chorou (11.35). Devemos ser sacerdotes que choram.
No último capítulo, falei sobre sacerdotes que choram (Joel 2;
Salmos 126; Jeremias 9; e Hebreus 9-10, a respeito do sumo
sacerdote). Pelo nosso sacerdócio compartilhado, vemos o PODER
do JUDEU e do GENTIO intercedendo juntos. O profeta Joel
destaca essas lágrimas sacerdotais em Joel 2.17, e o salmista faz o
mesmo em Salmos 126.5,6. Foi isso que aconteceu comigo e o
príncipe Albrecht no dia da Memória do Holocausto (veja o capítulo
6, “Sacerdócio Compartilhado”).
A chave para Deus responder à oração por ressurreição é um
choro intercessório. É por isso que Yeshua chorou. Não era tanto
por estar triste pela morte de Lázaro, seu amigo. Eu creio que
Yeshua estava sintonizando-se à maneira como Lázaro
representava a morte de Israel e sinceramente desejando que o seu
povo voltasse à vida. Nossas lágrimas nos unem, com o coração
quebrantado, focados na salvação de Israel como prioridade de
Deus. Chegamos a uma única mesa, a mesa do Senhor, a mesa da
Nova Aliança. Agora exercitamos a nossa aliança e entramos no
Santo dos Santos, diante do PROPICIATÓRIO, para ver a salvação
de Israel!
O Senhor também chorou em Lucas 19. Yeshua olhou para
Jerusalém, pesaroso por causa do iminente exílio e expulsão da
nação. Então, enquanto expulsava aqueles que compravam e
vendiam no precinto do templo, ele enfatizou que a casa de Deus é
uma casa de oração. Por isso, para nós, restaurar a casa de Deus
como casa de oração é uma chave para a volta de Jesus. Quão
tocantes as palavras de Isaías ao juntar judeus e gentios como
agentes de oração para ressurreição!
Aos estrangeiros [crentes gentios] que se chegam ao
SENHOR, para o servirem e para amarem o nome do
SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que
guardam o sábado, não o profanando, e abraçam a minha
aliança, também os levarei ao meu santo monte e os
alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e
os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a
minha casa será chamada Casa de Oração para todos os
povos. (Is 56.6,7)
7. Ele disse: “Tire a pedra!” (11.39). Por muito tempo, tem
havido “pedras” no caminho de Israel como obstáculos em sua
volta para Deus.
Apliquemos a questão aos tempos de hoje para a nação.
Remover a pedra que cobre o túmulo do nosso povo é nada menos
do que remover as pedras de tropeço do antissemitismo e da
teologia da substituição que impediram o povo judeu de encontrar o
seu Messias por aproximadamente dois mil anos. Como de
costume, Isaías previu isso.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo
vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros;
o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos,
aplanados. A glória do SENHOR se manifestará... (Is 40.3-
5a)
Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo;
aterrai, aterrai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai
bandeira aos povos. (Is 62.10)
Yeshua removeu a pedra que selava o túmulo. Mas Lázaro
ainda tinha de sair.
8. “Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?”
(11.40). Se crermos em nossa geração, veremos a glória de
Deus.
Isaías 60 começa com uma exortação para Israel:
Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória
do SENHOR vai nascendo sobre ti. (Is 60.1)
O capítulo todo de Isaías 60 diz respeito à glória de Deus. A
palavra “glória” e os seus cognitivos aparecem frequentemente nos
livros dos profetas, sendo usada 70 vezes apenas em Isaías. A
revelação incomparável, à qual dedicarei todo o capítulo oito, fala
sobre a nação judaica e as nações gentílicas nos últimos dias.
Imediatamente após a declaração do profeta acerca da glória que
virá sobre Israel, ele inclui os gentios atraídos para a luz que brilhará
sobre ela (60.3). Existe uma interação planejada entre a
ressurreição de Israel e o envolvimento da fé das nações.
9. Yeshua intercedeu ao Pai diante do túmulo de Lázaro. (11.41-
42). De certa forma, era o túmulo de Israel.
Yeshua, nosso Sumo Sacerdote, intercedeu! Trata-se do ÚNICO
túmulo junto ao qual ele intercedeu por ressurreição. Estou
convencido de que essa é uma imagem da intercessão de Yeshua
pelo nosso avivamento como nação. É nessa situação que nos
encontramos profeticamente neste exato momento. Estamos
posicionando-nos como o Corpo de Yeshua na Terra diante do
túmulo de Lázaro/Israel.
A missão de Yeshua em frente ao túmulo era tomar uma
posição de intercessor que conhecia a vontade e os desígnios de
Deus. Essa também é a nossa missão. O desejo de Deus era trazer
Lázaro para fora do seu túmulo! O projeto anunciado por intermédio
dos seus profetas, especialmente de Ezequiel, é dar vida à sua
nação de ossos secos. Nós estamos totalmente envolvidos.
Devemos tomar o nosso lugar diante do túmulo de Israel, orar juntos
e exercitar a fé na ressurreição.
10. Yeshua permaneceu diante do túmulo de Lázaro. Juntos,
como seus discípulos, permanecemos diante de Israel.
Posicionado ali, encarando a morte face a face, Yeshua
exclamou em voz alta: “Lázaro, venha para fora!” (11.43). Essas
palavras são eletrizantes. Eu tento imaginar aquele momento. Há
eletricidade no ar. O Filho de Deus está repreendendo a morte e
trazendo um morto de volta à vida. Podemos comparar os capítulos
51 e 52 de Isaías nos quais Deus chama Sião para despertar como
se a nação estivesse no sono da morte. Os versículos seguintes são
extasiantes, e ele muda o foco para descrever a beleza daquele que
traz essas boas novas de salvação.
Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia
as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas
boas, que faz ouvir a salvação [ yeshuah], que diz a Sião: O
teu Deus reina! [...] Rompei em júbilo, exultai à uma, ó
ruínas de Jerusalém! (Is 52.7,9a)
Isso é exatamente o que Lázaro fez depois de ser ressuscitado.
Ele proclamou salvação/Yeshua para sua geração. Ironicamente, os
principais sacerdotes e os fariseus tramaram contra Lázaro e, mais
ainda, contra Yeshua a partir daquele dia.
11. “Desatai-o e deixai-o ir.” (11.44). Hoje, Israel continua
lutando para se libertar.
Isso foi libertação da morte... para vida – uma dica de como
será o cumprimento de Ezequiel 37. Existe um processo de duas
etapas. A primeira consiste na ressurreição física, com ossos se
juntando, sendo cobertos por tendões, carne e pele (Ezequiel 37.7).
Porém, na segunda fase, fôlego/espírito/vento (todos estes termos
são a mesma palavra em hebraico bíblico: ruach) devem entrar nos
corpos inanimados.
A minha visão de Israel hoje é que ressuscitamos fisicamente.
Estamos vivos como povo, temos governo, economia, exército,
comunicação e educação de alto nível. Mas, espiritualmente, ainda
não chegamos à vida pelo Espírito de Deus. Como nação, só
podemos ressuscitar pelo Espírito do Deus vivo, o mesmo Espírito
que ressuscitou Yeshua (Rm 8.11). Milhares de cidadãos
israelenses são judeus messiânicos, mas 99,75% não o são.
Somos como Lázaro. Eu sinto isso aqui em Israel. Nossas
ataduras precisam ser removidas. Há alguns anos, eu estava em
São Paulo, e recebi uma “instrução” esquisita. Depois de terminar a
mensagem da noite, senti que deveria deitar-me no chão e ser
levantado pelas mãos dos meus irmãos e irmãs. A liderança
confirmou isso, e eu me deitei, na frente da congregação, totalmente
relaxado, tentando transformar meus pensamentos para os de um
homem à beira da morte.
Logo senti muitas mãos e braços me levantando. Foi uma
sensação maravilhosa. Senti-me inteiramente apoiado, sem
necessidade de coisa alguma e tomado por uma alegria vertiginosa.
Enquanto as pessoas me carregavam em volta da sala, cantando e
louvando a Deus, foi como se eu estivesse realmente
experimentando a sua vitória sobre a morte. Isso não aconteceu de
forma acidental, pois se tratava de crentes gentios dedicados,
segurando no alto um judeu messiânico e proclamando a vida de
Deus sobre a morte.
Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a
casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram,
e pereceu a nossa esperança; estamos de todo
exterminados. Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o
SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei
sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Sabereis
que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e
vos fizer sair dela, ó povo meu. Porei em vós o meu
Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria
terra. Então, sabereis que eu, o SENHOR, disse isto e o fiz,
diz o SENHOR. (Ez 37.11-14)
Assim como Lázaro precisou ter suas ataduras removidas, nós
precisamos experimentar arrependimento e avivamento. Estamos
aqui. Estamos vivos, mas, algumas vezes, permanecemos
imobilizados. É tempo de sermos mobilizados. Yeshua disse para os
presentes: “desatai-o e deixai-o ir”. Continuamos precisando da
ajuda de irmãos e irmãs com visão para todo esse fenômeno a fim
de sermos libertos e desatados.
12. “Muitos, pois, dentre os judeus [...] creram nele” (11.45).
Ansiamos para que isso aconteça — logo!
Lázaro precisa ser totalmente ressuscitado (o conjunto de todos
os judeus seguidores de Yeshua em Israel). Qual a importância do
milagre da ressurreição? O apóstolo nos diz, em 1 Coríntios 1.22,
que os judeus buscam um sinal. Não existe sinal maior do que a
ressurreição. O sobrenatural precisa ser restaurado. É por isso que
muitos judeus que viveram em Israel no primeiro século creram nele
logo após a ressurreição de Lázaro:
...a numerosa multidão que viera à festa [...] tomou ramos
de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana!
(Jo12.12-13)
O passo seguinte é coroar Jesus como Rei de Israel: “Baruch
haBa baShem Adonai! Bendito aquele que vem em nome do
Senhor” (Sl 118.26; Mt 23.39).
Para resumir, esta é a sequência de eventos que aconteceu
com Lázaro. O Senhor nos chama agora para participar dessa
mesma sequência. Sacerdócio produz ressurreição. Primeiro,
Yeshua traz vida a Israel; o verdadeiro avivamento vem para a
comunidade messiânica na terra prometida. Depois, essa
ressurreição atrai a atenção de descrentes, e eles passam a crer.
Remover as ataduras indica uma comunidade livre e pronta para
proclamar Yeshua, uma comunidade que demonstra e atrai o poder
de Deus como anunciado pelos profetas Ezequiel e Joel.
Chorar juntos em intercessão é uma atitude que leva à
ressurreição da comunidade messiânica há muito tempo dormente.
Escolheremos viver com coragem e seguir Yeshua no seu caminho?
Você está lendo este livro porque Deus está buscando levar-nos
a uma parceria estratégica, a um relacionamento que o próprio
Altíssimo originou. Ele está levando-nos a capítulos adicionais do
Livro. São capítulos que ele nos convida a experimentar lado a lado.
Estamos diante do túmulo de Lázaro. Somos chamados para fazer
história juntos!
Aqui estão as oportunidades para cada nação:
1. REPRESENTAR o que Deus está fazendo em Israel por meio
do nosso trabalho, Tents of Mercy (Tendas de Misericórdia), e outros
ministérios.
2. COMPARTILHAR a ressurreição dos judeus messiânicos com
outros cristãos do seu país por meio de websites, informativos,
boletins de oração e levando grupos a Israel.
3. DESENVOLVER seus relacionamentos com equipes aqui de
Israel... para juntos vermos avivamento.
O rei Salomão levantou as mãos e clamou ao Senhor em favor
de Israel. Foi um momento crucial de renovo espiritual que foi
possível pela participação voluntária dos gentios que trabalharam
para construir o templo. Nós vivemos mais uma vez um tempo que
clama por renovo espiritual em Israel. Que o nosso sacerdócio
compartilhado mova o coração de Deus a fim de que envie
avivamento para esta terra.
CAPÍTULO OITO
A INCRÍVEL CHAVE DE ISAÍAS
2. RECURSOS
Haverá um transbordamento de recursos financeiros e materiais
para Israel proveniente dos amigos gentios.
Então, o verás e serás radiante de alegria; o teu coração
estremecerá e se dilatará de júbilo, porque a abundância
do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações virão a ter
contigo [...] trarão ouro e incenso e publicarão os louvores
do SENHOR... (Is 60.5,6)
As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia
nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas
riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis.
Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão;
sim, essas nações serão de todo assoladas. (Is 60.11,12)
A multiplicação de investimentos gentios em Israel em todos os
níveis é impressionante. Nos nossos 20 anos nessa terra, vimos um
aumento de igrejas e cristãos, literalmente de todos os continentes,
desejosos de contribuir financeiramente e ajudar a terra e o povo de
Israel. Como judeus messiânicos, vemos essa parceria como um
crescimento natural da aliança comum que temos em Yeshua. O
apóstolo Paulo exortou os crentes gentios na sua carta aos romanos
dizendo: “porque, se os gentios têm sido participantes dos valores
espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais”
(Rm 15.27).
3. INTERCESSÃO
Quando Isaías diz: “Estrangeiros edificarão os teus muros” (Is
60.10), isso pode ser aplicado literalmente como eu fiz no início
deste capítulo. Muitos ministérios das nações fizeram um trabalho
similar e continuam a fazê-lo. Como exemplo, cito o trabalho do
Joshua Fund, iniciado pelo autor de best-sellers Joel Rosenberg,
que tem cruzado Israel e o Oriente Médio, semeando os recursos
doados por cristãos devotos. O investimento em “edificar os muros”
é enorme. E este é apenas um de muitos ministérios cristãos que
oferecem ferramentas à comunidade de crentes ressurgente em
Israel.
Entretanto, essa promessa também pode ser aplicada
espiritualmente. Vou explicar o que eu quero dizer. Dois capítulos
adiante, Deus declara:
Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo
o dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os que fareis
lembrado o SENHOR, não descanseis, nem deis a ele
descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por
objeto de louvor na terra. (Is 62.6,7)
Esses versículos são amplamente interpretados como uma
descrição do trabalho espiritual da oração intercessória que deve
ser apresentado ao Senhor até que ele restaure Israel para a sua
glória plena como povo ressurreto, adorando e recebendo o seu Rei,
Yeshua. Essa é a forma como eu interpreto esta passagem.
Portanto, quando o mesmo profeta se refere a “muros” algumas
páginas antes, sou compelido a aplicar essa definição àqueles que
reconstroem os muros. Assim, os “filhos dos estrangeiros” que estão
reconstruindo os muros não são ninguém menos do que os irmãos
gentios, “os que fareis lembrado o SENHOR” (62.6).
Isso é empolgante! Significa que Deus antecipou a necessidade
urgente de que as nações orassem em forte intercessão em favor
de Israel no fim desta era. Num completo e surpreendente
cumprimento desse quadro profético, existem milhares de grupos de
oração dedicados ao redor do mundo, sendo “atalaias sobre os
muros”, implorando com devoção para que o Governante do
universo restaure Jerusalém como a sede do seu reino.
4. REJEITANDO o antissemitismo.
Em seguida, temos a sóbria declaração do versículo 14:
Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te
oprimiram; prostrar-se-ão até às plantas dos teus pés
todos os que te desdenharam e chamar-te-ão Cidade do
SENHOR, a Sião do Santo de Israel. (Is 60.14)
A primeira vez que eu pisei na Alemanha foi difícil para mim.
Havia lembranças emotivas da “aflição” que vivenciamos no
passado como povo “desprezado” naquela nação. Mas Deus me
pegou de surpresa enquanto eu participava de um encontro de
líderes alemães e israelenses, todos seguidores de Yeshua.
Estávamos visitando a Mansão Wannsee nos arredores de Berlim.
Esse prédio do governo hoje abriga um museu do Holocausto, mas,
em 1943, foi o local onde o alto comando de Hitler criou a “Solução
Final”.
Nosso grupo se encontrava no andar superior, onde a
desprezível discussão aconteceu, tramando a erradicação absoluta
do povo judeu. De forma sóbria, todos voltados ao Senhor,
começamos a adorar suavemente em quebrantamento. Logo, cada
coração havia voltado a atenção para a misericórdia de Deus.
Tomados pela memória de tamanho ódio e extermínio, o que mais
poderíamos ter feito?
Lentamente, nossos parceiros alemães se prostraram ao chão
com o rosto no carpete bem ao lado dos nossos pés. Assim como o
profeta visualizou, os mesmos indivíduos cujos pais nos enviaram
em massa para o extermínio nos fornos agora se prostravam diante
de nós! Não contentes em ter pessoas prostradas diante de nós, e
sendo movidos pelo mesmo Espírito, respondemos com gentileza,
inclinando-nos ao lado deles. Logo, todo o chão estava coberto de
alemães e judeus, adorando a Yeshua e chorando em intercessão
pelo outro povo. O cumprimento de Isaías 60.14 foi mais literal do
que eu poderia imaginar.
5. NUTRIR
Finalmente, chegamos ao enigmático versículo 16 – uma verdadeira
impossibilidade biológica. Não obstante, o profeta declara:
“Mamarás o leite das nações e te alimentarás ao peito dos reis”.
Ãhn? Sobre o que ele está falando? A imagem que imediatamente
me vem à mente é a de 1 Pedro 2.2: “desejai ardentemente, como
crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual...”. Que outro
leite eu poderia receber dos gentios senão o da Palavra?
Foi então que me lembrei dos dedicados, sinceros e sábios
professores da Bíblia que eu tive na década de 1970. Eram reis
gentios (no sentido espiritual); e eles certamente me convidaram
para beber do seu conhecimento – para ser alimentado pelo rico e
cremoso leite do Espírito que me nutriu naquele tempo fundamental.
Mesmo hoje, importantes ensinamentos e treinamentos
baseados na Bíblia vêm da parte dos nossos irmãos gentios. É
verdade que, nos últimos 30 anos, meus irmãos judeus messiânicos
contribuíram com muitos livros e avanços históricos no
entendimento dos propósitos de Deus. Muito antes da nossa
geração, mestres judeus providenciaram uma perspectiva espiritual
por milênios. Ainda assim, a maior parte das instruções que
surgiram do seu Espírito continua sendo recebida de fontes não
judaicas.
O profeta termina o versículo 16 da seguinte forma:
...saberás que eu sou o SENHOR, o teu Salvador, o teu
Redentor, o Poderoso de Jacó. (Is 60.14b)
Ele está conectando o conhecimento de Deus – sua graça
salvadora e a revelação da sua Majestade, o Rei no fim dos tempos
– a um empreendimento conjunto de judeus e gentios discípulos de
Yeshua no fim desta era. Uau!
As pedras e a madeira que Salomão e Hirão usaram não foram
capazes de conter o peso da glória de Deus na mesma medida que
é possível agora, com judeus e gentios, como pedras vivas, sendo
construídos juntos para ser uma única casa e santuário para o
Senhor.
CAPÍTULO NOVE
O RETORNO DO FILHO PERDIDO
Um Filho Perdido
Na história de Lucas 15, um filho toma a sua herança antes do
tempo enquanto o pai ainda está vivo. Alguns estudiosos afirmam
que isso era um verdadeiro insulto, um tapa na cara do pai. Outra
palavra para designar essa atitude é chutzpah. O filho sai em busca
de aventura, diversão e talvez até fama. O problema é, obviamente,
que as suas finanças acabam muito antes do esperado. Outra
dificuldade é que ele havia destruído as possibilidades de voltar
atrás. Seu relacionamento com a família foi destruído. Ele se tornou
arrogante, egoísta e insensivelmente independente. Assim, ele
acaba entre os porcos, no chiqueiro; nada menos!
A imagem do pródigo deixando a casa do pai não o faz pensar
no nosso povo? Certa vez, comecei a vê-la como uma
representação da saída do povo judeu da família de Deus e não
consegui parar de pensar nisso. Eu sei que essa ideia viola a típica
fórmula de “filho mais velho indicando os judeus; filho mais novo
simbolizando os gentios”. Mas, por favor, deixe isso de lado por um
momento. Deus quer nos mostrar algo aqui.
Se olharmos para o filho pródigo como alguém “tomando a sua
herança” e desperdiçando os seus dons como talentos numa “terra”
distante de casa, será que conseguiremos enxergar uma metáfora
dos judeus no exílio? Sim, temos sido abençoados em alguns
lugares, em algumas épocas, entre os gentios. Ao mesmo tempo,
por meio de lutas, sofrimento e dedicação, mantivemos um vestígio
do nosso chamado de ser o povo da aliança. Mas o ponto principal é
que, até o advento do atual estado de Israel, com a sua “lei de
retorno”, permanecemos perambulando perdidos, e as bênçãos
foram mais residuais do que imediatas.
Na história de Yeshua, o filho perdido cai em si. Os versículos
17 e 18 são o ponto de transição. Profeticamente, isso faz paralelo
com Deuteronômio 30.1-3,5 e Oseias 3.4,5, passagens que falam
sobre Israel voltando-se ao Senhor depois de “muitos dias” de
diáspora:
Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção
e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas
entre todas as nações para onde te lançar o SENHOR, teu
Deus; e tornares ao SENHOR, teu Deus, tu e teus filhos, de
todo o teu coração e de toda a tua alma, e deres ouvidos à
sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno, então, o
SENHOR, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá
de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os
quais te havia espalhado o SENHOR, teu Deus. O SENHOR,
teu Deus, te introduzirá na terra que teus pais possuíram, e
a possuirás; e te fará bem e te multiplicará mais do que a
teus pais. (Dt 30.1-3,5)
Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei,
sem príncipe, sem sacrifício, sem coluna, sem estola
sacerdotal ou ídolos do lar. Depois, tornarão os filhos de
Israel, e buscarão ao SENHOR, seu Deus, e a Davi, seu rei;
e, nos últimos dias, tremendo, se aproximarão do SENHOR
e da sua bondade. (Os 3.4,5)
O rapaz desiludido se arrepende: “Pai eu pequei contra o céu e
contra ti”. O que acontece em seguida reflete incisivamente a
natureza misericordiosa de Deus no sentido de que sejamos
profundamente tocados sempre que lermos essas palavras. A
compaixão incrível do pai demonstra o coração de Deus pelo
“rebelde” Israel. Os paralelos são simplesmente muito poderosos
para passar despercebidos.
7. Podemos dizer que existe uma “Lei Única” para Israel que é a
mesma lei para a Igreja?
A última posição que desejo examinar na questão da “Torá e os
gentios” é a chamada doutrina da “Lei Única”, retirada do versículo
que diz: “A mesma lei e o mesmo rito haverá para vós outros e para
o estrangeiro que mora convosco” (Nm 15.16).
Ao responder essa questão, usaremos de forma livre um artigo
publicado por meus dois queridos amigos Daniel Juster e Russell
Resnik e intitulado “Movimentos da Lei Única”. Juster (mentor e
influência fundamental na minha vida) e Resnik (amigo de toda a
vida e “gêmeo espiritual” dos tempos do Novo México) apontam que
um começo saudável na avaliação desse conceito é rever a atitude
da Igreja histórica com relação à lei de Deus. Os autores enfatizam
que, até o século XIX, a maioria dos teólogos, particularmente a
obra de João Calvino (autor da teologia reformada do século XVI),
tinha uma visão positiva acerca da lei de Deus.
O problema com essa orientação é que a teologia reformada
enxergava a Igreja substituindo Israel. Ironicamente, enquanto
validava a Torá como a base do estilo de vida que Deus ordenou
para os cristãos, Calvino e outros negavam o acesso de Israel à
aliança permanente com Abraão, Isaque e Jacó. Assim, muitos
seguidores de Jesus reconheceram a validade das leis morais de
Deus através dos séculos mesmo enquanto rejeitavam o papel de
Israel como escolhido.
Outro ponto de vista contrastante foi desenvolvido por J. N.
Darby e popularizado na Bíblia Scofield. Eles defendem a visão
dispensacionalista de que os cristãos não devem preocupar-se com
a “lei” uma vez que Jesus veio para inaugurar a “dispensação da
graça” e, portanto, não estamos mais “debaixo da lei”, mas livres
dela. Tal liberdade foca nas epístolas de Paulo, diminuindo até
mesmo a orientação baseada na Torá do próprio Yeshua. Pelo lado
bom, os dispensacionalistas tendem a abraçar Israel como o
cumprimento das promessas de Deus para restaurar a nação à sua
terra original. O lado ruim é a visão negativa da Torá, rejeitando-a
como uma expressão da vontade de Deus que deve continuar
sendo aplicada.
Então por que não existe uma “lei única” para Israel e para a
Igreja? A resposta mais simples é que a Torá é dirigida a um povo
natural específico, os descendentes físicos de Abraão, Isaque e
Jacó. Nossa nação, o povo judeu/Israel, tem sido preservada por
aproximadamente quatro mil anos, o que é, por si só, um feito
maravilhoso na História. Como já apresentado, no início da história
dos seguidores de Yeshua, os apóstolos examinaram
exaustivamente a questão de os gentios aderirem à Torá. A
conclusão deles foi registrada em Atos 15 com o objetivo de trazer
entendimento e unidade.
Essa unidade não deveria acontecer a ponto de obscurecer a
distinção feita pelo Criador entre judeus e gentios. Em vez disso,
deveria libertar os crentes gentios da obrigação de viver de acordo
com todos os requisitos da Lei de Moisés, a Torá. A finalidade não
era inferiorizar ou marginalizar os gentios, mas para trazer a
compreensão radical de que Yeshua havia criado um novo
fundamento tanto para judeus quanto para gentios. Esse
fundamento foi a sua morte sacrificial e ressurreição.
Se os apóstolos quisessem que os discípulos gentios ficassem
debaixo da mesma lei mosaica como os crentes judeus, eles
poderiam ter dito isso facilmente. Mas não fizeram nenhuma
menção a esse termo ou aos versículos usadas para afirmar a “lei
única”: Êxodo 12.49, Levítico 24.22 e Números 15.16.
Sim, existem muitas passagens e princípios que se aplicam a
todos os que amam a Deus e aos seus caminhos. Yeshua e os
autores da Nova Aliança citaram a Tanakh como fonte exclusiva da
verdade escrita. Ainda assim, essa validação não equivale a uma
“lei única” para todos os crentes. O contexto, como mencionado
previamente, é aquele do ger, que vive fisicamente nas fronteiras de
Israel e escolhe adotar toda a Torá, incluindo a circuncisão. Gálatas
5 adverte os gentios a não receberem a circuncisão; caso contrário,
teriam de cumprir toda a Torá. “A implicação clara é que, sem a
circuncisão, os gentios não são obrigados a guardar toda a Torá.”[7]
[1]
Yeshua, Jesus em hebraico, é a principal forma como eu me refiro ao Senhor
ao longo deste livro. No entanto, quando estou falando sobre o seu papel na
história da Igreja e entre os crentes gentios, eu uso Jesus por razões de ênfase e
contexto.
[2]
KATZENSTEIN, H. J. The History of Tyre (A História de Tiro). The Schocken
Institute for Jewish Research (Instituto Schocken para Pesquisas Judaicas),
Jerusalém, 1973 [citado em: www.glbet-
el.org/.../Hiram%20king%20Of%20Tyr%20site.pdf].
[3]
GRUBER. The Separation of Church & Faith, Volume One: Copernicus and the
Jews (A Separação da Igreja e da Fé, Volume 1: Copérnico e os Judeus), pág.
242.
[4]
Veja a brilhante análise de Gruber sobre a deterioração da parceria inicial entre
judeus e gentios na obra The Church and the Jews, Elijah Publishing, Hanover,
NH, 1997. (Da introdução, pág. vii ff).
[5]
A teologia da substituição é a ideia de que a igreja “substituiu” Israel por causa
da sua infidelidade. Nessa fórmula, a igreja cristã recebe as promessas feitas a
Israel e deixa pra eles as maldições.
[6]
SILBERLING. “Introdução”, “The Ephraimite Error”. Disponível em:
www.seedofabraham.org/downloads/ephraimite error.pdf.
7]
Juster e Resnik. “One Law Movements”, pág. 2
[8]
W. D. Davies. Paul and Rabbinic Judaism, pág. 67
[9]
WYSCHOGROD, M. Evangelicals and Jews in Conversation on Scripture,
Theology and History, editado por Tanenbaum, Wilson e Rudin, pág. 44.
[10]
STERN, Dr. David. Messianic Jewish Manifesto, pág. 156.
[11]
Mark D. Nanos, The Mystery of Romans, págs. 167, 184.
[12]
INTRATER, Asher. Covenant Relationships (Relacionamentos de aliança),
pág. 32.
[13]
Ibid, pág. 27.
[14]
Ibid, pág. 32.