Silvana Dos Passos Silva
Silvana Dos Passos Silva
Silvana Dos Passos Silva
PONTA GROSSA
2023
SILVANA DOS PASSOS SILVA
PONTA GROSSA
2023
Dedico este trabalho a todas as pessoas
que direta ou indiretamente colaboraram
de uma alguma forma para a realização
desta pesquisa, bem como ao meu
esposo, Hamilton, às minhas queridas
filhas, Niege e Marine, e à minha
encantadora neta, Betina, pelo apoio
incondicional durante a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
This dissertation is part of the Teaching and Learning research line of the Graduate Program
in Education-PPGE/UEPG/PR. Its object of research is the artistic praxis in the teaching of
Color in the Visual Arts with the contribution of Historical-Critical Pedagogy, and is justified
by the tenuous appropriation of theoretical knowledge and chromatic practice in the Visual
Arts by students of the 1st (first) year of Teaching Technical Medium, even though this
knowledge is contemplated in several years of Basic Education, reflecting in their
perceptions and artistic expressions as a social practice. The research sought to answer the
following problem: How is the teaching of Color in the artistic and expressive praxis in the
Visual Arts with the contribution of Historical-Critical Pedagogy in the 1st year of High
School? And it has the general objective of developing an artistic and expressive praxis with
the teaching of Color in the Visual Arts, contextualized and problematized in the learning of
students in the 1st (first) year of High School, with the contribution of Historical-Critical
Pedagogy. The theoretical framework is grounded and supported by theoretical and practical
knowledge predominantly in the foundations of authors such as: Pedrosa (1982, 2006);
Silveira (2011); Arhneim (2000); Spiller (1961); Barros (2006); Farina (1982); Guimarães
(2000), Saviani (1986; 2007; 2011; 2015); Vazquez (1965, 1977); Lukacs (1963, 1968,
2011); Saviani and Duarte (2012); Goethe (1993), Carr and Kemmis (1988); Duarte (2008;
2013; 2016); Vygotsky (1999); Nunes (2004; 2006; 2009; Wick (1989) and Thiollent
(2003;2007). The collaborators of the research were a group of 1st year of High School,
composed of 29 students. The research approach was qualitative, with methodological
design of action-research and pedagogical intervention in artistic praxis in the teaching of
Color, during Art classes at Colégio Estadual Dr. Epaminondas Novaes Ribas in the city of
Ponta Grossa/ Paraná. The research is organized into 4 (four) chapters. In this investigation ,
instruments and data materials were used, an initial questionnaire for the previous
knowledge of the participating students about Color knowledge, participant observation,
artistic productions of the students and their portfolios, the researcher's portfolio. With the
outcome of the research, it can be concluded that from the initial questionnaire, most of the
students participating in the research had not apprehended the conceptions of Color in
artistic, expressive and social praxis, presenting superficial definitions and conceptions, or
common sense. The result of the research, with the mediation of the researcher in the
multidisciplinary scope, obtained a relevant and surprising artistic praxis, proven in the
students' productions and narratives, as well as in the transformation of previous concepts to
scientific concepts about Color, such as accumulated and systematized historical knowledge,
prepared at school in the discipline of Art, as a social, cultural, artistic and scientific
phenomenon, in artistic practice, with the contribution of Historical-Critical Pedagogy.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................22
CAPÍTULO 1 ENSINO MÉDIO: BASE CURRICULAR DO COMPONENTE ARTE
E AS DIRETRIZES CURRICULARES DO PARANÁ NA
ATUALIDADE................................................................................ 26
INTRODUÇÃO
sigla DCC/EM.
5 A nomenclatura Referencial Curricular Ensino Fundamental do Estado do Paraná será abreviada
DCNEM.
9 A nomenclatura Diretrizes Curriculares Complementares para o Ensino Médio do Paraná será
(continua)
30
(conclusão)
Médio. O Itinerário da FTP pode ser ampliado para além das 1.200 horas, no
entanto, a carga horária da FGB é de no máximo 1.800 horas e o total de 3.000
horas é o mínimo de carga horária.
Cada IF tem suas Trilhas de Aprendizagem, que são unidades temáticas
que, integradas, visam ao aprofundamento de saberes por meio da problematização,
da investigação científica e da intervenção social. Destaca-se que a Trilha de
Aprendizagem não pode ser concebida de forma isolada, ela precisa estar inserida
em um percurso formativo com objetivos claros e intencionalidade pedagógica.
(BRASIL, 2021).
A Educação Profissional Técnica de Nível Médio abrange: I – habilitação
profissional técnica, relacionada ao curso técnico; II – qualificação profissional
técnica, como etapa com terminalidade de curso técnico; e III – especialização
profissional técnica, na perspectiva da formação continuada, este percurso que o
estudante fará, no nível médio, lhe garante, ao concluir, um diploma de curso técnico
ou certificados de qualificações profissionais técnicas.
A Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021, define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica. As
formas de oferta para os cursos Técnicos são definidas no Capítulo IV, Art. 16:
Os cursos técnicos serão desenvolvidos nas formas integrada,
concomitante ou subsequente ao Ensino Médio, assim caracterizadas:
I - integrada, ofertada somente a quem já tenha concluído o Ensino
Fundamental, com matrícula única na mesma instituição, de modo a
conduzir o estudante à habilitação profissional técnica ao mesmo tempo em
que conclui a última etapa da Educação Básica;
II - concomitante, ofertada a quem ingressa no Ensino Médio ou já o esteja
cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, aproveitando
oportunidades educacionais disponíveis, seja em unidades de ensino da
mesma instituição ou em distintas instituições e redes de ensino;
III - concomitante intercomplementar, desenvolvida simultaneamente em
distintas instituições ou redes de ensino, mas integrada no conteúdo,
mediante a ação de convênio ou acordo de intercomplementaridade, para a
execução de projeto pedagógico unificado; e IV - subsequente,
desenvolvida em cursos destinados exclusivamente a quem já tenha
concluído o Ensino Médio. (MEC, 2021).
14A nomenclatura Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná será abreviada por
DCE/PR.
38
ela é fundamental, pois a arte não pode ser apreendida somente de forma
abstrata. De fato, o processo de produção do aluno acontece quando ele
interioriza e se familiariza com os processos artísticos e humaniza seus
sentidos. Essa abordagem metodológica é essencial no processo
pedagógico em Arte. Os três aspectos metodológicos abordados nesta
15 A nomenclatura Diretrizes Curriculares de Arte do Estado do Paraná será abreviada por DCE/Arte.
39
Marx, de acordo com Silva (2017), defendia que a natureza se tratava das
coisas materiais de que o ser humano poderia se apropriar, bem como apropriação
da sociedade em que ele vive. É nessa relação que a práxis intervém, fazendo com
44
A Arte como produto de criação humana percorreu com o ser humano desde
os primórdios, e por conseguinte a tornou expressão, linguagem e conhecimento. E
como conhecimento fez dela ensino escolar, componente curricular, como
conhecimento sistematizado historicamente construído, carece de valorização em
seu ensino escolar.
O pensamento do filósofo e teórico Lukács de que “A Arte liga o percurso da
vida individual ao percurso histórico da humanidade” (LUKÁCS, 1963, p. 11) nos
leva a afirmar o quanto a Arte é essencial para a vida em sociedade. A Arte vem
estabelecer-se como uma esfera superior de criação humana de relações indiretas
com as necessidades práticas do cotidiano.
Lukács (1963) ilustra a vida cotidiana, a Arte e a ciência, comparando a vida
a um grande rio, a Ciência e a Arte desmembrariam para fazer seus próprios
percursos e depois retornam com seus efeitos ao grande leito da vida social. Coloca
Arte e Ciência no mesmo patamar, e nunca estabeleceu oposição entre Arte e
Ciência, dizendo que uma seria racionalista e a outra irracionalista e subjetivista.
Arte é cognição e pensamento divergente e se traduz numa ciência humana.
Lukács (2011) diz que Arte e Ciência refletem de maneira distinta a mesma
realidade, a Arte não é uma dádiva da natureza, originou-se na própria ação do
trabalho. Na Arte e na Ciência, as origens são as mesmas.
Nunes (2003) diz:
[...] a verdadeira natureza da arte sempre implica algo que transforma, que
supera o sentimento comum, e aquele mesmo medo, aquela mesma dor,
aquela mesma inquietação, quando suscitadas pela arte, implicam o algo a
mais acima daquilo que nelas está contido. (VYGOTSKY, 1998, p. 307).
Por sua vez, a filosofia da práxis vincula “práxis e revolução, isto é, a prática
produtiva (transformação da natureza mediante o trabalho humano) com a prática
revolucionária (transformação da sociedade mediante a ação dos homens), como
duas formas inseparáveis da práxis total social”. (VÁZQUEZ, 2010, p. 37).
Muitas vezes, o ensino de Arte ignora a relação entre a teoria e a prática. A
Arte não é somente conteúdo sistematizado, é prática expressiva, crítica e reflexiva
transformadora da realidade e práticas sociais e culturais. É uma criação com
expressão e comunicação, e é fato que as práticas incorporadas às teorias dos
conteúdos estimulam o pensamento crítico dos alunos, já que a aceitação e
compreensão à teoria muitas vezes dependerá da experiência prática do aluno(a).
A Arte como um símbolo metafórico e criativo, de caráter reflexivo e crítico, é
um modo de indicações de soluções mais humanas para a nossa realidade. Neste
sentido, a apreensão da Arte não é somente um meio de expressão ou comunicação
estética, mas uma forma de exercer sua cidadania.
A linguagem das Artes Visuais apresenta repertórios com suas técnicas e
tecnologias como a fotografia, o cinema, a pintura, o desenho, a escultura, a
gravura, instalações, happening, entre outras. Dermeval Saviani (2011), mentor
idealizador da PHC, defende que uma das funções da escola é dar possibilidade aos
alunos de acesso aos conhecimentos previamente produzidos e sistematizados.
Segundo ele, a proposta dessa Pedagogia é trabalhar na escola com os
conhecimentos em suas formas clássicas. O clássico na escola é a transmissão-
assimilação do saber sistematizado possibilitando que o aluno se aproprie de bases
mais complexas em suas múltiplas dimensões para lançar sementes de ideias em
relação ao mundo e à sua realidade social. A escola é lugar de conhecimentos
elaborados e não espontâneos, sistematizados e não fragmentados, como
argumenta Saviani:
58
seu Livro Interaction of color variados exercícios cromáticos. Esses exercícios eram
desafios experimentais, que, nas palavras de Barros (2006), condicionavam os
alunos na necessidade de trabalhar no contexto figura-fundo com as cores. Sua
metodologia era prática com experiencias artísticas, e os alunos aprendiam por meio
da percepção direta para se chegar concomitante à teoria, isto é, para se chegar à
práxis artística.
Albers tinha como princípio pedagógico a vivência do aluno. Em sua crítica,
destaca a forma acadêmica de ensino, que ainda segundo Wick vemos ser atual:
“[...] a escola de hoje cria transmissores, ao invés de criadores [...]” (WICK, 1989, p.
234). Essa crítica se volta ao conteudismo, ao saber teórico morto, sem relação com
e na prática artística. Em relação à forma de ensino, Albers, segundo Wick (1989, p.
236), dizia: “[...] era necessária uma ‘educação criativa’, para fazer frente ao ensino
cognitivo unilateral e à recepção mecânica de conteúdos [...]”, visto que tudo isso
“[...] ‘não deixa espaço à criação’, e inibe a capacidade de inventar”.
Para Albers, o resultado da experiência é vivido pelo aluno e constitui uma
propriedade de quem os viveu, posto que aprendido e não ensinado. Aprender é
melhor do que ensinar, pois é mais intenso. Segundo Albers, aprender e não ensinar
é a condição do processo criativo; “aprender descobrindo”, seria o elemento
necessário à educação da criatividade (WICK,1989, p. 236-237). Esse método é
contrário ao de Saviani, e, como comentado, o método de Josef Albers era indutivo,
mas indutivo no sentido de que os alunos, através de uma observação exata e de
uma nova visão, não apenas adquirem indutivamente conhecimentos técnicos
básicos, mas ao mesmo tempo travam outros conhecimentos. Albers tratava mais de
estudos e experiências na condição de design do artesanato industrial, mas muito
servia também para produção de Arte. Segundo ele, não se pode ensinar Arte
diretamente, mas se pode aprender, de forma indutiva/dedutiva.
Marcelo Albuquerque, mestre em Artes Visuais, é autor do website Arte e
Cultura e criador do Laboratório de Cor, um método de ensino que pretende tornar o
estudo da Cor fundamental à formação do estudante de Arte. De acordo com esse
autor (2013, p. 245), os princípios pedagógicos de Albers são:
- Na percepção visual, quase nunca se vê a Cor como ela é fisicamente;
- A Cor é o meio mais relativo entre outros empregados na Arte;
- É preciso reconhecer que a Cor sempre engana;
- Uma Cor evoca inúmeras leituras (simbólicas);
64
círculo cromático. O arco-íris para ele é apenas uma representação linear das sete
cores e finito (Fig. 4), e diz que, quando essas cores são decodificadas pela visão
humana e sintetizadas no círculo cromático, atingimos o verdadeiro conceito
cósmico das cores puras, expresso pelo movimento de rotação completo e infinito.
As duas cores situadas nos extremos do arco-íris, o vermelho avermelhado e o
violeta azulado, ao se unirem na formação do círculo, tornam-se uma única Cor, o
violeta. Assim, o círculo cromático de Paul Klee contém seis cores (Fig. 5), sendo um
círculo com Movimento Periférico e Movimento Diametral.
Autora: BARROS, L. R. M.
Fonte: Livro A cor no processo criativo (2006, p. 122).
Autora: BARROS, L. R. M
Fonte: Livro A cor no processo criativo (2006, p. 123).
.
66
Autora: BARROS, L. R. M.
Fonte: Livro A cor no processo criativo (2006, p.135, fig.31)
cromática. Klee utilizou-se da esfera cromática criada por Philipp Otto Runge16 para
criar sua Teoria.
16 Philipp Otto Runge foi um pintor e desenhista alemão romântico e teórico da Cor.
69
da Teoria da Cor e suas concepções de Cor. Para Isaac Newton, que tratou da Cor-
luz, Cor são as propriedades dos raios que compõem as fontes luminosas. Para
Goethe apud Arnheim (2000), é a contribuição dos meios físicos e superfícies
encontradas pela luz quando ela viaja de sua fonte aos olhos do observador, e, para
Schopenhauer apud Arnheim (2000), Cor é a função das respostas retinianas dos
olhos e sua Teoria está vinculada à percepção da Cor e à Cor fisiológica. Giannotti
(2013) diz que, com Goethe, a Cor passa a ser discutida seriamente entre os
artistas. Ao invés de descrever um comportamento físico da luz, com ele o círculo
cromático se torna um recurso para explorar as dimensões fisiológicas, psíquicas e
espirituais da Cor.
Dando continuidade para mais algumas concepções de Cor, Farina (1982)
interpreta que Luz e Cor estão intimamente ligadas e diz que sem luz não há Cor.
Todos os corpos nas trevas são pretos e sem luz os fenômenos são invisíveis. Para
Pedrosa (2006), Cor é uma sensação que a luz provoca sobre o órgão da visão.
Sobre o fenômeno Cor, Arnheim (2000) diz:
as cores químicas são as que podemos criar, fixar em maior ou menor grau
e exaltar determinados objetos. São aquelas a que atribuímos uma
propriedade imanente, e em geral se caracterizam por sua persistência. Em
razão do que antecede, em outros tempos designavam-se as cores
químicas com epítetos diversos: colores propil, corporei, materiales, veri,
fixi.
Com relação à Cor-luz, Goethe apud Pedrosa (2006, p. 84) concluiu “com o
auxílio de um prisma que as três cores primárias luz são: verde, vermelho e violeta”,
e diz que o olho humano é capaz de produzir cores devido aos contrastes
simultâneos de cores e à saturação retiniana. Essas cores seriam as manifestações
de cores fisiológicas que a visão humana produziria para a totalização cromática.
Guimarães (2000, p. 12) é um autor que escreveu sobre a Cor como
informação, o autor engloba numa única definição vários conceitos: “A Cor é uma
74
Fonte: Bandeira.net
Disponível em: https://bandeira.net/bandeira-do-brasil/
(2000), são praticamente três os parâmetros para definição das cores. O primeiro
determina e exata posição do espectro (variações de matiz do vermelho ao violeta),
o segundo determina as atenuações ascendentes (claro) e descendentes (escuro),
variações de valor, e o terceiro, a proximidade da Cor espectral com sua
correspondente em uma escala de tons de cinza (variações de croma), porém há
diferentes nomenclaturas que podem confundir.
Guimarães (2000) relaciona algumas nomenclaturas (Fig. 14), tendo por
base Munsell adotando a concepção de Helmholtz:
Matiz: poderá ser denominada de matiz, croma ou tom.
Valor: luminosidade, brilho, obscuridade, valor de luminosidade.
Croma: saturação, intensidade ou grau de cromicidade.
[...] pelo fato da adição e subtração das cores serem processos tão
diferentes, envolvem condições diferentes para complementaridade.
82
MG+CY+AM=PR
ou 2MG+ 2CY+ 2AM = PR 3MG + 3CY + 3AM= PR
MG + VD = MG + (CY+ AM) = PR
Sendo que o verde (VD) resulta da soma das cores cyan (CY) e amarelo
(AM), então MG + VD = MG + (CY + AM) = PR. O mesmo acontece com as cores
secundárias, veja exemplos:
O arco-íris é composto por sete cores como mostra o desenho feito por Klee,
situado em uma das extremidades o violeta avermelhado e na outra o violeta
azulado. Ao unir os dois extremos do arco-íris (Fig. 16), Klee faz surgir uma única
Cor, o violeta. Assim, as sete cores do arco-íris tornam-se seis no círculo cromático
(SPILLER, 1961).
Figura 16 - Esboço do círculo cromático de Paul Klee
85
que Klee chama de pares de Cor verdadeiros, isso porque, a partir de suas misturas,
resulta o cinza neutro. Denomina de falsos pares de Cor as cores cujas misturas não
resultam no cinza neutro.
Portanto, as cores complementares são pares de Cor verdadeiros. Essas
cores se ligam no círculo cromático por uma linha diametral passando pelo centro,
onde fica o cinza neutro. Para Klee, esse movimento é pendular (Fig. 18), devido ao
fenômeno que acontece na retina, de uma Cor chamar a outra. Já os pares falsos de
Cor têm um movimento que não passa pelo centro do círculo e, por isso, sua mistura
resulta sempre em um cinza colorido e não neutro.
Autora: BARROS, L. R. M.
Fonte: Livro “A cor no processo criativo” (2006, p. 102)
90
Já com relação ao círculo cromático de Klee (Fig. 23), a posição das cores
primárias, secundárias e terciárias tem uma hierarquia de importância, destacam-se
as primárias em maior tamanho, seguidas das secundárias e terciárias.
Diferentemente de outros círculos cromáticos de outros autores, o círculo de Klee
traz a hierarquia das cores, isso ajuda o aluno a entender quais são as cores
principais nas misturas de cores.
Fonte: MARANHÃO, R. A. História da teoria das cores: uma leitura filosófica, artística e física,
Disponível em:
https://editorarealize.com.br/editora/ebooks/conedu/2021/ebook2/TRABALHO_EV150_MD7_SA100_I
D3776_01112021232858.pdf
92
Fonte: MARANHÃO, R. A. História da teoria das cores: uma leitura filosófica, artística e física,
Disponível em:
https://editorarealize.com.br/editora/ebooks/conedu/2021/ebook2/TRABALHO_EV150_MD7_SA100_I
D3776_01112021232858.pdf
Segue a releitura desse esboço de Paul Klee (Fig. 29) pela autora Barros.
94
Autora: BARROS, L. R. M.
Fonte: A cor no processo criativo (2006, p. 147).
Autor: Paul Klee, Óleo sobre gaze com base de gesso, montada em madeira , Guggenheim Museum,
Nova York.
Fonte: História da Arte, 2022.
Como podemos visualizar na figura 32, a Cor perpassa por diferentes áreas.
Na religião, por exemplo, as comunidades cristãs católicas têm suas cores litúrgicas
usadas nos altares e nas roupas dos sacerdotes, comemorando os diversos
momentos bíblicos, como os rituais do Natal, Páscoa, Sexta-feira Santa, Corpus
Christi, entre outros. A Cor foi e é muito utilizada como símbolo de status, a Cor
púrpura, por exemplo, tornou-se símbolo da classificação de homens de alto escalão
na Igreja Católica. “O amarelo tem velha tradição como Cor dos traidores: Judas
Iscariotes, o traidor de Jesus, na maioria das vezes é representado em amarelo
pálido nas telas” (HELLER, 2013, p. 179).
Muitos símbolos de cores foram criados através de acordos ou
padronização. Alguns deles são eventualmente incorporados à tradição que
adquirimos espontaneamente, como os sinais de tráfego vermelho-amarelo-verde,
que são os mesmos em todo o mundo, enquanto outros devem ser aprendidos
98
Algo que é comum a todos dentro de uma cultura é que todo ser humano
tem associações com as cores que são pessoais e criadas por sua própria memória
e experiência. Não existe uma conexão clara entre a Cor que você prefere em geral
e a Cor que você escolhe para suas roupas ou para as paredes de sua casa. O
significado simbólico da Cor é individual, e o contexto é crucial.
A Cor preta e o azul escuro são muito utilizados por homens de poder, isso
se dá, segundo Guimarães (2000), derivado da Revolução Francesa, quando os
novos governantes se distanciaram do estilo de roupa elaborado e colorido da velha
classe alta. De acordo com o mesmo autor, o uso político da Cor preta, como
protesto, tem raiz na ausência de luz, quando assume o sentido de negação.
Embora seja a Cor da austeridade e da representação da autoridade (como nas
vestimentas fascistas), o preto é ao mesmo tempo a Cor da negação dessa
autoridade. Um exemplo do uso da Cor preta como protesto no Brasil foi o chamado
“Domingo Negro”. Como conta Guimarães (2000), foi uma manifestação em que as
pessoas se vestiram de preto e pintaram seus rostos da mesma Cor, pedindo o
impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello.
Anos antes desse acontecimento, mais especificamente em 1984, as ruas
do Brasil se pintaram de amarelo, pedindo pelo direito do voto direto para a
Presidência da República, mas, como diz Guimarães (2000), foi um amarelo
estudado e não-espontâneo como o “Domingo Negro”. O amarelo teve efeito para as
“Diretas Já”, seja por sua assimilação mnemônica, seja como uma Cor de alerta.
Dentro de muitas culturas, o amarelo está ligado à loucura, à mentira e à traição - a
Cor dos excluídos, reprovados e dos condenados pela Inquisição. (GUIMARÃES,
2000).
99
‘Os homens cultivados têm certa aversão pelas cores.’ Quanto mais cores,
mais bárbaro o gosto, nisso Goethe e seus contemporâneos estavam de
acordo: “Os homens em estado de natureza, as pessoas rudes e as
crianças sentem uma grande atração pelas cores altamente energéticas...
eles têm também uma inclinação por tudo que é colorido. (HELLER, 2013,
p. 304).
No século XVII, nos tempos de Luís XIV, quando foi legalizado o índigo, o
azul era a Cor da moda das cortes. Com o índigo, veio também um novo material
para as roupas resistentes: o algodão. A indumentária de trabalho finalmente passou
a ser mundialmente tingida com índigo.
101
18Eva Heller foi uma escritora e cientista social alemã. É autora do livro “A Psicologia das cores:
Como as cores afetam a emoção e a razão”.
102
transmitem mais leveza, enquanto as mais escuras, mais peso. Muitos fatores
influenciam o Homem nas escolhas das cores. A Cor na sua percepção envolve uma
dose de psicologia de acordo com a cultura. Esse fato tem sido observado por
pedagogos, sociólogos, cientistas em função de novas conquistas na ciência e
tecnologias. (FARINA, 1982).
Desde os tempos em que o ser humano deu conta de perceber as diferentes
cores e reforçando o acima expresso, ela vem carregada de significados. As
diversas sensações e símbolos históricos e culturalmente trazidos referenciando a
Cor junto a essas culturas fazem com que tenhamos opção de escolher uma Cor em
detrimento da outra, de acordo com o que queremos representar, onde ou por quê,
como proximidade, distância, calor, calma, transparência.
O uso da Cor na arquitetura também requer escolhas condizentes com o
espaço e o que se atribui a ele. Um consultório médico e hospital, uma academia,
um espaço de diversão e entretenimento, clubes sociais, uma residência, etc. É
necessário ter a percepção das sensações que as cores transmitem. Para tornar o
ambiente interno mais espaçoso, a solução seria pintá-lo com cores claras. Se
quisermos a sensação de aconchego, a Cor aconselhada é uma Cor quente, como o
vermelho, amarelo ou laranja. E, se o intuito for sensação de frescor, a opção é
utilizar as cores frias, como o azul, o verde e suas componentes. Mas as sensações
causadas transmitidas pelas cores podem mudar, de acordo com a
comparação/relação entre elas. Um tom de azul, Cor fria, poderá parecer quente ao
lado de um tom de verde. O mesmo acontece com outras comparações de cores.
Segundo Albers:
preto e o branco serem cores verdadeiras. Em geral, ignoram o ouro e o prata como
cores, apesar de, na psicologia, cada uma dessas cores ser autônoma, não podendo
ser substituída por nenhuma outra, todas são igualmente importantes.
7% 3%
3%
4% 31%
4%
7%
7%
10%
24%
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Nas imagens (36, 37 e 38), visualizamos exemplos com a Cor azul e sua
relação com outras cores e seu significado psicológico de acordo com Heller (2013).
108
Nas imagens (Fig. 39), visualizamos exemplos com a Cor ouro e sua relação
com outras cores e significados psicológicos, segundo Heller (2013).
motivo, o ouro é a Cor dos jubileus e das chamadas Bodas de Ouro. Coisas
douradas atraem a atenção. Uma dica da autora é que a Cor ouro também pode
passar a sensação de algo distante e inacessível, por isso deve ser utilizado com
cuidado para marketing.
Continuando, a autora diz que apenas 1% dos homens citam a prata como
Cor favorita. A Psicologia da Cor prata em nossa cultura moderna é diretamente
associada ao metal precioso. Essa associação entre ouro e prata possui uma
característica específica segundo Heller, a de ser menos valorizada em comparação
ao ouro. Mas a Cor prata possui significados mais profundos nos quais assume o
protagonismo. (Fig. 40).
A Cor prata é a mais veloz, é a Cor do dinamismo e do esporte. Embora a
Cor principal da pompa e do luxo seja o dourado, o prateado também está presente
nesses acordes e, para Heller (2013), enquanto o ouro simboliza o valor ideal, a
prata representa o valor material. A Cor prata está associada à avareza, que é o
contrário da generosidade e empatia. A composição da Cor prata é somente por
cores frias (branco, azul e cinza) e, por isso, carrega a frieza consigo. Por seu
caráter introvertido, a prata também está presente como símbolo da gentileza,
considerada a mais fria forma de afeto. Por outro lado, possui discrição e elegância,
também é muito associada ao trabalho intelectual, incluindo a ciência e a exatidão.
Fonte: BEIERSDORF .
Disponível em: https://www.beiersdorf.com.br/brands/nivea
Farina (1982), são o amarelo e o vermelho (cores quentes). Já os tons frios verdes e
azuis são mais indicados para produtos de limpeza.
Na segurança, a Cor é utilizada pela sua maior memorização. Em diversos
contextos, como nas indústrias, apoiam-se muito na linguagem das cores. A Cor
azul na indústria é utilizada simbolicamente nos controles de equipamentos elétricos;
a Cor vermelha, em equipamentos de proteção contra incêndio, alarme; o verde para
avisos; e o laranja para partes mais perigosas das máquinas e equipamentos.
No trânsito, as cores são usadas como linguagem por serem facilmente
decodificadas, o vermelho é sinal de proibido, o amarelo de cuidado e o verde de
circulação livre. Nos hospitais, as cores mais utilizadas são o branco, símbolo de
limpeza, e as cores frias como o verde e azul para deixar o ambiente mais sereno e
tranquilo. Já o vermelho é símbolo de sangue, vida, cuidado.
Segundo Farina (1982), as cores produzem sensações e essas estão
associadas à materialidade em relação à cultura socialmente referenciada, atingindo
também aspectos da afetividade resultando na percepção. No caso da associação
material do branco, historicamente, temos o batismo, juventude, dignidade,
estabilidade, otimismo, enquanto na afetividade é adjetivada de forma simbólico-
cultural, como exemplo, o branco associa-se a ordem, simplicidade, pureza, limpeza,
alma, infância e divindade. O vermelho como associação materializado em guerra,
chamas de fogo, lábios, mulher, conquista, sol, sinal de parada, e na associação
afetiva causa sensações de vigor, coragem, agressividade, alegria, extroversão,
baixeza e vulgaridade.
O fator psicológico está presente em todos os momentos de nossa
percepção da Cor, visto que a Cor é uma realidade e uma prática social. Dessa
forma, o fenômeno Cor é conhecimento, símbolo, sensação e percepção que
interagem nas relações sociais humanas.
Sendo parte da nossa prática social, a Cor como já comentado se faz
presente no nosso cotidiano. Nas Artes Visuais, em todos os Movimentos Artísticos,
as produções artísticas foram coloridas com a gama de cores existentes no contexto
de cada época, seja de forma simbólica e para o destaque da imagem. Somente a
partir do Renascimento é que artistas terão novas nuanças de Cor com a
industrialização das tintas produzidas quimicamente.
A Cor faz parte da História da Arte desde os primórdios. O próximo
subcapítulo abordará o uso da Cor em diversos momentos da História da Arte, por
113
Autor: Gombrich, E. H.
Fonte: A História da Arte (1999)
eram utilizadas como tintas, que na época moderna recebeu o nome de azul egípcio.
Os gregos e depois os romanos diversificaram ainda mais a palheta de cores. Os
romanos aprenderam a técnica de fabricar tintas com os egípcios. Essas pinturas
podem ser vistas nas ruínas de Pompéia.
Por volta do século V a.C., os romanos foram os primeiros a utilizar o
alvaiade como pigmento. Nas pinturas de Pompéia, muitos personagens eram
pintados sobre fundo vermelho, cor originada do cinábrio, nome usado para o
sulfureto de mercúrio, esse pigmento valia tanto quanto o azul egípcio. O branco de
chumbo dito branco saturno era o pigmento utilizado na pintura dos olhos, obtendo
um brilho no olhar das supostas representações encontradas no Egito nas múmias
da época romana. Esse pigmento é encontrado em seu estado natural e é altamente
tóxico, sendo um dos pigmentos mais antigos fabricados artificialmente, podendo ser
considerada a única Cor a óleo branca, utilizada pelos artistas até metade do século
XIX. Hoje, o branco de zinco e de titânio o substituem ou complementam.
(Documentário: Linhas, formas e cores, 2005).
Os romanos faziam também o uso de argilas coloridas, essas cores têm
papel importante na história da pintura, elas serviam de base ou Cor da pele nas
pinturas medievais italianas realizadas na têmpera, chamadas terras verdes.
Uma curiosidade na história dos primeiros pigmentos se refere à sua fixação
nos tecidos. Na Grécia antiga e no Império Romano, os tintureiros utilizavam urina
fermentada de crianças ou de uma pessoa bêbada que havia consumido muito vinho
encorpado, uma técnica eficaz. Em Pompéia, existiam cisternas específicas para o
recolhimento dessa urina. Para nós, ocidentais, a Grécia Antiga foi o berço de
muitas atividades: o teatro, as Olímpiadas, a Filosofia, a Poética, os cânones de
beleza ideal do corpo humano, entre outras. Ao imaginarmos as esculturas, colunas
ou arquitetura grega, imaginamos tudo branco. O que muitos não sabem é que em
sua maioria esses elementos/artefatos eram coloridos.
De acordo com Rambauske (s.d), os arqueólogos revelaram que o uso da
Cor em certos elementos das ordens arquitetônicas - capitéis, colunas, triglifos,
frisos (Fig. 47) -, bem como a estatuária, funcionava como meio de enfatizar a
volumetria e valorizar a forma, além de corrigir distorções da percepção visual. A
pintura era geralmente feita na técnica de têmpera e afresco. Nos monumentos
públicos, as cores eram utilizadas tanto por dentro como por fora, para maior glória
de seus deuses. O próprio Parthenon era adornado de brilhantes nas cores verde,
118
azul e roxo, para celebrar os sucessos divinos em cores gloriosas, bem como o
Palácio de Cnossos (Fig. 47).
Figura 47 - Colunas do Palácio de Cnossos
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
Na Roma Antiga, a Arte Romana, com influência da Arte Etrusca, usa a cor
como elemento de representação. O vermelho representava o Homem e o branco, a
Mulher. Seus edifícios eram coloridos com pinturas luminosas e os mosaicos de
cores amarelo-ocre, vermelho, azul, cor da pele, ouro, preto e branco.
(RAMBAUSKE, s.d).
Ainda segundo Rambauske (s.d), as cidades de Herculano e Pompéia (Fig.
48) são testemunhas da influência grega. Escavações realizadas no início de 1800
revelaram um amplo espectro de cores que, em alguns casos, eram mais luminosas
e mais claras que as cores dos gregos. Os romanos utilizavam cores intensas e
vivas. No entanto, no ano 50 a. C., o branco tornou-se a Cor dominante na Roma
Imperial, e todo conjunto da obra arquitetônica, inclusive os seus detalhes, eram
brancos.
119
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
Com influência da arte Etrusca, a Arte Romana, a partir do séc. I a.C., traz a
Cor como elemento de representação. Seus edifícios eram coloridos com pinturas
luminosas, ouro, bronze, mármores e mosaicos coloridos (Fig. 48). (RAMBAUSKE,
s.d).
Na Antiguidade, muitos pigmentos eram extraídos de vegetais como o
amarelo do açafrão, o vermelho da garança, planta trepadeira da família das
rubiáceas, cuja raiz fornece uma substância tintorial vermelha, o azul do índigo,
extraído de planta homônima (indigofera tinctoria), o púrpura da glândula do molusco
murex, e o carmim do inseto Dacttylopius coccus costa, nome científico de uma
espécie de cochonilha conhecida como parasita de plantas. (Documentário Linhas,
formas e cores, 2005)
A Cor púrpura e o carmim só eram permitidos nas vestimentas dos
imperadores e a altos dignitários. Na Idade Média, os tintureiros iniciam uma curiosa
batalha das cores; solicitaram aos pintores de afrescos e vitrais que pintassem o
diabo de azul, para menosprezar essa Cor, mas o azul desbancou o vermelho,
passando ser a Cor dos reis da França e Inglaterra.
A exuberância das cores nessa época se encontrava nos vitrais, mosaico,
tapeçarias e relicários (Fig. 49). O artista da Idade Média teve a liberdade de
experimentar as cores. Não se sentiam obrigados a estudar e imitar as reais cores
da natureza e estavam livres para escolher a Cor que desejassem, seja o ouro e os
120
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
Toda Cor se destacará mais ao lado de sua cor contrária, a Cor oposta no
círculo cromático, isto é, a sua cor complementar. Essas cores mostram-se sempre
mais potentes em presença uma da outra, e é o que chamamos de contraste
simultâneo, as cores irão interferir uma na outra (PEDROSA, 2006).
Artistas como Seurat e Signac utilizaram do efeito das cores
complementares na técnica de pontilhismo, como a fusão com vários pontos
vermelhos e amarelos sobrepostos, resultando na mistura óptica no laranja. Muitos
artistas em diversos contextos da História da Arte utilizaram de maneiras diversas a
Cor em especial, no Impressionismo, Fauvismo, Pontilhismo.
Na questão do uso da Cor pelos artistas, percebe-se grande mudança no
decorrer da História da Arte, principalmente no que se refere aos pigmentos e às
técnicas. Na Idade Média, após a invenção gótica da obscuridade, as cores surgem
nos mosaicos e vitrais, resultado do trabalho minucioso da criação artística com
contraste de cores (PEDROSA, 2006). O vitral era considerado a bíblia luminosa,
com poder de contar histórias aos fiéis analfabetos. Em Pompéia e Herculano, a arte
de vitrais decorava luxuosas residências. Em Bizâncio, encontravam-se os mais
belos e luxuosos vitrais da época do Império com cores variadas. (FARINA, 1982)
125
O vivo colorido das Horas e dos Missais seria transportado para os irmãos
Van Eyck que inauguravam uma nova técnica desse aglutinante do
pigmento. A severidade cromática de Albrecht Dürer (1471-1528), o sensual
colorido de Pierre-Paul Rubens (1577-1640), a misteriosa e bruxuleante
luminosidade de Georges de la Tur (1593-1652), as formas que se fundiam
e diluíam no clímax de luminosidade alcançado pelos quadros de Jan
Veermer de Delft (1632-1675), ou o sábio colorido de Jean-Baptiste-
Simméon Chardin (1699-1779) demonstravam as infinitas possibilidades de
cor, como instrumento de revelação da alma dos gênios [...]
(PEDROSA,1982, p. 126).
O artista Vermeer (1632-1675), tendo a luz como tema (Fig. 58), de acordo
com Pedrosa (2006), registrava em suas obras os acordes libertários do Iluminismo,
a orquestração cromática do Romantismo e o processo da pura visão como método
pictural, que caracterizaria o Impressionismo.
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
.
O artista Romântico Willian Turner teve influência do artista impressionista
Cloude Monet na renovação estética contra os ditames do academicismo. O
processo técnico das pequenas pinceladas de Cor e o novo posicionamento do
artista diante da natureza, bem como toda a grande série de impressões de vários
aspectos da natureza, foram apresentados por Monet em um novo cenário social.
Esse Movimento surge na metade do século XIX, com uma pintura
denominada Impressionista, em que os pintores pintavam ao ar livre captando os
efeitos da luz dando impressão de transitoriedade. Segundo Novaes (1988), essa
pintura estava preocupada com fenômenos ópticos, como: reflexos, transparências,
saturação da atmosfera e variação de tons segundo as mudanças de luminosidade
no decorrer do dia. Os primeiros artistas adeptos do Impressionismo foram Auguste
Renoir, Camille Pissaro e Alfred Sisley. Longe do sofisticado e artificial ambiente de
Paris, os impressionistas, despreocupados com o desenho, e com rápidas
pinceladas para fixar a fugacidade da luz, deram início a um novo movimento.
Cézanne participava do grupo impressionista e, por influência de Camille
Pissarro, abandonou os últimos vestígios de Romantismo partindo de vez para o
Impressionismo. Segundo Pedrosa (2006), o crítico de Arte e principal divulgador
dos conceitos estéticos de Cézanne (1839-1906), Émile Bernard (1868-1914),
destacou algumas de suas formulações referentes ao colorido, em que dizia que
pintar do natural não é copiar o objeto, mas realizar suas sensações, ou ainda, que
ler a natureza é vê-la sob o véu da interpretação por manchas coloridas se
sucedendo, segundo uma lei da harmonia.
134
Autor: Cézanne
Fonte: Coleção Folha - Grandes mestres da pintura (2007)
Van Gogh dizia que os camponeses deviam ser pintados com as suas
características rudes, sem embelezamento, ponto em que criticou e superou a sua
referência primeira, Millet. Van Gogh salientou os traços grosseiros das mãos e das
faces dos trabalhadores da terra. Em busca de intensidade dramática, explorou a
potencialidade expressiva dos tons escuros.
Van Gogh, durante sua estada em Paris (1887), escreveu: “Tive
oportunidade de aprofundar a questão cor [...]” (Fig. 67). “Neste verão, quando
pintava paisagens em Asnieres, percebi mais cores que anteriormente (PEDROSA,
1982, p. 129).
138
Como podemos ver na figura 67, nos últimos anos de vida, Van Gogh inova
sua palheta com cores diversas como: vermelho, laca de gerânio, carmim, laranja de
mínio, amarelo do cromo (limão, amarelo claro e amarelo escuro), verde esmeralda,
verde veronese, azul de cobalto, ultramarino, branco de prata e de zinco, preto de
marfim (PEDROSA, 1982).
Segundo Pedrosa (2006), o gravador alemão Jakob Christof Le Blon
conseguiu produzir misturas ópticas de cores, com o vermelho e amarelo, fazendo
surgir a sensação de laranja no observador, e com o azul e o vermelho, a sensação
de violeta. Georges Seurat criou uma técnica que ele mesmo chamaria de
cromoluminarismo, o que denominamos de Pontilhismo, na qual a pintura e a ciência
se reconciliavam. Essa técnica resultou de um estudo metódico da Teoria Óptica e
da Cor a partir de obras literárias, bem como da ajuda de amigos como o físico e
matemático Charles Henry. A técnica consistia em sobrepor pontos de cores
primárias e assim na fusão visual resultaria na percepção das cores secundárias ou
terciárias. Esta técnica, afirma Pedrosa (1982, p. 128), “era a introdução na pintura
139
dos recursos de impressão gráfica utilizados por Le Blon e Mile, mas ampliados por
Teorias de Chevreul Helmholtz e Rood.”.
Com a aquisição dos conhecimentos referentes à óptica, a contrastes
simultâneos das cores e aos fenômenos da visão (Fig. 68), Georges Seurat pode
elaborar suas próprias teorias expressas em frases como: “O significado da
expressão é a mistura óptica de tons e cores” e “A Arte é a harmonia, e a harmonia
é a analogia dos contrários (...)”.
A obra Banhistas em Asniéres (Fig. 69) nos mostra isso, com estilo entre
Impressionista e a técnica de contrastes, em que opunha o azul e o verde, o liso e o
estriado, o claro e o escuro, uma obra bastante complexa na composição e no uso
das cores.
140
Figura 74 - Composição com grande avião vermelho, amarelo, preto, cinza e azul – 1921
Autora: RAMBAUSKE, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
Autor: Le Corbusier
Fonte: Estilos Arquitetônicos
Disponível em: https://www.estilosarquitetonicos.com.br/international-style/
O Estilo Internacional tinha uma arquitetura simples, prática e útil (Fig. 77).
Esse estilo repudiava as cores e a ornamentação e, ao mesmo tempo, exaltava o
uso de materiais e elementos modernos, com o predomínio dos espaços em branco.
Um dos arquitetos de destaque foi Le Corbusier.
Neste capítulo, conhecemos como alguns artistas e Movimentos trabalharam
a Cor em sua Arte, mais especificamente na pintura e arquitetura. A Cor como
elemento formal traz inúmeras possibilidades no que tange à produção de uma
composição pictórica. Proporciona volume, profundidade, contrastes e destaca de
maneira simbólica elementos como vestimentas das pessoas de poder como no
Antigo Egito e na Arte Bizantina. Na arquitetura, conhecemos o uso da Cor nos
palácios, templos, moradias de diferentes períodos como na Antiguidade, no
Neoclassicismo, entre outros, e muito presente na arquitetura moderna e
contemporânea, em que a Cor tanto interna como externa se destaca como um dos
seus fundamentos. As figuras 78, 79 e 80 apresentam uma paleta de cores
referente ao uso da Cor na arquitetura em diversos momentos da nossa civilização.
147
Autora: Rambauske, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
148
Autora: Rambauske, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
149
Autora: Rambauske, A. M.
Fonte: Livro Teoria da Cor (s.d)
105) diz que “[...] foi uma premonição do que viria a acontecer na arte moderna: a
Cor como possibilidade de expressão autônoma”.
Dando continuidade ao uso da Cor na História da Arte, partimos para a Arte
Moderna, lembrando que no ano de 2022 foi comemorado o centenário do Marco do
Modernismo no Brasil, conhecido como “Semana de 22”. Artistas que participaram
desse marco tinham como propósito inovar a Arte brasileira, trazendo referências
estrangeiras sem deixar de evidenciar a cultura brasileira. Muitos artistas se
destacaram dentro desse Movimento Artístico, cada um com sua temática, seu traço,
sua técnica, suas formas, subjetividade e objetividade no uso da Cor, criando estilos
individuais.
A exposição de Anita Malfatti em 1917 abriu o caminho para a Arte Moderna
brasileira. Sua obra “O Homem Amarelo” (Fig. 81) já propagava a primazia da Cor,
com as pinceladas fortes.
Figura 81 - Obra: O Homem Amarelo (1915-1916)
de Tarsila do Amaral (Fig. 82 e 83) foi essencial na busca por nova cultura visual
para o Brasil no início do século XX. Na fase Pau Brasil de 1924 a 1928, Tarsila
apropria-se da estética cubista aprendida na França, mas com uma paleta brasileira.
Ao voltar para o Brasil, disse:
Figura 88 - Ambiente Entorno, da obra Desvio para o vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio
Figura 89 - Ambiente "Desvio", da obra "Desvio para o vermelho: Impregnação, Entorno, Desvio"
pelo artista de forma simbólica e cultural, visto que o vermelho principalmente para
nós, ocidentais, representa sangue, e sangue exposto representa a morte.
Outro artista contemporâneo de destaque que trabalhou a Cor foi Yves Klein,
artista francês, famoso pelos seus atos radicais e sua influência na Arte Conceitual,
preocupava-se com a Cor. O que lhe interessa é o trabalho com a “Cor por ela
mesma”, Cor da qual ele desejava fazer uma “presença” em sua pintura. Seu
empenho em favor do uso da Cor única está na base de sua concepção
pictórica.
Em 1956, durante suas férias em Nice, ele experimentou usar um ligante
polimérico para preservar a luminescência e a textura de um pigmento azul
ultramarino (Fig. 90), o que veio a ser sua fórmula patenteada conhecida como
International Klein Blue (IKB), em 1960.
mesmo ter um caráter ou uma personalidade. Cada Cor é uma “presença” e o azul,
segundo o artista, uma propensão à abstração, evitando uma associação com
realidades tangíveis, adquirindo um estatuto transcendente. “A técnica particular que
ele desenvolveu suprime o aspecto oleoso que a matéria pictórica tem para só
deixar aparecer o pigmento em sua aparência original e assim libertar a aparição
física da cor”. (KERRY BROUGHE apud PAULA, 2016)
“Para Klein, a cor pura ofereceu uma maneira de usar a Arte não apenas
como forma de pintar um quadro, mas como uma maneira de criar uma
experiência espiritual, quase alquímica, além do tempo, aproximando-se do
imaterial” (KERRY BROUGHE apud PAULA, 2016). Sua fixação pela cor única e
seu interesse por ela advinha de seu interesse pela matéria bruta da Cor: o
pigmento mesmo.
Referindo-se ainda ao uso da Cor por artistas contemporâneos, Mario
Pedrosa (2006) diz que o artista brasileiro Hélio Oiticica foi um pintor que se utilizou
do pigmento em suas obras (Fig. 91), e que “ele reduziu a Cor a puro pigmento”,
como Yves Klein.
primárias, o azul tem analogia com o preto. “O azul é a mais profunda das cores, o
olhar o penetra sem encontrar obstáculos e se perde no infinito. É a própria cor do
infinito e do mistério da alma.” (PEDROSA, 2013, p. 126).
Aproveitando as obras apresentadas de Cor azul de Ives Klein, de Oiticica e
o filme A Liberdade é Azul, é oportuno citar como a Cor azul foi usada por
Roggenkamp (2022) para exemplificar as questões da dialética: singular, particular e
universal.
Na concepção do Materialismo Histórico-Dialético, a obra artística se
concretiza-se enquanto plena identificação de fenômeno e essência. Fenômeno e
essência estão intimamente conectados com a questão da dialética de singular,
particular e universal. Segundo Lukács, a tudo que é universal não se pode
acrescentar nada, ele é o que é, puro, fechado, como já comentado. O singular é
formado por partes heterogêneas do universal, de forma parcial, enquanto o
particular se apresenta em momentos com característica universal e em momentos
com característica singular.
Assim, utilizando o exemplo dado por Roggenkamp (2022), a cor azul é
universal, mas sua existência só se dará na realidade objetiva se ligarmos o Azul a
um outro elemento universal, seja um quadrado e uma madeira. Portanto, inter-
relacionados esses três objetos universais (azul, quadrado e madeira) e de modo
particular, entenderemos como um objeto azul, quadrado e de madeira, podendo
chamá-lo de mesa azul. A particularidade dá à cor Azul possibilidades diversas,
como: cadeira azul, camisa azul entre outras. Segundo Roggenkamp (2022), o azul
pode se transformar de universal para particular, num processo de ascensão com a
elaboração de conceitos, se vier a estabelecer o conceito Cor como universal ainda
mais universal (uma vez que “Azul”, embora não exista de forma pura ou isolada, é
reconhecível na realidade objetiva. “Cor”, por sua vez, não se pode encontrar de
modo algum, a não ser pela mediação abstrata do azul, do vermelho, do verde etc.).
Figura 92 - Obra: Instalação Invenção da Cor, Penetrável Magic Square # 5, De Luxe – 1977
A obra “Invenção da Cor” (Fig. 92) é uma obra sensorial, uma obra de
imersão. Com influência de Henri Bergson, Oiticica confere à Cor uma duração, “A
cor é entendida como onda contínua, em passagens sutis entre tons de vários
amarelos, e não como uma faixa de escala prismática”. Essa Cor para Oiticica é a
cor-tempo, a cor-contínua, que tem duração. (BRAGA, 2010, p. 133)
162
A Arte sempre usou a seu favor a tecnologia de seu tempo. E hoje mais do
que nunca essa conjunção – tecnologia Digital e Arte - está muito evidente nas
produções artísticas, a exemplo da Arte Digital.
Na compreensão de Oiticica referente à cor-luz, de acordo com Braga
(2010), o artista associa pensamentos de Henri Bergson, filósofo francês. Bergson
defende que a realidade vivenciada pelo Homem é a duração real, a qual se
desenrola na consciência, nesse cenário em que se conectam a experiência e a
intuição está representado o núcleo central da vivência genuína, a ação intensa que
define a durabilidade do real.
Figura 93 - Exposição Beyond Van Gogh - Shopping Iguatemi - São Paulo - 2022
Acreditamos que arte é uma atividade que une intenção e descoberta sob a
tutela da realização. Uma das suas tarefas mais primordiais, como a própria
realidade que tem um caráter múltiplo e complexo, é libertar a capacidade
humana dos esquemas limitativos da vida prática. A arte não está isolada
do resto da realidade; entre a arte e as outras atividades do homem não há
um abismo, há antes uma passagem gradual, níveis diferentes de
inventividade. Da execução técnica de um projeto à invenção mais original,
há um exercício do fazer que se estende das formas mais elementares do
ofício à mais pura criação estética (BERNARDINO, 2010, p. 45-46).
Arte Contemporânea, os artistas devem estar inseridos na rede. Como Arte atual,
muitas são produzidas a partir da tecnologia digital.
As imagens produzidas pelo computador não usam pincel ou grafite, mas
são realizadas por pixel, algoritmos 0 e 1, e a Cor das imagens também se
diferencia da Cor utilizada nas imagens impressas ou pintadas de forma tradicional.
Um dos sistemas utilizados para dar coloração às imagens no computador é o
sistema RGB tríade primária da cor-luz e suas misturas, utilizada na maioria dos
aparelhos eletroeletrônicos, como comentado no subcapítulo 2.2 com mais
especificidade.
No que se refere à computação, a denominação -código- foi apropriada pelo
léxico computacional como sinônimo de algoritmo. O significado original se refere a
um trânsito de informação entre diferentes formas de representação.
Podemos dizer que é [“...] isso que acontece na pintura, na escultura e nas
demais atividades artísticas, quando o artista busca traduzir o seu insight para uma
outra linguagem, diferente daquela na qual a sua imaginação reside”. (FERREIRA;
PRADO, 2009)
A Arte Digital está sendo muito difundida na atualidade. De acordo com
Gaspareto (2012) a partir de Lieser (2010), a obra Studies in Perception Percept
(Fig. 94), produzida em 1966, é considerada uma das primeiras obras da História da
Arte Digital.
De acordo com Nunes e Andrade Junior (2012, p. 893), “No ano de 1968, na
cidade de Londres acontece a primeira exposição com obras de Arte criadas com o
auxílio computador, a Cybernetic Serendipity. Desta forma, inicia-se uma nova forma
de expressão, a Arte Digital.”. De acordo com os mesmos autores, a Arte Digital
iniciou como Computer Art, após passou a ser Arte multimídia e, desde a década de
setenta, instaurou-se como Arte Digital. O digital está em múltiplas esferas de
nossas vidas e, mais do que nunca, também está presente na Arte.
A Arte se tornou um campo ampliado e, como componente no contexto
escolar, as tecnologias podem expandir as possibilidades não só em relação ao uso
e exploração desses recursos, mas também para o desenvolvimento de
capacidades, habilidades e competências. Nunes (2012) diz que a Arte e a
tecnologia não colocam em segundo plano a sensibilidade e a criatividade, mas
desenvolvem a capacidade humana intersubjetiva e sensível. Seguindo o
pensamento dentro do contexto escolar, um dos desafios do componente Arte nas
escolas é de também se inserir nessa apropriação. Para Nunes (2012), é preciso
que artistas, professores e alunos desenvolvam essa capacidade, de forma pessoal
e coletiva, que vivenciem o processo convencional, mas também se desafiem a ir
além, experimentando novas formas de se fazer Arte.
As DTIC19 - Diretrizes para o uso de Tecnologias de Informação e
Comunicação - regulamentam o uso das tecnologias educacionais nas escolas
públicas. Entretanto, muitas escolas convivem com a falta de equipamentos
necessários para um bom trabalho no que tange à produção artística via computador
ou outros meios digitais e tecnológicos. Diante disso, o uso das tecnologias na
escola, nas aulas de Arte, ainda é limitado, isso devido a diversos fatores estruturais
e materiais (internet, computadores, softwares).
Obras de Arte produzidas através de tecnologia continuaram a expandir a
nossa capacidade de experiências. A dimensão de conhecimento e expressão
continuam presentes nas obras mesmo sendo digitais, visto que desenvolvem a
sensibilidade de caráter estético, de vivências e sensações digitais, segundo Nunes
(2006).
No entanto, numa concepção de ensino de Arte numa perspectiva
contemporânea e diante da PHC, o trabalho docente deve inserir a produção digital,
A Figura 100 mostra uma obra digital e virtual do artista Beeple, intitulada de
“Tom Hanks beating Coronavirus” (Tom Hanks vencendo o Coronavírus).
Uma artista brasileira contemporânea que está se destacando no mundo da
Arte via tecnologia digital é a artista-programadora Mônica Rizzolli. Junto à
175
Em síntese, Kurt Lewin (1946) apud Carr e Kemmis (1988) considerava que
a PA é um processo de espiral (Fig. 104) que envolve três fases: primeiro, o
planejamento, que envolve reconhecimento da situação; segundo, a tomada de
decisão; e terceiro, encontro de fatos sobre os resultados da ação. Os fatos devem
ser incorporados como fato novo na fase seguinte de retomada do planejamento e
assim sucessivamente.
181
deve ser uma ação problemática merecendo investigação para ser elaborada e
conduzida (THIOLLENT, 2003). A ação proposta tem que corresponder às
exigências da situação. Nela, os pesquisadores pretendem desempenhar um papel
ativo na própria realidade dos fatos observados. Exemplificando, a partir do objetivo
desta pesquisa, os participantes se apropriaram do uso da Cor, com as práticas e
produções artísticas, desenvolvendo o conhecimento conjuntamente aos desafios e
dificuldades encontradas no percurso da efetivação das propostas, mediante
soluções orientadas e direcionadas pela pesquisadora, alterando as hipóteses
prévias.
Para que ocorra a PA, é necessário percebermos estratégias e
características, que, de acordo com Thiollent (2003, p. 16), são:
- há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas
implicadas na situação investigada;
- desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem
pesquisados e das soluções a serem encaminhadas sob forma de ação concreta;
- o objetivo da investigação não é constituído pelas pessoas e sim pela
situação social e pelos problemas de diferentes naturezas encontrados nesta
situação;
- o objetivo da PA consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os
problemas da situação observada.
- há durante o processo um acompanhamento das decisões, das ações e de
toda a atividade intencional dos atores da situação.
- a pesquisa não se limita a uma forma de ação; pretende-se aumentar os
conhecimentos dos pesquisadores e o conhecimento ou o “nível de consciência” das
pessoas e grupos considerados.
Tendo consciência dessas características, “a atitude dos pesquisadores é
sempre uma atitude de ‘escuta’ e de elucidação dos vários aspectos da situação,
sem imposição unilateral de suas concepções próprias.” (THIOLLENT, 2003, p. 17).
Dentro da temática e objetivo desta pesquisa, a PA se inseriu em um
contexto, onde os alunos participantes tiveram a possibilidade de sanarem suas
dúvidas e dificuldades mediante a investigação sobre a Cor, produzindo e teorizando
suas práticas com diversas formas e materiais. Uma das especificidades deste
método consiste no relacionamento do objetivo de pesquisa e dos objetivos de ação,
os quais são: Objetivo prático, o qual contribui para o melhor equacionamento
187
Ensino Médio, não havendo Arte especificamente no currículo desse curso Técnico
(Desenvolvimento de Sistemas). O critério de escolha, como já comentado
anteriormente, foi por se tratar da primeira etapa do Ensino Médio, visto que os
conhecimentos sobre Cor são trabalhados em diversos anos do Ensino Fundamental
de forma teórica e prática, e que, por consequência, os alunos deveriam ter um
repertório de melhor compreensão em relação a esse conhecimento no Ensino
Médio. O segundo critério foi o fato de as turmas de 1º anos terem duas aulas
semanais de Arte na Formação Geral Básica, o que disponibilizou maior número de
encontros para a realização da pesquisa. A turma investigada contou com 29
adolescentes, sendo 19 do gênero masculino e 10 do gênero feminino. Escolheu-se
a turma do curso Técnico, devido a ser uma turma com menos alunos, mais
disciplinados e a sala com uma estrutura física maior comparadas as outras, pois
isso facilitaria o desenvolvimento das atividades práticas, já que o Colégio não tem
ateliê ou outro espaço para essas atividades artísticas. O espaço escolar foi o
campo de planejamento, investigação e mediação das propostas investigativas.
Nessa direção, os instrumentos e coleta de dados se deram com os
materiais de pesquisa, como ferramentas que fizeram parte do processo de coleta,
levantamento e, por fim, tratamento das informações e divulgação dos resultados.
Os instrumentos de coleta de dados foram: a observação participante, QI e QF com
perguntas abertas sobre Cor, fotos dos alunos em produção e de suas obras,
portfólios dos alunos com narrativas e portfólio da pesquisadora. Esses instrumentos
fazem parte dos dados da análise e dos resultados da pesquisa.
No primeiro momento, com a abertura da pesquisa, houve a escolha do
espaço para a investigação. No segundo momento, realizou-se a escolha dos
sujeitos da pesquisa, os quais foram alunas e alunos de uma turma de 1º ano do
Ensino Médio Técnico em Desenvolvimento de Sistemas. Após a escolha dos
sujeitos da pesquisa, no terceiro momento, organizou-se os dados para os
procedimentos burocráticos necessários para a autorização da instituição escolar, da
SEED/PR (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte do Paraná) e do Comitê
de Ética na Plataforma Brasil, como requisitos para a realização da pesquisa. No
quarto momento, teve início propriamente dito da investigação com a distribuição
das declarações de TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) a todos os
alunos, para assinatura dos pais ou responsáveis (menores de 18 anos) e assinatura
dos alunos com mais de 18 anos, bem como o termo de assentimento por parte de
192
6 12 5 4 1 Identificar,
Visualizar
1 Pintura
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
199
do Aluno 18 traz uma relação com o simbólico cultural das cores, relatando que
pessoas que usam cores mais vivas são felizes e as que usam cores escuras (como
o azul escuro, preto e o roxo) são pessoas para baixo, dando a entender que são
pessoas tristes. Silveira (2011) diz que a percepção das cores só acontece quando
associamos a Cor ao seu significado simbólico cultural. Destarte, as cores citadas
pelo Aluno 18 refletem uma simbologia dada por ele a essas cores.
Concluindo com a análise das respostas relacionadas à palavra-chave
Emoções, vemos que os alunos relacionam a Cor com alegria e vida, e também
relatam percepções simbólicas culturais das cores. De acordo com Silveira (2011, p.
130), “cada ser humano apreende o significado do mundo sob as aparas de sua
educação e da sociedade em que vive.”. Todavia, percebemos que as analogias
feitas ao estado de espírito das pessoas estão presentes no cotidiano dos alunos,
muitas vezes como senso comum, devido ao fator cultural que é passado de
geração em geração ou de acordo com sua educação. Segundo a mesma autora,
não vemos cores isoladamente, mas ligadas a objetos, e esses objetos trazem
consigo uma história de significados que ficam atrelados a suas cores. Dessa
forma, podemos inferir que o aluno participante 18, com sua resposta (Fig. 107), em
que diz que, ao usar determinadas cores, a pessoa é feliz e, ao usar outras
determinadas cores, a pessoa é triste, tem em sua memória as cores citadas,
ligadas a elementos vividos de sua cultura que o façam pensar dessa forma.
Cinco respostas ligadas à palavra-chave Luz constam em relação à pergunta
O que é Cor pra você?. O Aluno 12 responde: “A mistura das luzes que forma as
cores”; O Aluno16: “Para mim a cor é a impressão que a luz refletida ou absorvida
pelos corpos produz nos olhos”. Já o Aluno 22 respondeu de forma a entender que a
Luz altera a Cor dos objetos, com essa resposta: “Cor pra mim tem todas em todo
lugar dependendo do jeito que a luz bate nelas algumas se destacam”; uma das
respostas mais próxima a dos autores embasados vem do Aluno 24: “Cor é a luz
refletida sobre algum objeto aos nossos olhos”. Outra resposta sintetizada vem do
Aluno 28: É tudo aquilo que conseguimos ver a partir da luz solar”.
A Cor na sua origem é luz. Para Pedrosa (1982), é uma onda
eletromagnética, sendo que cada Cor que visualizamos (espectro visível) tem um
comprimento de onda. Essa luz pode ser proveniente de uma luz natural, como o
sol, ou artificial, como uma lâmpada. Sem luz, não vemos Cor.
201
exemplo do Aluno 16: “Pra mim Cor é a impressão que a luz refletida ou absorvida
pelos corpos produz nos olhos”.
Já numa segunda indagação aos alunos sobre onde eles veem Cor na
imagem, apresento a síntese das respostas em relação à pergunta de número 2
(Fig. 108)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
(continuação)
As respostas dos dois alunos trazem a inclusão do preto e branco como não
cores. A consideração do preto e do branco como Cor é relativa diante de alguns
teóricos. Segundo Pedrosa (2006), Leonardo da Vinci considera o branco como
síntese de todas as cores e o preto, a ausência da luz. Essa é uma das mais citadas
definições quando se trata do preto e do branco. Porém, de acordo com Silveira
(2011), Da Vinci insistia na inclusão do preto e do branco como cores primárias, na
escala cromática, já que, segundo ele, era a única forma de se obter a característica
do valor da Cor. Devemos levar em conta se diz respeito ao preto na Cor-luz ou na
Cor-pigmento. No caso da Cor-luz, o preto surge pela ausência de luz. Já na Cor-
pigmento, o preto é visualizado quando misturamos as três primárias, ou uma
primária e uma secundária, isso em relação ao preto é somente teoricamente
segundo Silveira (2011), pois, segundo a autora, não se consegue o preto com as
misturas das cores primárias pigmento, somente um cinza neutro.
Paul Klee traz essas duas cores na elaboração de sua estrela totalizante. A
união das cores do espectro cromático com valores de claro e escuro resumido
numa estrela de cinco pontas (Fig. 28 e 29). Tem de base as cores primárias, o
branco e o preto, e a partir de camadas de cada Cor sobrepostas visualiza-se a
influência de cada uma dessas cores sobre todas as outras. Essa é a representação
chamada por Klee de Estrela Totalizante.
Na Figura 110, está o resumo da análise das respostas à questão de
número 03: “Cite os dois tipos de Cor”. Somente um aluno não respondeu. Dez
responderam nomes de cores (Vermelho, Preto, Roxo etc.), oito responderam,
primárias e secundárias, seis responderam quentes e frias, e um respondeu “cor
natural, visualizamos através do sol e cor através da tecnologia”.
A figura 110 apresenta a síntese das respostas da pergunta de número 3, a
partir de palavras-chave: Nomes de cores; Quentes e Frias, Primárias e
Secundárias; Não sei, Não lembro, Não respondidas; e Outras concepções.
212
(conclusão)
Analisando a resposta do Aluno 7 (Fig. 111), que respondeu: “Cor luz, Cor
tinta”, conclui-se que alguns alunos não entenderam o que pedia a pergunta, ou
realmente desconheciam sobre os dois tipos (grupos) de Cor, os quais, segundo
Pedrosa (1982), são Cor-Pigmento (Opaca e Transparente) e Cor-Luz. Podemos
considerar a resposta correta levando em conta que coloca cor tinta, ao invés de cor
pigmento, já que tinta é pigmento.
A imagem (Fig. 112) mostra concepções da pergunta de número 4, “O que
você entende por Cor primária?”, com aproximações com as palavras-chave.
214
(continua)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
216
(conclusão)
2 15 1 7 2 - São cores
que se
misturam
2 - São cores
mais vibrantes;
ou com
destaque
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Sabe-se que, quando o tema Cor é trabalhado em sala nos diversos anos,
dificilmente não se fala das cores primárias pigmentos, isso também condiz com as
cores secundárias e terciárias. Já com a análise da pergunta sobre as primárias e
agora sobre as secundárias, é perceptível que a compreensão pelos alunos se
concentra mais no que são as cores primárias, enquanto sobre as secundárias lhes
falta argumento e propriedade para definição teórica ou com sua práxis.
Podemos verificar isso nas respostas (Fig. 115) referentes às cores
secundárias.
218
(conclusão)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
(continua)
(conclusão)
nomenclatura fez com que muitos alunos não respondessem, e esse entendimento
lhes fará falta para sua produção de cores na pintura, por exemplo.
Com a minha experiência de professora de Arte, percebi que as cores mais
utilizadas nas pinturas artísticas pelos alunos em sala são as cores primárias, em
seguida as secundárias e, por último, as terciárias. Provavelmente, a prática no uso
dessas cores terciárias também pode ser um dos fatos da não compreensão na sua
definição.
A figura 118 sintetiza as respostas referentes à pergunta 7. As respostas
sobre as cores complementares, na pergunta de número 7, “O que são cores
complementares? Cite um exemplo.” (Fig. 120), surpreendem, pois apresentou 14
perguntas não respondidas pelos(as) alunos(as) participantes, e uma com a
resposta “não sei”. Essa pergunta não obteve nenhuma resposta próxima à definição
de Pedrosa (2006, p. 32), “Cor complementar é a designação dada à cor secundária,
pelo fato de que ela, justaposta à cor primária que não entra na sua composição,
complementa o espectro solar.” Também podemos dizer, a partir de Paul Klee apud
Spiller (1961), que é a Cor que se situa no lado oposto da Cor no círculo cromático
passando pelo centro.
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Há uma preocupação quanto à compreensão do conhecimento Cor pelos
alunos, uma vez que esse conteúdo das Artes Visuais no componente Arte do
Ensino Fundamental está contemplado no CREP 22, o qual apresenta a Cor no 6º, 7º,
Figura 119 - Habilidade descrita pelo CREP no ensino das Artes Visuais do Ensino Fundamental
(continua)
(continuação)
(conclusão)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
228
(conclusão)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
A imagem (Fig. 123) mostra o resumo das análises das respostas e detecta
16 respostas corretas, significando que mais da metade apreendeu esse
231
(conclusão)
Autora: Pesquisadora
Fonte: Portfólio da pesquisadora
(continua)
(conclusão)
Com isso, podemos inferir que Cor quente ou Cor fria são subjetivas quando
comparadas umas com as outras, devendo os alunos terem essa compreensão das
mudanças de temperatura, para que possam utilizá-las em suas produções artísticas
com propriedade.
Na análise das respostas em relação à pergunta de número 11 (Fig. 128),
“Para a visualização das cores necessitamos de uma boa fisiologia da visão. Como
se dá o processo de visualização das cores?”, houve 14 não respondidas e muitas
que foram respondidas relacionam com a luz. Isso demonstra que os alunos
participantes assimilaram que necessitamos de luz para enxergar as cores. A
imagem (Fig. 128) mostra a síntese dessas respostas.
237
As respostas dos Alunos participantes 3, 11, 12, 18, 24 (Fig. 129), mesmo
com menos detalhes, também apresentam definições aproximadas da autora
Silveira (2011). Percebe-se que eles compreendem que a luz é necessária para a
visualização de Cor, outros alunos afirmam que o cérebro faz parte dessa ação.
238
(continua)
PLANO DE AULA 01
Pesquisadora: Silvana dos Passos Silva
Série: 1º ano - Ensino Médio
Duração: 3 aulas
TEMA/CONTEÚDO/CONHECIMENTO
A origem da Cor, propriedades e fundamentos da Cor-Luz e Cor Pigmento
OBJETIVOS
Conhecer a origem da Cor-luz e a divisão da Cor-pigmento
HABILIDADES
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em
diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta seus
funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos
METODOLOGIA/DESENVOLVIMENTO DA AULA
Primeiro momento da 1ª aula - Conhecimento e apropriação da Cor pelos
participantes na sua realidade. Instigar os alunos a comentarem onde, como e por
que visualizamos diversidade e diferenças de cores em determinadas horas do dia.
Explicar o fato de que sem luz não vemos Cor, e que a Cor em sua origem é de
caráter físico e fisiológico.
247
Figura 133 - Explicação do processo de sensação de diferentes colorações a partir das Cores-luz
primárias - Sistema RGB
Figura 134 - Explicação do processo de sensação de diferentes colorações a partir das Cores-luz
primárias - Sistema RGB
Figura 135 - Explicação do processo de sensação de diferentes colorações a partir das Cores-luz
primárias - Sistema RGB (Vermelho, verde e azul)
iluminados por uma fonte de luz branca (luz do Sol). É o que aconteceu no
experimento realizado nesta atividade da aula, uma cor-luz primária foi incidida de
cada vez nos lápis de cores, e resultou em lápis de cores com diferentes cores das
originais, iluminadas pela luz natural. Segundo Silveira (2011, p. 50), “Quando se
ilumina dois diferentes objetos com um mesmo tipo de luz e nota-se uma diferença
de cor, isso quer dizer que os dois objetos têm diferentes distribuições de energia
espectral da fonte de luz, dependendo das características físicas do objeto”. A
combinação dos efeitos das propriedades do corpo em relação à refração da luz e
das suas propriedades em relação à absorção da luz incidente irá determinar que
comprimentos de onda emergirão da superfície do objeto. Essa nova combinação de
comprimentos de onda define a cor dos objetos.
Nesse momento, senti a dificuldade dos alunos de entenderem esse
processo e eu dou razão a eles, já que o fenômeno envolve um estudo aprofundado
de Física em relação à Cor, não sendo possível nesta investigação.
Quinto momento - 3ª aula - Ouvindo as narrativas dos alunos, em seguida,
foram esclarecidas as questões de alterações das cores, e, utilizando o site PhET
Interactive Simulation (University of Colorado Boulder), foi exibido na TV da sala de
aula (Fig. 136,137, 138). Esse simulador possibilitou a demonstração das alterações
da visão das cores a partir da incidência de luzes. Os alunos ficaram hiper
impressionados com a demonstração, no entanto acharam extremamente complexo
e difícil de entender como e por que ocorrem as alterações. O que exigiu
reversibilidade do processo para que compreendessem o conhecimento na práxis.
Por isso, muitas vezes em 50 minutos da aula é impossível os alunos se apropriarem
do conhecimento elaborado e que deve ser sistematizado na escola.
253
Figura 137 - Imagem do simulador de visão de cores- Lâmpada verde e filtro verde
Figura 138 - Imagem do simulador de visão de cores - Incidência de luzes vermelha, verde e azul,
com resultado (visualização) da luz branca
Figura 139 - Interação dos alunos com o simulador de visão das cores
PLANO DE AULA 02
Autores: Grupo 5
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Nas pinturas dos círculos (Fig. 143 a 145), podemos visualizar as diferentes
tonalidades e cores que os grupos produziram. Por exemplo, para fazer o verde,
uma cor secundária, necessita-se de uma medida de amarelo e uma medida de
verde, proporções iguais. O mesmo acontece para as cores terciárias.
260
Autores: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
262
Autores: Grupo 5
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 1
Fonte: Portfólio da pesquisadora
263
Autores: Grupo 6
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Figura 151 - Trabalho colaborativo em grupo - Narrativa de alunos sobre a atividade - Círculo
cromático
Autores: Grupo 7
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
266
Autores: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 5
Fonte: Portfólio da pesquisadora
267
Autores: Grupo 6
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 7
Fonte: Portfólio da Pesquisadora
268
Com a atividade de gradação de cores (Fig. 157, 158, 159 e 160), o objetivo
foi que os alunos conseguissem ver luz e sombra nas alterações de tonalidades,
percebendo que, ao produzirem uma pintura, sombra não é necessariamente a Cor
preta, mas tons abaixo do tom do objeto, bem como que a luz diz respeito a tons
acima da Cor do objeto, não necessariamente o branco.
Prática social final - Perceber em sua realidade a luz e sombra nos objetos
para efeito de tridimensionalidade.
Segue a espiral do plano de ação de número 02.
270
PLANO DE AULA 03
TEMA/CONTEÚDO/CONHECIMENTO
Luz e sombra, tridimensionalidade, gradação, monocromia e profundidade.
OBJETIVOS
Produzir desenhos com luz e sombra com uma ou dias cores da mesma gama, a
partir de gradações de cor.
Produzir pintura com planos de profundidade com o uso de uma só cor mais o
branco.
HABILIDADES
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em
diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta seus
funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos
METODOLOGIA/DESENVOLVIMENTO DA AULA
Primeiro momento - 1ª aula - Instigação dos alunos pela pesquisadora a
citarem objetos que contêm uma só cor ou com nuanças da mesma gama de Cor.
Segundo momento - 1ª aula - Com a seguinte pergunta: Como dar ilusão
de tridimensionalidade com luz e sombra, utilizando uma só Cor ou da mesma
gama? problematizou-se o tema da aula.
Terceiro momento - 1ª aula - Distribuição de lápis de cor (um lápis ou dois)
de diferentes cores para os grupos de alunos, instrumentalizou-se a proposição de
produção de desenhos com pintura monocromática, com uma cor ou duas cores da
mesma gama. Nas imagens (Fig. 162 a 166), vemos os efeitos de
tridimensionalidade conseguidos pelos alunos através da gradação de cores (luz e
sombra).
272
Figura 162 - Produção desenho com luz e sombra - Ilusão de tridimensionalidade com pintura
monocromática
Figura 163 - Produção desenho com luz e sombra - Ilusão de tridimensionalidade com pintura
monocromática
Figura 164 - Atividade de luz e sombra- Ilusão de tridimensionalidade com pintura monocromática
Figura 165 - Atividade de luz e sombra - Ilusão de tridimensionalidade com pintura monocromática
Figura 166 - Atividade de luz e sombra - ilusão de tridimensionalidade com pintura monocromática
Nas três produções (Fig. 164, 165 e 166), os grupos de alunos utilizaram de
uma só Cor em suas composições. Os três grupos conseguiram realizar a proposta,
deram efeito de ilusão de tridimensionalidade, com a luz e sombra com gradação de
uma Cor. Concluindo, os alunos dominam a produção de efeitos de diferentes tons -
forte, médio e fraco - na coloração, conseguindo luz e sombra para a ilusão de
tridimensionalidade. O que se destaca também nessa atividade é que, a partir da
coloração monocromática utilizada, foram trazidas novas percepções para os
alunos, a exemplo da pintura do rosto em Cor verde (Fig. 164), como a fala do aluno
L do grupo 2 - “...esse rosto ficou assustador” -, que deixa claro que a Cor não
realista altera a percepção do indivíduo sobre o elemento ou objeto.
275
e o azul ultramar, em outra com o bordô e o roxo. Nas duas paisagens, os alunos
conseguiram efeitos na escala tonal claro-escuro, utilizando múltiplas gradações das
duas cores. Ostrower (1983, p. 236), sobre a diferenciação de tons, diz que,
“graduando-se os vários tons em torno de uma Cor, estabelecem-se certas relações
que são as tonalidades”. Para ela, em cada família de Cor, podem ser levantadas
escalas cromáticas com múltiplas gradações entre o tom mais alto e o mais baixo. É
o que percebemos nessas produções.
Na produção abaixo do grupo 6 (Fig. 169), a variedade de tonalidades de
azul utilizadas pelos alunos destacou profundidade, luz e sombra e efeito de
tridimensionalidade.
Figura 170 - Relato feito pelo grupo 6, em relação à atividade com uma ou duas cores
Autor: Alunos L, N, I
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Foi explicado aos alunos que, para dar profundidade, era necessário deixar
os elementos da composição cada vez mais claros de acordo com os planos (1º, 2º
3º planos), e assim obteriam a ilusão de profundidade, como mostram as produções
realizadas.
280
O aluno “W” escreveu (Fig. 176) uma narrativa sobre sua atividade (Fig.
175), que condiz com a aprendizagem na práxis.
281
Autor: Aluno W
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno I
Fonte: Portfólio da pesquisadora
“Eu aprendi que com a graduação de cor consigo fazer uma ilusão de
profundidade de onde o mais longe é mais claro e o mais perto mais escuro” (Aluno
R).
284
Autor: Aluno R
Fonte: Portfólio da pesquisadora
PLANO DE AULA 04
Autor: Aluno GM
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autora: Aluna RF
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno G
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno S
Fonte: Portfólio da pesquisadora
288
Autor: Aluno L
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno M
Fonte: Portfólio da pesquisadora
terminarem, muitos comentaram que não gostaram da composição, foi percebido por
eles mesmos de que pode ter sido devido a prevalecerem cores escuras em seus
trabalhos. A partir desses comentários, os alunos foram instigados a perceber que
uma Cor sobre outra Cor tem sua coloração alterada não só na Cor resultante
(sensação), mas na percepção como um todo na composição. O que mais se ouvia
dos alunos foi que, em muitas composições, não teriam “combinado” as cores que
haviam escolhido. Com essa atividade, concluiu-se que nem toda combinação de
cores se harmonizou aos olhos de todos, justamente por envolver o gosto, que é
determinado culturalmente, bem como a sensação e percepção que satura os olhos
rapidamente. A mediação partiu para explicação das interferências das cores umas
sobre outras, e como conseguir harmonia cromática em uma composição, relatando
que todas as cores podem ser combinadas, o que não significa que o resultado será
harmônico, segundo Pedrosa (1982), o que na práxis artística os próprios alunos
detectaram ao final das produções.
Para que isso ocorresse, os alunos deveriam buscar o resultado que
proporcionasse maior conforto visual. Alguns alunos falaram, “Nossa, mas ficou
estranho, não gostei”; “Puxa, achei que ia combinar”, sentindo que determinadas
cores não passaram a sensação agradável que eles esperavam. A sensação de
“repulsa” cromática veio mais nos comentários da imagem (Fig. 187).
Pedrosa (1982) diz que a princípio todas as cores combinam. Para ele, há
combinação por contrastes, dessemelhança, oposição. Então, levando isso em
consideração, os trabalhos dos alunos resultaram em combinação de cores, no
entanto, Pedrosa diz que isso não significa que todo grupo de cores forme uma
harmonia.
A partir dessa fala de Pedrosa (1982), relacionou-se as falas dos alunos,
que disseram não ter gostado de algumas composições de cores. Conclui-se assim
com os alunos que elas não estavam em harmonia. Para o autor, combinação de
cores é a propriedade que tem certos pares de cores que se ajustam umas às outras
por contraste simultâneo, as duplas tendem a formar em maior ou menor grau
“acordes” consonantes ou dissonantes. Como não existe em termos absolutos uma
qualificação de Cor bela e de Cor feia, não existe também dupla de cores
irreconciliáveis, impossíveis de serem combinadas. Uma Cor pode combinar com
outra por afinidade, semelhança, aproximação e /ou por contraste, dessemelhança,
oposição.
290
O estudo da harmonia não deve ser entendido como um limitador, mas, sim,
como um aliado que fornece o conhecimento necessário para obter resultados
melhores. Aproveitando essa explicação de Pedrosa, acrescentou-se a explicação
aos(às) alunos(as) sobre harmonia, demonstrando diversas harmonias cromáticas
que poderiam utilizar em suas produções, como: Harmonia Triádica, em que é obtida
por um triângulo equilátero inserido no círculo cromático; Harmonia complementar ou
de contraste, que é formada por uma díade de complementares; Harmonia
Monocromática, em que utiliza-se apenas um matiz e sua variação de luminosidade;
Harmonia Quadrática, formada por tétrades que definem um quadrado formado pela
união de duas díades perpendiculares entre si; Harmonia análoga, obtida através de
cores vizinhas no círculo cromático; e Harmonia por saturação, soma de uma única
Cor às demais.
Nos estudos sobre Cor, Johannes Itten afirma que harmonia é um estado de
equilíbrio psicofisiológico. Toda composição cuja soma de cores for cinza é
harmônica segundo o autor. Ele também instituiu sete tipos de contrastes de cor: de
cores puras; claro-escuro; quente-frio; complementar; simultâneo; de saturação; e de
quantidade/extensão. Nas imagens das produções dos alunos apresentadas (Fig.
186 e 189), podemos perceber algumas dessas harmonias por contrastes.
O brasileiro Israel Pedrosa (1982) diz que:
Ainda para ele: “Os mais belos coloridos de um período podem negar
integralmente a lógica de uma regra aplicada no colorido de outros períodos.”
(PEDROSA, 1982, p. 156). Por conseguinte, uma conclusão sobre o relato de alguns
alunos sobre a não combinação das cores é que houve a influência cultural na sua
percepção de Cor.
O artista Marc Chagall tem uma frase que se aplica à combinação de cores
ou harmonia das cores: “Todas as cores são amigas de suas vizinhas e amantes de
suas opostas” (FETTER, 2011). Isso se confirma com Pedrosa (1982), pois ele
explica que todas as cores combinam e algumas se harmonizam. Harmonia
291
Autores: Grupo 7
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 5
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
294
Autores: Grupo 1
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno G
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Nesta narrativa (Fig. 195), o Aluno “G” escreve sobre a obra (Fig. 194),
dizendo que “Essa obra ressalta as cores quentes (amarelo, vermelho e laranja), dá
como complemento os azuis, roxos e rosas como tons mais frios, não agrada muito
a nossos olhos, pois dá a sensação de estar tudo bagunçado e jogado de qualquer
jeito, dá um desconforto.”.
Analisando a obra (Fig. 194) e a narrativa do aluno “G” (Fig. 195) em relação
a ela, de acordo com os teóricos trabalhados nesta pesquisa, pode-se dizer que a
obra não está bagunçada em termos de composição como relataram e que talvez o
uso da palavra “bagunçado” pelo aluno seja pelo fato do grande movimento que a
posição das cores faz com que nossos olhos percorram.
Na narrativa do mesmo aluno, diz ele que as cores quentes se sobressaem,
mas percebe-se que azul claro também se sobressai, mesmo sendo uma cor fria. O
azul tornou-se mais quente devido ao fundo cinza, destacando-se mais que o
vermelho.
Utilizando de Silveira (2011), temos uma explicação com relação à sensação
do azul. Segundo a autora, duas cores quentes juntas se esfriam mutuamente, como
exemplo: o vermelho e o laranja. E o fato de colocar o cinza com outras cores faz
tornar as cores mais brilhantes, como é o caso do azul na obra. O cinza é uma Cor
perfeita para as cores de contraste de valor e de tom, segundo Silveira.
Conclui-se que alguns alunos ainda têm como concepção que determinadas
cores são frias e outras cores quentes, não percebendo essas mudanças ocorridas
na nossa sensação e percepção levando em consideração as relações entre as
cores.
296
Autores: Grupo 6
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 4
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Com mais uma reflexão sobre os resultados junto aos alunos e de forma
cíclica da PA, retornou-se às atividades fazendo novos planejamentos.
PLANO DE AULA 05
Autor: Aluno M
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno P
Fonte: Portfólio da pesquisadora
301
Autor: Aluno L
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Aluno LO
Dimensão: 25x 33 cm- Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Auto: Aluno R
Dimensão: 20x 30 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
303
Autor: Aluno L
Dimensão: 22x 32 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno D
Dimensão: 21 x 33 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
304
Autor: Aluno A
Dimensão: 25 x 33 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autora: Aluna M
Dimensão: 17 x 29 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
305
Autora: Aluna RT
Dimensão: 25 x 33 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autora: Aluna RF
Dimensão: 25 x 32 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno W
Autor: Aluno W
Dimensão: 25 x 32 cm - Acrílica sobre papel
Fonte: Portfólio da pesquisadora
As obras dos alunos RF, RT, W (Fig. 209, 210 e 211) apresentam volume a
partir de tons claros (luz) e tons escuros (sombra) do mesmo matiz de Cor. A
sensação de volume está em especial nas mãos do personagem da obra de aluno
W, e no pescoço e orelhas do gato na obra da aluna S. Algumas outras obras (Fig.
203 e 207), dessa atividade aqui apresentadas, mostram variedades e cores, mas
sem o uso do claro e escuro para efeito de tridimensionalidade, o que nos leva à
conclusão de que muitos alunos não apreenderam a importância da luz e sombra na
forma mesmo que seja cubista.
Ao produzirem artisticamente, os(as) alunos(as) tiveram que seguir um
processo de sequências de ações no seu processo criativo para chegar a este fim
(pintura cubista). Os percursos das etapas de construção antecedentes à obra
vieram da reflexão dos ensinamentos sobre a Teoria da Cor referente à origem de
novas cores. Ao mediar a proposta, foi esclarecido aos(às) alunos(as) que criassem
uma composição com linhas retas ou orgânicas de forma fragmentada, deixando-a
em estilo cubista, mas principalmente que utilizassem, na pintura, cores resultantes
307
Percebe-se que os alunos criaram cores novas e não utilizaram nas pinturas
cubistas suas cores preferidas, indicadas pela enquete feita pela pesquisadora sobre
a cor preferida dos alunos participantes da pesquisa (Gráfico 02), na qual prevaleceu
a cor roxa. Isso mostra que os alunos usam a Cor de forma contextual, alcançando o
objetivo da propositiva da experienciação pelos alunos com a prática na produção de
novas cores e nuances.
O tempo disponibilizado para essa atividade teve que ser redobrado, já que
muitos alunos estavam experienciando, pela primeira vez, pintar com misturas das
cores primárias e obter as cores desejadas. Um ponto negativo na realização dessa
proposta foi que, enquanto a Teoria da Cor trabalhada anteriormente fundamentava
que, misturar as cores primárias originaria as secundárias (verde, roxo e laranja), os
alunos não conseguiram e, sim, tons destonados. Isso ocorreu devido às tintas
disponibilizadas não serem cores primárias puras, o que ocasionou alterações nos
resultados das misturas, sendo questionado pelos alunos, ressaltando aqui que
foram sensacionais os questionamentos críticos dos alunos.
308
PLANO DE AULA – 06
Figura 213 - Atividade com papéis coloridos para o estudo da Cor e da Forma
Figura 214 - Atividade com papéis coloridos para o estudo da Cor e da Forma
Figura 215 - Atividade com papéis coloridos para o estudo da Cor e da Forma
objetos com os quais eles interagem, sendo muito válido o poder de transformá-los
junto aos conhecimentos adquiridos sobre a Cor, partindo do conhecimento
universal (saber científico sobre a Cor), sintetizando para o conhecimento particular
(mediação da pesquisadora), chegando ao conhecimento singular (do aluno) que se
apropriou (pintura dos bancos), de modo a auxiliar para sua prática social final,
agora numa nova compreensão crítica do conhecimento Cor e sua práxis poética
intencional do saber acumulado sobre a Cor.
A catarse da aprendizagem desse planejamento foi a própria pintura dos
bancos, a qual revelou que os alunos na sua totalidade e de forma autônoma
demonstraram a aprendizagem na práxis, através dos conhecimentos adquiridos nas
propostas desenvolvidas anteriormente. Nos bancos, os alunos trabalharam
composição, tridimensionalidade, perspectiva, contrastes, novas cores, cores
complementares e transparência da Cor, mediados pela pesquisadora, mas com
autonomia na criação.
cobertura (Fig. 221). Esse foi um bom exemplo para apresentar aos alunos as
alterações de luminosidade das cores.
O colorido desse banco (Fig. 224) atraiu os olhares dos alunos do Colégio.
Uma nova Cor aparece, através da mistura feita pela aluna M. O verde disputa lugar
com as cores primárias. O interessante nessa pintura é o efeito de transparência do
branco que a aluna M conseguiu. Ela soube trabalhar as cores e formas. Preto,
cinza, amarelo, vermelho, azul branco e verde se harmonizaram e deram destaque
ao objeto. Assim, conclui-se que a aluna M dominou a mistura e harmonia entre as
cores.
Sétimo momento - Prática social final
Toda essa experiência foi absorvida na práxis e, com certeza, irá se
apresentar na prática social dos alunos participantes.
320
PLANO DE AULA – 07
Pesquisadora: Silvana dos Passos Silva
Série: 1º ano – Ensino Médio Técnico em Desenvolvimento de Sistemas
Duração: 2 Aulas
TEMA/CONTEÚDO/CONHECIMENTO
Monocromia: interpretação, sensação e percepção visual.
Arte via tecnologia: a Cor como luz.
OBJETIVOS
Produzir poéticas, com luz e sombra e uso da Cor de pintura monocromática, com
interação da intertextualidade e a obra de Vincent Van Gogh.
Com a Cor-luz, utilizar aplicativos, programas e softwares na produção de Arte
digital.
HABILIDADES
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em
diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta seus
funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
321
METODOLOGIA/DESENVOLVIMENTO DA AULA
Primeiro momento – Com a instigação dos alunos a relatar oralmente a
descrição de um cômodo de sua casa, com seus objetos e cores, introduziu-se o
conteúdo da aula na sua prática social.
Segundo momento – Lançada a pergunta aos alunos: “Imaginam como
seria o mundo de uma única só Cor?”, problematizou-se o conteúdo da aula, sobre a
variedade de cores visíveis pelo Ser Humano. Relembrou-se o que já havia sido
exposto em aula anterior, trazendo novamente embasamento para corroborar, o
teórico, professor e artista Paul Klee, que, em sua Teoria da Cor, aponta que
existem mais cores acima dos raios infravermelhos e mais cores abaixo dos raios
ultravioletas que os seres humanos não visualizam; no entanto, determinados
animais têm esse poder de visão.
É o caso das abelhas, as quais, de acordo com Carvalho (2019), veem a luz
ultravioleta (UV), uma frequência que é invisível para nossos olhos. As abelhas
usam esta visão em UV para ver os padrões das pétalas florais, os quais lhe indicam
onde se encontra o néctar.
Terceiro momento – Lançada a propositiva, a atividade de pintura foi
realizada individualmente, mediada pela pesquisadora, desde a produção do suporte
para a obra. O suporte foi produzido com papelão Holler, no tamanho de 25 cm X
30cm, no qual foi colado um tecido de tela (canvas). Cada aluno teve a propositiva
de produzir, com inspiração da obra “Noite Estrelada” de Vincent Van Gogh, uma
pintura “monocromática” (uma só cor de tinta mais o branco e o preto).
Nessa propositiva, vemos também a relação intertextual com a obra “Noite
Estrelada”. Através das cores diferenciadas utilizadas pelos alunos nas pinturas
monocromáticas em comparação à obra original, novas interpretações se originam,
as quais são muito relevantes diante de uma leitura e compreensão de imagem.
Abaixo, imagens do processo criativo da propositiva.
322
Autora: Aluna S
Fonte: Portfólio da Pesquisadora
Autor: Aluno LH
Acrílica sobre tela- Dimensão: 25 cm x 30 cm Autor: Vincent Van Gogh
Fonte: Portfólio da Pesquisadora Fonte: Coleção Folhas
324
Autora: P
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autora: RF
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno B
Portfólio da pesquisadora
Autor: Millet
Autor: Salvador Dali (1935) Fonte: ArteArtistas
Fonte: Tendências do imaginário
Nas poéticas produzidas pelos alunos (Fig. 227, 230, 233, 236, 239),
percebemos que, além da utilização de três cores apenas, as obras têm uma
conotação de intertextualidade. Por intertextualidade, entendemos a influência de
um texto tomando como modelo ou ponto de partida, e que gera a atualização do
texto citado. Aqui nesse caso específico, tratou-se de pintura e, considerando a
pintura como um texto pictórico, produziu-se obras havendo a intertextualidade com
a obra de Van Gogh. As pinturas dos alunos com outras cores apresentaram uma
nova interpretação, com cores monocromáticas, totalmente diferentes da obra
inspiradora. Podemos dizer que nas releituras feitas houve intertextualidade,
decorrendo por influência da composição de Van Gogh “Noite Estrelada”, utilizaram
da monocromia obtendo novas interpretações, sensações e percepções imagéticas.
328
Figura 247 - Obra via tecnologia e intertextualidade Figura 248 - Obra: Noite Estrelada
Autor: Aluno J
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autora: Aluna M
Fonte: Portfólio da pesquisadora
333
Autora: Aluna R
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno N
Fonte: Portfólio da pesquisadora
334
Autor: Aluna R
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Pinturas monocromáticas;
Poéticas Visuais via tecnologia.
PLANO DE AULA – 08
Pesquisadora: Silvana dos Passos Silva
Série: 1º ano – Ensino Médio Técnico em Desenvolvimento de Sistemas
Duração: 2 Aulas
TEMA/CONTEÚDO/CONHECIMENTO
Produção de poéticas com destaque do uso da Cor.
OBJETIVOS
Produzir poéticas, destacando do uso da Cor, com interação dos conhecimentos
apreendidos através das atividades desenvolvidas pela PA e contribuição da PHC.
HABILIDADES
336
Autor: Grupo 6
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autores: Grupo 1 e 2
Fonte: Portfólio da pesquisadora
339
Autores: Grupo 4
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Grupo 7
Fonte: Portfólio da pesquisadora
340
Autor: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Para essa atividade, contou-se com seis grupos e não mais sete. O grupo 1
e 2 se uniram. Quatro grupos produziram pinturas geométricas, grupos 1-2; 4; 5, e 6.
O grupo 3 realizou pintura figurativa em estilo Op e Pop (Fig. 259).
Na pintura do grupo 7 (Fig. 260), prevalece Expressionismo Abstrato, com
alguns elementos figurativos. As composições de todos destacaram a Cor, que foi o
objetivo.
341
Autores: Grupo 3
Fonte: Portfólio da pesquisadora
A narrativa (Fig. 265) está meio confusa, constou que o grupo 3 fez a
narrativa das cores, mas de forma isolada da composição, dando um significado
individual ao preto como sombrio e morto, enquanto o amarelo mais vivo e alegre, e
considerando o branco como uma cor neutra. A obra está fantástica e mereceria
uma narrativa mais argumentativa com explicações mais complexas como um todo.
Essa produção, realizada pelo grupo 3, remete a uma intertextualidade ao
estilo Op Art, com conexão da Pop Art (Fig. 264). A obra apresentou autonomia na
criação da composição, com cores realistas e de forma contemporânea. O efeito
óptico da espiral em preto e branco dá a sensação de movimento e um grande
contraste entre as duas cores (preto e branco; e preto e amarelo). A pintura da
banana, feita com luz e sombra em tons ocres, trouxe a tridimensionalidade como
que se flutuasse sobre a espiral.
Os grupos unidos 1 e 2 produziram a obra (Fig. 266) e fizeram a narrativa
sobre a obra, mas não deram título.
346
A obra (Fig. 266) traz formas contornadas por uma faixa branca. Segundo a
narrativa do grupo, as cores são trabalhadas como temperatura das emoções,
utilizando cores fortes, como o preto, como simbologia da falta de esperança e a
escuridão da mente humana. No degradê do amarelo ao vermelho, desenvolvido em
várias propositivas na investigação, os alunos trabalharam as cores quentes fazendo
analogia à felicidade. Nas cores do roxo ao verde, os alunos trabalharam as cores
frias representando a tristeza expressa pelo grupo, e percebemos que, com exceção
do verde, todas essas cores fazem parte do espectro visível no arco-íris, que vai do
violeta ao vermelho. Já na forma à esquerda da tela, os alunos produzem um tom de
rosa que, segundo eles, é a representação do amor, e as esferas de cores em que
prevalece o azul representam a ansiedade em cima do sentimento amor. Uma
explicação válida e interessante, porém o uso do rosa causa um certo
347
distanciamento cromático, visto que esse tom rosado não interage com as demais
cores, bem como o preto.
vermelho como a “matriz humana” e as roxas e negras como o “lar”, há uma leitura
subjetiva que pode não estar aliada à narrativa subjetiva coletiva do grupo. São
cores que simbolizam uma objetividade do real vivido, trazendo a representação
subjetiva da objetividade de sua cotidianidade.
O grupo 6 não fez a narrativa sobre a obra (Fig. 270) para poder ser
analisada junto à própria obra. Somente a partir da análise da obra, notou-se que o
grupo realçou as formas aplicando um contorno preto. Com o preto, o grupo
conseguiu obter maior contraste entre as cores. Tons de vermelhos, laranjas,
marrons e verdes se harmonizaram entre si, de forma a apresentar contraste
simultâneo e análogo. A combinação com cores análogas é construída a partir de
cores vizinhas no círculo cromático ou bastante próximas, segundo Silveira (2011).
350
Plano de Aula 08
Produção de Poéticas Visuais com destaque da Cor pigmento
.
Obras finalizadas
Narrativas poéticas
quentes e frias. Somente dois alunos revelam concepção frágil e uma única questão
apresentou-se sem resposta.
Autor: Aluno 13
Fonte: Portfólio da pesquisadora
2 4 3 4 5 (3) cores
diferentes
para o
Daltônico
Como já comentado, a pergunta exigia reflexão por parte dos alunos, para
interligar as concepções de Cor e assim poderem responder à pergunta. Apenas
uma resposta, a do aluno 11, tem relação diante dos estudos desenvolvidos (Fig.
283). Três apresentam aproximação dos estudos, mas de forma limitada/incompleta,
358
por exemplo a resposta do aluno 4 (Fig. 284), o qual não cita o cérebro como
decodificador das percepções de Cor. Cinco responderam que se dá somente por
meio da luz, não mencionando o olho e nem o cérebro nesse processo, a exemplo
da resposta do aluno 18 (Fig. 285). Quatro respondem citando exemplo da luz nas
gotículas d’agua no arco-íris, fugindo do processo da visão humana da Cor, como
mostra uma das respostas (Fig. 286). E três fogem da pergunta (Fig. 287),
apresentando resposta com explicação da falha dos cones na causa do daltonismo.
Autor: Aluno 11
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno 4
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno 18
Fonte: Portfólio da pesquisadora
359
Autor: Aluno 1
Fonte: Portfólio da pesquisadora
Autor: Aluno 7
Fonte: Portfólio da pesquisadora
CONSIDERAÇÕES FINAIS
com o uso da Cor, seja cor-pigmento ou cor-luz pelos alunos, com processos
colaborativos de planejar - ir para a ação – observar - e prospectivamente refletir
para um novo planejamento de forma a vivenciarem a Cor através da práxis,
conhecimento prático/teórico, contextualizado e com a contribuição fundamentada
na Pedagogia Histórico-Crítica num percurso de pesquisa-ação permanente de
intervenção pedagógica histórica-crítica.
Com isso, pode-se inferir que houve grande dificuldade de se estudar a Cor,
devido à sua abrangência, exigindo conhecimentos da Física, Química, Fisiologia da
visão, entre outros, mas que se tornou um estudo muito interessante aos olhos dos
alunos, chamando sua atenção pela experiência estética. No entanto, elevo aqui
uma consideração a fazer como professora. Ao trabalhar a Cor concernente aos
estudos da Física, senti grande dificuldade em explicar a visualização/sensação das
cores aos alunos, mesmo utilizando o simulador online. Infere-se, portanto, que, ao
trabalhar a Cor na Física, faz-se necessário a interdisciplinaridade entre os
professores dos diferentes componentes, para, assim, não haver um ensino
superficial ou fragmentado.
A experiência estética é uma experiência de percepção. Ela está ligada ao
conhecimento de mundo de cada indivíduo e à sua subjetividade a partir da
objetividade vivida e percebida. O conhecimento Cor foi desenvolvido com
conhecimentos numa práxis em diversas concepções, viabilizando à turma
investigada, que foi de 1º ano de Ensino Médio Técnico em Desenvolvimento de
Sistemas, conhecimentos contextualizados, fundamentados e reflexivos,
favorecendo aos alunos a argumentação de julgamento na sua própria produção,
bem como de outros trabalhos, de outras áreas e de outras pessoas que utilizem da
Cor, obtendo conhecimentos específicos que fazem parte de campos profissionais
que interagem com a Cor.
Em Nunes (2004), encontramos a relação de trabalho e Educação inter-
relacionada ao trabalho e à práxis educativa, não as dissociando, para privilegiar os
melhores conhecimentos produzidos e acumulados pela humanidade. Por meio da
autora acima mencionada, podemos compreender que um ensino dissociado da
prática do cotidiano vivido do aluno é um ensino fragmentado. É na totalidade que se
deve ancorar o ensino/aprendizagem dos alunos na contemporaneidade.
Independentemente do conteúdo, o aluno precisa ser contemplado com
conhecimentos artísticos, conhecimentos acumulados e sistematizados pela
366
conteúdo básico escolar quando o assunto é Cor, mas que, através da análise do
questionário inicial, concluiu-se que havia um grande déficit na compreensão do
círculo cromático pelos alunos, já que mais de 90% não souberam expressar e
estabelecer relações mais aprofundadas. Contudo, a surpresa é que, no
questionário final, esses 90% revelaram nas respostas os fundamentos da Cor em
suas múltiplas dimensões, superando o senso comum.
Logo, há certeza de que houve um avanço considerável em relação ao
conhecimento Cor, como podemos ver nesta explicitação da pergunta do
questionário inicial em comparação ao questionário final, a qual foi uma das que
obteve o maior número de respostas em branco no inicial: “O que são cores
análogas?”.
No questionário inicial, das vinte e nove respostas em relação a essa
pergunta, em vinte e duas respostas não obtive nenhum retorno. Já no questionário
final em relação à mesma pergunta, dos vinte alunos que participaram, doze
compreenderam e suas respostas revelaram conhecimentos científicos de Cor e o
uso na práxis artísticas dos alunos.
Na pergunta de número 01, “O que é Cor pra você?”, no questionário inicial,
não obtive nenhuma resposta que abrangesse a Física, a Química e a Fisiologia da
visão ao mesmo tempo. A maioria respondeu (12 alunos) que eram pigmentos,
sendo relacionadas como tintas e não com a luz. Seis relacionaram às emoções
somente, e cinco relacionaram com a luz, mas de forma incipiente. Já no
questionário final, onze alunos, dos vinte que responderam, trazem respostas
corretas que envolveram luz, refração, e somente uma resposta estava relacionada
a pigmento (tintas), muito diferente das respostas do questionário inicial.
Logo, com essas comparações, conclui-se que houve a aprendizagem de
forma significativa dos conceitos e concepções pelos alunos, não sendo mais de
senso comum, mas de conteúdos científicos e artísticos acumulados e
sistematizados historicamente mediados pela professora/pesquisadora e suas
reflexões, ainda que sejam necessárias a continuidade e rupturas para aprofundar
mais esse conhecimento Cor na práxis artística nas Artes Visuais.
Para alcançar o terceiro objetivo específico de “Analisar as produções da
práxis artística e expressiva dos alunos participantes e a aprendizagem do ensino da
Cor nas Artes Visuais com a contribuição da Pedagogia Histórico-Crítica”, foram
utilizados planejamentos em acordo com a Pedagogia Histórico-Crítica, iniciando
369
REFERÊNCIAS
ALBERS, Josef. A interação da cor. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
ARNHEIM. R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. 13. ed.
São Paulo: Pioneira, 2000.
DOLAN, L. Decoding the Queen's colorful style. CNN STYLE. Publicado em 2 jun.
2022. Disponível em: https://edition.cnn.com/style/article/queen-elizabeth-colorful-
style/index.html. Acesso em: 3 nov. 22.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GOMPERTZ, W. Everydays: The First 5000 Days. Will Gompertz reviews Beeple’s
digital work. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/news/entertainment-arts-
56368868. Acesso em: 03 jul. 2022.
REVISTA CARAS. George Seurat: um artista que usaria a ciência a favor da arte,
Coleção: As pinturas mais valiosas do mundo, v 14, 2007.
VARELLA, P. Arte Digital: Saiba como tudo começou. 2019. Disponível em:
https://arteref.com/movimentos/arte-digital/. Acesso em: 15 ago. 2022.
11- Para a visualização das cores necessitamos de uma boa fisiologia da visão.
Como se dá o processo de visualização das cores?
....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
382
10 Uma pessoa usando uma camisa amarela, for iluminada exclusivamente por uma
luz azul. Que cor veremos a camisa?
....................................................................................................................................
383
Assinatura do responsável
409
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Pesquisador responsável
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Participante da Pesquisa
410