TCC Edinara
TCC Edinara
TCC Edinara
MONTENEGRO - RS
2021
EDINARA DE SOUZA SALLES
MONTENEGRO - RS
2021
2
EDINARA DE SOUZA SALLES - RU - 1303053
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Me. Raquel Barcelos de Araujo UNINTER
_____________________________________
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por ter chegado até o final desse grande
objetivo, o qual não foi fácil, com momentos em que até pensei que não daria conta e
que talvez a saída fosse desistir. Nunca imaginei que parte da etapa do meu estágio
obrigatório aconteceria em meio a uma pandemia que ocasionaria uma crise sanitária
sem precedentes, forçando os profissionais do Serviço Social a se manterem firmes e
fortes na linha de frente, dentre os quais estava eu, no CRAS do município de
Montenegro-RS, auxiliando no atendimento e na orientação dos que buscavam o
Benefício da Prestação Continuada-BPC. Gratidão, meu Deus, por ter me ensinado
nessa jornada que “há tempo para todo o propósito debaixo do céu”, e o que o meu
tempo finalmente chegou.
Aos meus pais, Edy e Naura, expresso minha gratidão, por me apoiarem e por nunca
terem largado da minha mão nesses anos de estudo, os quais não mediram esforços
para que eu pudesse hoje alcançar essa vitória, que eu compartilho com vocês.
Aos demais colegas do CRAS de Montenegro-RS, aos que já passaram e aos que
continuam, por todos os momentos e experiências vivenciados juntos, os quais
enriqueceram a minha formação, não apenas como profissional, mas também como
ser humano.
A todos os demais não nomeados, mas que contribuíram, a seu modo, seja com
palavras ou com ações, para que eu me tornasse uma Assistente Social. Obrigada!!
5
RESUMO
The Social Assistance Reference Centers (CRAS) are state public reference units for
the basic social network, with PAIF being their main service. Such institutions are
spaces financed by the federal government in partnership with the municipalities, in
which families in social vulnerability are served in demands for professional training,
access to government financial benefits and psychosocial care. The aim of this
research was to investigate the effects of CRAS in the city of Montenegro, in Rio
Grande do Sul. For this purpose, a qualitative bibliographic and documentary research
was adopted. The results indicate that, in the investigated unit, there is an effort to
include the whole family in action plans that are developed by the social worker. Such
plans are comprehensive and include actions that are carried out by families, in
partnership with the institution, in order to promote the best approach to the identified
problem and to encourage the active participation of the individuals served in the
search for solutions.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 8
2 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E PROTEÇÃO SOCIAL ....... 10
2.1 HISTÓRICO DA POLÍTICA NACIONAL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.. 10
2.2 MARCO NORMATIVO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL ..... 122
2.3 FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL ........................................................ 14
2.3.1 Conceituação de família ...................................................................... 14
2.3.2 A proteção social no âmbito da família ................................................ 14
3 O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL...................................................... 17
3.1 HISTÓRICO DA PROFISSÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO BRASIL:
DA GÊNESE À ATUALIDADE ............................................................. 17
3.2 PERFIL, COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DO
SERVIÇO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE ............. 25
4 INDICADORES SOCIAIS DO MUNICÍPIO: UM OLHAR SOBRE A
REALIDADE ........................................................................................ 28
4.1 A BASE DE DADOS DO CADASTRO ÚNICO .................................... 28
4.2 O INSTRUMENTO CADASTRO ÚNICO ............................................. 28
4.3 INDICADORES SOCIAIS DO CADASTRO ÚNICO............................. 30
4.4 PERFIL DO MUNICÍPIO DE MONTENEGRO-RS ............................... 30
4.5 PERFIL E CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS FAMÍLIAS
ATENDIDAS PELO PAIF DO CRAS DE MONTENEGRO-RS ............ 32
5 AÇÕES DE INTERVENÇÃO DO CRAS DE MONTENEGRO-RS ...... 33
5.1 TRABALHO SOCIOASSISTENCIAL COM FAMÍLIAS NO ÂMBITO DO
PAIF..................................................................................................... 33
5.2 UMA INTERVENÇÃO NA SUPERAÇÃO DAS VULNERABILIDADES
SOCIAIS DAS FAMÍLIAS REFERENCIADAS AO CRAS DE
MONTENEGRO-RS ............................................................................ 35
5.3 AVALIAÇÃO DA AÇÃO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL . 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 42
REFERÊNCIAS ................................................................................... 43
ANEXO A – CARTILHA ...................................................................... 50
8
1 INTRODUÇÃO
Ao longo de muitos anos, a questão social não era pauta das formulações de
política no país. No entanto, ao lançar uma proposta de universalização dos direitos
sociais, a Constituição Federal (Brasil, 1988) inaugurou um avanço significativo no
tocante à proteção social, lançando um olhar à parcela da população pobre, excluída
e em situação de vulnerabilidade social. Sob responsabilidade do Estado em todas as
esferas - federal, estadual e municipal, a proteção social passa a ser assegurada pelo
artigo 6º da Carta Magna “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,
a segurança, a previdência, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados” (BRASIL, 1988).
Na concepção de Mallmannm Balestrin e Silva (2017), a partir dessa
responsabilidade conferida aos entes públicos, no sentido de amparar as pessoas em
situação de risco e de vulnerabilidade social, especialmente os idosos, as crianças e
as gestantes, houve a necessidade de criação de políticas públicas e de assistência
social para que se efetivasse essa proteção e amparo a esse público vulnerável:
Antes de 1988, muitos direitos obtidos no campo social não estavam nítidos
para todos, e abriam brechas para que os governantes, em todas as esferas,
deixassem de executar as políticas voltadas às necessidades sociais da
população, principalmente às de seguridade social. Assim, a Constituição
Federal de 1988 estabeleceu a seguridade social, destacando a política de
assistência social, a ser realizada por meio do governo federal, dos Estados,
dos municípios e do Distrito Federal e mantida mesmo quando se
alternassem os governantes (MALLMANN, BALESTRIN E SILVA, 2017, p.
149).
a LOAS inova ao afirmar para a assistência social seu caráter de direito não
contributivo, (independentemente de contribuição à Seguridade e para além
dos interesses do mercado), ao apontar a necessária integração entre o
econômico e o social e ao apresentar novo desenho institucional para a
assistência social. (YASBEK, 2008, p. 15).
básica e a proteção social especial como sendo os dois tipos de proteção previstos
pela Assistência Social, a redação do § único da art. 6º-A da lei citada ressalta que a
vigilância socioassistencial “é um dos instrumentos das proteções da assistência
social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus
agravos no território” (BRASIL, 1993). Nessa senda, a Política Nacional da Assistência
Social vem a reiterar a caracterização da Vigilância Assistencial como uma das
funções da Assistência Social:
Uma das mais importantes formas de organização social é a família, que vem
definida sociologicamente como sendo a célula básica do conjunto da sociedade.
Historicamente, a família é a instituição e o agrupamento mais antigos na sociedade,
que predominou em muitas culturas.
14
Não se pode negar que a vida das pessoas costuma girar em torno da relação
com a sua família. Caso se lance a pergunta para diferentes pessoas sobre sua
definição acerca da palavra família, não restam dúvidas de que aportariam respostas
das mais diversas sobre a temática, considerando a visão particularizada de cada um.
Nesse sentido, Biroli (2014, p. 7) dialoga:
O termo questão social, datado da terceira década do século XIX, surge para
dar conta do fenômeno da pauperização massiva da população trabalhadora.
Este era, então, um fenômeno novo, pois pela primeira vez o pauperismo
crescia numa relação direta com a capacidade de produzir riquezas e,
portanto, em um quadro tendente a reduzir a escassez: aparecia como nova
(questão social), porque era produzida pelas mesmas razões, que
propiciavam os supostos de sua redução e, no limite, de sua supressão.
responde que parecia não haver uma percepção nesse sentido, já que o profissional
assistente social estava mais para um apostolado, a serviço da Igreja.
Cabe registrar que os Assistentes Sociais, no início da consolidação da
profissão, atuavam quase que em sua totalidade nas instituições da Igreja Católica, a
qual estava fortemente ligada às origens da profissão. No entanto, ao longo do
processo de desenvolvimento e amadurecimento da profissão, o profissional acabou
sendo absorvido pelas instituições do Estado que se organizavam para o
enfrentamento da questão social.
Em 5 de novembro de 1941, por meio do Decreto-Lei nº 3.799, foi criado o
Serviço Nacional de Assistência Social (SAM), vinculado ao Ministério da Justiça e
aos Juizados de Menores. Cabia ao órgão definir os encaminhamentos concernentes
a crianças e adolescentes que passassem pelo internamento. Muito embora
ostentasse um discurso de proteção, este, em atuação conjunto com a Delegacia de
Menores, criada em 1045, dispensava um tratamento repressivo às crianças e jovens,
pautado pelo suposto grau de periculosidade que estes representavam. Frise-se que
somente com o advento do ECA, em 1990, que àqueles tiveram garantidos seus
direitos fundamentais (MEIRELLES, 2018, p. 71).
Muito embora o Estado passasse a figurar como o principal empregador, o
Assistente Social passou a ocupar outros espaços nas organizações e associações.
Considerada como uma grande empregadora de profissionais da área, a primeira
grande instituição brasileira de assistência social - a LBA (Legião Brasileira de
Assistência) foi fundada em 1942, logo após o ingresso do Brasil na Segunda Guerra
Mundial. A instituição vai promover uma mobilização da sociedade civil e do trabalho
feminino.
Albonette (2017) destaca outras instituições também responsáveis por essa
etapa importante do Serviço Social e que passaram a empregar os profissionais do
Serviço Social, dentre elas: o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai,
criado em 1942, cujo objetivo principal era a organização e a gestão das escolas
técnicas ofertadas à formação profissional dos trabalhadores da indústria; o Serviço
Social da Indústria – Sesi, criado em 1946, que tinha a finalidade de promover o bem-
estar e o objetivo de propiciar assistência social e melhoras nas condições nas áreas
de habitação, nutrição e higiene dos trabalhadores, além de fomentar a solidariedade
entre as classes de empregados e empregadores; a Fundação Leão XIII, criada em
1946, que contou com o apoio tanto do Estado como da Igreja Católica, configurou-se
24
No decorrer das últimas décadas, o trajeto trilhado pelo Serviço Social foi no
sentido de engajamento diante das lutas das classes subalternas. Tanto a profissão
como suas entidades representativas estiveram engajadas com as classes
trabalhadoras em prol de suas lutas pelos direitos humanos e democráticas. Diante
do cenário atual, impõe-se a reafirmação dos princípios que norteiam o projeto ético-
político da profissão, no sentido de um reforço da sua perspectiva comprometida com
o rompimento do conservadorismo. Desse modo, é imprescindível o enfrentamento
das forças do capital, a fim de que a categoria prossiga na direção da defensa
intransigente dos interesses da classe trabalhadora (TRINDADE, 2017, p.21).
deu-se em 05 de maio de 1873, contando com 147 anos. Possui uma área total de
420,017km² (IBGE, 2010).
De acordo com o site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
o Município de Montenegro-RS, considerando o censo de 2010, possui uma
população de 59.415 pessoas, se posicionando em 503º de 5570º no ranking de
cidades no âmbito nacional. As demais taxas são demonstradas a seguir (IBGE,
2010):
veio lhe garantir uma maior segurança econômica, já que a partir do acesso ao
recurso, não depende mais de familiares, além de acesso a medicamentos e
alimentos. Compartilhou ainda seu desejo de realizar alguns sonhos a partir de agora,
como o de fazer pequenas excursões.
No tocante aos aspectos quantitativos, a meta de atingir cerca de 100 usuários
referenciados ao CRAS Borboletas de Montenegro-RS, o que ocorreu inicialmente na
intervenção dos grupos e, frente às medidas sanitárias preventivas frente à pandemia,
passamos a atender as demandas trazidas pelos usuários que compareceram
espontaneamente ou encaminhados por outros setores da política assistencial, a
exemplo do Cadastro Único.
A respeito dos atendimentos e encaminhamentos, o documento Contribuições
para o Aprimoramento do PAIF – Gestão, família e território em evidência (2018, p.
54-61) destaca o atendimento e o acompanhamento familiar como sendo duas
grandes dimensões das ações do PAIF. No atendimento ocorre uma imediata
prestação de atenção, momento em que é oferecido suporte pelo PAIF por meio de
um diagnóstico sociofamiliar. A partir de uma escuta qualificada dos membros da
família, em que serão identificadas as demandas trazidas pelo grupo familiar, assim
como suas fragilidades e potencialidades. À vista disso, são informados os serviços
socioassistenciais e eventuais outras políticas setoriais disponíveis, buscando traçar
estratégias para o efetivo acesso aos serviços, programas e benefícios assistenciais
disponíveis e/ou encaminhamento para outros serviços ou rede assistencial, bem
como a escolha conjunta com os usuários dos serviços das ações mais adequadas
para atender às demandas trazidas. Já o acompanhamento familiar abrange um
processo de atendimento mais organizado, fazendo uso de atendimentos contínuos
onde as famílias possam desenvolver suas capacidades e enfrentem os riscos a que
estão expostas que propiciem a superação de suas fragilidades.
Os encaminhamentos direcionados ao “Cadastro Único (quando não for
efetuado no próprio CRAS) e ao INSS para o recebimento do Benefício de Prestação
Continuada constituem, na maioria das vezes, as principais demandas de
encaminhamentos das famílias usuárias do PAIF” (BRASIL, 2012, p. 48)
encaminhamentos esses que se fazem fundamentais para o acesso dessas famílias
ao direito à renda.
Chegou o momento de tecer considerações acerca da avaliação, em que serão
pontuados os avanços, limites e possibilidades da intervenção, considerando os
41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em
http://www.lex.com.br/doc_53634_LEI_N_10406_DE_10_DE_JANEIRO_DE_2002.a
spx#:~:text=1%C2%BA%20%2D%20Toda%20pessoa%20%C3%A9%20capaz,conc
ep%C3%A7%C3%A3o%2C%20os%20direitos%20do%20nascituro. Acesso em 2 de
março de 2021.
CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de; ALMEIDA, Paulo Henrique de. Família e
proteção social. São Paulo Perspec. São Paulo, v.17, n.2, p.109-122, jun. 2003
Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392003000200012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 15 nov. 2020. >
FREITAS, Rita de Cássia Santos de. Em nome dos filhos, a formação de redes de
solidariedade e algumas reflexões a partir do caso de Acari. Serviço Social &
Sociedade. São Paulo, ano 23. N. 71, pg. 80-, 2002.
MEIRELLES, Gisellle Ávila Leal de. Serviço Social e “questão social”: das
origens à contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018 (Série Formação
Profissional em Serviço Social).
MONTAÑO, Carlos. A natureza do serviço social. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
SIMÕES, Carlos. Teoria & Crítica dos direitos sociais: o estado social e o estado
democrático de direito. São Paulo: Cortez, 2013.
ANEXO A – CARTILHA
51
52
53
54