Orçamento Público - Visão Geral
Orçamento Público - Visão Geral
Orçamento Público - Visão Geral
Sumário
3
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
4.2.2. Classificação Institucional ........................................................................................................43
4
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
5.2.2.2. Movimentação de Recursos ..................................................................................................72
5
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO CURSO
MENSAGEM DA ENAP
OBJETIVO GERAL
Antes de alcançar o objetivo geral, habilidades anteriores precisam ser aprendidas. Por esse
motivo, os objetivos específicos a serem atingidos ao longo do curso são apresentados no
início de cada módulo, permitindo ao aluno identificar o que deverá ser capaz de fazer ao
concluir cada etapa do curso.
6
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
MÓDULO I: INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
7
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Por causa dessa característica, as despesas só poderão ser realizadas se forem previstas
ou incorporadas ao orçamento.
Nos dias de hoje, podemos reconhecer o orçamento público como um instrumento que
apresenta múltiplas funções. A mais clássica delas, a função controle político2, teve início
nos primórdios dos Estados Nacionais3.
Além da clássica função de controle político, o orçamento apresenta outras funções mais
contemporâneas, do ponto de vista administrativo, gerencial, contábil, e financeiro. No
Brasil, a função incorporada mais recentemente foi a função de planejamento, que está
ligada à técnica de orçamento por programas. De acordo com essa ideia, o orçamento deve
espelhar as políticas públicas, propiciando sua análise pela finalidade dos gastos.
1
A Lei nº 4.320, de 1964, instituiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, e está em vigor até
a presente data..
2
A função controle político representa um controle ex-ante desempenhado pela população em relação
ao governo. Nesse contexto, o orçamento surge como instrumento limitador do poder do governante, na
medida em que impõe antecedência para criação ou aumento de tributos.
3
A formação dos Estados Nacionais foi um processo de unificação de reinos, sobretudo na Europa
Ocidental, iniciado por volta do final do século XIV, em Portugal, e no século XV, na França, Espanha e
Inglaterra.
8
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Sabe-se que os governos costumam participar de muitas formas na economia dos países. A
condução da política monetária, a administração das empresas estatais, a regulamentação
dos mercados privados e, sobretudo, a sua atividade orçamentária funcionam como meios
dessa participação e influenciam o curso da economia.
Nesse sentido, a partir dos estudos propostos por Richard Musgrave4, e para os efeitos
deste curso, as funções econômicas ou, como ficaram conhecidas, as funções do
orçamento se dividem em três tipos: alocativa, distributiva e estabilizadora.
FUNÇÃO ALOCATIVA:
O governo dirige a utilização dos recursos totais da economia, incluindo a oferta de bens
públicos. Dessa forma, podem ser criados incentivos para desenvolver certos setores
econômicos em relação a outros. Como exemplo, imagine que o governo tem interesse em
desenvolver o setor de energia numa determinada região. Conforme análise prévia,
constatou-se que para essa região a forma mais racional de energia é a gerada por
hidroelétricas. Sendo assim, poderiam ser alocados recursos intensivos na geração e
transmissão dessa energia. Como consequência, seria de se esperar que o orçamento
governamental apresentasse cifras substanciais alocadas em projetos de construção de
linhas de transmissão ou, até mesmo, registrasse despesas com incentivos concedidos às
empresas construtoras dos complexos hidroelétricos. No entanto, lembre-se que, num
cenário real, em que os recursos financeiros são inferiores às possibilidades de gasto, ao
optar pelo desenvolvimento de um setor, o governo acaba abrindo mão de outras escolhas
possíveis. Ou seja, é justamente nessa diversidade de escolhas que o governo materializa a
sua função alocativa.
Essa função tem importância fundamental para o crescimento equilibrado do país. Por
intermédio dela, o governo deve combater os desequilíbrios regionais e sociais, promovendo
o desenvolvimento das regiões e classes menos favorecidas. Como exemplo, imagine que o
4
MUSGRAVE, Richard A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo: Ed. Atlas, 1974.
9
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Governo deseje combater as desigualdades verificadas numa dada região, onde parte
considerável da população é analfabeta. Seria de se esperar que o orçamento
governamental contemplasse para aquela região ações vinculadas a algum programa de
redução do analfabetismo, cujo financiamento poderia se dar por meio de recursos captados
de classes econômico-sociais ou de regiões mais abastadas. Tal situação pode ser
concretizada pela cobrança de impostos de características progressivas, de forma que os
recursos arrecadados possam ser usados no desenvolvimento de determinada política
pública. Como se pode concluir, o orçamento governamental é também uma expressão da
função distributiva, exercida pelo governo.
FUNÇÃO ESTABILIZADORA
O surgimento do orçamento público está intimamente ligado à ideia de controle. Prova disso
é que o orçamento originou-se pela necessidade de regular a discricionariedade dos
governantes na destinação dos recursos públicos.
Um dos vestígios mais interessantes dessa ideia está na Magna Carta inglesa, outorgada no
ano de 1215, pelo Rei João Sem Terra.
Porém, deve-se considerar que este é apenas um esboço daquilo que hoje se considera
como orçamento público moderno. De lá para cá, foram desenvolvidas muitas técnicas
orçamentárias, fazendo frente às exigências e necessidades dos novos arranjos entre o
Estado e a sociedade.
10
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Para efeitos didáticos, é possível relacionar algumas dessas técnicas ou práticas que são
marcantes na evolução orçamentária.
Não se verifica uma preocupação primária com o atendimento das necessidades bem
formuladas da coletividade ou da própria administração pública. Nem mesmo ficam claros os
objetivos econômicos e sociais que motivaram a elaboração da peça orçamentária.
Por outro lado, nesse modelo de orçamento, há uma preocupação exagerada com o
controle contábil do gasto, refletida no obsessivo detalhamento da despesa. Outra
característica dessa técnica é a elaboração orçamentária com viés inercial (ou incremental),
que procura introduzir pequenos ajustes nas receitas e despesas.
11
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Assim, saber o que a administração pública compra tornou-se menos relevante do que
saber para que se destina a referida aquisição. O orçamento de desempenho, embora já
ligado aos objetivos, não pode, ainda, ser considerado um orçamento-programa, visto que
lhe falta uma característica essencial, que é a vinculação ao sistema de planejamento.
1.8. ORÇAMENTO-PROGRAMA
Essa técnica orçamentária foi introduzida na esfera federal pelo Decreto-Lei nº 200, de 23
de fevereiro de 1967, que menciona o orçamento-programa como plano de ação do governo
federal, quando, em seu art. 16, determina:
A partir do exercício de 2000, houve sua revogação, pela Portaria nº 42, de 14 de abril de
1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, que instituiu uma classificação funcional
e remeteu a estrutura programática aos planos plurianuais de cada governo e esfera da
federação5.
5
Para maiores detalhes sobre a reforma dos orçamentos ocorrida a partir da Portaria nº 42, ver texto
para discussão ENAP nº 44, outubro/2001 – Fabiano Garcia Core. Disponível na página da ENAP.
12
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Diagnóstico da situação: identificação das causas que concorrem para o surgimento dos
problemas.
Determinação das tarefas: identificação das ações necessárias para atingir os objetivos.
13
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Determinação dos recursos: arrolamento dos meios, sejam recursos humanos, materiais,
técnicos, institucionais ou serviços de terceiros necessários.
6
Para um maior entendimento sobre o tema, ver “Orçamento Participativo – o que é, para que serve,
como se faz”. Valdemir Pires, 2001 - Editora Manole.
7 Para maiores informações consultar o Parecer Preliminar do Orçamento 2012, constante do endereço:
http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil .
8
O excesso de vinculação das receitas a áreas predeterminadas de despesas, associadas com as
despesas obrigatórias (entendidas como aquelas em que o governo não pode deixar de pagar),
14
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A tabela a seguir oferece uma visão agregada das técnicas orçamentárias vistas até aqui,
bem como contempla outras práticas de elaboração orçamentária.
15
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
- Processo orçamentário em que é explicitado apenas o objeto de Apresenta valores para as despesas com pessoal, material,
Orçamento serviços etc., sem relacionar os gastos a nenhuma finalidade
gasto.
Tradicional (programa ou ação). Também é conhecido como orçamento
clássico.
- Processo orçamentário que apresenta duas dimensões:
Orçamento de objeto de gasto;
Também conhecido como orçamento funcional.
Desempenho programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas.
- Enfatiza o desempenho organizacional.
- Orçamento que expressa, financeira e fisicamente, os
programas de trabalho de governo, possibilitando:
a integração do planejamento com o orçamento;
a quantificação de objetivos e a fixação de metas; Originalmente, integrava o Sistema de Planejamento,
Orçamento- as relações insumo-produto; Programação e Orçamentação introduzido nos Estados
Programa Unidos, no final da década de 1950, sob a denominação
as alternativas programáticas; PPBS (Planning Programming Budgeting System).
o acompanhamento físico-financeiro;
a avaliação de resultados;
a gerência por objetivos.
16
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
- Processo orçamentário que contempla a população no processo Necessidade de uma maior discricionariedade do governo na
decisório, por meio de lideranças ou audiências públicas. alocação dos gastos, a fim de que possa atender os anseios
Orçamento da sociedade.
- Existência de uma coparticipação do Executivo e Legislativo na
Participativo elaboração dos orçamentos. Requer alto grau de mobilização social.
- Transparência dos critérios e informações que nortearão a Deve haver disposição do poder público em descentralizar e
tomada de decisões. repartir o poder.
- Processo orçamentário que se apoia na necessidade de
justificativa de todos os programas cada vez que se inicia um Abordagem orçamentária desenvolvida nos Estados Unidos,
Orçamento novo ciclo orçamentário. pela Texas Instruments Inc., durante o ano de 1969. Foi
Base-Zero - Analisa, revê e avalia todas as despesas propostas e não adotada pelo Estado da Geórgia (governo Jimmy Carter),
apenas as das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já com vistas ao ano fiscal de 1973.
existente.
Orçamento
- Orçamento elaborado através de ajustes marginais nos seus Repetição do orçamento anterior acrescido da variação de
Incremental (ou
itens de receita e despesa. preços ocorrida no período.
Inercial)
- Critério de alocação de recursos através do estabelecimento de
Esse percentual único serve de base para que os
Orçamento um quantitativo financeiro fixo (teto), obtido mediante a aplicação
órgãos/unidades elaborem suas propostas orçamentárias
com Teto Fixo de um percentual único sobre as despesas realizadas em
parciais.
determinado período.
Tabela adaptada a partir da existente no texto A Programação Orçamentária com Base nas Metas Fiscais_BNDES – Disponível na Biblioteca do curso
17
Coordenação geral de educação a distância
Orçamento Público: Elaboração e Execução
acatar o veto ou rejeitá-lo. Nessa última opção, o projeto em questão será remetido ao
presidente da República para promulgação.
9
Integra a Lei Orçamentária Anual e refere-se ao orçamento dos Poderes da União, seus fundos,
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
poder público.
10
Integra a Lei Orçamentária Anual, e abrange todas as entidades, fundos e fundações da
administração direta e indireta, instituídos e mantidos pelo poder público, vinculados à Seguridade
Social.
11
Integra a Lei Orçamentária Anual e refere-se ao orçamento de investimento das empresas em que a
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Afinal, o que são os princípios orçamentários? De um modo objetivo, podemos dizer que: os
princípios orçamentários são aquelas regras fundamentais que funcionam como norteadoras
da prática orçamentária. É um conjunto de premissas que devem ser observadas durante
cada etapa da elaboração orçamentária.
Um sentido mais rigoroso para esse conceito foi expresso por SANCHES (1997):
Segundo SILVA (1962), "esses princípios não têm caráter absoluto ou dogmático, mas
constituem categorias históricas e, como tais, estão sujeitos a transformações e
modificações em seu conceito e significação".
Nesse sentido, é bom ter em mente que a instituição dos princípios orçamentários remonta
os tempos do Estado Liberal12, época em que as finanças públicas eram pouco complexas.
Ao analisar os princípios orçamentários, podemos dividir, para fins deste estudo, em duas
categorias distintas: os princípios orçamentários clássicos (ou tradicionais) e os princípios
orçamentários modernos (ou complementares).
12
Refere-se aqui ao período em que Adam Smith desenvolveu suas idéias sobre o liberalismo
econômico, a partir do final do século XVIII.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Muitos autores reconhecem que vários princípios orçamentários tradicionais estão acolhidos
na ordem jurídica brasileira13, seja de modo mais ou menos explícito. A seguir, destacam-se
alguns dos princípios orçamentários clássicos mais representativos.
13
A Lei no 4.320/64 acolhe e explicita esses princípios. Para um melhor entendimento sobre o assunto
ver Edição Comentada publicada pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE
PRINCÍPIO DA CLAREZA
Pelo princípio da clareza, o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a qualquer
indivíduo.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
No princípio da exclusividade, verifica-se que a lei orçamentária não poderá conter matéria
estranha à fixação das despesas e à previsão das receitas. Esse princípio está previsto no
art. 165, § 8º, da Constituição, incluindo, ainda, sua exceção, haja vista que a LOA poderá
conter autorizações para abertura de créditos suplementares e a contratação de operações
de crédito, inclusive por antecipação de receita orçamentária.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Segundo esse princípio, nenhuma parcela da receita poderá ser reservada ou comprometida
para atender a certos ou determinados gastos. Trata-se de dotar o administrador público de
margem de manobra para alocar os recursos de acordo com suas prioridades. Em termos
legais, a Constituição Federal, em seu art. 167, inciso IV, veda a vinculação de receita de
impostos a uma determinada despesa, as exceções previstas referem-se à repartição de
receitas em razão dos fundos de participação dos estados e municípios, bem como aqueles
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da unidade orçamentária diz que o orçamento é uno. Ou seja, todas as receitas
e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária.
Princípio da uniformidade
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
Determina que todas as receitas e despesa devem constar na peça orçamentária com seus
valores brutos e não líquidos. Esse princípio também está previsto na Lei nº 4.320, de 1964,
em seu art. 6º, que veda qualquer dedução dos valores de receitas e despesas que constem
dos orçamentos.
PRINCÍPIO DA SIMPLIFICAÇÃO
PRINCÍPIO DA DESCENTRALIZAÇÃO
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIZAÇÃO
FINALIZANDO O MÓDULO
Lembre-se de participar dos fóruns temáticos que estarão disponíveis na Escola Virtual.
14
A política fiscal pode ser definida como a coordenação da tributação, dívida pública e despesas
governamentais, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a estabilização da economia. Opera,
basicamente, por meio de três esquemas: tributo sobre a renda e produção, incentivos e abatimentos
fiscais.
15 Será visto adiante que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 4 de maio de 2000, atribuiu à LDO
a fixação de diversas metas fiscais, incluindo as de resultado primário e nominal.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Os resultados fiscais podem ser apurados de duas maneiras diferentes: acima da linha e
abaixo da linha. Na metodologia “abaixo da linha”, o Banco Central se responsabiliza pela
apuração, em função da variação da dívida líquida do governo, em razão das informações
que apura junto ao setor financeiro. Já o critério “acima da linha” é que se utiliza para efeito
da elaboração dos orçamentos da União.
Nesse critério, utiliza-se a estatística fiscal desagregada na qual são considerados os fluxos
de receitas e de despesas orçamentárias durante o exercício. Com base nessa metodologia,
dois resultados são analisados: o resultado primário e o resultado nominal.
16
Para um amplo entendimento sobre a metodologia, consultar "Finanças Públicas - Teoria e Prática no
Brasil”. Cap. 2. Giambiagi & Além, 1999. Ed. Campus.
17
As receitas não-financeiras representam o total da receita orçamentária deduzida das operações de
crédito e seus retornos – juros e amortizações -, das provenientes de aplicações financeiras, de
empréstimos concedidos, de privatizações e de superávits financeiros.
18
Nas despesas não–financeiras, considera-se o total da despesa orçamentária deduzidas as despesas
com juros e amortizações da dívida interna e externa, com a aquisição de títulos de capital integralizado
e as decorrentes da concessão de empréstimo com retorno garantido.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Nesse caso específico, não há nenhuma meta de economia estabelecida pelo estudante (no
caso de um governo – meta de resultado primário). Assim, ao final do mês, o estudante
possui um resultado primário (confronto entre suas receitas e despesas primárias) de: 1.000
– (500+200+150) = R$ 150.
Caso houvesse uma meta de economia (em razão da necessidade do pagamento de uma
dívida contraída anteriormente) de, por exemplo, R$ 200, o estudante deveria aumentar
suas receitas (arrumar outro emprego ou ganhar na loteria) ou reduzir seus gastos (procurar
um aluguel mais barato ou deixar e ir ao cinema por algum tempo), de forma a gerar, por
mês, um resultado R$ 50 a maior.
Por outro lado, o resultado nominal é obtido pela incorporação das despesas decorrentes
do pagamento dos juros nominais líquidos19 ao resultado primário, o que representa a
quantidade de recursos que o setor público precisa para financiar seu déficit ou, no caso de
superávit, o quanto este tem de capacidade para amortizar sua dívida em um determinado
período.
19
Corresponde ao valor total de juros nominais recebidos menos o total pago. Os juros nominais
decorrem de um empréstimo ou financiamento e incluem a correção monetária relativa ao montante
emprestado ou financiado.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Os parâmetros que norteiam a elaboração orçamentária são a base para as estimativas dos
grandes agregados da receita que definirão a programação das despesas públicas.
Algumas pessoas devem lembrar-se de uma expressão muito comum utilizada na mídia e
nas conversas dos curiosos sobre o tema: "O orçamento público é uma peça de ficção".
Em certa medida essa afirmativa foi verdadeira no passado recente brasileiro.
Nos anos 1980 e início dos 1990, passamos por um período de inflação crônica e crescente.
O leitor deve estar perguntando qual a relação disso com a frase citada anteriormente: "O
orçamento público é uma peça de ficção".
Se não há relação, vejamos o que diz a ementa clássica da Lei Orçamentária: "Estima as
receitas e fixa as despesas..."
Nesse momento vamos nos ater apenas a um deles - o chamado efeito-preço, ou seja, o
impacto da inflação prevista para as estimativas das receitas. Por receitas, entendem-se os
impostos, as taxas, as contribuições, receitas de serviços, entre outras.
Nesses anos, a inflação efetiva era bem diferente, quase sempre para mais, em relação à
taxa média de inflação que servia como parâmetro inicial das estimativas das receitas.
No ano de 198X o governo federal enviou o projeto de lei orçamentária para o ano 198X+1.
A inflação prevista para 198X estava muito alta, na faixa de 60% ao ano.
A posição do governo era delicada porque não poderia sinalizar para os agentes
econômicos que a inflação iria continuar naquele patamar, muito menos aumentar, como
ocorreu em muitos anos.
Com isso, o parâmetro de inflação, base para estimativas das receitas e também para os
cálculos de custos das despesas, era menor do que efetivamente ocorria na prática.
Com a inflação alta, a arrecadação dos impostos crescia principalmente naqueles que
sofriam maior influência da inflação - os que incidem sobre consumo de bens e serviços.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Resultado:
Dissociação da Lei Orçamentária com sua execução.
Imagine um projeto de construção de uma escola cujo custo foi estimado em mil unidades
monetárias da época.
No projeto do orçamento, previa-se uma inflação média para o ano seguinte de 30%, que a
grosso modo levaria a escola a custar 1,3 mil. Porém, na realidade, a inflação foi de 80%.
20
O orçamento é elaborado em valores nominais. A diferença de um valor nominal para outro expresso
em termos reais é a inflação.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
No Brasil, o orçamento-programa foi introduzido no final dos anos 1960. Todavia, por vários
motivos - como a inflação persistente dos anos 1980 e início dos 90, tratado no tópico
anterior, e outros, que demandariam considerações mais extensas -, nunca foi
implementado de forma satisfatória.
Com a reforma dos orçamentos21 da União, posta em prática a partir de 2000, houve um
resgate dos principais fundamentos do orçamento-programa, porém, de forma mais
simplificada. No momento atual, tem-se dado ênfase ao aspecto gerencial e de resultados
da atuação governamental.
O ano de 2012 representa uma alteração no modelo de PPA, até então vigente. Até 2011, o
programa era o módulo de integração entre os orçamentos e o Plano. A partir de 2012, essa
figura passa a ser desempenhada pela Iniciativa.
21
Sobre a reforma dos orçamentos, ver Coutinho (2000) e Core (2001).
22
Para maiores detalhes, acesse a Biblioteca e leia mais sobre as Orientações para Elaboração do
Plano Plurianual 2012-2015, elaborado pela Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos –
SPI, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Cada elemento do Plano será detalhado mais a frente, mas o importante a notar é a
mudança do conceito de programa, que passa a representar um instrumento de organização
da ação de governo, com vistas à consecução dos objetivos pretendidos.
Nesse sentido, o problema era entendido como a consequência de uma ou várias causas. O
objeto da ação atuava sobre a causa ou causas do problema.
Para o PPA 2012-2015, as dimensões vistas anteriormente são materializadas a partir das
seguintes categorias:
Nesse modelo atual de PPA, as ações não constam do Plano, figurando apenas nos
orçamentos anuais. As definições e tipos de ações advém da Portaria nº 42, de 14 abril de
1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão. Tais conceitos têm sido reforçados ao
longo dos anos pelas Leis de Diretrizes Orçamentárias Anuais.
De acordo com tal Portaria, a ação orçamentária é a representação financeira que contribui
para o alcance das finalidades pretendidas por cada iniciativa. Pode haver mais de uma
ação para cada iniciativa, da mesma forma que pode haver uma única ação para uma única
iniciativa. As ações orçamentárias se dividem em três tipos: atividades, projetos e operações
especiais24. O enquadramento de uma ação em um dos três itens depende do efeito gerado
pela sua implementação.
TIPOS DE AÇÕES
PROJETO
Instrumento de programação envolvendo um conjunto de operações, limitadas no
tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou
aperfeiçoamento da ação do governo.
ATIVIDADE
23
Existem ainda os programas “operações especiais”, compostos integralmente por ações do tipo
“operações especiais”. Esses programas figuram apenas nos orçamentos anuais e não constam do PPA.
24
Para efeitos do PPA 2012-2015, as iniciativas podem conter, além das ações orçamentárias,
financiamento extraorçamentário e medidas institucionais/normativas. Esses dois itens figuram apenas
no PPA e não constam dos Orçamentos Anuais.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
OPERAÇÃO ESPECIAL
São despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou
aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto e não
geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. A ausência de
produto, no caso das operações especiais, deve ser caracterizada em relação ao
ciclo produtivo objeto da orçamentação. Particularizando o orçamento da União,
estaremos diante de operação especial quando o seu gestor (ou gestores) não
combina fator de produção nem se responsabiliza pela geração do produto, que
se materializa em um outro ciclo orçamentário (estado, município, por exemplo).
Conforme consta do Manual Técnico de Orçamento de 2012 (MTO- 2012), publicado pela
Secretaria de Orçamento Federal25, listam-se a seguir os principais exemplos de operações
especiais:
25
Disponível no site: www.portalsof.planejamento.gov.br
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
outras.
LOCALIZAÇÃO DO GASTO
As atividades, os projetos e as operações especiais são desdobrados em
subtítulos para especificar a localização geográfica integral ou parcial das ações.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A) Programas Temáticos:
CÓDIGO: destina-se a organizar a ordenação dos programas, para efeito do
seu cadastramento no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento
(SIOP). O mesmo código é utilizado no PPA e no Orçamento Anual.
TÍTULO: Deve retratar o tema no qual o poder público pretende atuar.
CONTEXTUALIZAÇÃO: deve conter alguns elementos que assegurem:
o uma interpretação ampla e clara do tema tratado;
o o levantamento das oportunidades e desafios associados;
o as realidades locais que a política pública deve abranger;
o quais as mudanças que se deseja realizar;
o a compatibilidade dos desafios que vierem a constar dos objetivos; e
o quando possível, a inter-relação com os planejamentos setoriais.
INDICADOR: instrumento que auxilia no monitoramento e avaliação do
programa ao permitir a identificação e/ou aferição de alguns de seus
aspectos. O indicador deverá conter:
o denominação – nome do indicador que retrate a relação de fatores
que se pretenda acompanhar;
o fonte - órgão responsável pelo registro ou produção das informações;
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
B.1) Atributos:
26
Voltaremos a tratar do conceito dessas classificações no Módulo IV.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A) OBJETIVO
O objetivo expressa o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela
implementação de um conjunto de iniciativas, com desdobramento no território. Cada
programa temático pode ter um ou mais objetivos.
B) Iniciativa
A iniciativa, como já foi visto anteriormente, declara as entregas à sociedade de bens e
serviços, resultantes da coordenação de ações orçamentárias e outras - ações institucionais
e normativas -, bem como da pactuação entre entes federados, entre Estado e sociedade e
da integração de políticas públicas.
É em função da iniciativa que podemos verificar o elo entre o PPA e o Orçamento, haja vista
que é a partir das iniciativas que são formuladas as ações orçamentárias. Para cada
iniciativa podem se relacionar uma ou mais ações. Entretanto, poderá haver outras fontes de
financiamento além do orçamento.
Procure ler o material com atenção, tendo em vista os conceitos apresentados, de forma a
perceber a lógica de sua construção e seus elementos constitutivos.
FINALIZANDO O MÓDULO
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Lembre-se de participar dos fóruns temáticos que estarão disponíveis na Escola Virtual.
Neste módulo será apresentada uma síntese das etapas do ciclo de alocação dos recursos
públicos, expressa no orçamento.
META FISCAL
Portanto, é a partir desse número estabelecido na meta fiscal que o orçamento começa a
ser elaborado. De acordo com a estimativa da receita, descortina-se o espaço para a fixação
da despesa.
27
Conforme o parágrafo primeiro, do artigo primeiro da LRF: "A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas..." No artigo quarto da mesma Lei, o parágrafo primeiro dispõe: "Integrará o projeto de lei de
diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores
correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da
dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes."
28
Em orçamentos públicos o superávit significa uma receita superior à despesa decorrente de um
aumento da arrecadação ou um decréscimo dos gastos. Por sua vez, déficit representa, em geral, um
valor expresso em dinheiro, correspondente à diferença entre as receitas e as despesas, ou seja, o que
falta para que as receitas se igualem às despesas.
29
Para 2013, o resultado fiscal das empresas estatais deverá ser de R$ 0,00. Isso significa que tais empresas
estatais, que figuram do orçamento de investimentos, ficam dispensadas de fazer superávit em relação ao
orçamento aprovado para 2013. Entretanto, tais empresas não podem gerar déficits. Caso ocorra, o valor deverá ser
compensado pelos orçamentos fiscal e da Seguridade Social, conforme regra expressa na LDO 2013.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Como exemplo disso, temos os chamados efeitos preço, renda e legislação. Esses efeitos
afetam o nível das receitas, se configurando em parâmetros fundamentais para suas
estimativas.
EFEITO PREÇO
EFEITO RENDA
O mesmo raciocínio pode ser utilizado para o efeito-renda. A diferença está que, em vez da
inflação, o parâmetro considerado é o crescimento do produto - da renda da economia.
Parte-se do princípio que, se houver variação no PIB - que equivale à variação da renda
agregada -, as receitas públicas também variarão.
LEGISLAÇÃO
Existem, também, outros fatores que influenciam alguns itens específicos de receitas, como
é o caso da variação da taxa de câmbio em relação ao comportamento da receita do
imposto de importação, para citar um exemplo. De forma semelhante, as receitas próprias
das unidades podem variar em virtude do nível de serviços que essas prestam.
Vale salientar que as estimativas são efetuadas segundo os tipos das receitas. Por exemplo,
o imposto de renda apresenta uma “sensibilidade” em relação ao parâmetro de preço
diferente do imposto sobre produtos industrializados. As receitas de prestações de serviços
variam em função também de outros fatores. Daí existe um acompanhamento específico
para cada tipo de receita orçamentária, envolvendo os diversos atores responsáveis pelas
receitas públicas.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
CÁLCULO DA NFGC
No ciclo orçamentário, o cálculo das necessidades de financiamento serve como guia para
acompanhamento dos principais agregados de receita e despesa públicas. Nesse sentido, a
meta de resultado e a previsão das receitas contabilizadas limitarão a fixação do nível das
despesas públicas.
30
Dentre as principais transferências da União para os estados, o DF e os municípios, previstas na
Constituição, destacam-se:
- Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE);
- Fundo de Participação dos Municípios (FPM);
- Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados;
- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização dos Profissionais da
Educação - FUNDEB;
- Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ( ITR).
31
Contratual: compromissos de entidade pública decorrentes de operações de crédito, com o objetivo
de atender às necessidades dos serviços públicos, tendo em vista que os recursos alocados no
orçamento podem não ser suficientes para tal objetivo. Mobiliária: parte da dívida fundada que é
representada por títulos da dívida pública do governo emissor (federal, estadual ou municipal). Ela pode
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
ser dita de curto prazo, quando as obrigações decorrentes tiverem vencimento até o término do
exercício seguinte, ou de longo prazo, quando as obrigações tiverem vencimento posterior ao término
do exercício seguinte.
32
Art. 17, da LRF. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,
medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
execução por um período superior a dois exercícios.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Vale lembrar que existe outro fator que limita a margem de manobra da alocação das
despesas discricionárias – a vinculação de determinadas receitas a áreas ou tipos de
despesas específicas. Esse fator condiciona previamente boa parte da destinação das
despesas discricionárias. Esses aspectos configuram a chamada rigidez orçamentária, que
caracteriza os orçamentos públicos no Brasil.
Vale relembrar que essa metodologia do enfoque programático garante a integração dos
orçamentos com os planos plurianuais. Afinal, os programas são módulos comuns desses
dois instrumentos de planejamento.
33
Trata-se de um banco de informações que registra e consolida as propostas de desenho da
programação dos diversos atores que compõem o Sistema de Planejamento e Orçamento da União. O
processo conta com a participação dos órgãos, sendo consolidado no Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, por intermédio da Secretaria de Orçamento Federal e da Secretaria de
Planejamento e Investimentos Estratégicos.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
o cotejo do "o que se quer fazer" com "o que se pode fazer", a partir de uma limitação
financeira (restrição orçamentária), do que derivam escolhas de alocação. Alguma
programação acaba sendo preterida em relação a outra, conforme as prioridades definidas
pelos agentes do sistema orçamentário.
No enfoque programático identifica-se "o que vai ser feito", "como vai ser feito" e "onde vai
ser feito" (localização do gasto). A partir dos limites monetários que são dados no
detalhamento da proposta, os órgãos decidirão "quanto será feito" (as metas) em função do
custo previsto para cada ação e a partir de qual fonte de financiamento, em função da
receitas previstas.
A figura a seguir mostra um esquema das informações necessárias para a programação das
despesas orçamentárias, identificando a programação qualitativa definida no âmbito dos
cadastros com o detalhamento físico e monetário anual.
Nesse sentido, os órgãos (ou ministérios, no caso da esfera federal) fazem suas propostas,
que são enviadas para o órgão central do sistema orçamentário (a Secretaria de Orçamento
Federal, no caso da União), cujo papel é analisar e consolidar essas propostas
orçamentárias.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Em função do caráter dinâmico que o processo orçamentário tem, o órgão central acaba
realizando uma série de ajustes negociados com os órgãos setoriais, necessários à
compatibilização da proposta setorial, decorrentes de revisão das estimativas de receitas e
despesas. Essa circunstância ocorre durante todo o processo, uma vez que as estimativas
de receita, o nível das despesas obrigatórias e os limites das despesas discricionárias
podem sofrer alterações a partir de fatos não previstos.
Depois de todos os ajustes de valores, uma série de compatibilizações são realizadas nas
classificações orçamentárias, o que inclui o fonteamento da despesa (alocação final das
fontes de recursos). Por fim, é feita a consolidação da proposta orçamentária nos volumes a
serem encaminhados ao Congresso Nacional.
Antes disso, ocorrem uma série de etapas que caracterizam a fase legislativa, como foi visto
no módulo I:
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Como vimos, a meta fiscal é um parâmetro essencial a ser perseguido, tanto na etapa de
elaboração como na etapa de execução orçamentária, para todas as esferas de governo,
conforme as determinações da LRF.
Desse modo, às vésperas da execução orçamentária começar, é feita uma reestimativa dos
principais agregados de receitas e despesas, que norteará o primeiro bimestre de execução.
Nos últimos anos, tem acontecido a publicação dos chamados decretos de
contingenciamento, que limitam e restringem a movimentação financeira e orçamentária.
Essas providências impõem um novo limite sobre o gasto autorizado na Lei Orçamentária.
Veja a seguir o que dispõe a LRF sobre essa questão.
FINALIZANDO O MÓDULO
Lembre-se de participar dos fóruns temáticos que estarão disponíveis na Escola Virtual.
34
Essa questão será abordada no módulo específico sobre execução orçamentária.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Com base nesta ideia, fica fácil perceber como as classificações orçamentárias assumem a
condição de protocolo no trânsito das informações contidas em uma peça orçamentária. As
indagações que surgem da leitura dessa peça costumam se dissipar ao interpretar-se o
classificador. Veja como isso fica claro no apontamento de Core (2001):
As despesas e receitas públicas podem ser classificadas de acordo com vários aspectos. O
propósito destas classificações, como indicado até aqui, é facilitar sua avaliação, antes,
durante e depois da sua execução/realização.
35
CUNHA, Armando Moreira da. Apud CORE, idem.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A seguir, veremos algumas das classificações mais úteis na elaboração dos orçamentos
públicos, especialmente para o da União.
Classificação Institucional;
Classificação Funcional;
Classificação por Natureza da Despesa;
Classificação por Fontes de Recurso;
Identificador de Uso;
Esfera Orçamentária;
Identificador de Resultado Primário.
A reforma em questão prevê que cada nível de governo passará a ter a sua estrutura
programática própria, adequada à solução dos seus problemas, e originária do seu plano
plurianual. Assim, não há mais sentido falar em classificação programática, mas, sim, em
estruturas programáticas diferenciadas de acordo com as peculiaridades locais. Como já foi
visto, a reforma considerou que os programas servem de elo entre o planejamento e o
orçamento, evidenciando, por intermédio das ações que o constituem, os bens e serviços
que dele resultam. Entretanto, com o novo Plano Plurianual de 2012-2015, esse papel de
elo entre o Plano e o Orçamento passou a ser exercido pelas iniciativas, que representam
um desdobramento do Programa, conforme vimos no Módulo II.
36
Não é considerada um classificador, porém, é representada por meio de códigos numéricos que se
incorporam à classificação da despesa.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Com relação aos três últimos dígitos (38101), estes designam a UO que é a responsável
pelas ações orçamentárias em seu nível mais detalhado. No orçamento da União, está
convencionado que o primeiro dos três últimos dígitos (38101) designa a natureza da UO,
conforme descrição abaixo:
1 Administração direta
2, 3 ou 4 Administração indireta
9 Fundo38
37
Disponível na Biblioteca.
38
Fundo: pode ser compreendido como um conjunto de recursos com a finalidade de desenvolver ou
consolidar, por meio de financiamento ou negociação, uma atividade pública específica.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
É útil saber que uma UO não corresponde, necessariamente, a uma estrutura administrativa.
Como exemplo disso, podemos citar as classificações:
O modelo atual de classificação funcional foi também introduzido pela reforma gerencial do
orçamento, no ano de 2000. Seu escopo principal é a identificação das áreas em que as
despesas ocorrem. Em sua lógica, há uma matricialidade, ou seja, as subfunções poderão
ser combinadas com funções diferentes daquelas a que estejam vinculadas.
A classificação funcional (por funções e subfunções) serve como um agregador dos gastos
do governo, evidenciando a programação a partir de grandes áreas de atuação
governamental. Por ser de uso comum, e obrigatório para todas as esferas de governo, este
classificador permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. Nesse mesmo
sentido, pode-se formular estatísticas que evidenciem as linhas gerais na destinação dos
recursos públicos.
A partir dessas informações, pode-se ficar sabendo qual o nível de gastos com a função
cultura ou segurança, por exemplo, ou o nível de gastos com a subfunção meteorologia ou
habitação rural. Também é possível levantar essas informações associadas a um
determinado espaço administrativo (região, estado ou município), de modo a obter-se
conclusões relevantes, como o nível de gastos com a subfunção Educação de Jovens e
Adultos na Região Norte.
Para Burkhead (apud GIACOMONI, 2000), um estudioso do orçamento público, esse tipo de
classificação pode proporcionar informações relevantes sobre a contribuição do governo à
renda nacional e se essa contribuição está aumentando ou diminuindo.
Pode indicar, também, a parcela relativa da formação de capital de uma nação, propiciada
pelo setor governamental. Ela pode indicar, por meio da comparação de períodos fiscais, se
o governo está contribuindo para criar pressões inflacionárias, em virtude de suas atividades
estimularem a demanda ou se suas ações têm caráter deflacionário. Esse tipo de
classificação pode ainda informar qual o impacto das atividades governamentais: se por
meio de transferências ou pelo uso direto de recursos.
gerais de consolidação das contas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, a classificação por natureza da despesa compõe-se de:
I - Categoria Econômica
39
Despesas Correntes: classificam-se nesta categoria todas as despesas que não contribuem,
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Estão abrangidas nesta categoria as
despesas com o pagamento de pessoal e encargos sociais, com o pagamento de juros, comissões e
outros encargos de operações de créditos contratadas e da dívida pública mobiliária, bem como com a
manutenção administrativa da máquina pública.
40
Capital: nesta categoria estão inseridas aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a
formação ou aquisição de um bem de capital. Abrangem as despesas como o planejamento e a
execução de obras, a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente, compra de títulos
representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer natureza, bem como com o
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
MODALIDADE DE APLICAÇÃO
Como serão aplicados os recursos?
Indica se os recursos serão aplicados diretamente pela unidade detentora do crédito
orçamentário ou transferidos, ainda que na forma de descentralização, a outras esferas de
governo, órgãos ou entidades.
20 – Transferências à União;
22 – Execução orçamentária delegada à União;
30 – Transferências aos estados e ao Distrito Federal;
31 – Transferências aos estados e ao Distrito Federal – Fundo a Fundo;
32 – Execução orçamentária delegada a estados e ao Distrito Federal;
35 – Transferências Fundo a Fundo aos estados e ao Distrito Federal, à conta de
recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de
201241;
36 – Transferências Fundo a Fundo aos estados e ao Distrito Federal, à conta de
recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012;
40 – Transferências a municípios;
41 – Transferências a municípios – Fundo a Fundo;
42 – Execução orçamentária delegada aos municípios;
45 – Transferências Fundo a Fundo aos municípios, à conta de recursos de que
tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012;
46 – Transferências Fundo a Fundo aos municípios, à conta de recursos de que trata
o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012;
50 – Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos;
60 – Transferências a instituições privadas com fins lucrativos;
70 – Transferências a instituições multigovernamentais;
71 – Transferências a consórcios públicos;
72 - Execução orçamentária delegada a consórcios públicos;
73 – Transferências a consórcios públicos mediante contrato de rateio à conta de
recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de
2012;
74 – Transferências a consórcios públicos mediante contrato de rateio, à conta de
recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012;
41
Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, dispõe, entre outros assuntos, sobre os valores
mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços
públicos de saúde.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
ELEMENTO DE DESPESA
O que será adquirido?
Não consta da Lei Orçamentária Anual.
São utilizados apenas na execução do orçamento e como informação complementar
na elaboração do mesmo.
Atualmente existe um rol de 99 elementos.
Exemplos:
01 - Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e Reformas dos
Militares
13 - Obrigações Patronais
19 - Auxílio Fardamento
39 - Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica
51 - Obras e Instalações
66 - Concessão de Empréstimos e Financiamentos
91 - Sentenças Judiciais
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
5 - contrapartida de doações.
00 - Recursos Ordinários
01 - Transferências do Imposto sobre a Renda e sobre Produtos Industrializados
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Essa classificação possibilita identificar a qual dos orçamentos definidos no artigo 165, § 5º
da Constituição Federal uma determinada programação está associada.
10 - Orçamento Fiscal
30 - Orçamento de Investimento
Sua utilização, desde a fase de Projeto da LOA, permite uma apreciação correta da
proposta orçamentária, evitando-se intervenções que resultem em redução involuntária do
resultado primário.
0 - financeira;
1 - primária obrigatória (listada em anexo da LDO);
2 - primária discricionária, não abrangida pelo PAC;
3 - primária discricionária, abrangida pelo Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC);
4 - primária constante do Orçamento de Investimento e não considerada na apuração
do resultado primário e não abrangida pelo PAC; e
5 - primária constante do Orçamento de Investimento e não considerada na apuração
do resultado primário e abrangida pelo PAC.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Da mesma forma que as despesas, as receitas públicas são classificadas sob diversos
aspectos.
Como se pode perceber, os níveis antecedentes são agregações das receitas contidas nos
níveis subsequentes.
Repare que, dentro das receitas correntes, estão contidas as receitas tributárias. Perceba
também que, dentro das receitas tributárias, estão contidos os impostos.
Nessa mesma direção, os impostos contêm os impostos sobre o comércio exterior, que, por
sua vez, agregam o imposto sobre a exportação e o imposto sobre a importação.
Vejamos outro exemplo, que vai até a subalínea: 1112.04.10 Pessoas Físicas.
ORIGEM
É uma subdivisão das Receitas Correntes e de Capital, identificando a procedência dos
recursos públicos, em relação ao fator gerador dos ingressos.
42
Relembrando que a referida Lei institui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
43
Receitas Correntes: são os ingressos de recursos financeiros oriundos das atividades operacionais,
para aplicação em despesas correspondentes, também em atividades operacionais, que não decorrem
de uma mutação patrimonial, ou seja, são receitas efetivas.
44
Receitas de Capital: são os ingressos de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas,
amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de componentes do ativo permanente.
45
Essas classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias
econômicas de receita, mas apenas especificações das categorias econômicas “Receita Corrente” e
“Receita de Capital”.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
ESPÉCIE
É o nível de classificação vinculado à origem, composto por títulos que permitem especificar
com maior detalhe o fato gerador dos ingressos.
RUBRICA
É o nível que detalha a espécie, com maior precisão, especificando a origem dos recursos
financeiros. Agrega determinadas receitas com características próprias e semelhantes entre
si.
ALÍNEA
É o nível que apresenta o nome da receita propriamente dita e que recebe o registro pela
entrada de recursos financeiros.
SUBALÍNEA
Constitui o nível mais analítico da receita, usado quando houver necessidade de maior
detalhamento da alínea.
46
Para fins de classificação orçamentária, a origem “Receita Tributária” agrega apenas as espécies
“Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria”. Da mesma forma, para fins de classificação
orçamentária a origem “Receita de Contribuições” é diferenciada da origem “Receita Tributária”.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A receita é classificada, ainda, como Primária (P) quando seu valor é incluído na apuração
do Resultado Primário, no conceito acima da linha, e Não Primária ou Financeira (F) quando
não é incluída nesse cálculo. As receitas financeiras são basicamente as provenientes de
operações de crédito (endividamento), de aplicações financeiras e de juros. As demais
receitas, provenientes dos tributos, contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais e
de serviços são classificadas como primárias.
FINALIZANDO O MÓDULO
Lembre-se de participar dos fóruns temáticos que estarão disponíveis na Escola Virtual.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
47
Principal instrumento de administração orçamentária e financeira da União que oferece suporte aos
órgãos centrais, setoriais e executores da gestão pública, tornando absolutamente segura a
contabilidade da União. Ligados ao sistema, encontram-se todos os órgãos da Administração Direta,
Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista e Órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário e do Ministério Público da União. Por meio do Siafi, são obtidas as informações
que subsidiam o Balanço Geral da União e os relatórios de execução do orçamento e de administração
financeira, que compõem a demonstração das contas apresentadas ao Congresso Nacional pelo
Presidente da República, em conformidade com a Constituição.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Pode-se definir a Execução Orçamentária como a utilização dos créditos (ou dotações)
consignados no orçamento. Já a execução financeira representa a utilização dos recursos
financeiros, visando a atender a realização das ações orçamentárias atribuídas a cada
unidade.
No caso federal, a Secretaria de Orçamento Federal (Sof) envia arquivo magnético contendo
as informações orçamentárias para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que
providencia seu lançamento no Siafi, por intermédio da geração automática do documento
Nota de Dotação (ND). Para viabilizar esse lançamento, existe no Siafi uma tabela que
vincula cada UO existente no Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD48) com uma
Unidade Gestora (UG) do Siafi. Essa UG será responsável pela descentralização e/ou pela
execução desses créditos recebidos.
48 Demonstrativo que detalha as dotações relativas a cada ação, até o nível de elemento de despesa
por UO.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
NOTA DE DOTAÇÃO
49 Lembre-se que é a UG que descentraliza ou executa os créditos recebidos por meio da Nota de
Dotação (ND).
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
classificação pode ser composta de até seis dígitos, podendo ser detalhada por obrigação,
convênio ou cadastro.
Esse tipo de detalhamento é obrigatório para algumas fontes de recursos, sem o qual o Siafi
não permite que o crédito seja utilizado.
Dependendo das regras dispostas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), poderá haver
regras específicas para alteração da modalidade de aplicação.
No caso de elemento, não é preciso nenhum ato formal, somente a sua simples mudança
no Siafi.
50 Lembre-se que, conforme a Portaria Interministerial Sof/STN nº 163, a natureza da despesa será
complementada pela informação gerencial denominada Modalidade de Aplicação.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Após esses detalhamentos, fica evidente que a estrutura de armazenamento dos valores
orçamentários no Siafi é a célula orçamentária.
Esfera
Unidade Orçamentária (UO)
Programa de Trabalho (PT)
Fonte de Recursos (FR)
Natureza de Despesas (ND)
Unidade Gestora Responsável (UGR)
Plano Interno (PI)
Ambas as formas da descentralização de crédito no Siafi são realizadas por meio de Nota
de Movimentação de Crédito (NC).
51
Descentralização Externa é a movimentação de créditos orçamentários entre órgãos distintos.
52
Descentralização Interna é aquela realizada no âmbito de um mesmo órgão.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
DESCENTRALIZAÇÃO DE CRÉDITO
Todos esses ajustes, caso sejam feitos, alteram de alguma forma a posição inicial da LOA
e se dividem em créditos adicionais e outras alterações orçamentárias. Os créditos
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
adicionais estão relacionados aos itens “a” e “b”, citados anteriormente, e as outras
alterações orçamentárias, relacionadas ao item "c".
De acordo com art. 41, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, os créditos adicionais se
dividem em suplementares, especiais e extraordinários.
CRÉDITOS SUPLEMENTARES
Destina-se ao reforço de dotação orçamentária. Para tanto, há necessidade de que a
programação (em termos de subtítulo/localizador) exista na Lei Orçamentária Original.
Outro dispositivo legal que guia esse tipo de crédito se encontra no art. 165, § 8º, da
Constituição Federal. Este artigo disciplina o conteúdo exclusivo da LOA, pois não existirá
dispositivo diverso à previsão de receita e à fixação da despesa. Uma das exceções é a
autorização para abertura de créditos suplementares pelo Poder Executivo, ou seja, por
meio de Decreto Presidencial. Os créditos suplementares terão vigência limitada ao
exercício em que forem abertos.
CRÉDITOS ESPECIAIS
Destinados a despesas, para as quais não haja dotação orçamentária específica (em
termos de subtítulo/localizador), devendo ser autorizados exclusivamente por lei. Dessa
forma, um crédito especial sempre será necessário caso o subtítulo não exista.
Os créditos especiais não poderão ter vigência além do exercício em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses
daquele exercício, casos em que poderão ser reabertos, nos limites dos seus saldos, por
Decreto do Poder Executivo.
CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS
Destinados a despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guerra, calamidade
pública ou comoção interna, conforme preconiza o § 3º, art. 167, da Constituição Federal.
Tais créditos serão abertos por medida provisória, sendo submetidos de imediato ao
Congresso Nacional. As medidas provisórias deverão ser convertidas em lei num prazo de
60 (sessenta) dias a contar da data de sua publicação, podendo ser prorrogado por igual
período, momento em que deverá ser editado um decreto legislativo que trate do assunto.
Os créditos extraordinários também não poderão ter vigência além do exercício em que
forem autorizados, salvo se o ato de autorização (medida provisória) for promulgado nos
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
últimos quatro meses daquele exercício, casos em que poderão ser reabertos, nos limites
dos seus saldos, por decreto do Poder Executivo.
Para possibilitar a abertura dos créditos suplementares e especiais, deverão ser indicadas
as origens dos recursos para viabilizar tais alterações, além de ser necessária exposição
de justificativa previamente à abertura do ato. De acordo com o § 1º, art. 43, da Lei nº
4.320, de 1964, são consideradas as seguintes origens de recursos:
EXCESSO DE ARRECADAÇÃO
Por fim, o produto das operações de crédito necessita de autorização prévia para
sua execução, ou seja, não basta apenas a autorização do crédito, a operação deve
contar com autorização específica. Nesse aspecto, de acordo com o art. 52, incisos
V a IX, da Constituição Federal, compete ao Senado Federal estabelecer limites e
outras condições para a realização de operações de crédito de interesse da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.
Existem outras alterações que podem ser feitas à LOA aprovada, ou ainda em
relação aos seus créditos adicionais abertos. Tais alterações visam a modificar os
classificadores de receita ou despesa, de forma a viabilizar ou corrigir a execução
de uma programação. Entretanto, essas outras alterações orçamentárias não
modificam, em nenhuma hipótese, o valor total alocado para cada subtítulo, seja
considerando a LOA ou os seus créditos adicionais. Essas modificações versam
sobre alguns classificadores, que constam ou não da LOA, abrangendo:
remanejamento;
excesso de arrecadação; e
superávit financeiro.
Modalidade de Aplicação
As modalidades de aplicação poderão ser alteradas sempre que se verifique a
necessidade de sua adequação frente à forma de execução de alguma
programação. As alterações desse classificador podem ser feitas diretamente
no Siafi pela Unidade Orçamentária (UO), sem necessidade de publicação de
ato forma, ou pela publicação de Portaria do dirigente máximo do órgão ao
qual estiver vinculada a UO, em razão das regras existentes na LDO,
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Identificador de Uso
Esses identificadores poderão ser modificados, em razão da necessidade de
adequar a execução de alguma programação. Tais modificações necessitam
de publicação de Portaria da Secretaria de Orçamento Federal para sua
efetivação.
a única restrição imposta pela LDO diz respeito à destinação diversa dos
recursos alocados para contrapartida nacional, salvo se por intermédio
de crédito adicional com autorização específica. Ou seja, qualquer
alteração que envolva a redução de identificador relacionado com a
contrapartida nacional de operação de crédito ou doação para recurso
livre (Iduso igual a zero) irá necessitar de autorização específica (Lei).
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
DE/PARA
Em função da adequação das estruturas administrativas dos órgãos federais, tendo
em vista a extinção, transformação, transferência, incorporação ou
desmembramento de órgãos e entidades, bem como de alterações de suas
competências ou atribuições, pode haver a necessidade de alterar a
responsabilidade pela execução da programação. Tal modificação deve estar
autorizada na LDO ou na LOA, e será viabilizada por decreto presidencial.
1- EMPENHO
que permite reservar parte do crédito orçamentário a ser utilizado após a conclusão do
processo licitatório, quando for o caso.
2- LIQUIDAÇÃO
3 - PAGAMENTO
53
Existem diversas modalidades de Ordem Bancária, que variam em função da modalidade de
pagamento pretendida.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Às Unidades Gestoras Executoras cabe a realização da despesa pública nas suas três
etapas, ou seja: o empenho, a liquidação e o pagamento.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A execução financeira compreende a utilização efetiva dos recursos para realização dos
programas de trabalho definidos no orçamento.
Conforme Hélio Kohama, em Contabilidade Pública, Atlas 1991, restos a pagar são as
despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as
processadas das não processadas.
Portanto, uma vez empenhada a despesa e não sendo paga até o dia 31 de dezembro, será
considerada como restos a pagar, para efeito do encerramento do exercício financeiro.
Em outras palavras, uma vez empenhada a despesa, ela pertence ao exercício financeiro,
onerando as dotações orçamentárias daquele exercício.
5.2.4.1. Classificação
1. PROCESSADOS
2. NÃO PROCESSADOS
5.2.4.2. Inscrição
Os empenhos não anulados, bem como os referentes a despesas já liquidadas e não pagas,
serão automaticamente inscritos em restos a pagar no encerramento do exercício, pelo valor
devido, ou caso seja esse desconhecido, pelo valor estimado. Entretanto, a inscrição de
restos a pagar não processados fica condicionada à indicação pelo ordenador de despesa54.
Os restos a pagar não processados e não liquidados posteriormente terão validade até 30
de junho do segundo ano subsequente ao de sua inscrição, exceto os itens a seguir
relacionados, que serão considerados válidos após essa data:
54
Art. 68 do Decreto 93.872, de 1986, e suas alterações posteriores.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
o do Ministério da Saúde; ou
1- O valor real a ser pago é superior ao valor inscrito. Nesse caso, a diferença deverá
ser empenhada à conta de despesas de exercícios anteriores, de acordo com a
categoria econômica; e
2- O valor real a ser pago é inferior ao valor inscrito. O saldo existente deverá ser
cancelado.
FINALIZANDO O MÓDULO
Terminado o Módulo 5, volte à tela inicial do curso e faça as atividades avaliativas propostas.
Lembre-se de participar dos fóruns temáticos que estarão disponíveis na Escola Virtual.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Lembre-se de ler o Anexo a este Módulo, que trata do Sistema Integrado de Planejamento e
Orçamento (Siop), para que depois você possa responder ao Exercício Avaliativo Final do
curso.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
A seguir trataremos dos principais subsistemas existentes no SIOP, que estão em processo
final de migração do antigo Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor)–:
Subsistema Receita
55
Estrutura composta pelas organizações, recursos humanos, informações, tecnologia, regras e
procedimentos necessários ao cumprimento das funções definidas no processo orçamentário. Em
termos da União, esta estrutura é representada pelo Órgão Central de Planejamento e Orçamento
(Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão), pelos Órgãos Setoriais de Planejamento e
Orçamento (existentes em cada um dos ministérios) e pelas Unidades Orçamentárias (administração
direta, autarquias, fundações, agências reguladoras, empresas públicas e sociedades de economia
mista etc).
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
Subsistema de Pleitos
Aplicativo subsidiário para avaliar pressões sobre o orçamento futuro, além de funcionar
como um instrumento gerencial destinado ao controle da tramitação e análise dos pedidos
de créditos encaminhados à Sof para análise, permitindo identificar, a qualquer momento,
sua evolução e respectivo estágio de andamento. São objeto de acompanhamento
principalmente as solicitações de alterações orçamentárias, mas também as solicitações de
informação ou de providências dirigidas à Sof, que exigem o conhecimento ou decisão do
secretário e/ou dos secretários-adjuntos. O subsistema opera funções de registro de dados
cadastrais dos pleitos/solicitações, a anotação sistemática das análises e proposições
realizadas em nível técnico, enfatizando aspectos facilitadores de consulta que possibilitam,
por meio de filtros de pesquisa, recuperar informações pertinentes a cada um dos pleitos
cadastrados, durante a sua tramitação na Sof.
Captação Qualitativa
Para as ações, as informações que devem ser coletadas tratam dos seguintes itens:
Captação Quantitativa
As solicitações são usualmente iniciadas nas Unidades Orçamentárias, que, por sua vez,
encaminham aos Órgãos Setoriais e estes remetem à Sof. As alterações são agrupadas
conforme critérios oriundos da LOA e LDO, bem como os instrumentos legais que as
concretizaram, sejam decretos, projetos de lei, medidas provisórias etc. Além disso, o
subsistema exige que seja fornecida, por parte do órgão solicitante, uma série de subsídios
que possam justificar ou embasar as solicitações encaminhadas. Algumas dessas
informações deverão ser encaminhadas até o Congresso Nacional.
Diretoria de Desenvolvimento Gerencial
Coordenação Geral de Educação a Distância
EQUIPE RESPONSÁVEL
Conteúdo Original: