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Apostila 01

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Gênesis e Êxodo

Introdução

Bem-vindo ao Encontro com a Palavra. Juntos fa-


remos um estudo de toda a Bíblia, dividido em 33
apostilas. Essa jornada nos levará, do Livro de Gê-
nesis ao Apocalipse, e nos dará uma visão panorâ-
mica de cada Livro da Bíblia. Observaremos a es-
trutura do livro, o seu contexto histórico e, o que é
mais importante, buscaremos uma aplicação para
nossas vidas a partir do ensino de cada livro.

Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso.


Realmente, não é fácil relacionar os acontecimentos
com sua época e o seu significado. Mas, cada ver-
sículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-ca-
beça cujo conteúdo é muito glorioso. Minha oração
é que, no final dessa jornada você tenha adquiri-
do uma compreensão maior de cada livro da Bí-
blia e de como eles se completam e possa situá-lo
dentro da história de Deus com o homem. No final
você terá uma compreensão de como Deus traba-
lhou nos tempos do Velho Testamento; terá tam-
bém compreendido o que mudou com a vinda de
Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo em que
você antes cria no coração, será confirmado na sua
mente e você poderá testemunhar da sua fé com
mais confiança e conhecimento.

Espero que você faça todo o curso e convide ou-

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tras pessoas para que nos acompanhem nesse es-


tudo da Bíblia, o livro mais importante do mundo.
Faça suas malas e prepare-se para embarcar.
Estamos prestes a partir!

Ferramentas Que Serão Utilizadas

Segundo o apóstolo Paulo, a única maneira de não


passarmos vergonha quando o assunto é a Bíblia,
é tornarmo-nos obreiros que manejem bem a Pa-
lavra. A única maneira de entender a Bíblia é saber
usá-la. Por isso, o meu desafio é que você assuma
o compromisso de estudá-la com dedicação e sin-
ceridade. Nenhum livro merece mais dedicação e
empenho da nossa parte do que a Bíblia. Se você
quiser se aprofundar ainda mais nesse estudo,
além de dedicação e empenho a outras ferramen-
tas que o ajudarão a ir mais fundo no conhecimen-
to das Escrituras.

Antes de qualquer coisa você precisa de uma Bíblia


e, se possível, adquira mais de uma tradução. Você
também vai precisar de um caderno para anotações.
Como qualquer outro trabalho, esse será cumprido
com mais facilidade e atingirá melhores resultados
se você possuir as ferramentas certas. O estudo
da Bíblia fica mais produtivo quando se utilizam os
recursos disponíveis. Procure equipar-se com as
ferramentas que mencionamos e você se surpre-
enderá com os resultados.

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CAPÍTULO 01

A Bíblia e Sua Organização


Origem e Significado

Antes de analisar qualquer livro em particular, va-


mos fazer um estudo geral da Bíblia, respondendo
algumas perguntas: Qual a razão desse nome? Por
que a Bíblia é conhecida como “Livro Sagrado”?

“Bíblia” no latim significa “livros”. Portanto a pala-


vra “bíblia” significa uma coleção de livros ou mais,
exatamente sessenta e seis livros. “Sagrado” sig-
nifica “que pertence a Deus” ou “que vem de Deus”.
Portanto, “Bíblia Sagrada” quer dizer literalmente,
“os livros santos de Deus” ou “coleção de livros que
vem de Deus ou que pertencem a Deus”.

A expressão “Palavra de Deus” também é usada


para se referir à Bíblia de acordo com afirmações
feitas pelos apóstolos como, por exemplo, Pedro e
Paulo. Um bom exemplo disso é a citação de II Ti-
móteo 3:14-17: “Tu... que desde a infância sabes as
sagradas letras que podem tornar-te sábio para a
salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a re-
preensão, para a correção, para a educação na jus-
tiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

A Bíblia não é um simples apanhado de escritos

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humanos sobre Deus. Ela contém as palavras do


próprio Deus, escritas por aproximadamente qua-
renta homens, durante um período de 1500 a 1600
anos. O processo pelo qual Deus levou esses ho-
mens a escrever esses livros é chamado de inspi-
ração, cujo significado é: “que foi soprado neles”.
Pedro fez a seguinte descrição desse processo de
inspiração: “porque nunca jamais qualquer profecia
foi dada por vontade humana; entretanto, homens
(santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo
Espírito Santo” (II Pedro 1:21).

A expressão: “movidos pelo Espírito Santo” no ori-


ginal grego traz uma bonita imagem expressa pela
palavra “phero”, que significa “levar de um lado
para outro”. Imagine um barco sendo conduzi-
do pelas ondas ou pelo vento. Essa é a figura para
inspiração, apresentada por Pedro.

Organização

Depois desse esclarecimento sobre a Bíblia, vamos


aprender como ela foi organizada. Diferentemente do
que se possa imaginar, os livros da Bíblia não apa-
recem em ordem cronológica e também não são
agrupados de acordo com as características de
seus respectivos autores. Eles foram organizados
conforme o estilo, ou conforme o tipo de obra que
representam, ou ainda pela mensagem que pos-
suem. A Bíblia possui duas importantes divisões:
o Velho Testamento e o Novo Testamento. Por ra-

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zões óbvias, antes de Jesus a Bíblia não era dividi-


da dessa forma porque não existiam Velho e Novo
Testamento. O Novo Testamento ainda não tinha
sido escrito.
Os livros do Velho Testamento eram chamados de
“As Escrituras” ou a “Palavra de Deus”. Somente
depois que o Novo Testamento foi escrito e organi-
zado é que foi estabelecida essa divisão entre Ve-
lho Testamento e Novo Testamento.

A mensagem principal dos livros do Velho Testa-


mento é: “Jesus está chegando”. De acordo com
as Escrituras, no início Deus e o homem viviam em
harmonia. Mas Deus criou o homem com capa-
cidade de escolher, e ele escolheu afastar-se do
Criador. Como Deus não tolera a rebelião (o peca-
do), Ele também se afastou do homem. Aconteceu,
então, o “divórcio” entre Deus e o homem. Esse di-
vórcio é o problema principal abordado em toda a
Bíblia.

No Velho Testamento Deus pergunta: “vocês acre-


ditam que Eu tenho uma solução para esse divór-
cio?”. No Novo Testamento Ele pergunta: “vocês
acreditam que Eu já resolvi o problema desse di-
vórcio?”. A mensagem do Velho Testamento é: “Je-
sus está chegando e vai reconciliar Deus com Suas
criaturas”. A mensagem do Novo Testamento é a
boa nova de que “Jesus veio e reconciliou o ho-
mem com Deus”.

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Existem outras divisões na Bíblia além da princi-


pal, Novo e Velho Testamento. O Velho Testamento
possui cinco subdivisões.

A primeira subdivisão corresponde aos primeiros


cinco livros, os Livros da Lei. Nesses, Deus estabe-
lece o Seu padrão de justiça; o Seu padrão de certo
e errado.

A seguir vêm os Livros Históricos que em linhas ge-


rais, relatam como às vezes o povo de Deus obe-
decia aos livros da Lei e outras vezes não lhes obe-
decia. Suas histórias servem como exemplos e
advertências para nós. O versículo chave que justi-
fica todo esse relato histórico do Velho Testamento
está no Novo Testamento, em I Coríntios 10:6 “Ora,
estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim
de que não cobicemos as coisas más, como eles
cobiçaram”. Segundo Paulo, tudo o que aconteceu
para o povo de Deus e que está relatado na Bíblia,
serve-nos de exemplo e alerta. O povo foi exemplo
quando obedeceu a Palavra de Deus; e foi alerta e
advertência quando seguiu o seu próprio caminho
e se conduziu conforme sua própria índole.

Aos Livros Históricos seguem-se os Livros Poéti-


cos. Através destes, Deus fala ao coração do povo
que na sua caminhada vive segundo a Palavra de
Deus. O Livro de Jó tem uma mensagem para o
coração do homem que está sofrendo; o Livro dos
Salmos fala aos corações adoradores de Deus; o li-

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vro de Provérbios tem uma mensagem para os que


precisam de sabedoria; o Cântico dos Cânticos fala
aos corações apaixonados. Todos esses livros con-
têm ajuda e encorajamento para o povo de Deus.

A subdivisão seguinte, a maior do Velho Testamen-


to, é chamada de “Os Profetas”. Estes se dividem
em Profetas Maiores e Profetas Menores. São as-
sim chamados, tendo em vista a extensão das suas
mensagens. Os profetas maiores são assim cha-
mados porque escreveram mais; foram mais exten-
sos em expressar suas ideias!

O Novo Testamento também possui cinco subdivi-


sões. A primeira refere-se às quatro Biografias de
Jesus, também chamadas de Os Evangelhos, es-
critas por Mateus, Marcos, Lucas e João. A seguir
vem o Livro de Atos, o único livro histórico do Novo
Testamento. Esse livro é seguido pelas epístolas
ou cartas, classificadas como: Epístolas ou Cartas
Paulinas e Epístolas ou Cartas Gerais. Metade do
conteúdo do Novo Testamento consiste em car-
tas escritas pelo apóstolo Paulo para as igrejas em
crescimento, formadas depois da Ressurreição do
Senhor Jesus. As outras cartas foram escritas por
vários autores. Por último, temos o Livro Profético,
o Livro do Apocalipse.

Durante esse estudo bíblico, tenha em mente a men-


sagem principal do Velho Testamento que é: Jesus
está chegando. Todos os seus livros enfocam esse

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tema; e a mensagem principal do Novo Testamento


que é: Jesus veio. Este é o seu enfoque.

CAPÍTULO 02

Propósito, Autoridade e
Origem da Bíblia.
Propósito

Do Gênesis ao Apocalipse, o assunto principal da


Bíblia é basicamente Jesus Cristo. Não podemos
considerar a Bíblia simplesmente como um livro da
história da civilização ou um livro científico sobre a
criação. Muitos a consideram um livro que contém
bons princípios morais; outros reconhecem Jesus
apenas como um mestre, um exemplo de uma boa
conduta de vida. Mas Jesus Cristo é o tema prin-
cipal da Bíblia. E para apresentar esse tema, a Bí-
blia o faz abordando quatro objetivos. O primeiro é
apresentar Jesus Cristo como o Salvador e Reden-
tor deste mundo. O segundo objetivo é fornecer o
contexto histórico, a origem e a vinda de Jesus.

A partir do capítulo 12 do livro de Gênesis, até o úl-


timo do livro do Apocalipse, os 1.178 capítulos res-
tantes apontam para Abraão e seus descendentes
e principalmente para O Descendente, através de
quem todas as nações da terra são abençoadas:
Jesus Cristo, o Messias.

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Uma vez compreendidos os dois primeiros objeti-


vos, fica mais fácil compreender os dois últimos. O
terceiro objetivo é levar o incrédulo a crer nas es-
crituras e o quarto é mostrar ao crente como Deus
quer que ele viva.

Autoridade

Quem escreveu os livros da Bíblia? Quando?


Onde? Em que línguas eles foram escritos? Exis-
te ainda algum manuscrito original? Quem decidiu
que livros fariam parte da Bíblia e quem a organi-
zou dessa forma que conhecemos hoje? Quando
se começa a estudar a Bíblia, também começam a
surgir essas perguntas.

Vamos, em primeiro lugar, considerar a autorida-


de da Bíblia. Como já dissemos, quem a escreveu
foi Deus, através de homens, dos quais vamos fa-
lar mais tarde. Antes precisamos entender o sig-
nificado de dois termos referentes à autoria divi-
na desses livros. O primeiro termo é “revelação”. A
palavra Revelação é um termo genérico que abran-
ge todas as formas usadas por Deus para revelar
verdades ao homem, seja através da natureza, dos
profetas, do Espírito Santo ou de muitas outras di-
ferentes maneiras. O segundo termo é “inspiração”.
Esse termo se refere a que os teólogos chamam
de “Revelação Especial”. A Bíblia é a revelação es-
pecial de Deus, com começo, meio e fim. Durante
aproximadamente mil e seiscentos anos Deus con-

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duziu homens a escrever esses livros. Depois que


foram escritas as últimas palavras do livro do Apo-
calipse, cessou essa “Revelação Especial” ou essa
“inspiração”. Com essa finalidade ela não acontece
mais.

Agora que já sabemos que foi Deus quem escreveu


os livros da Bíblia, vamos falar dos homens que fo-
ram usados para escrevê-los. Deus usou reis, pes-
cadores, pastores, generais e sacerdotes. Nesse
grupo de escritores encontramos também um ca-
tador de figos, um médico, um publicano; enfim,
uma variedade de tipos humanos.

Origem

Quem decidiu quais eram os escritos que deveriam


ser incluídos na Bíblia e quando ocorreu essa inclu-
são? Por volta do ano 100 d.C. no Concílio Judai-
co de Jamnia, o Velho Testamento foi oficialmente
compilado, apesar de já estar sendo usado há três
ou quatro séculos. No processo de compilação da
Bíblia, foram consideradas a confiabilidade dos au-
tores humanos e sua boa reputação.

A maioria dos livros do Velho Testamento foi escrita


em hebraico; e do Novo Testamento em grego, e fo-
ram selecionados e compilados por volta do ano 692
d.C., no Sínodo de Trullan. Essa seleção foi chamada
de canonização e obedeceu a três critérios:

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1. O escritor foi um apóstolo ou alguém que con-


viveu e trabalhou com um apóstolo.

2. O livro possui conteúdo espiritual ou devocional


que transmite graça àquele que o lê.

3. O conteúdo de cada livro selecionado está de


acordo com o conteúdo dos demais livros inspira-
dos, e as igrejas são unânimes quanto à inspiração
desses livros.

Outra pergunta: como tivemos acesso a livros es-


critos há tanto tempo? Eles foram bem preserva-
dos. Não existe nenhum manuscrito original. Papel
não resiste a tanto tempo. Mas existem cópias de
muita confiabilidade. Em relação às traduções para
as línguas modernas, vale acrescentar que elas têm
sido feitas com muito cuidado.

Conclusão

Como podemos saber que a Bíblia é a Palavra ins-


pirada de Deus? Como podemos ter certeza de que
a escolha dos livros foi correta, que não houve erros
nas cópias nem nas traduções? Há apenas uma
maneira de saber e Jesus disse qual é: “Se alguém
quiser fazer a vontade dele (Deus), conhecerá a
respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se falo
por mim mesmo” (João 7:17). O seu coração dirá.
Quando se busca a Palavra de Deus com desejo
de fazer o que ela ensina, isso faz toda diferença e

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tem-se a convicção de que estamos diante da Pa-


lavra de Deus.

CAPÍTULO 03

Como Estudar a Bíblia

Quando o assunto é estudar a Bíblia, precisamos


ser sábios e cuidadosos. O processo de estudar a
Bíblia compõe-se de quatro fases: observação, in-
terpretação, aplicação e correlação.

A observação vem em primeiro lugar. Depois de ler


uma passagem bíblica você deve responder à per-
gunta: “De que esse texto está falando?”. A seguir
vem a fase da interpretação e a pergunta é: “qual
o seu significado?”. O próximo passo é a aplicação.
Nessa fase a pergunta é: “o que o texto significa
para mim?”. A fase da correlação consiste em des-
cobrir como o texto se relaciona com outros textos
bíblicos.

É importante saber do que as Escrituras Sagra-


das falam e qual o significado do que falam. Se o
aprendizado não resultar em mudanças de com-
portamento, o estudo não terá proporcionado ne-
nhum significado. Descobrimos o significado
individual da passagem, fazendo-se perguntas es-
pecíficas. Para começar, tente essas pergunta:

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• Existe algum exemplo para eu seguir?


• Existe alguma advertência ou alerta para o que
eu deva estar atento?
• Existe algum mandamento a que devo obedecer?
• Existe algum pecado para ser renunciado?
• Existe alguma verdade sobre Deus ou Jesus
Cristo?
• Existe alguma verdade nova para a minha pró-
pria vida?

Quando estudamos a Bíblia devemos observar al-


gumas orientações. Uma delas é: quando você
estiver diante de um texto bíblico, lembre-se que
existe apenas uma interpretação para ele, mas mi-
lhares de aplicações. Você pode ser levado a fazer
uma determinada aplicação, mas dê liberdade ao
Espírito Santo para que o mesmo texto seja aplica-
do de maneiras diferentes na sua própria vida e na
de outras pessoas.

Segunda orientação: como a Bíblia é um livro que


fala a respeito de Cristo, você deve procurar por Ele
em todos os textos bíblicos.

Terceira: quando algum versículo ficar um pouco


confuso para você, procure interpretá-lo à luz de
outros versículos que tenham um significado mais
claro. Existem alguns versículos em que encontra-
mos mais dificuldades para entender e outros que
são mais fáceis. Guie-se pelos mais fáceis para en-

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tender os mais difíceis. Cuidado! Tire de sua men-


te qualquer ideia preconcebida sobre qualquer
texto. Você pode estar cheio de razão numa de-
terminada interpretação, mas também pode estar
completamente errado! Como o Espírito Santo vai
poder lhe ensinar alguma coisa se você acha que já
sabe tudo?

Outra orientação importante, principalmente para


quem dá estudos bíblicos, é estar disposto a aplicar
o ensino bíblico a si próprio e a obedecer-lhe, antes
de se propor a ensiná-lo a alguém. Lembre-se que
Deus fala conosco através da Sua Palavra, por isso,
busque a Palavra de Deus em oração, pedindo a Ele
revelações através do Espírito Santo.

Mais uma orientação: observe sempre o contexto


de qualquer passagem bíblica. Uma palavra fora de
contexto pode adquirir um novo significado. Tam-
bém pode haver uma interpretação diferente do
seu verdadeiro significado, se um versículo for usa-
do fora do seu contexto. Existe grande probabili-
dade de que o estudo isolado de um versículo con-
duza a uma interpretação equivocada.

Tendo estabelecido as bases para o estudo da Pa-


lavra de Deus, vamos iniciar nossa viagem pelo pri-
meiro livro, o livro de Gênesis. Minha oração é que
você entre na Palavra de Deus e deixe que Ela en-
tre em você.

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CAPÍTULO 04

Gênesis - Livro do Começo


O Livro de Gênesis trata do começo de todas as
coisas. A palavra “gênesis” significa “começo” ou
“princípio”. Esse livro marca o começo da Bíblia e
trata também de outros começos. O primeiro deles
refere-se ao começo do mundo.

No livro de Gênesis Deus fala sobre o homem, como


ele era desde a sua criação e como é hoje, ajudan-
do-nos a entender melhor sua natureza. Esse livro
fala sobre o pecado, e se entendermos como o pe-
cado começou, entenderemos também como ele
nos afeta hoje. Além disso esse livro mostra como
Deus se comunicou com o homem pela primei-
ra vez o que nos ajuda a compreender como Ele se
comunica conosco ainda hoje. Trataremos do con-
flito entre Caim e Abel para entendermos os confli-
tos que vivenciamos atualmente.

Dos capítulos seis a nove, temos o relato da primei-


ra catástrofe no mundo; uma inundação. Essa his-
tória prefigura a salvação. Por causa da fé de Noé,
Deus o salvou da destruição. Se tivermos fé, tam-
bém seremos salvos da destruição do pecado.
Em todo o livro de Gênesis encontramos histórias
que mostram que Deus é acima de tudo, Aquele
que está no controle de todas as coisas.
Será que temos alguma dúvida quanto a isso?

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A sua tarefa para hoje é começar a ler o Livro de


Gênesis. Enquanto você faz essa leitura, faça a si
mesmo as seguintes perguntas: o que esse livro diz
a respeito das coisas quando foram criadas? Como
eram no princípio? E como são hoje? Procure saber
como eram as coisas no princípio, em que isso afe-
ta sua maneira de pensar e sua própria vida.

CAPÍTULO 05

Dá Para Acreditar na Criação?

Como dissemos, o Livro de Gênesis, e consequente-


mente, a Bíblia, começa com a história da criação.

Apesar de ser um tema muito importante, o relato da


criação foi feito em apenas um capítulo e meio. Por
que será? No capítulo anterior dissemos que esse
livro foi escrito para mostrar como as coisas eram,
mas também para que possamos entender como
elas são hoje. Deus não nos deve explicações e
nem precisa nos convencer de nada. Ele não fez
esse relato por achar que nos devesse alguma ex-
plicação a respeito da criação de todas as coisas.

Mesmo assim não dá para passar por esse livro


sem discutir um assunto que, provavelmente é um
dos mais controversos. Existem duas posições ex-
tremamente antagônicas em relação à criação. A
primeira afirma que esse relato de Gênesis não é

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cientificamente confiável e que, portanto, a Bíblia


não pode ser a Palavra inspirada de Deus. O outro
extremo argumenta que a questão não é saber se
a Bíblia é ou não cientificamente confiável, mas sa-
ber se a ciência é biblicamente confiável. Para es-
sas pessoas não é a Bíblia que está em questão,
mas sim a ciência.

Na verdade, a questão é saber se a Bíblia e a ciên-


cia são compatíveis no que se refere à formação
do mundo. Existem certos pontos a serem consi-
derados. O primeiro ponto é a ciência natural que
não dá espaço para se crer em Deus. Isso não quer
dizer que um cientista não possa ser uma pessoa
temente a Deus. O que acontece é que a ciência,
por si só é o estudo de dados ou fenômenos que
podem ser observados, experimentados, objetiva-
mente calculados, quantificados e provados. A ci-
ência natural baseia-se em experimentos, conclu-
sões e aplicações. Mas a natureza de Deus não se
encaixa nesse tipo de observação ou estudo. É im-
possível fazer uma abordagem científica de Deus.
De acordo com Hebreus 11:6, a única maneira de
nos aproximarmos de Deus é através da fé: “De
fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquan-
to é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe e que se torna galardoa-
dor dos que O buscam”.

Lemos em Gênesis 1:1-2: “No princípio, criou Deus


os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e

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vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Es-


pírito de Deus pairava por sobre as águas”.

A Bíblia afirma que o Espírito de Deus começou a


pairar sobre essa criação e a desenvolvê-la e ma-
nipulá-la e transformá-la. Um pouco mais adiante,
nesse capítulo primeiro, lê-se: “Disse também Deus:
Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lu-
gar, e apareça a porção seca. E assim se fez” (1:9).

Deus não disse: “A terra seca passe a existir”. Não


foi nesse momento que a terra seca foi criada. En-
tende-se que ela já tinha sido criada na fase da
criação, mas estava submersa. O que se entende
nesse versículo é que a terra foi descoberta. É in-
teressante notar que a comunidade científica afir-
ma que num dado momento toda a terra esteve
submersa.

A palavra “bara” ou “criar” significa fazer algo do


nada. Essa palavra foi usada apenas três vezes no
relato da criação. Deus criou no princípio; primeiro
versículo. Esse primeiro ato de “bara” refere-se ao
universo, à terra e a toda vida vegetal.
Outras palavras, entre os versículos dois e 20,
quando se referem ao começo de todas as coisas
são diferentes. São palavras que indicam mudança
ou alteração de algo que já existe. O ato seguinte
de criação, “bara”, aconteceu na água. O versícu-
lo 21 diz: “Criou, pois, Deus os grandes animais ma-
rinhos e todos os seres viventes que rastejam, os

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quais povoavam as águas, segundo as suas espé-


cies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E
viu Deus que isso era bom”.

Encontramos aqui um ponto com o qual o relato bí-


blico e a ciência concordam. Os cientistas parecem
concordar que a vida animal começou na água e é
isso o que o relato de Gênesis diz.

A citação seguinte da palavra “bara” acontece no


versículo 27: “Criou Deus, pois, o homem à sua ima-
gem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou”.

O relato da criação do Livro de Gênesis dá conta do


começo de tudo o que existe no universo. Depois
desses atos de criação o Espírito de Deus muda
sua atuação e passa a desenvolver o que já tinha
sido criado, a criação original. Isso coincide com o
que os cientistas têm observado a respeito da evo-
lução das formas de vida. Nesse ponto existe um
paralelo com o pensamento evolucionista. O úni-
co ponto em que criacionistas e evolucionistas não
concordam é o que diz respeito aos chamados elos
perdidos. Os três elos perdidos são enfocados nes-
tas três perguntas: Como tudo começou? Como
a vida vegetal passou a ser vida animal? Como a
vida animal tornou-se vida humana? A ciência não
tem resposta para esses elos perdidos, mas o Livro
de Gênesis tem. A resposta do Livro de Gênesis é
simplesmente “bara”: Deus criou.

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CAPÍTULO 06

O Nascimento da Humanidade
Agora que já discorremos sobre a origem do uni-
verso, vamos deixar o estudo um pouco mais pes-
soal e observar o que o Livro de Gênesis tem para
nos falar sobre a origem do homem. Lembre-se
de que esse livro fala de como eram as coisas para
que possamos compreender como elas são hoje;
quando falamos sobre o princípio da humanidade,
falamos sobre nós mesmos. O que o Livro de Gê-
nesis tem a dizer quanto ao propósito de Deus na
criação do homem? Comecemos lendo o relato da
existência do homem e da mulher.

Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem,


conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, so-
bre os animais domésticos, sobre toda a terra e so-
bre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou
Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de
Deus o criou; homem e mulher os criaram. E Deus
os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multi-
plicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a...Disse mais o
Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;
far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea...En-
tão, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o
homem, e este adormeceu; tomou uma das suas
costelas e fechou o lugar com carne. E a coste-
la que o Senhor Deus tomara ao homem, trans-

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formou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o ho-


mem: Esta, afinal, é ossos dos meus ossos e carne
da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto
do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai
e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois
uma só carne” (Gênesis 1:26-28a; 2:18, 21-24).

À Imagem de Deus

A primeira coisa que chama nossa atenção nesse


texto é que o homem foi criado à imagem e seme-
lhança de Deus. Estamos familiarizados com es-
sas palavras, mas, o que elas realmente significam?
Deus é um Espírito, não possui um corpo; portan-
to, essa semelhança não se refere à nossa aparên-
cia física, mas sim à condição que temos de ser-
mos espirituais. Essa é a nossa semelhança com
Deus. Mas, conforme se lê no capítulo três de Gê-
nesis, essa semelhança com Deus foi prejudicada
quando Adão e Eva pecaram. A partir daquele mo-
mento, a questão fundamental abordada nas Es-
crituras, passou a ser a “recriação” da imagem de
Deus no interior do homem. Os capítulos um e dois
de Gênesis mostram a condição do homem quando
foi criado e como deveria continuar sendo. A partir
do capítulo três, o livro mostra o homem como ele
passou a ser.

Macho e Fêmea

Outra observação importante em relação à cria-

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ção do homem é que Deus os criou macho e fêmea.


Esse foi o primeiro caso de cirurgia com anestesia.
Deus foi o primeiro anestesista do mundo. Ele pro-
vocou um sono profundo em Adão, tomou uma de
suas costelas, e, a partir dela fez a mulher. O sim-
bolismo disso é muito bonito. Deus não fez a mu-
lher da cabeça do homem para que ela não gover-
nasse sobre ele e não a fez dos seus pés para que
ela não lhe fosse uma serviçal. Deus tomou a mu-
lher do lado do homem, para que ela ficasse perto
do coração dele.

Por que Deus criou a mulher?

A melhor tradução para a palavra hebraica que foi


traduzida por “só” seria “incompleto” e para “au-
xiliadora”, “complemento” ou “que completa”. Na
gramática hebraica, descobrimos que quando Deus
uniu o homem à mulher no que chamamos de “san-
to matrimônio” ou união sexual, homem e mulher
uniram-se numa só carne formando um homem in-
teiro, completo.

É importante observar que quando Deus uniu o ho-


mem e a mulher, estabeleceu a instituição mais im-
portante sobre a face da terra, que é a família ou
o lar. O plano de Deus ao criar macho e fêmea era
pegar essas duas pessoas, uni-las numa parceria
para que elas se tornassem pais de outros indiví-
duos que por sua vez também se uniriam a outros
e se tornariam pais de outros. Essa é a lei que tem

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dado origem, desenvolvido e dirigido a família hu-


mana.

Essa parceria entre homem e mulher é uma par-


te muito importante na lei básica da vida. Foi para
isso que Deus os criou macho e fêmea. Imagine
um triângulo com Deus no topo, o homem no can-
to esquerdo e a mulher no direito. Se o homem e a
mulher estão ligados a Deus, os dois caminhando
juntos ficam mais próximos um do outro à medida
que se aproximam de Deus.

Quando estudamos sobre o casamento no Livro de


Gênesis descobrimos que existem dois aspectos
que marcam a exclusividade desse relacionamento.
Por causa do casamento, um homem deixa seu pai
e sua mãe. Ele deixa essa família com quem pas-
sou cerca de vinte anos ou mais e passa a viver ex-
clusivamente com sua mulher, pelo resto da vida;
a mulher, da mesma forma deve assumir um com-
promisso exclusivo com seu marido. Esse é o pa-
drão de Deus para o casamento.

CAPÍTULO 07

Onde Estás?
Um dos capítulos mais conhecidos do Livro de Gê-
nesis é o capítulo três, onde consta o relato em
que Adão e Eva comem do fruto proibido. Vimos

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no capítulo dois como Deus criou o homem e qual


o modo de vida que planejou para ele. No capítu-
lo três o assunto é o pecado naquele contexto e no
de hoje, e trata também da escolha de Adão e Eva.
Deus nos criou com livre arbítrio e por isso, pode-
mos escolher fazer a vontade de Deus ou a nossa
própria vontade.

O terceiro capítulo de Gênesis também descreve a


primeira crise humana, ou a guerra travada no in-
terior do homem. Como era naquele tempo, ainda
é hoje. Aliás, o cenário aparece ainda no capítulo
dois: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden,
na direção do Oriente, e pôs nele o homem que ha-
via formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda
sorte de árvores agradáveis à vista e boas para ali-
mento; e também a árvore da vida no meio do jar-
dim e a árvore do conhecimento do bem e do mal”
(Gênesis 2:8-9). Em algum ponto da história pas-
sou-se a ideia de que a árvore proibida era uma
macieira, mas em nenhuma parte do Livro de Gê-
nesis há essa referência. O que lemos é a respeito
da árvore da vida e da árvore do conhecimento do
bem e do mal.

Antes de continuarmos esse assunto, é preciso que


abordemos o tipo de linguagem que é usada nes-
sa passagem. O relato é histórico, mas também é
alegórico. O que é uma alegoria? É uma história na
qual pessoas, lugares ou coisas possuem um signi-
ficado que vai além do histórico ou do literal, e ge-

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ralmente está ligado a um conceito moral.

Na descrição do Jardim do Éden, a referência aos


tipos de árvores indica que Deus iria suprir as ne-
cessidades do homem naquele lugar. Mas observe
a prioridade: primeiro as árvores satisfaziam as ne-
cessidades dos olhos; depois a necessidade de ali-
mento e depois lhes davam vida. Havia ali também
a árvore do conhecimento que foi declarada por
Deus fora do alcance do homem.

Quando lemos nesse capítulo, sobre o primeiro pe-


cado do homem, observamos que essa ordem de
prioridade foi invertida. Homem e mulher coloca-
ram alimento em primeiro lugar, olhos em segundo,
e em terceiro, conhecimento. Em razão disso não
chegaram à vida, mas alcançaram a morte espiri-
tual. Em Deuteronômio 8:3 está a afirmação que
“não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que
procede da boca do Senhor viverá o homem”. Na
verdade, não temos vida quando nos limitamos a
buscar a satisfação das nossas necessidades ou
dos nossos desejos. De acordo com esse versículo,
a verdadeira vida vem pela obediência a toda Pala-
vra que sai da boca de Deus.

Quando Deus colocou Adão e Eva no Jardim, provi-


denciou tudo de que eles precisavam. Ele conhecia
suas necessidades porque os tinha criado. O mes-
mo Deus que nos criou sabe quais são nossas ne-
cessidades e tem todo o interesse em satisfazê-las.

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Você pode perguntar: por que os olhos apare-


cem em primeiro lugar nessa lista de prioridades?
Quando as Escrituras mencionam olhos, na verda-
de não se referem aos órgãos da visão. Tomemos
por exemplo o texto de Mateus 6:22-23 onde Je-
sus disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os
teus olhos forem bons, todo o teu corpo será lumi-
noso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o
teu corpo estará em trevas”. Jesus não estava fa-
lando da visão física. Ele estava falando da dispo-
sição mental de ver a vida.

No Jardim do Éden, quando Deus enfatizou o que


era agradável aos olhos, Ele estava dizendo que
eles precisavam olhar para Deus a fim de satisfa-
zerem suas necessidades. A grande necessidade
que eles tinham e que nós temos hoje é deixar que
Deus nos mostre como devemos ver as coisas.
Há outra figura nesse capítulo. Depois que Adão
e Eva se renderam à tentação, ouviram a voz do
Senhor Deus que, no fim do dia andava no jardim.
Adão e sua mulher se esconderam da presença do
Senhor Deus no meio das árvores do jardim. Então
o Senhor Deus chamou por Adão e lhe perguntou:
“Onde estás?” (Gênesis.3:8-9).

É interessante que Deus tenha iniciado Seu diálogo


com Adão e Eva fazendo perguntas: “Onde estás?
Quem te fez saber que estavas nu?” (Gênesis 3:9-11).
É claro que Deus já conhecia as respostas. Ele está
em todos os lugares vendo tudo o que acontece.

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Deus fez essas perguntas por causa do que Adão e


Eva não sabiam. As perguntas tinham a finalidade
de fazê-los refletir. Quando Deus perguntou “onde
estás?”, estava na realidade perguntando: “Por que
vocês estão se escondendo de mim?”

A segunda pergunta que Deus fez depois que Adão


confessou sua nudez, é uma das minhas predile-
tas: “Quem te fez saber que estavas nu?” (11a). A
resposta, é que Deus é a fonte de toda informação.
Deus quer que tenhamos conhecimento de algu-
mas coisas e de outras não, mas Ele conhece todas
as coisas. Ele é quem revela nossa verdadeira con-
dição espiritual, onde estamos e mostra onde de-
veríamos estar.

A seguir Deus pergunta: “Comeste da árvore de


que te ordenei que não comesses?” (11b). Adão e
Eva tinham desobedecido a Deus e agora, sofriam
as consequências da desobediência, esconden-
do-se entre as árvores do jardim, e cobrindo seus
corpos com folhas de figueira. Se você está co-
mendo o banquete de consequências e o sabor é
amargo, pergunte a você mesmo se não está co-
mendo da árvore errada? Você andou desprezando
a Palavra de Deus e em desobediência a ela? Você
tem ignorado as instruções de Deus para sua vida?

Esta foi a quarta pergunta que Deus fez: “Que é isso


que fizeste?”. Ela foi dirigida à Eva e tira dela uma
confissão, embora camuflada numa desculpa. A pa-

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lavra “confissão” é formada por duas outras que sig-


nificam “dizer a mesma coisa”. Literalmente, confes-
sar é concordar com Deus a respeito de alguma coisa
que fazemos. Deus queria que Eva colocasse todos
os fatos sobre a mesa para que eles pudessem tratar
juntos do que tinha realmente acontecido. É isso que
Deus quer que nós também façamos. Que nos expo-
nhamos a Ele de maneira franca e honesta.

O capítulo três do livro de Gênesis enfoca duas pes-


soas que pecaram, e a forma como Deus as tratou.
Da mesma forma Deus nos trata quando pecamos
e nos escondemos dEle. O episódio de Adão e Eva
mostra que Deus vai a busca do homem caído e
abre os canais de comunicação entre Ele o pecador.

CAPÍTULO 08

Onde Está Seu Irmão?


A mensagem básica da Bíblia é mostrar a necessi-
dade que o homem tem de se reconciliar com Deus.
Imediatamente após o primeiro pecado cometido e
o consequente divórcio, Deus providenciou a recon-
ciliação. Em Gênesis 3:15 temos a primeira promessa
messiânica, resultado da conversa de Deus com a
serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre
a tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

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Através desse texto entendemos que a serpente


representa Satanás. Também esse texto registra a
primeira indicação de que Deus enviaria alguém ao
mundo para restaurar o que tinha sido quebrado.

Essa foi a primeira promessa de Deus depois do


pecado de Adão e Eva.

Foram muitas as consequências desse pecado! A


primeira foi a separação entre Deus e a humanidade.
Outra consequência registrada no capítulo quatro é
o conflito humano e através deste podemos com-
preender os conflitos atuais. Vivemos em conflito
conosco mesmos, com nosso cônjuge, com nossos
filhos, com nossos pais; no trabalho e, de maneira
mais abrangente, existe o conflito entre as nações.
No capítulo quatro encontramos uma das causas
principais de conflito e algumas das soluções para
ele. O Livro de Gênesis apresentou essa solução na
forma da história de dois irmãos.

De certa forma já estamos familiarizados com a


história desses dois irmãos Caim e Abel. Caim teve
a ideia de trazer uma oferta a Deus. Como ele cul-
tivava a terra, era um fazendeiro, trouxe uma oferta
a Deus relacionada com sua atividade. Seu irmão
Abel era pastor e trouxe um animal para ser sacrifi-
cado. Deus aceitou a oferta de Abel, mas não acei-
tou a de Caim.

Muitas pessoas caem no erro de concluir que a

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oferta de Abel foi aceita porque era um animal.


Mas isso não está no texto. A oferta de Abel foi
aceita porque o próprio Abel era aceitável a Deus, e
a de Caim não foi aceita, porque ele não era aceitá-
vel diante de Deus (cf. Gen 4: 6-7).

É fácil tirar conclusões erradas dessa história; é fá-


cil concluir algo que não está no texto bíblico. Caim
não foi instruído a fazer o sacrifício de um animal.
Um pouco à frente lemos no Livro de Levítico que o
povo foi instruído a trazer grãos ou frutos da terra
como oferta, conforme a sua atividade. Por isso o
tipo de oferta não é a questão básica dessa história;
o mais importante nessa história são os homens.
Caim não era aceitável a Deus e quando descobriu
isso, ficou irado e deprimido.

Deus agiu com Caim da mesma forma que agiu


com seus pais. Deus lhe perguntou: “Por que an-
das irado, e por que descaiu o teu semblante?”
(6). Deus já conhecia a resposta de Caim. É possí-
vel que seu coração endurecido tenha entendido a
mensagem de Deus quando lhe disse: “Se proce-
deres bem, não é certo que serás aceito? Se, toda-
via, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o
seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-
-lo” (7). Tragicamente Caim não soube dominar o
seu desejo, e no versículo oito lemos que ele matou
seu irmão num ímpeto de raiva. Novamente Deus
pergunta: “Onde está Abel, teu irmão?” Mas ain-
da Caim recusou reconhecer o seu pecado, até que

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Deus deixou claro que era conhecedor da sua con-


duta pecaminosa. (9-10).

No capítulo três a pergunta foi: “Onde estás?”. No


capítulo quatro: “Onde está Abel, teu irmão?” Deus
tentou com que Caim percebesse o seu erro. Ele
tinha dado evasão a sua raiva atingindo o alvo erra-
do, e continuava enfurecido. Sua atitude não solu-
cionou o problema; criou outro maior.

Voltando a Gênesis 3:7, podemos afirmar que ele é


o texto chave dessa história por tratar da sua es-
sência: se você fizer o que é certo, será aceito por
Deus, e por você mesmo, e não vai sair por aí ma-
tando pessoas que são aceitas. Existe uma passa-
gem nas Escrituras, no Sermão do Monte, que se
assemelha à história de Caim e Abel. Essa passa-
gem encontra-se em Mateus 7:1-5, onde Jesus fez
perguntas àqueles do povo que eram muito críti-
cos. Ele perguntou como eles poderiam ser tão crí-
ticos e onde esperavam chegar com atitudes tão
críticas. Jesus usou uma ilustração aparentemen-
te descabida quando perguntou por que eles repa-
ravam no argueiro no olho do irmão enquanto ti-
nham uma trave no olho!

Muitas pessoas acham que essa passagem está


ensinando que não devemos julgar os outros. O
que Jesus está realmente dizendo coincide com o
que Deus tentou mostrar a Caim: “Você está enfo-
cando o ponto errado. Pare de se preocupar com o

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seu irmão e olhe para você mesmo”.

Felizmente a morte de Abel não significou a mor-


te da bondade. Duas gerações mais tarde, em Gê-
nesis 4:26, encontramos o primeiro exemplo de um
homem chamado Enos, tomando a iniciativa de ter
comunhão com Deus. Até então, essa iniciativa
partia sempre de Deus.

Todos nós passamos por conflitos. Às vezes somos


a fonte do conflito, outras vezes não. Sempre que
você se encontrar no meio de um conflito, tente
manter o controle dos seus sentimentos e identifi-
car qual é o verdadeiro problema. Depois, como é
sugerido em Gênesis 4:7, faça o que é certo, torne-
-se aceitável a Deus, aceite a você mesmo, e assim
você não passará a vida batendo nos ”Abeis” que
aparecerem na sua frente!

CAPÍTULO 09

O Pai da Fé
Vamos começar a estudar a maior divisão do Livro
de Gênesis, relacionada à vida de três personagens
bíblicos: Abraão, Jacó e José. O espaço reservado
para cada um desses personagens indica a impor-
tância de cada um dentro da Bíblia. Nos próximos
capítulos vamos compreender o que a fé represen-
tou para esses personagens e o que ela representa

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para nós hoje. O Livro de Hebreus, no capítulo 11,


o capítulo da Fé, fala sobre este assunto: “De fato,
sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é
necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe e que se torna galardoador dos
que O buscam” (6). Através de Abraão Deus nos faz
entender um pouco mais sobre fé e sua importân-
cia em nosso caminhar com Ele. Abraão é mencio-
nado no Novo Testamento mais do que qualquer
outro personagem e sempre num contexto relacio-
nado com a fé. Se você quiser entender o que é fé,
precisa entender a vida de Abraão.

Seu Nome

Esse homem foi a própria definição de fé. Nas pri-


meiras vezes em que é mencionado na Bíblia, ele
aparece com o nome de Abrão, que quer dizer “pai
de muitos filhos”. Que ironia para um homem a
quem, com a idade de 75 anos e sem filhos, Deus
diz: “Farei a tua descendência como o pó da ter-
ra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da
terra, então se contará também a tua descendên-
cia” (13:16). Observamos que Abraão seguiu em to-
tal obediência a cada uma das instruções de Deus
e demonstrou na maioria das vezes, ter confiado
em Suas promessas (Cf. Gênesis 16).

Seu Altar

Sempre imaginamos um chamado de Deus para

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trabalhar num determinado campo de missões ou


numa igreja ou ainda numa organização. Mas, ima-
ginemos um chamado de Deus para ir para o de-
serto, sem saber por que ou para que. O que você
pensaria disso? Foi exatamente isso o que aconte-
ceu com Abraão quando ele tinha 75 anos (cf. Gê-
nesis 12:1-4). Deus mandou Abraão deixar seu pai
seus parentes, sua pátria e ir para o deserto.

Essa história possui dois lados: o de Deus e o do


homem. Para ver o lado de Deus, devemos estu-
dar as oito aparições que Deus fez a Abraão. Foi
Deus quem deu início à Sua relação com Abraão. É
sempre assim nos relacionamentos com Deus. De
acordo com o texto de Paulo em Romanos 3:11, não
há homem que busque a Deus. É Deus quem pri-
meiro busca o homem. Você pode achar que uma
determinada pessoa está buscando a Deus, mas na
verdade, ela está apenas respondendo a busca de
Deus por ela. É sempre Deus quem inicia o relacio-
namento.

O lado do homem nesse relacionamento ou a res-


posta que Abrão deu a Deus, veio na forma de qua-
tro altares. O primeiro altar Abraão erigiu em Moré,
onde Deus o havia aparecido e dito: “Darei à tua
descendência esta terra” (12:7). A palavra Moré sig-
nifica “ensino e busca”. Denominei esse primeiro
chamado de Abraão de “O Altar da Resposta” por-
que ele foi construído em resposta ao chamado de
Deus para Abraão ir para o deserto.

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O segundo altar foi construído entre Ai e Betel. No


hebraico, Betel significa “a casa de Deus”. Deus
ainda não tinha uma casa, um templo quando essa
palavra foi usada e ela significa “o lugar onde Deus
está”. O nome da cidade Ai significa “ruína, misé-
ria, buraco”. Em Romanos 6:23 temos: “o salário do
pecado é a morte” e é isso que o nome da cidade Ai
representa. Um pouco à leste de Ai ficavam as ci-
dades de Sodoma e Gomorra.

No primeiro altar Abraão diz “Ensina-me”; no se-


gundo, por causa da sua localização, Abraão mos-
trou que ainda não sabia o que responder ao que
Deus lhe havia ensinado.

Abraão deixou esse segundo altar e foi para o sul,


geográfica e espiritualmente falando. Ele man-
dou sua esposa falar que era sua irmã, para que os
egípcios não o matassem a fim de ficar com ela.
Ele se meteu em vários problemas e sua espirituali-
dade parecia estar em declínio.

Depois desse incidente, Abraão retornou para o lo-


cal do seu segundo altar e lá clamou a Deus. Depois
dessa adoração, ele sugeriu a Ló que ambos deve-
riam se separar. As Escrituras não revelam o conte-
údo da conversa. É provável que Deus tenha mos-
trado a Abraão que ele não devesse ter levado Ló
com ele. Mais tarde, quando Ló se enlaçou no peca-
do de Sodoma e Gomorra, entendemos o porquê.

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Ló foi para o leste; Abraão foi para o oeste e cons-


truiu o seu terceiro altar num lugar chamado He-
brom, que em hebraico significa “comunhão”, e
que, acredito, também tem um significado simbó-
lico. O primeiro altar dizia “Ensina-me”; o segundo,
“não tenho certeza” ou “Estou Em Cima do Muro”;
o terceiro queria dizer “Deus, quero Te conhecer”.
Chamemos esse altar de “Altar do Relacionamento”.

No início da história de Abraão, nos capítulos 12 e


13 de Gênesis, ele construiu três altares. Só vamos
encontrar Abraão construindo outro altar, no capí-
tulo 22. O que aconteceu entre o terceiro e o quar-
to altar?

Quando Abraão disse: “Deus, quero Te conhecer”,


creio que Deus assim lhe respondeu: “Abraão, se
você quer ter um relacionamento comigo, quero
que você saiba algo. Eu tenho que ser Tudo na sua
vida. Porque enquanto você não Me ver como Tudo
que há de mais importante, não descobrirá nada de
Mim”. Só que a vida de Abraão era cheia de outras
coisas das quais ele não queria abrir mão.

No capítulo 16 lemos que Abraão e Sara começaram


a se preocupar em como Deus iria cumprir a pro-
messa de lhes dar filhos. Eles acharam que Deus
precisava de uma “ajudazinha”. Seguindo a suges-
tão de sua mulher, Abraão teve relações sexuais
com sua criada egípcia chamada Hagar (cf. Gêne-

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sis 16:1-4). A criança que nasceu dessa relação foi


chamada Ismael, que veio a ser o pai dos árabes.
Hoje não haveria nenhuma crise no Oriente Médio se
Abraão não tivesse se metido a ajudar Deus.

Creio que Sara apresentou outro tipo de problema no


relacionamento entre Abraão e Deus. O terceiro altar,
o Altar do Relacionamento, tratou dos relacionamen-
tos vertical e horizontal de Abraão. Os dois são inse-
paráveis. Para que Abraão conhecesse a Deus, Deus
teria que ocupar o lugar certo na sua vida. Deus teve
de tratar do relacionamento dele com Ló, tirando-o
da sua vida; Ló representa as pessoas que colocamos
em nossa vida sem a aprovação de Deus. Deus tam-
bém teve de tirar Ismael da vida de Abraão. Vocês já
ouviram falar que “o pior inimigo do melhor é o bom?”
Ismael representou o bom na vida de Abraão. Quan-
do sua fé enfraqueceu, ele duvidou do melhor de
Deus e tentou resolver a questão a seu modo. Deus
apareceu a Abraão e lhe disse para mandar Ismael
embora. Um a um, Deus foi tirando da vida de Abraão
as pessoas que estavam competindo com Ele, o pri-
meiro lugar na de Abraão. Com relação a Sara foi di-
ferente. Ela representou as pessoas que Deus colo-
ca em nossa vida, e que não as reconhecemos como
provisão de Deus. Deus teve de aparecer duas ve-
zes para Abraão por causa de Sara. Na segunda vez
Deus disse: “A Sarai, tua mulher, já não lhe chamarás
Sarai, porém Sara. Abençoá-la-ei e dela te darei um
filho; sim, eu a abençoarei, e ela se tornará nações;
reis de povos procederão dela” (17:15-16). Quando

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Abraão ouviu essa profecia, caiu com o rosto em ter-


ra e riu! E quando Sara ouviu, também riu!
Um ano depois, nasceu um filho de Abraão e Sara,
e Deus ordenou que ele se chamasse “Isaque”, que
em hebraico significa “riso”. Deus quis que esses
“heróis da fé” sempre se lembrassem que um dia ti-
nham rido d’Ele.

Quando Isaque já era jovem, Abraão construiu o


quarto altar, esse foi o mais importante. Ele foi
construído numa montanha na terra de Moriá,
que passou a se chamar “Jeová proverá”. Até en-
tão Abraão tinha escolhido os lugares dos altares,
mas com o quarto altar foi diferente. Desta vez, foi
Deus quem escolheu o lugar e também o sacrifício:
Isaque.

Isaque, além de ser o filho da velhice de Abraão e


Sara, também era o resultado de vinte e cinco anos
de fé. E agora, contrariando qualquer lógica, Deus
diz: “Eu o quero”. Abraão, tão decidido quanto temen-
te, levou o menino para a montanha, disposto a seguir
tudo o que Deus lhe havia determinado fazer. Mas no
último minuto, quando ele já tinha provado sua obedi-
ência, Deus proveu um cordeiro como substituto para
a vida de Isaque (cf. 22:1-19). Abraão chamou aquele
lugar de Jeová-Jireh, que significa “Jeová Proverá”.
Essa alegoria de fé, através dos altares de Abraão,
declara que no monte escolhido por Deus, no altar do
“Deus em Primeiro Lugar”, Deus provê o resultado de
vinte e cinco anos de fé. Abraão não ofereceu Isaque

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no quarto altar. No altar de “Deus em Primeiro Lugar”,


Abraão ofereceu o próprio Abraão.
A mensagem da Bíblia pode ser sintetizada na fra-
se: “Deus em Primeiro Lugar”. Isso não é fácil, mas
também não é complicado.

Ele é, ou Ele não é o seu Deus. Ele era o Deus de


Abraão.

CAPÍTULO 10

Quem é Você?
A história de Jacó é impressionante. O nome
“Jacó” significa “usurpador” e ele honrou esse
nome durante uma parte da sua vida.

Havia duas coisas na família de Jacó que valia a


pena conquistar e Jacó conquistou a ambas. O di-
reito de primogenitura que consistia em dar prio-
ridade ao filho mais velho. Por isso a bênção que
tinha sido dada a Abraão e passada para Isaque de-
veria ser dada a Esaú, filho mais velho de Isaque.
Mas Esaú vendeu o direito de primogenitura a Jacó
por um prato de sopa e Jacó enganou seu pai, rou-
bando a bênção do seu irmão. Depois que Jacó
usurpou o direito de primogenitura e a bênção de
Esaú, sua mãe lhe disse: “Eis que Esaú, teu irmão, se
consola a teu respeito, resolvendo matar-te.

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Agora, pois, meu filho, ouve o que te digo: retira-te


para a casa de Labão, meu irmão, em Harã” (27:42-43).
Na sua primeira noite fora de casa, Jacó teve um
sonho, em que via uma escada, na qual anjos su-
biam e desciam. Nesse sonho Deus lhe apareceu
e confirmou a aliança que tinha feito com Abraão,
seu avô. Deus prometeu a Jacó que faria dele par-
te de Seus planos, e acrescentou: “Eis que estou
contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e
te farei voltar a esta terra, porque te não desampa-
rarei, até cumprir aquilo que te hei referido” (28:15).

Quando Jacó acordou ficou impressionado e disse:


“Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o
sabia” (v. 16). Antes de continuar sua jornada, ele
pegou a pedra que tinha usado como travesseiro
e a levantou como coluna e a ungiu com óleo e ali
prometeu dar a Deus, o dízimo de tudo que Deus
lhe desse (cf. Gênesis 28:18-22).

A Batalha de Jacó

A seguir, o que acontece, é a parte principal da his-


tória de Jacó. Depois de trabalhar durante vinte
anos com seu tio Labão, Jacó teve uma experiên-
cia muito profunda e pessoal com Deus. Essa ex-
periência está descrita no capítulo 32: “e lutava
com ele um homem, até o romper do dia. Vendo
este que não podia com ele, tocou-lhe na articula-
ção da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó,
na luta com o homem. Disse este: Deixa-me ir, pois

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já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir


se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Como
te chamas? Ele respondeu: Jacó. Então, disse: Já
não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como prín-
cipe lutaste com Deus e com os homens e prevale-
ceste. Tornou Jacó:

Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por


que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali.
Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a
Deus face a face, e a minha vida foi salva” (32:24-30)

Observe a pergunta que Deus fez a Jacó: “Como


te chamas?” Nos tempos bíblicos os nomes tinham
uma importância muito grande, como já pudemos
perceber. Quase sempre diziam alguma coisa a
respeito da pessoa. Na verdade, Deus não estava
perguntando o nome de Jacó. Ele estava pergun-
tando: “Quem é você?”. Na verdade Deus já sabia a
resposta, mas queria que Jacó a soubesse. Como
já vimos, o nome Jacó significa “usurpador”. Mas
com o seu novo nome, Israel, ele e sua descendên-
cia seriam reconhecidos como “lutador”.

Existe mais um ponto muito importante nessa his-


tória que eu considero importante comentar, e
chamo-a de “Bênção da Coroa Quebrada”. Jacó
era tão usurpador que, enquanto Deus não o que-
brasse, não poderia abençoá-lo.

Algumas vezes Deus não consegue chegar até

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nós sem antes nos quebrar e abrir caminho, for-


çando-nos a confiar n’Ele. Foi assim com Jacó, e
ele finalmente entendeu o recado. Quando reen-
controu Esaú, diferentemente do que imaginava,
este não o atacou; antes o abraçou e o beijou. En-
tão Jacó contou a seu irmão a verdadeira razão de
tudo aquilo que possuía: esposas, filhos e rebanhos
“porque Deus tinha sido generoso com ele” (cf.
33:11). Não foi porque ele tinha usurpado de nin-
guém, mas por causa da graça de Deus. A graça é
um atributo de Deus pelo qual Ele derrama sobre
nós bênçãos que não merecemos. A misericórdia
de Deus impede que recebamos aquilo que por nós
mesmos merecemos.

Deus também ensina a nos submetermos a Ele. Às


vezes Ele o faz quebrando-nos, para depois poder
nos abençoar. Para descobrir o que Deus quer que
sejamos, devemos olhar em três direções. Primei-
ro é preciso olhar para cima. Em todas as histórias
que estudamos na Bíblia, observamos que Deus
costumava levar muito tempo para conseguir que
seus servos olhassem para cima. Mas se quiser-
mos descobrir o que Deus quer que sejamos, deve-
mos olhar para Ele. Afinal, foi Deus quem nos criou.
Ele tem um plano para nossa vida.

A seguir precisamos olhar para dentro. No Salmo


139: 23-24, há essa oração de Davi: “Sonda-me, ó
Deus, e conhece o meu coração, prova-me e co-
nhece os meus pensamentos; vê se há em mim al-

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gum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”.


Todos nós precisamos pedir que Deus olhe conosco
para dentro do nosso coração e nos mostre quem
Ele quer que sejamos.

Por último precisamos olhar ao redor. A pessoa


que já olhou para cima e depois para dentro, agora
está pronta para olhar ao redor, relacionar-se com
outras pessoas e ser parte do plano de Deus para o
mundo. Será que você já olhou para Deus para ver
o que Ele tem a dizer sobre sua identidade nele?
Depois, quantas vezes você olhou para dentro de si
mesmo para ver como está o seu coração? E agora
está olhando ao seu redor para ver como Deus quer
que você interaja com as pessoas que fazem parte
da sua vida?

CAPÍTULO 11

O Deus Que Está no Controle


Estudamos a vida de Abraão com quem aprende-
mos sobre fé. Também vimos a vida de Jacó com
a qual aprendemos sobre a graça de Deus. E agora
vamos estudar José, cuja história está relatada nos
últimos catorze capítulos do livro de Gênesis.

Parece que José é um dos personagens mais puros


dos mencionados nas Escrituras. A Bíblia revela a
fraqueza de quase todos os seus personagens; as

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suas virtudes e fraquezas. Mas José é uma exce-


ção; outra exceção é Daniel, que estudaremos mais
tarde.

A História de José

A história de José fala sobre a providência de Deus.


No Novo Testamento, em Romanos 8:28 encon-
tramos uma síntese do ensinamento dessa histó-
ria: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito”. Podemos ima-
ginar e entender o constrangimento dos irmãos de
José, quando no Egito, descobriram quem ele era.
Mas José respondeu com essas palavras consola-
doras, palavras que nos garantem que Deus está
trabalhando por trás das circunstâncias das nossas
vidas. “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos
irriteis contra vós mesmos por me haverdes ven-
dido para aqui; porque, para conservação da vida,
Deus me enviou adiante de vós. (...) Deus me enviou
adiante de vós, para conservar vossa sucessão na
terra e para vos preservar a vida por um grande li-
vramento. Assim, não fostes vós que me enviastes
para cá, e sim Deus” (Gênesis 45:5, 7-8).

Na história de Jacó, pai de José, vimos como ele


foi vitorioso, não porque se esforçou e conseguiu
tudo sozinho, mas porque Deus esteve todo tem-
po no controle de sua vida. A vida de José é uma
ilustração dessa mesma verdade, mas a partir de

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outro ângulo. Nessa história lemos sobre um ho-


mem cuja vida, por um tempo, parecia não ir bem
em nada. Ele foi vendido como escravo pelos ir-
mãos; foi acusado injustamente de um crime e pre-
so, e foi esquecido por aqueles que lhe prometeram
ajuda. Mas nada disso aconteceu em decorrência
de atitudes suas. Ele passou por circunstâncias e
problemas muito difíceis, não porque tivesse fei-
to alguma coisa que merecesse isso, mas para que
Deus fosse glorificado e Seu plano cumprido.

Aplicações Para os Dias de Hoje

Podemos tirar várias aplicações dessa história. Pri-


meiro vamos considerar o relacionamento que José
tinha com seu pai e seus irmãos. Eles estavam
muito longe de ser exemplos. Jacó não era um pai
ideal. A preferência que tinha por José trouxe a
esse filho mais dor do que qualquer privilégio, além
de não ter sido justo com os outros filhos. Mas
quem tem pais perfeitos? Ou qual de nós tem um
relacionamento perfeito com nossos filhos? Não
escolhemos a família em que nascemos e cresce-
mos, mas seus membros moldam nossas vidas e
muitos de nós sofremos em consequência desses
relacionamentos. A mensagem da história de José
para nós é esta: Deus é soberano sobre as circuns-
tâncias das nossas vidas e não existe situação da
qual Ele não possa nos redimir ou dela tirar o bem.
Deus pode usar a influência de pais, de irmãos, até
de irmãos delinquentes. Deus usou as adversida-

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des da família desequilibrada de José para lhe pro-


videnciar um lugar no Egito e mais tarde salvar da
fome a família eleita, através da qual o Messias vi-
ria ao mundo. Deus pode usar a maneira como
você responde à adversidade da sua família dese-
quilibrada para moldar sua vida. Um dia você verá
como Deus preparou circunstâncias na sua vida
que lhe permitiram atuar no papel que Ele preparou
para você.

CAPÍTULO 12

Termina Gênesis, Começa Êxodo.


Um dos nossos objetivos quando estudamos a Bí-
blia, e principalmente o Velho Testamento, é
acompanhar o desenvolvimento de um povo pecu-
liar se transformando numa nação.

Descobrimos no Livro de Gênesis que esse povo


surgiu a partir de Abraão. Foi de Jacó que surgiu
o nome Israel, e seu filho José salvou o povo da
fome. Quando o Livro de Gênesis termina, essa na-
ção era constituída de apenas doze famílias, que
naquele momento, tinham ido para o Egito para es-
capar da fome.

Quando o Livro de Êxodo se inicia, esse grupo de


famílias que ainda não era uma nação, de doze tri-
bos, tinha se multiplicado em uma multidão. Para

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se tornar uma nação, era necessário um líder. O Li-


vro de Êxodo vai falar sobre Moisés, um dos maio-
res líderes de toda a história do povo de Deus.

Um dos maiores problemas que Moisés enfrentou


na liderança daquele povo escravo é que não havia
lei. Não havia regras e ele não tinha uma estrutura
pela qual pudesse governar aquele povo. Nesse li-
vro veremos que as primeiras leis que Deus deu aos
homens são centenas de preceitos sintetizados
nos Dez Mandamentos.

Moisés teve outro problema: ele estava com o povo


certo no lugar errado. O povo estava no Egito,
como escravo, e Deus queria libertá-lo. A palavra
Êxodo significa “saída”. Grande parte desse livro
envolve a história dos israelitas encontrando a “saí-
da” da escravidão.

Além de ser um livro histórico, o livro de Êxodo,


também é uma alegoria. Naturalmente falando, os
israelitas eram escravos de Faraó. Figuradamente,
sem Cristo, somos escravos do pecado. O Livro de
Êxodo trata da libertação dos israelitas dessa es-
cravidão física; a Bíblia toda trata da libertação da
humanidade da escravidão espiritual do pecado.

Você já experimentou a libertação do pecado provi-


denciada por Deus? No próximo capítulo continu-
aremos o estudo do Livro de Êxodo. Comece sua
leitura agora e faça a você mesmo essas três per-

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guntas: “Sobre o que esse livro está falando? Qual


é o seu significado? Como posso aplicar esse ensi-
no na minha vida?”

CAPÍTULO 13

Alguém Que Surgiu do Nada


A fim de entender o livro de Êxodo, precisamos en-
tender o povo, o problema e o profeta. O Livro de
Êxodo conta a história do povo de Deus e como
esse povo escapou da escravidão, sob a liderança
de Moisés.

Três Mensagens Principais

Como já vimos, a palavra “êxodo” significa “saída”.


Assim, a mensagem do Livro de Êxodo é a saída da
escravidão para os filhos de Israel. Antes de tudo
quero dizer que essa escravidão era uma realidade
na vida daquele povo. Do ponto de vista natural ela
existiu literalmente, e a libertação dessa escravidão
é um dos maiores milagres da Bíblia. É uma histó-
ria pura e verdadeira. Como os fatos aconteceram
e o que envolveu essa empolgante história é o pri-
meiro enfoque desse livro.

Além de ser um livro histórico, Êxodo traz uma ver-


dade a ser aplicada em nossas vidas. A aplicação

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é: nós também somos escravos. Não fazemos o


que queremos fazer; fazemos o que temos de fa-
zer. E se fazemos o que temos de fazer e não o que
queremos fazer, é porque não somos livres. Se não
somos livres, somos escravos e também precisa-
mos de libertação dessa escravidão; libertação da
escravidão do pecado. A palavra salvação signifi-
ca libertação do pecado; Libertação, não apenas da
penalidade presente e futura, mas também do po-
der do pecado.

Nesse estudo do Livro de Êxodo também vamos


enfocar o caráter do profeta Moisés. Quando ob-
servamos o caráter dos homens de Deus na Bíblia,
Moisés se destaca de todos eles. Creio, sem ne-
nhuma dúvida, que Moisés é o servo de Deus mais
importante nas Escrituras. Uma das razões que o
faz tão importante é sua contribuição para a Pa-
lavra de Deus. Abraão foi o pai do povo de Deus,
e como dissemos antes, Jacó deu o seu nome ao
povo e José o salvou da fome. Vamos refletir um
pouco sobre pessoa de Moisés e o que ele fez pelo
povo. O Livro de Êxodo relata a contribuição de
Moisés para a obra de Deus.

A Contribuição de Moisés Para a Obra de Deus


Primeiramente Moisés deu liberdade àquele povo
escravizado. A maioria de nós não sabe o que é ser
escravo. O desejo que consome e domina aqueles
que estão aprisionados é o de libertação. Quando
Moisés libertou o povo, proporcionou-lhe o que eles

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mais queriam, a liberdade. Quando esse povo foi li-


berto, e emancipado, sua grande necessidade era
um governo, ou um código de leis.

No âmbito da dimensão espiritual o que Moisés deu


ao povo de Deus foram dois valores imensuráveis: a
Palavra de Deus e a forma de adorá-Lo.

Uma das maneiras de ler a Bíblia desde o seu início,


a partir do Livro de Gênesis é analisando seus per-
sonagens. Dessa forma fica fácil estudá-la. Mas
no livro de Êxodo, devido ao seu conteúdo, o estu-
do muda um pouco, porque o assunto nele abor-
dado é a história da libertação de um povo, da es-
cravidão imposta pelo Egito. Quando chegamos no
Livro de Levítico, o ritmo da narrativa muda, a lei-
tura torna-se mais difícil de acompanhar, e muitos
desistem de ler a Bíblia. O livro de Levítico pode
ser considerado um manual, estando aí a dificulda-
de de estudá-lo. Entretanto quando entendemos o
seu propósito, passamos a achar o livro empolgan-
te. Uma parte do Livro de Êxodo e todo o Livro de
Levítico são manuais de adoração.

Por nós mesmos, não saberíamos como adorar.


Assim como os discípulos precisaram pedir que Je-
sus os ensinasse a orar, os israelitas, como cada
um de nós, precisaram aprender a adorar. Em al-
gumas igrejas, no momento de adoração o ministro
fica a maior parte do tempo voltado para o altar, de

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costas para o povo. Essa forma de adoração exis-


tente também em sinagogas judaicas tem suas raí-
zes na forma de adoração instruída por Deus a Moi-
sés na tenda de adoração.

É sob essa perspectiva que pretendemos estudar a


vida de Moisés. O grande problema do povo no Li-
vro de Êxodo é a escravidão; e a solução para esse
problema é a libertação. Deus chamou Moisés para
ser o libertador dos filhos de Israel. Aplicando o
ensino do Livro de Êxodo como ilustração de liber-
tação ou salvação, Moisés é uma das maiores figu-
ras de libertador.

A História de Moisés

A experiência mais importante que alguém pode


ter é ser liberto do poder do pecado. A segun-
da maior experiência é se tornar um instrumento,
através do qual outras pessoas sejam libertas.

Vamos considerar a vida de Moisés em três perí-


odos de quarenta anos. Nos primeiros quarenta
anos, a grande lição que Deus ensinou a Moisés foi:
“Moisés, você não é ninguém!”. Devido a algumas
circunstâncias, Moisés foi criado no palácio do Fa-
raó (cf. Ex 2:1-10). Talvez por isso ele tenha se con-
siderado alguém especial. Mas quando ele tinha
aproximadamente quarenta anos, parece que Deus
conseguiu convencê-lo de que ele não era ninguém
(cf. 2:11-15).

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A segunda lição que Deus ensinou a Moisés acon-


teceu nos quarenta anos seguintes de sua vida.
Dessa vez a mensagem foi: “Moisés, você é alguém
porque Eu o escolhi e Eu estou com você”. A his-
tória é a seguinte: Um dia, quando Moisés tinha
por volta de quarenta anos, foi observar os escra-
vos hebreus, sabendo que ele próprio era um es-
cravo hebreu. Em Êxodo 2:11-12 lemos: “Naqueles
dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos e
viu os seus labores penosos; e viu que certo egíp-
cio espancava um hebreu, um do seu povo”. Olhou
de uma e de outra banda, e vendo que não havia ali
ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia.
A ideia de que essa passagem passa é que Moisés
se compadeceu do seu povo e sentiu-se comovido
por tudo que ele estava passando.

Nesse momento, o que Deus teria dito a Moisés te-


ria sido o seguinte: “Moisés, não é assim que você
libertará esse povo. Vamos primeiro fazer um “Se-
minário” de quarenta anos e pensar sobre como li-
bertá-lo dessa escravidão”. Quarenta anos mais
tarde, Moisés estava no deserto (cf.2:15) e viu um
arbusto em chamas. Por causa do intenso calor
esse era um acontecimento comum no deserto.
Normalmente um arbusto era consumido pelo fogo
em cerca de cinco segundos. Mas desta vez o ar-
busto não se consumia e continuava em chamas.
Moisés aproximou-se para ver o que estava acon-
tecendo (cf.3:1-3). Veja o que aconteceu: “Vendo o
Senhor que ele se voltava para ver, Deus, do meio

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da sarça, o chamou e disse: Moisés! Moisés! Ele


respondeu: Eis-me aqui! Deus continuou: Não te
chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque
o lugar em que estás é terra santa. Disse mais: Eu
sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto,
porque temeu olhar para Deus” (3:4-6).

Nessa passagem, Deus falou a Moisés que o mais


importante não era que ele tivesse visto a terrível
escravidão de Israel, nem a compaixão ou a von-
tade de fazer alguma coisa por aquele povo. Deus
disse a Moisés na sarça ardente, que o que real-
mente importava era que o Deus de Moisés tinha
visto o problema, e ia fazer alguma coisa. Assim
Deus disse a Moisés que ele deveria ir ao Faraó e
exigir a libertação do povo de Israel.

Você consegue imaginar o impacto que essa co-


municação causou em Moisés? Quando Moisés
matou um egípcio, Deus lhe mostrou que ele não
era um ninguém. Na sarça ardente, Deus conven-
ceu Moisés de ele era alguém. Essas foram basica-
mente as duas lições: Moisés não era ninguém, mas
Deus estando com ele, ele era alguém. Deus en-
sinou Moisés essas duas lições para fazer dele um
veículo humano para libertar Israel do Egito.

A maioria das pessoas que tem autoridade esforça-


-se para selecionar e cercar-se de pessoas que se-
jam qualificadas para exercer tarefas importantes.

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Na Bíblia, acontece exatamente o contrário: Deus


escolhe a pessoa menos qualificada para exercer
tarefas importantes. Se formos usados por Deus
para libertar o povo hoje, havemos de querer ver al-
guns amigos ou pessoas queridas libertas das ca-
deias do pecado. Mas é preciso lembrar que não
somos os libertadores. Deus é o Libertador.

Uma Lição Para Nós

Uma pessoa humilde entende quem realmente está


fazendo a obra e diz: “o plano de Deus é usar o Seu
poder no Seu povo para conquistar os Seus propó-
sitos”.

No Livro de Êxodo, Deus é como uma Videira em bus-


ca de Seus ramos. Deus não trabalha sem os Seus
instrumentos. Por isso Ele teve de encontrar Moisés.
Mas depois que o encontrou, teve de convencê-
-lo disso: “Moisés, você não é ninguém. Não é você
quem vai fazer todas essas coisas. Depois que você
entender isso poderá ser alguém que Eu possa usar;
alguém através de quem Eu vou trabalhar. Você des-
cobrirá os milagres que eu posso fazer através de al-
guém que aprendeu que não é ninguém”.

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CAPÍTULO 14

Objeções Humanas e
Segredos Espirituais

Até aqui vimos como Deus preparou Moisés para o


ministério específico de libertar os filhos de Isra-
el. Na continuação abordaremos os segredos que
Deus dividiu com ele e que o fizeram o veículo de li-
bertação de Deus; veremos também como Moisés
respondeu ao chamado de Deus para ser um liber-
tador.

O segredo de Deus para que Seu servo se torne


um instrumento de libertação, em síntese, em este:
“Você não é o libertador – Eu O sou. Você mesmo
não consegue libertar ninguém, mas eu estou com
você, Moisés. Você não quer libertar esse povo,
mas Eu quero”. Esses segredos foram verdades
para Moisés e hoje são verdades para nós também.
Foi isso que Deus ensinou para Moisés na sarça ar-
dente.

Moisés estava preocupado porque não se expres-


sava muito bem. Talvez ele não fosse um bom ar-
ticulador da palavra ou talvez tivesse algum pro-
blema de fala, alguma gagueira, por exemplo. Mas
isso não importa! Deus já conhecia suas limitações
e mesmo assim o queria na frente de Faraó exigin-
do a libertação de Israel. Na verdade, talvez tenha

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sido justamente por causa de todas as suas limi-


tações que Deus o escolheu, para deixar bem claro
que, quando a libertação acontecesse, é por cau-
sa do poder de Deus e não por mérito de homem
algum. Foi por isso que Ele escolheu um hebreu,
pastor de ovelhas (os egípcios odiavam pastores
de ovelhas mais do que odiavam os hebreus) e ain-
da um gago, para se apresentar diante de Faraó,
exigindo a libertação do povo hebreu. Deus não
queria que quando seu povo fosse liberto alguém
dissesse: “Ah, foi Moisés. Ele é uma pessoa muito
eloquente. Eu estava lá quando ele exigiu a liber-
tação do povo. Você tinha que ver, que discurso!”
Deus não queria que fosse assim. Por isso Ele es-
colheu quem escolheu. “Quem fez a boca do ho-
mem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que
vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Êxodo 4:11).

Essas perguntas podem ser muito duras para algu-


mas pessoas.

O que Deus estava ensinando era a mesma lição


que aprendemos com José: é Deus quem planeja
a dinâmica da nossa vida. Pode ser que nunca en-
tendamos algumas escolhas de Deus, mas Ele nos
molda como quer. Ele disse a Moisés: “Se eu qui-
sesse um homem eloquente, teria feito um”.

A essa altura Moisés teve uma lição e tanto! Deus


lhe perguntou: “Que é isso que tens na mão?” E
Moisés respondeu: “Um bordão”. E Deus ordenou:

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“Lança-o na terra”. Quando Moisés lançou o cajado


no chão, ele se transformou em algo que foi gran-
demente usado por Deus durante todo o seu minis-
tério. A palavra “dedicar” significa “lançar”. Deus,
então, ordenou que Moisés colocasse a mão dentro
no seu peito e a tirasse. Quando ele a tirou a mão
estava leprosa. Deus ordenou que ele fizesse isso
novamente e sua mão foi curada (Cf. 4:2-7).

Deus foi muito paciente com Moisés diante de suas


objeções. Mas quando ele diz para Deus: “Ah! Se-
nhor! Envia aquele que hás de enviar, menos a
mim” (v. 13), Deus irou-se. Agora a pergunta é para
você: quando Deus o chama para algum trabalho,
você também faz objeções? Será que você aca-
ba dizendo: “Manda outra pessoa, Senhor”? Muitas
pessoas na Bíblia foram honestas o suficiente para
dizer: “Deus, eu não quero ir”. Foi isso o que Moi-
sés fez. De certa forma, isso é bom porque quando
alguém, de imediato aceita o desafio, geralmente
levanta suspeita quanto aos seus reais interesses.
No final Moisés aceitou o desafio e obedeceu e
deu tudo certo. Mas o mérito não foi dele, e sim de
Deus.

Existe muita gente com muita capacidade, e pouca


disponibilidade. Outras têm muita disponibilidade,
mas pouca capacidade. As Escrituras afirmam que
não importa se você tem muita ou pouca capacida-
de, o importante é estar disponível para Deus. Na
obra de Deus, a maior capacidade é a de estar dis-

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ponível. Ele não nos usa por causa do que somos


ou queremos, mas apesar do que somos e do que
queremos.

Podemos resumir assim a lição que Deus ensinou a


Moisés:
Eu não sou, mas Ele é, e está comigo.
Eu não posso, mas Ele pode e está comigo.
Eu não quero, mas Ele quer e está comigo.
Não fui eu quem fez, foi Ele, porque Ele esta-
va comigo.

Costumo dizer que esses são “Os Quatro Segredos


Espirituais”. Eu jamais poderia exercer minha fun-
ção de ministro do Evangelho com minhas capaci-
dades humanas. Eu tive que aplicar esses segre-
dos espirituais na minha vida e no meu ministério.
Espero que você aprenda a aplicar na sua vida es-
ses segredos espirituais que Moisés aprendeu junto
àquela sarça ardente que não se consumia.

CAPÍTULO 15

Pragas, Milagres e Princípios


de Libertação
Agora eu gostaria de enfocar a história de liberta-
ção retratada no Livro de Êxodo. Como já mencio-
nei, a palavra “libertação” é sinônimo de “salvação”.

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Quando estudamos no Livro de Êxodo a questão da


libertação e da salvação que o povo escolhido, co-
nhecemos a manifestação do poder de Deus. Nun-
ca existiu antes nem hoje existe, salvação alguma
sem a intervenção do poder de Deus. É a atuação
peculiar e única desse poder que começou com as
dez pragas, que nós vemos em ação no Livro de
Êxodo.

As Dez Pragas

A verdade contida na ilustração das dez pragas


está presente em toda a Bíblia, do Gênesis ao Apo-
calipse. Em 1 João 4:4 essa verdade é expressa da
seguinte maneira: “maior é aquele que está em vós
do que aquele que está no mundo”. Esta é a apli-
cação que tiramos para nossas vidas da história
das dez pragas.

Em Êxodo 5:1, Moisés e Arão fazem o primeiro ape-


lo a Faraó para que deixe o povo de Israel sair do
Egito: “Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Deixa ir
o meu povo, para que me celebre uma festa no de-
serto”. Mas Faraó os ignorou; atender àquele pedi-
do não estava nos seus propósitos e não ia lhe tra-
zer nenhuma vantagem. As razões apresentadas
por Moisés e Arão não faziam sentido para Faraó.

Temos nessa história o que chamamos de “Princí-


pios para Libertação” do poder do pecado e do mal.
Quando Moisés exige a libertação do povo de Deus

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e o Faraó se recusa a deixá-lo ir, as pragas come-


çam a se manifestar, uma após outra, até que Fa-
raó se rende ao poder de Deus. Observemos o diá-
logo entre Faraó e Moisés.

A maioria dos teólogos concorda entre si quando


afirmam que Moisés, como libertador, é uma figura
de Jesus Cristo e Faraó é uma figura de Satanás, a
personificação do mal. Se tivermos entendimento
dessa dinâmica entre Moisés e Faraó, entendere-
mos a dinâmica que existe entre Cristo e Satanás,
para a nossa salvação e libertação.

Vejamos por exemplo, em Êxodo 8:25 a proposta


que o Faraó faz a Moisés quando este exige que os
filhos de Israel tenham permissão para sair e sacri-
ficar ao seu Deus: “Ide, oferecei sacrifícios ao vosso
Deus nesta terra”. Quer dizer: “Vocês podem ofere-
cer sacrifícios, mas aqui no Egito!”.

Depois de mais algumas pragas, Faraó concor-


da em deixar o povo ir para realizar suas cerimô-
nias religiosas, mas ele insiste numa coisa: “Deixar-
-vos-ei ir ...somente que, saindo, não vades muito
longe” (Ex 8:28). Essa é a pressão que um novo
convertido sofre: “Tudo bem, você quer ser crente
agora, mas espero que você não se torne um des-
ses fanáticos. Isso quer dizer: espero que você não
vá muito longe nisso, que não leve tão a sério”.

Em Êxodo 10:8-10 temos o relato da oitava praga e

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como Faraó começa a ceder. Ele permitiria que o


povo fosse, mas os israelitas deveriam deixar seus
filhos no Egito. Quando Satanás não consegue
prejudicar nosso compromisso com Deus, ele tenta
pegar nossos filhos. É impressionante como mui-
tas pessoas abraçam a fé, mas “deixam seus filhos
no Egito”.

Depois de mais algumas pragas, o Faraó permitiu


que o povo saísse, mas os seus rebanhos deveriam
ficar no Egito (Cf. Ex 10:24). Essa é a sugestão do
diabo de não trazermos nossas riquezas quando
nos decidimos pela fé em Cristo.

Creio que essa seja uma estratégia de Satanás,


personificado em Faraó no livro de Êxodo. O pri-
meiro princípio de libertação é: nunca, nunca e
nunca faça nenhum acordo com o diabo. Não dei-
xe que o diabo o tente a permanecer no Egito, isto
é, no mundo, nem a ter uma fé apática ou ainda a
deixar seus filhos, ou seus bens no Egito. Não acei-
te nada disso!

Os milagres

Mas qual é a saída para quem está preso no peca-


do, como tantos estão? Segundo o Livro de Êxo-
do, para sair da escravidão e das prisões do pecado
você precisa de milagres simbolizados pela Páscoa
e pela travessia do Mar Vermelho. Esses aconte-
cimentos representam a libertação total dos filhos

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de Israel do poder de Faraó.

A última praga é a expressão da ira de Deus. Ela


tira a vida de todos os primogênitos do Egito. O
povo escolhido de Deus presenciou a primeira Pás-
coa, e viu a ira de Deus passar sobre ele e não os
alcançar. Jesus mostrou a relação entre essa Pás-
coa e nossa salvação, quando disse aos apóstolos
que Sua morte na cruz era o cumprimento de tudo
o que representava a Páscoa (cf. Lucas 22:16).

Quando acompanhamos os diálogos entre Moisés e


Faraó, vemos que Faraó não tinha nenhuma inten-
ção de deixar os filhos de Israel saírem do Egito; ele
muda de idéia várias vezes. Uma hora dizia que po-
diam ir e outra hora dizia que não. Mesmo depois
de libertá-los definitivamente, Faraó ainda mudou
de ideia mais uma vez e quando o povo de Deus
chegou ao Mar Vermelho, Faraó reúne o seu exér-
cito dando a impressão, de que saía para extermi-
nar todo o povo. Nesse momento os filhos de Israel
precisavam de um milagre.

Moisés faz o que Deus o mandou fazer e o resto da


história todos nós conhecemos: as águas se divi-
diram ao meio formando dois grandes muros e os
filhos de Israel marcharam entre eles sobre terra
seca. Quando os egípcios tentaram perseguí-los,
os muros de água ruíram e o exército egípcio ficou
submerso (Cf. Ex 14:21-28).

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Quando você estuda o Velho Testamento tem de


decidir se acredita ou não no sobrenatural e em mi-
lagres. Eu creio em milagres e creio em tudo o que
está escrito sobre a saída do povo israelita do Egi-
to. Creio que aconteceu exatamente como foi re-
latado. E creio também que essa história é uma fi-
gura da nossa salvação. É necessário um milagre
de Deus para que você e eu sejamos salvos. É por
isso que os milagres da Páscoa e da travessia do
Mar Vermelho são uma ilustração para nós.

Depois que os filhos de Israel passaram pelo Mar


Vermelho e chegaram no deserto, enfrentaram um
problema novo e muito sério. O que toda aquela
gente ia comer e beber no meio do nada? Cerca de
dois ou três milhões de pessoas precisavam de ali-
mento e água e Moisés não tinha ideia do que faria.
Mas Deus tinha.

Deus atende as necessidades dos filhos de Israel


com outro milagre. Um dia, quando eles se levan-
taram pela manhã, havia uma substância branca
espalhada no chão. Eles começaram a indagar: “O
que é isso?” Sabe como se diz “o que é isso?” em
hebraico? “Maná”. E foi esse o nome que deram
àquela substância. A partir daquele dia, todas as
manhãs, eles encontravam o maná no chão.

O alimento que Deus providenciou para os filhos


de Israel satisfazia todas as suas necessidades nu-
tricionais. Aquele povo se alimentou com aquela

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substância durante quarenta anos. Qual é a fonte


do seu sustento? Você confia na economia do seu
país? Na sua capacidade para trabalhar e conse-
guir tudo o de que precisa? A verdadeira fonte de
tudo o que precisamos é Deus. Quando olhamos
para Ele, ele nos dá tudo de que precisamos, quan-
do precisamos. Eles tinham que juntar o maná to-
dos os dias. O maná simbolizou o ensino de Je-
sus que pedimos a Deus: “o pão de cada dia nos dá
hoje”. Quando agradecemos a Deus pelo alimento,
estamos reconhecendo que Deus é a fonte dele e
de tudo o que necessitamos. A provisão de Deus
para os filhos de Israel durante os quarenta anos
de caminhada no deserto serve para nos lembrar
da provisão que Ele nos dá.

Nossa Libertação

Também encontramos no Livro de Êxodo a base


para nossa salvação e a mais importante forma de
adoração. O sacramento instituído durante a liber-
tação dos filhos de Israel tornou-se o sacramen-
to da nossa salvação. O povo de Deus foi instruí-
do a sacrificar um cordeiro e espargir o seu sangue
nos umbrais da porta de suas casas, represen-
tando o sangue de Cristo que faz com que a ira de
Deus passe por sobre nós, sem nos atingir. Jesus
Cristo, o Cordeiro de Deus, foi sacrificado por nós
e é o Seu sangue que nos salva. Jesus Cristo foi o
Cordeiro de Deus ilustrado no cordeiro da primeira
páscoa.

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Minha oração é que na sua leitura do Livro de Êxo-


do você veja que os milagres que libertaram os is-
raelitas são uma figura dos mesmos milagres que
nos salvam hoje.

CAPÍTULO 16

O Espírito de Cada Mandamento



Vamos prosseguir com o nosso estudo até os Dez
Mandamentos, encontrados em Êxodo 20:1-17. Os
Dez

Mandamentos são uma síntese de centenas de ou-


tros mandamentos.

Eles foram escritos em duas tábuas. Numa foram


escritos quatro mandamentos referentes ao nosso
relacionamento com Deus:
1. Não terá outros deuses diante de Mim.
2. Não farás para ti imagem de escultura, não as
adorarás, nem lhes dará culto.
3. Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em
vão.
4. Lembra-te do dia de Sábado, para o santificar.

Esses quatro mandamentos referem-se ao nosso


relacionamento com Deus. A segunda parte dos

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Dez Mandamentos, os seis restantes, são referen-


tes ao nosso relacionamento com outras pessoas.
5. Honra teu pai e tua mãe.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso testemunho.
10. Não cobiçarás.

Vamos estudar os Dez Mandamentos um pouco


mais de perto e ver o que eles realmente significam.

O primeiro mandamento adverte: “Não terás outros


deuses diante de Mim”. A Bíblia poderia ser resumi-
da nessa frase: “Deus em primeiro lugar”. Esse é o
espírito que está por trás do primeiro mandamento.

O segundo mandamento é a proibição de se fazer


qualquer imagem de escultura ou qualquer repro-
dução de qualquer coisa que exista no céu ou na
terra, e chamá-la de Deus. Esse mandamento pro-
íbe terminantemente a idolatria. Mas a essência
dessa lei é mais do que isso: Deus é Espírito. A Bí-
blia ensina a nos aproximarmos de Deus pela fé.

Se Deus é um Espírito, o objeto da nossa fé nunca


será visto. Foi assim que Deus determinou que nos
aproximemos dele. Ele quer que nos aproximemos
dEle pela fé. Se tentarmos fazer qualquer coisa
material ou tangível e dizer que aquilo representa
Deus, eliminaremos a necessidade de fé.

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O terceiro mandamento faz referência à não se in-


vocar o nome de Deus em vão. Apesar de muita
gente achar que esse mandamento envolve basi-
camente profanação, a essência do mandamento
é mais ampla do que isso. O que ele está dizendo é
que sempre que você usar o nome de Deus, mes-
mo em adoração, deve se lembrar de Quem é Deus
e não deve falar Seu nome em vão em situações
que não sejam apropriadas para o nome de Deus.
Não devemos invocar o nome de Deus sem cuidado
nem respeito, mesmo quando O adoramos.

O quarto mandamento diz respeito a guardar o Sá-


bado. Esse mandamento teve muitas aplicações
em centenas de outros, nos Livros da Lei. Muitas
regras judaicas surgiram a partir dele, mas o seu
princípio é semelhante ao do primeiro mandamento
que é: coloque Deus em primeiro lugar na sua vida.
Separe um tempo a sós com Ele. Outra maneira de
cumprir esse mandamento é simplesmente des-
cansando. As pessoas hoje sofrem esgotamentos
nervosos e físicos causados por exaustão, simples-
mente porque não cumprem esse mandamento.

O segundo grupo de mandamentos refere-se às re-


lações interpessoais. O primeiro mandamento do
segundo grupo aplica-se aos nossos pais. No cur-
so normal de vida, essas são as pessoas com quem
primeiro nos relacionamos, e esse mandamento or-
dena que honremos nossos pais. É o único man-
damento com promessa. Se você honrar seu pai

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e sua mãe terá vida longa sobre a terra. (cf. Ex


20:12). Observe, porém, que o mandamento é para
que você honre, não para que, necessariamente,
obedeça. A Bíblia ensina que as crianças devem
obedecer aos seus pais. Portanto, quando somos
crianças devemos obedecer, mas esse mandamen-
to é para adultos e está ordenando que devemos
honrar e respeitar nossos pais.

Embora tenha havido momentos na história do


povo de Israel em que esse povo teve de guerrear
e até matar, o mandamento seguinte adverte que
não devemos matar. A sua essência é que a vida
está nas mãos de Deus; Ele dá a vida e por isso a
prerrogativa de a tirar também é d’Ele.

O sétimo mandamento proíbe o adultério. Creio


que esse mandamento, em sua essência, trata do
que chamamos de “direito dos filhos”. De acor-
do com Gênesis dois, o plano de Deus, é que duas
pessoas se unam, formando uma parceria, tornem-
-se pais, gerem filhos, indivíduos que venham a se
tornar parceiros e pais. O casamento é o contex-
to seguro no qual Deus quer que os filhos sejam
criados e preparados para a vida. A segurança da
criança, portanto, depende do compromisso ou da
fidelidade do casal. Creio que esta seja a essência
desse mandamento. Deus estava pensando nas
famílias e nos filhos quando ordenou: “não adulte-
rarás”.

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O oitavo mandamento é “não furtarás”, e fala da


essência do próprio Deus. Lembra-nos que Ele é
um Deus de ordem. Firmados na Sua graça e no
esforço de plantar e colher acumulamos bens no
curso da vida. Quando alguém rouba outra pessoa,
viola a ordem que Deus estabeleceu. Essa estru-
tura organizada por Deus é o espírito que está por
trás desse mandamento.

O nono mandamento é “não dirás falso testemu-


nho contra o teu próximo”. Não creio que as pes-
soas entendam bem qual é o significado desse
mandamento. Costumamos fazer a diferença en-
tre mentiras grandes e pequenas ou mentiras al-
tamente indecorosas e mentiras inofensivas. Di-
zer uma coisa fora do contexto pode constituir-se
numa mentira considerada inofensiva, ou ainda
contar metade de uma verdade. Esse é o ponto
forte da personalidade de muitos criminosos. Mas
o nono mandamento engloba tudo isso, quando
diz “não dirás falso testemunho”. Não importa se
você se considera muito esperto. Qualquer falsa
impressão, qualquer omissão consiste em violação
do nono mandamento. O espírito que está por trás
desse mandamento é que devemos expressar a
verdade em qualquer circunstância, seja através da
fala ou de gestos.

O último mandamento diz que não devemos co-


biçar. Esse mandamento assemelha-se ao oita-
vo “não furtarás”. Deus tem um propósito em tudo

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que você possui, na sua esposa, no seu marido, na


sua casa, na sua família, em tudo enfim. De acordo
com as Escrituras não devemos nos comparar com
outras pessoas. Somos todos indivíduos únicos.
Quando Deus fez cada um, jogou fora “a forma”.

Ele não quer que sejamos iguais a ninguém. Se


assim é, não devemos nos comparar com outras
pessoas nem ter inveja ou cobiça do que outras
pessoas têm. A inveja e a cobiça revelam nossa in-
satisfação com a vontade de Deus para nossas vi-
das. Creio que esse seja o espírito que está por
trás do décimo mandamento.

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