Psicopato - Consciencia
Psicopato - Consciencia
Psicopato - Consciencia
Definição psicológica: trata-se da soma total das experiências conscientes do indivíduo em determinado
momento; designando campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que
se volta à realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo
entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer seus objetos.
Definição ético-filosófica: o termo consciência refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres
éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. Assim, a
consciência ético-filosófica é atributo do homem desenvolvido e responsável, engajado na dinâmica social
de determinada cultura. Refere-se a consciência moral, ética e política.
Todo o estado de consciência vem acompanhado de um sentimento qualitativo especial das experiências
vivenciadas pelo sujeito. Assim, os estados de consciência são experimentados como um campo de
consciência unificado. Sendo, a unidade, a subjetividade e o caráter qualitativo, as marcas da experiência
nos estados da consciência.
Nesse campo, o RDoC propõe sistemas reguladores relacionados ao nível de consciência, os quais são
responsáveis por gerar toda a ativação dos sistemas neurais nos vários contextos da vida. Eles têm por
função produzir uma regulação adequada dos estados de consciência vígil e dos períodos do sono. Deve-
se salientar que o nível de consciência é o continuum de sensibilidade e alerta do organismo perante os
estímulos, tanto externos quanto internos. As principais características e propriedades do nível de
consciência são:
Ao voltar-se para a realidade, a consciência demarca um campo, no qual se pode delimitar um foco, ou
parte central mais iluminada da consciência, e uma margem, que seria a periferia menos iluminada,
mais nebulosa, da consciência. Segundo a psicopatologia clássica, é na margem da consciência que
surgem os chamados automatismos mentais e os estados ditos subliminares.
As alterações normais da consciência ocorrem no contexto dos chamados ritmos circadianos. Eles são
oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico no período de 24 horas (que inclui
centralmente as oscilações do nível de consciência da vigília e do sono), as quais, nesse intervalo,
organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do organismo e otimizam a fisiologia, o
comportamento e a saúde.
Sono: o RDoC define sono e vigília como estados comportamentais endógenos e recorrentes que
expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como
fisiologia, comportamento e saúde. O sono se caracteriza por:
Dividem-se as fases do sono em duas: o sono sincronizado, sem movimentos oculares rápidos (sono
NREM), e o sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos (sono REM).
Sono NREM: há diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do
tônus do sistema nervoso autônomo parassimpático, permanecendo vários parâmetros fisiológicos
estáveis em um nível de funcionamento mínimo, como as frequências cardíaca e respiratória, pressão,
etc. Durante o sono não-REM, ocorrem quatro estágios:
I- Primeiro estágio: é mais leve e superficial, com atividade regular do EEG de baixa voltagem.
II- Segundo estágio: é um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando um aspecto
fusiforme.
III- Terceiro estágio: sono um pouco mais profundo, com traçado de EEG mais lentificado.
IV- Quarto estágio: sono mais profundo, com traçado de EEG bem lentificado.
É mais difícil despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser
despertado.
Psicopatologia I – Consciência e suas alterações
Sono REM: não se encaixa em nenhuma dessas quatro fases. Sua duração total em uma noite perfaz de
20 a 25% do tempo total de sono. O sono REM não é, entretanto, um sono leve, tampouco profundo, mas
um tipo de sono qualitativamente diferente. Caracteriza-se por instabilidade no sistema nervoso
autônomo simpático, com variações das frequências cardíaca e respiratória, da pressão arterial, do débito
cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral.
O sonho, fenômeno associado ao sono, pode ser considerado uma alteração normal da consciência. Nas
mais diversas sociedades, ao longo da história, ele tem exercido grande curiosidade, sendo interpretado
das mais diversas formas. Ao contrário do que se pensava no passado, sonhar não é algo raro. A maioria
das pessoas sonha várias vezes durante uma noite, entretanto, se acordarem após mais de 8 minutos de
um sono REM (durante o qual os sonhos acontecem), não se lembrarão mais do conteúdo do sonho.
Delirium: diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de
consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração,
perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e
confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao
longo do dia.
Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em
pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo delírio (idéia delirante; alteração do juízo de
realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos).
Além dos diversos estados de redução global do nível de consciência, a observação psicopatológica
registra uma série de estados alterados da consciência, nos quais se tem mudança parcial ou focal do
campo da consciência. Uma parte do campo da consciência está preservada, normal, e outra parte,
alterada. De modo geral, há quase sempre, nas alterações qualitativas da consciência, algum grau de
rebaixamento (mesmo que mínimo) do nível de consciência. Têm-se, então, as seguintes alterações
qualitativas da consciência:
IV- Transe: estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado,
diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e
estereotipada acompanhada da suspensão parcial dos movimentos voluntários.