E Agora - Chama o Médico - PDF
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CHAMA O MÉDICO?
Tudo o que você precisa saber antes de ter
seu CRM na mão!
CRM SP 206887
E agora? Chama o Médico?
INTRODUÇÃO
Tudo bem, meu amigo médico!? Nem vem com esse papo de que ainda não é médico,
assuma logo essa responsabilidade porque ser médico não é um diploma, é se assumir
dessa maneira pra você e pra quem tá perto de você.
Se você já está próximo de terminar a faculdade isso já deve estar implícito em você.
Se você ainda não chegou no internato, mas já frequenta hospital, você deve ir
observando o comportamento médico, isso fará toda a diferença na sua carreira
profissional.
Eu preparei esse e-book pra você a fim de que minhas experiências te tragam alguma
segurança, mas que essa segurança seja mais precoce do que foi comigo... Eu digo isso
porque sei que você, assim como a grande maioria, vai sair da faculdade com diversos
medos e receios. Mas, eu estou aqui pra tentar mudar um pouco esse dilema. Você vai
terminar esse e-book com vontade de atender seus pacientes (ou pelo menos com menos
medo... ciente de que você não é a única pessoa do mundo que não se sente preparado
para lidar com outras vidas) com vontade de fazer diferença na vida deles e sabendo
como funciona o mercado de trabalho médico em todas as regiões do país, com relatos
reais de médicos que passaram o que você vai (ou não) passar.
Espero que aproveite e que seja útil para te mostrar, através das minhas dificuldades e de
outros colegas, que você é mais que capaz!
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E agora? Chama o Médico?
DEDICATÓRIA
Ao meu pai, que morreu aos 35 anos, tão jovem. Quando ele faleceu, eu tinha apenas 12
anos de idade. Cada vez que atendo um paciente desta idade penso que poderia estar
salvando ele, e isso me torna um médico ainda melhor. Carrego o sobrenome dele no
meu jaleco, uma homenagem eternizada.
À minha mãe, a real idealizadora de tudo que aconteceu na minha vida até hoje, eu sou
médico porque ela apostou no meu sonho, no meu talento e me encorajou dia após dia.
Acima de tudo, gostaria de dedicar à Deus, o meu pai real. Esse, que está Vivo, todos os
dias, dentro de mim
Finalmente e não menos importante, dedico esse ebook a todos os colegas médicos que
me ajudaram mandando seu relato pra enriquecer esse material, vocês são excelentes e
me deram coragem pra lançar esse material com a certeza de que ajudarei pessoas por
todo o país.
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A MINHA INTENÇÃO
O que eu quero com este quase livro é te ensinar o que a faculdade não te ensina, te dar
dicas que o professor médico nunca te falou e te mostrar que é possível ser recém-
formado e ser um médico de qualidade.
Vou te resumir a minha história de quase 3 anos como médico, meus altos e baixos, meus
maiores desafios, meus medos, os paradigmas que quebrei e a trajetória que me trouxe
onde estou. Além disso, vou falar do que ninguém costuma abrir: a real vida financeira.
Antes de mais nada, decida o caminho que você quer seguir na carreira médica. Não me
venha com essa de: ah, passei no internato em Ginecologia e Obstetrícia (GO) e amei,
então vou ser GO.
Meu amigo... ter afinidade com professor bom, se apaixonar por uma especialidade por
encontrar um ótimo preceptor no caminho não é o decisivo (e nem deve ser) pra definir
sua trajetória profissional. Por favor, entenda que você é maior que isso.
Entenda também que essa história de que “a Medicina está acabando e que é difícil ser
médico no Brasil hoje” não é bem uma verdade. Sabe o que é difícil? É encontrar um bom
médico! E eu quero que você seja esse bom médico. Qualquer péssimo médico ganha no
mínimo 10-12 mil reais mensal (isso é triste, mas é verdade) então tira logo isso da sua
cabeça.
São novos tempos, novas perspectivas e novo modelo de se tornar um bom profissional.
Lembrando que isso não desmerece toda a trajetória dos nossos chefes e nossos
professores... Eles são verdadeiros pioneiros, desbravaram e conquistaram muitos
campos de trabalho e atuação médica em suas épocas... mas sabemos também que o
mundo inteiro tem se adequado às evoluções e não pode ser diferente com a medicina.
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E agora? Chama o Médico?
Eu formei no dia 29/08/2019, às 17 horas. Sim, lembro até as horas, e você também não
vai esquecer. Foi o dia em que colei grau pela Universidade Federal do Acre (UFAC).
Antes de estudar na UFAC, cursei um tempo numa faculdade privada em outro estado,
mas foi praticamente só o ciclo básico. Por fazer quase metade do curso no serviço
privado e ter finalizado no público, vejo que a diferença não está na faculdade, e sim no
aluno.
Isso é importante? Talvez sim. Isso deve ajudar no teu ego (que pode inflar ou não), as
notas vão ajudar no teu histórico (que nunca me pediram ao me contratar - nem eu me
lembro mais minhas notas) então isso interferiu ZERO na minha carreira médica até aqui.
Sei que existem serviços que vão cobrar isso numa entrevista de residência, mas aqui eu
tô falando de carreira médica e não de processo seletivo voltado pra residência, então é
nisso que vamos focar.
Bom... não me importam as tuas notas até aqui, me importam 3 coisas: tua vontade, tua
coragem e teu desejo em ajudar pessoas. Se você tiver pelo menos dois desses pontos já
vai ser bom. Se você tiver os 3, vai voar na medicina.
Voltando… Cara, eu moro no Acre. É, infelizmente, um estado longe dos grandes centros
e com pouca tecnologia aplicada à saúde. Mas aqui, temos um SUS que funciona (VIVA O
SUS) quase igual ao restante do país. Sempre ouvi de colegas que formaram e foram pra
grandes centros que era o melhor a se fazer, pensando principalmente no aspecto
financeiro. É mentira? Não! E foi assim que fiz.
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E agora? Chama o Médico?
Formei num dia, comprei as passagens pra ir embora pra São Paulo e na outra semana já
estava lá. E foi isso. Eu nunca tinha PISADO em São Paulo, mas ok. Sempre fui de me
desafiar, então esse era só mais um desafio que eu certamente venceria (eu não tinha
dúvidas). Parece que coragem eu tinha. Conversei com minha família e falei que iria
embora. Qual a resposta de todos? (exceto minha mãe – mãe, te amo! Obrigado por tudo)
- Como assim?
- Por quê?
- Você tá louco?
- Você conhece São Paulo?
- Tá, mas você já tem emprego certo lá?
- Por que você não fica aqui mesmo?
- É muito mais fácil tentar trabalho na sua cidade!
ATENÇÃO: se você está numa cidade menor e pretende ir pra um grande centro
trabalhar TIRE PRIMEIRO SEU CRM NA CIDADE PEQUENA porque sai mais rápido!
Quando você chegar na cidade maior você já consegue no mesmo dia um visto
provisório para atuar como médico e isso faz você não perder tempo e dinheiro como eu
perdi.
Se você fizer a cagada que eu fiz de não tirar CRM na cidade de menor porte e deixar pra
fazer tudo em São Paulo (ou outro grande centro) como eu fiz, você pode esperar até
QUINZE DIAS pra receber seu cadastro e até lá você estará jogando dinheiro fora, tipo
uns 20 mil reais... Posso falar com propriedade de São Paulo, não sei como funcionam em
outros estados, mas em qualquer lugar onde a demanda de formandos for alta, a
burocracia vai ser demorada. Duas amigas formaram comigo tiraram o CRM na cidade
menor e conseguiram visto provisório imediato em São Paulo!
Pra você entender: se você já tem um CRM de origem você pode atuar em qualquer lugar
do país, após se apresentar no CRM daquela região, já que eles logo te liberam o chamado
“visto provisório”. É como se fosse uma licença pra você atuar até que esteja
definitivamente fazendo parte do conselho da região em que se encontra.
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E agora? Chama o Médico?
Voltando...
Minha mãe topou que eu fosse porque sempre apostou nas minhas estratégias de vencer
na vida, mas falou: eu só posso lhe dar 4 mil reais e vou precisar que você me devolva
depois pois não tenho esse dinheiro sobrando. Na época, respondi: lhe devolvo logo e
ganharei muito mais! Ela riu.
Postei uma foto no story que dizia assim: “bora ali, realizar mais sonhos? Deus na frente
sempre”
Cheguei em São Paulo com meu dinheiro contado, sem casa pra morar, tudo em São
Paulo é muito mais caro... Aluguel então, nem se fala. Fiquei morando no hotel. Vale a
pena? Não sei, mas é o que eu tinha. Fiquei num Ibis e gastava em torno de R$135 na
diária, ou seja, os exatos 4 mil. Corri para o CRM, solicitei o meu... A previsão, como eu
disse, ERAM DE 15 DIAS ÚTEEEISSS. Ficava dando F5 a cada segundo no site, esperando
meu CRM sair e estudando algumas coisinhas, ainda decidindo sobre provas de
residência.
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E agora? Chama o Médico?
Sobre residência: a gente se cobra muito em ter que entrar logo na residência, se
especializar logo, que não dá pra ser “apenas” médico. Mas isso não é uma regra, pelo
contrário...
“Pablo, você acha que vale a pena trabalhar antes da residência?” Eu tenho plena
convicção que todo mundo DEVERIA trabalhar como médico antes de especializar.
Motivos: acho que é se limitar demais saber “só uma coisa” na medicina. Claro, sei que
nossa profissão tá cada vez mais segmentada, mas é muito bom você ter uma base sólida
e atuar com mais segurança e clareza nas condutas. Por experiência própria, o tempo que
trabalhei como médico me trouxe uma base muito boa pra que eu pudesse cuidar melhor
dos meus pacientes durante a residência médica...
Quem sofre com sua inexperiência profissional são os seus pacientes. Não é à toa que é
fácil ver colegas correndo de intercorrências, de intubação e manejo de paciente grave
(ou nem tão grave), de acesso central, pelo simples motivo de não dominarem aquilo e se
afastarem da chance de alguém precisar deles numa intercorrência.
Por favor, não estou criticando esses médicos. Eles dominam incrivelmente suas áreas de
especialidade, mas com certeza eles seriam ainda maiores se dominassem um pouco de
urgência, emergência e procedimentos médicos.
Tá, pode ser uma escolha da pessoa e beleza, mas sem dúvidas quem trabalhou está, no
geral, mais preparado pra cuidar de um paciente como um todo. Além disso, está pronto
pra possíveis problemas que possam ocorrer no caminho, as famosas intercorrências.
Você pode fazer o que bem entender da sua carreira, mas eu te peço uma coisa, não seja
limitado.
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E agora? Chama o Médico?
Isso foi o que mais me motivou a fazer cirurgia, a “não limitação”. As próximas palavras
podem soar arrogantes, então já deixo claro que a clínica é soberana (vocês não precisam
me matar).
Pensei: se eu sou um puta clínico eu sou incrível! Mas se eu sou cirurgião, e além disso
sou um puta clínico, eu me torno quase que imbatível… E isso não é só sobre o meu ego, é
sobre oferecer ao meu paciente o que há de melhor em mim, todo o meu potencial
investido numa vida que está em minhas mãos...
Sejamos verdadeiros, qual área profissional te permite formar hoje e amanhã estar
ganhando 2 mil reais em 24h? É por isso que te falei antes que esse papo de “a medicina
está ruim” é uma grande mentira. Talvez num futuro distante o mercado médico se torne
mais difícil, mas ainda que você não seja destaque na profissão, você consegue levar uma
boa vida. Você deve se limitar a isso? Óbvio que não, porque ser “só bom” se você pode
ser o melhor?
Ah, se você considera isso pouca grana saiba que cerca de 80% da população brasileira
tem esse valor (ou menor que ele) como salário mensal!
Você pode ganhar dinheiro de várias maneiras na Medicina como recém-formado. Vou
te dizer algumas e mostrar minha opinião sobre elas.
Unidade Básica de Saúde: antes de ir pra São Paulo eu estava procurando onde trabalhar,
não tinha contatos lá então já fui dando a cara a tapa. Mandei e-mail com meu currículo
ao Complexo Hospitalar Santa Marcelina. Eles tinham vagas para UBS disponíveis... Eles
me chamaram pra entrevista e fui. No fim da entrevista quiseram me contratar.
Não acho que isso seja por nenhum mérito meu. Creio que era necessidade deles mesmo.
A oferta era boa: 17 mil reais bruto, com carteira assinada, todos os direitos (incluindo
férias e 13º salário) e trabalhando apenas 4 dias na semana, ou seja, tinha uma folga na
semana ALÉM do final de semana.
Vi que esse não era meu perfil (eu já sabia disso... mas sei lá, queria ter essa opção como
carta na manga caso não conseguisse outras oportunidades).
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E agora? Chama o Médico?
IMPORTANTE: Não faça isso! Eu acabei fechando portas e isso não é bom.
Responda, diga o motivo pelo qual naquele momento não vai assumir a vaga, mas não
deixe no vácuo um serviço de saúde dessa proporção que é o Santa Marcelina. Aqui você
aprende com meus erros também! Eles também têm sistema de plantões e pagam bem,
procure saber melhor!
Plantões avulsos em UPAS: O que mais rola em São Paulo é você trabalhar, sem vínculo,
para empresas que terceirizam o serviço de saúde pública. Exemplo: as prefeituras
contratam empresas de serviço através de licitações e elas são responsáveis pelo corpo
clínico das unidades de saúde.
É difícil entrar nesses grupos? Não mesmo, qualquer médico consegue, basta ter seu
CRM. (Me chama no direct do instagram (@drpabloruan) que posso te direcionar melhor).
Você então participa de grupos no WhatsApp onde existe um responsável técnico por
determinada UPA e um escalista (responsável por montar a escala mensal daquela
unidade – bem criativo o nome né!?).
Lá eles soltam as vagas e você passa a fazer parte da escala. Depois que você entra em um
grupo ou começa a fazer plantões, o networking já funciona bem e você vai conhecer
outros colegas na mesma situação que você, aí você vai ser indicado pra outras unidades,
plantões melhores, serviços mais tranquilos e dicas do dia a dia. Essa relação você precisa
construir diariamente.
Uma dica boa é estar sempre pronto pra pegar um plantão. Muitos colegas acabam
desistindo do plantão que tinham e passam pra outro colega que queira, pagando até a
vista o valor do plantão. Foi isso que fiz e levantei 8 mil a vista em uma semana de CRM
(minha dívida já estava paga!!!) valeu, mãe!
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E agora? Chama o Médico?
Outro ponto: é bom construir uma relação com pelo menos uma ou duas unidades, que
aquele seja seu lugar mais “fixo”. Aí você passa a conhecer toda a equipe, chefes, perfil de
pacientes daquela região e a equipe de enfermagem que trabalha lá. Isso facilita MUITO
teu trabalho e dia a dia, você se ajuda!
Falo isso porque é muito mais fácil e prazeroso trabalhar num ambiente em que você
conhece a equipe, sabe com quem contar e sabe que vão lhe ajudar. Se torna uma troca de
experiências muito boa, além de você virar um dos médicos de confiança daquela
unidade.
Isso vale também pra você começar a amadurecer como médico. Quando você já lida
bem com um local e equipe de trabalho, você se torna mais seguro pra ir avançando nas
suas condutas e procedimentos (principalmente por ter um apoio por trás caso algo dê
errado). Então, você vai se tornando um médico de melhor qualidade e se for de
confiança do chefe daquela unidade (que geralmente precisa ser alguém com experiência
médica) esse chefe vai te ajudar a tomar condutas mais difíceis, de orientar em
procedimentos e isso te faz crescer MUITO!
Quando ainda era R1 de cirurgia (parecem que fazem mil anos, mas tem poucos meses
kkkk) eu já tomava conduta frente aos plantonistas que eram chamados pra
intercorrências da minha enfermaria, pelo simples fato de cansar de ver condutas
descabidas para os meus pacientes. Isso foi me dando maior segurança e visão de
autocrítica em enxergar que eu era sim um bom médico e poderia oferecer um cuidado
melhor que muitos médicos ao meu redor. Isso não é porque sou genial, é só a bendita
experiência que te falei!
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No dia 13/09/22 depois do meio-dia saiu meu tão esperado registro. Corri na rua pra
fazer um carimbo e as 19h estava no meu primeiro plantão da vida.
Meu primeiro plantão foi numa periferia de Mauá – SP, ali no ABC Paulista.
Quando cheguei, minhas pernas já tremeram ao saber que a noite só eram dois médicos e
enquanto o outro descansava eu seria responsável por QUALQUER paciente que entrasse
naquela unidade.
O que eu quero deixar claro é que você deve ter muito cuidado com os primeiros
plantões que vai pegar. Não se preocupe, não falta trabalho, isso é conversa pra boi
dormir. Porém, faltam lugares dignos pra se trabalhar. Gravem bem essas palavras pra
que vocês entrem nas “frias” já conscientes delas.
Os escalistas não estão preocupados com a sua inexperiência, se você vai se dar bem ou
não, se vai matar alguém ou salvar. Eles querem apenas um CRM pra colocar na escala e
deixar como bode expiatório caso algum problema ocorra, afinal eles sempre vão alegar:
O médico é você, doutor!
O nosso código de ética médica diz duas coisas importantes que você precisa ter ciência:
No capítulo III:
É vedado ao médico:
Art. 9º. Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem
a presença de substituto, salvo por justo impedimento.
Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista substituto, a direção técnica do
estabelecimento de saúde deve providenciar a substituição.
O que eu quis dizer com isso? Se você pegou o plantão, ele é seu. E você precisa ir. Com
medo, com pavor, com insegurança... precisa (salvo os justos impedimentos como diz o
código)! E digo mais, se o colega que vai “te render” (ou seja, pegar o plantão de você) no
fim do plantão não chegar, quem fica é você até que a direção técnica dê conta de outro.
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E agora? Chama o Médico?
O plantão é seu até que tenha outro médico com quem você possa deixar o plantão. Ou
você fica, ou chama polícia, faz B.O. e outras coisitas mais... Resumo da obra: não é mole.
Seguindo... meu primeiro paciente foi uma mulher jovem em crise de ansiedade. Como
fiquei feliz em fazer aquele diagnóstico de cara. Pense: Ufa, sou médico!
A questão aqui era tratar a crise, dar uma atenção psicológica e encaminhar a paciente
para seguimento numa unidade básica de saúde. Entenda que apenas tratar a crise te
torna um médico omisso e as vezes nós somos tentados a fazer isso pela correria. Muito
cuidado!
Segundo caso: não fazia ideia do que era. Conversei e mandei embora. Acontece. Tenho
certeza que você vai lembrar disso aqui quando precisar fazer o mesmo (obs.: não era
nada grave, foi para casa com sintomáticos e bem orientada a retornar caso piorasse ou
não melhorasse naturalmente). Aliás, isso acontece com certa frequência. E
especialmente para quem trabalhar em UBS, o retorno programado do paciente é uma
boa maneira de acompanhar a evolução, o seu tratamento, observar se o quadro que
você não conseguiu identificar fica mais clássico e permite direcionar melhor e até
mesmo aprender.
Terceiro caso: viciado em morfina, com cara de que me mataria se eu não prescrevesse.
Acontece e muito também. Demorei a entender o perfil desses pacientes.
Te digo: tem brigas que não valem a pena você comprar. A gente sai da faculdade com
uma ideia de medicina que não é real. Entender a realidade de cada paciente é o que vai te
fazer diferente.
Um ponto legal de lembrar aqui é sobre atestado médico. Assim que formar você vai
negar muitos pedidos de atestado por saber que o paciente não precisa ou está tentando
te enganar. Depois você vai cansar e vai fingir que deixou ser enganado por ele.
Depois de umas 30 fichas atendidas... Chegou uma dor abdominal que eu demorei pra
fazer o diagnóstico e com certeza isso refletiu no comprometimento desse paciente mais
a frente.
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E agora? Chama o Médico?
Os médicos formam sem saber diferenciar um abdome agudo de uma GECA, de uma
gastrite, de uma constipação. Ou até sabem o que é um abdome agudo, mas não sabem o
que deve ser cirúrgico é o que não é.
Não sabem diferenciar uma hérnia inguinal redutível de uma estrangulada, não sabem
dizer se aquela cólica biliar aponta pra uma colecistite, ou será que já não é pancreatite?
Esses são poucos dos diagnósticos diferenciais de uma dor abdominal e dentro deles,
alguns necessitam de internação, alguns precisam de mesa cirúrgica e outros não. Para
uns: antibiótico de cara, outros não. Uns: avaliação do cirurgião geral agora!!! Outros
podem ir pra casa.
E você? Você pertinho de se formar, que já se formou ou que está entrando no curso
agora e já sabe o que quer fazer de especialidade e não quer se dedicar a saber tudo de
medicina: Você sabe diferenciá-los e ofertar ao teu paciente a melhor conduta médica?
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E agora? Chama o Médico?
Na madrugada do meu segundo plantão eu atendi um paciente que entrou com muita dor
abdominal (esse que contei logo antes) e ele disse: “Doutor, eu tenho pedra no rim, não
estou aguentando de dor”. Foi o ponto alto. Eu, cheio de convicção, com o diagnóstico
entregue a mim de graça... Você acha que eu deitei ele pra examinar o abdome?
Afinal, ele mesmo me disse o diagnóstico e não se aguentava de dor. Eu apenas peguei
ficha e meti tramadol nele! Cerca de 1h 30min depois ele volta dizendo que não melhorou
nada! Eu pensei: como assim meu Deus? E agora? Fiz dipirona, anti-inflamatório e
opioide. Certo que ele poderia não estar 100%... Mas piorar? Não fazia sentido. E não fazia
mesmo…
Ele voltou e eu fiz mais medicação... Não lembro como foi exatamente, mas lembro com
clareza que em algum momento da nossa conversa depois da medicação não estar
fazendo efeito que “a barriga estava doendo”.
Ele (teve a audácia): “Ah doutor, não sei explicar... Tá tudo doendo.”
NESSE MOMENTO, por conta dessa fala que escapou dele... eu o deitei, examinei...
Blumberg positivo, abdome super distendido. . . . . . .
Aí foi aquilo né: Internação, acionar transferência urgente pro hospital de referência mais
próximo onde haveria cirurgião. Paciente era diabético, hipertenso, os rins já sofreram
no passado e agora estava com sofrimento de alça por volvo.
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E agora? Chama o Médico?
E desfecho dele?
Eu não sei... mas não posso omitir que ali tinha alta morbimortalidade envolvida.
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E agora? Chama o Médico?
PROCEDIMENTOS MÉDICOS
Bom, quando nos formamos, somos clínicos. É isso que você vai ser quando formar!
Clínico faz acesso venoso central? Deveria fazer. Clínico passa dreno de tórax? Não
necessariamente, mas deveria ter noção e coragem, no dia que precisar você estará
pronto. A única coisa que você não pode fazer nessa passagem de dreno de tórax é pegar
uma artéria intercostal (hahaha, me siga para mais dicas!)
Quando cheguei em São Paulo, eu era um dos únicos médicos que fazia acesso central na
UPA. Pasmem!!! Meu grande amigo Vinicius Voltolini, um puta médico desde recém-
formado, também era um dos poucos médicos na “nossa UPA” que fazia acesso central.
A questão é: você não é obrigado a saber... mas, cá entre nós, é melhor que você saiba! Se
você não sabe te sobram dois caminhos: aprender ou aceitar ser limitado!
Quando você tentar achar um motivo eu te lembro o principal: aprenda pelo bem do seu
paciente.
Se sua mãe entrar na emergência e o médico não souber fazer um acesso central, do qual
ela precisa naquele momento, você ficará triste e chateado por isso. Se coloque no lugar!
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E agora? Chama o Médico?
SOBRE A FACULDADE
Dias atrás, antes de finalizar esse ebook (pleno maio de 2022) eu vi alunos de medicina,
transtornados com o que foi cobrado na prova de clínica cirúrgica. Exemplo: professor
cobrar hérnias raras e não colocar NENHUM caso clínico de abdome agudo (nem
inflamatório, obstrutivo, nada...).
Infelizmente, isso não é raro. A maioria das escolas médicas e dos professores ainda
trabalham e valorizam esse modelo antigo. E pasmem, não é diferente nas provas de
residência médica, onde muitas vezes são cobradas coisas minimamente especificas das
especialidades médicas, que muito mais avaliam sua capacidade de decorar textos do que
de ter um raciocínio clínico e saber conduzir um caso.
Esse modelo antigo e ultrapassado, onde o sistema de formação não percebeu ainda o
que ele precisa que novos médicos saibam, contribui para a insegurança de muitos
estudantes e recém-formados. Todos os dias um médico diferente pede uma avaliação
da cirurgia geral com hipótese de “dor abdominal a esclarecer”. É errado ele fazer isso?
Não. Mas ele pode esclarecer essa dor antes de solicitar a avaliação da cirurgia. Assim
como todos os médicos, ele tem a autonomia de examinar o paciente, solicitar, se
necessário, os exames elucidadores e então, procurar a avaliação cirúrgica para esse
diagnóstico... Afinal, o papel do cirurgião é avaliar se o quadro é cirúrgico ou não. Mas o
papel do médico que primeiro atendeu esse paciente é desvendar que quadro é esse para
solicitar apenas avaliações necessárias. Até porque, nem toda dor abdominal é sinônimo
de faca, certo?!
E isso vale para o contrário também! Antes de ser cirurgião, você deve saber manejar a
clínica minimamente. Não é porque o paciente está internado e começou com uma
coceira no corpo que você precisa chamar a dermatologia.
A lição aqui é: desde você não esteja cometendo uma iatrogenia fazendo prescrições e
procedimentos que você não tem domínio nenhum, você PODE e DEVE avaliar SEU
paciente e tentar manejar o que consegue. Não consegue manejar ou não faz ideia do que
seja? Tente facilitar a vida de quem você está pedindo para avaliar. COMO? Solicite os
exames que você julgar necessários e faça um encaminhamento digno. Escreva tudo de
importante do caso pra poupar o tempo do colega que vai avaliar o SEU paciente. Até
porque, ele também é profissional, e também tem o tempo curto como o seu, certo?!
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E agora? Chama o Médico?
Continuando o que citei logo acima, é essa a bandeira que levanto: o bom médico precisa
saber o feijão com arroz da medicina, ou seja, o dia a dia, as doenças comuns. Ele não
precisa saber de patologias raras.
O raro pra você, é raro pra mim, por isso é chamado de raro.
Você não soube diagnosticar o raro? É por isso que o nome dele é raro!
Agora, você não soube diagnosticar ou mesmo suspeitar de uma pneumonia? Uma
tuberculose? Uma dengue? Uma apendicite? Uma DIP? Uma colecistite? Uma pancreatite?
Uma TVP? Aí a gente pode se complicar um pouquinho…
Existem temas necessários pra você estudar e dominar 80% dos seus plantões e eu quero
te ajudar com isso. Se quando eu formei eu tivesse em mãos esse e-book, escrito por
outro Pablo, meus caminhos teriam menos pedras e percalços.
Não sou a favor da política de: “me lasquei então meu próximo colega também deve se
dar mal”.
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E agora? Chama o Médico?
Amigo, o céu é o limite. Ou melhor, sua condição física e PRINCIPALMENTE mental são
os verdadeiros “limites”.
A gente forma com uma sede absurda de trabalhar e ganhar dinheiro e não tem nada de
errado nisso, só precisamos tomar cuidado com a velocidade em que nos colocamos à
disposição de tanto trabalho e cargas horárias absurdas.
Quando comecei a trabalhar eu ganhava em torno de 15, 17 mil reais ao mês. Fui tomando
gosto e coragem e cheguei a ganhar EM UM MÊS mais de 40 mil reais.
Conheço vários amigos que ganharam igual ou até mais. A grande pergunta é: Onde está
todo esse dinheiro? O meu eu sei, mas te garanto que a grande maioria dos médicos torra
toda a grana e começam a entrar num ciclo vicioso de “escravo de plantão”.
Cuidado com dinheiro! Ou melhor... defina bem pra onde vai o dinheiro que você ganha.
Você vai ganhar muita grana, não se preocupe, só saiba aplicar.
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E agora? Chama o Médico?
USANDO O NETWORK
Esse e-book seria só meu relato, minha história e minhas sugestões... Mas pensei: “minha
realidade é só minha realidade e não pode ser tratada como realidade geral. Então vou
resolver isso.”
Para isso, busquei colegas médicos espalhados por todo o Brasil e pedi a eles relatos de
suas realidades como recém-formados. Como foi quando se formou? Trabalharam? Se
sim, onde? Trabalham ainda? Qual a visão dos setores em que passaram? Qual a valor do
plantão na região que se encontra?
Temos relatos sobre urgência e emergência, plantão de porta, Unidade Básica de Saúde,
plantões de Pediatria (você não precisa ser pediatra para fazê-los), plantão em
enfermaria, experiência médico do exército e outros.
Vamos valorizar esses colegas que se disponibilizaram pra também ajudar vocês?
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E agora? Chama o Médico?
Antes de começarmos, queria deixar uma breve legenda para você que está no começo
do curso e ainda não manja muito sobre os valores de plantões e etc.
A maioria dos serviços médicos são pagos num valor bruto, ou seja, sem o desconto de
impostos. O total de impostos que incide sobre o salário médico é de 27% (muito né?!).
Então o Valor Líquido = Valor Bruto – 27%.
Alguns programas são isentos de impostos em seu início, como é o caso do Mais Médicos.
Isso muda sempre, pois o contrato é mudado com frequência, mas no geral, o primeiro
ano de pagamento do Mais Médicos é isento de impostos, ou seja, desse desconto de 27%.
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO NORTE
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E agora? Chama o Médico?
Com relação ao Exército, posso ser bem curto e grosso e dizer que não vale a pena, a
menos que por algum motivo você tenha interesse na área militar. Algo que eu não tenho,
caso não fique perceptível pelo meu tom neste parágrafo. Até porque, mesmo focando
puramente em números, não vale a pena. Indo de encontro ao que alguns colegas
aventaram, o salário como médico temporário do exército não faz jus à carga horária de
trabalho, especialmente porque não existe uma carga horária definida para nós. Quem
deu sorte, ganhou a compreensão dos superiores hierárquicos para trabalhar apenas
meio expediente, por exemplo. Para os não-tão-agraciados (como eu e meus colegas), é
uma jornada de trabalho integral, que totaliza um pouco mais de 40 horas de trabalho
por semana, sem considerar os sobreavisos e apoios/missões, por um salário que gira em
torno de R$ 7.600-8.100. Fazendo atualmente as 43 horas/semana, o que totaliza
172h/mês, fica algo em torno de R$ 47 por hora.
Multiplicando esse valor por 12 horas, seria como fazer um plantão por R$ 564 (e de
novo, sem considerar a carga horária extra que você gasta com sobreavisos e
apoios/missões). E caso queiram que você trabalhe mais de 60 horas por semana, não há
nada que lhe ampare para se opor a tal decisão. A única “vantagem” de servir ao exército,
que eu vejo na verdade como o “parabéns por fazer o mínimo” dessa situação toda, é a
possibilidade de trancar a vaga de residência médica por 1 ano, como foi o meu caso.
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E agora? Chama o Médico?
Com relação a minha prática médica em si, posso dizer que está bem diversificada. No
Exército atuamos no Posto Médico da Guarnição, o que seria análogo a uma Unidade
Básica de Saúde. Como atende militares e as suas famílias, atendo desde queixas
ortopédicas, demandas de saúde, até doenças crônicas não transmissíveis, puericultura e
pré-natal. Na UPA, além dos atendimentos de caráter ambulatorial (IVAS, GECA, dores
osteomusculares), já abordei diversos casos de malária, dengue (inclusive grupo C), e
algumas urgências e emergências como: crises hipertensivas, crises de broncoespasmo
em crianças, convulsão, IAM, EAP, AVC, TCE e por aí vai. No começo só de pensar em
atender uma emergência vinha um frio na barriga. No entanto, conforme estou
adquirindo experiência, atender urgência e emergência é cada vez mais prazeroso. Eu
vejo que o importante é ter o básico na mente (semiologia e raciocínio clínico), porque,
salvo algumas exceções, sempre dá pra checar os detalhes de uma conduta caso você
esteja em dúvida, ou pedir apoio para o seu colega de plantão para discutir o caso e a
abordagem. Os primeiros plantões nunca são bons e você sempre sai com a sensação que
poderia ter feito melhor. E é literalmente sobre isso, você sempre pode fazer melhor. Isso
inclusive vai te estimular a estudar, e eventualmente aprender, em um ritmo
completamente diferente da faculdade. Minha dica é: sempre encare a prática médica
com humildade e não tenha medo de errar, tenha medo de não se preocupar se você está
errando.”
Antônio Mendes
Médico pela UFAC
Atuando no Exército pelo Serviço Militar Obrigatório
Aprovado na Residência de Neurologia
Com o CRM na mão, você precisa agora decidir onde iniciar seus primeiros dias de
trabalho.
No Acre, o mais frequente é que todos acabem servindo ao EB. Uma experiência única
certamente. O processo de seleção para o médico no exército começa a ser organizado já
no início do ano, quando as comissões de seleção são organizadas dentro das OM
(Organizações Militares). Todo médico (gênero masculino), na conclusão do curso em
solo brasileiro, tem obrigação de se apresentar às forças armadas. Isso não significa que
irá servir àquela força, mas necessariamente precisa se apresentar. Algo parecido com o
processo de regularização ao serviço militar quando o homem completa 18 anos de idade.
A diferença principal é que aos 18 anos você pode ser incorporado como soldado recruta.
Na apresentação ao final do curso, caso seja incorporado, você ingressará como
Aspirante a Oficial e, após 6 meses, será promovido a segundo-tenente. A seleção
geralmente inicia por volta de novembro. Quando a força já está de posse da lista
fornecida pelas Instituições de Ensino Superior com o nome de todos os formandos do
gênero masculino naquele ano. De posse da lista, a força informa a data que todos devem
comparecer em unidade militar em posse dos documentos necessários para o processo
de seleção dos Oficiais Médicos Temporários (OMT). Quando se apresenta em posse dos
documentos, você pode, assim como quando completa 18 anos, informar se tem interesse
em se voluntariar como OMT ou não.
Obviamente, em caso de necessidade, mesmo que não seja seu desejo, você pode ser
convocado para incorporação para cumprir serviço militar obrigatório. Tanto para
aqueles que se voluntariaram quanto para os que foram convocados de forma
compulsória, o tempo mínimo de serviço prestado é de 1 ano, podendo ser prorrogado a
depender da necessidade da força. Concluindo esse tempo obrigatório, o médico também
pode, caso seja do seu interesse, necessidade da força e desempenho, solicitar
prorrogação do tempo de serviço. Podendo, então, servir como OMT por até 8 anos.
27
E agora? Chama o Médico?
Porém, caso esteja prestando serviço militar obrigatório, o médico tem direito a solicitar
reserva de vaga da residência médica durante esse ano em que estará servindo. Podendo
retornar no ano seguinte para continuidade de sua formação profissional. Pois bem, o
médico ingressa como Oficial nas forças armadas. Inicialmente é um aspirante a Oficial e,
posteriormente, se cumprir todos os requisitos, é promovido a segundo-tenente e pode
continuar sendo promovido a cargos superiores se continuar servindo ao longo desses 8
anos possíveis (claro, se for cumprindo cada etapa necessária - incluindo realizando
Teste de Aptidão Física, Teste de Tiro etc). Quando ingressa na força, então, o médico
passa a ser considerado um militar, devendo cumprir com todos os deveres da função e
podendo desfrutar de seus direitos.
O militar, em teoria, está à disposição da força 24h por dia e 7 dias da semana. Sendo
assim, deve saber que deve estar sempre a postos caso seja acionado. Na prática, cada OM
organiza as atividades de seus médicos de acordo com a disponibilidade. O salário é um
soldo de Aspirante a Oficial do Exército e, quando promovido, soldo de segundo-tenente
(com direito ao plano de saúde do EB chamado de Fusex e outros adicionais, como o
adicional para o médico que serve em região de fronteira, que pode chegar a um
acréscimo de 2%/dia no valor do soldo).
Ao longo do ano servindo como militar, o médico precisa estar disposto a cumprir as
determinações do seu dever como o Treinamento Físico Militar e Testa de Aptidão Física.
Além disso, precisa compreender que existe uma hierarquia muito bem estabelecida
dentro da força e você deverá sempre tratar com respeito aos seus superiores e estar
aberto a cumprir as obrigações que a sua função exige.
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E agora? Chama o Médico?
Para quem tem dificuldade com hierarquia, isso pode ser um problema, mas também
pode ser uma oportunidade de grande aprendizado. Hierarquia e disciplina são os
princípios do Exército Brasileiro e espera-se que suas condutas sejam pautadas como tal.
Por fim, servir como OMT pode ser uma excelente oportunidade para ingressar no
mercado de trabalho como recém formado. Com uma remuneração justa, direitos
trabalhistas e muitas vezes ambiente de trabalho mais adequado do que muitos unidades
de saúde que você encontrará fora da organização militar.
Uma oportunidade de fazer uma reserva para a residência médica também, uma vez que
a sua vaga estará trancada e você poderá retornar no ano seguinte normalmente. OBS:
Para as mulheres, o processo é muito semelhante. A única diferença é que não há
obrigatoriedade para o serviço. Ele é apenas voluntário para as mulheres que assim
desejem.
Então, é isso, galera! Espero ter ajudado de alguma forma a pensar as possibilidades de
trabalho nesse momento de recém-formado. Estou à disposição para quaisquer outras
eventuais dúvidas. Que o início da sua atuação como médico seja próspero!”
Francisco Rômulo
Residente em Clínica Médica - ISCMPA/UFCSPA
Atuou como OMT por 1 ano no EB.
Eu escolhi GO porque é uma especialidade completa, ela tem tudo em uma especialidade:
ambulatório, cirúrgica, procedimentos. Para quem não sabe decidir se prefere a clínica
ou a cirurgia, é uma área a se pensar. Eu já sabia que queria GO desde o meu internato,
porque me identifiquei especialmente com a parte da obstetrícia (não me identifiquei
tanto com a gineco.
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E agora? Chama o Médico?
A especialidade me permite pensar melhor no futuro pois quero e tenho planos de ter
filhos e essa versatilidade da GO me permite, por exemplo, focar em ambulatórios e
trabalhar minha própria agenda em determinadas fases da vida, a depender dos meus
objetivos pessoais. É diferente da cirurgia geral, por exemplo, que não tem essa
versatilidade. Além de poder fazer pequenos procedimentos que pagam muito bem,
como a parte de medicina fetal.
Sobre a especialidade e plantões na área: a partir do R3 você pode dar plantão como
especialista da área. Eu preferi dar plantões mais no final do R3 pois não me sentia muito
segura. A área da GO é muito visada para processos, e tomar um processo ainda no R3
pode complicar muito a sua vida. Sem falar que quando você dá plantão com outro
colega médico, qualquer problema que ocorrer, recai sobre você também!
Minha primeira experiência de plantão foi: Cheguei cedo pro plantão da GO, o
plantonista não me passou o plantão, me falando dos casos. Estava ocorrendo um parto
de gemelar, que foi indicada para o CC pois o bebê já estava coroando e ninguém havia
me passado a história ou alguma informação da paciente. O plantonista mal me viu e foi
embora. Graças a Deus era uma dicoriônica/diamniótico (ou seja, duas placentas e duas
bolsas), de modo que se os dois tiverem cefálicos, pode fazer parto normal. O primeiro
bebê nasceu bem, o segundo bebê não nascia. Começou a fazer bradicardia e tivemos que
fazer uma cesárea de emergência. FOI UMA PÉSSIMA EXPERIÊNCIA.
·Trabalhei em 2 lugares:
· NORTE
o R$ 1.800/1.900 – bruto. Com desconto de 27% - Manaus
§ Essa era o melhor plantão de Manaus, que era por um plano de saúde, ou seja,
Particular. Era um plano de saúde mais barato, mas, mesmo que mais barato, era muito
cheio. Não para nunca. E tem um porém: em plantões particulares existe a pressão pelo
atendimento breve, pois o pessoal reclama da demora.
§ As vantagens desse plantão: tinha sobreaviso;
§ Desvantagens: se você não atender os pacientes logo, começam a te cobrar
produtividade te ligando
o R$ 900 bruto - Acre
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E agora? Chama o Médico?
§ Falta estrutura e medicamentos, existem apenas 2 maternidades pro estado todo pelo
SUS. A gente percebe que a qualidade dos profissionais é um pouco pior (EXISTEM
MUITOS PROFISSIONAIS DE EXCELÊNCIA NO ACRE, MAS, quando se compara com o
Sul, a maioria lá é de excelência). No Acre o profissional faz de tudo um pouco, isso pode
ser muito bom, pois amplia seu conhecimento, e muito ruim, pois você vai ter que
manejar coisas que não deveria ter que manejar. Sem comentar a insuficiência de exames
e demora dos mesmos: no Acre, tem 1 cardiotocógrafo para todo o hospital, que é a única
maternidade do estado.
· SUL
o Trabalhei em um Interior próximo a porto alegre (Santa Casa de Gravataí): pagava RS
1.600 – bruto. Mas muito bem assistido. Cardiotocografia quando precisar, exames na
hora, pre-natais sensacionais, profissionais muito melhor preparados e muita
subespecialização, o que faz com que você tenha o profissional certo para cada problema
que aparece”.
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO NORDESTE
RAIMUNDO – CEARÁ
“Primeiramente gostaria de agradecer meu amigo Pablo por esta oportunidade de
compartilhar com vocês um pouco da minha experiência após esses dois anos de
formado, também quero agradecê-lo pela infinita paciência que ele teve comigo.
Obrigado e desculpas meu amigo.
Em segundo lugar quero parabenizá-lo ainda por esta iniciativa, e espero que os relatos
aqui lidos sejam úteis para alguém pois como já dizia à internet "O inteligente aprende
com os próprios erros entretanto o sábio aprende com o erro dos outros."
Me lembro como se fosse hoje, me formei e agora? Tive um grande desafio lançado para
mim, me formei durante o auge da pandemia de COVID-19, eram muitas dúvidas e
sempre procurava informações com meus colegas das turmas mais antigas. Como sou do
Ceará e gosto muito desse estado, logo tratei de voltar para minha terra e agora vou
contar um pouco da minha experiência como médico nesse estado.
Primeiro conselho: Nunca aceite a primeira proposta de emprego sem antes analisar
muito bem e sem antes conversar com outroS médicoS que ali trabalham. Tô falando
sério, minha primeira experiencia profissional como médico foi em uma UBS em uma
pequena cidade do interior do Ceará, aceitei tal emprego pois iria morar muito próximo
de minha família, porém o salário era muito pouco e para piorar a prefeitura costumava
atrasar muito, mais de 3 meses sem receber (Isso ainda acontece naquela cidade e em
muitas outras no interior do nordeste.) Para piorar a situação tem prefeitura que ainda dá
calote, isso mesmo, não pagam os salários atrasados quando você pede demissão.
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E agora? Chama o Médico?
Após alguns meses, apenas na UBS decidi que o mais importante era trabalhar em um
lugar em que eu fosse devidamente reconhecido e que me pagasse em dia. Me mudei de
cidade e fui trabalhar em um hospital de uma cidade pequena também no interior do
meu estado. Foi uma experiência extremamente enriquecedora, antes de você trabalhar
em um hospital de cidade pequena, deve ter em mente que você será o obstetra, o
ortopedista, o pediatra e nas horas vagas você vai ser o médico generalista. Por tais
motivos foi uma experiencia muito enriquecedora, aprendi muito e me sentia fazendo
alguma coisa diferente de renovar receita de diazepam, mesmo esse ainda vindo ao
hospital, inteiro né? Agora falando em valores, esses plantões de cidade do interior são
muito calmos, você atente poucas pessoas por dia e são compatíveis com estudo se você
quiser, o plantão noturno acaba depois das 22h, não chega mais ninguém no hospital
depois dessa hora, às 24h pagam em média 1600 líquido. Como falei aprendi muito, fiz
muito parto, reduzi muita luxação, realizei muita IOT, COVID né.
Espero que eu tenha contribuído um pouquinho para tirar as dúvidas de vocês, espero
que alguém tenha aprendido com meus erros. Quero mais uma vez agradecer ao meu
amigo Pablo por me abrir esse espaço para conversar com vocês e mais uma vez, Pablo
desculpa a demora!”
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E agora? Chama o Médico?
IDA AO MARANHÃO
Os desafios estavam apenas começando. O salario era bom, mas nem tudo era perfeito.
Ouvi muito falar em “calotes” de prefeituras e atrasos de salários, até que um dia eu
mesmo acabei sendo vítima... E a medida que a quantidade de formados aumentava na
região, decorrente das inúmeras faculdades de medicina abertas nas ultimas décadas,
percebia o valor do plantão diminuindo.
A primeira: Lembro que um dia, quando ameacei deixar a escala de um dos hospitais pelo
atraso de 4 meses de salario, ouvi da secretaria (falou sorrindo) que se eu saísse, tinha
mais 3 pra entrar no meu lugar no dia seguinte.
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E agora? Chama o Médico?
A ESCOLHA DA ESPECIALIDADE
Baseado em tudo o que tinha vivido, pensei em que tipo de vida queria levar para os
próximos 30 anos. Cirurgias incansáveis? Traumas? Fratura exposta? Adrenalina? Ou
ambulatório, exames de imagem e acompanhamento longitudinal de pacientes? É claro
que já deu pra perceber que eu sou da turma do “A clinica é soberana”. Optei pela
residência de clinica médica e voltei ao Acre, aproveitando para passar um tempo a mais
perto dos meus pais. Depois optei por cardiologia, uma especialidade que me daria uma
certa autonomia de prefeituras e governos estaduais, afinal, todo mundo precisa de
cardiologista e com um estetoscópio e uma boa anamnese, da pra você se virar em
qualquer lugar. É claro que essa é a minha visão das coisas! A escolha da especialidade se
baseia muito na sua personalidade e no estilo de vida que você pretende ter.
A CARREIRA DE CARDIOLOGISTA
Ser cardiologista é maravilhoso! O cardiologista é necessário, e é bom se sentir útil. Seu
paciente vai te chamar pelo nome, vai te levar pequenas lembranças e vai na maioria das
vezes estabelecer um vinculo afetivo.
O estilo de vida e a carreia variam a depender do local onde você mora. Em salvador,
onde moro, se inserir no mercado de trabalho e ser conhecido vivendo puramente de
ambulatório é quase uma utopia. Você terá que passar uns bons anos dando plantão de
uti e com certeza terá que fazer uma subespecialidade para obter algum destaque. Já há
cidades do interior e capitais menores em que você ainda consegue chegar ganhando
espaço com mais facilidade. No mundo médico e digital de hoje, sabemos que quem se
destaca mesmo geralmente está fazendo vídeos engraçados no instagram ou dancinhas
no TikTok ou prescrevendo produtos milagrosos para emagrecimento ou beleza. É nesse
mundo, que ser um profissional bem formad, capacitado e útil, fazendo a diferença real
na vida de quem precisa de verdade, não tem preço.
CONCLUSÃO
Se o seu sonho é de realmente ser médico, siga firme, mas se seu objetivo é puramente
financeiro, há outras maneiras se ser bem sucedido. Sobre o caminho até aqui, ninguem
disse que seria fácil, mas sabe o que é mais engraçado? Mesmo passando por todos esses
esses obstáculos, eu faria tudo de novo.”
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E agora? Chama o Médico?
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO CENTRO-OESTE
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO SUDESTE
É um setor muito diferente dos demais, as coisas são muito mais dinâmicas e
movimentadas, o que acaba me agradando mais. Tem plantões que chega SAMU o dia
todo, com casos muito diferentes (cardíaco, neurológico, renal, respiratório, intoxicação..
tudo num só dia) e igualmente importantes, que normalmente requerem que a gente
tome uma atitude que muda completamente o desfecho do paciente, onde a gente vê que
as vezes a resposta a terapêutica é muito rápida! Tem a parte negativa de, por ser em
serviço público, faltar recursos e sempre depender de uma transferência (que muitas
vezes demora semanas pra acontecer), e também o próprio cansaço (tem plantões que
não tem nem como tomar água - não é comum, mas acontece)
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E agora? Chama o Médico?
Isso, por um lado, é ótimo pro paciente. Mas também tem que levar em consideração que
o paciente acabava sendo dividido entre muitas especialidades no mesmo hospital, o que
as vezes pode atrapalhar um pouco o seguimento pro médico assistente.”
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E agora? Chama o Médico?
Em junho 2020 me inscrevi no Programa Mais Médicos e fui morar em Brusque (SC) e
trabalhei por um ano no Mais Médicos e plantões na região de Brusque, Itajaí,
Navegantes, Balneário Camboriú, Camboriú, Botuvera, Guabiruba. Plantões de Covid,
plantões de porta, enfermaria COVID... peguei de tudo.
Em Setembro peguei 4 plantões fixos, mas no fim das contas, acabei fazendo 11 e, quando
me dei conta, eu estava amando trabalhar na emergência!
Claro que a gente passa algumas dificuldades, tem sempre um pouco de segurança
insegurança rondando algumas condutas, mas eu tive muita sorte de ter pessoas bacanas
trabalhando comigo e que me ajudaram a evoluir enquanto médica e na vida pessoal! Fiz
amizade com pessoas que confio e que hoje considero amigas queridas, principalmente a
equipe de enfermagem com quem tanto aprendi!
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E agora? Chama o Médico?
Nunca imaginei que em 7 meses de trabalho eu faria transporte de RN grave pra UTI de
outra cidade, que entubaria crianças e nenéns e muito menos que eu teria que lidar com
tantas situações delicadas e confortar tantos pais aflitos, mas sou grata pelo tanto que isso
me ajudou a entender o que eu precisava pra me encontrar na medicina.
Em paralelo a esse hospital, onde eu fazia maior parte dos plantões, também trabalhei na
emergência clínica de um hospital particular em uma cidade vizinha (Ouro Branco - MG)
onde as condições de trabalho, tecnologia e suporte eram infinitamente mais atraentes...
mas não era o que me deixava mais realizada no final do dia. Trabalhava também uma
vez por semana no Pronto Socorro de Lafaiete, onde aprendi muito, mas também onde
mais me desgastei, emocionalmente e fisicamente.
Hoje, fazendo a residência que eu sempre sonhei, uma das poucas certezas que eu tenho é
que a melhor coisa que eu fiz foi ter trabalhado após sair da faculdade... o que eu aprendi
nesses meses, a faculdade não passou perto de me ensinar. Aproveitar a graduação pra
adquirir o máximo de conhecimento teórico e prático é essencial e indiscutível, mas tem
coisas que a gente só entende depois.
Sobre os valores:
- Emergência PED: 1000 reais (840 livre) 12h
- PA Ouro Branco: recebia como PJ uma média de 1500-1800 livre por plantão (porque
era por produtividade), porém tem toda a questão de gerar as notas fiscais, pagar por
isso, pagar contador etc etc.
- PS: 1037 em dia de semana e 1400 finais de semana, como era contrato com a prefeitura,
tinha férias, 13º, vale alimentação etc...
Letícia Fernandes
Residente em Pediatria
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E agora? Chama o Médico?
O Salário hoje varia de R$ 1.200,00 a R$: 1.500,00. locais que pagam maiores valores, cada
vez mais exigem residência médica.
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E agora? Chama o Médico?
Mercado de trabalho: Quando cheguei em São Paulo, havia muito oferta de trabalho,
praticamente se quisesse trabalhar todos os dias haveria plantões disponíveis. Hoje,
apesar de haver ainda um mercado grande de trabalho na cidade, vem diminuindo
gradativamente, de acordo com a grande demanda de médicos formados
semestralmente/anualmente. Atualmente faço 30 horas semanais pois estou me
preparando para residência. Melhores condiçoes de trabalho, exigem cada vez mais
profissionais qualificados.
-Experiências:
HOSPITAL GERAL DE GUARULHOS julho/2019 a julho/21: setor porta (PS) e enfermaria
* SETOR PS: Atendimento de fichas verdes e amarelas com casos de baixa e média
complexidade. Setor muito rico para aprendizado para recém formado.
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E agora? Chama o Médico?
No posto de saúde, você passa a ter mais segurança para tomar condutas e decisões. Com
humildade, você aprende muito e troca experiências com a enfermagem, técnicos e
funcionários que já trabalham há muitos anos no local; coloca seus conhecimentos em
prática abordando cada caso em várias áreas (clínica médica, doenças crônicas,
puericultura, saúde da mulher, pré-natal, parto, saúde mental etc); percebe a importância
de uma boa evolução/ anamnese em prontuário; aperfeiçoa procedimentos clínicos e
cirúrgicos básicos; além de praticar a relação médico-paciente, que para mim é muito
importante nos dias de hoje. Você consegue acompanhar o cuidado e a evolução dos
pacientes, verificar os tratamentos realizados, se suas condutas foram acertivas, o que
funcionou , o que não funcionou, aprende a “ se virar” com os recursos disponíveis, além
de ter o retorno e carinho dos pacientes que é impagável e gratificante.
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Já na UPA, você atende situações de urgência em que deve estar mais preparado para
tomar decisões rápidas e certeiras, lidar com pressão, estabilizar o paciente, saber
conduzir uma parada cardiorrespiratória, além de adquirir experiência com alguns
procedimentos (por exemplo: sutura). E se não estiver preparado para atuar numa sala
vermelha, não faça! O mesmo vale para assumir uma Emergência Clínica/ Trauma, UTI,
SAMU.
No início da carreira, você muitas vezes vai achar que não sabe de nada. Calma! Não
tenha medo de pedir ajuda/ opiniões para colegas mais experientes e professores
acessíveis. É no dia a dia da prática clínica que vamos adquirindo confiança e
experiência.
Falando de remuneração, a medicina ainda é uma área que te traz um retorno financeiro
bom. Você pode trabalhar e pagar suas dívidas pendentes da faculdade, do dia a dia e
pode até se programar financeiramente para viver melhor no período de residência
médica. O primeiro estado que fui trabalhar foi no Paraná (litoral), devido a questões
familiares. A média de salário por plantão de 12 horas em UPA gira em torno de R$ 1000-
1200,00 (líquido), e o salário por 40 horas semanais em Posto de Saúde, gira em torno de
R$ 14.000, 00 líquido.
Outra opção hoje em dia, é a Telemedicina, que na minha opinião, veio para somar após a
pandemia. Há muitas situações e condições clínicas que podem muito bem ser
conduzidas e orientadas através da telemedicina, reduzindo a sobrecarga, as longas filas
de espera e o fluxo intenso (muitas vezes desnecessário) dos pronto atendimentos. Nada
substitui um bom exame físico, mas há casos que são simples de resolver e muitas vezes
as pessoas precisam apenas de orientação ou direcionamento para uma especialidade
correta. Obviamente ao iniciar um atendimento de telemedicina, no qual você identificar
algum sinal de gravidade no paciente, você irá orientá-lo a buscar imediatamente o
pronto atendimento. Você precisa ter uma boa relação com computador/ internet e
sistemas de cada empresa, saber fazer uma boa anamnese e ao mesmo tempo ser prático
e objetivo, sem perder a qualidade do atendimento.
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E agora? Chama o Médico?
O ritmo de plantões pode ter um bom retorno financeiro, mas não são todos que
aguentam manter essa rotina por anos e anos. Uma dica: se você quer seguir uma
especialidade, nunca deixe o ritmo de estudos de lado. Uma vez que você começa a dar
plantões (até sem limite), trabalhar e ganhar dinheiro, você se emociona com isso, cada
vez quer ganhar mais, adquirir mais coisas, mas fica esgotado, perde o foco, ritmo e
ânimo para retomar os estudos. Teremos cada vez mais médicos formados e a princípio,
o mesmo número de vagas nas residências, sendo assim, ficará cada vez mais difícil de
entrar. Tudo dependerá do seu foco, persistência e organização. Reduza as horas de
trabalho, organize uma rotina de estudos e não deixe a saúde física e mental de lado
(saiba administrar um tempo para si mesmo, praticar atividade física e para descontrair).
A residência não é fácil, você ganhará bem menos, trabalhará muito, será muito cobrado,
porém é o período que você aprenderá e viverá intensamente cada detalhe da
especialidade em que você atuará daqui a para frente. Sendo assim, persista e não desista,
até passar!!! Se você ainda tem dúvidas, busque opiniões e até mesmo acompanhe colegas
médicos da sua especialidade de interesse, saiba a rotina, as áreas de atuação ,
remuneração e subespecialidades, para não perder tempo.
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E agora? Chama o Médico?
Sendo assim, é uma especialidade que considero difícil, frente aos inúmeros diagnósticos
possíveis. As doenças de pele e anexos estão “estampadas” nos pacientes, e por isso,
afetam muito a qualidade de vida, suas relações interpessoais e laborais, auto-estima,
psicológico, causando preconceito e estigma social. Poder tratar, amenizar ou melhorar
suas queixas, traz uma satisfação enorme.
Você que escolheu a medicina irá viver inúmeras experiências tanto boas quanto ruins,
pois você estará lidando com a responsabilidade de vidas e até mesmo perdas. Faça o seu
melhor sempre nesta profissão linda e desafiadora, aceite as críticas construtivas, seja
humilde, tenha empatia, busque sempre melhorar, nunca deixe de estudar, se
especializar, mas também nunca esqueça de cuidar da sua saúde mental e física, ter
tempo para vida social, pois a rotina pode te consumir e você precisa estar bem para
cuidar bem do próximo 😊. Sucesso!”
Anelise Zimmermann
Residente em Dermatologia
Cansada da pediatria ? Não, isso é algo que julgo impossível. Escolhi a pediatria ainda
criança quando via meus pais falando dos casos das crianças deles, nossos jantares eram
embalados ao som de casos clínicos pediátricos e eu mesmo sem entender nada prestava
atenta atenção em tudo.
Estou formada na faculdade tem 3 anos, sendo 2 deles vividos durante a pandemia dentro
de uma residência de pediatria. Nos 3 primeiros meses de formada que antecederam a
residência eu já trabalhava como pediatra, nesse tempo achava que sabia muita coisa.
Afinal durante a faculdade sempre fiz meu mundo girar em torno disso, liga de pediatria,
atendimentos comunitários, discussões com meus pais e sempre a mesma certeza : farei
pediatria.
Enfim, nos 3 primeiros meses antes de entrar na residência, trabalhando com pediatria
99% dos meus casos eram os mesmos : resfriado, diarreia, broncoespasmos, o arroz com
feijão da pediatria.... o que todos pensam... até você realmente atender uma criança que
vai muito além, aquele 1% que ou você sabe ou passa batido... e esse 1% naquele dia era o
meu maior calcanhar de aquiles : hematologia! a criança tinha uma hemoglobina de 4,
toda descompensada, baixo peso, baixa estatura e eu foquei muito nisso, nesse numero 4
e a descompensação e a necessidade de transfusão naquele momento.
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E agora? Chama o Médico?
E agora o que fazer ? Será que é seguro ? Quais os efeitos colaterais ? E descobri que não
sabia o que fazer, que aquilo poderia ser fatal se eu não soubesse imediatamente o que
fazer.
Realmente, a pediatria é 99% das vezes tranquilas, ou talvez a maioria pense assim pois a
gente só reconhece aquilo que conhece, se não estuda e não sabe nunca vai saber
reconhecer a gravidade. Percebo isso claramente hoje, exatamente na data de hoje. Uma
criança internada com 2 antibióticos, tratando há 2 dias como pneumonia que '' não
melhorou'' e na verdade era um pneumotórax extenso em todo pulmão direito. A outra
internada com '' dengue'' tinha todos os sinais e sintomas classicos de sarampo ( no auge
das campanhas e vacinação sobre isso), outra de 2 anos e 8 meses internada como
''sindrome nefritica'' até feito penicilina benzatina..... São tantas coisas que a gente vê,
tantas complicações.... mas sabe porque todos acham que a pediatria não tem nada ?
Porque não são essas pessoas que pegam as complicações das coisas não feitas
adequadamente.
Fazer residência, estudar e focar a vida a isso faz toda a diferença e essa diferença não é
pra gente, pra sermos melhores, essa diferença é na vida daquela criança e daquela
família, é saber tratar aquele 1% que faz toda a diferença.
O salário da pediatria era mais alto que da clínica médica, isso até o COVID (qwsx pelo
que eu me lembro), ganhavámos em 2018/2019 em torno de 1000-1300 e seguimos
ganhando isso. Hoje em alguns lugares como SP exigem ( inicialmente até apertar a
situação já que não tem tanto pediatra como precisa) que tenha algum grau de
especialidade. No RJ quando fiz residência não exigiam isso e eram com essas duplas que
eu via MUITA coisa errada acontecendo. SP paga entre 1300-1600 dependendo do local,
distância periférica. No RJ paga menos, em região mais nobre paga 1000-1300 e nos
particulares chega a ser pior, o ruim do RJ é que tem muito local bem perigoso de
trabalhar, não tem muito hospital municipal e com isso menos oportunidades de trabalho
para pediatria. O salário da UTI é um pouco mais alto, algo em torno de 1600-1800 reais,
se for rotina ganha mais. O consultório quem faz nosso preço é a gente e vou falar, os
pais pagam sim e muito por uma consulta de qualidade por mais que isso demande da
gente um tempo extra.
O que eu gostaria de passar para você, futuro formando é que a pediatria ainda é linda
sim, cada sorriso, cada obrigada, cada criança que melhora. Pediatria não é sí
amoxicilina, pediatria tem doença também e doença séria e muito grave, pode ser apenas
aquele 1% mas perder 1que seja por não saber o que fazer é perder muito!
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E agora? Chama o Médico?
A residência faz sim diferença na nossa formação, a prática de todos os dias, a rede de
apoio, a formação. A pediatria é sim uma das especialidades mais lindas do mundo, a
gente tem a honra de ver aquele ser novo nascer, a honra de acompanhar e desenvolver,
se envolver com aquela família. Temos a oportunidade também de nao querer esse
vínculo e trabalhar apenas no pronto socorro, podemos escolher trabalhar apenas com
os mais graves e ficar na UTI. A gente tem a honra de escolher o que quiser fazer, desde
que a gente faça bem feito.”
Fiz faculdade no rio e tinha vontade de voltar para minas , logo que me formei tentei
voltar para a minha cidade natal, mas o que consegui era plantão para fevereiro, plantão
de 6h pagando 300 reais mais uma porcentagem por atendimento ou internação . Pela
minha urgência financeira optei por ir para São Paulo onde meu irmão que também era
médico já estava e já me arrumava plantão para o dia seguinte.
Quando cheguei em São Paulo me assustei com tamanha oferta, é um lugar que se você
quiser dar plantão 24h do dia nos sete dia das semanas você consegue. O plantão em
média tinha o valor de 1000 reais. Logo comecei a trabalhar em UPA, lugar que dá um
medo de início mas que todo recém formado deve enfrentar. Fazia mais 100h seguidas de
plantão. Atendimento de porta, com muita sinceridade, é um saco ! Por fim , já não
aguentava mais ouvir que “acordei com a barriga ruim”, “dor de cabeça , acho que é
sinusite, me dá uma bezentacil, preciso de um atestado”. Você estudar 6 anos pra tratar
GECA é um absurdo e era assim que me sentia, mas precisava de dinheiro e esta era a
única forma imediata.
Após três meses de formada comecei a fazer plantão na emergência da UPA, no susto
pois nunca tive experiência em procedimentos ou drogas , mas estudava nos intervalos e
me arrisquei. Nunca tive vergonha de pedir ajuda se não soubesse ou se não conseguisse
fazer os procedimentos. Apesar de ser casos mais complicados e que exigia de verdade
conhecimento médico, eu trabalhava em um local que não tinha muita estrutura e por
isso muitas coisas não dava pra ser colocado em prática do que era estudado e isso me
frustrava muito. Por ter uma responsabilidade maior o salário era por volta de 1200 mas
ainda não achava que compensava.
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E agora? Chama o Médico?
Nessa vida fui ficando , mas com consciência de que não era isso que eu queria para
minha vida.
Vi que os recém formados chegavam ainda mais despreparados pois foi adiantado a
formatura sem ter completado todos os estágios , a grande maioria sabia tratar a fase
inicial do COVID ou seja gripe, pois se o paciente complicasse um pouquinho, eles se
desesperavam. Eu enquanto RT ficava ao lado, garantindo que eles não estavam sozinhos
e que se fosse necessário algum procedimento faríamos juntos. Enquanto fiquei de RT
ensinei muitos a intubar, passar central, paracentese, toracocentese, manejo de drogas,
uma experiência diferente, gratificante por acompanhar a melhora tanto dos pacientes
quanto dos médicos. O salário não era ruim, tinha uma flexibilidade de horário, mas a
pressão política me fez desistir.
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E agora? Chama o Médico?
Nesse meio tempo fiz pós graduação em geriatria, sei que não é o ideal, não ter RQE não é
nada bom, mas consegui muitos pacientes. Hoje em dia trabalho apenas na geriatria,
consultório particular, ILPI e ambulatório de convênio. Tive que abri uma empresa, onde
recebo todo meu salário por PJ. Taxa de imposto menor, consigo manejar meus horários
e ganhar bem mais em termos de hora trabalhada quando comparado ao plantão. O
objetivo final é ficar só no consultório mas ainda estou no caminho.”
Com 4 meses, passei na residência médica para Anestesiologia no RJ. Havia juntando
dinheiro, porém as dívidas com formatura e medcurso levaram meu dinheiro embora
(rs). Logo, antes mesmo de chegar ao RJ, procurei trabalho por grupos de Whats e
consegui contrato com Upa, todo sábado 24h, na sala de emergência. O valor do plantão
no sudeste é em torno de 1000-1500 reais 12h, líquido. Então consegui me sustentar com
1 plantão semanal e a bolsa da residência. Foi bemm puxado, pois o R1 consome muito o
seu tempo, mas tem dado certo até então. Estou no terceiro ano de residência, agora já
consigo trabalhar com plantões na área da anestesiologia nos dias que tenho day off na
residência.”
Rebeca Rolim
Residente em Anestesiologia
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E agora? Chama o Médico?
- Sala vermelha (UPA). Prefiro porque são menos pacientes por vez, em teoria, mas odeio
porque às vezes são pacientes muito graves e que demandam cuidados que não estão
disponíveis
- Se for contratado pela prefeitura, que é responsável pela administração das UPAs em
MG, ganha 4000 mil reais para fazer 4 plantões por mês, um por semana. O extra é 1000
reais durante a semana e 1200 reais aos finais de semana”
Monalisa Félix
Residente em Radiologia
Formei em 2018 e comecei a atuar Pelo programa Mais Médicos no interior de São Paulo
em 2019. O programa funciona como uma bolsa de estudos, isso significa que na prática
devemos trabalhar 32 horas por semana e temos um “day off” que geralmente serve para
fazermos a especialização (medicina de família e comunidade) que é obrigatória, e após 4
anos de atuação na atenção básica + especialização concluída vc pode prestar prova de
título da especialidade.
O salário é de aproximadamente 11,5 mil que vc recebe pelo governo federal, e um auxílio
alimentação e moradia pela prefeitura que vc escolheu (que varia muito de município,
mas geralmente é em torno de 2-3 mil ). Alguns colegas faziam plantões, aos fins de
semana ou noturnos, que na minha região é em torno de 1200-1300, lembrando que a
maioria dos hospitais são pequenos, mas o atendimento é porta e tem escassez de
especialistas disponíveis na maioria das vezes.
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E agora? Chama o Médico?
Acredito que atuar na atenção básica seja uma experiência única é imprescindível para
uma formação médica, criar vínculo com a população, com a equipe.
Dentre as vantagens do programa:
- Os horários dos atendimentos são fixos, isso significa que temos 30 dias de férias,
feriados e fins de semana, isso significa que quem está querendo “tempo” pra estudar
para as provas de residência, é uma boa opção.
- Pra quem é recém formado, trabalhar na atenção básica te dispõe mais tempo para
estudar, para acompanhar o paciente e entender o caso, além de treinar a sua relação
médico paciente como nunca.
-O salário do mais médicos somados ao auxílio, ao benefício de isenção do imposto de
renda, as férias, licença maternidade, e trabalhar somente 4 dias semanais, normalmente
ainda é melhor do que a maioria dos salários da atenção básica pelas prefeituras.
Por outro lado, a parte ruim é que dependendo de qual município ou região você atuar,
pode ser uma região distante com pouca estrutura, e muitas vezes a medicina vai ser
baseada no que tem.
-Não tem décimo terceiro
-Teoricamente não pode fazer plantão no seu dia de “day off”
-O programa mais médicos, foi substituído pelo programa médicos pelo Brasil, que tem
algumas novas regras e valores.
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO SUL
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E agora? Chama o Médico?
# REGIÃO SUL
Os salários na região norte são um pouco mais baixos que no sul e Sudeste. Por um
período, os plantões eram em média 68,00 a hora, enfermaria e uti. Após a saída de
vários médicos recebemos um incentivo e a hr/ plantão na enfermaria passou a ser ± R$
95,00/hr e em UTI ± R$ 135,00. Aliado a isso comecei a fazer uns extras em clínica
popular. São consultas mais ambulatoriais em que o valor era por produção, e pagamento
no dia, em dinheiro, então acaba que vc ganha bem se atender muito. Eram em média 40
atendimentos numa manhã.
6 meses depois recebi uma proposta de trabalho em SC, para fazer o mesmo recebendo
140,00 a hora. Então eu trabalhava em enfermaria COVID, com +- 28 leitos, 40 hrs na
semana (12 Plantões) e Recebia 1680 por plantão de 12 hrs .
No emprego anterior eu tinha que fazer 60 hrs + extras pra ganhar o mesmo valor.
Prós e contras: cidade totalmente nova, não conhecia equipe, não conhecia as pessoas do
hospital, alguns nos viam como médicos recém-formados, do norte, que vieram só pegar
vaga dos outros, além do preconceito em geral que nós sofremos quando estamos em
outros estados, etc. Mas o valor era bem superior ao que eu recebia antes.
Iniciei a residência em março de 2022, no Rio Grande do Sul, por enquanto não estou
trabalhando, mas aqui na região tem bastante oportunidade de emprego, das mais
variadas formas. Tanto UPA, quanto UBS. Em geral as empresas tomam conta das escalas,
O que não acontece na região norte. Então é possível receber por CNPJ, que acaba
descontando um pouco menos de imposto.
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E agora? Chama o Médico?
Os valores são em média 110 a 120,00 / hr líquido, e os valores chegam a 180 e 200,00 em
feriados, em Porta e Hospital. Nas UBS geralmente ,40 hrs, 12-15 mil. E tem bastante vaga,
em várias cidades próximas e em capital. Sempre falo para os meus amigos que no sul
não falta emprego, e tem pra todos os perfis de médico.”
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E agora? Chama o Médico?
Outra cidade litorânea e portuária que morei aqui foi Itajaí. Uma população bem maior,
melhor estrutura e inúmeras possibilidades no mercado médico. Trabalhei em UPAs
como seletista da prefeitura, consultório e porta de hospital de referência (Hospital
Marieta - filantrópico). Atualmente contratam por processo seletivo na prefeitura e
conforme necessidade no Marieta. A cidade tem oportunidades no setor privado e cresce
intensamente. Por ser um bom lugar pra morar no litoral os valores de Plantões são mais
baixos se comparados a outras cidades. A minha experiência no sus da cidade não foi das
melhores. Na Upa mesmo com um alto fluxo de pacientes o ambiente de trabalho era
organizado e calmo, poucos problemas de falta de médico na escala. Porém a rotina de
encaminhamento dos pacientes mais graves para a referência era bem confusa, várias
vezes pacientes eram levados sem contato e o médico da Upa que transportava os
pacientes graves para o hospital (IOTs, IAM, AVCs). Na referência a experiência foi bem
pior. Quando trabalhei como plantonista da porta o fluxo era bem intenso, cuidávamos
dos pacientes observados e ainda tinha a responsabilidade de atender o telefone e aceitar
ou não pacientes da Upa e de outros municípios. E era apenas 1 plantonista na porta. É
válido citar que esse cenário era o que acontecia em 2017/2018, não sei como estão esses
ambientes agora.
Itajaí fica ao lado de Balneário Camboriú, cidade litorânea super conhecida do estado que
também tem inúmeras oportunidades no mercado médico. Com hospitais privados e
referência no sus (Hospital e Maternidade Ruth Cardoso) costuma ser um mercado mais
fechado já que é a queridinha do estado. O Ruth Cardoso contrata conforme necessidade
por empresa privada. Os valores para plantonista são mais baixos. Trabalhei no Caps de
Balneário Camboriú e me deparei com problemas graves na saúde básica (nada diferente
de qualquer lugar do Brasil), mas como era Balneário, a Dubai brasileira, isso me
surpreendeu. Falta de medicações eram comuns e as UBSs tinham demanda altíssima
bem como grande dificuldade de acompanhar adequadamente os pacientes
encaminhados do CAPS. A cidade é maravilhosa como dizem, várias opções de lazer e
uma localização privilegiada. Acho um ótimo lugar pra morar, desde que não se importe
em estar no destino turístico mais procurado de SC.
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E agora? Chama o Médico?
Hoje trabalho e resido em Joinville, cidade mais populosa de SC (mais habitantes que
Florianópolis) e um centro industrial. Ótima estrutura, várias opções de lazer, porém tem
um quê de interior (costumo dizer que é uma grande cidade pequena). Um ambiente
calmo e pacato tem oportunidades interessantes em setor público e privado (Hospitais de
referência, UPAS, hospitais privados, UBS e clínicas). A prefeitura contrata por processo
seletivo e a hora plantão atual nas UPAS é R$ 96,00. Os hospitais de referência pagam um
pouco mais, bem como os hospitais privados. A complexidade e o fluxo de atendimentos
são altos, demandando do médico conhecimento e aptidão em emergências. O setor
privado também é acessível se você tem experiência e "boa fama na praça" (indicações).
Pra quem deseja residências médicas Joinville também é um ótimo lugar pra crescer
profissionalmente.
O estado de Santa Catarina é um ótimo destino pra quem deseja uma vida estável e
tranquila. Não é o lugar de melhores salários do Brasil mas é um bom lugar pra exercer a
medicina com segurança e estabilidade.
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E agora? Chama o Médico?
AGRADECIMENTOS
Para finalizar esse material de qualidade e inédito (duvido que você já tenha lido tão nua
e cruamente as realidades dos diversos lugares no Brasil)...
Gostaria de agradecer.
Como sempre, agradecer primeiramente a Deus, que tem sempre me guiado e abençoado
lá de cima.
Gostaria de agradecer também a cada colega médico, os que são amigos de longa data e
os que acabei conhecendo por meio desse e-book, pela disposição em me ajudar e ajudar
outros tantos futuros médicos e recém-formados, como todos nós já fomos um dia.
Obrigado por sua contribuição, por sua sinceridade, por seu esforço e por sua paciência.
Nada disso seria possível sem vocês. Desejo sucesso em suas jornadas e, claro, estarei
sempre à disposição para retribuir!
Gostaria de agradecer ao meu novo amigo e grande colaborador João Neto. João, sem
você, tudo que temos alcançado ainda estaria em papéis e muitas conversas
idealizadoras. Sua contribuição tem sido de ajuda ímpar em cada passo que tenho dado
nos meus objetivos.
Por fim, e não menos importante, gostaria de agradecer a todos que têm me apoiado e
dado força nessa jornada. Ninguém vence sozinho. Cada pequena palavra de força, cada
pequeno gesto de apoio tem um peso muito grande no resultado. Espero poder retribuir
a todos um dia!
A você, meu colega médico (espero que você não esteja se esquivando dessa
responsabilidade novamente), que chegou até aqui em sua leitura, fica meu mais sincero
desejo de SUCESSO na sua jornada.
Espero, profunda e sinceramente poder ter contribuído, nem que seja um pouquinho,
com suas dúvidas, sua curiosidade e reduzindo seus anseios também!
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E agora? Chama o Médico?
Um dia, não muito longe, você estará por aí também, contando a sua história...
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