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DE
CORDAS
A mais antiga receita de verniz que se conhece, foi escrita na idade média pelo
monge beneditino Teófilo (1100 dC), registrada em seu escrito “Schedula
diversarum artium” e indica com precisão a preparação de um verniz,
cozendo-se sandaraca com óleo de linhaça.
2 – O “SEGREDO DESCONHECIDO”
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Conforme sua descrição, o verniz que recobre estes instrumentos, por sua
singular beleza, conseqüência de uma transparência e mudança de cor através
dos tempos, tem despertado a fantasia dos luteristas e apaixonados por luteria
em todo o mundo e, a partir do momento em que se pensou em relacionar suas
características à sonoridade, surgiram as mais variadas estranhas e absurdas
hipóteses, desde receitas vendidas como autênticas pela charlatanice da
alquimia, até o mito do “segredo desconhecido” sacramentando a falência
de tantos esforços e estudos.
Como o verniz usado por Stradivari era o mesmo dos mestres cremonenses do
século XVI até meados do século XVIII ( de Amati até Guarneri del Gesù), a
única diferença estava na aplicação estratificada (camadas diferentes), que
além de ser usada por outros luthiers também, em nada alterava acusticamente
o instrumento.
Observou também que, tanto violinos desgastados pelo uso e pelo tempo, às
vezes quase sem verniz, quanto outros muito menos tocados e portanto mais
conservados e com camada de verniz bem espessa possuíam as mesmas
características sonoras e o mesmo rendimento, concluindo que não era o
verniz que influenciava sobre o som, a ponto de modificá-lo positivamente
como se imaginava.
Essa conclusão foi a chave para que as pesquisas tomassem outro rumo.
Não obtendo sucesso nas pesquisas, muitos se voltaram para escritos antigos
sobre vernizes com receitas dos séculos XVI, XVII e XVIII, como os tratados de
Alessio Il Piemontese (1550), Fioravanti (1564), Zahn e Kunckel (por volta de
1685), padre Domenico Auda (1633 – época em que surge a goma-laca),
Christoff Love Morley (l692), Vincenzo Coronelli (1693), Adalberto Tilkowski
(1700), padre Filippo Bonanni (1700 - 1723) e outros.
Acontece que nenhum destes autores escreveram sobre vernizes para
instrumentos musicais e nenhuma de suas receitas para usos diversos, sequer
se aproximavam dos vernizes dos luthiers cremonenses.
Tudo isto não trouxe nenhuma ajuda, ao contrário, complicou ainda mais.
A análise era feita sobre um corpo de substâncias, sem saber que aquela
mistura, o verniz que estava no instrumento e feito especificamente para ele,
era o resultado final de um procedimento complexo, constituído pela
estratificação de diversas composições, aplicadas em tempos e modos
diferentes.
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aplicadas ao instrumento em tempos diversos e formando estratos
sobrepostos, entre os quais não se forma nenhuma mistura, mesmo que
parcial, por absorção.
3 – PREPARAÇÃO DA MADEIRA
Partindo então para outra linha de investigação, Sacconi descobre que além
dos vários cuidados observados durante a construção, antes da aplicação do
verniz, era na preparação da madeira que estava a causa do comportamento
sonoro ou “segredo” dos instrumentos de Stradivari.
Espessuras sutis fazem com que a madeira perca resistência e coesão das
fibras, mas no caso dos instrumentos de Stradivari, a despeito das condições
de uso através do tempo, intervenções até mal feitas e mudanças climáticas
pela migração por vários países, nunca perderam seu primitivo vigor.
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A preparação da madeira antes da aplicação do verniz era um procedimento
conhecido há séculos pelos luthiers, e em cada região, era realizada de
maneira diversa :
Stradivari preparava a madeira não para embelezá-la, mas seu objetivo era
conseguir um endurecimento das fibras em toda sua estrutura e com isso
promover a cristalização das mesmas e a impermeabilização da superfície.
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4 – VERNIZES NOS PERÍODOS DA LUTERIA ITALIANA
Sobre essas alterações dos vernizes, Gabriele Carletti considera “uma gradual
evolução e continuidade com alterações das proporções de seus componentes, sendo
incorreta a hipótese muito difundida e aceita de que no primeiro período o verniz era
somente à óleo e nos períodos sucessivos passou a ser somente a álcool”.
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- Toscanos e milanêses – transparentes e com cores claras.
- à base de álcool
- à base de essência
- à base de óleo.
Vernizes à álcool
Vernizes à essência
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Vernizes à óleo
Os óleos secativos mais conhecidos são: linhaça, nozes, tung ou óleo chinês
de madeira, cânhamo e outros.
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7 - COMPORTAMENTO DOS ÓLEOS VEGETAIS
Mas como regra geral, junta-se o óleo secativo e as resinas num recipiente de
aço inox, aço esmaltado ou mesmo uma panela de ferro (consegue-se um
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verniz mais escuro). Deve-se cuidar para que a temperatura não ultrapasse os
300ºC, a fim de que ocorra a adequada oxipolimerização do óleo.
Retira-se do calor quando a mistura atingir o ponto de “firm pill stage”, ou seja,
uma pequena porção colocada em uma superfície para resfriar, ao ser
apertada e puxada entre os dedos, estica-se formando o conhecido “ponto de
fio”.
9 – CUIDADOS NA PREPARAÇÃO
Qualquer reação química pode ser acelerada com a entrada de energia, porém
no caso específico do verniz a óleo, um aumento excessivo de temperatura
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produz prejuízos tanto à película, quanto ao próprio instrumento. Então a luz
UV é uma boa opção pelas vantagens já citadas.
O limite de visibilidade da luz ultra violeta não é exato e varia de indivíduo para
indivíduo, mas se o comprimento de onda da luz UV estiver abaixo de 315 nm,
não é posível perceber essa radiação como luz.
Isso pode ser um grande problema, pois embora a luz não seja visível, com a
diminuição do comprimento de onda, o poder de penetração e de transferência
de energia da radiação eletromagnética em níveis sub- moleculares aumenta,
assim como os riscos para a saúde. A radiação eletromagnética com
comprimentos de onda menores do que 100 nm , por exemplo são raios úteis,
mas muito perigosos e conhecidos como Röntgen ou raios-X .
Para cada um destes efeitos, é necessária uma fonte de luz UV específica para
se conseguir o resultado desejado.
Para trabalhar com UV, a regra é a moderação, proteção todo o cuidado
necessário durante a operação.
11 - RISCOS
- UVC - Aumenta todos os riscos acima . A luz UVC deve ser utilizada apenas
por pessoas autorizadas e em ambiente controlado.
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A luz UV também produz ozônio e oxigênio nitroso no ambiente. Ambos são
gases tóxicos que podem causar danos ao sistema nervoso central e ao trato
respiratório. Além disso, a capacidade do sangue para transportar oxigenio
pode ser prejudicada pela exposição a estes gases .
12 - MEDIDAS DE SEGURANÇA
1- Aguardar que o gabinete esfrie por uma hora ou mais antes de abrir.
2- Ao abrí-lo, não respirar durante a retirada do instrumento e retirar-se da
sala até que o mesmo tenha sido bem ventilado.
3- Existe a possibilidade de aumento de temperatura e umidade relativa
resultante em nível inferior ao normal, podendo danificar o instrumento.
Isto pode ser evitado através do controle da temperatura no interior do
armário, por exemplo deixando a parte superior aberta e/ou operando o
gabinete em um local fresco, e a umidade pode ser controlada através
da inclusão de um umidificador ou uma bacia de água quente dentro do
gabinete para evitar alterações da madeira pela baixa umidade.
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13 - FÓRMULAS PARA VERNIZES
À ÓLEO
À ÁLCOOL
a) Goma laca 150g, sandaraca 15g, copal de Manila 5g, elemí 15g.
f) Goma laca 240g, sandaraca 100g, goma guta 50g, sândalo 40g,
terebintina de Veneza 30g.
h) Goma laca 180g, sandaraca 90g, mastic 45g, terebintina de Veneza 15g.
i) Goma laca 150g, copal de Manila 50g, sangue de dragão 2g, sândalo
vermelho 2g.
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l) Goma laca incolor 180g, copal de Manila 40g. a) Dissolver em banho-
maria : 125g de sandaraca, 60g de goma-laca, 60g de mastic, 30g de
elemí, 25g de benjoim. Quando a mistura entrar em ebulição, juntar 50g
de terebintina de Veneza. Manter em ebulição por mais algum tempo.
Deixar esfriar e filtrar.
À ESSÊNCIA
a) Mastic 220g, damar 120g, óleo de linhaça cozido ou óleo de tung 130g.
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