Aula 00
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Autor:
Rodolfo Breciani Penna, Equipe
Materiais Carreiras Jurídicas
15 de Dezembro de 2021
Sumário
Direito Administrativo Para Magistratura Estadual ............................................................................................................ 4
1 - Definição ................................................................................................................................................... 8
5 - Princípios Implícitos................................................................................................................................. 36
85416800020
1865040
- Felipe Alegransi
Rodolfo Breciani Penna, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
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6.4 - Escolha dos árbitros e dos comitês de arbitragem: há necessidade de licitação? ................................................. 61
Resumo .......................................................................................................................................................................................... 71
Jurisprudência citada................................................................................................................................................................. 79
Magistratura ................................................................................................................................................................... 89
Promotor ........................................................................................................................................................................ 94
Defensor ......................................................................................................................................................................... 99
Gabarito.......................................................................................................................................................................................157
Trata-se de um estudo que busca cobrir todo o conteúdo cobrado de forma objetiva, clara e
esquematizada, com aprofundamento nos temas mais relevantes. O material foi elaborado com base em
uma análise nas provas de concursos públicos para carreiras jurídicas, dando maior ênfase nos assuntos
mais cobrados e, consequentemente, com maior chance de incidência em provas, sem descuidar da
análise dos temas com menor incidência para que o aluno não seja surpreendido.
METODOLOGIA DO CURSO
Algumas constatações sobre a metodologia são importantes!
As aulas são baseadas no conhecimento da doutrina, legislação e jurisprudência, buscando abordar todo
o conteúdo cobrado em concursos. Como esse conteúdo é bastante vasto, a abordagem busca ser
objetiva, trazendo os aspectos essenciais para provas objetivas, subjetivas e orais das diversas carreiras
jurídicas.
Neste sentido, o material busca ser completo a fim de que o aluno não tenha necessidade de recorrer a
outras fontes para estudar, utilizando apenas as aulas e a lei relacionada.
Além disso o material é baseado na análise de inúmeras questões de provas anteriores de diversas
bancas examinadores sobre a matéria, de forma que nenhum assunto abordado em concursos fique de
fora do material.
Assim, pode-se dizer que a aula que o aluno tem em mãos difere dos livros doutrinários tradicionais, em
razão da ausência de aprofundamento em temas essencialmente acadêmicos e sem interesse para
concursos públicos. Difere também das denominadas “sinopses” ou “resumos” publicados por editoras,
tendo em vista que o material do presente curso não deixa de fora assuntos importantes que
negligenciados por aquelas obras, além de conjugar o estudo do conteúdo com a realização de questões
e análise da jurisprudência relacionada.
Deste molde, tem-se que a aula tem como base os seguintes fundamentos:
FUNDAMENTOS
Legislação em sentido
Doutrina essencial e Jurisprudência relevante
amplo quando pertinentes
majoritária dos Tribunais Superiores
ao assunto
As questões dispostas no material possuem os mais variados níveis de dificuldade, situando o aluno no
mundo dos concursos, de forma a entender como os assuntos são abordados pelas bancas
examinadoras. A resolução de questões é meio indispensável para fixação e revisão das matérias.
Vistos alguns aspectos gerais do material de aula, teçamos algumas considerações acerca da
metodologia de estudo.
As aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Ao contrário do que encontraremos na
doutrina especializada de Direito Administrativo, o curso todo se desenvolverá com uma leitura de fácil
compreensão e assimilação.
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que necessário e importante os
assuntos serão aprofundados. A didática, entretanto, será fundamental para que diante do contingente
de disciplinas, do trabalho, dos problemas e questões pessoais de cada aluno, possamos extrair o
máximo de informações para hora da prova.
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos informativos, resumos, figuras, tudo
com a pretensão de “chamar atenção” para as informações que realmente importam.
Com essa estrutura e proposta pretendemos conferir segurança e tranquilidade para uma preparação
completa, sem necessidade de recurso a outros materiais didáticos.
Finalmente, destaco que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em .PDF é o contato direto
e pessoal com o Professor. Além do nosso fórum de dúvidas, estamos disponíveis por e-mail e,
eventualmente, pelo Facebook. Aluno nosso não vai para a prova com dúvida! Por vezes, ao ler o
material surgem incompreensões, dúvidas, curiosidades, nesses casos basta acessar o computador e nos
escrever. Assim que possível respondemos a todas as dúvidas. É notável a evolução dos alunos que
levam a sério a metodologia.
Além disso, teremos videoaulas! Essas aulas destinam-se a complementar a preparação. Quando estiver
cansado do estudo ativo (leitura e resolução de questões) ou até mesmo para a revisão, abordaremos
alguns pontos da matéria por intermédio dos vídeos. Com outra didática, você disporá de um conteúdo
complementar para a sua preparação. Ao contrário do PDF, evidentemente, AS VIDEOAULAS NÃO
ATENDEM A TODOS OS PONTOS QUE VAMOS ANALISAR NOS PDFS, NOSSOS MANUAIS
ELETRÔNICOS. Por vezes, haverá aulas com vários vídeos; outras que terão videoaulas apenas
em parte do conteúdo; e outras, ainda, que não conterão vídeos. Nosso foco é, sempre, o estudo
ativo!
Vídeoaulas
Muitas questões
Resumo dos complementares
anteriores de
principais tópicos sobre APROVAÇÃO!
provas
da matéria. determinados
comentadas.
pontos da matéria
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Rodolfo Breciani Penna, sou graduado
em Direito e estou no mundo dos concursos públicos desde a faculdade, quando comecei minha
preparação para carreiras jurídicas.
Em 2017, apenas 3 meses depois de formado, fui aprovado para técnico judiciário (7º lugar) e analista
judiciário – área jurídica (27º lugar) do Tribunal Regional Federal da 2º Região – concurso prestado
para o Estado do Espírito Santo.
Em 2018, fui aprovado em 27º lugar geral para Procurador do Estado de São Paulo, cargo que exerço
atualmente, em um concurso que envolveu mais de 13 mil candidatos, no qual obtive a 4ª colocação na
prova oral.
Embora minha carreira nos concursos tenha sido relativamente curta, também contabilizo diversas
reprovações em concursos, o que reputo como essencial para amadurecimento e preparação tanto para
os concursos quanto para a vida.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei o prazer em orientá-los da
melhor forma possível nesta caminhada que estamos iniciando.
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/prof.rodolfopenna
CRONOGRAMA DE AULAS
Vejamos a distribuição das aulas:
Essa é a distribuição dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes poderão ocorrer, especialmente
por questões didáticas. De todo modo, sempre que houver alterações no cronograma acima, vocês serão
previamente informados, justificando-se.
Estudar os princípios no início do estudo do Direito Administrativo é crucial para se entender todos os
demais temas relativos a esta matéria, por isso selecionamos este tema para começar o nosso curso.
Vamos à aula!
1 - DEFINIÇÃO
Um ramo autônomo do direito, como o Direito Administrativo, depende de um conjunto de regras e
princípios próprios, diferenciando-o dos demais ramos jurídicos, ainda que inexistente um código
específico que reúna as leis relacionadas à matéria.
O regime jurídico administrativo possui dois princípios basilares que dão ensejo às prerrogativas e
restrições da Administração Pública, sendo correto dizer que do princípio da supremacia do
interesse público decorrem as prerrogativas enquanto as restrições se originam do princípio da
indisponibilidade do interesse público.
Destaque-se ainda as lições da doutrina que verifica uma “bipolaridade do Direito Administrativo e
da atuação da Administração pública”, relacionando-se com a tutela da liberdade do indivíduo e
na autoridade da Administração. Esta bipolaridade dá ensejo a restrições e prerrogativas na atuação
do Poder Público.
Vale destacar que, de acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro1, é necessário realizar
uma distinção entre “regime jurídico da Administração Pública” e “regime jurídico
administrativo”. O primeiro é mais abrangente e consiste nas regras e princípios de
direito público e privado a que a Administração Pública pode se submeter em sua
atuação. Isso porque, em determinadas ocasiões, os Entes Públicos podem participar de
relações jurídicas eminentemente sujeita a regras de direito privado, como no caso dos
contratos privados (por exemplo, o contrato de aluguel). Por outro lado, a expressão
“regime jurídico administrativo” é reservada para as relações jurídicas em que incidem
apenas as normas de direito público, sendo que o Ente Público assume uma posição
privilegiada em relação ao particular.
Para assegurar a liberdade dos indivíduos, dentro da ideia da bipolaridade, a Administração Pública se
sujeita à observância da lei. Logo, um dos pilares da bipolaridade é o princípio da legalidade, que dá
ensejo às restrições e promove a liberdade individual. Por outro lado, para assegurar a
autoridade da Administração Pública, tem-se o princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado, do qual decorrem as suas prerrogativas.
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
2 BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo
De acordo com Barroso3, são dotadas das características de imperatividade, vez que obrigam a
sociedade, impondo deveres jurídicos aos seus destinatários e de garantia, haja vista que existem
mecanismos institucionais e jurídicos a impor o seu cumprimento ou estabelecer consequências ao
descumprimento.
Em primeiro lugar, vale destacar que não existe hierarquia entre regras e princípios. Além disso,
cada uma dessas espécies normativas desempenha funções importantes e complementares dentro do
ordenamento jurídico, não sendo possível um sistema só de regras ou só de princípios, tendo em vista
que um seria muito rígido e o outro flexível.
Ademais, não é o legislador quem define o que é regra e o que é princípio, trata-se de tarefa que
cabe ao intérprete que, ao se deparar com o texto, confere o sentido jurídico a partir das regras e
hermenêutica.
Grande parte do entendimento sobre esta matéria se deve aos ensinamentos de Ronald Dworkin e
Robert alexy.
De acordo com Dworkin, regras são relatos descritivos de comportamentos, em que a sua
aplicação se dá por subsunção do fato à previsão em abstrato, dentro da ideia do tudo ou
nada (all or nothing). Apenas uma norma prevalece diante do conflito de regras.
Já quanto aos princípios, para o autor, os relatos são descritos de forma mais abstrata. Não
determinam uma conduta a ser adotada, pois a análise deve se dar em cada caso concreto em que
se definirá a melhor conduta para efetivar o valor definido pelo princípio. O intérprete deve conferir
determinado peso aos princípios em choque, por meio do critério da ponderação ou valoração.
Por sua vez, Alexy avançou no estudo, lecionando que as regras são normas que serão sempre
satisfeitas ou não, tendo em vista que contêm determinações, devendo-se fazer aquilo que ela exige,
nem mais nem menos. Já os princípios, para o autor, são normas que que determinam que algo seja
buscado na maior medida possível, dentro das possibilidades fáticas e jurídicas. São, portanto,
mandados de otimização, tendo em vista que podem ser satisfeitos em graus variados.
Por exemplo, para o Estado dar efetividade ao princípio da igualdade, deverá buscar, no caso concreto,
aplicá-lo na maior medida possível, dentro das possibilidades fáticas, porque limitado pela reserva do
3 Idem.
possível (sem entrar na discussão quanto ao choque entre reserva do possível e mínimo existencial) e,
dentro das possibilidades jurídicas, porque está limitado até o ponto em que não elimina outros
princípios em choque.
A doutrina moderna se utiliza dos ensinamentos destes autores para estabelecer critérios de distinção
entre regras e princípios. Barroso reconhece que existem inúmeros critérios e os resume em três
principais: a) conteúdo; b) estrutura normativa; e c) o modo de aplicação. O primeiro possui natureza
material, enquanto os dois últimos possuem caráter formal. A estes critérios acrescenta-se o da
distinção quanto à forma de resolução do choque entre normas e princípios. Os critérios podem ser
dispostos da seguinte maneira:
Por fim, na atual dinâmica do direito, vem sendo defendida uma relativização dos critérios de resolução
de conflitos entre normas, relativizando-se o critério do tudo ou nada, para aplicar o critério da
ponderação tanto no conflito entre princípios, quanto no conflito entre regras.
Rafael Oliveira4 exemplifica com o caso da inaplicabilidade do art. 1º da lei 9.494/97, que proíbe a
concessão de liminar contra a Fazenda Pública que esgote o objeto do litígio, quando o judiciário impõe
o fornecimento de medicamentos a pessoa carente.
4 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 36.
O fato de os princípios serem espécies de normas jurídicas possui especial relevância, na medida em
que não são vistos como mero vetor interpretativo das regras, mas possuem carga normativa,
consistindo em fonte de direitos e obrigações.
Os princípios, portanto, a partir do pós-positivismo, tornam-se normas primárias, ao lado das regras,
podendo ser invocados para controle da juridicidade dos atos da Administração Pública. Não mais são
aplicados apenas quando há lacuna da lei ou de forma secundária para interpretação da lei.
Vale lembrar que a Lei 13.665/18 alterou a Lei de Introdução às normas do direito brasileiro,
acrescentando o art. 20, dispondo o seguinte:
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da
decisão.
Trata-se de uma tentativa de limitar as decisões com base exclusivamente em princípios ou valores
jurídicos indeterminados, sem considerar o caso concreto e a avaliação da proporcionalidade e
razoabilidade da medida.
De acordo com a doutrina, os princípios podem ser classificados em onivalentes ou universais, que
são aqueles válidos para todos os ramos do saber e da ciência; podem ser plurivalentes ou regionais,
ou seja, válidos para um grupo de ramos da ciência naquilo em que se relacionam; podem ainda ser
monovalentes, que são aqueles que se aplicam a um único ramo da ciência, como os princípios
aplicáveis apenas ao direito (princípios gerais de direito); e, por último, podem ser setoriais, que se
aplicam apenas a um ou alguns setores de um dos ramos da ciência, como os princípios relacionados ao
direito civil, administrativo, constitucional, etc.
Interesse público se relaciona com as necessidades coletivas. Não se confunde com a soma
dos interesses individuais, tendo em vista que, em determinados casos, o interesse público
será contrário aos interesses de determinadas pessoas individualmente consideradas.
➢ Interesse público primário: interesses diretos da coletividade. O Estado atua para suprir as
necessidades coletivas em sentido amplo. São exemplos a prestação de serviço público e o
exercício de poder de polícia.
➢ Interesse público secundário: interesses da Administração Pública como pessoa jurídica,
sujeito de direitos e obrigações. É o interesse patrimonial do Estado, que atua para defesa e
aumento do erário público. São exemplos os atos internos de gestão administrativa e a busca
pelo aumento de riqueza na gestão patrimonial.
A busca pelo interesse público secundário somente será legítima quando não colidir com
o interesse público primário e servir, ao menos indiretamente, à atuação da
Administração Pública na busca para suprir as necessidades coletivas em sentido amplo
(interesse primário).
A Administração Pública atua para satisfação das necessidades coletivas e finalidades públicas,
decorrentes da vontade geral, expressada por meio da Constituição Federal e das Leis. Deste cenário se
extrai o fundamento para o princípio da supremacia do interesse público sobre os interesses privados,
consubstanciado na prevalência dos interesses da coletividade, tutelados pelo Estado, sobre os
interesses meramente particulares.
Ao atuar em favor dos interesses da coletividade, a Administração Pública não poderia ser impedida por
interesses meramente individuais ou privados. Desta feita, conforme demonstrado, o princípio em
análise dá ensejo às prerrogativas do Poder Público, consistentes nos instrumentos para consecução
destes interesses da sociedade, colocando o Ente Público em posição privilegiada em relação ao
particular.
Entretanto, como qualquer princípio, a supremacia do interesse público não é absoluta, cedendo lugar
quando em choque com direitos individuais fundamentais garantidos pela Constituição Federal.
Ademais, não está presente em toda a atuação da Administração Pública. Cite-se, por exemplo, os
atos de gestão interna de uma repartição ou a edição de atos de mero expediente. Neste caso, não há
incidência do referido princípio. Também é possível citar o exemplo de quando o Poder Público atua
como agente privado, em relações de natureza privada, como em um contrato de aluguel.
A doutrina ainda verifica uma subdivisão da supremacia do interesse público sobre o privado,
fazendo distinção entre a supremacia especial e a supremacia geral.
De acordo com Rafael Oliveira5, parcela da doutrina moderna sustenta a inexistência do princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado em abstrato, a relativização do princípio ou
sua superação (a depender do doutrinador, vez que se trata de um estudo ainda em construção).
De acordo com o autor, o conflito deve ser analisado em cada caso concreto. O posicionamento é
sustentado em razão da relativização da dicotomia público x privado, em que os interesses públicos e
os interesses privados se confundem em muitos casos (como, por exemplo, na construção de uma escola
em determinado bairro, há interesse público e interesse privado dos moradores daquela região, o que
não existe é o interesse individual do proprietário do imóvel a ser desapropriado).
5 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 36.
Comentários
A única assertiva correta é a alternativa E, que é o gabarito da questão, conforme argumentos deste
tópico da aula.
De acordo com Rafael Oliveira, parcela da doutrina moderna sustenta a inexistência do princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado em abstrato, a relativização do princípio ou
sua superação (a depender do doutrinador, vez que se trata de um estudo ainda em construção).
Ademais, o autor elenca alguns argumentos que corroboram com essa conclusão, estudados no
presente tópico, para o qual remetemos o aluno.
O princípio enseja a aplicação de restrições à Administração Pública, tendo em vista que não é a
proprietária da coisa pública, mas simples gestora dos bens e interesses da coletividade, não
podendo deles dispor indiscriminadamente.
Este princípio, ao contrário da supremacia do interesse público, está presente em toda a atuação
estatal, inclusive na gestão interna e nos contratos privados, uma vez que em toda a atuação, ainda que
de forma indireta, deve ser buscado o interesse público.
Por fim, atualmente, alguns autores têm feito a distinção entre interesse público e patrimônio público.
Segundo estes doutrinadores, em algumas ocasiões, para se atingir a finalidade pública, será necessário
dispor do patrimônio público, o que demonstra a distinção entre estes conceitos.
4 - PRINCÍPIOS EXPRESSOS
Os princípios são classificados em expressos e implícitos. No primeiro caso o ordenamento jurídico
expressamente descreve os valores éticos que pretende tutelar. Já os princípios implícitos são extraídos
do sistema axiológico da Constituição relacionado à Administração Pública.
Vale destacar que somente são expressos os princípios contidos no art. 37, caput
da Constituição Federal, sendo implícitos todos os demais, ainda que elencados em
ato normativo infraconstitucional, tendo em vista que todos estes casos são
decorrentes do sistema axiológico da Constituição e, portanto, já estavam implícitos na
Lei Maior.
Ademais, o art. 37, caput da CF dispõe que toda a Administração Pública, direta e indireta,
está sujeita aos princípios nele elencados. Neste sentido, ainda que se trate de uma sociedade
de economia mista ou empresa pública, pessoas jurídicas de direito privado da
Administração Indireta, devem guardar observância dos princípios Administrativos.
Além disso, todos os agentes públicos, no sentido mais amplo da expressão, estão sujeitos à observância
destes princípios.
Os princípios expressos, conforme art. 37, caput da Constituição Federal, são os seguintes: Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
A lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal) também enuncia alguns princípios, estes
considerados implícitos se não estiverem presentes no art. 37, da CF: legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Não se trata de tornar a Administração Pública uma mera executora de leis, mas de vincular a sua
atuação à autorização do ordenamento jurídico, podendo utilizar de seu potencial criativo dentro dos
limites autorizados pelas normas jurídicas.
É importante conhecer ainda a clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública e
na esfera privada. Enquanto os particulares estão livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(art. 5º, II da CF – autonomia da vontade), a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionário).
Além disso, outra distinção se faz necessária: o princípio da legalidade não se confunde com o
princípio da reserva legal. O primeiro estabelece a vinculação da Administração Pública à lei
amplamente considerada, só podendo atuar quando houver permissão do ordenamento jurídico. A
reserva legal, por outro lado, estabelece que a atuação só é permitida diante da autorização de uma
espécie normativa específica determinada pelo texto constitucional, (por exemplo: lei ordinária ou lei
complementar), excluindo-se os demais atos normativos.
Exemplificando, o art. 25, §3º da Constituição exige lei complementar para que os Estados instituam
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. Trata-se de expressão do princípio da
reserva legal.
A Administração Pública só pode atuar quando A Constituição Federal impõe uma espécie
há autorização ou determinação da lei (em normativa específica para autorizar determinada
sentido amplo, abarcando todas as espécies atividade. (Ex: Lei ordinária ou Lei
normativas). complementar).
Por fim, a Constituição Federal previu situações determinadas em que o princípio da legalidade
pode ser excepcionado, permitindo a atuação da Administração Pública à margem das disposições
legais. Trata-se da edição de medida provisória, decretação do estado de defesa e estado de sítio,
em que o chefe do Poder Executivo possui uma liberdade maior de atuação, sem depender de
autorização do Poder Legislativo. 1
Rafael Oliveira7 advoga que deve ser feita uma reinterpretação do princípio da legalidade a partir do
fenômeno da constitucionalização do Direito Administrativo.
De acordo com o autor, a doutrina clássica estabelece uma vinculação positiva (positive bindung) ao
Administrador, que só pode agir mediante autorização legal, ao contrário da esfera privada, que se
sujeita à vinculação negativa (negative bindung), haja vista que a lei representa apenas uma limitação
à autonomia da vontade.
Entretanto, a legalidade deveria ser pautada não no cumprimento literal da lei, mas no respeito aos
princípios e valores constitucionais, de modo que o Administrador não se transforme em mero executor
das leis, mas tenha liberdade criativa para atender as necessidades coletivas, desde que
fundamentado nos princípios da Constituição, especialmente no interesse público. A liberdade de
atuação não deveria ser exclusivamente à lei editada pelo Poder Legislativo, mas bastaria uma
autorização do ordenamento jurídico de forma ampla.
7 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 36.
aos princípios da igualdade e demais princípios, devendo a legalidade ser compreendida sob a acepção
de vinculação negativa.
Portanto, em vez de uma simples adequação à lei formal, bastaria ao administrador a adequação de sua
atuação ao chamado bloco de legalidade, inserido no princípio da juridicidade. Porém, nesse caso, há
uma maior liberdade, bastando se adequar a um princípio para poder agir, ainda que não exista lei neste
sentido.
c
(CESPE / PGM-MANAUS–AM / 2018) Quanto às transformações contemporâneas do direito
administrativo, julgue o item subsequente.
Comentários
A alternativa está ERRADA. Rafael Oliveira8, juntamente com a doutrina moderna, defende que,
com a constitucionalização do direito administrativo, a legalidade deve ser compreendida mais
como “Princípio da Juridicidade”, que consiste na conformação da atuação Administrativa não
apenas ao texto das leis formais editadas pelo Poder Legislativo, mas a todo o direito como um
todo, por ele denominado bloco de legalidade. Com isso, reduz-se o âmbito de liberdade de ação
do administrador.
O princípio da impessoalidade estabelece que a atuação da Administração Pública não pode ter caráter
pessoal nem ser movida por sentimentos ou vontades pessoais do Administrador.
Tradicionalmente é abordada pela doutrina sob três aspectos: a) igualdade/isonomia; b) vedação à
promoção pessoal; e c) finalidade.
8OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 39.
ASPECTOS DA IMPESSOALIDADE
Vedação à promoção
Isonomia Finalidade
pessoal
a) Isonomia
Por este motivo, a constituição Federal impõe a necessidade de concurso público para ingresso de
servidores nos quadros públicos (art. 37, II, CF), ressalvadas exclusivamente as exceções previstas na
própria Constituição. Trata-se de processo isonômico de seleção de servidores por meio de provas ou
de provas e títulos, evitando a seleção em razão de favoritismo da Administração Pública.
Outro exemplo é o processo de licitação para contratação de bens ou serviços (art. 37, XXI, CF),
procedimento imparcial para seleção dos prestadores de serviços ou fornecedores da iniciativa privada,
resguardada a igualdade de oportunidades aos interessados. Outro importante instituto que efetiva o
princípio da impessoalidade sob o aspecto da isonomia é o pagamento de débitos da Administração
Pública decorrentes de condenação judicial por meio de precatórios (art. 100, CF), estabelecendo a fila
de precatórios para evitar qualquer tipo de favorecimento ou prejuízo aos administrados.
Vale relembrar ainda a conhecida lição de que a igualdade material significa tratar desigualmente os
desiguais na medida de sua desigualdade, ao contrário da igualdade meramente formal, que consiste
no tratamento igualitário diante de qualquer situação, ou seja, a igualdade perante a lei e na lei.
Neste sentido, compete ao Poder Público realizar políticas públicas, consubstanciadas em ações
afirmativas, no sentido de promover a igualdade material e reduzir as desigualdades sociais e regionais,
sendo este um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, nos termos do art. 3º, III
da CF.
Como exemplo, no concurso público, tem-se a reserva de vagas para pessoas com deficiência, tendo em
vista a desigualdade competitiva das pessoas com necessidades especiais frente aos demais candidatos.
Na licitação, há previsão de tratamento favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte, com
previsão no art. 179 da Lei Maior. Quanto aos precatórios, dispensa-se tratamento privilegiado aos
idosos, portadores de doença grave e deficientes, conforme art. 100, §2º, CF.
Assim, concluiu o Ministro, a igualdade como reconhecimento significa respeitar as minorias e tratar as
diferenças de uma maneira geral, respeitando as pessoas nas suas diferenças, mas aproximando-as para
igualar as oportunidades. Encontra fundamento no art. 3º, IV da CF que estabelece como objetivo
fundamental da República Federativa do Brasil “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Trata-se da aplicação da teoria do órgão ou da imputação (conforme será estudado nas próximas aulas).
Esta teoria determina que a vontade do agente se confunde com a vontade do órgão. Logo, quando o
agente emite um ato volitivo, é a vontade do órgão que está sendo manifestada e não a vontade
particular do agente público.
Neste sentido, quando se constrói uma escola, não foi o prefeito quem a construiu, mas o Município. Da
mesma forma, quando um agente causa dano a um administrado no exercício de suas funções, não é o
agente que será responsabilizado pelo ato, mas o órgão representado por ele, não cabendo ao particular
prejudicado ingressar com ação judicial diretamente contra o agente público. Deve acionar o Ente
Público com quem o servidor possua vínculo.
Exemplo importante da vedação à promoção pessoal se encontra no art. 37, §1º da CF que dispõe o
seguinte:
§1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
Qualquer ação do Governo que contenha publicidade deve observar a ausência de qualquer tipo de
símbolo, imagem ou nomes que a liguem ao agente público. A responsabilidade pela atuação é da
Administração Pública, nunca de seu representante.
A vedação contida no §1º do art. 37 da Constituição alcança ainda os partidos políticos, sendo vedada a
vinculação de qualquer realização da Administração Pública a determinado partido político. Vejamos a
jurisprudência do STF:
c) Finalidade
Nesta linha, haverá sempre uma finalidade geral, que sempre será o interesse público, e uma finalidade
específica, consistente no fim específico previsto na lei que está sendo aplicada.
Exemplo interessante deste aspecto é a remoção de ofício de servidor público com a finalidade de
punição ou por perseguição ou inimizade. A norma que regulamenta a remoção possui a finalidade de
adequação e distribuição eficiente do serviço. A remoção pelos motivos citados fere o princípio da
impessoalidade, já que não serviu à efetivação do fim perseguido pela norma, mas a interesses pessoais
do agente público responsável.
No entanto, é importante ficar atento nas provas, tendo em vista que alguns autores e algumas bancas
elencam o princípio da finalidade como princípio implícito autônomo, e não como um aspecto ou
corolário do princípio da impessoalidade.
Decisão emblemática do STF, sob o ponto de vista do princípio da impessoalidade, foi a que reconheceu
o princípio da intranscendência subjetiva das sanções.
De acordo com a Corte, não se deve aplicar sanções sobre determinado Ente Público se o
ato irregular foi praticado pela gestão anterior, desde que a gestão atual, ao assumir, tenha
tomado providências para corrigir as falhas, ressarcir o erário e punir os responsáveis
(ACO 2795, STF).
Neste ponto, a aplicação do princípio da intranscendência subjetiva das sanções no caso narrado é uma
exceção ou mitigação do princípio da impessoalidade, pois a irregularidade tem sido atribuída
diretamente à gestão anterior e não ao Ente Público.
O princípio da moralidade exige que os agentes públicos devem, além de respeitar as leis,
atuar de forma honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões éticos
de conduta.
A moralidade social, por sua vez, decorre do senso comum de bem e mal, certo ou errado,
compreendida de forma subjetiva, de acordo com as concepções e experiências pessoais dos agentes.
Por se tratar de uma norma jurídica, com força normativa e coercibilidade, um ato administrativo
praticado com violação da moralidade administrativa é nulo, devendo ser retirado do mundo jurídico,
seja pela Administração Pública no exercício da autotutela, seja pelo Poder Judiciário caso provocado.
O ato padecerá de vício de legitimidade, por violar princípios constitucionais da administração pública.
Assim, um ato administrativo pode ser editado em conformidade com a legislação (legalidade), mas será
absolutamente nulo se ferir a moralidade administrativa (ilegitimidade).
Dentre estes instrumentos, destaca-se a ação popular, podendo ser proposta por qualquer cidadão
para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII). Neste ponto, a
jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que a propositura da Ação Popular independe de prejuízo
material aos cofres públicas, bastando a comprovação de lesão a um dos valores por ela tutelados (ARE
824781, STF).
Outros instrumentos importantes são a ação civil pública de improbidade administrativa, prevista
no art. 37, §4º da CF e regulamentada na lei 8.429/92 e o art. 85, V da CF, que prevê como crime de
responsabilidade do Presidente da República os atos que atentem contra a probidade administrativa.
A lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal) dispõe que “Nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios de: atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
boa-fé;” (art. 2º, parágrafo único, inciso IV).
O decreto 1.171/94 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal),
assim como os códigos de ética profissional dos demais Entes Públicos, estabelecem padrões de
condutas aos servidores públicos para a tutela da moralidade administrativa, servindo com um dos
vetores de interpretação para determinar o conceito de moralidade jurídica.
a) aquele referido na ética da legalidade ou, em outros termos, os valores éticos que ela consagra
sem espaços para outros juízos axiológicos senão aqueles objetivados e explicitados nas normas-
regras e, portanto, sem autonomia específica.
Comentários
A moralidade social, por sua vez, decorre do senso comum de bem e mal, certo ou errado,
compreendida de forma subjetiva, de acordo com as concepções e experiências pessoais dos
agentes.
4.3.1 - Nepotismo
✓ Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem parente no órgão, mas não
possui hierarquia capaz de influir na nomeação (Rcl 18564, STF);
✓ Não há nepotismo quando a nomeação é destinada à ocupação de cargos
políticos, como cargo de Ministro ou Secretário do Estado ou Município (Rcl
29033 AgR/RJ; Rcl 22339 AgR/SP, ambas do STF);
✓ Exceção: Ainda que se trate de cargo político, poderá ficar caracterizado o
nepotismo caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral
do nomeado (Rcl 28024 AgR, STF);
✓ O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas não é cargo político, de forma
que a nomeação pelo Governador de seu irmão para exercício do cargo configura
nepotismo, além de afronta ao Princípio Republicano de prestação de contas, já
que o nomeado teria atribuições de fiscalizar as contas de seu parente (Rcl 6.702
MC-AgR, STF);
Vale destacar que, com a lei 14.230/2021, o nepotismo passou a ser expressamente considerado um ato
de improbidade administrativa, com base no art. 11, XII, da lei 8.429/92, devendo ser levado em conta
tudo o que aqui foi estudado, frisando ainda que, para configuração do ato de improbidade é necessário
dolo específico de obter o resultado ilícito da ação.
Por este motivo a transparência é a regra, enquanto o sigilo é exceção, somente possível nas
hipóteses previstas na Constituição Federal, tal qual o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida
privada (art. 5º, X, CF) e as informações indispensáveis à segurança do Estado e da Sociedade (art. 5º,
XXXIII, CF).
A publicação dos atos administrativos de efeitos externos e gerais, para que produzam
regularmente os efeitos pretendidos, deve ser realizada por meio do de órgão oficial do Ente Público,
preferencialmente por meio da imprensa oficial (que publicam os diários oficiais, impressos ou por
meio eletrônico), jornal contratado com esta finalidade ou outros meios análogos. Quanto aos
Municípios que não possuam diário oficial, entende-se válida e suficiente a publicação por meio de
documento afixado na sede da Prefeitura ou da Câmara Municipal.
Além disso, existem hipóteses em que a publicação deve ser realizada de forma específica, quando a lei
assim o exigir.
Quanto aos atos individuais, por outro lado, pode-se dar publicidade por notificação ou outro meio de
ciência do particular interessado.
Os atos que não tenham o objetivo de produzir efeitos externos, isto é, os atos internos da
Administração Pública, também devem ser publicados, mas a forma de dar publicidade pode ser
restrita às repartições em que se pretende a produção de efeitos.
O constituinte previu diversos instrumentos para que os administrados tomem conhecimento das
informações pessoais e de interesse de todos perante o Poder Público, possibilitando a fiscalização e o
controle popular.
O art. 5º inciso XXXIV estabelece, na alínea “a” o direito de petição perante os órgãos públicos para
defesa de direitos e contra ilegalidades ou abuso de poder. Na alínea “b” do mesmo inciso há previsão
de direito subjetivo à obtenção de certidões para defesa e esclarecimento de situações de interesses
pessoais.
Já no art. 5º inciso LXXII há previsão do remédio constitucional do habeas data para conhecimento de
informações pessoais e retificação de dados perante órgãos públicos e instituições de caráter público.
No art. 37, §3º a Constituição determina ao legislador que estabeleça as formas de participação dos
usuários na Administração Pública direta e indireta, regulando especialmente o acesso dos usuários a
registros administrativos e a informações sobre atos do governo (inciso II). O dispositivo foi
regulamentado em parte pela lei 13.460 de 2017, que estabelece normas básicas para participação,
proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos prestados direta ou indiretamente pela
administração pública.
O art. 216, §2º da CF estabelece que “Cabe à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela
necessitem”.
A lei 9.784/99, no art. 2º, V, estabelece o dever de divulgação oficial dos atos administrativos,
ressalvadas as hipóteses constitucionais de sigilo.
Constata-se, portanto, que o direito à informação é um direito fundamental do cidadão, sendo vedada a
sua supressão, inclusive, por emenda constitucional, uma vez que consiste em cláusula pétrea (art. 60,
§4º, IV CF).
O art. 1º da lei de acesso à informação (LAI) estabelece que os dispositivos nela constantes obrigam
toda a Administração direta e indireta dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive as
empresas públicas e sociedades de economia mista.
Além disso, vinculam todas as entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Ademais, aplicam-se as disposições da LAI às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam
recursos públicos do orçamento público ou por meio de subvenções sociais, seja qual for o
instrumento utilizado para firmar a parceria. Aplica-se o dever de publicidade previsto na lei à parcela
dos recursos públicos recebidos e a sua destinação, sem prejuízo do dever de prestação de contas
perante o Ente Público parceiro.
Trata-se, portanto, de uma lei geral de caráter nacional, que obriga a todos os Entes da Federação.
Não obstante, Estados, Distrito Federal e Municípios podem prever normas específicas, desde que
respeitadas as normas previstas na lei geral (art. 45).
A divulgação dos atos oficiais de Governo deve se dar de forma clara e em linguagem de fácil
compreensão, disponibilizando a informação por meio de procedimentos ágeis, objetivos e
transparentes (art. 5º).
A negativa de prestação de informações não fundamentada nas hipóteses legais, bem como,
qualquer das hipóteses de violação ao direito fundamental à informação, previstas no art. 32 da
LAI, consiste em infração disciplinar, a ser punida, no mínimo, com suspensão no caso de servidores
públicos federais sujeitos à lei 8.112/90 e transgressão militar média ou grave quando praticado por
militar das forças armadas da União, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção (art.
32, §1º), sem prejuízo de configuração de improbidade administrativa, nos termos da lei (art. 32, §2º).
O capítulo III da lei em análise estabelece o procedimento mínimo para acesso à informação nos órgãos
a ela vinculados:
O capítulo IV trata das hipóteses de informação sigilosa e o procedimento para sua classificação. A
informação pode ser classificada em três níveis, cujos prazos de sigilo são os seguintes:
Reservada → 5 anos
Secreta → 15 anos
Ultrassecreta → 25 anos ==1c7550==
A eficiência é a busca dos melhores resultados práticos (produtividade), por meio da melhor atuação
possível, de forma célere e com redução dos desperdícios (economicidade). O que se exige é que atue
com diligência, presteza e bom desempenho funcional. Trata-se de princípio relacionado à boa
administração.
O princípio analisado possui dois aspectos essenciais, um voltado ao agente público, que possui o
dever de atuar com eficiência, com boa produtividade, celeridade e economia e outro voltado para a
organização interna da Administração Pública, que deve ser pensada de forma a potencializar os
resultados e evitar desperdícios.
Eficiência não se confunde com eficácia nem com efetividade. Eficiência consiste em
realizar algo da melhor maneira possível com celeridade e o mínimo de desperdício.
Relaciona-se com os meios e procedimentos para atingir um resultado. Eficácia é o
atingimento do objetivo ou da meta a que se propôs. Relaciona-se com o resultado. Veja
que uma atividade pode ser eficiente, mas não alcançar eficácia ou vice-versa. Já
efetividade é a conjugação de eficiência e eficácia, transformando uma realidade
externa por meio de uma boa atuação.
Em sua obra, José dos Santos Carvalho Filho9 apresenta uma outra abordagem. O Autor
afirma que a eficiência está ligada ao modo pelo qual se processo o desempenho da
Administração, relacionando-se com a conduta do agente. Até aqui o conceito é parecido
com o apresentado acima. Entretanto quanto à eficácia, o autor afirma que se relaciona
com os meios e instrumentos utilizados no exercício.
Questão de difícil solução é o controle externo dos atos administrativos com base no princípio da
eficiência, em especial o controle judicial. Certo é que, considerando que se trata de um princípio
jurídico, com força normativa, a eficiência obriga a Administração e a sua ausência constitui vício de
legitimidade, perfeitamente controlável pelos órgãos de controle.
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. P. 33.
c) O concurso público – até então previsto apenas para o provimento de cargos efetivos na
administração pública direta – passa a ser exigido, também, para o ingresso nos empregos
públicos da administração pública indireta.
d) A perda do cargo para servidor estável – antes condicionada à existência de decisão judicial ou
processo administrativo disciplinar – passa a decorrer, também, do resultado de avaliações
periódicas de desempenho.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme estudado na aula, os contratos de gestão é que são
instrumentos destinados a ampliar a autonomia gerencial dos órgãos públicos. Ademais, não
cederam lugar às parcerias público-privadas. Em verdade, ambos os instrumentos coexistem na
atuação administrativa, tendo em vista que possuem finalidades distintas.
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Trata-se de mais um
instrumento para garantir a eficiência na Administração Pública. Todavia, a referida avaliação não
se encontra no âmbito de discricionariedade, segundo critérios definidos pelo gestor imediato. Os
critérios são definidos em lei, sob pena de se perder o fundamento da estabilidade no serviço
público, que é conferir segurança par ao servidor atuar, sem pressões ou exigências espúrias dos
superiores.
A alternativa C está incorreta. A exigência do concurso público sempre foi obrigatória para cargos
e empregos públicos, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
(...)
Entretanto, conforme visto na aula, embora se trate de importante instrumento para a eficiência,
incentivando a produtividade no serviço público, a lei complementar exigida ainda não foi editada,
razão pela qual a previsão ainda não surte efeitos.
Para Rafael Oliveira10, o princípio da eficiência demonstra a íntima relação do direito com a economia,
abrindo espaço para a Análise Econômica do Direito (AED), também conhecida como law &
economics, na Administração Pública. A AED consiste na utilização da economia, especialmente a
microeconomia, para solução de problemas na Administração Pública, realizando uma reinterpretação
do ordenamento jurídico para prever os efeitos e consequências positivas e negativas das escolhas.
Exemplo claro da utilização da AED no direito brasileiro se encontra nas Parcerias Público-Privadas (lei
11.079/2004), em que os aspectos econômicos são levados em consideração na formalização dos
contratos, tais como o risco do empreendimento, o custo da oportunidade, dentre outros, sendo também
utilizados para efetivação do (re)equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
10 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 45.
A AED ainda foi consagrada, em parte, pela lei 13.655/2018, que alterou a LINDB determinando que as
decisões devem considerar as dificuldades do gestor e os efeitos jurídicos e administrativos e as
consequências práticas da decisão.
De acordo com Oliveira, sob a ótica da AED, existem dois critérios de eficiência:
Entretanto, a eficiência da Administração não pode ser analisada apenas sob o aspecto da economia,
tendo em vista as restrições impostas ao Poder Público e o dever de tutela dos direitos fundamentais.
Quanto ao contrato de gestão, cabe relembrar uma crítica da doutrina relativa à sua nomenclatura. É
que, tratando-se de avença entre órgãos ou entidades da Administração Pública para realização de
interesses comuns, não caberia falar em contratos, melhor seria a denominação “convênio”, haja vista
que contratos são firmados entre partes que possuem interesses conflitantes e convênios firmados
entre interessados que possuem interesses convergentes.
5 - PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
Conforme já estudado, os princípios implícitos decorrem do conteúdo axiológico da Constituição, isto é,
do sistema de valores do texto constitucional. Ainda que alguns dos princípios a serem analisados
adiante estejam previstos expressamente em determinado texto legal ou, até mesmo, na Constituição,
estudamos que a doutrina considera implícitos todos os princípios que não estão expressos no art. 37
da CF.
Os princípios aqui estudados são os encontrados na maioria da doutrina. Nos aprofundaremos nos mais
importantes, enquanto traremos um conceito geral daqueles que possuem menor incidência em provas.
a) Princípio do devido processo legal em seu aspecto substantivo: De acordo com Rafael
Oliveira11, a razoabilidade e proporcionalidade surgiram no sistema do commom law americano,
por meio da evolução jurisprudencial, que verificou a necessidade de um aprimoramento, não
apenas se atendo ao devido processo legal em seu caráter formal/procedimental (procedural due
processo of law), para incluir sua versão substantiva (substantive due processo of law) que
objetiva a tutela dos direitos e liberdades do indivíduo perante o Estado.
b) Estado de direito: Construção alemã no sentido de que a razoabilidade e proporcionalidade
decorrem da própria concepção de justiça.
Historicamente, esses princípios estão ligados à ideia de relação racional entre meios e fins, tanto
na esfera Administrativa quanto na Legislativa12. Assim, seria possível tanto a invalidação de uma
lei por afronta à proporcionalidade quanto de um ato administrativo. Esta solução foi a adotada na
jurisprudência americana e na alemã.
Entretanto, embora existam autores que compreendam o princípio da proporcionalidade como espécie
do gênero razoabilidade, é possível extrair uma pequena diferença entre estes princípios na doutrina.
De acordo com Carvalho Filho13, razoável é a conduta que se insere dentro dos padrões de
normalidade aceitos pela sociedade, isto é, dentro dos limites aceitos pela coletividade. Não é a
concepção pessoal do administrador, mas os valores adotados pelo chamado “homem-médio”.
11 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 46.
12BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do
novo modelo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2019. P. 251.
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. P. 33.
O princípio da proporcionalidade, por sua vez, relaciona-se com o excesso de poder. Possui a
finalidade de conter os atos públicos que ultrapassem os limites adequados para atingir o objetivo
pretendido. A doutrina e o STF entendem que este princípio é subdividido em três subprincípios: a
adequação, a necessidade e a proporcionalidade strictu sensu.
PROPORCIONALIDADE
a) Adequação/idoneidade: o meio empregado deve ser o mais adequado ou idôneo para atingir a
finalidade pretendida. O clássico exemplo dado por Barroso14 ajuda a elucidar a questão.
Suponha que um Estado decida proibir a venda de bebidas alcoólicas no carnaval em razão do
crescente número de casos de AIDS naquela região. A medida seria inadequada. O meio
(proibição do carnaval), não é o mais efetivo ou correto para atingir a finalidade (redução de
casos de AIDS). Seria mais adequada a distribuição de preservativos e campanhas educativas.
b) Necessidade/exigibilidade: consiste na verificação de inexistência de meio menos gravoso
para atingir o objetivo pretendido. Deve-se primeiro verificar se não existe outra forma de atingir
a finalidade, que resulte em uma menor restrição aos direitos individuais. Outro exemplo trazido
pelo autor ajuda a esclarecer: Se for possível a contenção de dano ambiental, verificado em
decorrência da atividade de uma fábrica, por meio da instalação de filtros próprios, seria
desproporcional a interdição do estabelecimento, por ser medida mais gravosa do que a
necessária.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: consiste na ponderação entre o ônus imposto pela
medida e o benefício trazido pelas suas consequências. Somente haverá proporcionalidade se a
restrição imposta pela medida guardar proporção com o benefício produzido. Exemplo clássico
é a imposição de punição disciplinar aos servidores. As infrações disciplinares leves não podem
atrair a imposição de sanção de demissão, reservada para infrações graves.
Vale destacar que a Corte Suprema se utiliza destes princípios tanto para controle da legitimidade dos
atos administrativos quanto para controle da constitucionalidade das leis. Uma lei considerada
irrazoável ou desproporcional será declarada inconstitucional pelo Supremo.
No que diz respeito aos atos administrativos, a razoabilidade e proporcionalidade são importantes
vetores para controle da discricionariedade do administrador. Conforme se verá no decorrer do
curso, os órgãos de controle não podem avaliar os critérios de oportunidade e conveniência dos atos
discricionários, isto é, aspectos que estão dentro da liberdade de escolha do administrador, por resultar
em indevida violação da separação dos poderes. Entretanto, ainda que se trate de ato discricionário, é
14BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do
novo modelo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2019. P. 253.
possível o controle dos aspectos de legalidade e legitimidade, momento no qual será possível a
invalidação do ato por ofensa à razoabilidade ou proporcionalidade.
O princípio da continuidade consiste na ideia de que a atividade administrativa deve ser prestada de
forma ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que concerne ao serviço público. Está ligado,
de certa forma, ao princípio da eficiência e à necessidade de satisfação permanente dos direitos
fundamentais.
De acordo com Rafael Oliveira15, a continuidade está umbilicalmente ligada regularidade da prestação
da atividade administrativa, que estabelece a necessidade de prestação de serviços adequados. Não
seria adequado exigir a continuidade de um serviço irregular.
Para o autor, a continuidade não exige que todos os serviços sejam prestados em tempo integral, sendo
necessário distinguir necessidade absoluta de necessidade relativa. No primeiro caso, por se tratar
de necessidades básicas dos cidadãos, como a saúde, saneamento básico e a iluminação, por exemplo, o
serviço deve ser prestado sem qualquer interrupção. Já quanto às necessidades relativas, não há
necessidade de prestação de serviços em tempo integral, o serviço pode ser prestado em dias e horários
determinados pela Administração.
Alguns assuntos são de extrema importância para o princípio da continuidade, tal como o direito à greve
dos servidores públicos, a possibilidade de interrupção do serviço público e a aplicação da cláusula de
exceção do contrato não cumprido em face da Administração Pública.
➢ Direito de greve
A Constituição Federal garante o direito de greve aos servidores públicos civis, na forma da lei específica
(Art. 37, VII, CF), ao passo em que veda, de forma absoluta, a greve para os servidores públicos militares,
assim como a sua sindicalização (art. 142, §3º, IV, CF).
Ocorre que, até o presente momento, não foi editada a lei específica que regulamente o direito de greve
dos servidores públicos. No entanto, o STF decidiu que é garantido o direito de greve dos servidores e
declarou a omissão do Poder Legislativo em regulamentar o dispositivo. Com isto, determinou a
aplicação da lei de greve dos empregados da iniciativa privada, submetidos ao regime da CLT (lei
7.783/79), conforme julgado no MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007.
15 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 51
Não obstante, a Corte decidiu posteriormente que nem todas as categorias de servidores públicos
podem realizar greve. Assim, estabeleceu que os policiais civis e todos os demais servidores que
atuam diretamente na segurança pública estão proibidos de realizar greve16.
De acordo com o Supremo, a carreira policial é carreira de Estado, essencial para a Administração
Pública e privativa do Poder Público. Diferencia-se da saúde e da educação, por exemplo, porque não
pode ser prestada pela iniciativa privada. Ademais, a greve não é direito absoluto. Assim, afirmou que
as carreiras policiais (federal, rodoviária federal, ferroviária federal e civil), além das demais carreira
que atuam diretamente na segurança pública, estão proibidas de realizar greve, assegurada a
participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos de classe para vocalização dos
interesses da categoria.
Ademais, por se aplicar a lei 7.783/79 aos servidores públicos, também se aplicam as suas restrições à
greve em serviços essenciais, assim considerados aqueles previstos no art. 10, devendo garantir,
durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis
da comunidade, além de comunicação com 72 horas de antecedência.
16 ARE 654432, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-114 DIVULG 08-06-2018 PUBLIC
11-06-2018
Por fim, vale ressaltar que a tendência da jurisprudência é concluir pela abusividade da greve com
motivações políticas, tendo em vista que a greve tem a finalidade de buscar melhorias nas condições
de trabalho, além de que o empregador não pode sofrer por algo que não está na sua esfera de controle,
pois neste caso o empregador não poderá negociar com os grevistas atender suas reivindicações.
Jurisprudência do STJ:
Não é legítimo o corte no fornecimento de serviço público:
a) Quando a inadimplência for de débitos pretéritos ou de usuário anterior, sendo
viável apenas a utilização dos meios ordinários de cobrança. O corte do
fornecimento só é possível por inadimplemento regular relativo ao mês do
consumo. Não se trata de obrigação propter rem;
b) Por débitos decorrentes de fraude no medidor de consumo apurada
unilateralmente pela concessionária;
c) Inexistir aviso prévio;
d) Na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a
feriado, se decorrente do inadimplemento do usuário.
De acordo com a lei 8.666/93, art. 78, XV, o particular somente poderia invocar a exceção do
contrato não cumprido, em contratos realizados com a Administração Pública, após 90 dias de
inadimplemento do Poder Público contratante, desde que a inadimplência não seja decorrente de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, ocasião em que não será possível a
oposição da referida exceção pelo particular.
Com a lei 14.133/2021, o prazo foi reduzido para 2 meses de inadimplemento do Poder Público (art.
137, §2º, IV).
Neste caso, o particular contratado, mesmo sem receber as parcelas devidas pela Administração Pública,
deve continuar cumprindo o contrato por 90 dias. Apenas após esse período é que pode pleitear a
rescisão do contrato, ressalvado o direito de suspender a prestação até a regularização da situação. É
uma espécie de aplicação da exceção de contrato não cumprido de forma diferida.
Nos contratos de prestação de serviço público, regidos pela lei 8.987/95, o princípio da
continuidade atua de maneira ainda mais intensa. De acordo com o art. 39, caput e parágrafo único, em
caso de descumprimento das normas contratuais por parte da Administração Pública, a concessionária
deverá buscar no Poder Judiciário a rescisão do contrato, somente podendo paralisar a prestação do
serviço após o trânsito em julgado da decisão judicial.
O princípio da autotutela consiste no poder de a Administração Pública controlar os seus próprios atos,
retirando-os do mundo jurídico quando necessário, para conferir regularidade às suas condutas. Neste
sentido, pode revogar os seus próprios atos discricionários por conveniência ou oportunidade e deve
anular os seus atos quando eivados vícios de ilegalidade ou ilegitimidade, sem necessidade de
autorização do Poder Judiciário.
17 EREsp 845.982/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009
Como visto, o controle ocorre sob dois aspectos relativamente aos atos
administrativos:
A anulação dos atos ilegais é um poder-dever, pois não cabe à Administração Pública escolher se anula
ou não um ato ilegal. Se tomar conhecimento de determinado vício, é obrigação do agente público anular
o ato administrativo ou, caso não possua competência, deve dar ciência à autoridade competente.
Trata-se de princípio consagrado na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula
nº 473:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
A revisão dos atos administrativos pode ser provocada por algum administrado ou de ofício, por
iniciativa da própria Administração.
Em todo caso, deve ser respeitado o direito dos interessados ao contraditório e ampla defesa,
instaurando-se procedimento formal em que se dê ciência ao particular da intenção de anulação ou
revogação e os motivos, conferindo oportunidade para manifestação.
Além disso, o direito-dever de revisão dos atos administrativos não pode ser exercido a qualquer tempo,
uma vez que esta possibilidade resultaria em insegurança jurídica. Por este motivo os Entes Federados
editaram leis prevendo um prazo máximo para revisão de atos que concedam benefício aos
administrados.
Em âmbito federal, a lei 9.784/99 prevê o prazo decadencial de 05 anos para a anulação de atos dos
quais resultem efeitos favoráveis ao Administrado, salvo comprovada má-fé. A doutrina é controvertida
quanto ao prazo para anulação de atos administrativos praticado com má-fé do administrado,
prevalecendo o entendimento que, neste caso, não há prazo decadencial para anulação do ato.
Por outro lado, o STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos
administrativos flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer
tempo, resguardado o direito à ampla defesa e contraditório. Exemplo é a investidura em
cargo público sem submissão a concurso público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o STJ
entendem válida a anulação do ato de investidura em razão de flagrante violação do
princípio do concurso público (MS 28279).
Por fim, há doutrina que designa o poder de controle da atuação estatal como princípio da
sindicabilidade. O conceito abrange tanto o controle realizado pela própria Administração Pública
sobre seus atos, quanto o controle externo realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo com
auxílio dos Tribunais de Contas.
b) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Administração não depende de provocação
do interessado e não gera responsabilidade administrativa perante terceiros.
c) a anulação do ato administrativo que tenha produzido efeitos no campo dos interesses
individuais não prescinde de prévio contraditório que garanta o exercício da defesa da
legitimidade do ato por aqueles que serão por ela atingidos.
d) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Administração está imune ao controle
jurisdicional.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O controle ocorre sob dois aspectos relativamente aos atos
administrativos:
Mérito: A Administração pode revogar os atos discricionários válidos e sem qualquer vício por
motivo de perda ou inexistência de conveniência ou oportunidade. Trata-se de uma faculdade. A
revogação somente possui efeitos proativos (efeitos ex nunc).
Tratando-se de ato ilegal, a Administração Pública possui o dever de anular. Não pode optar por
anular ou revogar.
A alternativa B está incorreta. De fato, o exercício da autotutela pode ser provocado por algum
administrado ou de ofício, por iniciativa da própria Administração. Todavia, a Administração
Pública não está isenta de responsabilidade no caso de causar dano a terceiro. Sua
responsabilidade é objetiva e decorre diretamente da Constituição Federal, art. 37, §6º, CF.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 5º, inciso XXXV da CF: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” Conforme se extrai deste princípio, o
Brasil adotou o sistema de jurisdição única, de forma que, ainda que a não caiba mais recurso
administrativo da decisão da Administração Pública, sempre estará aberta a via do controle
judicial.
A conceituação deste princípio é tarefa complexa. Rafael Oliveira18 leciona que o princípio pode ser
compreendido em dois sentidos:
Trata-se de uma proteção contra a atuação arbitrária do Estado, tendente a alterar situações já
consolidadas na sociedade.
18 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 56-57
De acordo com o autor, o princípio da segurança jurídica se relaciona ainda à noção de boa-fé, tanto a
objetiva, que consiste na atuação com respeito à lealdade e lisura, baseada na confiança e na informação,
quanto a subjetiva, que se relaciona com o caráter psicológico daquele que acreditou atuar em
conformidade com o ordenamento jurídico. A boa-fé deve pautar a conduta tanto do Estado quanto do
particular.
A confiança legítima, por sua vez, consiste na tutela contra a utilização abusiva de normas jurídicas e
atos administrativos que surpreendam drástica e negativamente os seus destinatários. Trata-se de uma
situação intermediária entre o direito adquirido e mera expectativa de direito (esta última não possui
proteção no sistema). Alguns autores a tratam como princípio autônomo.
A Jurisprudência tem dado atenção ao princípio da confiança legítima. O STF, todavia, entende que não
configura violação ao referido princípio a exoneração de servidor que tomou posse em cargo público
em razão de decisão liminar posteriormente revogada. O STJ, por sua vez, mitigou esse entendimento,
entendendo que, a depender do caso concreto, em situações excepcionais, é possível a aplicação da
teoria do fato consumado para manter o servidor no cargo há mais de 20 anos, mesmo que tenha tomado
posse por meio de decisão liminar posteriormente revogada:
STF: Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a
manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado
que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro
provimento judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
Igualmente incabível, em casos tais, invocar o princípio da segurança jurídica ou o
da proteção da confiança legítima. É que, por imposição do sistema normativo, a
execução provisória das decisões judiciais, fundadas que são em títulos de
natureza precária e revogável, se dá, invariavelmente, sob a inteira
responsabilidade de quem a requer, sendo certo que a sua revogação acarreta
efeito ex tunc, circunstâncias que evidenciam sua inaptidão para conferir segurança ou
estabilidade à situação jurídica a que se refere (RE 608482).
STJ: No caso concreto, havia a solidificação de situações fáticas ocasionada em razão
do excessivo decurso de tempo entre a liminar concedida e os dias atuais, de maneira
que, a reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos
desnecessários e irreparáveis ao servidor. De acordo com a corte, deveria considerar
que a liminar que deu posse ao impetrante no cargo de Policial Rodoviário Federal foi
deferida em 1999 e desde então ele está no cargo, ou seja, há mais de 20 anos.
Assim, o STJ entendeu que existem situações excepcionais, nas quais a solução
padronizada ocasionaria mais danos sociais do que a manutenção da situação
consolidada, impondo-se o distinguishing, e possibilitando a contagem do tempo de
serviço prestado por força de decisão liminar, em necessária flexibilização da regra
estabelecida pelo STF de inaplicabilidade do fato consumado à posse em cargo público
por decisão precária. STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
Em outro caso relevante, o STJ entendeu que não seria possível a cassação de aposentadoria de servidor
que ingressou em cargo público por meio de liminar posteriormente revogada, em razão da
aposentadoria ter ocorrido antes da revogação da decisão antecipatória, fundamentando na
consolidação do vínculo previdenciária, que é independente do vínculo funcional:
A segurança jurídica está consagrada, como visto no art. 5º, XXXIV da CF, bem como, na noção de Estado
Democrático de Direito (Art. 1º, CF). Além disso, a lei 9.784/99 faz menção expressamente ao princípio
em seu art. 2º, além instituir diversos instrumentos com o objetivo de lhe conferir efetividade, tal como
no art. 2º, parágrafo único, inciso XIII que veda a aplicação retroativa de nova interpretação.
Recentemente, a lei 13.655 de 2018, ao alterar a LINDB, estabeleceu diversos instrumentos aptos a
tutelar a segurança jurídica. A lei estabelece que deverá ser previsto regime de transição quando
houver nova interpretação ou orientação sobre conteúdo indeterminado que imponha novo dever ou
novo condicionamento de direito, quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais
(art. 23).
Determina ainda que as revisões quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época,
sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações
plenamente constituídas (art. 24).
É importante ressaltar que tanto os atos administrativos vinculados, quanto os discricionários devem
ser motivados. A motivação só é dispensada quando houver disposição expressa neste sentido no
ordenamento jurídico.
Este princípio pode ser encontrado expressamente, em âmbito federal, na lei 9.784/99. De acordo com
seu art. 50, os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos. O dispositivo, em seguida, dispõe diversos incisos com hipóteses em que deve ser observada
a motivação do ato administrativo. A doutrina, entretanto, entende que as referidas hipóteses são
meramente exemplificativas, de forma que se pode extrair da norma a necessidade de motivação de
todo ato administrativo, ressalvados os casos expressamente previstos em lei (em sentido amplo).
Vale destacar que a motivação não se confunde com o motivo do ato administrativo. Conforme se
verá no decorrer do curso, o ato administrativo possui cinco elementos: competência, finalidade,
motivo, forma e objeto. A motivação faz parte da forma do ato administrativo, tendo em vista que
consiste na declaração escrita do motivo. O motivo, por sua vez, é um elemento do ato administrativo,
consistente nas razões de fato e de direto que fundamentam uma decisão. Em determinados casos em
que a lei dispense a indicação escrita dos motivos, o ato conterá um motivo, pois este sempre estará
presente, porém não haverá motivação, tendo em vista que não houve declinação escrita dos motivos.
Admite-se ainda, no âmbito da Administração Pública, a motivação aliunde ou per relatione, que
consiste na adoção da motivação de um outro ato administrativo como razão de decidir. É a declaração
de concordância com os fundamentos de pareceres, informações, decisões ou propostas, que farão parte
integrante do ato emitido (art. 50, §1º, lei 9.784/99).
Por fim, a teoria dos motivos determinantes estabelece que a validade do ato está
vinculada à existência e veracidade dos seus motivos, isto é, ainda que a motivação do
ato seja dispensada, caso o administrador tenha optado por expressar os motivos de
forma escrita, ficará vinculado aos referidos fundamentos fáticos e jurídicos indicados.
Tome-se por exemplo um caso de dispensa em que a autoridade nomeante tenha motivado em prática
de falta funcional. Caso constatado que não houve falta funcional o ato poderá ser revertido, ainda que
não houvesse necessidade de motivação.
c) Os atos administrativos não motivados não estão sujeitos ao controle jurisdicional, diante da
tendência de prestigiar a participação do usuário na organização e prestação dos serviços
públicos.
e) Motivo e motivação são sinônimos em matéria de atos administrativos, referindo-se ambos aos
elementos fáticos que justificam a existência do ato administrativo, os quais, nos atos
discricionários, não estão sujeitos ao controle judicial.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Conforme visto na aula, trata-se de mais
um instrumento, assim como o princípio da publicidade, de controle popular da atuação
administrativa, uma vez que possibilita ao cidadão tomar conhecimento das razões pelas quais o
Poder Público atuou de determinada maneira e compará-la com o ordenamento jurídico. Por
permitir a participação popular na Administração Pública, resulta do princípio democrático.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 5º, inciso XXXV da CF: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” Conforme se extrai deste princípio, o
Brasil adotou o sistema de jurisdição única, de forma que sempre estará aberta a via do controle
judicial.
A alternativa E está incorreta. A motivação não se confunde com o motivo do ato administrativo.
A motivação faz parte da forma do ato administrativo, tendo em vista que consiste na declaração
escrita do motivo. O motivo, por sua vez, é um elemento do ato administrativo, consistente nas
razões de fato e de direto que fundamentam uma decisão.
Com isto, promove-se a especialização nas atividades específicas em que os órgãos ou entidades
públicas atuam, o que enseja uma maior eficiência na prestação desses serviços na medida em que tais
órgãos e entidades dedicam todos os seus esforços na execução de uma ou de um número restrito de
funções, o que, em tese, faz com que haja um aprimoramento constante nesta atuação.
Assim, quando a União cria o INSS para gerir o Regime Geral de Previdência Social e trabalhar quase
que exclusivamente com a previdência social, cria-se uma especialização que gera produtividade e
aprimoramento, o que seria mais difícil se esta atribuição fosse dividida com todas as outras da União
em sua Administração Direta.
A descentralização ocorre quando o Ente Federado cria uma pessoa jurídica diversa e lhe atribui parte
de suas competências. Essa pessoa jurídica pode ser de direito público (autarquias e fundações
públicas) ou de direito privado (fundação privada, sociedade de economia mista e empresa pública),
conforme art. 37, XIX, CF. Já a desconcentração é a divisão interna de competências entre os órgãos
existentes dentro de uma mesma pessoa jurídica. Este movimento gera especialização.
O princípio da especialidade também estabelece que as entidades públicas a que se refere o art. 37, XIX
da Constituição estão adstritas às finalidades previstas na lei criadora ou autorizadora, não podendo
delas se distanciar.
Trata-se de princípio que define uma das características do ato administrativo. Decorre diretamente da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado e estabelece que os atos editados por agente
19 CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. Ed. Salvador: JusPODIVM, 2017. P. 96-97.
público, legalmente investido em cargo público, por expressar a vontade estatal, presumem-se
verdadeiros e legítimos.
Já a presunção de legitimidade estabelece que, até que terceiro prove o contrário, presume-se que o
ato foi editado de acordo com as leis e com os princípios administrativos, cabendo ao particular
comprovar qualquer violação ao ordenamento jurídico.
Conforme visto, o princípio em estudo determina uma verdadeira atribuição do ônus da prova ao
particular para comprovar qualquer falsidade ou vício de legitimidade do ato administrativo. Até que
haja prova no sentido contrário, o ato será considerado verdadeiro e legítimo e produzirá efeitos
regularmente desde a sua publicação. O ato pode ser questionado juridicamente, mas o ônus da prova é
do particular.
Vale ressaltar que a presunção indicada neste princípio é relativa (juris tantum), sendo admitida prova
em contrário, não se tratando de presunção absoluta (juris et jure), modalidade em que não se admite
qualquer prova em contrário.
Diz-se, portanto, de acordo com o princípio da presunção de veracidade e legitimidade, que os atos dos
agentes públicas gozam de fé pública.
A justificativa deste princípio, que confere mais uma prerrogativa à Administração Pública, é extraída
da afirmação de que todo ato administrativo é precedido de um procedimento formal regular, no qual
se garante o contraditório e a ampla defesa, o que demonstra uma tendência de que o ato foi produzido
regularmente, além de ser uma manifestação da soberania estatal representando o interesse público.
O princípio do contraditório e da ampla defesa está expresso na Constituição Federal, art. 5º, LV,
determinando que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Todavia, por não
se encontrar expresso no art. 37 da Carta Magna não será tratado entre os princípios expressos.
Trata-se de decorrência lógica do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV) em seu aspecto
procedimental. A violação do contraditório e da ampla defesa consiste em violação do devido processo
legal. Tal desrespeito a estes princípios configura nulidade do processo e de todos os atos posteriores
ao vício.
O processo, tanto administrativo quanto judicial, possui, em regra, duas partes com interesses
conflitantes, de forma que o contraditório permite que ambas as partes participem da condução do feito,
tendo o poder de influenciar a autoridade julgadora na formação do seu convencimento.
Para que seja garantido o contraditório e a ampla defesa, é primordial que se dê efetividade ao princípio
da igualdade no processo. Neste sentido, há que se conferir o que se denomina “paridade de armas”,
que estabelece a igualdade de oportunidades, meios e instrumentos para todas as partes no processo
para que busquem um resultado de acordo com seus interesses.
Embora os princípios do contraditório e da ampla defesa sejam tratados em geral como sinônimos, há
parcela da doutrina que identifica alguns aspectos inerentes à ampla defesa. Ao tratar do tema,
costuma-se considerar como intimamente vinculados à ampla defesa o direito à defesa prévia, a garantia
da defesa técnica e o direito ao duplo grau de julgamento, que no direito e no processo administrativo
são tratados com algumas peculiaridades. Entretanto, é possível considerar que tais aspectos também
se relacionam com o contraditório, o que valida a tese de fungibilidade entre os princípios.
AMPLA DEFESA
Duplo grau de
Defesa Prévia Defesa Técnica
julgamento
como forma de evitar abusos ou injustiças. Ocorre que o duplo grau de julgamento nem sempre
será obrigatório. A lei pode estabelecer hipóteses em que não haverá direito a recurso.
Com a finalidade de garantir a ampla defesa sob o aspecto do duplo grau de julgamento, o STF
editou a súmula vinculante nº 21, que reputa inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. O STJ
seguiu o entendimento, editando a súmula 373 no mesmo sentido.
O princípio do contraditório e da ampla defesa também se aplica nas relações entre Entes
Públicos. Neste sentido, o STF entendeu que o cadastro restritivo de Ente Público não
deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao contraditório.
Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de motivação meramente
financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União) é possível suspender
imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o cadastro deve ser
feito nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades
apontadas.
A tomada de contas especial, procedimento por meio do qual se alcança o
reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida observância do
contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei.
Neste sentido, o STF determinou que a União se abstenha de proceder à inscrição do
Estado-membro no SIAFI, no CADIN e no CAUC, até o exaurimento da Prestação de
Contas Especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório.
STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951).
O princípio da precaução consiste na necessidade de se evitar catástrofes antes que ela de fato ocorra.
De acordo com Carvalho Filho20, pode-se denominar este postulado também de princípio da prevenção,
embora se reconheça que há resistência da doutrina quanto a essa equivalência.
De acordo com o autor, o referido princípio tem origem no direito ambiental, cuja aplicação ocorre
quando há risco de danos graves e degradação ambiental, em que se exige medidas preventivas de forma
imediata para evitar a ocorrência destes prejuízos ambientais, ainda que não exista certeza científica
absoluta acerca da natureza e da dimensão do dano ambiental.
O fato de não existir certeza técnico-científica acerca do dano que se pretende evitar não é fator
relevante para justificar a procrastinação das providências de proteção. De fato, existindo dúvidas
acerca da possibilidade do dano e de sua dimensão, a controvérsia deve ser resolvida em favor do meio
ambiente e não do lucro dos particulares.
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. P. 41.
No direito ambiental, o princípio da precaução não se confunde com o princípio da prevenção, este
aplicável quando há certeza técnico-científica para determinar os danos que serão causados por certo
empreendimento, atraindo a necessidade de medidas protetivas ou compensatórias.
No direito administrativo, o princípio da precaução tem sido utilizado para tutela do interesse
público. Estabelece que, se determinada conduta tem o potencial de causar dano à coletividade, a
administração deve adotar uma postura preventiva, de modo a evitar que os referidos danos
venham a se concretizar. Em especial, deve-se aplicar o princípio em análise quando há notícias de que
os danos que ameaçam o interesse público, por sua gravidade e extensão, são irreversíveis ou de difícil
reparação.
Tal como no direito ambiental, o princípio da precaução acarreta a inversão do ônus da prova. É o
particular quem deve comprovar que seu empreendimento ou a conduta pretendida não possui o
potencial de acarretar prejuízos ao interesse da coletividade.
Trata-se, portanto, de conferir uma legitimidade reforçada à atuação do Poder Público, que não
deve mais se contentar apenas por cumprir o princípio da legalidade, mas fortalecer a sua atuação por
meio da participação popular na elaboração de normas e na tomada de decisões administrativas, por
meio de mecanismos e instrumentos do direito moderno. Exemplos claros deste princípio, sob o aspecto
da participação popular, são as audiências públicas e as consultas populares.
21 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 53
➢ Art. 21, caput e parágrafo único da lei 14.133/2021: prevê a possibilidade de convocação de
audiências públicas e consultas públicas na fase preparatória da licitação;
➢ Arts. 31 a 34 da lei 9.784/99: prevê a possibilidade de realização de audiências públicas e
consultas públicas nos processos administrativos, como forma de instrução do processo para a
tomada de decisão.
➢ Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade): Estabelece diversos instrumentos de participação
popular, tais como audiências públicas, debates e consultas públicas para elaboração do plano
diretor e para a gestão orçamentária participativa.
➢ Art. 10, inciso VI da Lei 11.079/2004 (Parcerias Público-Privadas): Consulta pública para análise
da minuta do edital e do contrato da concessão.
➢ Lei 13.460/2017, que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos
serviços públicos da administração pública.
De acordo com a doutrina, trata-se do poder de controle sobre a atuação estatal. O conceito abrange
tanto o controle realizado pela própria Administração Pública sobre seus atos, quanto o controle
externo realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo com auxílio dos Tribunais de
Contas.
Neste sentido, quanto ao controle externo, a Administração se sujeita ao controle judicial, uma vez que
foi adotado pelo Brasil o sistema de jurisdição una, consistente na possibilidade de todos os atos
administrativos, ainda que não mais sujeitos a recursos na esfera administrativa (coisa julgada
administrativa), serem objeto de questionamento perante o Poder Judiciário, conforme art. 5º, XXXV da
Constituição Federal:
Art. 5º (...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Além disso, a Administração Pública se sujeita ao controle externo previsto nos arts. 70 e 71 da
Constituição Federal, exercido pelo Poder Legislativo com o auxílio dos Tribunais de Contas:
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete: (...)
Repare que o controle externo não está adstrito ao controle de legalidade dos atos administrativos, mas
a outros critérios como legitimidade e economicidade. O tema será estudado com maior profundidade
na aula sobre controle da Administração Pública.
Há previsão ainda de controle interno, previsto no art. 74 da Constituição, exercido por órgãos
especializados em controle, criados dentro da estrutura organizacional do Ente Público. Como exemplo,
cita-se a Controladoria-Geral da União, órgão de controle interno do Poder Executivo Federal.
Por fim, a sindicabilidade abrange ainda a autotutela administrativa, estudado no tópico 5.3 desta aula.
5.12 - Accountability
Trata-se de princípio relacionado com o a intervenção do estado na economia, assunto que será
abordado em uma de nossas aulas no decorrer do curso. De acordo com este princípio, a atuação direta
do Poder Público na ordem econômica deve ocorrer apenas de forma subsidiária à iniciativa privada.
A intervenção do Estado na ordem econômica de forma direta, criando pessoa jurídica de direito
privado exploradora de atividade econômica, somente pode ocorrer nas hipóteses previstas no art. 173
da Constituição Federal, isto é, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Entretanto, este princípio também se aplica à atuação do Estado na prestação de serviços em geral,
estabelecendo que a Administração Pública somente deve atuar diretamente nos setores essenciais e
que naqueles em que a prestação por meio de parcerias com a iniciativa privada não seja satisfatória.
Trata-se do momento atual vivido pela Administração Pública, em que ultrapassados os Estados liberal
e social, tem-se uma espécie de Estado pós-social ou subsidiário.
Além disso, decorre do poder hierárquico (que será estudado nas próximas aulas), a possibilidade de
delegação e avocação de atribuições, conforme arts. 11 a 15 da lei 9.784/99.
6.1 - Introdução
Ademais, muitas vezes, para se atingir o interesse público, será necessário dispor do interesse
patrimonial. Todavia, esta disposição patrimonial da Administração Pública se dá nos limites do
ordenamento jurídico.
Adotando a segunda corrente, a lei 13.129/2015 incluiu o §1º ao art. 1º da lei 9.307/96 (Lei de
arbitragem), admitindo expressamente este procedimento quando figurar como parte a Administração
Pública:
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Além disso, diversas outras leis já previam a possibilidade de utilização da arbitragem pela
Administração Pública. Vejamos algumas delas:
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para
resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser
realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro
de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
(...)
Ademais, o STJ também já vinha mantendo este entendimento, mesmo antes da alteração promovida na
lei de arbitragem prevendo expressamente a possibilidade de utilização deste procedimento pela
Administração Pública.
Neste sentido, a Corte Superior possui o entendimento de que a Administração pode utilizar o
procedimento arbitral para solucionar conflitos relativos a contratos administrativos, ainda que não
haja previsão no edital ou no contrato, desde que seja realizado compromisso arbitral entre as partes
posteriormente:
Tanto a doutrina como a jurisprudência já sinalizaram no sentido de que não existe óbice
legal na estipulação da arbitragem pelo poder público, notadamente pelas sociedades de
economia mista, admitindo como válidas as cláusulas compromissórias previstas em
editais convocatórios de licitação e contratos.
A utilização do procedimento arbitral não é livre, devendo observar determinados requisitos previstos
em lei. Neste sentido, a lei 9.307/96 previu dois requisitos essenciais, denominados arbitrabilidade
objetiva e arbitrabilidade subjetiva.
Assim, a arbitrabilidade objetiva e subjetiva são requisitos para que seja possível a instauração de
procedimento arbitral, realização do compromisso arbitral ou estabelecimento de cláusula
compromissória em determinado contrato.
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Art. 150. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utilizados meios alternativos de
prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de
resolução de disputas e a arbitragem.
Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo às controvérsias relacionadas
a direitos patrimoniais disponíveis, como as questões relacionadas ao restabelecimento do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato, ao inadimplemento de obrigações contratuais
por quaisquer das partes e ao cálculo de indenizações.
Já a arbitrabilidade subjetiva é a capacidade civil das partes para firmarem este tipo de acordo, ou seja,
a aptidão para serem titulares de direitos e obrigações. Trata-se de requisito também previsto no art.
1º, caput da lei 9.307/96.
(...)
Em primeiro lugar, o procedimento deverá ser sempre de direito, nunca por equidade, em razão do
princípio da legalidade. A Administração Pública está sujeita ao ordenamento jurídico em todas as suas
relações, inclusive quando a relação jurídica for submetida à arbitragem, devendo a questão ser
dirimida pelas regras e princípios de direito e não pelo senso de justiça do árbitro.
Ademais, o procedimento arbitral deve ser sempre público, para que seja respeitado o princípio da
publicidade, não cabendo a convenção pelo sigilo.
Por fim, vale destacar que a lei de arbitragem ainda estabelece qual autoridade pública é competente
para submeter as relações da Administração Pública ao procedimento arbitral:
Art. 1º (...)
Flávio Amaral, logo no início do seu artigo sobre o tema 22, antecipa o seu entendimento para,
posteriormente, especificar os seus argumentos:
“Antecipa-se, desde já, a conclusão a que se pretende chegar no presente ensaio: o processo
de licitação formal não é o veículo adequado para promover uma escolha eficiente da Câmara
Arbitral e muito menos dos árbitros. Se caminharmos no sentido de compreender a licitação
como um antecedente lógico e obrigatório destas escolhas, estaremos aniquilando, por via
oblíqua, a própria arbitragem na Administração Pública e os inegáveis benefícios que dela
poderão ser extraídos nas relações jurídicas administrativas.”
O primeiro ponto que deve ser rechaçado é a alegação de que a ausência de licitação, neste caso, violaria
o princípio da indisponibilidade do interesse público. De acordo com Flávio Amaral, sob este ponto de
vista, “a licitação é meio” para a tingir o interesse público e não um fim em si mesma. Destarte, em
algumas situações a realização de licitação será um desserviço ao atingimento do interesse público.
Exemplo disso é que a própria Constituição Federal e a lei 14.133/2021 excepcionaram a licitação nos
casos de dispensa ou inexigibilidade.
Ademais, a lei 14.133/2021, embora não tenha previsto expressamente a possibilidade de contratação
direta para seleção de árbitros, colegiados arbitrais e dos comitês de resolução de disputas, parecer ter
adotado este entendimento:
Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de
resolução de disputas observará critérios isonômicos, técnicos e transparentes.
Pelo dispositivo, a seleção observa os critérios mencionados, mas não se exige a observância das regras
de processo licitatório.
Outro argumento favorável à não realização de licitação neste caso é que a Administração Pública atual
deve ser pensada de acordo com o princípio da consensualidade.
22GARCIA, Flávio Amaral. A Escolha dos Árbitros e das Câmaras Arbitrais: Licitar ou não?. Revista Síntese Licitações,
Contratos e Convênios, v. 1, p. 9-15, 2019.: http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/flavio-amaral-garcia/a-escolha-
dos-arbitros-e-das-camaras-arbitrais-licitar-ou-nao
Trata-se, portanto, de conferir uma legitimidade reforçada à atuação do Poder Público, que não
deve mais se contentar apenas por cumprir o princípio da legalidade, mas fortalecer a sua atuação por
meio da participação popular na elaboração de normas e na tomada de decisões administrativas, por
meio de mecanismos e instrumentos do direito moderno. Exemplos claros deste princípio, sob o aspecto
da participação popular, são as audiências públicas e as consultas populares.
Neste molde, a consensualidade deve conferir maior discricionariedade ao administrador nas suas
escolhas, privilegiando relações e decisões mais dialógicas com os administrados.
(...)
Para além do conhecimento técnico que o árbitro deve possuir na matéria arbitrável, dois
aspectos positivos devem, ainda, ser destacados: (i) a possibilidade de as partes indicarem o
árbitro, ou seja, a escolha do julgador a partir da sua qualificação profissional; (ii) a
circunstância de que o árbitro, via de regra, não tem a quantidade de processos atribuídos a
um juiz, o que permite conferir maior celeridade na solução do litígio.”
O mencionado autor ainda defende que a questão deve ser dividida em duas esferas para melhor
compreensão: a escolha de árbitros individualmente considerados e a escolha de câmaras arbitrais.
23 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 53
Em primeiro lugar, a arbitragem institucional (realizada por meio de câmaras arbitrais) é a mais
indicada para a Administração Pública, haja vista que há a adesão a um regulamento já existente, há um
apoio administrativo e árbitros já vinculados à câmara.
Por outro lado, quando há seleção de árbitros para um determinado caso específico, as partes
selecionam os respectivos árbitros e definem as regras do procedimento. Neste caso, a escolha do
árbitro está marcada por um alto grau de discricionariedade, tendo em vista que pressupõe a confiança
depositada no árbitro (tal como ocorre nos cargos públicos em comissão), a capacidade técnica, a
experiência e, nas palavras de Flávio Amaral, “a conexão das suas características com o perfil e natureza
do litígio instaurado”.
Esses aspectos tornam inviável a realização a realização de uma licitação, tendo em vista a
impossibilidade de definição de critérios objetivos relacionados às características acima indicadas.
Por este motivo, defende que a escolha do árbitro (e da câmara arbitral, que trataremos a
seguir), é um ato administrativo unilateral praticado no exercício de competência
discricionária, o que, por outro lado, não implica o surgimento de um contrato.
“o árbitro, a despeito de ser indicado pelo ente público, não tem qualquer compromisso em
sustentar a tese da parte que o indicou. A sua função é jurisdicional, ainda que não estatal,
não se estabelecendo qualquer relação de comutatividade que sinalize para um contrato
administrativo a ser celebrado com a Administração Pública.”
No entanto, se rende à conclusão de que a inexigibilidade da escolha do árbitro deve ser a solução
pragmática a ser adotada, embora não seja tecnicamente correta, haja vista que contratualiza uma
relação institucional/jurisdicional, cuja escolha ocorre por meio de um ato unilateral.
➢ Câmaras arbitrais
Com a câmara arbitral, ao contrário do que ocorre com os árbitros, há uma prestação de serviços, haja
vista que é colocada à disposição das partes um conjunto de serviços envolvendo apoio administrativo,
regulamento próprio, disposição de regras etc.
Desta forma, há uma distinção em relação à nomeação dos árbitros individualmente considerados.
Tratando-se de uma prestação de serviços seria o caso de um contrato administrativo. No entanto,
defende Flávio Amaral, que não se trata de um contrato típico, haja vista a impossibilidade de previsão
das cláusulas exorbitantes neste caso.
Não obstante, neste caso também não deve de concluir pela necessidade de licitação. De acordo com
Flávio Amaral:
(...)
Ademais, como escolher Câmaras a partir de critérios objetivos? Seria uma licitação por
menor preço ou por melhor técnica ou técnica e preço?
(...)
localização da sede e outros critérios ou parâmetros que venham a ser fixados nos
respectivos atos normativos.
O autor defende que o credenciamento, da forma como conhecido tradicionalmente, não é eficiente para
este tipo de contratação, uma vez que pressupõe a tomada de iniciativa das câmaras arbitrais para se
credenciarem junto ao Poder Público, o que poderia afastar instituições mais renomadas.
“Ainda assim, seria fundamental definir o momento da escolha da Câmara Arbitral e como
esta decisão se processa, a saber, unilateralmente ou consensualmente com o contratado
participando da escolha.”
Neste ponto, relativamente à escolha da câmara arbitral credenciada, a definição em cláusula arbitral
na minuta do contrato a ser celebrado com o particular seria a opção mais pragmática e célere,
entretanto, defende Flávio Amaral que a escolha deve ocorrer consensualmente e após a ocorrência do
litígio, haja vista o princípio da consensualidade e que, uma vez ocorrido o conflito, as partes disporão
de mais elementos para a escolha.
O Decreto Federal 10.025/2019 trata da a arbitragem para dirimir litígios que envolvam a
administração pública federal nos setores portuário e de transporte rodoviário, ferroviário, aquaviário
e aeroportuário.
Embora seja aplicável apenas em âmbito federal e nos setores nele especificados, é importante
identificar alguns pontos que começam a ser adotados na Administração Pública em relação à
arbitragem.
Art. 2º (...)
Parágrafo único. Para fins do disposto neste Decreto, consideram-se controvérsias sobre
direitos patrimoniais disponíveis, entre outras:
Outro ponto importante é que o art. 3º, incisos V e VI determinam que a arbitragem será,
preferencialmente, institucional, devendo a câmara ser escolhida dentre aquelas previamente
credenciadas AGU.
Neste molde, já se verifica a escolha pelo credenciamento no modelo federal, adotando o entendimento
pela inexigibilidade de licitação nesses casos. Quanto ao procedimento do credenciamento, é importante
a leitura dos dispositivos:
Art. 10. O credenciamento da câmara arbitral será realizado pela Advocacia-Geral da União
e dependerá do atendimento aos seguintes requisitos mínimos:
I - estar em funcionamento regular como câmara arbitral há, no mínimo, três anos;
§ 1º O credenciamento de que trata o caput consiste em cadastro das câmaras arbitrais para
eventual indicação futura em convenções de arbitragem e não caracteriza vínculo contratual
entre o Poder Público e as câmaras arbitrais credenciadas.
Art. 11. A convenção de arbitragem poderá estipular que a indicação da câmara arbitral que
administrará o procedimento arbitral será feita pelo contratado, dentre as câmaras
credenciadas na forma prevista no art. 10.
Já quanto à escolha dos árbitros ad hoc, o decreto federal adotou o entendimento de Marçal Justen Filho,
considerando um ato administrativo unilateral e discricionário:
Art. 12. Os árbitros serão escolhidos nos termos estabelecidos na convenção de arbitragem,
observados os seguintes requisitos mínimos:
III - não ter, com as partes ou com o litígio que lhe for submetido, relações que caracterizem
as hipóteses de impedimento ou suspeição de juízes, conforme previsto na Lei nº 13.105, de
2015 - Código de Processo Civil, ou outras situações de conflito de interesses previstas em
lei ou reconhecidas em diretrizes internacionalmente aceitas ou nas regras da instituição
arbitral escolhida.
Por sua vez, a nova lei sobre licitações e contratos admite a arbitragem em contratos administrativos,
dispondo acerca do processo de escolha dos árbitros de forma bem tímida e genérica:
Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de
resolução de disputas observará critérios isonômicos, técnicos e transparentes.
A ideia de utilização dos dispute boards nas relações da Administração Pública, especialmente nos
contratos administrativos, decorre das práticas internacionais. Embora ainda não haja uma previsão
expressa do mecanismo em lei nacional, trata-se de um meio alternativo à jurisdição, podendo as partes
submeterem o conflito ao referido comitê, que apresentará solução a cada caso de acordo com as regras
previamente definidas.
Vale destacar que os dispute boards não atuam apenas solucionando conflitos já instaurados, sua
importância decorre especialmente do fato de atuarem na prevenção desses conflitos, apresentando
respostas a consultas e recomendações, além de acompanharem toda a execução dos contratos,
prestando o que se denomina de “assistência informal” (informal assitance) a depender dos poderes a
eles atribuídos pelas partes.
Além disso, conta em favor desse mecanismo de solução de litígios a celeridade superior ao processo
judicial e o seu baixo custo.
Em razão da inexistência de uma lei nacional disciplinando a atuação dos comitês de resolução de
disputas, a sua atuação dependerá do que for disciplinado no contrato, cabendo às partes contratantes
definirem as atribuições e os limites da atuação do comitê.
Os comitês são formados por experts imparciais, normalmente em número de três, sendo,
preferencialmente, dois engenheiros e um advogado, que são indicados na celebração do negócio
jurídico subjacente ou após o surgimento do conflito, havendo, neste caso, designação “para o ato”.
É possível classificar os comitês de resolução de disputas em três espécies diferentes, a depender dos
poderes outorgados pelas partes em cada caso:
a) Dispute review boards – DRB: com atribuição para fazer recomendações não vinculantes (non-
binding);
b) Dispute adjudication boards – DAB: com atribuição para tomar decisões vinculantes (binding);
c) Combined dispute boards – CDB: com atribuições par emitir recomendações e tomar decisões
vinculantes, a depender do que dispuser o contrato.
No caso dos dispute review boards, a recomendação assume caráter de opinião técnica, que poderá ser
adotada espontaneamente pelas partes. Caso as partes restem silentes, decorrido um prazo
preestabelecido, a recomendação assume efeito vinculante. Por outro lado, uma ou ambas as partes
podem discordar da recomendação de forma fundamentada, o que obsta a produção de efeitos da
recomendação.
No caso do dispute adjudication boards, a decisão é vinculante desde o início. A parte pode até discordar
da decisão, mas isso não retira o seu efeito vinculante, devendo ser cumprida até que a controvérsia seja
discutida em âmbito judicial ou arbitral.
Quanto à sua aplicabilidade em relação à Fazenda Pública, ainda encontra resistência da doutrina
tradicional, podendo, no entanto, serem feitas as mesmas considerações realizadas quanto à
arbitragem.
Ademais, a lei 8.987/95 (lei de concessão de serviços públicos) e a lei 11.079/2004 (Lei das PPPs)
expressamente admitem o emprego de mecanismos privados de resolução de conflitos, o que inclui os
dispute boards.
Não obstante, alguns Entes Federados têm regulamentado o assunto por meio de leis locais. É o caso da
lei 16.873/2018 do Município de São Paulo que “Reconhece e regulamenta a instalação de Comitês de
Prevenção e Solução de Disputas em contratos administrativos continuados celebrados pela Prefeitura
de São Paulo.”
De acordo com o art. 2º da referida lei, “O Comitê de Prevenção e Solução de Disputas poderá ter
natureza revisora, adjudicativa ou híbrida, conforme os incisos deste artigo, a depender dos poderes
que lhe forem outorgados pelo contrato administrativo de obra celebrado”.
O comitê de revisão possui apenas o poder de emitir recomendações não vinculantes, enquanto o comitê
de adjudicação emite decisões vinculantes às partes. Já o comitê híbrido pode recomendar ou decidir,
cabendo às partes decidirem a sua competência em cada caso.
Foi na Carta de Nice que o referido princípio apareceu positivado pela primeira vez, constando do art.
41 do referido ato normativo:
Artigo 41.
1. Todas as pessoas têm direito a que os seus assuntos sejam tratados pelas instituições e
órgãos da União de forma imparcial, equitativa e num prazo razoável.
- o direito de qualquer pessoa a ser ouvida antes de a seu respeito ser tomada qualquer
medida individual que a afecte desfavoravelmente,
- o direito de qualquer pessoa a ter acesso aos processos que se lhe refiram, no respeito dos
legítimos interesses da confidencialidade e do segredo profissional e comercial,
3. Todas as pessoas têm direito à reparação, por parte da Comunidade, dos danos causados
pelas suas instituições ou pelos seus agentes no exercício das respectivas funções, de acordo
com os princípios gerais comuns às legislações dos Estados-Membros.
De acordo com Joana Mendes25, o direito à boa administração deve ser caracterizado em três diferentes
camadas interconectadas, a primeira contendo garantias procedimentais para a proteção de direitos
substantivos, cuja violação poderia levar a uma compensação dos danos sofridos pelo particular ou à
anulação do ato viciado. Segundo a autora, esse é o “denominador comum” do art. 41 da Carta de Nice.
25MENDES, Joana. Good administration in EU law and the European code of good administrative behavior. Disponível em
<http://ssrn.com/abstract=1554907>. Acesso em: 06/12/2020.
Em segundo plano, estão as regras legais acerca do exercício da função administrativa, objetivando
regulamentar a discricionariedade da Administração Pública de forma a atingir o interesse público e
garantir o controle dos atos da administração.
Já a terceira camada seria formada por normas não positividades ou normas “não legais”, como define
a autora. Busca-se definir padrões de conduta dirigida a garantir o bom funcionamento dos serviços
administrativos prestados ao público, garantindo eficiência e qualidade.
Desta forma, a Administração Pública não deve apenas cumprir com suas obrigações, mas deve estar
atenta e garantir que os particulares sejam tratados de forma correta e tenham pleno acesso aos seus
direitos. Ou seja, exige-se um alto grau de diligência e cuidado do Poder Público perante os
administrados.
No Brasil, embora o Direito fundamental à boa administração não tenha sido previsto expressamente
no ordenamento jurídico, pode-se afirmar que se trata de um princípio implícito aplicável às relações
jurídicas do Estado.
Conforme afirmado, tal princípio decorre diretamente do Estado de Direito, de forma que todos os
Países que adotam esse modelo de Estado adotaram também, ainda que implicitamente, o Direito
fundamental à boa administração, devendo garantir tal direito à população.
Além disso, a Constituição Federal, embora não tenha sido expressa quanto ao princípio, previu diversos
mecanismos, institutos e órgãos para a sua proteção, tal como ocorre com os Tribunais de Contas, que
possuem atribuições específicas para garantir a observância deste direito pelo Poder Público,
realizando a sua fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.
(Banca Própria / MPMG / 2020 – Prova Oral - Adaptada) No que consiste o Direito
fundamental à boa Administração Pública? Pode-se dizer que se trata de um direito
subjetivo dos administrados e um dever da Administração?
Comentários
Foi na Carta de Nice que o referido princípio apareceu positivado pela primeira vez, constando do
art. 41 do referido ato normativo.
Sendo um direito fundamental e subjetivo do administrado, pode-se dizer que se trata de um dever
a ser observado pelo Poder Público, haja vista a ideia de que todo direito fundamental gera um
custo inexorável à Administração para a sua garantia.
RESUMO
Regime Jurídico Administrativo
estando limitada à finalidade estabelecida pelo ordenamento jurídico. Dá ensejo às restrições aplicadas
ao Poder Público e está presente em toda a atuação estatal.
INTERESSE PÚBLICO
INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO
SECUNDÁRIO
Princípios Expressos
Somente são expressos os princípios contidos no art. 37, caput da Constituição Federal, sendo implícitos
todos os demais
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: a atuação da Administração Pública não pode ter caráter pessoal
nem ser movida por sentimentos ou vontades pessoais do Administrador.
ASPECTOS DA
IMPESSOALIDADE
Vedação à promoção
Isonomia Finalidade
pessoal
• Aspecto da isonomia: A atuação deve ser objetiva, distanciada dos sentimentos pessoais,
preferências, inimizade ou animosidades políticas e/ou ideológicas do administrador,
isto é, sem subjetivismos.
• Aspecto da vedação à promoção pessoal: As realizações da Administração Pública não
podem ser divulgadas como feito pessoal do agente público, mas do órgão que ele
representa.
CF: Art. 37 (...) §1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
•
Aspecto finalístico: relacionado ao princípio da finalidade, no sentido de que toda a
atuação da Administração Pública deve estar voltada para atingir o fim previsto no
ordenamento jurídico.
➢ Princípio da intranscendência subjetiva das sanções
➢ Decisão emblemática do STF, sob o ponto de vista do princípio da impessoalidade, foi a que
reconheceu o princípio da intranscendência subjetiva das sanções.
De acordo com a Corte, não se deve aplicar sanções sobre determinado Ente Público se o
ato irregular foi praticado pela gestão anterior, desde que a gestão atual, ao assumir, tenha
tomado providências para corrigir as falhas, ressarcir o erário e punir os responsáveis
(ACO 2795, STF).
PRINCÍPIO DA MORALIDADE: Os agentes públicos devem, além de respeitar as leis, atuar de forma
honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões éticos de conduta. É uma espécie
de moralidade jurídica (não se confunde com moralidade social, fundamentada no senso comum) e está
relacionada à boa administração, devendo ser compreendida de forma objetiva, extraída do conjunto de
normas relacionadas à atuação dos agentes públicos.
Destaca-se o nepotismo como prática ofensiva ao princípio da moralidade, conforme súmula nº13 do
STF:
✓ Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem parente no órgão, mas não
possui hierarquia capaz de influir na nomeação (Rcl 18564, STF);
✓ Não há nepotismo quando a nomeação é destinada à ocupação de cargos
políticos, como cargo de Ministro ou Secretário do Estado ou Município (Rcl
29033 AgR/RJ; Rcl 22339 AgR/SP, ambas do STF);
✓ Exceção: Ainda que se trate de cargo político, poderá ficar caracterizado o
nepotismo caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade
moral do nomeado (Rcl 28024 AgR, STF);
✓ O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas não é cargo político, de forma
que a nomeação pelo Governador de seu irmão para exercício do cargo
configura nepotismo, além de afronta ao Princípio Republicano de prestação
de contas, já que o nomeado teria atribuições de fiscalizar as contas de seu
parente (Rcl 6.702 MC-AgR, STF);
✓ A Súmula Vinculante nº 13 não exauriu todas as possibilidades de nepotismo,
podendo existir outros casos de nomeação que violem a moralidade
administrativa (MS 31.697, STF).
A transparência deve ser a regra, enquanto o sigilo é exceção. Não se confunde com a exigência de
publicação oficial dos atos administrativos. Publicação é condição de eficácia dos atos administrativos
e publicidade é condição de validade. A publicação é uma das hipóteses da publicidade.
Destaca-se a lei de acesso à informação (Lei 12.527 de 2011) como importante instrumento que efetiva
o princípio estudado, por se tratar de lei de caráter geral e nacional, aplicando-se ainda às disposições
da LAI às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos, no que diz respeito à
parcela dos recursos públicos recebidos e a sua destinação.
Garante a qualquer interessado direito de requerer informações por qualquer meio idôneo, vedada
qualquer exigência relativa ao motivo da solicitação.
O capítulo IV trata das hipóteses de informação sigilosa e o procedimento para sua classificação. A
informação pode ser classificada em três níveis, cujos prazos de sigilo são os seguintes:
Reservada → 5 anos
Secreta → 15 anos
Ultrassecreta → 25 anos
Princípios implícitos
Razoabilidade e Proporcionalidade estão ligadas à ideia de relação racional entre meios e fins, tanto na
esfera Administrativa quanto na Legislativa. Os doutrinadores e o STF, em vista da dificuldade, preferem
a conclusão de que, em razão da proximidade dos conceitos, os princípios são fungíveis.
Razoável é a conduta que se insere dentro dos padrões de normalidade aceitos pela sociedade.
Proporcionalidade, por sua vez, relaciona-se com o excesso de poder e é analisada sobre três aspectos:
PROPORCIONALIDADE
A Corte Suprema se utiliza destes princípios tanto para controle da legitimidade dos atos
administrativos quanto para controle da constitucionalidade das leis.
Possui previsão expressa na lei 9.784/99, art. 53 e na súmula nº 473 do STF. O controle dos atos pode
ocorrer por provocação de algum administrado ou de ofício, por iniciativa da própria Administração.
Em todo caso, deve ser respeitado o direito dos interessados ao contraditório e ampla defesa,
instaurando-se procedimento formal.
A lei 9.784/99 prevê o prazo decadencial de 05 anos para a anulação de atos dos quais resultem efeitos
favoráveis ao Administrado, salvo comprovada má-fé. O STF possui jurisprudência pacífica no sentido
de que os atos administrativos flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer tempo.
Tanto os atos administrativos vinculados, quanto os discricionários devem ser motivados. A motivação
só é dispensada quando houver disposição expressa neste sentido.
Motivação é diferente de motivo. O primeiro é a indicação expressa do motivo, que, por sua vez, consiste
nos fundamentos de fato e de direito que levam à decisão.
A teoria dos motivos determinantes estabelece que, ainda que a motivação do ato seja dispensada,
caso o administrador tenha optado por expressar os motivos de forma escrita, ficará vinculado aos
referidos fundamentos fáticos e jurídicos indicados
O princípio da especialidade também estabelece que as entidades públicas a que se refere o art. 37, XIX
da Constituição estão adstritas às finalidades previstas na lei criadora ou autorizadora.
Até que haja prova no sentido contrário, o ato será considerado verdadeiro e legítimo e produzirá efeitos
regularmente desde a sua publicação.
Contraditório e da ampla defesa são tratados, em geral, como sinônimos ou, no mínimo, como princípios
fungíveis.
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO: Utilizado para tutela do interesse público. Se determinada conduta tem
o potencial de causar dano à coletividade, a administração deve adotar uma postura preventiva de modo
a evitar que os danos se concretizem.
Acarreta a inversão do ônus da prova. É o particular quem deve comprovar que seu empreendimento
ou a conduta pretendida não possui potencial de causar prejuízos ao interesse público.
Além disso, busca-se novos meios de consensualidade para solução de controvérsias, por meio de
instrumentos modernos, tais como as Câmaras De Conciliação E Arbitragem da Administração, Termo
de Ajustamento de Conduta – TAC, acordos de leniência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos uma pequena parte da matéria, entretanto, um assunto
muito relevante para a compreensão da disciplina como um todo.
Além disso, procuramos demonstrar como será desenvolvido nosso trabalho ao longo do Curso,
apresentando os aspectos relevantes para concursos da matéria de forma objetiva e esquematizada.
Rodolfo Penna
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/prof.rodolfopenna
JURISPRUDÊNCIA CITADA
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO E ARBITRAGEM
(...)
8. A cláusula de eleição de foro não é incompatível com o juízo arbitral, pois o âmbito de
abrangência pode ser distinto, havendo necessidade de atuação do Poder Judiciário, por
exemplo, para a concessão de medidas de urgência; execução da sentença arbitral;
instituição da arbitragem quando uma das partes não a aceita de forma amigável.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE:
É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública
direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de
heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o
contraditório e a ampla defesa.
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017)
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em
concursos públicos. Constitucionalidade da Lei nº 12.990/2014. Procedência do pedido. 1. É
constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da
administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a
desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com
o princípio da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e
institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre os
cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do
reconhecimento da população afrodescendente. 1.2. Em segundo lugar, não há violação aos
princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta da
aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário da política deve
alcançar a nota necessária para que seja considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o
cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao invés de
afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “
burocracia representativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população
sejam considerados na tomada de decisões estatais. 1.3. Em terceiro lugar, a medida observa o
princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política de cotas para
o acesso de negros à educação superior não torna a reserva de vagas nos quadros da administração
pública desnecessária ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: (i) nem todos os cargos e
empregos públicos exigem curso superior; (ii) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da
ação afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das cotas nas universidades
públicas; e (iii) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de
cotas, há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públicos,
justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014. 2. Ademais, a fim de
garantir a efetividade da política em questão, também é constitucional a instituição de mecanismos
para evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios
subsidiários de heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a
comissão do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o
contraditório e a ampla defesa. 3. Por fim, a administração pública deve atentar para os seguintes
parâmetros: (i) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as fases dos concursos; (ii)
a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no concurso público (não apenas no edital de
abertura); (iii) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para
burlar a política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e (iv) a
ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade na
nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira funcional do
beneficiário da reserva de vagas. 4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral
constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20%
das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos
no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de
critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e
garantidos o contraditório e a ampla defesa”.
A teor do disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por
agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 940 da repercussão geral, deu provimento ao
recurso, nos termos do voto do Relator. Não participou, justificadamente, da votação de mérito, o
Ministro Gilmar Mendes. Em seguida, por maioria, acolhendo proposta do Ministro Ricardo
Lewandowski, fixou a seguinte tese: “A teor do disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal, a ação
por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”, vencidos os Ministros Marco
Aurélio, Edson Fachin e Luiz Fux. Falou, pela interessada, o Dr. Aristides Junqueira Alvarenga. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia. Presidência do Ministro Dias Toffoli.
Plenário, 14.08.2019.
(RE 191668, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 15/04/2008,
DJe-097 DIVULG 29-05-2008 PUBLIC 30-05-2008 EMENT VOL-02321-02 PP-00268 RTJ
VOL-00206-01 PP-00400 RT v. 97, n. 876, 2008, p. 128-131 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p.
226-231 RJTJRS v. 47, n. 286, 2012, p. 33-37)
EMENTA Publicidade de atos governamentais. Princípio da impessoalidade. Art. 37, parágrafo 1º, da
Constituição Federal. 1. O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que haja
qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos
políticos a que pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o princípio da
impessoalidade vincula a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é
incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem
promoção pessoal ou de servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação
com o partido político a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da impessoalidade
e desnatura o caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do comando posto pelo
constituinte dos oitenta. 2. Recurso extraordinário desprovido.
(ACO 2795 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 23/11/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-267 DIVULG 12-12-2018 PUBLIC 13-12-2018)
PRINCÍPIO DA MORALIDADE:
(Rcl 18564, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI,
Segunda Turma, julgado em 23/02/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG 02-08-
2016 PUBLIC 03-08-2016)
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:
(ARE 652777, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-128 DIVULG 30-06-2015 PUBLIC 01-07-2015)
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
STF. Vedação ao exercício de greve aos servidores integrantes das carreiras de segurança
pública.
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais
civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos
classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de Processo
Civil, para vocalização dos interesses da categoria.
(ARE 654432, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE
DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-114 DIVULG 08-06-2018 PUBLIC 11-06-2018)
(RE 693456, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 27/10/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-238 DIVULG 18-10-2017
PUBLIC 19-10-2017)
que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se
ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público”. 5. Recurso
extraordinário provido na parte de que a Corte conhece.
(EREsp 845.982/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe
03/08/2009)
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
(MS 28279, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, DJe-
079 DIVULG 28-04-2011 PUBLIC 29-04-2011 EMENT VOL-02511-01 PP-00014 RT v. 100, n.
908, 2011, p. 421-436)
QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura
Comentários
A alternativa A está incorreta. O controle ocorre sob dois aspectos relativamente aos atos
administrativos:
Legalidade: A Administração deve anular os atos que violem as leis ou os princípios administrativos.
Trata-se de um dever. A anulação terá efeitos retroativos à data do ato (efeitos ex tunc).
Mérito: A Administração pode revogar os atos discricionários válidos e sem qualquer vício por motivo
de perda ou inexistência de conveniência ou oportunidade. Trata-se de uma faculdade. A revogação
somente possui efeitos proativos (efeitos ex nunc).
Tratando-se de ato ilegal, a Administração Pública possui o dever de anular. Não pode optar por anular
ou revogar.
A alternativa B está incorreta. De fato, o exercício da autotutela pode ser provocado por algum
administrado ou de ofício, por iniciativa da própria Administração. Todavia, a Administração Pública
não está isenta de responsabilidade no caso de causar dano a terceiro. Sua responsabilidade é objetiva
e decorre diretamente da Constituição Federal, art. 37, §6º, CF.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Em todo caso, quando a Administração Pública
pretender anular um ato inválido ou revogar um ato válido por conveniência ou oportunidade, deve ser
respeitado o direito dos interessados ao contraditório e ampla defesa, instaurando-se procedimento
formal em que se dê ciência ao particular da intenção de anulação ou revogação e os motivos, conferindo
oportunidade para manifestação. Esta é o posicionamento consolidado na jurisprudência dos Tribunais
Superiores.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 5º, inciso XXXV da CF: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” Conforme se extrai deste princípio, o Brasil
adotou o sistema de jurisdição única, de forma que, ainda que a não caiba mais recurso administrativo
da decisão da Administração Pública, sempre estará aberta a via do controle judicial.
2. (TRF 3ª Região / Juiz Federal Substituto / TRF 3ª Região / 2018) São princípios
constitucionais implícitos ou reconhecidos da Administração Pública, porquanto consectários
lógicos dos preceitos da Lei Maior:
a) Impessoalidade e eficiência.
b) Razoabilidade e legalidade.
c) Segurança jurídica e moralidade.
d) Prevalência do interesse público e proporcionalidade.
Comentários
A alternativa C está incorreta. Embora a segurança jurídica seja um princípio implícito, o princípio da
moralidade está expresso no art. 37 da CF.
3. (CESPE / Juiz Federal Substituto / TRF-5ª Região / 2017) Acerca dos princípios
constitucionais e legais que regem a administração pública, assinale a opção correta.
a) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estipula programa de incentivo fiscal
exclusivamente para atletas nascidos no estado e que tenham a melhor classificação no campeonato
estadual. Assertiva: Nessa situação, para o STF, a fixação de condições formais para a concessão de
benefício fiscal exime a lei estadual de resguardar o tratamento isonômico no que se refere aos
concidadãos.
b) Conforme o STJ, o princípio da continuidade dos serviços públicos não impede a interrupção do
fornecimento de energia elétrica destinada à iluminação pública de hospital municipal inadimplente.
c) Situação hipotética: Uma autarquia federal constatou, a partir de denúncia, que servidor efetivo com
dois anos de exercício no cargo havia apresentado documentação falsa para a investidura no cargo.
Assertiva: Nessa situação, conforme o STF, os atos praticados pelo servidor até o momento são válidos,
em razão dos princípios da proteção à confiança e da segurança jurídica.
d) Não configura ofensa ao princípio da moralidade a nomeação de esposa de magistrado, devidamente
concursada, para função de confiança diretamente subordinada ao juiz cônjuge.
e) Todo ato administrativo emitido por agente público submete-se ao princípio da legalidade; quando o
ato atende exclusivamente à legalidade, exclui-se do controle judicial o juízo de conveniência e
oportunidade.
Comentários
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
"A simples fixação de condições formais para a concessão de benefício fiscal não exime o
instrumento normativo de resguardar o tratamento isonômico no que se refere aos
concidadãos". (ADI 4259, DJE 15-03-2016)
A alternativa B está incorreta. Conforme estudado em aula, quando o consumidor do serviço público
é Pessoa Jurídica de Direito Público, o STJ (EREsp 845.982/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) também já entendeu ser possível o corte no
fornecimento, desde que não aconteça de forma indiscriminada, preservando-se as unidades
públicas essenciais, que atendam a necessidades inadiáveis da comunidade, devendo a análise ser
realizada em cada caso, cabendo ainda a utilização por analogia das hipóteses de serviços essenciais da
lei de greve (lei 7.783/89).
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Trata-se dos atos praticados pelo “funcionário
de fato”, que foi irregularmente investido na função pública. De acordo com o STF e com a teoria da
investidura aparente (teoria da aparência), firmou-se, a propósito das questões surgidas em
decorrência da investidura funcional “de facto”, orientação no sentido de fazer preservar, em respeito
aos postulados da confiança e da boa-fé dos cidadãos, da segurança jurídica e da aparência do
Direito, a integridade dos atos praticados pelo funcionário de fato, em relação aos terceiros de boa-
fé.
A alternativa D está incorreta. Embora a esposa do magistrado possa exercer o cargo para o qual foi
aprovada mediante concurso público, não pode exercer função de confiança em que o marido possui
direta atribuição para nomeação, já que se trata de função de livre nomeação e exoneração dentro dos
quadros da carreira.
A alternativa E está incorreta. O ato discricionário deve estar autorizado em lei. Ainda que o ato
discricionário atenda exclusivamente ao que estiver disposto em lei, o controle judicial não pode ser
excluído. Embora não se controle a discricionariedade do Administrador, o judiciário pode controlar
critérios de legalidade e legitimidade do ato, como, por exemplo, a proporcionalidade e razoabilidade.
Entendo que o que o examinador queria era o entendimento de que o judiciário pode controlar se o
juízo de conveniência e oportunidade estava previsto em lei. De qualquer forma, a assertiva não é clara,
parece que foi mal redigida, mas a alternativa claramente correta é a C.
Art. 5º (...) “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;”
Comentários
A alternativa A está incorreta. A moralidade é princípio autônomo, ao contrário do que diz a assertiva.
Além disso, não decorre dos preceitos éticos da legalidade. Em verdade, ainda que a conduta seja
perfeitamente legal, deverá ser anulada caso seja imoral.
A alternativa C está incorreta. A moralidade administrativa não se confunde com a moralidade comum
ou social. A moralidade administrativa é uma espécie de moralidade jurídica e está relacionada à boa
administração, voltada a alcançar o bem-estar da sociedade. Embora seja decorrente de um conceito
jurídico indeterminado, deve ser compreendida de forma objetiva, extraída do conjunto de normas
relacionadas à atuação dos agentes públicos constantes no ordenamento jurídico. Não decorre da
concepção pessoal do julgador sobre moralidade, isto é, não pode ser compreendido de forma subjetiva.
A moralidade social, por sua vez, decorre do senso comum de bem e mal, certo ou errado,
compreendida de forma subjetiva, de acordo com as concepções e experiências pessoais dos agentes.
A previsão de regras de boa administração e regras internas, além da normatização do poder disciplinar
se relacionam ao princípio da legalidade.
Comentários
Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
às instituições, e notadamente:
[...]
A assertiva III está correta. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em
face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido. (SÚMULA 683 STF).
A assertiva IV está correta. O STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos
administrativos flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer tempo, resguardado
o direito à ampla defesa e contraditório. Exemplo claro é a investidura em cargo público sem submissão
a concurso público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o STJ entendem válida a anulação do ato de
investidura em razão de flagrante violação do princípio do concurso público (MS 28279). A posse ou o
exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica a manutenção,
em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em concurso público (CF,
art. 37, II), valor constitucional que prepondera sobre o interesse individual (RE 608482/RN, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado 7/8/14)
Promotor
C) Na doutrina, prevalece o entendimento de que a falta de publicação dos atos administrativos não
impede que eles adquiram eficácia, embora o agente público responsável por essa omissão possa
responder por ato de improbidade administrativa.
D) O princípio da eficiência foi introduzido na Constituição Federal de 1988 como parte do esforço para
a reforma gerencial da administração pública.
E) O princípio da impessoalidade não impede que um agente público eleito insira, em propaganda oficial
da administração pública, o slogan da sua candidatura ou do seu partido, porquanto esses dizeres se
referem ao projeto político vencedor das eleições.
Comentários
O princípio da moralidade exige que os agentes públicos devem, além de respeitar as leis,
atuar de forma honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões éticos
de conduta.
A moralidade social, por sua vez, decorre do senso comum de bem e mal, certo ou errado,
compreendida de forma subjetiva, de acordo com as concepções e experiências pessoais dos agentes.
As normas de ordem pública são normas de aplicação obrigatória, não podendo as partes acordarem
por afastá-las ou aplicá-las de modo diverso.
O princípio da publicidade não se confunde com a exigência de publicação oficial dos atos
administrativos que devem produzir efeitos externos e que impliquem em oneração do patrimônio
público.
Exemplo importante da vedação à promoção pessoal se encontra no art. 37, §1º da CF que dispõe o
seguinte:
§1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que haja qualquer tipo de
identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que
pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade
vincula a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é incompatível com a
menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de
servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido
político a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da impessoalidade e
desnatura o caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do comando posto pelo
constituinte dos oitenta (RE 191668).
Comentários
A alternativa B está incorreta. O STF já decidiu que a vedação ao nepotismo não se aplica ao acesso de
cargos público de provimento efetivo por meio de concurso público, haja vista que isso poderia inibir o
próprio provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF, que garante o livre
acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em concurso público (ADI 524). O
nepotismo só ocorre em relação aos cargos de provimento em comissão.
A alternativa C está incorreta. Segundo entendimento do STF não há necessidade de lei formal vedando
a prática de nepotismo, uma vez que esta proibição decorre dos princípios contidos no art. 37, da CF.
Logo, lei estadual que excepciona vedações à prática de ato de nepotismo afronta diretamente a
Constituição.
A alternativa E está incorreta. A alternativa está incorreta porque o nepotismo não se configura quando
há nomeação para cargo político.
Comentários
A alternativa está ERRADA. Conforme estudado na aula, o princípio da supremacia do interesse público
enseja prerrogativas e privilégios da Administração Pública sobre o particular. Basta lembrar dos
contratos administrativos em que a Administração pode realizar alterações e rescisão unilateral, bem
como, aplicar punições ao contratado.
Comentários
A alternativa B está correta. A doutrina moderna defende que, com a constitucionalização do direito
administrativo, a legalidade deve ser compreendida mais como “Princípio da Juridicidade”, que
consiste na conformação da atuação Administrativa não apenas ao texto das leis formais editadas pelo
Poder Legislativo, mas a todo o direito como um todo, por ele denominado bloco de legalidade.
Dentre estes instrumentos, o art. 5º inciso XXXIV estabelece, na alínea “a” o direito de petição perante
os órgãos públicos para defesa de direitos e contra ilegalidades ou abuso de poder.
A alternativa D está correta. Súmula nº 683 do STF: " O limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição Federal, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido".
10. (CESPE / Promotor / MP-CE / 2020) O direito de petição aos poderes públicos, assegurado
pela Constituição Federal de 1988, impõe à administração o dever de apresentar tempestiva
resposta. A demora excessiva e injustificada da administração para cumprir essa obrigação é
omissão violadora do princípio da eficiência. Segundo o STJ, por colocar em xeque a legítima
confiança que o cidadão comum deposita na atuação da administração pública, tal mora atenta
também contra o princípio da
a) finalidade.
b) moralidade.
c) autotutela.
d) presunção de legitimidade.
e) continuidade do serviço público.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não fere o princípio da finalidade diretamente. A finalidade, como
corolário da impessoalidade, determina que o agente público deverá atuar visando ao interesse público
e ao fim estabelecido pela lei. Embora possa vislumbrar que, de forma indireta, á violação da finalidade,
a questão pediu a resolução de acordo com a jurisprudência do STJ que, entende a referida conduta
como violadora da moralidade. Ver explicação da alternativa B.
A alternativa D está incorreta De acordo com a presunção e veracidade, os fatos narrados no ato
administrativo presumem-se verdadeiros, cabendo ao particular interessado comprovar a sua
falsidade.
Já a presunção de legitimidade estabelece que, até que terceiro prove o contrário, presume-se que o
ato foi editado de acordo com as leis e com os princípios administrativos, cabendo ao particular
comprovar qualquer violação ao ordenamento jurídico.
Defensor
11. (CESPE / Defensor / DPU / 2017) Jorge, servidor público federal ocupante de cargo de
determinada carreira, foi, por meio administrativo, transferido para cargo de carreira diversa.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente à luz do entendimento dos
tribunais superiores
A forma de provimento do cargo público na referida situação — transferência para cargo de carreira
diversa — foi inconstitucional, por violar o princípio do concurso público; cabe à administração pública,
no exercício do poder de autotutela, anular o ato ilegal, respeitado o direito ao contraditório e à ampla
defesa.
Comentários
A assertiva está CORRETA. A anulação dos atos ilegais é um poder-dever, pois não cabe à Administração
Pública escolher se anula ou não um ato ilegal. Se tomar conhecimento de determinado vício, é
obrigação do agente público anular o ato administrativo ou, caso não possua competência, deve dar
ciência à autoridade competente. Isto porque os poderes da Administração Pública só se justificam por
serem utilizados com o objetivo de alcançar o interesse da coletividade.
Por outro lado, o STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos administrativos
flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer tempo, resguardado o direito à
ampla defesa e contraditório. Exemplo claro é a investidura em cargo público sem submissão a concurso
público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o STJ entendem válida a anulação do ato de investidura em
razão de flagrante violação do princípio do concurso público (MS 28279).
Procurador
12. (CESPE / MPC-PA – Procurador de contas / 2019) Tendo como referência os princípios
expressos e implícitos da administração pública e as disposições da Lei n.º 13.460/2017,
assinale a opção correta acerca da participação, proteção e defesa do usuário de serviços
públicos.
a) O administrador público atenderá ao princípio da eficiência sempre que tomar sua decisão com foco
exclusivamente no aspecto econômico.
b) Por força do princípio da intranscendência subjetiva das sanções, irregularidades praticadas pelos
Poderes Legislativo e Judiciário não impõem sanções ao Poder Executivo.
c) O Poder Judiciário pode, fundamentando-se no princípio da isonomia, aumentar vencimentos de
servidores públicos.
d) A referida lei permite ao usuário de serviço público apresentar reclamação apócrifa às ouvidorias
dos órgãos da administração pública ou à entidade responsável pela fiscalização.
e) A referida lei não abrange serviços públicos prestados por particulares.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Embora pelo princípio da eficiência se admita que sejam levadas em
consideração, nas decisões ou atos administrativos, questões relacionadas à economia e à análise
econômica do direito, que consiste na utilização da economia, especialmente a microeconomia, para
solução de problemas na Administração Pública, realizando uma reinterpretação do ordenamento
jurídico para prever os efeitos e consequências positivas e negativas das escolhas, esta utilização não
excepciona o princípio da legalidade, pelo que a atuação do agente público não pode se descuidar das
leis e dos princípios administrativos.
Logo, o erro da questão está em afirmar que a atuação será eficiente quando levar em consideração
critérios exclusivamente econômicos, pois a Administração não pode deixar de observar o
ordenamento jurídico, ainda que a medida seja positiva do ponto de vista da economia.
Pode-se dizer que é uma exceção ao princípio da impessoalidade, uma vez que este princípio estabelece
que quem pratica o ato administrativo, ainda que irregular é o ente público e não o agente responsável.
A alternativa C está incorreta. Nesta alternativa foi cobrado o conhecimento da Súmula Vinculante nº
37 do STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
O aumento de vencimentos dos servidores públicos depende de lei e de autorização na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (art. 169, §1º, CF), além de obedecer aos limites previstos na Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Art. 10. A manifestação será dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável e conterá
a identificação do requerente.
A lei de acesso à informação (lei 12.527/2011) também determina que o pedido de informações de
interesse público deve conter a identificação do requerente:
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos
e entidades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido
conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida.
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas para participação, proteção e defesa dos direitos
do usuário dos serviços públicos prestados direta ou indiretamente pela administração
pública.
(...)
Comentários
A alternativa está ERRADA. Rafael Oliveira26, juntamente com a doutrina moderna, defende que, com a
constitucionalização do direito administrativo, a legalidade deve ser compreendida mais como
“Princípio da Juridicidade”, que consiste na conformação da atuação Administrativa não apenas ao
texto das leis formais editadas pelo Poder Legislativo, mas a todo o direito como um todo, por ele
denominado bloco de legalidade. Com isso, reduz-se o âmbito de liberdade de ação do administrador.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A teoria dos motivos determinantes estabelece
que, ainda que a motivação do ato seja dispensada, caso o administrador tenha optado por expressar os
motivos de forma escrita, ficará vinculado aos referidos fundamentos fáticos e jurídicos indicados.
Assim, no caso de dispensa de servidor ocupante de cargo público em comissão, cuja motivação é
dispensada, caso o administrador opte por declarar os motivos da dispensa, esta poderá ser revertida
na hipótese de se constatar a falsidade nos motivos. No caso concreto, foi constatado que o motivo da
dispensa era inexistente, razão pela qual o parecer se baseou na teoria dos motivos determinantes para
opinar pela anulação do ato.
26OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 39.
A alternativa C está incorreta. A doutrina ainda vislumbra uma subdivisão da supremacia do interesse
público sobre o privado, fazendo distinção entre a supremacia especial e a supremacia geral.
No caso, a situação narrada não guarda relação com a supremacia do interesse público, seja a geral, seja
a especial.
A alternativa D está incorreta. O excesso de poder, conforme se verá no decorrer do curso, consiste na
atuação do agente público fora de suas atribuições legais, o que acarreta a invalidação do ato praticado,
hipótese não verificada no caso.
No caso concreto, a opinião foi pela anulação do ato de dispensa do servidor público e não pela
manutenção do ato. A convalidação será mais bem estudada nas próximas aulas.
Comentários
A questão traz um tema relevante acerca das transformações do Direito Administrativo, que tem tido
bastante atenção da doutrina e, nestes últimos anos, das bancas examinadoras de concursos. Uma
dessas transformações, talvez uma das mais relevantes é a relativização ou superação do princípio da
supremacia do interesse público em abstrato.
De acordo com Rafael Oliveira27, parcela da doutrina moderna sustenta a inexistência do princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado em abstrato ou a relativização do princípio,
devendo o conflito ser analisado em cada caso concreto. O posicionamento é sustentado em razão da
relativização da dicotomia público x privado, em que os interesses públicos e os interesses privados se
confundem (como, por exemplo, na construção de uma escola em determinado bairro, há interesse
público e interesse privado dos moradores daquela região, o que não existe é o interesse individual do
proprietário do imóvel a ser desapropriado).
27 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 36.
d) A perda do cargo para servidor estável – antes condicionada à existência de decisão judicial ou
processo administrativo disciplinar – passa a decorrer, também, do resultado de avaliações periódicas
de desempenho.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme estudado na aula, os contratos de gestão é que são
instrumentos destinados a ampliar a autonomia gerencial dos órgãos públicos. Ademais, não cederam
lugar às parcerias público-privadas. Em verdade, ambos os instrumentos coexistem na atuação
administrativa, tendo em vista que possuem finalidades distintas.
A alternativa C está incorreta. A exigência do concurso público sempre foi obrigatória para cargos e
empregos públicos, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de mais um instrumento para garantir
eficiência na Administração Pública inserido pela EC nº 19/1998, conforme estudado na aula. O art. 41,
§1º, inciso III da Constituição, inserido pela emenda citada, previu o seguinte:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
(...)
Entretanto, conforme visto na aula, embora se trate de importante instrumento para a eficiência,
incentivando a produtividade no serviço público, a lei complementar exigida ainda não foi editada, razão
pela qual a previsão ainda não surte efeitos.
17. (FCC / Procurador / PGE-TO / 2018) Acerca das modernas correntes doutrinárias que
buscam repensar o Direito Administrativo no Brasil, Carlos Ari Sundfeld observa:
Embora o livro de referência de Bandeira de Mello continue saindo em edições atualizadas, por
volta da metade da década de 1990 começou a perder aos poucos a capacidade de representar as
visões do meio – e de influir [...] Ao lado disso, teóricos mais jovens lançaram, com ampla aceitação,
uma forte contestação a um dos princípios científicos que, há muitos anos, o autor defendia como
fundamental ao direito administrativo [...]. (Adaptado de: Direito administrativo para céticos, 2a
ed., p. 53)
O princípio mencionado pelo autor e que esteve sob forte debate acadêmico nos últimos anos é
o princípio da
a) presunção de legitimidade dos atos administrativos.
b) processualidade do direito administrativo.
c) supremacia do interesse público.
d) moralidade administrativa.
e) eficiência.
Comentários
De acordo com Rafael Oliveira, parcela da doutrina moderna sustenta a inexistência do princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado em abstrato, a relativização do princípio ou
sua superação (a depender do doutrinador, já que se trata de um estudo ainda em construção, embora
já esteja sendo abordado pelas provas de concursos).
De acordo com o autor, o conflito deve ser analisado em cada caso concreto. O posicionamento é
sustentado em razão da relativização da dicotomia público x privado, em que os interesses públicos e
os interesses privados se confundem (como, por exemplo, na construção de uma escola em determinado
bairro, há interesse público e interesse privado dos moradores daquela região, o que não existe é o
interesse individual do proprietário do imóvel a ser desapropriado).
18. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) Constitui violação aos princípios
constitucionais da administração pública:
a) nomeação de cônjuge de prefeito para o cargo de secretário estadual, mesmo que o nomeado possua
inegável qualificação técnico-profissional e idoneidade moral.
b) limitação de idade, por ato administrativo, para fins de inscrição em concurso público, ainda que tal
medida esteja fundamentada na natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
c) publicação, em sítio eletrônico mantido pela administração pública, de nomes de servidores e dos
valores dos respectivos vencimentos e vantagens pecuniárias.
d) atribuição de nome de governador já falecido, reconhecido pela defesa dos direitos humanos, a escola
pública de rede estadual de educação.
e) anulação, pela administração pública, de ato administrativo ilegal, independentemente de prazo e da
existência de direito adquirido.
Comentários
➢ Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem parente no órgão, mas que não
possui hierarquia capaz de influir na nomeação (Rcl 18564, STF);
➢ Não há nepotismo quando a nomeação é destinada à ocupação de cargos políticos,
como cargo de Ministro ou Secretário do Estado ou Município (Rcl 29033 AgR/RJ; Rcl
22339 AgR/SP, ambas do STF);
➢ Exceção: Ainda que se trate de cargo político, poderá ficar caracterizado o nepotismo
caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por
manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado (Rcl
28024 AgR, STF);
➢ O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas não é cargo político, de forma que
a nomeação pelo Governador de seu irmão para exercício do cargo configura
nepotismo, além de afronta ao Princípio Republicano de prestação de contas, já que o
nomeado teria atribuições de fiscalizar as contas de seu parente (Rcl 6.702 MC-AgR,
STF);
➢ A Súmula Vinculante nº 13 não exauriu todas as possibilidades de nepotismo,
podendo existir outros casos de nomeação que violem a moralidade administrativa
(MS 31.697, STF);
A assertiva deixa claro que a nomeação é para o cargo de secretário estadual (cargo político) e a
nomeada possui qualificação técnica e idoneidade moral, o que afasta a configuração e nepotismo.
A fixação do limite de idade via edital não tem o condão de suprir a exigência constitucional de
que tal requisito seja estabelecido por lei. (RE 559.823-Ag)
Súmula nº. 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do
art. 7º, inciso XXX da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido.
A alternativa D está incorreta. Não viola o princípio da impessoalidade. A regra geral é que não
configura violação ao art. 37 §1º, CF a nomeação de logradouros ou estabelecimentos públicos com o
nome de pessoa falecida. Relembre o que estabelece o dispositivo constitucional: Art. 37 (...) §1º A
publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Art. 1º É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que
tenha se notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava, em qualquer
modalidade, a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas
jurídicas da administração indireta.
Desta feita, com os elementos trazidos pela assertiva, não há como se afirmar que houve violação aos
princípios administrativos.
A alternativa E está incorreta (Polêmica!). A princípio, pode ser questionável o gabarito, tendo em
vista que a afirmação genérica de que é possível a anulação de atos administrativos ilegais a qualquer
tempo e independentemente de direito adquirido, viola o princípio da segurança jurídica.
Entretanto, conforme visto na aula, há duas hipóteses em que a anulação pode ocorrer a qualquer
tempo:
Em âmbito federal, a lei 9.784/99 prevê o prazo decadencial de 05 anos para a anulação de
atos dos quais resultem efeitos favoráveis ao Administrado, salvo comprovada má-fé. A
Por outro lado, o STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos
administrativos flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer tempo,
resguardado o direito à ampla defesa e contraditório. Exemplo claro é a investidura em cargo
público sem submissão a concurso público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o STJ
entendem válida a anulação do ato de investidura em razão de flagrante violação do princípio
do concurso público (MS 28279).
O difícil nesta assertiva é compreender a exceção ao direito adquirido, consagrado no art. 5º, XXXIV da
CF. Entendo que o examinador quis dizer que, independentemente da existência do direito adquirido,
que será assegurado, o ato administrativo ilegal pode ser anulado. Todavia, entendo que a questão é
passível de anulação neste ponto.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme estudado, a discricionariedade decorre da lei que a autoriza e
determina os seus limites. A discricionariedade é objeto de controle pelo Poder Judiciário sob os
aspectos da legalidade e da legitimidade.
A alternativa B está incorreta. O princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva
legal. O primeiro estabelece a vinculação da Administração Pública à lei amplamente considerada, só
podendo atuar quando houver permissão do ordenamento jurídico. A reserva legal, por outro lado,
estabelece que a atuação só é permitida diante da autorização de uma espécie normativa específica
determinada pelo texto constitucional, (por exemplo: lei ordinária ou lei complementar), excluindo-se
os demais atos normativos.
Além disso, vale lembrar ainda a clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública
e na esfera privada. Enquanto os particulares estão livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(art. 5º, II da CF – autonomia da vontade), a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionário).
Logo, é possível o corte no fornecimento, exceto para os serviços essenciais. A assertiva erra em
generalizar a possibilidade de corte de fornecimento de energia elétrica para todo o Município.
Além disso, entendo que o questionamento em sede administrativa é suficiente para sustar o corte do
fornecimento, tendo em vista a necessidade de se conferir contraditório e ampla defesa ao ente público.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Trata-se dos atos praticados pelo “funcionário
de fato”, que foi irregularmente investido na função pública. De acordo com o STF e com a teoria da
investidura aparente (teoria da aparência), firmou-se, a propósito das questões surgidas em
decorrência da investidura funcional “de facto”, orientação no sentido de fazer preservar, em respeito
aos postulados da confiança e da boa-fé dos cidadãos, da segurança jurídica e da aparência do
Direito, a integridade dos atos praticados pelo funcionário de fato, em relação aos terceiros de boa-
fé.
Na interpretação destes conceitos, tem-se uma zona de certeza positiva (no qual não há dúvidas acerca
do que configura a supremacia), uma zona de certeza negativa (em que se tem certeza do que não
configura supremacia do interesse público) e uma zona cinzenta (zona de incerteza), em que não é
possível afirmar se há ou não a supremacia, devendo o intérprete atuar neste caso.
Logo, o princípio não é indeterminável, pois, a depender do caso, concreto, pode ser determinado,
figurando na jurisprudência do STJ com inúmeros significados diferentes. Veja que a assertiva fala que,
“na prática”, o conceito jurídico é indeterminável, o que está incorreto, tendo em vista que é justamente
no caso concreto que, ainda que se encontre na zona cinzenta, o intérprete vai determinar o conceito a
ser dado ao princípio.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Conforme estudado, o direito-dever de revisão dos atos administrativos
não pode ser exercido a qualquer tempo, uma vez que esta possibilidade resultaria em insegurança
jurídica. Por este motivo os Entes Federados editaram leis prevendo um prazo máximo para revisão de
atos que concedam benefício aos administrados.
A alternativa B está incorreta. Conforme visto em aula, todos os princípios da Constituição Federal
gozam de força normativa, vinculando toda a Administração Pública, independentemente de lei
regulamentando.
Dentre estes instrumentos, o art. 5º inciso XXXIV estabelece, na alínea “a” o direito de petição perante
os órgãos públicos para defesa de direitos e contra ilegalidades ou abuso de poder.
A proporcionalidade em sentido estrito consiste na ponderação entre o ônus imposto pela medida e o
benefício trazido pelas suas consequências. Somente haverá proporcionalidade se a restrição imposta
pela medida guardar proporção com o benefício produzido. Exemplo clássico é a imposição de punição
disciplinar aos servidores. As infrações disciplinares leves não podem atrair a imposição de sanção de
demissão, reservada para infrações graves.
Autoexecutoriedade é um atributo do Poder de Polícia que consiste na possibilidade que certos atos
administrativos ensejam imediata e direta execução pela própria administração, independentemente
de ordem judicial.
21. (FAFIPA / Procurador / PGM-FOZ DO IGUAÇU-PR / 2019) Com relação aos Princípios
Constitucionais da Administração Pública, assinale a alternativa CORRETA.
a) O princípio da impessoalidade limita-se ao dever de isonomia da Administração Pública.
b) De acordo com o princípio da publicidade, a Administração deve divulgar informações de interesse
público, sendo o sigilo dos atos administrativos admitido apenas excepcionalmente se imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
Comentários
Veja que a alternativa está incompleta, tendo em vista que também é possível o sigilo quanto às
informações relacionadas à intimidade e à vida privada.
A alternativa E está incorreta A hipótese de o Presidente editar decreto autônomo para extinção de
cargos apenas ocorre se estes estiverem vagos. Além disso, a criação de cargos ocorre apenas por meio
de lei, não havendo hipótese de sua criação por decreto:
Comentários
A alternativa A está incorreta. A finalidade buscada pelo administrador deve ser sempre o interesse
público e o fim definido pela lei. Além disso, a regra é a atuação vinculada, em que não há liberdade de
escolha pelo administrador, devendo cumprir exatamente o disposto na lei. Excepcionalmente poderá
atuar discricionariamente quando permitido pela lei ou quanto a conceitos jurídicos indeterminados.
Além do mais, o agente público não é um mero executor do ato administrativo governamental. Muitas
vezes atua com poder decisório, definindo o ato de acordo com a discricionariedade, quando autorizado
em lei.
A alternativa C está incorreta. A moralidade buscada não é subjetiva, ou seja, aquele senso ético comum
de cada pessoal. Busca-se a moralidade objetiva, fundamentada no ordenamento jurídico e nas regras
de conduta dos agentes públicos.
b) é o poder de fiscalização dos atos das entidades da administração indireta pelos órgãos centrais da
administração direta.
c) é indispensável a Administração ser provocada ou recorrer ao Judiciário para reconhecer a nulidade
dos seus próprios atos.
d) a administração pública tem a faculdade de rever seus próprios atos, anulando os ilegais e revogando
os atos inexistentes ou nulos ao ordenamento jurídico.
e) é possível a vedação da aplicação retroativa de novas interpretações de dispositivos legais e a
decadência.
Comentários
A anulação de atos ilegais abrange tanto os atos discricionários quanto os atos vinculados.
A alternativa B está incorreta. A Administração Direta não possui poder hierárquico em relação às
entidades da Administração indireta, realizando apenas o controle finalístico. Desta forma, a autotutela
exercida não é ampla, não cabendo à primeiro revogar os atos da segunda, devendo apenas anular os
atos praticados em desacordo com a lei que autorizou a criação da entidade da Administração indireta,
dentro dos limites por ela estabelecidos.
A alternativa C está incorreta. A anulação dos atos ilegais é um poder-dever, pois não cabe à
Administração Pública escolher se anula ou não um ato ilegal. Se tomar conhecimento de determinado
vício, é obrigação do agente público anular o ato administrativo ou, caso não possua competência, deve
dar ciência à autoridade competente. Isto porque os poderes da Administração Pública só se justificam
por serem utilizados com o objetivo de alcançar o interesse da coletividade.
A revisão dos atos administrativos pode ser provocada por algum administrado ou de ofício, por
iniciativa da própria Administração.
A alternativa D está incorreta. A anulação dos atos ilegais é um poder-dever, pois não cabe à
Administração Pública escolher se anula ou não um ato ilegal. Se tomar conhecimento de determinado
vício, é obrigação do agente público anular o ato administrativo ou, caso não possua competência, deve
dar ciência à autoridade competente. Isto porque os poderes da Administração Pública só se justificam
por serem utilizados com o objetivo de alcançar o interesse da coletividade.
Recentemente, a lei 13.655 de 2018, ao alterar a LINDB, estabeleceu diversos instrumentos aptos a
tutelar a segurança jurídica. A lei estabelece que deverá ser previsto regime de transição quando
houver nova interpretação ou orientação sobre conteúdo indeterminado que imponha novo dever ou
novo condicionamento de direito, quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais
(art. 23).
24. (FCC / Procurador / PGM-CARUARU-PE / 2018) Em relação aos princípios que regem a
atuação da Administração Pública, é correto afirmar que
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração Pública não é obrigada a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um modo de atuar que produza resultados
favoráveis à consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística, é prevalente em face do princípio da
legalidade.
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente aqueles princípios mencionados no caput do
art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, que são o da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da publicidade e da eficiência.
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos administrados em ter acesso a informações de
interesse particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a existência de informações públicas
sigilosas.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A eficiência é a busca dos melhores resultados
práticos (produtividade), por meio da melhor atuação possível, de forma célere e com redução dos
desperdícios (economicidade). O que se exige é que atue com diligência, presteza e bom desempenho
funcional. Trata-se de princípio relacionado à boa administração.
A alternativa C está incorreta. Não há hierarquia entre princípios! Havendo choque entre eles a questão
deverá ser resolvida pela ponderação diante do caso concreto.
Logo, a Administração Pública está sujeita tanto aos princípios expressos no caput do art. 37, quanto
aos implícitos, decorrentes do sistema de valores constitucional.
Federal, tal qual o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida privada (art. 5º, X, CF) e as
informações indispensáveis à segurança do Estado e da Sociedade (art. 5º, XXXIII, CF).
Comentários
Em segundo lugar, este princípio, embora de conceito jurídico indeterminado, possui força normativa,
sendo fonte de direitos e obrigações.
➢ Interesse público primário: interesses diretos da coletividade. O Estado atua para suprir as
necessidades coletivas em sentido amplo. São exemplos a prestação de serviço público o
exercício de poder de polícia.
➢ Interesse público secundário: interesses da Administração Pública como pessoa jurídica,
sujeito de direitos e obrigações. Trata-se do interesse patrimonial do Estado, que atua para
defesa e aumento do erário público. São exemplos os atos internos de gestão administrativa e a
busca pelo aumento de riqueza na gestão patrimonial.
Há apenas uma crítica quanto à questão. O interesse público se relaciona com as necessidades coletivas.
Não se confunde com a soma dos interesses individuais, tendo em vista que, em determinados casos, o
interesse público será contrário aos interesses de determinados indivíduos.
A alternativa C está incorreta. O regime jurídico administrativo possui dois princípios basilares que
dão ensejo às prerrogativas e restrições da Administração Pública, sendo correto dizer que do
princípio da supremacia do interesse público decorrem as prerrogativas enquanto as restrições
originam-se do princípio da indisponibilidade do interesse público.
Um não decorre do outro, são princípios independentes que limitam um ao outro, como dois pesos em
uma balança.
Assim, o direito patrimonial torna-se disponível, sendo cabível a utilização de arbitragem. No entanto,
o procedimento arbitral sofra algumas limitações quando a Administração figura como parte, devendo
ser sempre de direito e vedado o sigilo.
Lei 9.307/96:
Art. 1º (...)
Comentários
A alternativa A está incorreta. O art. 37, CF não prevê a eficácia como princípios.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Os princípios expressos, conforme art. 37, caput
da Constituição Federal, são os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Comentários
A alternativa B está incorreta. Possui conteúdo jurídico, criando direitos e obrigações e podendo ser
utilizado como parâmetro de controle da atuação da Administração Pública.
A alternativa C está incorreta. A eficiência é a busca dos melhores resultados práticos (produtividade),
por meio da melhor atuação possível, de forma célere e com redução dos desperdícios
(economicidade). O que se exige é que atue com diligência, presteza e bom desempenho funcional.
Trata-se de princípio relacionado à boa administração.
A alternativa D está incorreta. Embora seja sim um elemento típico da Administração Gerencial, deverá
ser observado ainda que se adote o modelo teórico burocrático de administração em determinados
casos.
A alternativa E está incorreta. Questão de difícil solução é o controle externo dos atos administrativos
com base no princípio da eficiência, em especial o controle judicial. Certo é que, considerando que se
trata de um princípio jurídico, com força normativa, a eficiência obriga a Administração e a sua ausência
constitui vício de legitimidade, perfeitamente controlável pelos órgãos de controle.
Comentários
A alternativa B está incorreta. Embora possa alterar unilateralmente o contrato, essa alteração se dá
apenas em relação às cláusulas regulamentares. As cláusulas econômico-financeiras só podem ser
alteradas com o consentimento do contratado.
b) Em virtude do princípio da reserva legal, a administração pública deve fazer o que está prescrito em
lei e abster-se de atuar quando a lei proibir.
c) A utilização de prova emprestada nos processos administrativos disciplinares ofende o princípio da
legalidade.
d) Apesar de estar submetida à legalidade estrita, a administração pública poderá interpretar normas
de maneira extensiva ou restritiva com relação aos direitos dos particulares quando não existir
conteúdo legal expresso.
e) Aplica-se a teoria do fato consumado no caso de remoção de servidor público para acompanhar
cônjuge em virtude de decisão judicial liminar, ainda que a remoção não se ajuste à legalidade estrita.
Comentários
A alternativa B está incorreta. Além disso, outra distinção se faz necessária: o princípio da legalidade
não se confunde com o princípio da reserva legal. O primeiro estabelece a vinculação da Administração
Pública à lei amplamente considerada, só podendo atuar quando houver permissão do ordenamento
jurídico. A reserva legal, por outro lado, estabelece que a atuação só é permitida diante da autorização
de uma espécie normativa específica determinada pelo texto constitucional, (por exemplo: lei ordinária
ou lei complementar), excluindo-se os demais atos normativos.
A alternativa D está incorreta. A Administração, por ser submissa ao princípio da legalidade, não pode
levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o prever de modo
expresso. Nesse mesmo sentido, eis o uníssono entendimento da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça: "A atuação da Administração Pública é cingida ao princípio da legalidade estrita, devendo
obediência aos preceitos legais, sendo-lhe defeso proceder interpretação extensiva ou restritiva, onde
a lei assim não o determinar." (RMS 26.944/CE).
A alternativa E está incorreta. ”Teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar
remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa
à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar
não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598).
Comentários
A assertiva está CORRETA. O art. 37, caput da CF dispõe que toda a Administração Pública, direta e
indireta, está sujeita aos princípios nele elencados. Neste sentido, ainda que se trate de uma
sociedade de economia mista ou empresa pública, pessoas jurídicas de direito privado da Administração
Indireta, devem guardar observância dos princípios Administrativos.
Delegado
31. (VUNESP / PC-SP – Delegado / 2018) Os princípios administrativos podem ser utilizados
para fins de controle de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
sendo o que se observa na alternativa a seguir:
a) a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança na Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal.
b) o ato administrativo eivado de ilegalidade deverá ser revogado pelo administrador público, em
obediência ao princípio administrativo da discricionariedade.
c) ao titular do cargo de procurador de autarquia exige-se a apresentação de instrumento de mandato
para representá-la em juízo.
d) não é possível a autotutela sobre os atos administrativos após a sua impugnação no Poder Judiciário.
e) o princípio da pessoalidade é corolário da isonomia e da legalidade, sendo centrais à ação
administrativa.
Comentários
A alternativa B está incorreta. O ato ilegal deve ser anulado e não revogado, conforme súmula 473 do
STF:
A alternativa C está incorreta. Súmula 644 do STF: Ao titular do cargo de procurador de autarquia não
se exige a apresentação de instrumento de mandato para representá-la em juízo. → Vale destacar que o
STF reconheceu, recentemente, que é inconstitucional a criação de procurador autárquico pelos
Estados. A representação em juízo e a consultoria e assessoria jurídica da Administração Direta e
Indireta Estadual deve ser feita pelo Procurador do Estado, conforme art. 132 da Constituição.
Por outro lado, o mandato do procurador do estado ou autárquico (quando já existentes) decorre
diretamente da lei, razão pela qual é desnecessário apresentar procuração.
A alternativa D está incorreta. Não existe esta vedação. O que é vedado é a violação de eventual coisa
julgada, caso exista trânsito em julgado da decisão judicial que analisou o caso.
Comentários
A alternativa B está incorreta. A questão tentou confundir a acepção privada do princípio da legalidade
com a acepção pública. Trata-se da clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública
e na esfera privada. Enquanto os particulares estão livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(art. 5º, II da CF – autonomia da vontade), a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionário).
A alternativa C está incorreta. O art. 37 da Constituição estabelece que os princípios são aplicáveis à
toda a Administração Pública direta e indireta. Sendo as sociedades de economia mista pessoas jurídicas
da Administração Indireta, estão sujeitas aos princípios administrativos.
33. (CESPE / PC-MA – Delegado / 2018) A conduta do agente público que busca o melhor
desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor resultado, atende ao princípio da
a) eficiência.
b) legalidade.
c) impessoalidade.
d) moralidade.
e) publicidade.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A eficiência é a busca dos melhores resultados
práticos (produtividade), por meio da melhor atuação possível, de forma célere e com redução dos
desperdícios (economicidade). O que se exige é que atue com diligência, presteza e bom desempenho
funcional.
A alternativa D está incorreta. O princípio da moralidade exige que os agentes públicos devem, além
de respeitar as leis, atuar de forma honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões
éticos de conduta.
Comentários
A alternativa A está correta. Tanto na delegação de serviços públicos, quanto na outorga de utilização
privativa de bem público ao particular, existe as figuras da concessão, permissão e autorização,
conforme estudaremos neste curso.
A alternativa B está correta. Clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública e
na esfera privada. Enquanto os particulares estão livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(art. 5º, II da CF – autonomia da vontade), a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionário).
A alternativa D está correta. A Administração Pública atua para satisfação das necessidades
coletivas e finalidades públicas, decorrentes da vontade geral, expressada por meio da Constituição
Federal e das Leis. Deste cenário se extrai o fundamento para o princípio da supremacia do interesse
público sobre os interesses privados, consubstanciado na prevalência dos interesses da coletividade,
tutelados pelo Estado, sobre os interesses meramente particulares.
Entretanto, como qualquer princípio, a supremacia do interesse público não é absoluta, cedendo lugar
quando em choque com direitos individuais fundamentais garantidos pela Constituição Federal.
A alternativa E está correta. Todos os princípios citados são apontados pela doutrina como princípios
do Direito administrativo e foram estudados nesta aula.
Comentários
A assertiva I está correta. Os princípios são classificados em expressos e implícitos. No primeiro caso
o ordenamento jurídico expressamente descreve os valores éticos que pretende tutelar. Já os princípios
implícitos são extraídos do sistema axiológico da Constituição relacionado à Administração Pública.
Vale destacar que somente são expressos os princípios contidos no art. 37, caput da Constituição
Federal, sendo implícitos todos os demais, ainda que elencados em ato normativo
infraconstitucional, tendo em vista que todos estes casos são decorrentes do sistema axiológico da
Constituição e, portanto, já estavam implícitos na Lei Maior.
Os princípios expressos, conforme art. 37, caput da Constituição Federal, são os seguintes: Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
A assertiva II está correta. O princípio analisado possui dois aspectos essenciais, um voltado ao
agente público, que possui o dever de atuar com eficiência, com boa produtividade, celeridade e
economia e outro voltado para a organização interna da Administração Pública, que deve ser
pensada de forma a potencializar os resultados e evitar desperdícios.
➢ Avaliação especial de desempenho por comissão instituída com essa finalidade para aquisição
de estabilidade do servidor público (art. 41, §4º);
➢ Procedimento de avaliação periódica de desempenho dos servidores públicos,
regulamentada por lei complementar, como forma de perda do cargo público pelo servidor
estável (art. 41, §1º, III, CF), inserido pela EC nº 19/1998. Embora previsto na CF, ainda não foi
regulamentado;
A assertiva III está incorreta. Embora possam violar também o princípio da moralidade, a conduta
citada viola diretamente o princípio da impessoalidade. Sob o aspecto da vedação à promoção
pessoal, o princípio da impessoalidade estabelece que as realizações da Administração Pública não
podem ser divulgadas como feito pessoal do agente público que a representa. São feitos da própria
Administração Pública.
Exemplo importante da vedação à promoção pessoal se encontra no art. 37, §1º da CF que dispõe o
seguinte:
§1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.
A assertiva IV está correta. Somente são expressos os princípios contidos no art. 37, caput da
Constituição Federal, sendo implícitos todos os demais, ainda que elencados em ato normativo
infraconstitucional, tendo em vista que todos estes casos são decorrentes do sistema axiológico da
Constituição e, portanto, já estavam implícitos na Lei Maior.
Como a supremacia do interesse público não se encontra no art. 37, CF, é um princípio implícito.
A assertiva V está correta. Somente são expressos os princípios contidos no art. 37, caput da
Constituição Federal, sendo implícitos todos os demais, ainda que elencados em ato normativo
infraconstitucional, tendo em vista que todos estes casos são decorrentes do sistema axiológico da
Constituição e, portanto, já estavam implícitos na Lei Maior.
36. (FUNDATEC / PC-RS – Delegado / 2018) O artigo 37 da Constituição Federal de 1988 lista
os princípios inerentes à Administração Pública, que são: legalidade, impessoalidade,
Comentários
A alternativa A está incorreta. A anulação dos atos ilegais é um poder-dever, pois não cabe à
Administração Pública escolher se anula ou não um ato ilegal. Se tomar conhecimento de determinado
vício, é obrigação do agente público anular o ato administrativo ou, caso não possua competência, deve
dar ciência à autoridade competente. Isto porque os poderes da Administração Pública só se justificam
por serem utilizados com o objetivo de alcançar o interesse da coletividade.
Trata-se de princípio consagrado na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula
nº 473:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
A alternativa B está incorreta. Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é
legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples
fato de responder a inquérito ou ação penal (RE 560900).
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Alguns autores ainda verificam um aspecto
finalístico no princípio da impessoalidade, relacionado ao princípio da finalidade. Neste aspecto, toda
a atuação da Administração Pública deve estar voltada para atingir o fim previsto no ordenamento
jurídico, o que impede que o agente busque objetivos pessoais, devendo se ater à vontade da lei.
A alternativa D está incorreta. O conceito dado pela alternativa se relaciona ao princípio da eficiência
e não ao da moralidade.
A alternativa E está incorreta. No que diz respeito aos atos administrativos, a razoabilidade e
proporcionalidade são importantes vetores para controle da discricionariedade do
administrador. Conforme se verá no decorrer do curso, os órgãos de controle não podem avaliar os
critérios de oportunidade e conveniência dos atos discricionários, isto é, aspectos que estão dentro da
liberdade de escolha do administrador, por resultar em indevida violação da separação dos poderes.
Entretanto, ainda que se trate de ato discricionário, é possível o controle dos aspectos de legalidade e
legitimidade, momento no qual será possível a invalidação do ato por ofensa à razoabilidade ou
proporcionalidade.
Comentários
A assertiva II está correta. Historicamente, esses princípios estão ligados à ideia de relação racional
entre meios e fins, tanto na esfera Administrativa quanto na Legislativa.
Razoável é a conduta que se insere dentro dos padrões de normalidade aceitos pela sociedade,
isto é, dentro dos limites aceitos pela coletividade. Não é a concepção pessoal do administrador, mas os
valores adotados pelo chamado “homem-médio”.
O princípio da proporcionalidade, por sua vez, relaciona-se com o excesso de poder. Possui a
finalidade de conter os atos públicos que ultrapassem os limites adequados para atingir o objetivo
pretendido.
A assertiva III está incorreta. A transparência é a regra, enquanto o sigilo é exceção, somente
possível nas hipóteses previstas na Constituição Federal, tal qual o direito à inviolabilidade da
intimidade e da vida privada (art. 5º, X, CF) e as informações indispensáveis à segurança do Estado e da
Sociedade (art. 5º, XXXIII, CF).
A assertiva IV está correta. Alguns autores ainda verificam um aspecto finalístico no princípio da
impessoalidade, relacionado ao princípio da finalidade. Neste aspecto, toda a atuação da
Administração Pública deve estar voltada para atingir o fim previsto no ordenamento jurídico, o que
impede que o agente busque objetivos pessoais, devendo se ater à vontade da lei.
A atuação do servidor público deve ter como finalidade o atendimento ao interesse público e não a
interesse particular, por este motivo, viola o aspecto da finalidade relacionado à impessoalidade.
38. (FAPEMS / Delegado / PC-MS / 2017) De acordo com o texto a seguir o direito público tem
como objetivo primordial o atendimento ao bem-estar coletivo. [...] em primeiro lugar, as
normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo
primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que
o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do
Direito Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores
da ciência, inclusive a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito
(própria do individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito
público e que vincula a Administração em todas as suas decisões [...]. Dl PIETRO, Maria Sylvia
Zaretla. Direito Administrativo. 30.ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p 96. Diante disso, as "pedras de
toque" do regime jurídico-administrativo são
a) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a impessoalidade do interesse público.
b) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse
público.
c) a indisponibilidade do interesse público e o princípio da legalidade.
d) a supremacia da ordem pública e o princípio da legalidade.
e) a supremacia do interesse público e o interesse privado e o princípio da legalidade.
Comentários
O regime jurídico administrativo possui dois princípios basilares que dão ensejo às prerrogativas e
restrições da Administração Pública, sendo correto dizer que do princípio da supremacia do
interesse público decorrem as prerrogativas enquanto as restrições se originam do princípio da
indisponibilidade do interesse público.
39. (IBADE / PC-AC – Delegado / 2017) Acerca dos princípios que informam o Direito
Administrativo Brasileiro, é correto afirmar que a(o):
a) nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o quarto
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda,
de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.
b) Supremo Tribunal Federal já possui pacífica jurisprudência no sentido de que o Chefe do Poder
Executivo Estadual pode nomear parentes em linha reta, a exemplo de uma filha, para o cargo de
Secretária de Estado, porque se trata de uma escolha política e o fato do cargo de Secretário de Estado
ser de natureza política torna esta nomeação insuscetível de controle.
c) princípio da publicidade considera-se atendido sempre que houver a publicação de atos no Diário
Oficial, sendo, por conseguinte, desnecessária qualquer medida adicional por parte da Administração
Pública.
d) princípio da legalidade tem idêntica aplicação para os particulares e para a Administração Pública,
significando a possibilidade de realização de atos que não sejam vedados pelo ordenamento jurídico.
e) Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que vedar o acesso de qualquer
cidadão a cargo público tão somente em razão da existência de relação de parentesco com servidor
público que não tenha competência para o selecionar ou o nomear para o cargo de chefia, direção ou
assessoramento, ou que não exerça ascendência hierárquica sobre aquele que possua essa competência
é, em alguma medida, negar um dos princípios constitucionais a que se pretendeu conferir efetividade
com a edição da Súmula Vinculante nº 13, qual seja, o princípio da impessoalidade.
Comentários
A alternativa B está incorreta. Embora a regra seja a possibilidade da nomeação de parentes para
cargos políticos, existe uma exceção:
✓ Não há nepotismo quando a nomeação é destinada à ocupação de cargos políticos, como cargo
de Ministro ou Secretário do Estado ou Município (Rcl 29033 AgR/RJ; Rcl 22339 AgR/SP, ambas
do STF);
✓ Exceção: Ainda que se trate de cargo político, poderá ficar caracterizado o nepotismo caso fique
demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado (Rcl 28024 AgR, STF);
A alternativa C está incorreta. Existem hipóteses em que a publicação deve ser realizada de forma
específica, quando a lei assim o exigir.
A alternativa D está incorreta. Clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública e
na esfera privada. Enquanto os particulares estão livres para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(art. 5º, II da CF – autonomia da vontade), a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
determina (ato vinculado) ou autoriza (ato discricionário).
Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem parente no órgão, mas não possui hierarquia capaz
de influir na nomeação (Rcl 18564, STF);
Outros
Comentários
A alternativa A está incorreta. Contratos Administrativos não são ficção, embora sejam ímpares
quando comparados com os contratos privados. Ademais, é possível ainda que a Administração Pública
celebre contratos regidos pelo direito privado com os particulares, tal como o contrato de aluguel, em
que não contará com as prerrogativas atinentes aos Contratos Administrativos.
A alternativa B está incorreta. Essa afirmação é típica da doutrina moderna. A questão pediu que fosse
considerada a doutrina tradicional, que verifica a necessidade do regime jurídico administrativo para
cumprimento do interesse público.
De acordo com Rafael Oliveira28, parcela da doutrina moderna sustenta a inexistência do princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado em abstrato, devendo o conflito ser analisado
em cada caso concreto. O posicionamento é sustentado em razão da relativização da dicotomia público
x privado, em que os interesses públicos e os interesses privados se confundem. Além disso haveria
incompatibilidade da supremacia do interesse público com postulados normativos da Constituição, em
especial a proporcionalidade e concordância prática.
28 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 36.
A alternativa D está incorreta. A supremacia do interesse público não é absoluta, cedendo lugar quando
em choque com direitos individuais fundamentais garantidos pela Constituição Federal. Ademais, não
está presente em toda a atuação da Administração Pública
A alternativa E está incorreta. Na verdade, a assertiva está invertida. O direito administrativo evoluiu
no sentido de possibilitar a responsabilidade da Administração Pública. Em seu berço, nos Estados
totalitários, era impossível a responsabilização do Ente Público sob o brocardo “the king can do not
wrong” (o rei não pode errar) e, como seus agentes eram a extensão da monarquia, também não
poderiam errar. Conforme se verá na aula de responsabilidade da Administração Pública, o direito
administrativo evoluiu até se considerar a responsabilidade objetiva dos Entes Públicos (art. 37, §6º).
Comentários
ASPECTOS DA
IMPESSOALIDADE
A alternativa C está incorreta. A moralidade administrativa não tutela apenas o patrimônio público. Se
ocorrer uma conduta imoral, mesmo que não cause nenhum prejuízo financeiro, também ocorre a
imoralidade. A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que a propositura da Ação Popular
independe de prejuízo material aos cofres públicas, bastando a comprovação de lesão a um dos valores
por ela tutelados, dentre eles a moralidade administrativa (ARE 824781, STF).
A alternativa D está incorreta. Para que seja possível a edição de ato administrativo discricionário deve
existir previsão legal neste sentido que estabelecerá os limites da discricionariedade do agente público.
A atuação administrativa com base na subjetividade, ainda que baseada no interesse público, deve ter
previsão em lei que autorize a atuação discricionária.
42. (QUADRIX / CREA-GO – Advogado / 2019) Acerca dos princípios da Administração Pública
e dos atos administrativos, julgue o item.
Pelo princípio da autotutela, uma vez revogado o ato administrativo discricionário, como a autorização
conferida ao particular para o uso privativo de bem público, por motivos de conveniência ou
oportunidade, devem ser respeitados os direitos adquiridos.
Comentários
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
43. (VUNESP / TJ-RS – Titular de serviços de notas e registros – Provimento / 2019) A respeito
dos princípios do Direito Administrativo, assinale a alternativa correta.
a) Em respeito ao princípio da legalidade, mostra-se inválida a conduta do Estado que, desconsiderando
as formalidades legais, passe a se preocupar com os efeitos concretos da ação administrativa.
b) O princípio da legalidade, no contexto jurídico/político atual, impõe que todas as condutas praticadas
pelo Administrador tenham por base direta norma produzida pelo Poder Legislativo.
c) O princípio da supremacia do interesse público autoriza que a Administração pratique ato atentatório
a direito fundamental, sempre que esse esteja em contraposição à ideia de interesse público definida
pelo gestor público.
d) O princípio da continuidade do serviço público impede a interrupção do fornecimento de serviço em
favor do cidadão, ainda que fundado no inadimplemento do usuário.
e) Com a constitucionalização do Direito Administrativo, deve se compreender o princípio da legalidade
sob a perspectiva da juridicidade, que representa o dever da Administração Pública se vincular ao
conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que compõe o sistema.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O princípio da eficiência demonstra a intima relação do direito com a
economia, abrindo espaço para a Análise Econômica do Direito (AED), também conhecida como law
& economics, na Administração Pública. A AED consiste na utilização da economia, especialmente a
microeconomia, para solução de problemas na Administração Pública, realizando uma reinterpretação
do ordenamento jurídico para prever os efeitos e consequências positivas e negativas das escolhas.
A banca deu a alternativa A como incorreta. Entretanto, entendo que se deve ter extremo cuidado com
a afirmação. Isto porque a consideração dos efeitos práticos na tomada de decisão por parte da
Administração Pública não autoriza a violação dos demais princípios administrativos, dentre eles a
Legalidade.
A meu ver, a afirmativa foi mal formulada, mas a ideia é que o princípio da eficiência autorize e até
determina a utilização de conceitos econômicos, em especial as consequências práticas da atuação, para
a tomada de decisões. Para isso, será possível desconsiderar formalidades meramente burocráticas para
atingir a finalidade desejada, mas não os princípios essenciais da Administração Pública. Questão
polêmica.
A alternativa B está incorreta. Rafael Oliveira leciona que a doutrina moderna defende a realização de
uma reinterpretação do princípio da legalidade a partir do fenômeno da constitucionalização do Direito
Administrativo.
A legalidade deve ser pautada não no cumprimento frio da lei, mas o respeito aos princípios e valores
constitucionais, de modo que o Administrador não se transforme em mero executor das leis, mas tenha
liberdade criativa para atender as necessidades coletivas, desde que fundamentado nos princípios da
Constituição. A vinculação não deve ser exclusivamente à lei editada pelo Poder Legislativo, mas a todo
o ordenamento jurídico de forma ampla.
A alternativa C está incorreta. Como qualquer princípio, a supremacia do interesse público não é
absoluta, cedendo lugar quando em choque com direitos individuais fundamentais garantidos pela
Constituição Federal. Ademais, não está presente em toda a atuação da Administração Pública. Cite-
se, por exemplo, os atos de gestão interna de uma repartição ou a edição de atos de mero expediente.
A alternativa D está incorreta. O princípio da continuidade não é absoluto. Há previsão expressa no art.
6º, §3º da lei 8.987/95 das hipóteses em que será possível a interrupção do serviço, vejamos:
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Rafael Oliveira, juntamente com a doutrina
moderna, defende que, com a constitucionalização do direito administrativo, a legalidade deve ser
compreendida mais como “Princípio da Juridicidade”, que consiste na conformação da atuação
Administrativa não apenas ao texto das leis formais editadas pelo Poder Legislativo, mas a todo o direito
como um todo, por ele denominado bloco de legalidade.
44. (CESPE / Analista / TCE-MG / 2018) Assinale a opção correta de acordo com os princípios
implícitos ou reconhecidos da administração pública.
a) Segundo o primado do interesse público, cabe à administração rever os seus erros para restaurar a
situação de regularidade.
b) O princípio da indisponibilidade exige que os serviços públicos não sejam interrompidos.
c) O princípio da precaução determina a observância da correção administrativa dentro da norma.
d) Com base no princípio da autotutela, a câmara municipal possui personalidade jurídica.
e) A segurança jurídica está em conferir certeza e estabilidade na relação da administração pública com
os administrados.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A afirmativa diz respeito ao princípio da autotutela e não do primado do
interesse público.
A alternativa D está incorreta. Em primeiro lugar, as Câmaras Municipais não possuem personalidade
jurídica própria, pois são órgãos do Município a que estão vinculadas. Por outro lado, a autotutela não
fornece base para conferir personalidade jurídica a determinada entidade. Trata-se de princípio que
estabelece o controle da Administração sobre seus próprios atos.
45. (VUNESP / Analista / MP-SP / 2018) Os atos administrativos são o meio de atuação da
Administração, devendo obedecer a alguns princípios, entre eles o da publicidade e o da
motivação. Sobre esse tema, julgue as afirmações a seguir e selecione a correta.
a) A necessidade de motivação dos atos administrativos resulta do princípio democrático e da regra do
devido processo legal, permitindo o controle da ação administrativa.
b) É admissível o suprimento da exigência de motivação expressa pelo silêncio, isto é, pela omissão, da
Administração, posto que o silêncio deverá ser interpretado conforme os usos e costumes do local de
produção do ato.
c) Os atos administrativos não motivados não estão sujeitos ao controle jurisdicional, diante da
tendência de prestigiar a participação do usuário na organização e prestação dos serviços públicos.
d) O princípio da publicidade impõe a transparência dos atos administrativos em todos os seus
momentos, o que inclui a divulgação de minutas, esboços, estudos internos e documentos em
elaboração.
e) Motivo e motivação são sinônimos em matéria de atos administrativos, referindo-se ambos aos
elementos fáticos que justificam a existência do ato administrativo, os quais, nos atos discricionários,
não estão sujeitos ao controle judicial.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Conforme visto na aula, trata-se de mais um
instrumento, assim como o princípio da publicidade, de controle popular da atuação administrativa,
uma vez que possibilita ao cidadão tomar conhecimento das razões pelas quais o Poder Público atuou
de determinada maneira e compará-la com o ordenamento jurídico. Por permitir a participação popular
na Administração Pública, resulta do princípio democrático.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 5º, inciso XXXV da CF: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” Conforme se extrai deste princípio, o Brasil
adotou o sistema de jurisdição única, de forma que sempre estará aberta a via do controle judicial.
A alternativa E está incorreta. A motivação não se confunde com o motivo do ato administrativo. A
motivação faz parte da forma do ato administrativo, tendo em vista que consiste na declaração
escrita do motivo. O motivo, por sua vez, é um elemento do ato administrativo, consistente nas razões
de fato e de direto que fundamentam uma decisão.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privada
diz justamente o contrário da assertiva. A Administração Pública, na busca pelo interesse público, tem
o poder-dever de limitar o exercício de interesses individuais.
A alternativa C está incorreta. Lei 9.784/99, Art. 11: A competência é irrenunciável e se exerce pelos
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Trata-se do princípio da legalidade. Vale lembrar
que a doutrina moderna defende que, com a constitucionalização do direito administrativo, a legalidade
deve ser compreendida mais como “Princípio da Juridicidade”, que consiste na conformação da
atuação Administrativa não apenas ao texto das leis formais editadas pelo Poder Legislativo, mas a todo
o direito como um todo, por ele denominado bloco de legalidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Trata-se de princípio que define uma das características do ato
administrativo. Decorre diretamente da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e
estabelece que os atos editados por agente público, legalmente investido em cargo público, por
expressar a vontade estatal, presumem-se verdadeiros e legítimos. Tal constatação leva alguns
doutrinadora, inclusive, a separar a veracidade da legitimidade. Todavia, certo é que os atos
administrativos se presumem verdadeiros quanto aos fatos e legítimos quanto à legalidade.
Neste sentido, estando presente uma hipótese de sigilo, a publicidade pode ser excepcionada, ainda que
a informação buscada esteja relacionada a informações a respeito do próprio cidadão interessado. Basta
lembrar da investigação que corre em segredo de justiça,
A alternativa C está incorreta. De acordo com a doutrina, os princípios podem ser classificados em
onivalentes ou universais, que são aqueles válidos para todos os ramos do saber e da ciência; podem
ser plurivalentes ou regionais, ou seja, válidos para um grupo de ramos da ciência naquilo em que se
relacionam; podem ainda ser monovalentes, que são aqueles que se aplicam a um único ramo da
ciência, como os princípios aplicáveis apenas ao direito (princípios gerais de direito); e, por último,
podem ser setoriais, que se aplicam apenas a um ou alguns setores de um dos ramos da ciência, como
os princípios relacionados ao direito civil, administrativo, constitucional, etc.
Logo, o princípio da autotutela não pode ser onivalente, tendo em vista que se trata de um princípio
específico do direito administrativo. É, portanto, um princípio setorial.
O princípio da hierarquia estabelece que os órgãos da Administração Pública são estruturados de tal
forma que se cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com
atribuições definidas na lei.
Comentários
A alternativa A está correta. Tanto a própria administração pública deve realizar o controle de seus
atos administrativos, anulando-os se ilegais, quanto o Poder Judiciário e o Poder Legislativo realizam
controle externo de legalidade quanto a esses atos, conforme estabelecido na Constituição Federal.
A alternativa B está correta. É o que dispõe o art. 37, §4º, CF: "Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade de bens e
o ressarcimento ao erário, na forma e na gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível"
As instâncias administrativa, cível e penal são independentes entre si. Sendo a sanção por improbidade
administrativa de natureza cível, não sofre, em regra, interferência da esfera penal.
A alternativa C está correta. Trata-se da teoria do órgão ou da imputação (conforme se verá nas
próximas aulas). Esta teoria determina que a vontade do agente se confunde com a vontade do órgão.
Logo, quando o agente emite um ato volitivo, é a vontade do órgão que está sendo expressa e não a
vontade particular do agente público.
A alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão. A busca pelo interesse público secundário
somente será legítima quando não colidir com o interesse público primário e servir, ao menos
indiretamente, à atuação da Administração Pública na busca para suprir as necessidades coletivas em
sentido amplo (interesse primário).
➢ Interesse público primário: interesses diretos da coletividade. O Estado atua para suprir as
necessidades coletivas em sentido amplo. São exemplos a prestação de serviço público o
exercício de poder de polícia.
➢ Interesse público secundário: interesses da Administração Pública como pessoa jurídica,
sujeito de direitos e obrigações. Trata-se do interesse patrimonial do Estado, que atua para
defesa e aumento do erário público. São exemplos os atos internos de gestão administrativa e a
busca pelo aumento de riqueza na gestão patrimonial.
A alternativa E está correta. A própria constituição previu diversos instrumentos para a concretização
do princípio na Administração Pública, sendo um deles a celebração de contrato de gestão com órgãos
ou entidades da Administração Indireta, conferindo maior autonomia gerencial, orçamentária e
financeira e estabelecendo controle de resultados (Art. 37, §8º, CF). além disso, as parcerias com o
terceiro setor, no caso, com as organizações sociais, também são expressão deste princípio, uma vez que
se busca manter a atuação da Administração Pública apenas em atividades essenciais, transferindo as
não essenciais ao terceiro setor.
LISTA DE QUESTÕES
Magistratura
Assertiva: Nessa situação, conforme o STF, os atos praticados pelo servidor até o momento são válidos,
em razão dos princípios da proteção à confiança e da segurança jurídica.
d) Não configura ofensa ao princípio da moralidade a nomeação de esposa de magistrado, devidamente
concursada, para função de confiança diretamente subordinada ao juiz cônjuge.
e) Todo ato administrativo emitido por agente público submete-se ao princípio da legalidade; quando o
ato atende exclusivamente à legalidade, exclui-se do controle judicial o juízo de conveniência e
oportunidade.
4. (VUNESP / Juiz Substituto / TJ-SP / 2017) O conteúdo jurídico do princípio da moralidade
administrativa pode ser conceituado como,
a) aquele referido na ética da legalidade ou, em outros termos, os valores éticos que ela consagra sem
espaços para outros juízos axiológicos senão aqueles objetivados e explicitados nas normas-regras e,
portanto, sem autonomia específica.
b) aquele que vincula a administração pública a um comportamento ético, conforme discurso da
modernidade, com dimensão autônoma em relação ao princípio da legalidade.
c) a resultante da moral social de uma época a vincular a atuação da Administração pública.
d) referente às regras da boa administração e às regras internas visando normatizar o poder disciplinar
da Administração.
5. (CESPE / Juiz Substituto / TJ-CE / 2018) Considerando o entendimento doutrinário e
jurisprudencial acerca dos princípios constitucionais e infraconstitucionais que regem a
atividade administrativa, julgue os itens a seguir.
I Em obediência ao princípio da legalidade, a vedação à prática do nepotismo no âmbito da
administração pública é condicionada à edição de lei formal.
II A publicidade é condição de eficácia dos atos administrativos, razão pela qual pode caracterizar
prática de ato de improbidade administrativa a desobediência ao dever de publicação de atos oficiais.
III Viola o princípio da isonomia a previsão de critérios discriminatórios de idade em certame de
concursos públicos, ressalvados os casos em que a natureza das atribuições do cargo justificar.
IV O princípio da proteção da confiança legítima não autoriza a manutenção em cargo público de
servidor público empossado por força de decisão judicial de caráter provisório posteriormente revista,
ainda que decorridos mais de cinco anos da investidura no cargo.
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
Promotor
C) Na doutrina, prevalece o entendimento de que a falta de publicação dos atos administrativos não
impede que eles adquiram eficácia, embora o agente público responsável por essa omissão possa
responder por ato de improbidade administrativa.
D) O princípio da eficiência foi introduzido na Constituição Federal de 1988 como parte do esforço para
a reforma gerencial da administração pública.
E) O princípio da impessoalidade não impede que um agente público eleito insira, em propaganda oficial
da administração pública, o slogan da sua candidatura ou do seu partido, porquanto esses dizeres se
referem ao projeto político vencedor das eleições.
Defensor
11. (CESPE / Defensor / DPU / 2017) Jorge, servidor público federal ocupante de cargo de
determinada carreira, foi, por meio administrativo, transferido para cargo de carreira diversa.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente à luz do entendimento dos
tribunais superiores
A forma de provimento do cargo público na referida situação — transferência para cargo de carreira
diversa — foi inconstitucional, por violar o princípio do concurso público; cabe à administração pública,
no exercício do poder de autotutela, anular o ato ilegal, respeitado o direito ao contraditório e à ampla
defesa.
Procurador
12. (CESPE / MPC-PA – Procurador de contas / 2019) Tendo como referência os princípios
expressos e implícitos da administração pública e as disposições da Lei n.º 13.460/2017,
assinale a opção correta acerca da participação, proteção e defesa do usuário de serviços
públicos.
a) O administrador público atenderá ao princípio da eficiência sempre que tomar sua decisão com foco
exclusivamente no aspecto econômico.
b) Por força do princípio da intranscendência subjetiva das sanções, irregularidades praticadas pelos
Poderes Legislativo e Judiciário não impõem sanções ao Poder Executivo.
c) O Poder Judiciário pode, fundamentando-se no princípio da isonomia, aumentar vencimentos de
servidores públicos.
d) A referida lei permite ao usuário de serviço público apresentar reclamação apócrifa às ouvidorias
dos órgãos da administração pública ou à entidade responsável pela fiscalização.
e) A referida lei não abrange serviços públicos prestados por particulares.
13. (CESPE / Procurador / PGM-MANAUS–AM / 2018) Quanto às transformações
contemporâneas do direito administrativo, julgue o item subsequente.
O princípio da juridicidade, por constituir uma nova compreensão da ideia de legalidade, acarretou o
aumento do espaço de discricionariedade do administrador público.
14. (FUNDATEC / AL-RS – Procurador / 2018) Em um Estado do sul do país, um servidor
detentor de cargo em comissão de Assessor Especialista nível 3 foi desligado de suas funções em
razão da notícia de cometimento de crime doloso contra a vida. O ato de exoneração foi
justificado pela ocorrência desse fato. Meses após a exoneração, o ex-servidor comprovou junto
à administração pública ter ocorrido um equívoco. Foi comprovado judicialmente que o crime
fora cometido por terceiro, pessoa homônima ao ex-servidor. Por isso, requereu,
administrativamente, a nulidade do ato de exoneração e o retorno às funções e indenização por
danos morais e materiais. A Procuradoria Jurídica opinou pela possibilidade de deferimento do
pedido de retorno ao cargo, deixando para um segundo momento a análise da solicitação de
indenização. Logo, é possível afirmar que um dos fundamentos da orientação jurídica foi:
a) O princípio da impessoalidade.
b) A teoria dos motivos determinantes.
c) A teoria da supremacia geral.
d) A vedação de excesso de poder.
e) A teoria da convalidação dos atos administrativos
15. (FUNDATEC / AL-RS - Procurador / 2018) A evolução do Direito Administrativo no Estado
Democrático de Direito permite afirmar ter ocorrido certa relativização do princípio da
supremacia do interesse público. Sendo assim, é correto afirmar que um dos elementos
inovadores que representa essa relativização é:
a) O princípio constitucional da legalidade.
b) A rescisão unilateral de contratos administrativos.
c) A intervenção na propriedade privada quando atendidos requisitos prévios previstos em lei.
d) As cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos.
e) O princípio da dignidade da pessoa humana.
16. (CONSULPLAN / CM-BH – Procurador / 2018) A Emenda Constitucional nº 19/98 trouxe,
ao ordenamento jurídico brasileiro, diversas alterações que objetivam uma atuação mais
a) embora previsto expressamente na Constituição, não possui qualquer repercussão prática no direito
brasileiro, considerando-se a dificuldade de identificação do conteúdo do princípio.
b) o interesse público pode ser mais bem compreendido por meio da separação entre interesse público
primário, resultante da soma dos interesses individuais, e interesse público secundário, que consiste
nos interesses do Estado, como sujeito de direitos.
c) o princípio resulta da supremacia dos interesses públicos sobre os interesses individuais, os quais
devem sempre se submeter à vontade da coletividade, representada na ação do estado, quando em
conflito com esta vontade.
d) o mencionado princípio impede a adoção da arbitragem pela Administração Pública, considerando-
se a impossibilidade de o agente público transigir quanto aos interesses públicos que persegue e
representa.
e) não compõe a ordem jurídica brasileira, dado não ser encontrado no texto da Constituição, nem poder
ser deduzido a partir dos demais princípios constitucionais administrativos.
26. (COPESE-UFT / CM-PALMAS-TO - Procurador / 2018) Sobre os princípios que regem a
Administração Pública previstos na Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
CORRETA.
a) São princípios expressos na Constituição Federal de 1988: a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e a eficácia.
b) São princípios expressos na Constituição Federal de 1988: a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e a eficiência.
c) São princípios expressos na Constituição Federal de 1988: a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e a executoriedade.
d) São princípios expressos na Constituição Federal de 1988: a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e a efetividade.
27. (NC-UFPR / Procurador / PGM-CURITIBA-PR / 2019) Segundo Emerson Gabardo (2002),
“o princípio da eficiência administrativa é setorial, pois refere-se exclusivamente à
Administração Pública, mas está diretamente ligado ao princípio da eficiência do Estado como
vetor geral (de caráter ético) do sistema constitucional”. A partir dessas considerações sobre o
regime constitucional da Administração Pública, assinale a alternativa correta.
a) O princípio da eficiência administrativa foi uma das principais inovações incluídas na Constituição de
1988 pela Emenda da Reforma Administrativa em 1998.
b) O princípio da eficiência tem conteúdo ético, não um conteúdo jurídico.
c) O princípio da eficiência administrativa, na medida em que demanda uma atuação administrativa
ótima, opõe-se ao princípio da boa administração.
d) A eficiência é elemento típico da Administração Gerencial, sendo incompatível com o modelo teórico
burocrático de administração.
e) Os atos discricionários não podem ser controlados com base no princípio da eficiência administrativa.
28. (VUNESP / FAPESP – Procurador / 2018) Em razão do regime jurídico administrativo, a
Administração Pública
a) pode celebrar contratos com os particulares, os quais somente poderão ser extintos pelo advento do
seu termo, por decisão conjunta das partes ou por inadimplemento da Administração.
Delegado
31. (VUNESP / PC-SP – Delegado / 2018) Os princípios administrativos podem ser utilizados
para fins de controle de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
sendo o que se observa na alternativa a seguir:
a) a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança na Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal.
b) o ato administrativo eivado de ilegalidade deverá ser revogado pelo administrador público, em
obediência ao princípio administrativo da discricionariedade.
c) ao titular do cargo de procurador de autarquia exige-se a apresentação de instrumento de mandato
para representá-la em juízo.
d) não é possível a autotutela sobre os atos administrativos após a sua impugnação no Poder Judiciário.
e) o princípio da pessoalidade é corolário da isonomia e da legalidade, sendo centrais à ação
administrativa.
32. (FUMARC / PC-MG – Delegado / 2018) Sobre os princípios da Administração Pública, é
CORRETO afirmar que:
I. A prisão em flagrante delito de um indivíduo, sob o enfoque de não depender de prévia manifestação
do poder judiciário, é uma manifestação concreta do princípio da autotutela administrativa.
II. O uso moderado e progressivo da força, modulador da ação policial, encontra fundamento no
princípio da proporcionalidade, que tem por objetivo evitar que a atividade coercitiva do Estado seja
exercida em intensidade superior à estritamente necessária para restabelecer a ordem e a segurança
pública.
III. No âmbito administrativo, o acesso à informação, por se tratar de um direito público subjetivo de
envergadura constitucional, derivado do princípio da publicidade e da transparência, não comporta
sigilo como exceção.
IV. A utilização, por parte do servidor público, para fins privados, de um bem regularmente apreendido
no âmbito de uma investigação criminal caracteriza violação ao princípio da impessoalidade, sob o
enfoque da finalidade, impondo o enquadramento de tal conduta em ato de improbidade administrativa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas II e IV.
d) Apenas III e IV.
e) Apenas II, III e IV.
38. (FAPEMS / Delegado / PC-MS / 2017) De acordo com o texto a seguir o direito público tem
como objetivo primordial o atendimento ao bem-estar coletivo. [...] em primeiro lugar, as
normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo
primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que
o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do
Direito Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores
da ciência, inclusive a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito
(própria do individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito
público e que vincula a Administração em todas as suas decisões [...]. Dl PIETRO, Maria Sylvia
Zaretla. Direito Administrativo. 30.ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p 96. Diante disso, as "pedras de
toque" do regime jurídico-administrativo são
a) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a impessoalidade do interesse público.
b) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse
público.
c) a indisponibilidade do interesse público e o princípio da legalidade.
d) a supremacia da ordem pública e o princípio da legalidade.
e) a supremacia do interesse público e o interesse privado e o princípio da legalidade.
39. (IBADE / PC-AC – Delegado / 2017) Acerca dos princípios que informam o Direito
Administrativo Brasileiro, é correto afirmar que a(o):
a) nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o quarto
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda,
de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.
b) Supremo Tribunal Federal já possui pacífica jurisprudência no sentido de que o Chefe do Poder
Executivo Estadual pode nomear parentes em linha reta, a exemplo de uma filha, para o cargo de
Secretária de Estado, porque se trata de uma escolha política e o fato do cargo de Secretário de Estado
ser de natureza política torna esta nomeação insuscetível de controle.
c) princípio da publicidade considera-se atendido sempre que houver a publicação de atos no Diário
Oficial, sendo, por conseguinte, desnecessária qualquer medida adicional por parte da Administração
Pública.
d) princípio da legalidade tem idêntica aplicação para os particulares e para a Administração Pública,
significando a possibilidade de realização de atos que não sejam vedados pelo ordenamento jurídico.
e) Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que vedar o acesso de qualquer
cidadão a cargo público tão somente em razão da existência de relação de parentesco com servidor
público que não tenha competência para o selecionar ou o nomear para o cargo de chefia, direção ou
assessoramento, ou que não exerça ascendência hierárquica sobre aquele que possua essa competência
é, em alguma medida, negar um dos princípios constitucionais a que se pretendeu conferir efetividade
com a edição da Súmula Vinculante nº 13, qual seja, o princípio da impessoalidade.
Outros
aplicação a determinado contexto fático. De acordo com o estudo dos princípios administrativos,
é correto afirmar que:
a) A vedação à prática administrativa sob a inexistência de interesse público ou conveniência da
Administração com vistas exclusivas ao atendimento de interesse privado emerge do Princípio da
Impessoalidade, cujo desvio macula o fim legal.
b) Aos atos da Administração se confere publicidade, nos moldes do que prescreve o caput do art. 37 da
Constituição Federal, sendo este proceder abrangente a todo ato que tenha efeito externo, e, por força
de tal princípio, o sigilo somente se aplicará a questões de segurança nacional.
c) A imoralidade na prática administrativa encontra trato e reparo em legislação ordinária, a exemplo
da Lei de Improbidade Administrativa, em que se apura prejuízo ao erário, bem como a Ação Popular,
sendo o princípio da moralidade aferido pela lesividade patrimonial sem cunho de validação do ato.
d) À Administração Pública impõe-se o dever de observância incondicional aos termos de lei para
prática de todo e qualquer ato, de forma que à ausência de previsão legal, tem-se por inválido, a menos
que a subjetividade do agente se assente no atendimento do interesse do bem comum, em que se pauta
a atividade administrativa.
42. (QUADRIX / CREA-GO – Advogado / 2019) Acerca dos princípios da Administração Pública
e dos atos administrativos, julgue o item.
Pelo princípio da autotutela, uma vez revogado o ato administrativo discricionário, como a autorização
conferida ao particular para o uso privativo de bem público, por motivos de conveniência ou
oportunidade, devem ser respeitados os direitos adquiridos.
43. (VUNESP / TJ-RS – Titular de serviços de notas e registros – Provimento / 2019) A respeito
dos princípios do Direito Administrativo, assinale a alternativa correta.
a) Em respeito ao princípio da legalidade, mostra-se inválida a conduta do Estado que, desconsiderando
as formalidades legais, passe a se preocupar com os efeitos concretos da ação administrativa.
b) O princípio da legalidade, no contexto jurídico/político atual, impõe que todas as condutas praticadas
pelo Administrador tenham por base direta norma produzida pelo Poder Legislativo.
c) O princípio da supremacia do interesse público autoriza que a Administração pratique ato atentatório
a direito fundamental, sempre que esse esteja em contraposição à ideia de interesse público definida
pelo gestor público.
d) O princípio da continuidade do serviço público impede a interrupção do fornecimento de serviço em
favor do cidadão, ainda que fundado no inadimplemento do usuário.
e) Com a constitucionalização do Direito Administrativo, deve se compreender o princípio da legalidade
sob a perspectiva da juridicidade, que representa o dever da Administração Pública se vincular ao
conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que compõe o sistema.
44. (CESPE / Analista / TCE-MG / 2018) Assinale a opção correta de acordo com os princípios
implícitos ou reconhecidos da administração pública.
a) Segundo o primado do interesse público, cabe à administração rever os seus erros para restaurar a
situação de regularidade.
b) O princípio da indisponibilidade exige que os serviços públicos não sejam interrompidos.
c) O princípio da precaução determina a observância da correção administrativa dentro da norma.
d) Com base no princípio da autotutela, a câmara municipal possui personalidade jurídica.
e) A segurança jurídica está em conferir certeza e estabilidade na relação da administração pública com
os administrados.
45. (VUNESP / Analista / MP-SP / 2018) Os atos administrativos são o meio de atuação da
Administração, devendo obedecer a alguns princípios, entre eles o da publicidade e o da
motivação. Sobre esse tema, julgue as afirmações a seguir e selecione a correta.
a) A necessidade de motivação dos atos administrativos resulta do princípio democrático e da regra do
devido processo legal, permitindo o controle da ação administrativa.
b) É admissível o suprimento da exigência de motivação expressa pelo silêncio, isto é, pela omissão, da
Administração, posto que o silêncio deverá ser interpretado conforme os usos e costumes do local de
produção do ato.
c) Os atos administrativos não motivados não estão sujeitos ao controle jurisdicional, diante da
tendência de prestigiar a participação do usuário na organização e prestação dos serviços públicos.
d) O princípio da publicidade impõe a transparência dos atos administrativos em todos os seus
momentos, o que inclui a divulgação de minutas, esboços, estudos internos e documentos em
elaboração.
e) Motivo e motivação são sinônimos em matéria de atos administrativos, referindo-se ambos aos
elementos fáticos que justificam a existência do ato administrativo, os quais, nos atos discricionários,
não estão sujeitos ao controle judicial.
46. (VUNESP / Titular de Serviços de Notas e de Registros / TJ-SP / 2018) Assinale a
alternativa que é conforme ao regime jurídico administrativo.
a) Para a satisfação de interesses coletivos, a Administração é impedida de limitar o exercício de direitos
individuais.
b) O regime jurídico administrativo concede prerrogativas à Administração similares às existentes no
regime de direito privado.
c) A Administração pode renunciar ao exercício de competências concedidas por lei.
d) A lei encerra o pressuposto, fundamento e limite da atividade administrativa.
47. (CONSULPLAN / TJ-MG – Titular de serviços de notas e registros-Provimento / 2017)
Quanto aos princípios do Direito Administrativo, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos envolve apenas os seus aspectos
jurídicos, não alcançando os fatos nos quais esses atos se basearam.
b) Apesar da existência do princípio da publicidade e do direito de acesso do cidadão a dados a seu
respeito, nem toda informação pode ser transmitida ao interessado, mesmo que se relacione com sua
pessoa.
c) A autotutela administrativa é considerada um princípio onivalente, uma vez que decorre da
bipolaridade do Direito Administrativo.
d) Pelo princípio da hierarquia, o direito de um cidadão individualmente considerado deve ceder aos
interesses da coletividade, representada pela administração pública.
48. (FAFIPA / Analista / PGM-FOZ DO IGUAÇU-PR / 2019) Sobre os princípios básicos da
Administração Pública, é INCORRETO afirmar que:
GABARITO
Magistratura 20. C 45. A
21. B 46. D
1. C 22. D 47. B
2. D 23. E 48. D
3. C 24. B
4. B 25. B
5. E 26. B
27. A
Promotor 28. E
29. A
6. D 30. CORRETA
7. D
8. INCORRETA Delegado
9. E
10. B 31. A
32. D
Defensor 33. A
34. C
11. CORRETA 35. A
36. C
37. C
Procurador 38. B
39. E
12. B
13. INCORRETA
14. B
Outros
15. E
16. D 40. C
17. C 41. A
18. B 42. CORRETA
19. D 43. E
44. E