Apostila Nutrição Esportiva Nutrição Básica
Apostila Nutrição Esportiva Nutrição Básica
Apostila Nutrição Esportiva Nutrição Básica
NUTRIÇÃO
ESPORTIVA
CARBOIDRATOS (GLICÍDIOS, HIDRATOS DE CARBONO OU AÇÚCARES)
Classificação de acordo com o tamanho da molécula:
Tipos de Carboidratos
Monossacarídeos Dissacarídeos Polissacarídeos
Glicose(xarope de milho, mel, Sacarose (açúcar de mesa), Amido da planta (cereais,
frutas, hortaliças) beterraba, açúcar natural de tubérculos, hortaliças, frutas)
Frutose (mel, frutas, hortaliças) frutas e hortaliças Glicogênio (Fígado)
Galactose (açúcar do leite) Maltose (açúcar do malte)
Manose (de pouco valor Lactose (açúcar do leite)
nutricional; encontradda em
estruturas de frutas pouco
digeridas)
Fibras Insolúveis Fibras Solúveis
Celulose (farelo de trigo, soja, Gomas (aveia, goma guar de
cenoura e outras hortaliças) feijão, ervilha, lentilha; semente
Hemicelulose (milho, aveia, de gergelim)
cevada, farelo de trigo e milho) Pectinas (polpa de frutas
Lignina* (talo de trigo, talo de cítricas, polpa de maçã,
alfafa) banana, batata, cenoura, polpa
de beterraba, repolho,
leguminosas).
FIBRA
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS:
➢ Crianças maiores de 2 anos de idade: idade + 5 g/dia
ex: 3 anos - 8g de fibra/dia
➢ Após 20 anos: 25 a 35g/dia
ÍNDICE GLICÊMICO
RECOMENDAÇÕES PRÉ-EXERCÍCIO
Dentre os estudos que analisam os efeitos do consumo dos carboidratos glicose, frutose e
polímeros de glicose, 1 hora antes de exercícios, realizados a uma intensidade de 70% a 80% do
VO2 max., encontraram efeitos negativos: Foster et al. (1979); nenhum efeito: Mc Murray et al.
(1983), Keller & Schgwarzopf (1984), Devlin et al. (1986) e Hargreaves et al. (1987); e, finalmente,
efeitos positivos foram relatados por Gleeson et al. (1986); Okano et al. (1988) e Peden et al.
(1989).
imediatamente antes (15 min antes): 50-60g de polímeros de glicose (ex. maltodextrina -
carboidrato proveniente da hidrólise parcial do amido).
Segundo Coogan (1992) esta ingestão é similar à ingestão durante a atividade física e pode
melhorar o desempenho.
Quantidade:
• 30-60g de carboidrato/hora (ADA, 2000; Driskell, 2000);
• 0,7g de carboidrato/kg/hora (ADA, 2000)
• 40-75g de carboidrato/hora (El-Sayed et al., 1995)
Objetivo 1: manter o suprimento de 1g de carboidrato/minuto, retardando a fadiga em,
aproximadamente, 15-30 min, por poupar os estoque de glicogênio
Objetivo 2: manter a glicemia, previnindo dores de cabeça, náuseas, etc.
“Após 2 horas de exercício aeróbio de alta intensidade poderá haver depleção do conteúdo
de glicogênio do fígado e especialmente dos músculos que estejam sendo exercitados” (Burke &
Deakin, 1994; Mcardle, 1999)
De acordo com Driskell (2000) o consumo de carboidrato parece ser mais efetivo durante
atividades de endurance que durem mais de 2 horas.
O consumo de carboidratos durante o exercício parece ser ainda mais importante quando
atletas iniciam a atividade em jejum, quando estão sob restrição alimentar visando a perda de peso
ou quando os estoques corporais de carboidratos estejam reduzidos ao início da atividade (Neufer
et al., 1987; ADA, 2000). Nestes casos, a suplementação de carboidratos pode aumentar o
rendimento durante atividades com 60 minutos de duração.
RECOMENDAÇÕES PÓS-EXERCÍCIO
Quantidade:
• 0,7-3g de carboidrato/kg de peso de 2 em 2 horas, durante as 4-6 horas que sucedem o
término do exercício;
• 0,7-1,5g de glicose/kg de peso de 2 em 2 horas, durante as 6 horas após um exercício
intenso + 600g de carboidrato durante as primeiras 24 horas (Ivy et al., 1998);
• 1,5g de carboidrato/kg de peso nos primeiros 30 minutos e novamente a cada 2 horas,
durante as 4-6 horas que sucedem o término do exercício (ADA, 2002);
• 0,4g de carboidrato/kg de peso a cada 15 minutos, durante 4 horas. Neste caso observa-se
a maior taxa de recuperação do glicogênio, porém o consumo calórico acaba excedendo o
gasto energético durante o exercício
Objetivo: facilitar a ressíntese de glicogênio
impacto quando existe um período grande de recuperação (24-48 horas). Segundo a ADA (2000)
para atletas que treinam intensamente em dias alternados, o intervalo de tempo ideal para
ingestão de carboidrato parece ter pouca importância, quando quantidades suficientes de
carboidrato são consumidas nas 24 horas após o exercício.
PROTEÍNAS (PROTÍDIOS)
Definição: Moléculas formadas pela união de unidades mais simples denominadas AMINOÁCIDOS .
Fonte: ANDERSON, Linnea, DOBBLE, Marjorie V. TURKKI, Pirkko R. et al. Nutrição. Rio de
Janeiro: Guanabara, 17 a ed., 1988
AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS: não podem ser sintetizados no nosso organismo, portanto, terão
que ser ingeridos através da alimentação
Isoleucina*, Fenilalanina, Leucina*, Lisina, Histidina 1, Metionina, Treonina, Triptofano e Valina*
*Aminoácidos de cadeia ramificada.
1
Durante o crescimento, sua síntese é inferior à necessidade do organismo, sendo considerado
essencial nesse período.
AMINOÁCIDOS CONDICIONALMENTE ESSENCIAIS: são sintetizados no nosso organismo,
mas podem ser essenciais em determinadas condições clínicas ou estados fisiológicos.
Cisteína, Tirosina, Glutamina.
AMINOÁCIDOS NÃO - ESSENCIAIS: podem ser sintetizados no nosso organismo
Glutamato, Aspartato, Alanina, Arginina, Glicina, Prolina, Serina e Aspargina
Fonte: SHILS, M. E. et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9a ed. São
Paulo: Manole, 2003.
PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS AMINOÁCIDOS
“Para que o processo de hipertrofia ocorra de modo eficiente é necessária a correta associação
entre treinamento e ingestão de nutrientes no período pós-exercício” (Bacurau, 2000)
LIPÍDIOS (GORDURAS)
Classificação:
GORDURAS SIMPLES
➢ Gorduras Neutras
• Triglicerídeos (1 glicerol + 3 ácidos graxos) - principal forma de armazenamento de energia
GORDURAS COMPOSTAS: são formadas por uma gordura neutra em combinação com outras
substâncias químicas
➢ Fosfolipídeos (formação da parede celular)
➢ Glicolipídeos (formação de receptores de hormônios nas células)
➢ Lipoproteínas (constituem a principal forma de transporte para a gordura no sangue)
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LIPOPROTEÍNAS
FRAÇÃO LIPÍDICA
+
FRAÇÃO PROTÉICA (APOPROTEÍNA)
COLESTEROL
O colesterol é sintetizado a partir da Acetil-CoA e eliminado do organismo na bile como
colesterol ou sais biliares.
Aproximadamente metade o colesterol do organismo surge por síntese (cerca de 500mg/d),
e restante é fornecido pela dieta. Aproximadamente 50% do total é sintetizado pelo fígado, o
intestino é responsável por cerca de 15% e a pele por uma grande parte do restante.
Funções no organismo:
➢ produção de hormônios
➢ formação de bile
➢ renovação celular
Fontes Alimentares:
➢ Carnes
➢ Mariscos
➢ Gema de ovo
➢ Leite (integral) e derivados (que não estejam na versão light)
➢ Vísceras
OBS: ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL NÃO CONTÊM COLESTEROL
CT 200 Ótimo
200 – 239 Limítrofe
240 Alto
LDL-C 100 Ótimo
100 – 129 Desejável
130 – 159 Limítrofe
160 – 189 Alto
190 Muito alto
HDL-C 40 Baixo
60 Alto
TG 150 Ótimo
150 – 200 Limítrofe
200 – 499 Alto
500 Muito alto
Fonte: Arquivos Brasileiros de cardiologia - III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias, 2001
H H H H H H H H H H H H
| | | | | | | | | | | |
R– C– C– C– C– C–O R–C=C–C–C=C–C–C=O
| | | | | | |
H H H H H H H
Ácido graxo saturado Ácido graxo insaturado
INSATURADOS
➢ Monoinsaturados: oléico, palmitoléico - Abacate
quando existe apenas - Azeite de oliva
uma ligação dupla na - Óleo de canola
molécula. Podem reduzir - Amendoim
os níveis de colesterol no
sangue
Alimento Ômega-3
Atum em conserva de água e sal (85g) 0,23 g
Óleo de canola (1 colher de sopa / 15mL) 1,27 g
Salmão defumado (1 filé médio / 85g) 0,50 g
Óleo de salmão / óleo de peixe (1 colher de sopa / 15mL) 4,39 g
Filé de truta (1 filé médio / 85g) 1,05 g
Camarão cozido (85g) 1,11 g
Carne de siri (85g) 0,34 g
Arenque cozido (1 filé médio / 85g) 1,52 g
Óleo de arenque (1 colher de sopa / 15mL) 1,52 g
Fonte: PENNINGTON, J. A. T. Bowes & Church’s Food Values Portions Commonly Used.
Philadelphia: Lippincott-Raven Publishers, 1998.
18
R COO- H COO-
H H R H
Os ácidos graxos também podem ser classificados de acordo com a sua configuração em
“cis” ou “trans”, isto é, a posição do átomo de hidrogênio em torno da dupla ligação. Esta
classificação é importante, pois a configuração dos ácidos graxos altera suas características e,
conseqüentemente, suas funções no organismo. Um ácido graxo cis apresenta ambos átomos de
hidrogênio paralelos em relação à dupla ligação; os ácidos graxos trans, por sua vez, apresentam
os átomos de hidrogênio em posições opostas em relação à dupla ligação. A configuração cis é
comumente encontrada na natureza, enquanto que a configuração trans é rara.
Atualmente, os ácidos graxos trans estão sendo cada vez mais encontrados na
alimentação como decorrência do processo tecnológico de hidrogenação.
A saturação da molécula com hidrogênio resulta em um lipídeo mais sólido em temperatura
ambiente, com características semelhantes a gordura naturalmente saturada. Além disso, a
menor proporção de valências livres na molécula diminui a possibilidade de ligação oportuna de
oxigênio à estrutura, prevenindo sua oxidação. O exemplo mais comum de gordura hidrogenada é
a margarina oriunda do óleo de milho. Outros exemplos incluem os alimentos processados como
os bolos prontos, tortas e biscoitos.
Os ácidos graxos trans apresentam praticamente os mesmos efeitos adversos
para as lipoproteínas séricas que os ácidos graxos saturados, isto é, diminuem a
concentração das lipoproteínas de alta densidade (HDL colesterol) que são o “bom-
colesterol” e estão, ainda, relacionadas ao aumento das lipoproteínas de baixa
densidade (LDL colesterol ou “mau-colesterol”).
amendoim
Chocolate com 29 Vitela assada 26
amêndoas
Fonte: PENNINGTON, J. A. T. Bowes & Church’s Food Values od Portions Commonly Used.
Philadelphia: Lippincott-Raven Publishers, 1998.
ÁGUA
Nutriente mais abundante do organismo.
Constitui cerca de 50 a 70% do peso corporal.
FUNÇÕES:
➢ Regulação da temperatura corporal.
➢ Lubrificação das articulações.
➢ Meio onde se processam todas as reações químicas.
➢ Participação na digestão, absorção, circulação e excreção
ATIVIDADE FÍSICA: qualquer movimento corporal produzido pelos músculos e que resulta em
um gasto de energia maior que os níveis de repouso (Guedes & Guedes, 1998).
Calor
Temperatura corporal
Transpiração
(poderá ocorrer ou não)
Perda de água e sais minerai
(se for intensa e não acompanhada de hidratação adequada)
DESIDRATAÇÃO
MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO
Taxa de sudorese:
• 300mL/h – esforço leve
• 4L/h – climas quentes
• temperatura da bebida
A temperatura da bebida deve estar ajustada a preferência de cada atleta. Bebidas geladas
podem oferecer alguma vantagem em exercícios realizados no calor. E, quando o exercício é
realizado em temperaturas frias, bebidas menos geladas podem oferecer benefíci os fisiológicos
(Brouns, 1998, Maughan, 1991).
• volume ingerido
O maior volume no estômago tolerável durante o exercício é de 400-600ml, portanto
recomenda-se que volumes menores sejam ingeridos para evitar o mal-estar.
“Os atletas não devem depender da sede para ditar a reposição hídrica durante o exercícios
prolongados, pois a sede já é um indicativo de desidratação”
RECOMENDAÇÕES PRÉ-EXERCÍCIO
2 horas antes:
• 250-500mL de líquido (ACSM, 1996; Murray, 1998)
• 400-600mL de líquido (ADA, 2000)
Objetivo: garantir a adequada hidratação e permitir tempo sufuciente para excreção do excesso
Recomendação:
• 600-1000mL/hora divididos em pequeno volumes e intervalos regulares: 150-250mL a cada
15-20 minutos (ACSM, 1996);
• 150-350mL a cada 15-20 minutos (ADA, 2000)
Objetivo: minimizar os riscos de comprometimento da termorregulação e da performance
As perdas hídricas podem chegar a 2-3 litros/hora, mas apenas 20-30mL são
absorvidos/minuto. Além disso, evita-se o retardo no esvaziamento gástrico, que poderia ocorrer
mediante o consumo de grandes volumes de líquidos de uma só vez.
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RECOMENDAÇÃO PÓS-EXERCÍCIO
450-675mL para cada 0,5kg (1 pound) perdido durante o exercício (ADA, 2000). Conclusão: em
torno de 1 litro de líquido para cada kg de peso perdido
VITAMINAS
B3 (Niacina) Vísceras, carnes, aves, peixes Atua como coenzima (NAD e NADP) 13 a
Cereais integrais 18mg
B6 (Piridoxina) Carnes, vísceras Participa do metabolismo das 1,6mg
Batatas proteínas
Vegetais verdes
Grãos integrais
B12 Carnes Atua na síntese de Hemoglobina 2mcg
(Cianocoba- Ovos
lamina) Produtos lácteos
Ácido Fólico Leveduras Atua como coenzima do metabolismo 180 a
Vegetais folhosos verde-escuro protéico 200mcg
Leguminosas Importante para a formação das
Amendoim, castanhas hemáceas
Cereais integrais
Vitamina C Frutas cítricas Fortalece o sistema imunológico
(Ácido Tomate Importante na síntese do colágeno
Ascórbico) Pimentão Aumenta a absorção de ferro
Vegetais verde-escuros
Batata
Repolho
Adaptado: GHORAYES, N. & BARROS, T. O exercício. Ed. Atheneu, 1999
MINERAIS
MICROMINERAIS
Ferro, zinco, cobre, iodo, flúor, cromo, selênio, cobalto, manganês, molibdênio
Taxa Metabólica Basal (TMB) – reflete a produção de calor pelo organismo, sendo determinada
indiretamente medindo-se a captação de oxigênio em condições bastante rigorosas: as
mensurações são feitas no estado pós-absortivo (não se ingere alimento algum por pelo menos 12
horas antes do teste), a atividade física também é restrita antes do teste para TMB e o indivíduo
repousa em decúbito dorsal em um meio ambiente termoneutro (25 a 26ºC) confortável por
aproximadamente 30 minutos, quando então a captação de oxigênio é medida por 10 minutos
(McArdle, Katch, Katch, 1998). A TMB representa a demanda energética mínima necessária à
manutenção da vida (Guedes & Guedes, 1998).
Efeito Térmico dos Alimentos (ETA) – é qualquer mudança no gasto energético induzido pela
dieta. A maior elevação na taxa metabólica é atingida após 1 hora da refeição e dura
aproximadamente 4 horas. Muitos fatores influenciam o efeito térmico do alimento: o tamanho da
refeição e sua composição, a palatabilidade do alimento, a hora da refeição, bem como a
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constituição genética do indivíduo, idade, forma física e sensibilidade à insulina (Walder & Ravussin,
1998). A ETA representa de 10% do GEDT (Guedes & Guedes, 1998; McArdle, Katch, Katch, 1998).
A maioria dos autores utiliza os termos ETA e termogênese induzida pela dieta (TID) como
sinônimos (Ceddia, 2002).
Atividade Física (AF) – produz um variável aumento na TMR, provavelmente por promover
ativação do Sistema Nervoso Simpático (SNS), com conseqüente liberação de catecolaminas, e/ou
por induzir a uma maior Massa Corporal Magra (MCM), no caso específico do exercício de força. O
gasto energético induzido pelo exercício dependerá do tipo, intensidade e duração do mesmo, além
do nível de treinamento do indivíduo (segundo Phillips et al. (1996) indivíduos bem condicionados
liberam menos catecolaminas) (Ceddia, 2002). A atividade física considerada suave resulta em um
aumento na taxa metabólica em torno de 30% sobre o basal, atividades consideradas moderadas
resultam em um incremento variando entre 40 e 80% e atividades físicas muito intensas aumentam
a taxa metabólica em mais de 100% (Marchini et al., 1998). A atividade física representa de 13 a
30% do GEDT (McArdle, Katch, Katch, 1998).
Além dos principais componentes do Gasto Energético, existem alguns fatores que podem
afetar o GEDT. O conhecimento dos mesmos torna as estimativas muito mais precisas.
Idade – O GEDT varia com a quantidade de tecido metabolicamente ativo do corpo, com a
proporção relativa de cada tecido no corpo, e com a contribuição de cada tecido no metabolismo
total; todos esses variam com a idade. Mudanças na composição corporal de crianças, adultos e
pessoas idosas devem ser levadas em consideração quando calculamos os requerimentos de
energia para um grupo de população específica. Em indivíduos adultos, com o passar dos anos, em
razão de a quantidade de células metabolicamente ativas diminuir, verifica-se que, em ambos os
sexos, o metabolismo de repouso reduz entre 2 e 5% a cada década de vida (Guedes & Guedes,
1998).
Composição Corporal – indivíduos com dimensões corporais grandes (ou pequenos) requerem
proporcionalmente mais (ou menos) energia total por unidade de tempo para atividades como
caminhar, que envolvem movimentos de massa pela distância. Indivíduos com maior massa
muscular, em comparação ao percentual de gordura, apresentam um maior GEDT (Guedes &
Guedes, 1998; Williams, 1996). Entretanto, segundo Ceddia (2002) os músculos ocupam,
aproximadamente, 40% da massa corporal total, mas possuem uma taxa metabólica baixa em
repouso contribuindo com em torno de 20 a 25% da TMR. Além disso, a maioria das equações
27
disponíveis utiliza a massa corporal total, sem diferenciar massa gorda e livre de gordura (Tabela
1).
Tabela 1 – Contribuição dos diferentes órgãos e tecidos para a massa corporal e a TMR
Órgão / Tecido Peso do órgão ou Taxa metabólica Taxa Metabólica
tecido do órgão (% do total)
(% massa corporal (kcal/kg/dia)
total)
Homem Mulher Homem Mulher
Fígado 2,57 2,41 200 21 21
Cérebro 2 2,07 240 20 21
Coração 0,47 0,41 440 9 8
Rim 0,44 0,47 440 8 9
Músculo 40,0 29,31 13 22 16
Esquelético
Tecido Adiposo 21,43 32,75 4,5 4 6
Outros órgãos 33,09 32,58 12 16 19
(ossos, pele,
intestino,
glândulas, etc.)
Total 100 100 100 100
(1680kcal/dia) (1340kcal/dia)
Fonte: Ceddia, 2002
Estresse – ele aumenta a atividade do Sistema Nervoso Simpático, o qual aumenta a TBM
(Wilmore & Costill, 2001).
EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO
Quando não é possível avaliar o gasto energético por técnicas mais sofisticadas, como a
calorimetria indireta e a técnica de água duplamente marcada, as estimativas das necessidades de
energia são realizadas através de equações de predição.
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Ex.: Para um indivíduo de 20 anos, sexo masculino, pesando 70 e com 180cm de altura, sua TMR
seria de:
66,5 + (13,8 x 70) + (5 x 180) – (6,8 x 20) =
66,5 + 966 + 900 – 136 = 1796,5 kcal
Ex.: Para um indivíduo de 20 anos, sexo masculino, pesando 70, sua TMR seria de:
0,063 x 70 + 2,896 x 239 =
7,306 x 239 = 1746,13 kcal
Ex.: Para um indivíduo de 20 anos, sexo masculino, pesando 70, sua TMR seria de:
15,3 X 70 + 679 =
1071 + 679 = 1750 kcal
Ex.: Para um indivíduo de 20 anos, sexo masculino, pesando 70, sua TMR seria de:
0,056 x 70 + 2,800 x 239
6,72 x 239 = 1606,08 kcal
Ex. Para um homem pesando 70kg com 21% de gordura corporal, sua Massa Livre de Gordura
(MLG) seria estimada em 55,3 kg e, com isso, seu GEDR seria de:
370 + 21,6 (55,3) =
370 + 1194,48 = 1564,48 kcal
Se este mesmo indivíduo tivesse 11% de gordura, sua MLG seria estimada em 62,3 kg e, com isso,
seu GEDR seria de:
370 + 21,6 (62,3) =
370 + 1345,68 = 1715,68 kcal
(*) – Mello, D. B.; Dantas, E. H. M.; Novaes, J. S.; Albergaria, M. B. Alterações fisiológicas no
ciclismo indoor. Revista Fitness & Performance Journal, v. 02, n. 01, p. 30-40, 2002
Ex.: Para um indivíduo que pesa 70kg e pratica 30 minutos de musculação com uma intensidade
média, ele terá o seguinte gasto energético:
MET da atividade física realizada x peso do praticante (kg) x tempo de prática (h) =
4,5 (MET referente à musculação média) x 70 x 0,5 (equivalente à meia hora) = 157,5 kcal
Ex.: Para um indivíduo pesando 70Kg que treina musculação durante 30 minutos, ele terá o
seguinte gasto energético: volume (mL) de O2 captado na atividade física realizada x peso do
praticante (kg) x tempo de prática (min) = 28mL (O2 captado na musculação) x 70 x 30min =
1960mL x 30min = 1,96L x 30min =
58,8LO2 x 5Kcal = 294Kcal
Ex.: Para um indivíduo pesando 70Kg que treina musculação durante 30 minutos, ele terá o
seguinte gasto energético: Sempre para indivíduos pesando 70 kg: calorias gastas com a atividade
física realizada x tempo de prática (min) = 10 (kcal gastas com a musculação) x 30 = 300 Kcal
Atividade Kcal/kg/min
Basquete 0,138
Boxe, no ringue 0,222
Boxe, no treinamento 0,138
Caminhada, estrada de asfalto 0,080
Caminhada, campos e colinas 0,082
Caminhada, pista de grama 0,081
Escalada de montanhas, sem carregar carga 0,121
Escalada, com carga de 5kg 0,129
Escalda, com carga de 10kg 0,140
Escalda, com carga de 20kg 0,147
Caratê 0,202
Ciclismo, 8,8 km/h 0,064
Ciclismo, 15 km/h 0,100
Corrida 0,163
Dança de salão 0,051
Futebol 0,138
Ginástica 0,066
Handebol 0,146
Judô 0,195
Marcha rápida 0,142
Marchando a 3,2 km/h 0,051
Marchando a 4,0 km/h 0,063
Marchando a 4,8 km/h 0,076
Marchando a 5,6 km/h 0,085
Marchando a 6,4 km/h 0,097
Mergulhar, mobilidade considerável 0,276
Mergulhar, mobilidade moderada 0,206
Nadando com tubo de respiração 0,091
Natação, nado de costas 0,169
Natação, nado de peito 0,162
Natação, nado crawl, braçadas rápidas 0,156
Natação, nado crawl, braçadas lentas 0,128
Natação, nado com braçadas laterais 0,122
Squash 0,212
Surfando 0,082
Tênis de mesa 0,068
33
Ex.: Para um indivíduo pesando 70kg que pratica diariamente 60 minutos de Judô, ele terá o
seguinte gasto energético:calorias gastas com a atividade física realizada x peso do praticante (kg)
x tempo de prática (min) = 0,195 (kcal gastas com o Judô) x 70 x 60 = 819 Kcal
Atividade Kcal/kg/h
Ciclismo 16 km/h 5,9
Dança de salão 3,5
Montar a cavalo 7,7
Caminhada nas montanhas 7,9
Cavalgada, trote 6,2
Corrida, 10 km/h 9,3
Pular corda 8,4
Remo 6,8
Mergulho 8,4
Patinação no gelo 5,7
Squash 9,4
Natação, crawl lento 7,7
Futebol 8,2
Tênis de mesa 4,2
Tênis, simples 6,4
Tênis, duplas 4,0
Voleibol 4,9
Caminhada, 3,5 mph 5,3
Musculação 4,2
Ex.: Para um indivíduo pesando 70kg que pratica 30 minutos de musculação, ele terá o seguinte
gasto energético:calorias gastas com a atividade física realizada x peso do praticante (kg) x tempo
de prática (h) =
4,2 (kcal gastas com a musculação) x 70 x 0,5 (equivalente à meia hora) = 147 Kcal
Em geral podemos observar que para um adequado ganho de massa muscular, os indivíduos
deveriam aumentar o consumo de proteínas e carboidratos, aumentando, desta forma, o consumo
das calorias totais. Porém, para que não haja um aumento simultâneo do percentual de gordura
com o elevado consumo das calorias totais, sugere-se um acréscimo calórico criterioso.
Segundo Williams (1999) para a síntese de 1 grama de proteína por semana seriam
necessárias de 5 a 8 kcal adicionais. Dessa forma, para o ganho de 454 gramas (1 pound) de
massa muscular por semana seriam necessárias de 2270 a 3632 kcal adicionais. Dividindo-se estes
valores por 7 dias, teríamos que consumir, aproximadamente, de 300-500 kcal adicionais por dia
para atingirmos um ganho de 2kg de massa magra por mês.
34
Restrição calórica
Para redução do percentual de gordura deve-se realizar uma restrição calórica de acordo
com a perda de gordura almejada. Segundo Williams (1999) a perda de peso saudável seria de
500g a 1kg/semana. Para isso, a restrição calórica seria de 500 a 1000 Kcal/dia. Segundo o
autor, restrições calóricas mais severas poderiam comprometer os processos de recuperação pós-
exercício e os níveis de energia.
Outra maneira para estimar a restrição calórica, seria através de uma estimativa baseada
no rendimento energético de 1kg de tecido adiposo.
Segundo Bender & Bender (1997), 1 kg de tecido adiposo equivale a 7500 kcal.
Desta maneira, para perda, por exemplo, de 4 kg de tecido adiposo seria necessária uma restrição
calórica de 30000 kcal (rendimento energético de 1kg de tecido adiposo (7500 kcal) x peso em
gordura que se deseja perder (ex. 4kg)). Se esta perda for idealizada para 1 mês, teria que ser
feita uma restrição de 1000 kcal/dia (restrição calórica calculada em função da perda de tecido
adiposo almejada (ex. 30000) tempo estimado para que se consiga atingir o objetivo (ex. 30)).
IMC = P/A2
Limitações do IMC:
• não leva em consideração a composição corporal (massa gorda x massa magra)
35
A Massa Corporal Magra será determinada a partir do peso e do percentual de gordura da seguinte
maneira:
MONTANHISTAS
Déficit calórico: de 430 a 480 kcal/dia, em homens, e 360 a 380 kcal/dia, em mulheres
(Butterfield, 1999). O que gera a perda de, aproximadamente, 400g/semana.
Adicional de energia: segundo Westerterp et al. (1994) deveriam ser acrescidas de 800 a 1200
kcal/dia, porém em função das dificuldades de se atingir as necessidades energéticas adequadas,
sugere-se um acréscimo de 200 a 400 Kcal/dia.
O aumento das necessidades energéticas deve-se ao aumento da Taxa Metabólica Basal,
entretanto este aumento pode ser minimizado através de uma adequada ingestão energética:
• Butterfield et al. (1992) - 17% da TMB em homens alimentados vs. Kellogg et al. (1957) -
28% da TMB em homens alimentados “ad libitum”.
• Mawson et al. (2000) - 6,9% da TMB em mulheres bem alimentadas vs. Hannon & Sudman
(1973) - 28% da TMB em mulheres alimentadas “ad libitum”.
Carboidratos: Lawless et al. (1999) observaram que o consumo de carboidratos pode melhorar a
tolerância à altitude por aumentar a oxigenação arterial nos primeiros 60 minutos após o consumo
de carboidratos.
Proteínas: segundo Rennie et al. (1983) a hipóxia e o déficit energético pode influenciar o
metabolismo dos aminoácidos, resultando em uma redução de 50% na síntese protéica.
Gorduras: alimentos densos em energia (ex. castanhas) seriam úteis, mas as gorduras requerem
mais oxigênio para serem metabolisadas do que os carboidratos.
FUTEBOL
Maior problema: baixos níveis de glicogênio muscular devido a hábitos alimentares e ao número
excessivos de jogos e treinos (Kirkendall, 1993).
Durante a simulação de uma partida de futebol, Shepard & Leate (1987) observaram uma
depleção de 50% do glicogênio muscular ao final da partida.
Hidratação: é comum observar-se temperaturas corporais acima de 39oC após as partidas (Elias
et al., 1991; Sanz-Rico et al., 1996). O desempenho pode diminuir em 30%, com a perda de 5 a
6% do peso corporal (Broad et al., 1996; Maughan & Leiper, 1994).
Sugestão: uso de Repositores Hidroeletrolíticos.
Segundo Hawley (1994) jogadores que ingerem bebidas contendo carboidratos utilizam
31% menos glicogênio muscular que o grupo placebo. Leate (1989) verificou que jogadores que
ingeriram bebida contendo glicose percorreram uma distância 25% maior do que os que ingeriram
placebo.
MARATONA
Energia:
• 45 kcal/kg/dia, treinamento mínimo de 1,5h/dia (Hawley & Burke, 1998);
• 37 a 40 kcal/kg/dia, treinamento de 11h/semana (Bernadot, 1999).
Pós exercício: a relação proteína:carboidrato deve ser 1:3 para melhor ressíntese de glicogênio e
regeneração muscular (Rosenbloom, 2000).
Hidratação: durante uma maratona chega-se a perder, em média, 6,0% do peso corporal
redução média de 3,84kg, uma vez que a hidratação costuma ser insuficiente (0,42L/hora) (Plug et
al., 1967; Buskerk & Beetham, 1960).
TRIATHLON
Proteínas: 1,2 a 1,4g/kg/dia (Williams, 1999, ADA, 2000) = requerimentos para atividades de
endurance.
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