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Apostila Curso de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos

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PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

YOUNG ENERGY

Energia Solar Fotovoltaica

Porto Alegre, Maio de 2018


YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Objetivos
A apostila tem o objetivo de, junto ao curso de energia solar fotovoltaica, apresentar
aos participantes as informações e os dados básicos, as curiosidades, o histórico, o
presente e o futuro do setor. Além disso, é estudado a parte de legislação,
dimensionamento, instalação, funcionamento e viabilidade financeira para sistemas
fotovoltaicos conectados à rede.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Sumário
1. Motivação da Utilização da Energia Solar ............................................................................. 4
2. História do Efeito Fotovoltaico.............................................................................................. 5
3. Energia Solar Mundo e Brasil .............................................................................................. 10
4. Definições ............................................................................................................................ 17
5. Regulamentação da micro e minigeração distribuída no Brasil .......................................... 21
6. Células Fotovoltaicas ........................................................................................................... 27
7. Sistemas Fotovoltaicos ........................................................................................................ 36
8. Definições de Consumidores de Energia Elétrica ................................................................ 44
9. Leitura das fichas de equipamentos ................................................................................... 47
10. Recurso Solar ................................................................................................................... 51
11. Dimensionamento de um Sistema Fotovoltaico ............................................................. 59
12. Funcionamento do Sistema Fotovoltaico........................................................................ 72
13. Viabilidade Financeira ..................................................................................................... 80
14. Ações Brasil x Mundo – Energia Solar ............................................................................. 83
15. Manutenção de Sistemas Fotovoltaicos ......................................................................... 84
16. Documentos – Projeto Sistema Fotovoltaico .................................................................. 85
17. Cases – Sistemas Fotovoltaicos em Funcionamento....................................................... 91
18. Exercícios Propostos........................................................................................................ 94
19. Referências ...................................................................................................................... 99

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

1. Motivação da Utilização da Energia Solar

A autossuficiência energética é questão de suma importância em nível mundial, sem


preterir a obtenção de uma matriz elétrica composta por fontes que não agridem o
meio ambiente. Apesar do Brasil possuir cerca de 80% de sua energia elétrica
produzida por fontes renováveis (BEN, 2017), grande parte é obtida por apenas uma
via. A Figura abaixo ilustra a matriz elétrica brasileira, a qual é baseada na
hidroeletricidade e fortalecida pelas usinas térmicas. Nos últimos anos, o crescimento
populacional, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias, resultou em um
aumento da demanda de energia elétrica que, somado às alterações climáticas tem
colocado em questão a confiabilidade dos modelos de geração e distribuição utilizados
no Brasil.
Distribuição da Matriz Elétrica Nacional

Fonte: BEN, 2017.


Esse cenário evidencia a centralização da produção e, devido à grande participação
da energia hidráulica na matriz elétrica, o Brasil enfrenta problemas para entregar
energia com qualidade, bom preço e segurança em períodos de escassez
pluviométrica. Paralelo à atual dificuldade de suprir a demanda energética está o
potencial brasileiro em geração de energia fotovoltaica, acrescido da regulamentação
da mini e microgeração distribuída, via Resolução Normativa 687/2015 da ANEEL, que
estabelece as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos
sistemas de distribuição de energia a fim de obter compensação de energia elétrica.
Sendo assim, é permitida a troca de energia entre o usuário e a rede, ou seja, quando
a unidade consumidora gera mais energia que consome são criados créditos que
podem ser utilizados para reduzir o valor da fatura. A Resolução Normativa (REN)

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sofreu alterações ao longo dos anos com o objetivo de aprimorar e difundir o sistema
de compensação de energia elétrica. A ultima alteração da REN nº 482/2012 é a REN
nº 687 de 24 de novembro de 2015, que dentre as diversas mudanças efetuadas
promove a permissão da geração distribuída para sistemas condominiais, a ampliação
da validade dos créditos de energia elétrica para 60 meses e a redução dos prazos de
tramitação dos pedidos junto às distribuidoras.
Dentre as fontes energéticas que são caracterizadas como geração distribuída pela
ANEEL, a energia solar fotovoltaica é a que tem obtido maior número de adesões.
Assim, além da diversificação da matriz elétrica do país, que proporciona maior
independência dos recursos hídricos e torna o sistema mais robusto, a implementação
da geração distribuída reduz a necessidade de investimentos na área de transmissão,
já que a energia é gerada próxima ao centro de consumo. A partir dos motivos já
mencionados, com ênfase na regulamentação da compensação de energia elétrica, a
inserção de arranjos fotovoltaicos conectados à rede faz-se favorável.
Além disso, o custo das energias renováveis, que sempre foi uma barreira para a
utilização das mesmas em grande escala, vem caindo significativamente ao longo dos
anos, tanto com o avanço da tecnologia quanto com o aumento dos incentivos
governamentais. Porém, o investimento em energias renováveis vai além do retorno
financeiro obtido através da geração de energia. Um estudo realizado pela
Universidade da Califórnia em Berkeley, EUA, analisa o impacto da redução de
emissão de gases poluentes durante 8 anos.
A análise é feita entre os anos de 2007 e 2015 e mede a quantidade de dióxido
sulfúrico (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), partículas poluentes (PM2.5) e gás
carbônico (CO2) que deixou de ser lançada na atmosfera graças a substituição de
algumas produções de energia convencionais por solar e eólica. Estima-se que o valor
de US$ 87 bilhões foi economizado pelo governo americano durante o período da
análise. Para o estudo foram levados em conta a diminuição de mortes prematuras
devido à poluição atmosférica, gastos com politicas ambientais e saúde pública.

2. História do Efeito Fotovoltaico

 Descoberta

O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Edmond Becquerel
que verificou que placas metálicas, de platina ou prata, quando mergulhadas em um
eletrólito, produziam uma pequena diferença de potencial quando expostas à luz.

Mais tarde, em 1877, dois inventores norte americanos, W. G. Adams e R. E. Day,


utilizaram as propriedades fotocondutoras do selénio para desenvolver o primeiro
dispositivo sólido de produção de eletricidade por exposição à luz.

Tratava-se de um filme de selênio depositado em um substrato de ferro e com um


segundo filme de ouro, semitransparente, que servia de contato frontal. Apesar da
baixa eficiência de conversão, da ordem de 0,5%, nos finais do século XIX o

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engenheiro alemão Werner Siemens (fundador da empresa que carrega o próprio


nome) comercializou células de selênio como fotômetros para máquinas fotográficas.

A história da energia fotovoltaica teve de esperar os grandes desenvolvimentos


científicos da primeira metade do século XX, como a explicação do efeito fotoelétrico
por Albert Einstein em 1905, o advento da mecânica quântica e, em particular, a teoria
de bandas e a física dos semicondutores, assim como as técnicas de purificação e
dopagem associadas ao desenvolvimento do transistor de silício: sem a ciência
moderna, seria impensável o nascimento da energia solar elétrica. As descobertas
acidentais e o desenvolvimento empírico nunca nos teriam levado a ultrapassar o
limiar de eficiência que a tornou viável.

 O nascimento: a primeira célula solar moderna

A história da primeira célula solar começou em Março de 1953 quando Calvin Fuller,
um químico dos Bell Laboratories (Bell Labs), em Murray Hill, New Jersey, nos
Estados Unidos da América, desenvolveu um processo de difusão para introduzir
impurezas em cristais de silício, de modo a controlar as suas propriedades elétricas
(um processo chamado “dopagem”). Fuller produziu uma barra de silício dopado com
uma pequena concentração de gálio, que o torna condutor, sendo as cargas móveis
positivas (e por isso é chamado silício do “tipo p”). Seguindo as instruções de Fuller, o
físico Gerald Pearson, seu colega no Bell Labs, mergulhou esta barra de silício dopado
em um banho quente de lítio, criando na superfície da barra uma zona com excesso
de elétrons livres, portadores com carga negativa (e por isso chamado silício do “tipo
n”). Na região onde o silício “tipo n” fica em contato com o silício “tipo p”, a “junção p-
n”, surge um campo elétrico permanente.

Ao caracterizar eletricamente esta amostra, Pearson verificou que era possível a


produção de corrente elétrica quando a amostra era exposta à luz. Pearson tinha
acabado de fazer a primeira célula solar de silício. Morton Prince, outro físico do Bell
Labs, conta em uma entrevista como Pearson ficou surpreendido com a descoberta e
o chamou ao laboratório para que testemunhasse as medidas, assinando o seu
caderno de laboratório.

Entusiasmado, Pearson foi ter com o engenheiro Daryl Chapin, também seu colega no
Bell Labs, que estudava soluções para substituir as baterias elétricas que mantinham
em funcionamento redes telefônicas remotas. Chapin ensaiara células solares de
selénio, conhecidas há muito, mas com resultados decepcionantes: a eficiência
máxima que conseguira era bem inferior a 1%. Ensaiando a nova célula, Chapin e
Pearson verificaram que a eficiência de conversão era de cerca de 4%, muitas vezes
maior do que a melhor célula de selênio.

Continuando o estudo da nova célula, rapidamente o grupo encontrou vários


obstáculos. Por um lado a célula revelava uma resistência-série muito significativa,
devida à dificuldade em soldar contatos eléctricos ao material. Por outro lado, mesmo
à temperatura ambiente, verificaram que o lítio migrava para o interior do silício, pelo
que a junção p-n (a “zona ativa” da célula solar) ficava cada vez mais profunda e
inacessível aos fotons da radiação solar, diminuindo, assim, a eficiência da célula.

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Fuller experimentou fazer a dopagem do tipo n usando uma difusão de fósforo, e


obteve uma junção p-n mais estável do que a anterior. Porém, o problema dos
contatos persistia.

Foi então que Fuller substituiu o gálio por arsênio (formando um substrato do tipo n)
seguido por uma difusão de boro (formando uma zona do tipo p à superfície). As
novas células podiam agora ser facilmente soldadas e revelaram uma eficiência
recorde, atingindo 6%.

Perante estes resultados, e depois de o Pentágono ter autorizado a sua publicação, a


primeira célula solar foi apresentada na reunião anual da National Academy of
Sciences, em Washington, e anunciada numa conferência de imprensa no dia 25 de
Abril de 1954.

A primeira bateria solar da Bell em Americus, Geórgia.

 Primeiras Utilizações

Inicialmente, os satélites usavam pilhas químicas ou baseadas em isótopos


radioativos. As células solares eram consideradas uma curiosidade, e foi com grande
relutância que a NASA aceitou incorporá-las, como back-up de uma pilha
convencional, no Vanguard I, lançado em Março de 1958. A pilha química falhou, mas
o pequeno painel com cerca de 100 cm², que produzia quase 0,1 W, manteve o
transmissor de 5 mW em funcionamento, desempenho considerado muito além de

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todas as expectativas: o Vanguard I manteve-se operacional durante oito anos. Depois


desta demonstração de viabilidade, durabilidade e baixo peso, o programa espacial
norte-americano adoptou as células solares como fonte de energia dos seus satélites.

Além disso, o programa espacial soviético viu nas células solares a solução para uma
fonte de energia inesgotável para os seus satélites. Dois meses depois do lançamento
do Vanguard I, foi a vez do Sputnik-3. E muitos outros se seguiram nas décadas
seguintes. Hoje, todos os veículos espaciais são equipados com células solares,
desde a International Space Station ao Mars Rover, que durante anos percorrem o
solo marciano.

O desenvolvimento de células solares cada vez mais eficientes para utilização no


espaço levou a alguns avanços tecnológicos importantes na década que se seguiu. É
o caso da substituição, a partir de 1960, do contato frontal único por uma rede de
contatos mais finos e espalhados, reduzindo a resistência série e aumentando a
eficiência.

Enquanto nas primeiras células solares norte-americanas o substrato das células era
silício do tipo n, os investigadores do programa espacial soviético escolheram
substratos do tipo p, por ser mais econômico de produzir. Mais tarde, verificou-se que
o silício do tipo p é mais resistente à radiação pelo que, depois da descoberta das
cinturas de radiação de Van Allen, em 1960, o programa espacial norte americano
começou também a desenvolver células em substrato do tipo p.

Outro avanço importante foi a chamada “célula violeta”, dos COMSAT Laboratories.
Esta célula tinha uma zona tipo n significativamente mais fina que as anteriores, a qual
permitiu eliminar a zona inativa à superfície, melhorando a resposta no azul. A célula
violeta obteve uma eficiência recorde de 13,5%. Destaca-se ainda a utilização de um
campo elétrico na superfície posterior da célula (o Back Surface Field - BSF) criado
por uma difusão de alumínio, para melhorar a resposta da célula no vermelho, e a
texturização da superfície frontal para reduzir as perdas por reflexão.

Mas, se o desenvolvimento das células solares nos anos sessenta foi principalmente
motivado pela corrida ao espaço, que levou a células mais eficientes mas não
necessariamente mais econômicas, foi nessa década que surgiram as primeiras
aplicações terrestres. Foi o caso das células da SOLAREX, uma empresa de Jospeh
Lindmeyer, que começou a produzir painéis fotovoltaicos para sistemas de
telecomunicações remotos e boias de navegação. Este tipo de aplicações muito
específicas eram as únicas economicamente interessantes devido à inexistência de
fontes de energia alternativas à eletricidade solar. Esta situação viria a mudar de figura
quando, no outono de 1973, o preço do petróleo quadruplicou.

O pânico criado pela crise petrolífera de 1973 levou a um súbito investimento em


programas de investigação para reduzir o custo de produção das células solares.
Algumas das tecnologias financiadas por estes programas revolucionaram as ideias
sobre o processamento das células solares. É o caso da utilização de novos materiais,
em particular o silício multicristalino (em vez de cristais únicos de silício, monocristais,
muito mais caros de produzir) ou de métodos de produção de silício diretamente em

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fita (eliminando o processo de corte dos lingotes de silício, e todos os custos


associados). Outra inovação particularmente importante do ponto de vista de redução
de custo foi a deposição de contatos por serigrafia em vez das técnicas tradicionais: a
fotolitografia e a deposição por evaporação em vácuo. O resultado de todos estes
avanços foi a redução do custo da eletricidade solar de 80 $/Wp para cerca de 12
$/Wp em menos de uma década.

Do ponto de vista da eficiência de conversão das células solares, a barreira dos 20%
de eficiência foi pela primeira vez ultrapassada pelas células de silício monocristalino
da Universidade de New South Wales, na Austrália, enquanto a equipe de Dick
Swanson atingiu os 25% de eficiência em células com concentrador.

 Consolidação da tecnologia

As décadas de oitenta e noventa foram também marcadas por um maior investimento


em programas de financiamento e de demonstração motivados principalmente pela
consciência crescente da ameaça das alterações climáticas devido à queima de
combustíveis fósseis. Exemplos destas iniciativas são a instalação da primeira central
solar de grande dimensão (1 MWp) na Califórnia, em 1982, e o lançamento dos
programas de “telhados solares” na Alemanha (1990) e no Japão (1993). Os poderes
políticos compreenderam que a criação de um verdadeiro mercado fotovoltaico não
poderia basear-se apenas no desenvolvimento tecnológico, aumentando a eficiência
das células (como na época da corrida ao espaço), ou reduzindo o seu custo de
produção (como depois da crise do petróleo), mas também através de uma economia
de escala: quanto mais células fossem fabricadas, menor seria o custo unitário. Um
exemplo do impacto deste tipo de política fica bem claro quando se consultam as
conclusões de um estudo financiado pela Comissão Europeia, o MUSIC FM, que
mostrou que, utilizando tecnologia atual, melhorada apenas por investigação focada
com resultados previsíveis, uma fábrica de painéis solares com um nível de produção
da ordem dos 500 MW anuais levaria a uma redução dos custos dos painéis solares
para valores competitivos com a energia convencional (1 euro/Wp).

Foi do resultado de iniciativas de estímulo ao mercado fotovoltaico, como a lei das


tarifas garantidas na Alemanha, que acarretou o crescimento exponencial do mercado
da eletricidade solar, verificado no final dos anos noventa e princípios deste século:
em 1999 o total acumulado de painéis solares atingia o primeiro gigawatt, para, três
anos depois, o total acumulado ser duplicar.

Entretanto, o desenvolvimento tecnológico do fotovoltaico não parou. Assim, em 1998


foi atingida a eficiência recorde de 24,7%, com células em silício monocristalino,
enquanto, no ano passado, o grupo do Fraunhofer Institut for Solar Energy Systems
anunciou uma eficiência superior a 20% para células em silício multicristalino. Células
solares com configurações mais complexas, as chamadas células em cascata, que
consistem na sobreposição de várias células semicondutoras, cada uma otimizada
para um dado comprimento de onda de radiação, permitem atingir rendimentos de
conversão superiores a 34%.

Breve resumo da história da tecnologia fotovoltaica:

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 1839 – Descoberta do efeito fotovoltaico em eletrólitos (Becquerel)


 1876 – Descoberta do efeito fotovoltaico em semicondutores (Adams)
 1930 – Teoria do efeito fotovoltaico (Shottky)
 1954 – Pearson, Fuller e chapin – Primeira célula fotovoltaica prática (mono-
Silício)
 1958 – Vanguard I – Células utilizadas em satélites
 Década 60 – aplicações espaciais
 Década 70 – Desenvolvimentos importantes, incluindo célula poli-Silício
(Lindmeyer et al.)
 Década 80 – centrais fotovoltaicas piloto de médio porte na Europa e EUA
(dezenas a centenas de kWp)
 Década 90 – utilização de tecnologia FV para eletrificação rural (países em
desenvolvimento)

3. Energia Solar Mundo e Brasil

 Mundo

Em 2015, o mundo contava com uma potência instalada solar de 234 GW, sendo 229
GW de FV e 5 GW de CSP (Concentrating Solar Power). A geração total foi de 253
TWh, resultando num fator de capacidade médio de 13,9%. A itália apresentou o maior
percentual de geração solar em relação à sua geração total, de 9,3%, seguida da
Grécia (7,8%). A Espanha fica com o maior fator de capacidade, de 29,3%, em razão
da presença de mais de 40% de potência instalada de CSP, boa parte com estoque de
calor entre 7 e 8 horas, para gerar nos períodos sem sol. Os cinco primeiros países
em potência instalada respondem por 68% do total mundial. Em 2015, a China (1º) e
os Estados Unidos (2º) superaram a Alemanha na geração. Em 2018, o Brasil deverá
estar entre os 20 países maiores geradores de energia solar, ao se considerar a
operação da potência já contratada, de 2,6 GW. Em termos de área geográfica, os 234
GW de 2015, correspondem a 1.635 km² de painéis solares, ou um quadrado de 40,4
km de lado, considerando 143 W/m² (eficiência de 15% de absorção solar).

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Fonte: MME, 2016.

Na década de 50, os painéis solares convertiam apenas 4,5% da energia solar em


eletricidade, o que correspondia a 13 Wp/m², a um custo de US$ 1.785/Wp. Hoje em
dia, a eficiência média mundial triplicou para 15% (143 Wp/m²), apresentando um
custo 1.370 vezes mais barato, de US$ 1,30/Wp. Em 2015, de acordo com a
Spheralsolar, teve início a oferta de painéis solares com eficiência de conversão de
23,5% (348 Wp/m²). Os painéis FV feitos de células de silício cristalino puro (c-Si),
tecnologia mais empregada atualmente, com uma participação de mais de 95% do
mercado, apresentam rendimentos de 13 a 17%. Outra variante da FV, as células de
película fina são formadas pela deposição de camadas extremamente finas de
materiais semicondutores fotovoltaicos (silício amorfo – a-Si, telureto de cádmio -
CdTe e disselenito de cobre-índio-gálio – CIGS) sobre um material de apoio, tal como
o vidro, aço inoxidável ou plástico. A tecnologia é mais barata, porém, menos eficiente.
A tecnologia CSP – Concentrating Solar Power consiste em concentrar a luz solar em
um receptor, que recolhe e transfere a energia solar para um fluido de transferência de
calor, que pode ser usado para fornecer calor para aplicações de uso final, ou para
gerar eletricidade em motores térmicos, ou via turbinas a vapor convencionais. As
grandes instalações de CSP podem contar com sistemas de armazenamento de calor,
para permitir fornecimento de calor ou de eletricidade durante a noite, ou quando o céu
estiver nublado. As tabelas R6 e R7 correspondem às maiores capacidades instaladas
de energia solar fotovoltaica e de CSP, seguidos da contribuição mundial.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Fonte: REN21, 2016.

A figura abaixo apresenta a produção de energia solar fotovoltaica nos 6 países com
maior contribuição.

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Fonte: IEA, 2016.

Apesar da energia solar ainda apresentar uma pequena participação em termos


absolutos, a energia elétrica provinda de sistemas fotovoltaicos aumentou de 19 GWh
em 1990 para 218.283 GWh em 2016, alcançando o valor de 43.3% de aumento
anual, o crescimento mais rápido dentre as fontes renováveis de energia.

 Brasil

Em 18/07/2016, o Brasil contava com 51,1 MW de potência instalada de geração solar,


correspondentes a 3.851 instalações. Em oito meses o número de instalações triplicou
no Brasil. Em 2015, a ANEEL passou a adotar nova forma de contabilizar as usinas,
separando-as em “outorgadas com registro” e em “distribuídas”, estas últimas com
sistema de informações próprio, e ainda em processo de controle de qualidade dos
dados. A tabela a seguir mostra os resultados após ajustes de não conformidades.

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Fonte: MME, 2016.

Do total de 23 MW de “Outorga e Registro” de 2016, 10 MW (44%) estão em


Pernambuco e são de propriedade da Enel. Em Santa Catarina, constam 4 MW (17%),
sendo 3,1 MW da Tractebel. Na Bahia, constam 2,5 MW (11%). Estes três estados
respondem por 72% da potência mencionada. As maiores instalações em operação
são: 1) Fontes Solar I e II, PE, ( 5 MW cada); 2) Nova Aurora, SC (3,07MW), 3) Sol
Morada Salitre, BA (2,1 MW) e; 4) Central Mineirão, MG (1,4 MW). Na potência
“Distribuída”, de 28,1 MW, 80% das instalações são residenciais, com média de 4,6
kW/consumidor. Indústria, serviços e agro ficam com 20% das instalações e média de
18,7 kW. Considerando um indicador médio de 143 W/m², a potência instalada solar
registrada em julho de 2016, equivale a um quadrado de 600 metros de lado. A
geração estimada é de 67 GWh, ou 0,011% da demanda total de energia elétrica do
Brasil de 2015. Com respeito aos coletores solares para aquecimento de água, as
informações indicam a existência de cerca de 11 a 12 milhões de m² instalados.
Estimativas mostram uma demanda evitada de energia elétrica próxima de 1.200
GWh, pelo uso dos coletores, o que representa 0,2% da demanda total de energia
elétrica de 2015.

A figura abaixo ilustra a capacidade instalada de cada uma das fontes de energia
elétrica brasileira, sem a participação da geração distribuída.

Fonte: BEN, 2017.

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A figura abaixo evidencia a produção de geração distribuída no país. A tabela mostra


que, apesar da energia solar ainda não ser significante na matriz elétrica brasileira, ela
é responsável por cerca de 78% da contribuição na geração distribuída.

Fonte: BEN, 2017.

 Principais Incentivos no Brasil

ProGD – O Ministério de Minas e Energia lançou, em 15/12/2015, o Programa de


Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica, com o objetivo de
aprofundar as ações de estímulo à geração de energia pelos próprios consumidores
(residencial, comercial, indústria e agropecuária), com base em fontes renováveis, em
especial, a solar fotovoltaica.

Chamada Pública (CP) ANEEL – De 2014 a 2016 entraram em operação as plantas


FV da CP nº 013/2011 - Projetos Estratégicos: “Arranjos Técnicos e Comerciais para
Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira” (24,6 MW
contratados, ao custo de R$ 396 milhões).

Isenção de IPI - De acordo com o Decreto nº 7.212, de 15/06/2010, são imunes à


incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados, a energia elétrica, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais.

Isenção de ICMS - Pelo Convênio ICMS 101/97, celebrado entre as secretarias de


Fazenda de todos os estados, há isenção do imposto Sobre Circulação de
Mercadorias (ICMS) para as operações com equipamentos e componentes para o
aproveitamento das energias solar e eólica, válido até 31/12/2021.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Desconto na TUST/TUSD - A RN ANEEL 481/2012, ampliou para 80% o desconto na


tarifa de uso do sistema de transmissão/distribuição (TUST/TUSD) para
empreendimentos com potência inferior a 30 MW.

Isenção de ICMS, PIS e Cofins na Geração Distribuída – Os convênios ICMS 16, 44


e 52, 130 e 157, de 2015, do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ),
firmados por AC, TO, MA, CE, RN, PE, AL, BA, MG, RJ, SP, RS, MS, MT, GO e DF,
isentam o ICMS sobre a energia que o consumidor gerar. O tributo se aplica apenas
sobre o excedente que ele consumir da rede, e para instalações inferiores a 1 MW. O
mesmo vale para o PIS e Cofins (Lei 13.169, de 6/10/2015).

Redução do Imposto de Importação – A Resolução CAMEX 64, de 22/08/2015,


reduz de 14% para 2%, a alíquota incidente sobre bens de capital destinados à
produção de equipamentos de geração solar fotovoltaica, vigente até 31/12/2016.

Inclusão no programa “Mais Alimentos” - A partir de novembro de 2015, os


equipamentos para produção de energia solar e eólica passaram a fazer parte do
programa “Mais Alimentos”, o que possibilita financiamentos a juros mais baixos.

Apoio BNDES: pela Lei 13.203, de 8/12/2015, o Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social, foi autorizado a financiar, com taxas diferenciadas, os projetos de
geração distribuída em hospitais e escolas públicas.

Plano Inova Energia – Fundo de R$ 3 bilhões, criado em 2013, pelo BNDES,


Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e ANEEL, com foco na empresa privada
e com o objetivo de pesquisa e inovação tecnológica nas áreas de: redes inteligentes
de energia elétrica, linhas de transmissão de longa distância em alta tensão; energias
alternativas, como a solar; e eficiência de veículos elétricos.

 Expansão da Energia Solar no Brasil

O Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2024, estima que a capacidade


instalada de geração solar chegue a 8.300 MW em 2024, sendo 7.000 MW de geração
centralizada e 1.300 MW de geração distribuída. A proporção da geração solar
chegará a 1% da total. Em razão do forte crescimento das instalações distribuídas, o
atual ciclo do PDE 2025 amplia as metas para esta modalidade, podendo passar de
5.000 MW ao final do período do estudo. Os estudos do Plano Nacional de Energia –
PNE 2050, em elaboração pela Empresa de Pesquisa Energética, estimam que 18%
dos domicílios de 2050 contarão com geração fotovoltaica (13% do consumo
residencial). No aquecimento de água, a previsão é que 20% dos domicílios detenham
coletores.

 Vantagens Socioambientais

A energia solar é livre de carbono e, portanto, contribui para a redução de emissões de


CO2 na natureza, pelo uso de energia. A geração solar centralizada é complementar à
hídrica e deve ser considerada junto com a operação dos reservatórios no processo de
variações do armazenamento de energia na forma de estoque de água. As maiores
irradiações solares no Brasil estão em áreas de baixo desenvolvimento econômico, em

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que o uso da terra e os impostos arrecadados podem contribuir para o


desenvolvimento local. A instalação de painéis FV com alturas acima de 2 m pode
criar condições favoráveis ao cultivo de hortaliças e legumes. Com o progresso da
expansão, a exigência de conteúdo nacional, hoje em torno de apenas 30% (a China é
o maior fornecedor mundial de painéis FV), pode passar a mais de 70%,
proporcionando geração de empregos e impostos em todas as áreas da cadeia
produtiva do setor. O Brasil tem excelentes reservas de silício e lítio, principais
matérias prima da FV e de baterias, respectivamente.

 Custos da Geração Distribuída

De acordo com informações de revendedores, o preço do kW instalado de geração FV


fica entre R$ 7.000 e R$ 13.000,00. A depender das condições locais de irradiação, da
superfície de instalação e da tecnologia. Para consumos mensais entre 500 e 1.000
kWh, a necessidade de potência fica entre 4 e 10 kW. É recomendável contratar os
serviços de empresa especializada.

 Potencial no Brasil e Mundo

O potencial brasileiro para energia solar é enorme. A Região Nordeste apresenta os


maiores valores de irradiação solar global, com a maior média e a menor variabilidade
anual entre todas as regiões geográficas. Os valores máximos de irradiação solar no
país são observados na região central da Bahia (6,5kWh/m²/dia), incluindo,
parcialmente, o noroeste de Minas Gerais. Há, durante todo o ano, condições
climáticas que conferem um regime estável de baixa nebulosidade e alta incidência de
irradiação solar para essa região semiárida.

4. Definições

 Sistemas Isolados (Off-grid)

Existem algumas configurações possíveis para sistemas isolados: utilização da carga


em corrente contínua ou corrente alternada, com a opção de utilizar armazenamento
ou não. Os sistemas isolados tornam-se viáveis e possuem uma maior utilização para
locais remotos, de difícil acesso ou onde o custo de conexão à rede elétrica é muito
alto. Algumas utilizações para este tipo de sistema são: casas de campo, refúgios,
iluminação, telecomunicações, bombeio de água, etc.

Para assegurar o acesso à eletricidade durante 24 horas por dia, os sistemas off-grid
requerem a utilização de banco de baterias e, se a casa não é conectada à rede, um
gerador de backup. Além disso, os bancos de bateria possuem uma vida útil menor
que o restante dos equipamentos de um SFV, perdendo eficiência ao longo do uso e
necessitando substituição em cerca de 10 anos.

Os benefícios desse sistema são:

17
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

1. Possibilidade de desconexão com a rede elétrica

Em alguns casos de áreas remotas, sistemas off-grid podem ser mais baratos que a
realização da extensão da rede elétrica até o local. Além disso, atualmente não é
possível através da legislação brasileira a geração de energia em sistemas on-grid
quando a rede elétrica não estiver funcionando. Ou seja, para locais em que há muitos
problemas de queda de energia, o armazenamento de energia pode ser interessante.

2. Autossuficiência Energética

Utilizar energia estando desconectado da rede e ser energeticamente autossuficiente


é considerado por alguns consumidores mais importante do que a obtenção de retorno
financeiro. Porém, a obtenção da autossuficiência energética através de sistemas de
energia solar torna-se inviável, necessitando um gerador de backup para dias
nublados, nos quais o banco de baterias não será suficiente para garantir a segurança
energética da residência/empreendimento. A figura abaixo ilustra os componentes e o
funcionamento de um sistema isolado.

 Sistemas conectados à rede elétrica (On-grid)

Ao contrário dos sistemas isolados, os conectados à rede possuem apenas um tipo.


Eles atuam em paralelo com a rede da concessionária, servindo assim como
complemento ao sistema elétrico.

A energia produzida pelo painel solar é convertida pelo inversor. Se há consumo, a


energia vai para os equipamentos da residência em questão. Se a produção de
energia instantânea é maior que o consumo, a energia é injetada na rede, a qual tem o
papel de “bateria” para os sistemas on-grid, gerando créditos para os momentos em
que o consumo for maior que a geração.

Os benefícios desse sistema são:

1. Maior retorno financeiro com o Sistema de Compensação Energética

18
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A conexão com a rede oferece ao consumidor uma diminuição no tempo de retorno


financeiro devido a um maior nível de eficiência do sistema e menores custos de
equipamento e instalação. Neste tipo de SFV não é necessária a utilização de baterias
ou outros geradores para a obtenção de autossuficiência energética, os quais
aumentam os custos e manutenção. Sendo assim, os sistemas on-grid geralmente são
mais baratos e fáceis de instalar.

2. Utilização da rede elétrica como uma “bateria virtual”

A eletricidade que é produzida, independente da fonte energética, necessita ser


consumida em tempo real. Entretanto, ela pode ser temporariamente armazenada
como outras formas de energia (por exemplo: energia química de pilhas e baterias), as
quais resultam em perdas expressivas para o sistema.

Sendo assim, a rede elétrica atua como uma grande “bateria” para os SFVCR’s, sem a
necessidade de manutenção ou troca, e com um maior nível de eficiência. De acordo
com a Energy Information Administration (EIA), a perda anual de eletricidade média
nos sistemas de transmissão e distribuição nos Estados Unidos é de 7%. Para as
baterias geralmente utilizadas em sistemas off-grid, as perdas encontram-se entre 10-
20%, e possuem degradação ao longo do tempo.

Outro benefício da utilizada de sistemas on-grid é o dimensionamento através do


consumo médio de energia, ao contrário dos sistemas off-grid, que necessitam estar
preparados para os momentos de maior utilização energética, sendo assim
dimensionados através dos picos de consumo. A figura abaixo ilustra os componentes
e o funcionamento de um sistema conectado à rede.

 Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição

A Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição (TUSD) é um encargo legal do


setor elétrico brasileiro que incide sobre os consumidores conectados aos sistemas
elétricos das concessionárias de distribuição.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A TUSD é um dos componentes do preço nos contratos de energia elétrica de grandes


consumidores de energia elétrica (eletro-intensivos), especificamente no que diz
respeito ao transporte desta energia no Sistema Interligado Nacional e foi criada pelo §
6º do art. 15 da Lei nº 9.074/95.

Mesmo que zerado o consumo energético de uma residência, o valor da TUSD é


cobrado devido à disponibilidade do sistema, e é função do número de fases de
fornecimento da rede.

 Geração Distribuída

Geração Distribuída (GD) é definida pela geração de energia junto ou próxima do


consumidor final, incluindo diversas fontes energéticas, como a cogeração, as
pequenas centrais hidrelétricas e sistemas fotovoltaicos. O conceito de GD ainda
envolve equipamentos de medição, controle e comando para a operação e controle de
cargas. Segundo o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), os benefícios da
utilização da Geração Distribuída são a redução de investimentos e de perdas na
transmissão e a melhoria de estabilidade da entrega de energia elétrica.

 Sistema de compensação de energia elétrica

Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL


nº 482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de
fontes renováveis ou cogeração qualificada e inclusive fornecer o excedente para a
rede de distribuição de sua localidade. Trata-se da micro e da minigeração distribuída
de energia elétrica, inovações que podem aliar economia financeira, consciência
socioambiental e autossustentabilidade.

Os estímulos à geração distribuída se justificam pelos potenciais benefícios que tal


modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico. Entre eles, estão o adiamento de
investimentos em expansão dos sistemas de transmissão e distribuição, o baixo
impacto ambiental, a redução no carregamento das redes, a minimização das perdas e
a diversificação da matriz energética.

Com o objetivo de reduzir os custos e tempo para a conexão da microgeração e


minigeração; compatibilizar o Sistema de Compensação de Energia Elétrica com as
Condições Gerais de Fornecimento (Resolução Normativa nº 414/2010); aumentar o
público alvo; e melhorar as informações na fatura, a ANEEL publicou a Resolução
Normativa nº 687/2015 revisando a Resolução Normativa nº 482/2012.

A Resolução Normativa nº 482/2012 define o Sistema de Compensação como um


arranjo em que a unidade consumidora com micro ou minigeração distribuída injeta
energia ativa na rede da respectiva distribuidora e é posteriormente compensada
através do consumo de energia de alguma unidade consumidora do usuário em
questão. Este sistema tem como objetivo a instalação de pequenos geradores pelo
consumidor para que o excedente de energia elétrica injetada na rede seja abatido na

20
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

fatura de energia elétrica. Atualmente, através da REN nº 687/2015, o prazo para a


utilização dos créditos de energia é de 60 meses e, para efeitos de diferenciação, a
unidade consumidora é classificada pela potência instalada da seguinte maneira:

 microgeração: menor ou igual a 75 kW.

 minigeração:

 superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW (fontes hídricas);


 superior a 75 kW e menor ou igual a 5 MW (cogeração qualificada ou para as
demais fontes renováveis de energia elétrica).

5. Regulamentação da micro e minigeração distribuída no


Brasil

No exercício das suas competências legais, a Agência promoveu a Consulta Pública


nº 15/2010 (de 10/09 a 9/11/2010) e a Audiência Pública nº 42/2011 (de 11/08 a
14/10/2011), as quais foram instauradas com o objetivo de debater os dispositivos
legais que tratam da conexão de geração distribuída de pequeno porte na rede de
distribuição. Como resultado desse processo de consulta e participação pública na
regulamentação do setor elétrico, a Resolução Normativa - REN nº 482, de
17/04/2012, estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e minigeração
distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, e criou o sistema de
compensação de energia elétrica correspondente. O acompanhamento da implantação
da REN nº 482/2012, realizado pela ANEEL nos últimos anos, permitiu identificar
diversos pontos da regulamentação que necessitavam de aprimoramento. Dessa
forma, com o objetivo de reduzir os custos e o tempo para a conexão da micro e
minigeração, compatibilizar o Sistema de Compensação de Energia Elétrica com as
Condições Gerais de Fornecimento (Resolução Normativa nº 414/2010), aumentar o
público alvo e melhorar as informações na fatura, a ANEEL realizou a Audiência
Pública nº 26/2015 (de 7/5/2015 a 22/6/2015) que culminou com a publicação da
Resolução Normativa - REN nº 687/2015, a qual revisou a REN nº 482/2012 e a seção
3.7 do Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional – PRODIST.

 Procedimentos para viabilizar o acesso de micro e minigeradores

A seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST estabelece os procedimentos para acesso de


micro e minigeração distribuída ao sistema de distribuição, os quais serão detalhados
a seguir. Para que a central geradora seja caracterizada como micro ou minigeração
distribuída, são obrigatórias as etapas de solicitação e de parecer de acesso. A
solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo acessante (consumidor), e que,
uma vez entregue à acessada (distribuidora), implica a prioridade de atendimento, de
acordo com a ordem cronológica de protocolo. A solicitação de acesso deve conter o
Formulário de Solicitação de Acesso para micro e minigeração distribuída, disponíveis

21
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

nos Anexos II, III e IV da seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, determinados em


função da potência instalada da geração. O formulário específico para cada caso deve
ser protocolado na distribuidora, acompanhado dos documentos pertinentes, não
cabendo à distribuidora solicitar documentos adicionais àqueles indicados nos
formulários padronizados. 09 Caso a documentação esteja incompleta, a distribuidora
deve, imediatamente, recusar o pedido de acesso e notificar o acessante sobre todas
as informações pendentes, devendo o acessante realizar uma nova solicitação de
acesso após a regularização das pendências identificadas. Em resposta à solicitação
de acesso, a distribuidora deverá emitir o parecer de acesso, que é um documento
formal obrigatório apresentado pela acessada, sem ônus para o acessante, em que
são informadas as condições de acesso e os requisitos técnicos que permitam a
conexão das instalações do acessante com os respectivos prazos. No caso de ser
necessária alguma obra para atendimento, o parecer de acesso deve também
apresentar o orçamento da obra, contendo a memória de cálculo dos custos orçados,
do encargo de responsabilidade da distribuidora e da eventual participação financeira
do consumidor. O prazo máximo para elaboração do parecer é de 15 dias para
microgeração e de 30 dias para minigeração. Esses prazos são dobrados caso haja
necessidade de obras de melhorias ou reforços no sistema de distribuição acessado.
Conforme estabelecido na seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, o procedimento de
acesso é simples e rápido, assim como os requisitos de proteção necessários para
garantir a segurança das pessoas e a qualidade da energia injetada na rede. Deve-se
destacar que compete à distribuidora a responsabilidade pela coleta das informações
das unidades geradoras junto aos micro e minigeradores distribuídos e envio dos
dados à ANEEL para fins de Registro. A Figura 1 ilustra as etapas e prazos do
procedimento de acesso que devem ser seguidos pelo consumidor (destacados em
azul) e pela distribuidora (destacados em vermelho).

22
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Fonte: ANEEL, 2016.

* O prazo para emitir o parecer de acesso pode chegar a 60 dias caso sejam
necessárias obras na rede elétrica.

 Sistema de Medição Bidirecional

O sistema de medição deve atender às mesmas especificações exigidas para


unidades consumidoras conectadas no mesmo nível de tensão da microgeração ou
minigeração distribuída, acrescido da funcionalidade de medição bidirecional de
energia elétrica (medição de consumo e de geração). A medição bidirecional pode ser
realizada por meio de dois medidores unidirecionais, um para aferir a energia elétrica
ativa consumida e outro para a energia elétrica ativa gerada, caso seja a alternativa de
menor custo ou haja solicitação do titular da unidade consumidora com microgeração
ou minigeração distribuída. A distribuidora é responsável por adquirir e instalar o
sistema de medição, sem custos para o acessante no caso de microgeração
distribuída, assim como pela sua operação e manutenção, incluindo os custos de
eventual substituição.

No caso de conexão de minigeração distribuída, o acessante é responsável por


ressarcir a distribuidora pelos custos de adequação do sistema de medição, nos
termos da regulamentação específica. Para o caso de conexão de central geradora em
unidade consumidora existente, sem necessidade de aumento da potência
disponibilizada¹, a distribuidora não pode exigir a adequação do padrão de entrada da
unidade consumidora em função da substituição do sistema de medição existente,

23
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

exceto se for constatado descumprimento das normas e padrões técnicos vigentes à


época da sua primeira ligação, ou se houver inviabilidade técnica devidamente
comprovada para instalação do novo sistema de medição no padrão de entrada
existente.

 Contratação

É dispensável a assinatura dos contratos de uso e conexão na qualidade de central


geradora para os participantes do sistema de compensação de energia elétrica, sendo
suficiente a emissão, pela distribuidora, do Relacionamento Operacional para a
microgeração, ou a celebração do Acordo Operativo para minigeração. O Acordo
Operativo deverá ser assinado até a data de aprovação do ponto de conexão,
enquanto o Relacionamento Operacional deverá ser encaminhado pela distribuidora
ao acessante em anexo ao Parecer de Acesso. Caso sejam necessárias melhorias ou
reforços na rede para conexão da microgeração ou minigeração distribuída, a
execução da obra pela distribuidora deve ser precedida da assinatura de contrato
específico com o interessado, no qual devem estar discriminados as etapas e o prazo
de implementação das obras, as condições de pagamento da eventual participação
financeira do consumidor, além de outras condições vinculadas ao atendimento.

 Incidência de Impostos

A definição sobre a cobrança de impostos e tributos federais e estaduais foge das


competências da ANEEL, cabendo à Receita Federal do Brasil e às Secretarias de
Fazenda Estaduais tratar da questão. A seguir, são apresentadas informações
relativas ao ICMS e PIS/COFINS:

a) ICMS

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS é um tributo Estadual


aplicável à energia elétrica. Com respeito à micro e minigeração distribuída, é
importante esclarecer que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ
aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS
apurado teria como base de cálculo toda energia que chega à unidade consumidora
proveniente da distribuidora, sem considerar qualquer compensação de energia
produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incidiria sobre
toda a energia consumida no mês. Após interações da Agência com o Ministério da
Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Ministério de Minas e
Energia e com o Congresso Nacional, o Conselho Nacional de Política Fazendária -
CONFAZ publicou o Convênio ICMS 16, de 22/4/2015, que revogou o Convênio ICMS
6/2013 e autorizou as unidades federadas a conceder isenção nas operações internas
relativas à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o sistema de
compensação de energia. Dessa forma, nos Estados que aderiram ao Convênio ICMS
16/2015, o ICMS incide somente sobre a diferença entre a energia consumida e a
energia injetada na rede no mês. Para aqueles Estados que não aderiram ao novo
Convênio, mantém-se a regra anterior, na qual o ICMS é cobrado sobre todo o
consumo, desconsiderando assim a energia injetada na rede pela micro ou
minigeração.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

b) PIS/COFINS

Com relação à apuração do Programa de Integração Social - PIS e da Contribuição


para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, não existia até outubro de
2015 uma legislação ou orientação da Receita Federal esclarecendo como deveria ser
realizada a cobrança para os casos de micro e minigeração distribuída. No entanto,
com a publicação da Lei nº 13.169/2015, de 6/10/2015, resultado de várias gestões da
ANEEL junto ao Ministério de Minas e Energia e ao Ministério de Planejamento,
Orçamento e Gestão, a incidência do PIS e COFINS passou a acontecer apenas sobre
a diferença positiva entre a energia consumida e a energia injetada pela unidade
consumidora com micro ou minigeração distribuída. Tendo em vista que o PIS e a
COFINS são tributos federais, a regra estabelecida pela lei vale igualmente para todos
os Estados do país.

 Sistema de Compensação de Energia Elétrica

Além dos benefícios mencionados anteriormente sobre esse sistema, as últimas


atualizações das resoluções normativas do setor, em especial a REN 687, dão ainda a
possibilidade de utilizar os créditos de energia, gerados devido à injeção de energia
excedente na rede, em outras unidades previamente cadastradas dentro da mesma
área de concessão e caracterizada como autoconsumo remoto, geração
compartilhada ou integrante de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras
(condomínios), em local diferente do ponto de consumo, definidas da seguinte forma:

• Geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da


mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa,
composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com
microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada;

• Autoconsumo remoto: caracterizado por unidades consumidoras de titularidade de


uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou Pessoa Física que possua
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente
das unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão, nas
quais a energia excedente será compensada;

• Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (condomínios): caracterizado


pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada fração com
uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as instalações para
atendimento das áreas de uso comum constituam uma unidade consumidora distinta,
de responsabilidade do condomínio, da administração ou do proprietário do
empreendimento, com microgeração ou minigeração distribuída, e desde que as
unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma propriedade ou em
propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem
aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do
empreendimento.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Importante ressaltar que, para unidades consumidoras conectadas em baixa tensão


(grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja superior ao consumo, será devido
o pagamento referente ao custo de disponibilidade – valor em reais equivalente a 30
kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico). De forma análoga, para
os consumidores conectados em alta tensão (grupo A) será devida apenas a parcela
da fatura correspondente à demanda contratada.

Fonte: ANEEL, 2016.

 Faturamento das unidades participantes do sistema de compensação de


energia elétrica

O sistema de compensação de energia tem seu modo de faturamento estabelecido no


art. 7º da Resolução Normativa nº 482/2012, podendo-se resumir a seguir os
procedimentos adotados quando a geração está instalada no mesmo local de
consumo:

a. A energia injetada em determinado posto tarifário (ponta, fora de ponta ou


intermediário), se houver, deve ser utilizada para compensar a energia consumida
nesse mesmo posto;

b. Se houver excedente, os créditos de energia ativa devem ser utilizados para


compensar o consumo em outro posto horário, se houver, na mesma unidade
consumidora e no mesmo ciclo de faturamento;

c. O valor a ser faturado é a diferença positiva entre a energia consumida e a injetada,


considerando-se também eventuais créditos de meses anteriores, sendo que caso

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

esse valor seja inferior ao custo de disponibilidade, para o caso de consumidores do


Grupo B (baixa tensão), será cobrado o custo de disponibilidade;

d. Para os consumidores do Grupo A (alta tensão), não há valor mínimo a ser pago a
título de energia. Contudo, os consumidores continuam sendo normalmente faturados
pela demanda;

e. Após a compensação na mesma unidade consumidora onde está instalada a micro


ou minigeração distribuída, se ainda houver excedente, um percentual dos créditos
poderá ser utilizado para abater o consumo de outras unidades escolhidas pelo
consumidor no mesmo ciclo de faturamento;

f. Os créditos remanescentes podem ser utilizados por até 60 meses após a data do
faturamento.

Para unidades consumidoras que estão localizadas em locais diferentes da geração:

O faturamento deve seguir os procedimentos estabelecidos no art. 7º da Resolução


Normativa nº 482/2012, que podem ser resumidos da seguinte forma:

a. Para o caso de autoconsumo remoto e geração compartilhada, a energia excedente


é a diferença positiva entre a energia injetada e a energia consumida. Já para
empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras (condomínios), o excedente é
igual à energia injetada;

b. Compete ao titular da unidade consumidora com micro ou minigeração distribuída


informar à distribuidora o percentual da energia excedente a ser alocada entre as
demais unidades consumidoras caracterizadas como autoconsumo remoto, geração
compartilhada ou integrante de empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras;

c. O valor a ser faturado em cada uma dessas unidades é a diferença positiva entre a
energia consumida e os créditos alocados no mês para a unidade consumidora,
considerando-se também eventuais créditos de meses anteriores, sendo que, caso
esse valor seja inferior ao custo de disponibilidade, para o caso de consumidores do
Grupo B (baixa tensão), será cobrado o custo de disponibilidade.

d. Para os consumidores do Grupo A (alta tensão), não há valor mínimo a ser pago a
título de energia. Contudo, os consumidores continuam sendo normalmente faturados
pela demanda.

e. Os créditos podem ser utilizados por até 60 meses após a data do faturamento.

6. Células Fotovoltaicas

O material semicondutor utilizado na produção das células fotovoltaicas atinge o grau


de pureza necessário após uma série de processos químicos, sendo o Silício o
elemento mais empregado. Os elétrons de ligação entre os átomos podem obter a

27
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

liberação desta ligação por efeito da temperatura ou pela incidência de fótons. Quando
um elétron é liberado de uma ligação deixa uma lacuna no local onde estava, e as
lacunas também podem conduzir corrente elétrica. O semicondutor purificado tem
poucos elétrons livres e mesma quantidade de lacunas. Ao receber a radiação solar o
número de elétrons e lacunas aumenta, mas por curto período de tempo, porque os
elétrons se recombinam com as lacunas (recombinação).

Como o objetivo em questão é aproveitar a corrente proveniente dessa movimentação,


o material é previamente dopado com componentes doadores (por exemplo, o fósforo)
produzindo o lado N da dopagem, e com componentes aceitadores de elétrons (por
exemplo, o boro) correspondentes ao lado P da dopagem, obtendo-se assim uma
junção PN. A Figura 2 ilustra a célula fotovoltaica resultante.
Célula fotovoltaica

Fonte: Elaborado pelo autor.


Na união da camada tipo P, que possui excesso de lacunas, com a camada tipo N,
com excesso de elétrons, surge um campo elétrico, que orienta as cargas. Com a
incidência de luz sobre a célula, os fótons fornecem energia aos elétrons, excitando-os
e promovendo a migração dos mesmos para as lacunas. Assim, na presença de um
circuito elétrico há fluxo de corrente, que pode ser aproveitada para diversos fins.

28
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A figura abaixo ilustra a eficiência em laboratório de algumas células FV.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Diferenças nos tipos de células mais utilizados

Apesar de não possuir a maior eficiência entre as células apresentadas, o tipo mais
utilizado atualmente é o Silício policristalino, devido ao baixo custo de produção. As
células desse tipo são rígidas e quebradiças, e precisam ser agrupadas (módulos)
para adquirir resistência mecânica. Já o Silício monocristalino, que possui a maior
eficiência entre as células apresentadas, um alto custo de produção e é caracterizado
por ser um lingote com organização molecular homogênea. Abaixo é possível
perceber a diferença entre os dois.

Outra tecnologia importante é a de Filmes Finos, que requer menos material e menos
energia para ser produzida. São formados por uma única e grande célula, que é
fabricada nas dimensões do módulo. Possui como vantagens o baixo custo de
produção, o melhor aproveitamento da luz solar para baixos níveis de radiação direta e
difusa, melhor funcionamento em altas temperaturas e para superfícies suscetíveis à
presença de sombreamento. Porém, possuem baixa eficiência e sofrem uma maior
degradação se comparada aos outros tipos de tecnologia.

 Características Células Policristalino

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Os módulos fotovoltaicos compostos por células de sílicio policristalino possuem


Curvas I-V (Corrente elétrica x Tensão elétrica) similares, as quais apresentam o
mesmo comportamento. A curva exibida a seguir é referente à um módulo de Silício
com dimensões de 156mmx156mm, o qual encontra-se nas condições padrões de
ensaio – STD (ou seja, intensidade de radiação de 1000 W/m², espectro AM1,5 e
temperatura de célula de 25 graus).

No gráfico, temos:

 Isc – corrente de curto-circuito;


 Imp – corrente no ponto de máxima potência;
 Pmp – ponto de máxima potência;
 Voc – tensão de circuito aberto;
 Vmp – tensão no ponto de máxima potência.

Como é possível perceber, o módulo possui um ponto no qual, ao combinar corrente e


tensão, é alcançado o ponto de máxima potência possível. Os parâmetros são,
entretanto, funções de diversos fatores, como radiação, temperatura, etc. Sendo
assim, ao longo do dia, é possível que o módulo esteja em diversos pontos ao longo
da curva I-V.

Os parâmetros observados no gráfico são importantes para entender o funcionamento


dos módulos e para, posteriormente, utilizá-los para dimensionar as proteções do
sistema fotovoltaico em questão.

1) Tensão de circuito aberto, Voc

É a tensão entre os terminais da célula fotovoltaica quando não há corrente circulando.


Corresponde à máxima tensão que uma célula pode produzir. Ela é medida
diretamente nos terminais e pode ser evidenciada através de um voltímetro.

31
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

2) Corrente de curto-circuito, Isc

É a corrente evidenciada quando a tensão elétrica entre os terminais é zero, sendo a


corrente máxima que se pode obter em uma célula. É medida com um
amperímetro, sendo necessária a realização de um curto-circuito nos terminais do
módulo.

3) Fator de Forma, FF

É a razão entre a máxima potência da célula e o produto da corrente de curto-circuito


e da tensão de circuito aberto. Ou seja:
𝑉𝑚𝑝 ∗ 𝐼𝑚𝑝
𝐹𝐹 =
𝑉𝑜𝑐 ∗ 𝐼𝑠𝑐

4) Eficiência, 𝜂

Define o quão efetivo é o processo de conversão da energia solar em energia elétrica.


A eficiência é obtida através da seguinte equação:
Voc ∗ Isc ∗ FF 𝑃𝑚𝑝
η= ∗ 100% = ∗ 100%
A∗G 𝐴∗𝐺
Na qual,

 A é a área do módulo, em m²;


 G é a irradiância solar incidente, em W/m².

 Fatores que afetam as características elétricas dos módulos

O desempenho dos módulos fotovoltaicos é função da irradiância solar e da


temperatura na qual as células estão operando.

1) Efeito da Irradiância Solar

Assim como é esperado, o desempenho dos módulos é diretamente proporcional à


irradiância, ou seja, a corrente elétrica gerada pelo módulo aumenta com o aumento
da irradiância solar. A corrente de curto circuito tem um aumento linear com a
irradiância, como ilustra a figura a seguir.

32
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

2) Efeito da Temperatura das células

A incidência de radiação solar e a variação da temperatura ambiente acarretam uma


variação da temperatura das células. Esse efeito faz com que a corrente sofra uma
leve elevação, que não compensa a queda de tensão devido ao aumento de
temperatura da célula. Assim, a potência do módulo tem um comportamento
inversamente proporcional ao da temperatura das células, ou seja, quando a
temperatura aumenta, a potência diminui. A figura a seguir ilustra o comportamento I-V
para diferentes temperaturas.

33
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3) Efeito do Sombreamento

Como já mencionado anteriormente, os painéis solares são compostos por diversas


células fotovoltaicas conectadas em série, sendo assim, quando uma ou mais células
recebem menos radiação do que as outras, a corrente ficará limitada para a célula de
menor radiação solar. O mesmo acontece para um sistema que possui uma
associação série. As reduções de incidência de radiação solar podem acontecer por
diversos motivos: deposição de sujeira no vidro do módulo, sombras devido à
obstáculos ou nuvens, etc.

Além da perda de potência do sistema fotovoltaico, que acarreta em uma perda de


produção de energia, há o risco de danos ao módulo parcialmente sombreado, uma
vez que o mesmo deixa de ser visto como um gerador pelo sistema e passa a ser uma
“carga”, dissipando a energia que está sendo gerada pelo restante do sistema. Neste
caso pode ocorrer o fenômeno conhecido como “ponto quente” (hotspot), que pode
acarretar a ruptura do vidro e fusão dos polímeros e dos metais.

A figura a seguir mostra o efeito do sombreamento sobre apenas uma das células de
um dos 4 módulos conectados em série. Ao cobrir a metade de uma das células, a
corrente do módulo afetado pelo sombreamento é reduzida pela metade, que resulta
na redução de todos os outros módulos da associação.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Curva I-V para 4 módulos conectados em série e sem sombreamento (linha contínua); curva I-V para os mesmos 4
módulos na situação de sombreamento de uma de suas células, que passa a receber 50% da irradiância original (linha
tracejada); curva I-V com o mesmo sombreamento, mas com a utilização de diodos de desvio (curva com linha
contínua e pontos)

A figura também ilustra a utilização de diodos de desvio (by-pass), que são


responsáveis por oferecerem um caminho alternativo para a circulação de corrente
nos painéis, limitando a dissipação de potência nas células sombreadas. Sendo assim,
eles são uma alternativa tanto para a proteção dos painéis para o efeito de hotspot
quanto para a redução de perda de energia, como é possível perceber na figura
anterior. A figura a seguir ilustra a operação do diodo de desvio, que apenas entra em
funcionamento evidencia a alteração de polaridade do módulo, ou seja, a corrente
apenas circula em uma direção.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

7. Sistemas Fotovoltaicos

Os componentes de um sistema fotovoltaico dependem da aplicação do mesmo:


habitação isolada, proximidade com a rede ou aderência ao sistema de compensação
de energia (geração distribuída). Como o foco do curso é na energia solar fotovoltaica
conectada à rede, a ênfase será dada em sistemas para tal. A figura a seguir ilustra
um sistema fotovoltaico conectado à rede com os respectivos componentes.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Módulos Fotovoltaicos

O principal elemento dos sistemas são os módulos fotovoltaicos, que correspondem à


união de diversas células fotovoltaicas em série e/ou paralelo. Eles são responsáveis
por produzir energia em um nível de tensão e corrente adequados para os demais
componentes do sistema. Para que isso ocorra de maneira segura, são utilizadas
alguns tipos de associações.

Associações de Módulos

A energia gerada por módulos fotovoltaicos não é injetada diretamente na


carga, ela pode passar por inversores e ser injetada na rede (on-grid) ou passar por
controladores de carga e ser armazenada em baterias (off-grid). Conforme a faixa de
tensão e corrente necessária para a aplicação, será determinado o arranjo dos
módulos, podendo englobar os tipos de associação que seguem. Nos exemplos
abaixo são considerados módulos idênticos.
• Associação em série
A associação em série permite alterar o nível de tensão, fixando a corrente
fornecida por um módulo, conforme Figura 4.
Figura 4 – Esquema representando o arranjo em série de módulos FV

• Associação em paralelo
Em contrapartida da associação em série, a associação em paralelo permite
obter diferentes níveis de corrente, fixando a tensão fornecida por um módulo,
conforme Figura 5.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 5 – Esquema representando o arranjo em paralelo de módulos FV

• Associação mista
A associação mista consiste na junção das duas últimas associações,
permitindo assim obter níveis mais elevados de tensão e corrente simultaneamente,
conforme Figura 6.
Figura 6 – Esquema representando o arranjo misto (série e paralelo) de módulos FV

 Baterias

Em sistemas fotovoltaicos isolados da rede (off-grid), sua utilização é indispensável, já


que a rede elétrica não será utilizada para compensar a energia elétrica produzida
quando não há consumo na residência. Em alguns lugares do mundo, como na
Europa e nos EUA, há a possibilidade de sistemas fotovoltaicos conectados à rede
(on-grid) utilizarem baterias, para que, nos casos de falta de energia elétrica, exista a
possibilidade de funcionamento ilhado. Porém, a legislação brasileira não permite o
mesmo.

 Inversor

É o dispositivo eletrônico responsável por transformar a energia elétrica fornecida em


corrente contínua (c.c.) pelos módulos fotovoltaicos em energia elétrica em corrente
alternada (c.a.), que é o modo que a maioria dos eletrodomésticos utilizam. A tensão
c.a. de saída do inversor deve ter amplitude, frequência e conteúdo harmônico
adequados às cargas e à rede elétrica na qual a residência será conectada. No Brasil,
devido à sua legislação, o inversor deve ser comutado pela rede, ou seja, ele deve sair

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

de funcionamento ao encontrar algum problema com a rede, para que não haja
possibilidade de operação ilhada (em caso de falta de energia elétrica ou manutenção
da rede).

Atualmente, os inversores possuem um dispositivo chamado de MPPT – Seguidor de


Máxima Potência. Ele é importante devido ao fato de a conversão de energia realizada
pelos módulos ser função de diversos fatores, como temperatura, radiação,
sombreamento, etc. Sendo assim, ele é responsável por controlar o sistema para que
ele funcione de um modo que não ocorra desperdício de energia (definindo o nível de
tensão e corrente ótimos para tal potência). É importante perceber que na ficha de
equipamento do inversor há uma informação de números de MPPT’s por inversor e a
quantidade de strings que cada um dos MPPT’s é capaz de controlar, parâmetro que
define a quantidade de entradas de strings nos inversores.

 Proteções

Como os sistemas fotovoltaicos operam geralmente em regiões isoladas e os sistemas


conectados à rede operam em paralelo com a rede, a ocorrência de falhas pode
demorar a ser detectada, prejudicando, assim, o desempenho do sistema e
prejudicando a segurança dos usuários. Por isso, é essencial a correta utilização dos
elementos de proteção de um SFV.

Geralmente, em sistemas fotovoltaicos residenciais, além dos dispositivos de proteção


integrados aos equipamentos, são utilizados disjuntores, dispositivos de proteção
contra surtos (DPS) e sistemas de aterramento.

 Condutores

Os condutores utilizados nos SFVs devem ser fabricados de acordo com as normas
nacionais correspondentes. Para realizar a conexão dos módulos ao inversor e do
inversor ao quadro da residência são utilizados cabos que necessitam ser
corretamente dimensionados para evitar falhas. Os cabos sujeitos a intempéries e
diretamente expostos à luz solar devem ter revestimento plástico resistente à radiação
ultravioleta, para que não tenham que ser substituídos com frequência.

O diâmetro dos cabos é função da distância entre os módulos e o inversor (cabos c.c.)
e entre o inversor e o quadro da residência (cabos c.a.), da potência do sistema, da
tensão e da queda de tensão aceitável. Recomenda-se que a seção do condutor seja
tal que a queda máxima de tensão entre os geradores e as cargas não exceda 5% da
tensão nominal do sistema, ou 3% em qualquer circuito derivado. Atenção especial
para sistemas com baterias no trecho controlador-bateria, no qual a perda não deve
exceder 1%. Para a conexão dos módulos ao controlador de carga deve-se usar
condutores com capacidade para suportar pelo menos 125% da corrente nominal de
curto-circuito do gerador.

Em toda instalação, os condutores devem ter as polaridades positiva e negativa


claramente identificadas, assim como o cabo de aterramento e de fases e neutro.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Suportes

Com o objetivo de obter a geração máxima de energia ao longo do ano, os sistemas


são projetados com uma inclinação em relação ao solo similar à latitude local (com
exceção das áreas muito próximas ao Equador). Pequenas variações da inclinação
não resultam em grandes mudanças na energia gerada anualmente, sendo assim, é
aceitável a instalação de SFVs com inclinações na faixa em torno de 10º da latitude
local. Para a cidade de Porto Alegre, que possui latitude de 30º, é recomendada a
faixa de 20 a 40º de inclinação para os sistemas fotovoltaicos.

Sendo assim, além da função de fixar os módulos no local escolhido e suportar as


cargas mecânicas relativas ao vento, os suportes também tem a função de ajustar a
inclinação dos mesmos, caso a superfície em questão não atenda as recomendações
de instalação. Em casos de telhados que já possuam alguma inclinação é
recomendada uma análise da necessidade do aumento da mesma, já que, como foi
observado anteriormente, pequenas variações da inclinação não reproduzem um
grande impacto na energia gerada anual em pequenos sistemas fotovoltaicos.

Geralmente o material dos suportes é alumínio ou aço inoxidável. É aconselhável a


escolha de um suporte com material que suporte a vida útil do sistema, para que,
assim, não seja necessária a troca do mesmo por problemas como a corrosão. A
tabela abaixo ilustra diferentes métodos de instalação de um SFV e suas respectivas
vantagens e desvantagens.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A seguir serão apresentados materiais geralmente utilizados para a fixação de


sistemas fotovoltaicos em diversas situações.

O perfil de alumínio anodizado é utilizado para dar a fixação dos módulos ao telhado.

O modo de fixação dos parafusos dos suportes e grampos ao perfil de alumínio é dado
a seguir.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Diferenças devido ao telhado

1. Telhas de Fibrocimento/Eternit

Geralmente é utilizado o suporte “Pé em L”.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

2. Telha metálica

Suporte em alumínio anodizado.

3. Telha de cerâmica

Gancho ajustável em alumínio, cuja fixação é dada no caibro do telhado.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Grampo entre módulos

É uma peça de alumínio responsável por fixar os painéis fotovoltaicos no perfil de


alumínio. Seu papel também é de dar a distância uniforme entre os módulos de uma
mesma fileira.

8. Definições de Consumidores de Energia Elétrica


As classes de consumo são as diversas classes aplicadas a cada tipo de consumidor,
conforme a Resolução Normativa ANEEL n. 414/2010.
As classes com suas respectivas subclasses são definidas como se segue:

No Brasil, as unidades consumidoras são classificadas em dois grupos tarifários:


Grupo A, que tem tarifa binômia e Grupo B, que tem tarifa monômia. O agrupamento é
definido, principalmente, em função do nível de tensão em que são atendidos e
também, como conseqüência, em função da demanda (kW). As unidades
consumidoras atendidas em tensão abaixo de 2.300 volts são classificadas no Grupo
B (baixa tensão). Em geral, estão nesta classe as residências, lojas, agências
bancárias, pequenas oficinas, edifícios residenciais, grande parte dos edifícios
comerciais e a maioria dos prédios públicos federais, uma vez que, na sua maioria são
atendidos nas tensões de 127 ou 220 volts. O Grupo B é dividido em sub-grupos, de
acordo com a atividade do consumidor, conforme apresentados a seguir:

• Subgrupo B1 – residencial e residencial baixa renda;

• Subgrupo B2 – rural e cooperativa de eletrificação rural;

• Subgrupo B3 – demais classes;

• Subgrupo B4 – iluminação pública.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Os consumidores atendidos em alta tensão, acima de 2300 volts, como indústrias,


shopping centers e alguns edifícios comerciais, são classificados no Grupo A. Esse
grupo é subdividido de acordo com a tensão de atendimento, como mostrado a seguir.

• Subgrupo A1 para o nível de tensão de 230 kV ou mais;

• Subgrupo A2 para o nível de tensão de 88 a 138 kV;

• Subgrupo A3 para o nível de tensão de 69 kV;

• Subgrupo A3a para o nível de tensão de 30 a 44 kV;

• Subgrupo A4 para o nível de tensão de 2,3 a 25 kV;

• Subgrupo AS para sistema subterrâneo.

Os poucos prédios públicos classificados no Grupo A, em geral estão no Sub-


GrupoA4. Os consumidores atendidos por redes elétricas subterrâneas são
classificados no Grupo A, Sub-Grupo AS, mesmo que atendidos em tensão abaixo de
2.300 volts (baixa tensão). Para fazer uso deste benefício é necessário que a unidade
consumidora esteja localizada em área servida por sistema subterrâneo ou previsto
para ser atendido pelo referido sistema, de acordo com o programa de obras da
concessionária e que possa ser atendido um dos seguintes requisitos:

I) verificação de consumo de energia elétrica ativa mensal igual ou superior a


30MWh em, no mínimo, 3 (três) ciclos completos e consecutivos nos seis
meses anteriores a opção; ou,
II) II) celebração de contrato de fornecimento fixando demanda contratada
igual ou superior a 150 kW.

Além das classificações que diferem o modo de fornecimento e cobrança dos


usuários, desde 2015 está em vigor o sistema de Bandeiras Tarifárias. O sistema
possui três bandeiras: verde, amarela e vermelha - as mesmas cores dos semáforos –
e indicam se a energia custa mais ou menos, em função das condições de geração
de eletricidade:

Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre


nenhum acréscimo;
Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre
acréscimo de R$ 0,020 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa
sofre acréscimo de R$ 0,030 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A
tarifa sofre acréscimo de R$ 0,035 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
O sistema de bandeiras é aplicado por todas as concessionárias conectadas ao
Sistema Interligado Nacional - SIN, conforme figura abaixo. A partir de 1º de julho de

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

2015, o sistema de bandeiras passou a ser aplicado também pelas permissionárias de


distribuição de energia.

 Entendendo a Fatura de Energia

Abaixo é ilustrada uma fatura de energia da concessionária AES de São Paulo, que é
similar às encontradas nas concessionárias ao longo do país.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Para o dimensionamento de sistemas de micro e minigeração, alguns dados são


importantes:

 Classificação do consumo do cliente;


 Tensão Nominal;
 Número de Fases de Fornecimento (diferente tributação da TUSD, que é a
tarifa paga para remunerar o uso do sistema de distribuição);
 Descrição do faturamento, o qual ilustra o consumo do último mês e a tarifa
cobrada pela concessionária;
 Histórico de consumo, o qual é essencial para o levantamento da demanda de
energia da residência ao longo de um ano.

9. Leitura das fichas de equipamentos

Além da correta leitura da fatura de energia elétrica para o correto dimensionamento


do sistema fotovoltaico que irá suprir a demanda energética de uma residência, é
necessária a correta leitura das fichas de equipamentos, as quais são fornecidas pelos
fabricantes, para garantir a segurança do sistema, dos usuários e da rede com as
devidas proteções. Assim como na fatura de energia, algumas informações são
essenciais. Abaixo são ilustrados os datasheets de módulos e inversores,
respectivamente, já utilizados em instalações da Young Energy.

Para facilitar a análise, o sistema é separado pelo inversor, que “divide” o problema
em duas partes: a parte de corrente contínua e a parte de corrente alternada. A
parcela c.c. é composta pelos módulos fotovoltaicos e da entrada do inversor, já a
parcela c.a. é composta pela saída do inversor que estará conectada em uma das
fases da residência (considerando o inversor monofásico), a qual vai para o Quadro de
Distribuição da mesma. Além disso, são dimensionados disjuntores e dispositivos de
proteção contra surtos (DPS).

 Parcela de Corrente Contínua:

O datasheet do painel fotovoltaico fornecido pela BYD nos dá informações sobre as


características elétricas e estruturais de uma série de módulos. Nele, os dados que
merecem uma maior atenção e serão utilizados no dimensionamento do sistema são:

o Tensão de Circuito Aberto: a qual será multiplicada pelo número de


painéis em série do sistema, totalizando a maior tensão que os módulos
podem alcançar. Deve ser menor que a tensão máxima da entrada do
inversor e menor do que as tensões de funcionamento das proteções;
o Corrente de curto-circuito: a qual será multiplicada pelo número de
strings em paralelo, totalizando a maior corrente que circulará na parte
c.c.. Deve ser menor que a corrente máxima da entrada do inversor e
menor que a corrente nominal do disjuntor c.c.;

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

o Potência Máxima STC: a qual será multiplicada pelo número de


módulos do sistema. Deve ser menor que o valor de potência máxima
da entrada do inversor;
o Eficiência do Módulo: define o quão eficiente é a conversão de energia
solar em energia elétrica. Este valor é utilizado na previsão da produção
energética do SFV;
o Eficiência do Inversor: define o quão eficiente é a conversão de energia
elétrica c.c. em energia elétrica c.a.. Este valor é utilizado na previsão
da produção energética do SFV;
o Máxima potência recomendada, máxima tensão c.c., máxima corrente
na entrada do inversor: fatores que limitam o número de módulos
conectados no inversor;
o Número de strings por MPPT.

 Parcela de Corrente Alternada:

o Potência de saída do inversor;


o Tensão máxima de saída do inversor: deve ser menor que as tensões
máximas das proteções;
o Corrente máxima de saída do inversor: deve ser menor que a corrente
nominal do disjuntor c.a.;
o Frequência e tensão nominal: devem ter valores iguais aos fornecidos
pela rede;

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

10. Recurso Solar

O sol é a principal fonte de energia para a Terra, responsável pela


criação/manutenção de todas as outras fontes energéticas, além de ser responsável
pela manutenção da vida no planeta. Neste capítulo será analisada a movimentação
do Sol ao longo do ano e como adaptar os sistemas fotovoltaicos, com o objetivo de
maximizar a energia gerada pelos módulos ao longo do ano.

 Relação Sol-Terra

A movimentação anual da Terra em torno do sol é descrita por uma trajetória elíptica,
com um eixo, em relação ao plano normal à elipse, apresentando uma inclinação de
aproximadamente 23,45 graus. Essa inclinação, aliada ao movimento de translação, é
responsável pela existência das estações do ano. Ao observar o movimento aparente
do sol, ao meio dia, é possível verificar a variação do ângulo existente entre os raios
solares e o plano do Equador, com valores de +23,45 graus no dia 21 de junho
(solstício de inverno) e -23,45 graus no dia 21 de dezembro (solstício de verão). Já
nos dias 21 de setembro e de março, que correspondem aos equinócios, os raios
solares encontram-se alinhados com o plano do Equador, resultando em um valor de
zero graus para a declinação solar. Durante o ano, a distância entre o Sol e a Terra
pode variar entre 1,47.10^8 km e 1,52.10^8 km. Este fato influi em uma variação da
radiação E, que varia entre 1.325 W/m² e 1.412 W/m². O valor médio dessa variação é
denominado constante solar, Eo = 1.367 W/m² (GREENPRO, 2004).

As figuras a seguir ilustram o movimento da Terra e as estações do ano para o


hemisfério Sul e a Declinação Solar em quatro posições da Terra ao longo do ano,
respectivamente.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A inclinação do eixo da Terra resulta em dias mais longos no solstício de verão e dias
mais curtos no de inverno. No Equador terrestre os dias não possuem variação com
relação a sua duração e nas proximidades as variações são pequenas ao longo do
período de um ano. Já nos equinócios, a duração dos dias é a mesma para qualquer
localidade.

 Parâmetros

Irradiância solar: referenciado em termos de fluxo de potência, geralmente dada em


W/m²;

Irradiação Solar: energia por unidade de área, geralmente dado em kWh/m²;

Ângulo Zenital (Өz): ângulo formado entre os raios do Sol e a vertical local (Zênite);

Altura ou Elevação Solar (α): ângulo compreendido entre os raios do Sol e a


projeção dos mesmos sobre o plano horizontal (observador). Os ângulos Zenital e de
Elevação Solar são complementares, ou seja, a soma dos mesmos resulta em 90
graus)

Ângulo Azimutal do Sol (Ys) : ângulo entre a projeção dos raios solares no plano
horizontal e a direção Norte-Sul. O deslocamento é tomado a partir do Norte
geográfico (0 graus), sendo, por convenção, positivo quando a projeção se encontrar a
Leste e negativo quando se encontrar a Oeste.

Ângulo Azimutal da Superfície (Y): ângulo entre a projeção da normal à superfície


no plano horizontal e a direção Norte-Sul.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Inclinação da superfície de captação (β): ângulo entre o plano da superfície e o


plano horizontal.

Ângulo de incidência (Ө): ângulo entre os raios do Sol e a normal à superfície de


captação.

A figura abaixo ilustra os ângulos anteriormente mencionados.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Com o objetivo de maximizar a energia captada pelos sistemas fotovoltaicos, que são
as superfícies de captação ilustradas nas fotos anteriores, alguns parâmetros
possuem algumas indicações na hora da instalação dos módulos.

 Orientação da superfície de captação

Em geral, os módulos devem estar voltados para a linha do equador, ou seja, para o
caso de instalações localizadas no Brasil, o sistema deve estar voltado para o Norte
Verdadeiro. Entretanto, alguns locais possuem comportamentos diferentes, como
grandes variações de insolação devido à ocorrência de neblinas nas primeiras horas
do dia, resultando em uma maior insolação no período da tarde.

 Inclinação da superfície de captação

A inclinação dos módulos depende da latitude do local da instalação. O Manual de


Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos (CRESESB, 2014) recomenda que os
sistemas possuam inclinações similares à latitude, com uma faixa de 10 graus em
torno da mesma, já que pequenas variações não resultam em grandes mudanças na
energia gerada anualmente. Entretanto, não é aconselhável que os módulos sejam
instalados com inclinações menores do que 10 graus, para o favorecimento da
autolimpeza dos módulos pela ação da água da chuva, evitando, assim, o acúmulo de
sujeira nas células.

Gasparin e Krenzinger, 2016 analisam o desempenho de sistemas fotovoltaicos em


dez cidades brasileiras com diferentes orientações e inclinações. Uma das cidades em
questão é Santa Maria, Rio Grande do Sul, que possui latitude de 29,7 graus. A tabela
abaixo ilustra a energia anual obtida normalizada para cada um dos ângulos e
orientações observados, com valor máximo de energia anual de 2047 kWh para um
sistema de 1,5 kWp.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Como recomendado pelo CRESESB e já mencionado anteriormente, é possível notar


que para variações em torno da posição ótima a variação de geração de energia é
nula ou próxima de zero. Sendo assim, a impossibilidade de obtenção da posição
ótima para uma localidade, seja ela devido a restrições do telhado, sombras
provocadas por objetos, etc., não inviabiliza a implantação de um SFV.

Além disso, é realizada a simulação da produção de energia para sistemas de mesma


potência através do software Radiasol 2, para a cidade de Porto Alegre. Os valores
são normalizados para a situação de maior geração energética, como já era esperado,
para a configuração Norte. Os sistemas possuem inclinação de 25 graus, que
corresponde à faixa de inclinações com máximo aproveitamento anual, com exceção
do último cenário que evidencia a produção de energia para a configuração de 0 graus
(painel na horizontal).

Comparação Cenários
1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
Norte Leste Oeste Sul 0 graus

 Radiação Solar na Terra

A terra possui uma densidade média anual de fluxo energética devido à radiação
emitida pelo Sol (irradiância solar) de 1.367 W/m², se medida em um plano
perpendicular à direção da propagação dos raios. Este valor corresponde à “constante

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

solar”. Sendo assim, considerando o raio médio da Terra de 6.371 km, conclui-se que
a potência que o sol disponibiliza para a terra, no topo da atmosfera, é de
aproximadamente 174 mil TW (terawatts). Utilizando valores disponibilizados por
Trenberth et al. (2009), é possível aproveitar 54% do valor de irradiância solar que
incide no topo da atmosfera através da reflexão (7%) e da absorção (47%).

Se comparar o valor de energia solar disponível ao valor de consumo mundial de


energia primária relativo ao ano de 2011 que corresponde à cerca de 143 mil TWh,
seria possível suprir esse valor captando duas horas da energia solar que é recebida
na superfície da Terra.

É importante notar que a radiação solar que incide sobre uma superfície qualquer é
constituída por uma componente direta e outra difusa. Mesmo em dias livres da
presença de nuvens, cerca de 20% da radiação é composta pela forma difusa. Já em
dias fechados, a componente difusa corresponde à totalidade da radiação solar.

Componente direta: proveniente da direção do Sol e produz sombras nítidas.

Componente difusa: proveninente de todas as direções e atinge a superfície após


sofrer espalhamento pela atmosfera terrestre.

Se a superfície receptora de radiação estiver inclinada, situação que é observada em


instalações fotovoltaicas, haverá uma terceira componente devida à reflexão do
ambiente (solo, obstáculos, etc.). Para essa terceira componente, há uma certa
contribuição dependendo do tipo de superfície, chamado de “albedo”. A tabela abaixo
ilustra uma série de valores para diferentes superfícies.

A figura abaixo ilustra a composição da radiação solar que é direcionada para a


superfície coletora, nesse caso um módulo fotovoltaico inclinado com relação ao solo.

56
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Antes de atingir o solo, algumas características da radiação solar, como a intensidade,


da distribuição espectral e angular, sofrem alterações devido aos efeitos de absorção
e espalhamento ao interagir com a atmosfera. Essas modificações são depentens da
espessura da camada atmosférica, definida por um coeficiente denominado Massa de
Ar (AM), sendo, assim, função do ângulo zenital solar, da distância Terra-Sol e das
condições atmosféricas e meteorológicas.

 Irradiação Mínima para Sistemas Fotovoltaicos

Na instalação de um sistema fotovoltaico é recomendado que a região em questão


tenha uma irradiação mínima de 3 a 4kWh/(m².dia) disponível. Este valor é
encontrado em quase todas as regiões entre os trópicos. Nas figuras abaixo é
possível fazer uma comparação da energia solar disponível no Brasil e em países
europeus.

No território brasileiro, mesmo nas piores regiões com relação à disponibilidade de


radiação solar, são encontrados valores superiores a 4,4 kWh/m², valor que é
superior aos valores encontrados em países europeus que já possuem uma
significativa produção de energia solar fotovoltaica, como a Alemanha.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

11. Dimensionamento de um Sistema Fotovoltaico

Antes de começar a parte do dimensionamento do Sistema Fotovoltaico, algumas


informações são essenciais para que o mesmo seja feito de maneira adequada e para
que, no futuro, não ocorram problemas.

1. Informações básicas para o pré-dimensionamento

 Fatura de Energia

É a parte essencial do dimensionamento do sistema. Através dela é obtido o consumo


mensal do cliente nos últimos 12 meses, permitindo, assim, obter a dimensão do
sistema fotovoltaico para suprir o consumo. Para instalações em consumidores que
não tenham histórico de consumo (residências e empreendimentos em construção) é

59
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

realizado uma previsão de consumo médio mensal através da carga instalada e do


perfil de utilização dos equipamentos pelo cliente em questão.

 Disponibilidade de instalação

Nem sempre o espaço disponível comporta a área necessária para o sistema


fotovoltaico que zera o consumo do cliente, seja ele por restrições do telhado ou do
local de instalação, ou devido ao cliente possuir um consumo significativo de energia.
Outros parâmetros importantes é a disponibilidade de inclinação e orientação para o
sistema. Como vimos anteriormente, não é um fator que inviabiliza a implementação
de energia solar, mas deve ser levado em conta.

 Planta baixa

É importante para a correta instalação e verificação da área disponível do sistema.

 Número de fases

O número de fases é importante tanto para o definição de como serão feitas as


ligações na parte elétrica do consumidor (em qual das fases o sistema estará
conectado, informação que deve estar presente nos documentos para homologação),
quanto para o estudo de viabilidade financeira, visto que a Tarifa de Utilização do
Sistema de Distribuição (TUSD) é função do número de fases do cliente e, como
comentado anteriormente, é um valor fixo para o consumidor.

 Tensão de fornecimento

É importante para a definição da ligação do inversor ao Quadro de Distribuição da


residência, evidenciando a necessidade do número de fases para a realização da
mesma.

 Aterramento

O aterramento bem realizado é essencial para que a parte de proteção contra


descargas atmosféricas e de correntes de fuga (através dos Dispositivos de Proteção
contra Surtos) funcione corretamente. Quando existente, é possível a utilização do
mesmo aterramento utilizado pelo consumidor.

 Disponibilidade do Quadro de Distribuição

Localização e disponibilidade para comportar os condutores provindos do inversor são


parâmetros importantes na hora da instalação da energia fotovoltaica. Para que não
seja necessário o aumento na bitola dos condutores, é interessante que o inversor
esteja conectado ao quadro mais próximo.

 Localização

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

O estudo da localização do consumidor é vital para a geração de energia do mesmo. É


necessário observar e, ao notar possíveis obstáculos para o sistema, realizar estudo
de sombreamento. A localização também define a concessionária a qual o consumidor
está conectado. Apesar do processo de homologação do projeto com as
concessionárias seguirem um padrão, ainda são encontradas algumas diferenças.

 Dados do Cliente

Necessários para a confecção dos documentos obrigatórios para a homologação do


sistema.

Atualmente, através das resoluções normativas impostas pela ANEEL com relação a
micro e minigeração distribuída, não é possível o consumidor final obter renda a partir
da venda do excedente de energia. A REN 687/2015 prevê a remuneração da energia
injetada através de créditos de energia – assim como a maioria dos países nos quais a
geração distribuída é regulamentada. Sendo assim, o correto dimensionamento do
sistema fotovoltaico é crucial para obter um retorno de investimento interessante para
o consumidor, analisando o seu histórico de consumo, o consumo atual e possíveis
variações da sua demanda energética futura, já que os sistemas possuem vida útil
longa.

Variações de consumo negativas são notadas devido a motivos como o aumento da


eficiência energética dos equipamentos, novas tecnologias e/ou desaceleração
econômica – sendo a ultima de extrema importância para consumidores do tipo
comercial, como podemos observar nos últimos anos. Porém, geralmente as reduções
de consumo são pequenas frente às tendências de aumento das demandas dos
consumidores, devido ao aumento de aparatos econômicos.

Durante o dimensionamento, é esperado que o projetista faça a análise o histórico de


consumo e um levantamento dos equipamentos e a forma como serão utilizados pelo
cliente em questão, principalmente quando o mesmo for comercial/industrial, com o
intuito de evitar um desperdício de capital em um possível superdimensionamento de
um sistema.

A partir da definição da localização do sistema fotovoltaico, é possível realizar a


definição das melhores inclinação e orientação possível e, com o auxílio do software
Radiasol 2, é possível obter os valores de Irradiação Solar (kWh/m²/dia) e definir a
área necessária de módulos para prover a energia do cliente. Para o cálculo, será
utilizada a seguinte equação:

𝐸 = 𝐴 ∗ 𝐻 ∗ 𝜂 ∗ 𝑁𝑑𝑖𝑎𝑠

Na Equação, E é a energia produzida em kWh, A é a área total do SFV em m², H é a


irradiação média diária em kWh/m²dia, 𝜂 é a eficiência do SFV e 𝑁𝑑𝑖𝑎𝑠 é o número de
dias.

Como exemplo de dimensionamento, será utilizado um cliente da Young Energy cuja

61
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

fatura de energia evidencia o seguinte histórico de consumo:

Período kWh
Fev/17 250
Jan/16 257
Dez/16 250
Nov/16 214
Out/16 230
Set/16 237
Ago/16 222
Jul/16 215
Jun/16 197
Mai/16 214
Abr/16 194
Mar/16 207
Consumo Anual 2.687
Média Anual 223,92

É então levantada a irradiância solar na localização. É selecionada a cidade de Porto


Alegre na tela inicial do Radiasol 2, com a inclinação de 30 graus (similar à latitude do
local) e Desvio Azimutal 0, já que a residência tem disponibilidade para tal, e Albedo
Local de 0,2. A seleção dos dados iniciais resulta a seguinte tela.

62
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Ao confirmar, é possível obter a Irradiância em (W/m²) das diversas componentes da


radiação solar, como mencionado anteriormente. Para a obtenção de dados mensais,
é selecionada a opção “Gráfico de Barras”, como ilustram as figuras a seguir.

63
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

64
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A última figura evidencia, como já era esperado, que nem sempre a configuração do
sistema fotovoltaico corresponde à maior obtenção de radiação, devido ao movimento
da Terra e sua inclinação com relação ao sol. Porém, ao longo do ano, a parcela
“Inclinada” de Irradiação Média garante uma maior geração de energia. Ao selecionar
a tabela de dados são obtidos os seguintes valores.

65
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A parcela importante para os cálculos é a Inclinada e, através da Equação


anteriormente mencionada, é possível obter o valor de Energia por metro quadrado
disponível na localização.

Período Irradiância[kWh/m²/dia] Dias Energia por metro quadrado[kWh/m²]


jan 5,64 31 22,7292
fev 5,56 28 20,2384
mar 5,19 31 20,9157
abr 4,74 30 18,486
mai 3,94 31 15,8782
jun 3,44 30 13,416
jul 4 31 16,12
ago 4,28 31 17,2484
set 4,75 30 18,525
out 5,45 31 21,9635
nov 5,75 30 22,425
dez 5,9 31 23,777

Assim, o sistema em questão possui uma produção média de energia ao longo do ano
de 19,3102 kWh/m². Como são necessários 223,92 kWh médios anuais, é necessário
um sistema com 11,6 m². A partir do valor da área do SFV necessária para o consumo
da residência, é obtida a quantidade de módulos pelo datasheet do equipamento.

Os módulos mencionados anteriormente possuem cerca de 1,6 m² de área, resultando


em um valor de 7,25 módulos para o SFV em questão. Sendo a assim, é
recomendada a instalação de 7 módulos conectados em série, para que o sistema não
seja superdimensionado.

 Sistema Fotovoltaico – Corrente contínua

São escolhidos os módulos de 260 Wp, resultando em um sistema de 1,82 kWp com
os seguintes parâmetros para parte de corrente contínua, fornecidos pelo fabricante:

66
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

 Tensão máxima: 7*37,5 V = 262,5 V


 Corrente máxima: 1*9,24 A= 9,24 A
 Potência máxima dos módulos: 1820 W

Como os módulos estão conectados em série, a tensão total do sistema é a soma da


tensão de todos os painéis e a corrente será a corrente de 1 módulo. Estes valores
são essenciais para a definição do inversor e das proteções do lado de corrente
contínua.

O inversor escolhido é o de 1600 W do fabricante B&B Power, que possui as seguintes


características.

Parâmetros de Entrada

Máxima Potência 1850 W


Máxima Tensão 550 V
Faixa de Tensão do MPPT 120-500 V
Máxima Corrente por String 13 A
Tensão de Acionamento 100 V
Número de MPPT 1

Parâmetros de Saída

Potência AC 1600 W
Máxima Potência Aparente 1760 VA
Tensão Nominal 220 V
Faixa de Tensão 176-276 V
Máxima Corrente 7,8 A
Fator de Potência > 0,99
Harmônicas(THD) < 3%
Máxima Eficiência 97,7%

É importante notar que, para a parte de corrente contínua, os módulos possuem


parâmetros inferiores às limitações do equipamento. Para o dimensionamento das
proteções:

 O Dispositivo de Proteção Contra Surtos deve ter uma tensão máxima de


trabalho maior que a soma das tensões de circuito aberto dos módulos;
 O disjuntor deve ter uma tensão máxima de trabalho maior que a soma das
tensões de circuito aberto dos módulos e ter uma corrente nominal maior que a
corrente de curto circuito do módulo. Geralmente utilizamos uma margem de
segurança de 30% para sistemas pequenos.

Sendo assim, as seguintes proteções podem ser escolhidas para proteger o sistema
fotovoltaico em questão.

67
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Dispositivo de proteção Contra Surtos – Corrente contínua.

Número de Polos 2
Tensão Máxima (DC) 500V
In(8/20)us 20kA
Imax(8/20)us 40kA

Disjuntor – Corrente Contínua

Tensão de Operação 440 V


Corrente Nominal 16 A
Uimp 4 kV
Icu 6 kA
Curva de Disparo C

 Sistema Fotovoltaico – Corrente alternada

Para a parte de corrente alternada, devemos levar em conta os dados de saída do


inversor, a fim de dimensionar as proteções do mesmo.

 Potência nominal: 1600 W


 Faixa de tensão de trabalho: 176-276 V
 Máxima corrente: 7,8 A
 Fator de Potência: >0,99

Dispositivo de proteção contra surtos – Corrente alternada.

Número de Polos 1
Tensão Máxima (DC) 275 V
In(8/20)s 5 kA
Imax(8/20)s 10 kA
Tensão de Trabalho 220/380 V

Disjuntor – Corrente alternada.

Icn 3 kA
Corrente Nominal 10 A
Tensão de Trabalho 230/400 V
Frequência 50/60 Hz
Curva de Disparo C
Manobras Mecânicas > 20.000
Manobras Elétricas > 4.000
Seção de Condutores 1 a 25mm²

Outro parâmetro que é necessário definir é o diâmetro dos condutores do sistema. A


fim de seguir as recomendações sobre valores de queda de tensão permitidos para os

68
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

sistemas fotovoltaicos, é utilizada a seguinte equação tanto para a parte de corrente


contínua quanto de corrente alternada.

2. 𝑙. 𝑃. 0,0178
𝐴𝐶𝐴𝐵𝑂 𝐶𝐴/𝐶𝐶 = ( ) . 100
𝑉 2 . ∆𝑉
Na qual:
 𝐴𝐶𝐴𝐵𝑂 é a área do cabo em mm²;
 𝑙 é a distância dos módulos ao inversor em metros;
 𝑃 é a potência do sistema em W;
 𝑉 é a tensão em V;
 ∆𝑉 é a queda de tensão.

A partir da definição dos equipamentos que compõem o sistema, são confeccionados


os documentos pertinentes para a homologação do projeto junto à concessionária de
energia da região. Apesar de possuírem algumas pequenas diferenças, os
documentos são similares. Anexados à apostila estão alguns diagramas unifilares,
trifilares e de localização de projetos de sistemas fotovoltaicos de microgeração.

*Observação: para sistemas de maior potência e, consequentemente, maior área de


utilização devido ao número de placas, muitas vezes o limitador deixa de ser o
consumo do consumidor e torna-se a área disponível para a implantação do sistema
fotovoltaico. Nestes casos, além da área que irá compreender o SFV, é necessário
calcular a distância entre as fileiras de módulos para que as perdas devido ao
sombreamento sejam minimizadas.

A distância entre fileiras deve levar em conta tanto a maximização da energia


produzida quanto o fator de utilização da área em questão. O fator de utilização é a
razão entre a área do módulo e a área na superfície plana necessária para sua
instalação, ou seja:

𝐿
𝑓=
𝐷
Na qual f é o fator de utilização de área, L é a largura do módulo fotovoltaico e D é a
distância entre as bordas de duas fileiras vizinhas, como é possível perceber nas
figuras a seguir.

69
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Geralmente as usinas solares trabalham com um fator de utilização de área em torno


de 30 a 45%. Para a definição do fator de área, é possível trabalhar com dois
métodos.

 Redução de perdas devido ao sombreamento nas fileiras

Essa estratégia tem como objetivo aumentar o rendimento do sistema, reduzindo o


número de fileiras e, consequentemente, de potência instalada. Assim, sendo z a
altura e d a distância entre fileiras:

𝑑 = 3,5 ∗ 𝑧

 Maximização do fator de aproveitamento da área

A segunda estratégia tem como objetivo aumentar a área compreendida pelo SFV,
com a consequente diminuição da produção de energia por módulo devido ao
aumento do efeito de sombreamento. Essa segunda via é geralmente utilizada para
sistemas que tenham restrições de espaço. Assim, a distância entre as bordas de
duas fileiras é dada através da seguinte equação:

𝐷 = 2,25 ∗ 𝐿

 Distância Mínima de SFV para Obstáculos

Outro fator que impacta a produção de energia nos sistemas fotovoltaicos é a


presença de obstáculos próximos, como prédios, árvores, etc. Sendo assim, os painéis
fotovoltaicos devem estar instalados suficientemente distantes de obstáculos que
possam encobrir a luz do sol, principalmente nas horas de maior irradiância
(geralmente das 9 às 15 horas). Para isso, o Manual de Engenharia para Sistemas
Fotovoltaicos recomenda distâncias mínimas com o intuito de evitar o sombreamento
dos sistemas conforme a figura a seguir.

70
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A distância “d” é calculada através da seguinte equação.

𝑑 = 𝐹𝑒(ℎ𝑜𝑏 − ℎ𝑖 )

Na qual:

𝑑 é a distância mínima a ser mantida entre o gerador e o obstáculo em metros;

ℎ𝑜𝑏 é a altura do obstáculo em metros;

ℎ𝑖 é a altura de instação do gerador fotovoltaico em metros;

𝐹𝑒 é o fator de espaçamento obtido na curva da figura que segue.

71
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

O método garante a ausência de sombra nos módulos durante o inverno, no intervalo


de três horas antes e depois do meio dia solar. Cabe salientar que o método referido
fornece uma estimativa simples e conservadora, considerando que a sombra do
obstáculo cobre por igual todo o gerador fotovoltaico. Para resultados mais próximos
da realidade é necessário um estado mais aprofundado.

12. Funcionamento do Sistema Fotovoltaico

A seguir será ilustrado um estudo de caso realizado por Possebon(2016) para um


sistema fotovoltaico conectado na rede da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, a fim de realizar uma análise de desempenho de um SFV. A análise é realizada
ao longo de 30 dias entre os meses de maio e junho. É utilizado um programa junto do
inversor para a obtenção dos parâmetros elétricos do sistema (potência, energia
gerada, tensão, etc) e, para a obtenção do restante dos dados (temperatura de célula,
irradiância, etc) são confeccionados sensores, que são aferidos e disponibilizados pelo
Laboratório de Energia Solar da UFRGS (LabSol). Os sensores de temperatura
ambiente e das células são PT-100, e a célula sensora de irradiação é ilustrada na
figura abaixo, a qual está instalada ao lado do SFV, com a mesma inclinação e
orientação do mesmo.

72
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

As incertezas dos sensores seguem abaixo.

Valores de incerteza de cada medida

Grandeza Incerteza

Potência AC 4% (VL)

Irradiação 2 a 3% (VL)

Temperatura 0,12 [°C]

Área do
Módulo 0,01 [m²]

A metodologia de aquisição de dados é ilustrada através da Figura 8. Os


painéis fotovoltaicos produzem energia elétrica através da irradiação solar, que é
transferida para a parte CC do inversor e convertida em energia AC. Através do
software Sunny Data Control, fornecido pela SMA Solar Technology, são escolhidos os
dados que são armazenados no controlador do inversor. Os parâmetros de saída são
disponibilizados na forma de tabelas.

73
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Ilustração da metodologia de aquisição de dados

Painéis Fotovoltaicos Inversor

Saída Sunny Data Control

O sistema fotovoltaico do sistema em questão é composto por 5 módulos de 245 Wp


conectados em série, resultando em um sistema de 1,225 kwp. Os módulos estão
orientados para o Norte (0 graus) e com uma inclinação de 20 graus em relação à
horizontal, a qual resulta na geração máxima de energia para a cidade de Santa
Maria–RS, como é possível perceber em Gasparin e Krenzinger (2016).

12.1. Análise Mensal

A análise é realizada para os 30 dias de amostragem. A tabela a seguir apresenta os


valores diários referentes à energia no lado AC do inversor, irradiação, e a média das
temperaturas ambiente e dos módulos durante o período de funcionamento do
sistema. A última linha da tabela ilustra as médias diárias dos parâmetros analisados,
respectivamente.

74
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

São obtidos os valores de aproximadamente 105 kWh de energia mensal e


3,3 kWh/m²dia para a irradiação média diária, a qual está próxima dos valores
disponibilizados pelos softwares Radiasol 2 e SWERA de 3,69 e 3,16 kWh/m²dia para
os meses de maio e junho, respectivamente, na cidade de Porto Alegre com a
orientação e a inclinação do sistema que é estudo de caso no presente trabalho. A
figura abaixo ilustra as Irradiações Médias em kWh/m²dia obtidas em cada um dos
meses para a configuração do SFV em questão.

75
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

12.2. Análises Diárias

A partir dos valores obtidos na análise mensal, são definidas as datas para as análises
diárias através das respectivas irradiações. O critério de escolha dos dias é dado da
seguinte maneira:

 máxima irradiação diária, que caracteriza um dia ensolarado de céu limpo;


 irradiação diária similar à média obtida na análise mensal, correspondente a
um dia “típico” para o período.

12.2.1. Máxima Irradiação Diária

A irradiação máxima no período é obtida no dia 08 de junho de 2016, onde é


observado o valor de 5,083 kWh/m²dia. Os comportamentos das curvas de energia AC
e de irradiação ao longo do dia são ilustrados na Figura 12.1.

76
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 12.1 – Energia e Irradiação para dia ensolarado

Irradiação Energia AC

6 6

5 5

4 4

[kWh/m²] 3 3 [kWh]

2 2

1 1

0 0
11:09:00
07:16:00
07:54:00
08:33:00
09:12:00
09:51:00
10:30:00

11:48:00
12:27:00
13:06:00
13:45:00
14:24:00
15:03:00
15:42:00
16:21:00
17:00:00
A Figura 12.2 ilustra os comportamentos para as curvas de potência instantânea
observada no lado AC do inversor e da irradiância solar obtida através da célula
sensora.

Figura 12.2 – Potência e Irradiância Solar para dia ensolarado

Irradiância Solar Potência AC

0,9 1,0
0,8 0,9
0,7 0,8
0,6 0,7
0,6
0,5
[kW/m²] 0,5 [kW]
0,4
0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
07:54:00

10:30:00
07:16:00

08:33:00
09:12:00
09:51:00

11:09:00
11:48:00
12:27:00
13:06:00
13:45:00
14:24:00
15:03:00
15:42:00
16:21:00
17:00:00

Os dados são analisados das 07:16 até as 17:36 horas. O comportamento suave das
curvas da Figura 12 evidencia um dia de céu limpo, livre de grandes variações em sua
totalidade. Nesse período, é obtido o valor de 5,513 kWh de energia no lado AC do

77
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

inversor. O valor de pico para a irradiância solar de 0,816 kW/m² é obtido as 12:15
horas. O comportamento das curvas no período inicial do dia é dado devido à
presença de algumas árvores, que interferem na produção de energia no início das
manhãs. É possível observar a presença de pequenas variações para a célula sensora
e para a potência do lado AC do inversor entre as 15:03 e 15:42 horas, evidenciando a
presença de algumas nuvens. Em ambos os gráficos é possível notar a relação direta
dos parâmetros observados.

12.2.2. Dia “Típico”

A irradiação de 3,33 kWh/m²dia é evidenciada em 26 de maio no período entre as


07:26 e 17:33 horas, a qual é similar ao valor de irradiação média diária para o período
analisado, caracterizando assim o respectivo dia como “típico”. Os comportamentos
das curvas de energia AC e irradiação são ilustrados na Figura 12.3.

Figura 12.3 – Energia e Irradiação para dia típico

Irradiação Energia AC

4,0 4,0
3,5 3,5
3,0 3,0
2,5 2,5
[kWh/m²] 2,0 2,0 [kWh]
1,5 1,5
1,0 1,0
0,5 0,5
0,0 0,0
08:07:00
07:26:00

08:48:00
09:30:00
10:12:00
10:54:00
11:36:00
12:18:00
13:00:00
13:42:00
14:24:00
15:06:00
15:48:00
16:30:00
17:12:00

A Figura 12.4 ilustra os comportamentos das curvas de potência do lado AC e de


irradiância solar para o dia típico. As curvas possuem diversas variações ao longo do
dia, as quais são intensificadas por volta das 12 horas. Diferentemente do dia
ensolarado, o dia “típico” não possui comportamento suave devido à presença de
diversas nuvens. Nesse dia o pico de irradiação diária de 0,875 kW/m² está deslocado
para as 13:39 horas.

78
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 12.4 – Potência e Irradiância Solar para dia típico

Irradiância Potência AC

1,0 1,0
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
[kW/m²] 0,5 0,5 [kW]
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0

14:00:00
07:26:00
07:57:00
08:30:00
09:03:00
09:36:00
10:09:00
10:42:00
11:16:00
11:48:00
12:21:00
12:54:00
13:27:00

14:34:00
15:06:00
15:39:00
16:12:00
16:45:00
17:18:00
12.3. Avaliação da Potência AC através da Temperatura dos Módulos e da
Irradiância

Na análise da avaliação da potência AC através da temperatura dos módulos são


utilizados dados de irradiância solar, de potência do lado AC do inversor e de
temperatura do módulo. Para a determinação do coeficiente de avaliação são
selecionados os valores de irradiância próximos de 800 W/m², valor que corresponde à
operação NOCT (Condições Nominais de Temperatura de Funcionamento de Célula).
Como no presente trabalho não é possível a fixação da irradiância para diferentes
temperaturas durante a operação, é utilizada a faixa de valores de irradiância entre
795 a 805 W/m².

A faixa abrange 18 leituras, as quais possuem diferentes temperaturas de módulo e


potências AC. Devido à indisponibilidade de leituras com o mesmo valor de irradiância,
é retirada a influência da mesma efetuando a divisão da potência evidenciada na saída
do inversor pelo respectivo valor de irradiância.

A Figura 12.5 ilustra a curva de avaliação da potência AC, na qual o eixo vertical
corresponde à razão da potência AC pela respectiva irradiância e o eixo horizontal
corresponde à temperatura do módulo no momento da medição. Traça-se uma linha
de tendência a partir dos pontos obtidos, na qual o coeficiente de avaliação
corresponde ao coeficiente angular da linha traçada, e retrata a diminuição da potência
em função do aumento da temperatura do painel fotovoltaico, conforme esperado. A
dispersão dos pontos é justificada devido às diferentes velocidades de vento nas
amostras escolhidas, parâmetro que deveria ser fixado em 1 m/s para a condição
NOCT.

79
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Figura 12.5 – Avaliação da Potência AC do SFV

1,16 [Wac*m²/W]

1,14

1,12 y = -0,004x + 1,2038[Wac*m²/W]


R² = 0,8244
1,1

1,08

1,06

1,04

1,02

1
0 10 20 30 40 50 [°C]

13. Viabilidade Financeira

A análise econômica tem como objetivo verificar a viabilidade financeira para sistemas
fotovoltaicos. Para a realização da análise, serão utilizados valores médios disponíveis
atualmente para o retorno financeiro em termos de kWp.

Para o estudo serão considerados os seguintes valores:

 Custo do kWp para uma instalação residencial: R$ 6.000,00;


 Custo do kWh médio das concessionárias no Rio Grande do Sul: R$ 0,69;
 Custo do kWp para uma instalação industrial: R$ 4,000,00;
 Custo do kWh médio para clientes industriais: R$ 0,43;
 A taxa mínima de atratividade utilizada para a análise em questão é o valor
encontrado para o rendimento da poupança no ano de 2016 de 8,3% ao ano;
 A geração média mensal para um sistema de 1 kWp localizado na cidade de
Porto Alegre é de aproximadamente 120 kWh;
 É considerada uma perda de produção do sistema através das informações do
fabricante, chegando ao longo de 25 anos com 80% da eficiência original;
 Cada análise contará com 3 cenários diferentes, com diferenças de reajuste da
tarifa de energia de 4, 8 e 12% ao ano para os cenários pessimista,
intermediário e otimista, respectivamente. Neste caso o maior valor de reajuste
tarifário corresponde ao cenário otimista devido ao fato de reduzir o tempo de
retorno do investimento.

80
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A análise financeira dos cenários é dada através do método de Payback Descontado,


considerando o valor do dinheiro no tempo. Assim, é utilizada a equação abaixo para a
obtenção de valor presente líquido (VPL) ao longo do período.
𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛
𝑉𝑃𝐿 = 𝐼0 + 1
+ 2
+ ⋯+
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖)𝑛

Na equação VPL corresponde ao valor presente líquido para o período n, 𝐼0 é o valor


do investimento inicial (receita negativa), 𝑅𝑛 é a receita no período n e 𝑖 é a taxa
mínima de atratividade. O valor presente corresponde à diferença entre o valor
presente das entradas líquidas e o investimento inicial. O VPL pode assumir três
significados diferentes ao longo da análise:

 valor positivo, o qual garante que o projeto é economicamente viável;


 valor negativo, o qual indica que o investimento inicial não é viável;
 valor nulo, no qual o investimento é indiferente.

13.1. Instalações Residenciais

Neste caso, é utilizado o valor de investimento de R$ 6.000,00 e de custo do kWh de


R$ 0,69, como mencionado anteriormente. A comparação de retorno do investimento
dos três cenários é dado no gráfico abaixo.

30000

25000

20000

15000
Cenário Otimista
10000 Cenário Intermediário
Cenário Pessimista
5000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
-5000

-10000

Os resultados de retorno de investimento obtidos são os seguintes:

 6,15 anos para o Cenário Otimista;


 7,78 anos para o Cenário Intermediário;
 8,69 anos para o Cenário Pessimista.

81
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

13.2. Instalações Industriais

Neste caso, é utilizado o valor de investimento de R$ 4.000,00 e de custo do kWh de


R$ 0,43, como mencionado anteriormente. A comparação de retorno do investimento
dos três cenários é dado no gráfico abaixo.

R$ 20.000,00

R$ 15.000,00

R$ 10.000,00
Cenário Otimista
Cenário Intermediário
Cenário Pessimista
R$ 5.000,00

R$ 0,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

-R$ 5.000,00

Os resultados de retorno de investimento obtidos são os seguintes:

 6,51 anos para o Cenário Otimista;


 7,24 anos para o Cenário Intermediário;
 8,30 anos para o Cenário Pessimista.

13.3. Análise dos Resultados Obtidos

Os resultados obtidos nas análises evidenciam que a instalação de SFV é viável tanto
para a utilização residencial quanto para a industrial. É necessário ressaltar que para
este estudo foram utilizados valores médios de custo e de geração para sistemas
fotovoltaicos, valores que sofrem alterações dependendo do tamanho, localização e
configuração dos mesmos. Sendo assim, a análise tem como objetivo a obtenção do
comportamento das curvas de retorno de investimento por kWp instalado para a
utilização de energia fotovoltaica nos dias de hoje.

82
YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

14. Ações Brasil x Mundo – Energia Solar

O Brasil tem tomado ações similares aos países com grande participação de energia
solar. Abaixo são feitas algumas comparações entre o cenário brasileiro e o alemão.

Alemanha:

 Eventos externos: Acidente Chernobyl (1986)


 Instalação eólica de 100 MW (1989)
 Programa 1.000 telhados solares (1989)
 Feed-in Law (1990)

É a lei de incentivo da energia fotovoltaica na Alemanha, que dá origem ao Código das


Fontes Renováveis de Energia, disponibilizando tarifas de auxilio para empresas de
acordo com o tipo de energia alternativa utilizada.

 Programa 100.000 telhados solares (1993)


 Apoio parlamentar
 Reação das concessionárias (1996)
 Garantia de tarifa prêmio por 20 anos

Remuneração de eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, com venda


garantida durante 20 anos. Nesse sistema, a energia gerada é remunerada a um
preço prêmio (acima do valor cobrado pelas distribuidoras), a fim de viabilizar o
investimento realizado pelos consumidores sem riscos.

Brasil:

 Geração distribuída
 PRODEEM – Cerca de 5 MW instalados (1994)
 Isenção ICMS, CONFAZ 101 (1997)
 Isenção IPI, Decreto 7660 (2011)
 ANEEL 482/2012
 50 telhados solares (2013) – Instituto IDEAL
 ANEEL 687/2016
 Isenção do ICMS na compensação de energia elétrica (RS 2016)

Como é previsto pelo Ministério de Minas e Energia, o Brasil deve integrar o grupo de
20 maiores produtores de energia solar até 2018. Ao falar de geração distribuída, é
estimado que 18% das residências de 2050 contarão com geração de energia
fotovoltaica, valor que corresponde a 13% do consumo residencial (Plano Nacional de
Energia 2050).

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

A figura abaixo evidencia a variação e a capacidade instalada para o ano de 2015 de


energias renováveis e produção de biocombustível no mundo. A variação de 50 GW
em 2015 de energia solar fica atrás somente da energia eólica, porém, corresponde a
uma contribuição de 22% de toda a capacidade instalada em apenas um ano de
análise.

Fonte: REN21, 2016.

Sobre o futuro em termos mundiais, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima


que em 2050 a energia solar corresponderá a 11% da oferta de energia elétrica.

A previsão do aumento de instalações de energia solar no país é significativa, ao


comparar a capacidade instalada hoje, como é possível perceber na tabela a seguir.

Fonte: MME, 2017.

15. Manutenção de Sistemas Fotovoltaicos

Toda e qualquer ação de manutenção que necessite intervenções no sistema deve ser
feita por mão de obra especializada, porém, é possível que o consumidor tome
algumas medidas básicas de manutenção preventiva, como a simples observação dos
parâmetros de saída do inversor para dias de céu limpo, para períodos próximos ao

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

meio dia solar, no qual é esperado que o sistema esteja próximo do pico do seu
funcionamento. Para este tipo de análise é interessante a instalação de softwares
capazes de armazenar dados ao longo do tempo, para facilitar a análise do
proprietário.

A escolha correta da inclinação do sistema acaba viabilizando a autolimpeza do


sistema através do escoamento da água da chuva, retirando grande parte das
sujeiras, poeira, etc. Outro ponto importante são os obstáculos ao redor. É necessário
estar atento a possíveis necessidades de podas de árvores ou arbustos.

Abaixo estão elencados os cuidados com os módulos e inversores, que devem ser
tomados pelo menos uma vez a cada seis meses:

 Limpeza – verificar o estado dos painéis fotovoltaicos. Sujeira acumulada pode


reduzir significativamente a produção de energia do sistema. Se necessário,
lavar os módulos com água e flanela limpa no início ou no final do dia, quando
os módulos não estiverem com temperatura elevada, a fim de evitar choques
térmicos. Quanto aos inversores, mantenha-os limpos e em locais secos e
ventilados.
 Acúmulo de água nos módulos – Para sistemas mais próximos da linha do
equador, os quais utilizam uma inclinação baixa, é comum que os módulos
retenham água. Neste caso é necessário contatar a empresa instaladora para
aumentar o ângulo de inclinação do sistema.
 Sombreamento – monitorar possíveis obstruções da luz solar nos geradores.
 Sinalização no Inversor – verificar as luzes indicadoras do equipamento e, ao
encontrar alguma divergência, contatar a empresa responsável.

16. Documentos – Projeto Sistema Fotovoltaico

Neste capítulo serão ilustrados alguns dos documentos que são necessários na
homologação de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Eles contém informações
do consumidor sobre localização e ponto de entrega de energia, e os diagramas
unifilar e trifilar da residência/empreendimento. Eles são fundamentais para evidenciar
o tipo de conexão que será utilizado pelo consumidor e se os pré-requisitos para o
funcionamento do SFV estão sendo cumpridos no projeto. O diagrama de localização
é necessário para informar os dados básicos do consumidor e o tipo de conexão do
mesmo (aéreo/subterrâneo). Os diagramas unifilar e trifilar trazem o número de fases,
a tensão nominal, as proteções e os equipamentos que compõem o sistema.

 Sistema Residencial – 1,56 kWp

Abaixo serão ilustrados os diagramas de um sistema de 8 módulos de 260 Wp


conectados em série em 1 inversor de 1,6 kW.

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 Sistema Comercial – 10.4 kWp

Abaixo serão ilustrados os diagramas de um sistema de 40 módulos de 260 Wp,


divididos em 4 strings de 10 módulos conectados em série em 2 inversores de 5 kW.

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17. Cases – Sistemas Fotovoltaicos em Funcionamento

Neste capítulo serão apresentados alguns projetos de sistemas fotovoltaicos realizados pela
Young Energy. Entre eles, é possível perceber algumas diferenças de disponibilidade de área,
inclinação e orientação e diferenças na dimensão dos sistemas.

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 3,56 kWp

 2,6 kWp

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 2,08 kWp

 4,16 kWp

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 10.4 kWp

18. Exercícios Propostos

1. Trazer a fatura de energia residencial e dimensionar a área e a quantidade de


módulos para suprir o consumo.

2. Através da ficha técnica fornecida pelo fabricante BYD, defina os seguintes


parâmetros do painel fotovoltaico de 260 Wp.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Característica Valor Unidade


Tensão Máxima
Corrente Máxima
Potência Máxima
Eficiência do Módulo
Máxima Tensão do Arranjo

3. Com os resultados do exercício número 1, defina os seguintes parâmetros pra


os arranjos a seguir.
 10 módulos conectados em série

Característica Valor Unidade


Tensão Máxima
Corrente Máxima
Potência Máxima

 4 módulos conectados em paralelo

Característica Valor Unidade


Tensão Máxima
Corrente Máxima
Potência Máxima

 4 strings de 8 módulos conectados em série

Característica Valor Unidade


Tensão Máxima
Corrente Máxima
Potência Máxima

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

4. Assim como no exercício 1, defina os parâmetros do inversor de 5 kW do


fabricante B&B.

Característica Valor Unidade


Máxima Tensão c.c.
Máxima Corrente c.c./string
Máxima Potência c.c.
Máxima Potência/MPPT
Tensão de Início do Inversor
Número de strings lado c.c.
Potência lado c.a.
Tensão nominal c.a.
Faixa de Tensão c.a.
Máxima Corrente de Saída

5. Defina os inversores possíveis para as seguintes possíveis configurações de


15 módulos de 250 W do fabricante BYD.

Arranjos 1 2 3 4 5 6 = 4+5
Strings 1 1 2 1 1 2
Módulos/String 15 14 7 8 7 8/7
Total 15 14 14 8 7 15

Características 1 2 3 4 5 6
Isc
Uoc
P nom

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Inversor

6. Estime a distância mínima necessária entre um sistema fotovoltaico e um


estabelecimento comercial de 8 metros. O SFV ficará instalado em uma altura
de 0,5 metros e está localizado na cidade de Porto Alegre.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

7. Para as áreas disponíveis, defina a potência do sistema através dos métodos


de redução de perda de energia devido ao sombreamento e de maximização
do fator de utilização da área nos seguintes telhados.

Cobertura de comércio com medidas: 9 metros x 25 metros

Cobertura de estacionamento com medidas: 17 metros x 56 metros

8. Defina os componentes para um sistema composto por 6 módulos de 260 W do


fabricante BYD (Inversores, proteções c.c. e c.a., diâmetro dos cabos). O
inversor é localizado 15 metros distante dos módulos e 20 metros distante do
Quadro de Distribuição da Residência.

Características Valor
Potência Sistema
Área do Arranjo
Tensão Máxima c.c.
Corrente Máxima c.c.
Corrente Máxima c.a.
Inversor
DPS c.c.
Disjuntor c.c.
DPS c.a.
Disjuntor c.a.
Diâmetro cabos c.c.
Diâmetro cabos c.a.

9. Defina os componentes de proteção para um sistema composto por 40


módulos de 260 W do fabricante BYD. Eles estarão divididos em 4 strings de
10 módulos cada, conectados no Inversor B&B, modelo SF5000TL de 5kW.

Características Valor
Potência Sistema
Área do Arranjo
Tensão Máxima c.c./string
Corrente Máxima c.c./string
Inversor
Corrente Máxima c.a.
DPS c.c.
Disjuntor c.c.
DPS c.a.
Disjuntor c.a.

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YOUNG ENERGY SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

19. Referências

 Ministério de Minas e Energia (MME);


 Empresa de Pesquisa Energética (EPE);
 Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);
 Possebon, 2016 – Avaliação do Desempenho de um Arranjo Fotovoltaico Para
uma Residência Típica no Sul do País;
 Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – Meio Século de História
Fotovoltaica;
 Dev Millstein et al, 2017. Universidade da California;
 CRESESB, 2014. Manual de Engenharia Para Sistemas Fotovoltaicos;
 Radiasol 2. Laboratório de Energia Solar - UFRGS;
 AES – São Paulo, Fatura de Energia Elétrica Residencial.
 Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental – Instituto Brasileiro de Estudos
Ambientais e Saneamento
 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century – REN21
 Agência Internacional de Energia – IEA
 Energy Informative Org

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 Informações da Empresa

Dados da empresa responsável:

Nome da empresa Young Energy Com de Energia Solar Ltda - ME

Endereço I Av. Nilo Peçanha, 1221 – Sala 601 – Porto Alegre/RS


Endereço II Rua Santos Dumont, 1108 – Porto Alegre/RS
E-mail comercial@youngenergy.com.br
Telefone 51. 3519-9434

Dados da parte técnica:

Engenheiro de Energia Rafael Possebon

E-mail engenharia@youngenergy.com.br
Telefone 51. 99802-5055

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