Influência Do Comportamento Das Ligações Na Estabilidade de Estruturas Mistas de Aço E Concreto
Influência Do Comportamento Das Ligações Na Estabilidade de Estruturas Mistas de Aço E Concreto
Influência Do Comportamento Das Ligações Na Estabilidade de Estruturas Mistas de Aço E Concreto
SÃO CARLOS
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
SÃO CARLOS
2014
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
A minha esposa Andréia, a minha filha Anne Caroline e ao meu Filho André
Luis pela compreensão nos momentos de ausência e pelo incentivo para elaboração deste
trabalho.
A minha orientadora Professora Drª. Silvana De Nardin pela compreensão nas
minhas dificuldades e limitações, pelo incentivo, por acreditar na minha capacidade e pela
sua brilhante orientação, fazendo com este trabalho chegasse ao final.
Ao Professor Dr. Alex Sander Clemente de Souza pelo convite e incentivo para
ingressar nesta pesquisa, acreditando sempre em minha capacidade desde os tempos de
graduação onde foi meu mestre.
Aos Meus pais José Pulido e Maria de Lourdes Pulido pela educação, pelo
apoio em meus estudos, pelo espelho que são em minha vida mostrando que a vontade de
vencer vem acima de qualquer coisa e que um sonho pode se tornar realidade , basta
acreditar.
A minha irmã Alcioni Pulido Dolci ao meu cunhado Tarso Dolci e a minha
sobrinha Isabela pela paciência e pelo apoio de forma plena.
Aos meus amigos de classe Jorge e Razzi, pelo companheirismo, pelo pronto
atendimento em dúvidas e pelos momentos agradáveis.
A Solange secretaria do PPGCiv pelo pronto atendimento que sempre tive e aos
Brilhantes professores Edson, Emília e Maria Imaculada e Márcio, pela correção ortográfica
realizada neste trabalho.
RESUMO
The objective of this work was to evaluate the influence of the rigidity of the beam-to-
column connections as well as the transference of forces among the structural components in
steel-concrete composite structures. to do this, data regarding the Moment vs. Rotation curve
behavior of a concrete filled beam-to-column connection, previously evaluated on a different
work was used for comparison. The experimental value of rigidity was inserted into models of
plane frames and tridimensional models, in a way that the global stability parameters can be
evaluated according to the rotational stiffness of the beam-to-column connections.
In order to evaluate the stability, was led in consideration the ABNT NBR 8800:2008
Brazilian code recommendations. For the numeric simulations, the software SAP 2000® was
used, in which it was simulated a plane frame model with ten floors, and also a tridimensional
frame, varying the number of floors. Once constructed the numerical models, for the plane
frame comparative analysis were performed study of the redistribution of forces, of
consumption of steel and stability considering that the beam-to-column connections
represented in the models, simulate the following situations regarding the system stiffness:
rigid and semi-rigid connections and also ratios of experimental stiffness.
For the tridimensional model, besides the variation of the stiffness connection the
influence of number of floors on the parameters of stability and distribution of forces on
structural elements was also analyzed in the present study. The results showed that the
stiffness of the beam-to-connections alters the distribution of forces, and that the variation on
the number of floors have influence on the global stability parameter. However, it is possible
to design structures with semi-rigid beam-to-column connections respecting the normative
limits for the parameters of stability and reducing the consumption of steel in the form of
profiles.
Key words: steel-concrete composite elements, structural analysis, composite
connections, semi-rigid connections, global stability, plane frame, tridimensional frame.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Sistema estrutural de um edifício estruturado em elementos mistos de aço e
concreto .................................................................................................................................... 22
Figura 1.2 - Curvas Momento – Rotação, típicas de ligações em aço ...................................... 23
Figura 1.3 - Exemplos de elementos mistos de aço e concreto ................................................ 24
Figura 1.4 - Primeiros registros de edifícios brasileiros estruturados com elementos mistos de
aço e concreto ........................................................................................................................... 25
Figura 1.5 - Exemplos recentes da utilização de elementos mistos de aço e concreto em
edifícios .................................................................................................................................... 26
Figura 1.6 - Ligação com chapa passante utilizada como referência ....................................... 28
Figura 1.7 - Fluxograma das principais etapas do presente estudo .......................................... 30
Figura 1.8 - Vista da ligação viga-pilar ensaiada por De Nardin (2007).................................. 31
Figura 2.1 - Curvas Momento-Rotação e classificação das ligações ....................................... 35
Figura 2.2 - Ligação mista com chapa de extremidade com altura total .................................. 36
Figura 2.3 - Ligação mista com cantoneiras parafusadas na alma (duas por viga) e na mesa
inferior da viga apoiada ............................................................................................................ 36
Figura 2.4 - Ligação mista com cantoneiras parafusadas na mesa inferior da viga apoiada .... 36
Figura 2.5 - Rigidez tangente e secante a partir das curvas Momento vs. Rotação ................. 38
Figura 2.6 - Discretização em elementos finitos para a ligação ensaiada ................................ 40
Figura 2.7 - Detalhes das ligações ensaiadas ............................................................................ 41
Figura 2.8 - Modelo de ligações ensaiadas por Figueiredo (2004) .......................................... 47
Figura 2.9 - Detalhe de sistema de ensaio por Tristão (2006) .................................................. 50
Figura 2.10 - Modelo de pavimento tipo estudado por Bessa (2006)....................................... 53
Figura 2.11 - Modelos ensaiados por Bessa (2006) ................................................................. 54
Figura 2.12 - Visão geral do modelo discretizado em elementos finitos ................................. 56
Figura 3.1 - Relação entre o parâmetro χ e o índice de esbeltez reduzido λ 0 ,m ...................... 61
Figura 3.2 - Curvas de interação Momento vs. Força Normal: Modelo I ................................ 62
Figura 3.3 - Curvas de interação Momento vs. Força Normal: Modelo II ............................... 63
Figura 3.4 - Identificação das variáveis para o cálculo dos módulos de resistência plásticos em
relação ao eixo x ....................................................................................................................... 66
Figura 3.5 - Identificação das variáveis para o cálculo dos módulos de resistência plásticos em
relação ao eixo y ....................................................................................................................... 67
Figura 3.6 - Ilustração dos parâmetros para definição da largura efetiva de vigas mistas ....... 70
Figura 3.7 - Distribuição de tensões em vigas mistas de alma cheia sob momento positivo
e interação total ......................................................................................................................... 70
Figura 3.8 - Distribuição de tensões para momento fletor negativo ......................................... 75
Figura 3.9 - Distância da borda do fuste do conector à alma da nervura da forma de aço ....... 78
Figura 3.10 - Seção mista real e homogeneizada ..................................................................... 82
Figura 4.1 - Entrada de dados para dimensionamento de pilares mistos.................................. 85
Figura 4.2 - Detalhes da aba "Análise"..................................................................................... 87
Figura 4.3 - Entrada de dados da planilha de dimensionamento para momento positivo ........ 90
Figura 4.4 - Entrada de dados da planilha de dimensionamento para momento negativo ....... 91
Figura 4.5 – Resultados da verificação para momento fletor negativo .................................... 92
Figura 5.1 - a) Configuração geral do modelo, b) Viga mista, c) Conectores de cisalhamento,
d) Laje de concreto e) Viga I com dois eixos de simetria f) Pilar preenchido e g) Detalhe da
ligação com chapa passante ...................................................................................................... 95
Figura 5.2 - Elementos de barra para análise da rigidez de pilares .......................................... 97
Figura 5.3 - Modelos para validação da rigidez das vigas mistas .......................................... 103
Figura 5.4 - Modelos para estudo e validação da rigidez de vigas mistas de aço e concreto . 105
Figura 5.5 - Ligação ensaiada experimentalmente ................................................................. 109
Figura 5.6 - Resultados experimentais de deslocamentos das ligações .................................. 109
Figura 5.7 - Modelo numérico ................................................................................................ 110
Figura 5.8 - Comportamento Momento vs. Rotação da ligação: valores experimentais ........ 111
Figura 5.9 - Ilustração da organização das fases do trabalho. ................................................ 114
Figura 5.10 - Projeto arquitetônico e Concepção estrutural .................................................. 115
Figura 5.11 - Caracterização geométrica do pórtico plano analisado..................................... 119
Figura 5.12 - Configuração geral dos carregamentos aplicados ............................................. 120
Figura 5.13 - Modelagem tridimensional do pavimento tipo ................................................. 126
Figura 5.14 - Modelagem para cinco pavimentos .................................................................. 127
Figura 6.1 - Momentos fletores nos nós 40 e 44 em função da rigidez das ligações ............. 136
Figura 6.2 - Localização dos pórticos 1 e 2 para análises em três dimensões ........................ 142
Figura 6.3 - Comportamento Momento vs. Rotação obtido experimentalmente por De Nardin
(2007) ..................................................................................................................................... 144
Figura 6.4 - Localização dos nós selecionados no Modelo tridimensional ............................ 146
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 6.1 - Deslocamentos laterais no topo - Pórtico plano adaptado de Bellei et al. (2008)
................................................................................................................................................ 131
Gráfico 6.2 - Deslocamentos laterais – Pórtico plano adaptado de Bellei et al. (2008) ......... 135
Gráfico 6.3 - Variação de momentos fletores no nó 44: Pórtico plano .................................. 137
Gráfico 6.4 - Variação de momentos fletores no nó 40: Pórtico plano .................................. 138
Gráfico 6.5 - Variação de momentos fletores na viga: nó 40 ................................................. 139
Gráfico 6.6 - Variação de momentos fletores no pilar: nó 40 ................................................ 140
Gráfico 6.7 - Deslocamentos laterais – Pórtico 01 ................................................................. 145
Gráfico 6.8 - Deslocamentos laterais – Pórtico 02 ................................................................. 145
Gráfico 6.9 - Variação de momentos fletores em viga e pilar do Pórtico 01: modelo
ridimensional .......................................................................................................................... 147
Gráfico 6.10 - Variação de momentos fletores em viga e pilar do Pórtico 02: modelo
tridimensional ......................................................................................................................... 148
Gráfico 6.11 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores da viga do Pórtico
01 ............................................................................................................................................ 149
Gráfico 6.12 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores no pilar do Pórtico
01 ............................................................................................................................................ 149
Gráfico 6.13 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores da viga do Pórtico
02 ............................................................................................................................................ 151
Gráfico 6.14 - Variação de momentos fletores para pilar do Pórtico 02 ................................ 151
Gráfico 6.15 - Influência da rigidez sobre os deslocamentos horizontais: modelo com dez
pavimentos .............................................................................................................................. 152
Gráfico 6.16 - Influência da rigidez sobre os deslocamentos horizontais: modelo com vinte
pavimentos .............................................................................................................................. 153
Gráfico 6.17 - Influência do número de pavimentos nos deslocamentos horizontais no topo:
modelos tridimensionais ......................................................................................................... 155
Gráfico 6.18 - Parâmetro B2 vs. número de pavimentos: influência da rigidez da ligação .... 158
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 - Quadro-resumo dos pórticos estudados ............................................................... 32
Tabela 2.1 - Principais resultados obtidos por Barbosa (2006) e Lima (2003) ........................ 49
Tabela 2.2 - Modelos analisados por Avakian (2007) .............................................................. 51
Tabela 3.1 - Limites de aplicabilidade para pilares preenchidos de seção retangular (ABNT
NBR 8800:2008) ...................................................................................................................... 59
Tabela 3.2 - Limites de aplicabilidade para Vigas mistas contínuas (ABNT NBR 8800:2008)
.................................................................................................................................................. 68
Tabela 3.3 - Parâmetros para definição da largura efetiva ....................................................... 70
Tabela 3.4 - Limites de deslocamentos para vigas. .................................................................. 83
Tabela 5.1 - Valores de rigidez inicial experimentais .............................................................. 96
Tabela 5.2 - Comparação de resultados do primeiro processamento em (mm) ..................... 101
Tabela 5.3 - Comparação de resultados do segundo processamento em (mm) ...................... 102
Tabela 5.4 - Características de geométricas da laje e do perfil de aço ................................... 103
Tabela 5.5 - Diferenças entre os modelos analisados ............................................................. 105
Tabela 5.6 - Comparação de resultados do primeiro processamento de vigas (mm) ............ 107
Tabela 5.7 - Comparação de resultados de deslocamentos verticais do segundo processamento
das vigas mistas (mm) ........................................................................................................... 108
Tabela 5.8 - Resultados de deslocamentos verticais para diversos valores de força aplicada 110
Tabela 5.9 - Força vs. Rigidez do modelo experimental ........................................................ 111
Tabela 5.10 - Resultados da modelagem numérica vs. experimental ..................................... 111
Tabela 5.11 - Detalhes dos modelos analisados .................................................................... 112
Tabela 5.12 - Etapas da modelagem ....................................................................................... 113
Tabela 5.13 - Ações utilizadas na modelagem dos modelos tridimensionais ....................... 116
Tabela 5.14 - Combinações últimas e de serviço para Pórtico plano ..................................... 116
Tabela 5.15 - Combinações adicionais para dimensionamento de Pórticos tridimensionais . 117
Tabela 5.16 - Resultados do fator S2 para cada pavimento ( interpolação linear) ................. 121
Tabela 5.17 - Distribuição das forças do vento em função da altura da edificação ............... 121
Tabela 5.18 - Sequência das análises realizadas..................................................................... 123
Tabela 5.19 - Resumo do dimensionamento dos modelos tridimensionais............................ 128
Tabela 5.20 - Sequência das análises realizadas nos modelos tridimensionais ...................... 129
Tabela 6.1 - Valores de rigidez utilizados nas análises .......................................................... 130
Tabela 6.2 - Valores de deslocamentos horizontais: Pórtico plano ........................................ 132
Tabela 6.3 - Deslocamentos horizontais δ1 e δ2 e parâmetro B2: Pórtico plano e ligação rígida
................................................................................................................................................ 133
Tabela 6.4 - Deslocamentos horizontais δ1 e δ2 e parâmetro B2: Pórtico plano e ligação
semirrígida .............................................................................................................................. 133
Tabela 6.5 - Síntese de Resultados de B2 para o Pórtico plano .............................................. 135
Tabela 6.6 - Variação de momentos fletores solicitantes no nó 44: Pórtico plano................. 137
Tabela 6.7 - Variação de momentos fletores solicitantes no nó 40: Pórtico plano................. 138
Tabela 6.8 - Deslocamentos horizontais no topo (cm) .......................................................... 140
Tabela 6.9 - Resultados de deslocamentos horizontais para o modelo tridimensional: Pórtico
01 ............................................................................................................................................ 143
Tabela 6.10 - Resultados de deslocamentos horizontais para o modelo tridimensional: Pórtico
02 ............................................................................................................................................ 143
Tabela 6.11 - Momentos fletores solicitantes para o Pórtico 01 (kN.cm) .............................. 147
Tabela 6.12 - Momentos fletores solicitantes para o Pórtico 02 devido flexibilização do Nó 02
(kN.cm) ................................................................................................................................... 148
Tabela 6.13 - Deslocamentos horizontais no topo: influência do número de pavimentos (cm)
................................................................................................................................................ 154
Tabela 6.14 - Deslocamentos horizontais no topo: influência do número de pavimentos (cm)
................................................................................................................................................ 156
Tabela 6.15 - Influência do número de pavimentos sobre o parâmetro de estabilidade......... 156
Tabela 6.16 - Deslocamentos relativos interpavimentos e máximos valores de B2 ............... 157
Tabela 6.17 - Síntese dos parâmetros B2 ................................................................................ 158
Tabela 6.18 - Esforços para o dimensionamento de vigas ..................................................... 160
Tabela 6.19 - Resumo do Dimensionamento de vigas e consumo de aço .............................. 161
Tabela 6.20 - Esforços para o dimensionamento de pilares ................................................... 161
Tabela 6.21 - Resumo do Dimensionamento de pilares ......................................................... 161
Tabela 6.22 - Consumo de aço x rigidez da ligação ............................................................... 162
Tabela 6.23 - Deslocamento horizontal x número de pavimentos: modelo tridimensional ... 163
LISTA DE ABREVIATURAS
a: espessura da região comprimida da laje
b: largura do perfil de aço
bef: largura efetiva da laje de concreto
btr: largura efetiva transformada
d: altura do perfil de aço
d1: distância do centro geométrico do perfil de aço até a face superior desse perfil
d3: distância do centro geométrico da armadura longitudinal à LNP
d4: distância da força de tração, situada no centro geométrico da área tracionada da
seção do perfil de aço, à LNP
d5: distância da força de compressão, situada no centro geométrico da área comprimida
da seção do perfil de aço, à LNP
em: distância da borda do fuste do conector à alma da nervura da forma de aço
exi: distância do eixo da barra da armadura ao eixo y
eyi: distância do eixo da barra da armadura ao eixo y
fcd: resistência a compressão do concreto simples, valor de cálculo , igual a fck /1,4
fcd1: dado pelo produto α . fcd
fck: resistência a compressão do concreto simples
fsd: resistência de cálculo ao escoamento do aço da armadura
fucs: resistência à ruptura do aço do conector
fy: resistência ao escoamento do perfil de aço
fyd: resistência ao escoamento do perfil de aço, valor de cálculo, igual a fyk/1,10
h0: distância entre os centros geométricos das mesas do perfil de aço
hf: espessura da pré-laje pré-moldada de concreto ou a altura das nervuras da laje com
forma de aço incorporada
hn: posição da linha neutra plástica
hw: altura da alma, tomada como distância entre as faces internas das mesas
t: espessura da parede do perfil de aço
tf: espessura da mesa superior do perfil de aço
tw: espessura da alma do perfil de aço
tc: altura do concreto comprimido
ya: posição da linha neutra no perfil de aço
yac: CG da área comprimida
yat: CG da área tracionada
yc: distância do centro geométrico da parte comprimida do perfil de aço até a face
superior
ynp: posição da linha neutra a partir do topo da mesa superior
yp: distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior do perfil de aço
yt: distância do centro geométrico da parte tracionada do perfil de aço até a face
inferior
ytr: posição da linha neutra da seção transformada
Aa: área da seção transversal do perfil de aço
Aac: área comprimida da seção de aço
Aaf: área da mesa superior do perfil de aço
Aaf: área da mesa superior perfil de aço
Aat : área tracionada do perfil de aço
Aaw : área da alma do perfil de aço
Ac: área da seção transversal de concreto
Acs: área da seção transversal do conector
Asl: área da armadura longitudinal dentro da largura efetiva da laje de concreto
Aw: área efetiva de cisalhamento
Cad: força resistente de cálculo da região comprimida do perfil de aço
Cbdist: fator de modificação para momento fletor não-uniforme
Ccd: força resistente de cálculo da espessura comprimida da laje de concreto
Ccs: força resistente de cálculo da espessura comprimida do perfil de aço
Ea: módulo de elasticidade do aço do perfil, igual a 200.000 MPa
Ec: módulo de elasticidade do concreto
(EI)e: rigidez efetiva do pilar misto á flexão
Fhd: força de cisalhamento de cálculo entre o componente de aço e a laje
Ia: momento de inércia da seção transversal do perfil de aço
Ic: momento de inércia da seção transversal do concreto não fissurado
Ief: inércia transformada da seção mista (interação parcial)
Itr: inércia transformada da seção mista homogeneizada (interação total)
KL: comprimento de flambagem do pilar misto
Kv: coeficiente de flambagem para força cortante
Lx: comprimento destravado do pilar entre contenções laterais, direção x
Ly: comprimento destravado do pilar entre contenções laterais, direção y
M0 : momento na extremidade, que provoca a maior tensão de compressão na mesa
inferior
M1: momento na outra extremidade (pode ser negativo ou positivo)
Mc: momento no centro do vão
Mcx e Mcy: são dado por 0,9 Mpl,x,Rd e 0,9 Mpl,y,Rd respectivamente
Mdx e Mdy: são dado por 0,8 Mmax,pl,x,Rd e 0,8 Mmax,pl,y,Rd respectivamente
Mmax,pl,x,Rd e Mmax,pl,y,Rd: momentos fletores máximo resistentes a plastificação de
cálculo em relação ao eixo x e y
Mpl,Rd: momento fletor resistente a plastificação de cálculo
Mpl,x,Rd e Mpl,y,Rd: momentos fletores resistentes a plastificação de cálculo em relação
ao eixo x ou y respectivamente.
MRd: momento positivo resistente de cálculo
MSd: momento positivo solicitante de cálculo
Mx,i,Sd e My,i,sd: momentos fletores solicitantes, devido a imperfeições ao longo do pilar
em relação aos eixos x e y, respectivamente
Mx,Rd e My,Rd: momentos fletores resistentes, de cálculo, em relação aos eixos x e y,
respectivamente
Mx,Sd e My,sd: momentos fletores solicitantes de cálculo totais em relação ao eixo x e y
respectivamente
Mx,tot,sd e My,tot,sd: momentos fletores solicitantes de cálculo totais em relação ao eixo x
e y respectivamente
M Rd: momento fletor negativo resistente de cálculo
M dist,Rd: momento fletor na região negativa com distorção da seção transversal
M Sd: momento fletor negativo solicitante de cálculo
Ne: força axial de flambagem elástica
NG,sd: parcela da força axial solicitante de cálculo devida à ação permanente e à ação
decorrente do uso, de atuação quase permanente
Npl,a,Rd: força axial de compressão resistente, de cálculo, à plastificacao do perfil de
aço
Npl,c,Rd: força axial de compressão resistente, de cálculo, à plastificacao da seção de
concreto
Npl,Rd: força axial de compressão resistente, de cálculo, à plastificacao total
NRd: força axial de compressão resistente de cálculo
Nsd: força axial solicitante de cálculo
QRd: resistência do conjunto de conectores
Rg: coeficiente para consideração do efeito de atuação de grupos de conectores
Rp: é um coeficiente para a consideração da posição do conector
Tad : força resistente de cálculo da região tracionada do perfil de aço
Tc: altura da laje de concreto
Tds: força resistente de tração de cálculo nas barras da armadura longitudinal
VhRd: fluxo de cisalhamento
Vpl: força cortante correspondente a plastificação da alma por cisalhamento
VRd: força cortante resistente de cálculo
VSd: força cortante solicitante de cálculo
Za e Zc : módulos de resistência plásticos da seção do perfil de aço e da seção de
concreto
Zan e Zcn: módulos de resistência plásticos definidos de acordo com o o item P.5.4.3 e
P.5.4.4 da NBR ABNT 8800:2008
α: coeficiente tomado igual a 0,85 para seções mistas retangulares preenchidas
αE: razão modular entre os materiais
βvm: igual 1,00 para vigas biapoiadas ou contínuas
γcs: coeficiente de ponderação da resistência do conector
δ: fator de contribuição do aço
χ: fator de redução da força resistente a plastificação da seção
λ: índice de esbeltez
λ0,m: índice de esbeltez reduzido
χdist: fator de redução para flambagem lateral com distorção da seção transversal
λdist: parâmetro de esbeltez para cálculo de distorção lateral da seção transversal
λp: parâmetro de esbeltez limite para seções compactas
λr: parâmetro de esbeltez limite para seções semi-compactas
µx e µy: coeficiente de cálculo para o Modelo II
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01: INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 21
1.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 21
1.2 Elementos mistos de aço e concreto ...................................................................... 23
1.3 Justificativas .......................................................................................................... 27
1.4 Objetivos ................................................................................................................ 27
1.5 Metodologia ........................................................................................................... 29
1.6 Organização da dissertação.................................................................................... 32
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 34
2.1 As ligações viga-pilar: comportamento ................................................................. 34
2.2 Ligações Mistas ..................................................................................................... 35
2.2.1 Componentes da ligação mista ............................................................................ 37
2.3 Rigidez da ligação Viga-Pilar ................................................................................ 37
2.4 Classificação das ligações quanto ao comportamento Momento-Rotação ............ 38
2.5 Estabilidade global................................................................................................. 41
2.6 Prescrições normativas da ABNT NBR 8800:2008 – Método da Amplificação dos
Esforços solicitantes ................................................................................................................. 44
2.7 Simulações numéricas ........................................................................................... 46
2.8 Comentários finais ................................................................................................. 57
CAPÍTULO 3: DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS MISTOS DE AÇO E
CONCRETO.... .................................................................................................................................... 58
3.1 Pilares retangulares preenchidos mistos de aço e concreto .................................... 58
3.1.1 Aspectos gerais e limites de aplicabilidade......................................................... 58
3.1.2 Pilares submetidos a compressão simples ........................................................... 60
3.1.3 Pilares submetidos a flexo-compressão .............................................................. 62
3.2 Vigas mistas de aço e concreto .............................................................................. 68
3.2.1 Limites de aplicabilidade e processo construtivo ............................................... 68
3.2.2 Comportamento conjunto (misto) aço-concreto e largura efetiva....................... 69
3.2.3 Dimensionamento à flexão – momento resistente positivo................................ 70
3.2.4 Dimensionamento à flexão – momento fletor resistente negativo ..................... 73
3.2.4.1 Limitações e momento fletor resistente negativo............................................. 73
3.2.4.2 Verificação da flambagem lateral por distorção da seção transversal ............. 76
3.2.5 Resistência dos conectores de cisalhamento e número de conectores ................ 77
3.2.6 Verificação à força cortante ................................................................................ 79
3.2.7 Verificação dos estados limites de serviço.......................................................... 80
3.2.7.1 Deslocamentos verticais ................................................................................... 80
3.2.7.2 Controle da fissuração ...................................................................................... 83
CAPÍTULO 4: SISTEMATIZAÇÃO DA VERIFICAÇÃO DE EMENTOS MISTOS................ 84
4.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 84
4.2 Planilhas para pilares mistos de aço e concreto de seção retangular ..................... 85
4.2.1 Aba Entrada de dados.......................................................................................... 85
4.2.2 Aba Análise ......................................................................................................... 87
4.3 Planilhas para vigas mistas de aço e concreto ....................................................... 89
4.3.1 Aba Entrada de Dados ......................................................................................... 89
4.3.2 Dimensionamento de vigas biapoiadas: momento fletor resistente positivo ...... 89
4.3.3 Dimensionamento de vigas biapoiadas: momento fletor resistente negativo ..... 90
4.3.4 Aba Análise ......................................................................................................... 92
CAPÍTULO 5: MODELAGEM NUMÉRICAS DOS PÓRTICOS ................................................ 94
5.1 Considerações iniciais e descrição do modelo experimental de ligação ............... 94
5.2 Elementos de viga e pilar: considerações sobre a modelagem ............................. 96
5.2.1 Estudo e Validação da rigidez dos Pilares .......................................................... 97
5.2.2 Estudo e Validação da rigidez das Vigas .......................................................... 102
5.2.3 Estudo e Validação da rigidez da ligaçã mista .................................................. 108
5.3 Modelagem dos pórticos planos e tridimensionais .............................................. 112
5.3.1 Modelos analisados ........................................................................................... 112
5.3.2 Metodologia para análise .................................................................................. 113
Etapa 01 - Idealização do projeto arquitetônico e adaptação do pórtico plano ............. 114
Etapa 02 - Estudo dos carregamentos e combinações de ações para o
dimensionamento....................................................................................................................115
Etapa 03 - Levantamento dos esforços devidos ao vento ............................................. 118
Etapa 04 - Modelagem do pórtico plano ....................................................................... 118
Etapa 05 - Modelagem e análise dos modelos tridimensionais..................................... 124
CAPÍTULO 06: ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................ 130
6.1 Introdução ............................................................................................................ 130
6.2 Pórtico plano ........................................................................................................ 131
6.3 Modelo tridimensional ......................................................................................... 141
6.3.1 Influência da rigidez da ligação ......................................................................... 142
6.3.2 Influência do número de pavimentos sobre os deslocamentos laterais .............. 151
6.4 Análises comparativas ......................................................................................... 159
6.4.1 Rigidez das ligações vs. consumo de aço: Pórtico plano ................................... 159
6.4.2 Rigidez da ligação vs. número de pavimentos ................................................... 162
CAPÍTULO 07: CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 165
7.1 Confecção e utilização de planilhas eletrônicas .................................................. 165
7.2 Análise estrutural ................................................................................................. 166
7.3 Influência da rigidez da ligação ........................................................................... 167
7.4 Sugestões para trabalhos futuros ......................................................................... 168
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 170
APÊNDICE A: EXEMPLO DE APLICAÇÃO DAS PLANILHAS ELETRÔNICAS............... 174
APÊNDICE B: TABELA DE RESULTADOS DE CARREGAMENTOS DE VENTO PARA A
MODELAGEM NUMÉRICA .......................................................................................................... 182
21
Figura 1.1 - Sistema estrutural de um edifício estruturado em elementos mistos de aço e concreto
RUTUR A MIS
EST TA
LAJE MISTA
VIGA MISTA
A seguir, será feita uma breve descrição dos elementos mistos de aço e concreto,
dando ênfase aos elementos mistos que serão utilizados no presente trabalho.
Edifício Methodist Building em Pittsburgh, nos EUA, ambos utilizando vigas de aço de seção
I, revestidas com concreto. Estas duas construções evidenciaram duas importantes vantagens
atribuídas a alguns tipos de elementos
elementos mistos: a proteção contra a ação do fogo e da corrosão.
Ainda segundo De Nardin (2003), o concreto associado ao aço compondo elementos
mistos, surgiu como uma alternativa simples e pouco onerosa de proteção contra o fogo e a
corrosão, e portanto, sem função estrutural. A idéia de proteção dos pilares de aço
impulsionou o surgimento dos primeiros elementos mistos de aço e concreto que, desde então,
evoluíram e hoje apresentam variações no arranjo e composição destes materiais.
A utilização de elementos
elemento mistos cresceu significativamente nas últimas décadas
devido a suas características econômicas, construtivas e estruturais. Neste sentido, podem ser
destacadas vantagens como: redução das dimensões dos elementos estruturais, com
consequente economia de materiais,
m mão-de-obra
obra e de desperdício de materiais, maior área
livre por pavimento; grande resistência, rigidez e ductilidade, especialmente com o advento
dos aços e concretos de alta resistência.
De Nardin (2003) define Sistemas estruturais mistos como sendo
endo elementos mistos
formados por perfis metálicos associados a concreto moldado no local ou pré-moldado,
pré
trabalhando em conjunto e formando a seção resistente. Assim, em um elemento misto de aço
e concreto, o aço é utilizado na forma de perfis que trabalham
trabalham em conjunto com o concreto
simples ou armado. Sendo assim, um perfil de aço trabalhando em conjunto com o concreto
dá origem a um pilar misto, uma viga mista, uma laje ou uma ligação mista (Figura
( 1.3). O
comportamento conjunto aço/concreto,
aço/concreto pode ser promovido por conectores de cisalhamento,
mossas, saliências, por atrito, aderência e repartição de cargas, dependendo do tipo de
elemento e dos esforços
os nele atuantes.
Figura 1.3 - Exemplos de elementos mistos de aço e concreto
Figura 1.4 - Primeiros registros de edifícios brasileiros estruturados com elementos mistos de
aço e concreto
Figura 1.5 - Exemplos recentes da utilização de elementos mistos de aço e concreto em edifícios
Fonte: www.metalica.com.br
A Figura 1.5aa mostra o Edifício Wtorre III Nações Unidas, construído na cidade de
São Paulo, classificado, atualmente como o 8º edifício verde do mundo.
mund A edificação é
composta de pilares metáálicos e vigas e lajes mistas. A Figura 1.55b mostra o Shoping
Salvador,, na qual foram utilizadas lajes e pilares mistos, e vigas de aço.
Estes dois exemplos são bastante emblemáticos e marcam a retomada da utilização dos
elementos mistos
os no Brasil.
27
A seguir, são dados alguns aspectos que justificam a realização do presente trabalho.
1.3 Justificativas
Atualmente existe uma busca por sistemas estruturais e construtivos que possam
trazer cada vez mais eficiência, rapidez e economia à construção civil. Neste universo, os
sistemas estruturais com ligações viga-pilar do tipo semirrígidas ocupam importante papel nos
projetos de edifícios de múltiplos pavimentos, sejam eles de aço, ou mistos de aço e concreto.
Dentre os inúmeros temas estudados dentro da Engenharia de Estruturas, o
comportamento das ligações ocupa lugar de grande destaque pois conhecer o comportamento
real de um determinado detalhe de ligação permite sua adequada modelagem e representação
em pacotes de análise estrutural. Desta adequada modelagem podem resultar distribuições
mais realistas de esforços, esforços estes que irão governar a seleção de seções mistas.
O presente trabalho justifica-se pois se dedica a entender, avaliar e comparar a
influência da rigidez das ligações rígidas e semirrígidas, no comportamento quanto à
estabilidade global de edifícios mistos de aço e concreto de múltiplos pavimentos, e desta
forma, deixar a contribuição científica para o tema através de investigações bibliográficas,
simulações e análises comparativas, que foram realizadas ao longo do presente estudo.
Este estudo também se justifica à medida que pretende contribuir para a modernização
da construção civil, com o estudo e inserção de elementos industrializados, avançando no
estudo de sistemas de pórticos estruturados com elementos mistos de aço e concreto, através
do estudo da estabilidade e dos efeitos da rigidez da ligação na distribuição de esforços, tendo
como produto final, a influência do comportamento das ligações viga-pilar, na transferência
de esforços entre os elementos e no comportamento quanto à estabilidade global, de forma
que possa contribuir para o enriquecimento do tema pesquisado.
1.4 Objetivos
O objetivo geral deste estudo é analisar a influência da rigidez das ligações viga-pilar e
viga-viga, na estabilidade global de edifícios de múltiplos pavimentos, estruturados com
elementos mistos de aço e concreto.
Tendo em mente a classificação das ligações quanto à rigidez e a influência da rigidez
das ligações no comportamento e distribuição de esforços dos sistemas estruturais de edifícios
de múltiplos pavimentos, no presente trabalho foram feitos estudos de pórticos planos e
tridimensionais nos quais as ligações viga-pilar tinham sua rigidez representada pelo
coeficiente de rigidez k, previamente determinado experimentalmente. Na investigação
28
experimental foi estudada a ligação viga-pilar mostrada na Figura 1.6, cujo comportamento
quanto à rigidez pode ser classificado como semirrígido.
A ligação viga-pilar, ensaiada experimentalmente, é constituída de chapa passante, que
liga duas vigas mistas com laje de concreto armado a um pilar misto do tipo preenchido. Vale
destacar que a ligação em questão foi testada isoladamente, sem consideração dos efeitos
globais de pórtico, carregamentos laterais e outros esforços que atuariam em uma estrutura
real.
Figura 1.6 - Ligação com chapa passante utilizada como referência
A partir deste objetivo geral, alguns objetivos específicos podem ser listados:
a) utilizar valores reais de rigidez da ligação viga-pilar a modelos de pórticos
planos e tridimensionais, por meio da sua representação simplificada
utilizando, para isto, a representação da região de ligação por meio de molas;
b) avaliar a influência de diferentes valores de rigidez das ligações viga-pilar na
distribuição de esforços em pórticos planos e tridimensionais formados por
elementos mistos de aço e concreto;
c) avaliar a influência de diferentes valores de rigidez das ligações na estabilidade
global de edifícios de múltiplos pavimentos, utilizando a modelagem numérica
no pacote computacional SAP 2000® Versão 11. A estabilidade foi avaliada via
parâmetro B2 de estabilidade global;
d) sistematizar as etapas de dimensionamento/verificação de elementos mistos
como vigas e pilares de forma a agilizar esta etapa quando da análise de
pórticos planos e tridimensionais formados por elementos mistos de aço e
concreto.
29
1.5 Metodologia
No presente trabalho serão modeladas numericamente, no pacote computacional,
diversas tipologias de pórticos com consideração do comportamento da ligação entre
elementos de viga e de pilar, simulando o comportamento das ligações quanto à rigidez em:
rígidas (representadas por engastes) e semirrígidas (representadas por molas) sendo que, para
este último caso, serão inseridos os valores de rigidez obtidos experimentalmente e parcelas
deste valor. Desta forma, será possível avaliar a influência da rigidez da ligação quando
aplicada a edifícios de múltiplos pavimentos, levando em consideração as cargas de projeto
prescritas em norma, o dimensionamento dos elementos mistos, (viga, pilar e lajes) e outros
fatores importantes considerados na fase de projeto.
Tendo em mente os objetivos descritos no item anterior, foi adotada seguinte
metodologia:
1) revisão bibliográfica contemplando os elementos mistos de aço e concreto e
sua abordagem normativa, o comportamento de ligações viga-pilar e a
estabilidade global sob o ponto de vista da ABNT NBR 8800:2008.
2) desenvolvimento de planilhas eletrônicas para dimensionamento/verificação de
pilares e vigas mistas de aço e concreto. Estas planilhas permitiram agilidade
na escolha das seções mistas que atendiam aos estados limites últimos e de
serviço aplicáveis a cada um dos elementos mistos considerados.
3) inserção dos elementos mistos já dimensionados em pórticos planos e
tridimensionais para análise estrutural.
4) aplicação de rigidez de ligação viga-pilar determinada experimentalmente em
diversos pórticos planos e tridimensionais. No caso do pórtico plano, inserção
de diversos valores de rigidez e posterior avaliação das distribuições de
esforços e da estabilidade. Para o pórtico tridimensional, consideração das
seguintes situações: ligação rígida e ligação semirrígida; neste último caso será
utilizada a rigidez determinada experimentalmente. A determinação
experimental da rigidez foi feita em trabalho anterior e apenas os detalhes mais
relevantes desta determinação serão aqui descritos.
5) em ambas as situações, pórticos planos e tridimensionais, diversas alturas
foram analisadas e, com isso, foi possível avaliar da influência da rigidez para
os diversos pórticos planos e tridimensionais estudados.
30
No caso do pórtico plano, foi adotado um pórtico plano adaptado de Bellei et al.
(2008); e posteriormente foram analisados modelos tridimensionais. Com isto, foi possível
avaliar os resultados dos dois tipos de análise, plana e tridimensional, esforços e
deslocamentos decorrentes de cada uma destas análises.
As etapas necessárias ao desenvolvimento do trabalho, descritas há pouco, são
sintetizadas no fluxograma da Figura 1.7.
1º ETAPA –PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA TESES, DISSERTAÇÕES E ARTIGOS
Após a etapa de revisão, foi apresentado o problema estudado. O trabalho foi realizado
utilizando resultados experimentais do comportamento Momento vs. Rotação de um detalhe
de ligação viga-pilar, obtidos anteriormente em estudos realizados pela orientadora deste
trabalho. Tais resultados tiveram aplicação nas modelagens numéricas que foram elaboradas,
visando avaliar a influência do comportamento da ligação na distribuição de esforços, e na
estabilidade de pórticos planos e tridimensionais. Aqui vale destacar que a ligação avaliada
experimentalmente tem comportamento semirrígido e alguns detalhes desta ligação são
apresentados na Figura 1.8.
31
Quantidade
Total de
Descrição dos modelos a serem estudados Comportamento da ligação
modelos
Rígida Semi-rígidas
Pórtico plano com 10 pavimentos 1 3 4
Pórtico Tridimensional com 5 pavimentos 1 1 2
Pórtico Tridimensional com 10 pavimentos 1 1 2
Pórtico Tridimensional com 20 pavimentos 1 1 2
Total 10
Na Tabela 1.1, o pórtico plano com 10 pavimentos foi adaptado de Bellei et al.
(2008), e analisado considerando: o valor experimental de rigidez rigidez, 1/3 e 2/3 do valor
experimental de rigidez. Os pórticos tridimensionais foram elaborados especialmente para o
presente estudo e serão detalhados no decorrer do trabalho.
outros fatores. Portanto, devido ao alto grau de não linearidade, o comportamento de uma
ligação pode ser mais adequadamente representado por meio de uma curva, que relaciona o
momento resistente do elemento conectado com o giro na ligação, chamada de curva M-θ. Na
Figura 2.1 são representadas, esquematicamente, algumas curvas momento vs. Rotação, para
diversos tipos de ligação viga-pilar.
De acordo com Barbosa (2006), a rigidez das ligações viga-pilar vem sendo objeto de
estudo de diversos pesquisadores sendo que, por volta de 1917, Wilson e Moore iniciaram os
estudos de ligações com rebites.
Na década de 1930, Young e Jackson (1934) e Rathbun (1936), estabeleceram relações
entre momento e rotação relativa para auxiliar no dimensionamento de ligações semirrígidas
entre viga e pilar.
Figura 2.2 - Ligação mista com chapa de extremidade com altura total
Figura 2.3 - Ligação mista com cantoneiras parafusadas na alma (duas por viga) e na mesa inferior da
viga apoiada
Figura 2.4 - Ligação mista com cantoneiras parafusadas na mesa inferior da viga apoiada
37
Figura 2.5 - Rigidez tangente e secante a partir das curvas Momento vs. Rotação
pilar pode ser classificada em: ligação de resistência parcial e de resistência total. A ligação
com resistência parcial apresenta capacidade resistente inferior à capacidade resistente dos
elementos conectados (vigas e/ou pilares). Já as ligações com resistência total possuem
capacidade resistente igual ou superior à capacidade resistente dos elementos conectados.
Em termos de rigidez, as ligações viga-viga e viga-pilar podem ser classificadas em:
flexíveis, rígidas e semirrígidas. Nas ligações flexíveis, o ângulo de rotação entre os
elementos conectados sofre grande variação havendo transmissão basicamente de esforço
normal e força cortante, e uma parcela muito pequena de momento fletor. O comportamento
da ligação flexível é semelhante a uma rótula. Em termos práticos, para ser classificada como
flexível, a rotação relativa viga-pilar deve ser maior que 80 % da rotação correspondente a
uma rótula perfeita. Em contrapartida, são denominadas rígidas as ligações que podem ser
consideradas como engastamento perfeito, ou seja, o ângulo entre os elementos conectados
quase não se altera. Neste caso, a rotação relativa viga-pilar deve ser menor que 10 % da
rotação correspondente à rótula perfeita. Este caso reproduz o que denominamos nó rígido,
ou também denominado nó de pórtico. Entre os dois extremos estão as ligações semirrígidas,
que possuem comportamento intermediário entre as duas situações apresentadas
anteriormente, e são capazes de transferir parcelas consideráveis de momento fletor. Neste
caso, há uma restrição parcial à rotação, e a rotação relativa viga-pilar deve ficar entre 10 e
80% da correspondente à situação de rótula perfeita.
A Figura 2.1, mostrada anteriormente, traz algumas curvas momento-rotação, e a
classificação das ligações quanto a rigidez e a capacidade resistente mostradas conjuntamente.
Diversos estudos nacionais e estrangeiros têm dado ênfase ao estudo das ligações
mistas, sobretudo aquelas classificadas como semirrígidas em termos de rigidez. É o caso dos
estudos apresentados a seguir.
Mata (1998) utilizou modelagem em elementos finitos para a análise não-linear de
ligações parafusadas, utilizando o pacote computacional ANSYS® e usando elementos de
casca, barras e molas não-lineares. A modelagem foi desenvolvida com o objetivo de
determinar a relação Momento x Rotação de ligações compostas por chapas simples usuais
no Brasil, levando em conta a variação de dimensões, o número e o diâmetro dos parafusos, e
a posição dos elementos de apoio (Figura 2.6).
40
(2007) validou seu método de análise por meio de comparações com outras literaturas e
resultados experimentais disponíveis.
O trabalho de Carvalho (2007) se constitui na análise de diversos modelos, iniciando
com modelos planos e posteriormente tridimensionais, para os quais foram analisados os
resultados de rotações e deslocamentos. Carvalho (2007) observou que os modelos estudados
apresentaram bom comportamento quanto à estabilidade, concluindo que os elementos finitos
estudados se comportaram de forma esperada com a consideração da não-linearidade física e
geométrica, apresentando resultados satisfatórios.
Guimarães (2009), em seu trabalho enfatiza que a estabilidade global da estrutura é a
combinação de efeitos das ações atuantes na mesma, que podem ser determinados utilizando
uma análise de 1ª ordem, seguida da análise de 2ª ordem, na qual é necessário considerar a
influência da deformação da estrutura e estes efeitos devem ser considerados nos casos em
que a variação de deslocamentos modificam significativamente o comportamento da
estabilidade da estrutura. O referido autor avaliou um edifício reticulado de seis pavimentos
com altura total de 25,3 m modelado com pilares e vigas mistas de aço e concreto. Em uma
análise computacional constatou-se que na direção de maior inércia, a contribuição do núcleo
do elevador e a consideração da estrutura com nós fixos resultou em baixa deslocabilidade.
Em contrapartida, na outra direção, onde não houve a contribuição destes elementos e com
inércia total era menor, o modelo apresentou instabilidades na análise de 2ª ordem, devido às
ações horizontais, concluindo que os elementos rígidos de concreto na direção de maior
inércia absorveram os carregamentos horizontais, enquanto que na outra direção, a estrutura
foi capaz de absorver apenas 30% dos esforços horizontais.
Segundo Nardi et al. (2010), as normas ABNT NBR 8800:2008 e AISC-LRFD
prevêem , em suas formulações, a análise de 2ª ordem nas edificações. Em seu estudo, os
autores apresentam modelos estruturais tridimensionais com esbeltez elevada, demonstrando
que os resultados de deslocabilidade são mais perceptíveis neste tipo de estrutura, aplicáveis
em estruturas principais, sendo que os modelos que possuem estruturas secundárias e
terciárias não convergem devido à elevada deslocabilidade.
Nardi et al. (2010), com o auxílio dos pacotes computacionais SAP e STRAP, obteve
resultados de deslocamentos horizontais em análises de primeira e 2ª ordem. Estes resultados
foram comparados com um terceiro resultado obtido de forma manual simplificada. Neste
caso, apesar de diferentes, os resultados mostram valores com a mesma ordem de grandeza.
Para finalizar, Nardi et al. (2010), realizou a modelagem de um edifício de 5
pavimentos, com alternância de posicionamento e colocação de contraventamentos; esta
44
análise foi realizada com o intuito de demonstrar a influência da rigidez dos elementos
estruturais sobre efeitos de 2ª ordem. Os resultados de Nardi et al. (2010) demonstraram que
o modelo no qual foram utilizadas barras de contraventamento e pilares com eixo de maior
inércia no sentido da carga horizontal, resultou em edifício que pode ser classificado como de
baixa deslocabilidade, enquanto que o modelo sem contraventamento e com eixo de menor
inércia do pilar no sentido da aplicação da carga horizontal, foi classificado como de média
deslocabilidade.
Os modelos analisados por Nardi et al. (2010) apresentam resultados que demonstram
que o correto posicionamento dos elementos estruturais melhora substancialmente a rigidez da
estrutura frente às ações horizontais.
A seguir, passaremos à apresentação do procedimento adotado pela ABNT NBR
8800:2008 para analisar a estabilidade global.
Para esta classificação inicial quanto à sensibilidade aos deslocamentos laterais, não é
necessário considerar as imperfeições inicias.
Uma vez classificada a estrutura quanto à sensibilidade aos efeitos de 2ª ordem, o
próximo passo é a determinação dos esforços solicitantes. Em função da classificação da
estrutura quanto à sensibilidade aos deslocamentos laterais, a ABNT NBR 8800:2008
recomenda diferentes procedimentos para determinação dos esforços atuantes na estrutura.
Sendo assim, temos:
1) para Estruturas de pequena e média deslocabilidade: os efeitos das
imperfeições iniciais geométricas devem ser levados em conta de uma das
formas a seguir:
considerando, em cada pavimento, um deslocamento interpavimentos igual
a h/333, sendo h a altura do pavimento (distância entre eixos de vigas) ou;
aplicando, em cada pavimento, uma força horizontal equivalente (força
nocional) igual a 0,3 % do valor das cargas gravitacionais de cálculo,
aplicadas em todos os elementos resistentes a ações verticais, no pavimento
considerado.
Adicionalmente, no caso das estruturas de pequena deslocabilidade, os
efeitos globais de 2ª ordem podem ser desconsiderados desde que:
a) Ligação cruciforme com chapa de topo em aço b) Ligação cruciforme com chapa de topo mista
48
c) Ligação em “T” com chapa de topo em aço c) Ligação em “T” com chapa de topo mista
avaliação foi possível pois em tal pacote computacional foram incorporadas rotinas que
utilizam como referência os critérios do anexo J do Eurocode 3 e recomendações do
BCSA/SCI que trata de ligações parafusadas ou soldadas.
O pacote computacional elaborado por Barbosa (2006) foi validado utilizando os
dados experimentais de Lima (2003), que ensaiou dois detalhes de ligação em aço sem a
presença de laje: a) ligação com chapa de extremidade de altura parcial; b) ligação com chapa
de extremidade estendida, ambas submetidas a três tipos de esforços: momento fletor, força
axial de tração e de compressão. Os resultados experimentais mais relevantes advindos do
estudo de Lima (2003) são apresentados na Tabela 2.1, juntamente com os resultados
numéricos obtidos por Barbosa (2006).
Tabela 2.1 – Principais resultados obtidos por Barbosa (2006) e Lima (2003)
Tristão (2006) reproduziu, na análise experimental, a ligação entre uma viga mista e
um pilar de extremidade constituindo uma configuração do tipo “T” em que o comportamento
adequado da ligação está associado à eficiência da ancoragem das barras de armadura
longitudinal presentes na laje. O programa experimental era constituído por cinco modelos
com carregamento monotônico e um modelo com carregamento cíclico, sendo que os
carregamentos monotônicos simularam o comportamento da ligação sob ações que atuam no
sentido da gravidade e o carregamento cíclico permitiu avaliar o comportamento da ligação
sob ações cíclicas. Também constituíram objetivos da análise experimental avaliar a
influência dos enrijecedores, estudar o comportamento da ligação mediante a aplicação
simultânea de carregamentos e verificar a eficiência do tipo de ancoragem adotado para as
barras de armadura longitudinal.
Em relação aos resultados numéricos e experimentais, Tristão (2006) constatou que,
dentro das suas limitações, os resultados numéricos foram satisfatórios, uma vez que
conseguiram representar adequadamente a semirrigidez da ligação. O modelo numérico
conseguiu reproduzir, de forma satisfatória, os estados limites últimos da ligação.
De caráter mais geral, o estudo de Avakian (2007) apresenta os resultados da análise
numérica da estabilidade lateral de um edifício de múltiplos pavimentos, representado por um
pórtico plano para o qual foram consideradas as situações apresentadas na Tabela 2.2.
51
No referido estudo, Avakian (2007) analisou, para cada uma das situações mostradas
na Tabela 2.2, parâmetros como: efeitos de 1ª e 2ª ordem (parâmetros P-∆, γz, etc.), esforço
normal e momento fletor nos pilares, influência da presença da laje de concreto armado e
deslocamento horizontal no topo. Para tanto, foram consideradas as recomendações
pertinentes contidas na ABNT NBR 8800:2008 e no AISC (2005). Os resultados das
simulações numéricas ao final são, comparados com os resultados de resultados da análise
convencional, assumindo as ligações como perfeitamente rígidas.
O estudo de Avakian (2007) foi realizado nos pacotes computacionais SAAFE,
elaborado por Landesmann (2003) e no SAP 2000®.
A partir dos resultados obtidos no processamento dos pórticos cujas principais
características são descritas na Tabela 2.2, Avakian (2007) observou que o modelo B
apresentou os maiores deslocamentos horizontais e momentos fletores devido à inconsistência
existente na linha de pilares centrais; já o modelo C apresentou os menores valores de
deslocamentos horizontais e momentos fletores, sendo que, no caso da força normal, a
diferença foi mais acentuada entre estes modelos cujas diferenças são o contraventamento e a
representação da ligação viga-pilar.
Na análise dos efeitos de 2ª ordem, o modelo A foi classificado como de baixa
deslocabilidade, apresentando pouca influência dos efeitos locais dos elementos; o modelo B
foi classificado como uma estrutura de alta deslocabilidade, porém também com pouca
52
Figura 2.10. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da fissuração da laje, do acréscimo
da taxa de armadura secundária e de alguns detalhes propostos para a ancoragem das
armaduras longitudinais no comportamento da ligação.
Uma vez validada a modelagem numérica, Bessa (2009) a utilizou para avaliar a
influência de outros parâmetros, não avaliados na análise experimental, sobre o
comportamento da ligação. A comparação entre resultados numéricos e experimentais
mostrou que a maioria dos modos de colapso observados foram caracterizados pela abertura
excessiva de fissuras na laje, com exceção de apenas um modelo no qual ocorreu o
cisalhamento do parafuso entre a mesa inferior da viga e a cantoneira de assento.
Os resultados do estudo de Bessa (2009) foram satisfatórios no que diz respeito à
comparação entre resultados experimentais e numéricos, apresentando comportamentos e
resultados semelhantes.
No tocante à análise estrutural, segundo Kartal et al. (2010), alguns pressupostos são
considerados para efeitos de simplificação. Um deles é considerar todas as ligações como
rígidas, no entanto, como também constatou Avakian (2007), uma análise com considerações
de vinculações semirrígidas pode trazer resultados mais representativos do comportamento
real.
As ligações semirrígidas, vêm chamando a atenção de vários pesquisadores, como:
Abdalla e Chen (1995); Migliozzi (1997); Kim e Chen (1998); Goto e Miyashita (1998);
Dhillon e O'Malley (1999) e Sekulovic et al. (2002).
Em seu estudo, Kartal et al. (2010) demonstraram que o comportamento estrutural de
uma ligação pode ser diferente daquele simulado numericamente. Para demonstrar esta
sensibilidade dos resultados, os autores selecionaram quatro sistemas estruturais para serem
avaliados, os quais são descritos brevemente a seguir:
55
Para cada modelo investigado por Kartal et al. (2010) foram aplicados diferentes
graus de rigidez sendo: 0%, simulando ligação flexível, 20 a 80% simulando ligação
semirrígida e 100% simulando ligação rígida. Estas variações de rigidez produziram diversos
resultados para cada modelo no que se refere ao comportamento estrutural, demonstrando a
influência do grau de rigidez da ligação na distribuição de esforços nos elementos dos
pórticos.
Para a análise dos modelos, Kartal et al. (2010) utilizaram os pacotes computacionais
SEMIFEM, ANSYS® e SAP2000. Como os modelos estudados possuem características
distintas para a representação das ligações, os resultados apresentaram variação devido a
consideração de dois fatores:
Tipo de modelo empregado para representar a ligação;
Variação de rigidez considerada em cada modelo.
mecanismos de falha e o momento fletor resistente da ligação. A Figura 2.12 traz uma visão
geral do modelo.
Tabela 3.1 - Limites de aplicabilidade para pilares preenchidos de seção retangular (ABNT NBR
8800:2008)
b2
y
r
ey
Seção preenchida hn
b1
x
t
ex
Resistência do aço ao escoamento Resistência do concreto
f yk ≤ 420 MPa 20 MPa ≤ f ck ≤ 50 MPa
Obs.: concreto de densidade normal
N pl, R
Limite de índice de esbeltez global λo , m = ≤ 2,0
Ne
bi E
Limite de esbeltez local ≤ 2,26
t fy
Taxa de armadura longitudinal Podem ser dispensadas exceto para algumas
situações em caso de incêndio
N pl , Rd = N pl , a , Rd + N pl ,c , Rd + N pl ,s , Rd (3.1)
Sendo:
1) capacidade resistente do perfil de aço: N pl ,a ,Rd = f yd ⋅ A s
Uma vez conhecida a força resistente da seção preenchida à plastificação total, agora é
preciso levar em conta os efeitos da flambagem por flexão.
A instabilidade por flexão é considerada no dimensionamento dos pilares mistos
fazendo uso da mesma metodologia empregada para os pilares de aço, ou seja, empregando o
coeficiente χ, que depende, essencialmente, do índice de esbeltez reduzido λ0,m, o qual
delimita os trechos de flambagem elástica e inelástica. Assim sendo, a curva que representa a
relação entre χ e λ0,m é dividida em dois trechos, como mostrado na Figura 3.1 e os valores de
χ para cada trecho calculado através das equações 3.2 e 3.3.
λ0 , m 2
λ0, m ≤ 1,5 → χ = 0,658 (3.2)
0,877
λ0, m > 1,5 → χ = λ0 ,m 2
(3.3)
1,0
λ 0, m 2
χ = 0,658
0,8
0,6
χ
0 ,8 7 7
χ =
0,4 λ 0 ,m
2
0,2
N Sd N 8 M M
≥ 0,2 → Sd + x , Sd + y , Sd ≤1 (3.4)
N Rd N Rd 9 M x , Rd M y , Rd
N Sd N Sd M M
< 0,2 → + x , Sd + y , Sd ≤1 (3.5)
N Rd
2 ⋅ N Rd M x , Rd M y , Rd
NSd
NRd
0,2
NRd
Npl,Rd
Npl,c,Rd
Mmax,pl,Rd
0,5Npl,c,Rd
Mc
Mpl,Rd MRd
Md Mpl,Rd
M d , x 2 ⋅ N Sd M d ,x N
1 − ⋅ − 1 + se c < N Sd < N pl ,c , Rd (3.8)
M N M 2
c,x pl , c , Rd c,x
2 ⋅ N Sd M N pl ,c , Rd (3.9)
1+ ⋅ d , x − 1se 0 ≤ N Sd ≤
N pl ,c , Rd M d ,x 2
Caso Md,x < Mc,x, Md,x deve ser tomado igual a Mc,x. O mesmo procedimento deve ser
adotado em relação ao eixo y.
E, os momentos fletores máximos resistentes de plastificação, valores de cálculo,
Mmax,pl,x,Rd e Mmax,pl,y,Rd, representam o ponto mais extremo no diagrama de interação
Momento-Normal (Figura 3.3).
Em toda a formulação apresentada até o momento, o índice x corresponde à flexão em
torno do eixo x e o índice y corresponde à flexão em torno do eixo y.
Na equação geral de interação, os momentos Mx,tot,Sd e My,tot,Sd representam os
momentos fletores totais solicitantes de cálculo, em relação aos eixos x e y, respectivamente.
No cálculo destes esforços solicitantes são levados em conta os efeitos das imperfeições
iniciais nos pilares, como descrito a seguir.
As imperfeições geométricas no pilar preenchido são levadas em conta, caso não seja
feita uma análise mais rigorosa, via consideração de um momento devido às imperfeições ao
longo do pilar, dado pelas equações 3.12 e 3.13:
(EI )e,x
N e 2,x = π 2 ⋅ (3.16)
(L x )2
(EI)e, y
N e 2, y = π 2 ⋅ (3.17)
(L )
y
2
f cd1
M pl , Rd = f yd ⋅ (Z a − Z an ) + ⋅ (Z c − Z cn ) + f sd ⋅ (Z s − Z sn ) (3.18)
2
fcd 1
M max, pl, Rd = f yd ⋅ Z a + ⋅ Z c + f sd ⋅ Z s (3.19)
2
Já o momento fletor máximo resistente de plastificação, valor de cálculo, Mmax,pl,Rd,
corresponde ao ponto mais externo no diagrama de interação Momento-Força Normal (Figura
3.3) é calculado tomando a linha neutra passando pelo centróide da seção transversal
duplamente simétrica.
O momento fletor de plastificação depende diretamente dos módulos de resistência
plásticos da seção transversal preenchida.
Os módulos plásticos são calculados em relação aos eixos de flexão x e y. Na Figura
3.4 são apresentadas as variáveis utilizadas nas expressões 3.20 a 3.25 utilizadas para o
cálculo dos módulos de resistência plásticos em relação ao eixo x . De forma análoga, na
Figura 3.5 são apresentadas as variáveis utilizadas nas expressões 3.26 a 3.31 utilizadas para
o mesmo cálculo no eixo y.
66
Figura 3.4 - Identificação das variáveis para o cálculo dos módulos de resistência plásticos em relação ao
eixo x
b2
y
r
ey
hn
b1
x
t
ex
Os módulos de resistência em relação ao eixo que passa pelo centróide da seção mista
com relação ao eixo x, são calculados pelas equações a seguir , sendo que para o perfil
retangular este valor é fornecido através de tabelas do fabricante
Módulo de resistência da armadura:
n
Zs = ∑ A si ⋅ e x
i =1 (3.20)
Na referida formulação, vale destacar que Asn refere-se à área das barras da armadura
localizadas na região de altura 2.hn e Asni corresponde à área de cada barra da armadura na
região de altura 2.hn , sendo a posição da linha distante hn do eixo que passa pelo centróide
da seção mista calculado através das equações a seguir:
Posição da linha neutra:
A c ⋅ f cd1 − A sn ⋅ (2 ⋅ f sd − f cd1 )
hn = (3.22)
2 ⋅ b 2 f cd1 + 4 ⋅ t(2 ⋅ f yd − f cd1 )
Z an = b 2 ⋅ h 2n − Zcn − Z sn
(3.23)
67
Figura 3.5 - Identificação das variáveis para o cálculo dos módulos de resistência plásticos em relação ao
eixo y
b1
y hn
r
b2
ex
ey x t
n
Zs = ∑ A si ⋅ e y (3.26)
i =1
Linha neutra distante hn do eixo que passa pelo centróide da seção mista
A c ⋅ f cd1 − A sn ⋅ (2 ⋅ f sd − f cd1 )
hn = (3.28)
2 ⋅ b1f cd1 + 4 ⋅ t(2 ⋅ f yd − f cd1 )
n
Zsn = ∑ A sni ⋅ e iy
i =1
(3.30)
Tabela 3.2 - Limites de aplicabilidade para Vigas mistas contínuas (ABNT NBR 8800:2008)
hp E b E
Seção compacta ≤ 3,76 ⋅ e ⋅ f ≤ 0,38
tw fy tf fy
Dimensionamento item 4.9.10 e 4.10
Figura 3.6 - Ilustração dos parâmetros para definição da largura efetiva de vigas mistas
Figura 3.7 - Distribuição de tensões em vigas mistas de alma cheia sob momento positivo e interação total
∑Q rd ≥ Aa ⋅ f yd → 0,85 ⋅ f cd ⋅ bt c ≥ Aa ⋅ f yd (3.32)
Tad = Aa ⋅ f yd (3.34)
Tad
a= ≤ tc (3.34)
0,85 ⋅ f cd ⋅ b
a
M rd = β vm ⋅ Tad ⋅ d1 + hF + tc − (3.35)
2
∑Q rd ≥ 0,85 ⋅ f cd ⋅ bt c (3.35)
Para esta situação, é preciso determinar se a linha neutra está situada na região da
mesa superior ou da alma do perfil de aço.
72
Independe da linha neutra estar na alma ou na mesa do perfil de aço, toda a seção de
concreto da laje estará comprimida, logo, a força resultante de compressão no concreto será
calculada através da equação 3.36:
1
Cad = ⋅ (Aa ⋅ f yd − Ccd ) (3.37)
2
Cad
Yp = ⋅tf (3.39)
Aaf ⋅ f yd
C − Aaf ⋅ f yd
Yp = t f + hw ⋅ ad (3.40)
A ⋅f
aw yd
Para ambas as situações, estando a linha neutra plástica localizada no perfil de aço, o
momento fletor resistente de cálculo é obtido pela equação 3.41:
t
M rd = β vm ⋅ Cad ⋅ (d − yt − yc ) + Ccd ⋅ c + hF + d − yt (3.41)
2
Onde:
βvm: igual 0,85, 0,90 ou 0,95 para vigas semicontínuas conforme a capacidade de
rotação necessária para a ligação e igual a 1,00 para vigas biapoiadas ou contínuas;
Ccd: força resistente de cálculo da espessura comprimida da laje de concreto;
Tad: força resistente de cálculo da região tracionada do perfil de aço;
Cad: força resistente de cálculo da região comprimida do perfil de aço;
73
da flambagem lateral com distorção deve ser feita seguindo as recomendações dos itens
O.2.4.3 e O.2.5 da ABNT NBR 8800:2008, lembrando que sua ocorrência pode reduzir o
momento fletor resistente negativo. Além destas verificações, devem ser respeitados os
seguintes limites:
1) relação entre a largura e a espessura da mesa comprimida não deve ser
superior ao resultado da equação 3.42 para que a mesa não sofra
flambagem local.
E
0,38 (3.42)
fy
E
3,76 (3.43)
fy
Onde:
Asl: área da armadura longitudinal dentro da largura efetiva da laje de concreto;
fsd: resistência ao escoamento do aço da armadura, valor de cálculo.
O momento fletor negativo resistente, valor de cálculo, para vigas mistas compactas,
cujo mecanismo resistente e distribuição de tensões são mostrados na Figura 3.8, é dado pela
equação 3.45:
Este valor pode ser reduzido caso ocorra instabilidade lateral por torção, que será
verificado posteriormente.
75
Aat = t f ⋅ b f + ( y np − t f ) ⋅ t w (3.46)
Alguns parâmetros auxiliares para determinar o momento fletor resistente negativo são
expressos a seguir:
-A distância do centro geométrico da armadura longitudinal à LNP e dado pela
equação 3.48:
d 3= y np + hc − c (3.48)
d 4= y np − 0 ,5 ⋅ y at (3.49)
(A ⋅ f )
yd a − Tds − 2 ⋅ b f ⋅ t f ⋅ f yd
y np = t f + (3.50)
2 ⋅ tw ⋅ f yd
76
Também é possível calcular a posição dos centros geométricos das áreas tracionada e
comprimida do perfil de aço, dados respectivamente pelas equações 3.51 e 3.52:
y at =
2
[
0,5 ⋅ b f ⋅ t f + tw ⋅ ( ynp − t f ) ⋅ 0,5 ⋅ ( ynp − t f ) + t f ] (3.51)
Aat
y ac =
2
[
0,5 ⋅ b f ⋅ t f + tw ⋅ 0,5 ⋅ (d − ynp − t f ) + t f ] (3.52)
Aac
Vale destacar que a ABNT NBR 8800:2008 não permite que sejam utilizadas seções
de aço não compactas submetidas a momentos fletores negativos.
M sd ≤ M dist , Rd
M dist , Rd = χ dist ⋅ M rd
Sendo χdist o fator de redução que leva em conta a flambagem lateral com distorção da
seção transversal, obtido empregando adequadamente a curva de resistência à compressão
fornecida no item 5.3.3 da ABNT NBR 8800:2008, em função do parâmetro de esbeltez λdist
que, para perfis duplamente simétricos é dado pela equação 3.53:
0, 25
f y ho t f
2 3
t ⋅h
λdist = 5,0 ⋅ 1 + w o ⋅ ⋅ ⋅ (3.53)
4 ⋅b ⋅t E ⋅ C t b
f f bdist w f
Onde:
Cbdist: é o fator de modificação aplicável ao momento fletor com distribuição não
uniforme, pela equação 3.54:
M1 8 Mc
Cbdist = 3,0 − − ⋅ (3.54)
M o 3 3 ⋅ M o + M1
Com:
Se λdist não superar 0,4, pode-se tomar χdist igual a 1,0 significando que não irá ocorrer
flambagem lateral por distorção da seção transversal.
Se o momento fletor M1 for positivo, tomar M1 = 0 no denominador da expressão de
Cbdist.
O cálculo do momento fletor resistente negativo segue, então, procedimento
semelhante ao adotado para verificar os pilares mistos sob compressão simples: primeiro é
determinada a capacidade resistente da seção à plastificação e, depois, o parâmetro que leva
em conta a instabilidade lateral por torção.
1 A ⋅ fck ⋅ Ec (3.55)
QRd = ⋅ cs
2 γ cs
Rg ⋅ R p ⋅ ⋅ Acs ⋅ f ucs
QRd =
γ cs
(3.56)
Sendo:
em: distância da borda do fuste do conector à alma da nervura da forma de aço, medida
à meia altura da nervura e no sentido da força cortante que atua no conector, conforme
mostrado na Figura 3.9.
Figura 3.9 - Distância da borda do fuste do conector à alma da nervura da forma de aço
de maior momento fletor até o ponto de momento fletor nulo. O número mínimo de
conectores, para a situação de interação total é dado pela equação 3.57:
Q Rd
n = (3.57)
Fhd
∑Q Rd ≥ Tds
Sendo:
Tds
n ≥
QRd
Vsd ≤ VRd
Em seções I, H e U fletidas em relação ao eixo central de inércia perpendicular à alma
(eixo de maior inércia), a força cortante resistente de cálculo VRd é dada em função da esbeltez
da alma com a aplicação das equações 3.58, 3.59 e 3.60 como segue:
V pl
Para λ ≤ λ p : V Rd = (3.58)
γ a1
λ p V pl
Para λ p < λ ≤ λr : VRd = ⋅ (3.59)
λ γ a1
2
λ V
Para λ < λr : VRd = 1.24 p ⋅ pl (3.60)
λ γ a1
Onde:
80
h
λ = é o índice de esbeltez;
tw
Kv ⋅ E
λ p = 1,10 é parâmetro de esbeltez limite para seções compactas;
fy
Kv ⋅ E
λr = 1,37 é parâmetro de esbeltez limite para seções semicompactas;
fy
2
a a 260
Kv = 5,0 : para almas sem enrijecedores transversais, > 3 ou para > ;
h h (h / t w )
5
Kv = 5 + , para todos os outros casos;
( a / h) 2
Vp= 0,60.Aw.fy é a força cortante correspondente a plastificação da alma por
cisalhamento;
Aw= d.tw é a área efetiva de cisalhamento;
a: distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais adjacentes;
h: altura da alma, tomada igual à distância entre as faces internas das mesas nos perfis
soldados, e igual a esse valor menos os dois raios de concordância entre mesa e alma, nos
perfis laminados;
tw: espessura da alma do perfil de aço
α e = Ea / Ec (3.61)
81
4
δ = 3845plE I a tr
(3.62)
QRd
I ef = I a+ ⋅ ( I tr − I a ) (3.63)
VhRd
Para Interação total, a Inércia efetiva coincide com o valor da inércia da seção
transformada que depende da posição da linha neutra desta seção, sendo Itr, calculado através
das equações 3.64 e 3.65:
- Para LNE localizada na laje de concreto:
3 2
btr t c t
I tr = I a + Aa ( ytr − y a ) 2 + + Ac ⋅ d + − ytr (3.65)
12 c
2
btr a 3 a
I tr = I a+ Aa ( ytr − y a ) 2 + + btr ⋅ a ⋅ d + tc − − ytr (3.65)
12 2
A Figura 3.10 identifica os valores das variáveis apresentadas nas equações anteriores
para o cálculo da inércia transformada.
82
bef
btr = (3.66)
αE
A ⋅ ya + Actr ⋅ ( d + 0,5 ⋅ tc + hF )
ytr = (3.67)
A + Actr
Onde:
Ief é a inércia transformada da seção mista (interação parcial);
Ia é a inércia do perfil de aço;
Qrd é resistência do conjunto de conectores;
Vhrd é o fluxo de cisalhamento;
Itr é a inércia transformada da seção mista homogeneizada (interação total);
ytr é a posição da linha neutra da seção transformada;
ya é a posição da linha neutra no perfil de aço;
btr é a largura efetiva transformada;
tc é a altura do concreto comprimido;
Ac é a área de concreto;
d é altura do perfil de aço;
83
Tipo de viga δt
Vigas de cobertura L/250
Vigas de piso L/350
Vigas de piso suportando pilares L/500
A Figura 4.1, mostra a tela de entrada de dados onde podem ser observados os
seguintes campos:
a) dados da Seção Mista: corresponde a um perfil qualquer escolhido pelo
usuário. Na fase de análise será mostrado que a tabela possui uma série
de perfis cadastrados, no entanto o usuário pode ainda optar pela
verificação de um perfil que não está cadastrado na tabela; neste caso,
deverá inserir os dados de altura, largura e espessura do perfil de forma
que este possa ser verificado;
b) dados de instabilidade: consiste no preenchimento da altura do lance de
pilar, no seu comprimento destravado e na consideração do coeficiente
de flambagem K. Os coeficientes de flambagem devem ser utilizados
apenas quando da verificação de um pilar isolado, caso contrário, no
caso dos esforços terem sido determinados via análise estrutural, estes
coeficientes devem ser tomados iguais a 1,0;
c) esforços: nestes campos deverão ser inseridos os esforços de cálculo do
lance de pilar analisado (Axial, em kN e Momentos fletores em torno
dos eixos x e y, em kN.cm);
d) características de Resistência do Pilar: deverá ser preenchido com as
características mecânicas dos materiais aço e concreto, em MPa. O
usuário não necessita inserir o módulo de elasticidade do concreto, o
mesmo será calculado automaticamente pela planilha mediante inserção
da resistência do concreto (fck). O cálculo será feito por meio da
expressão 4760 ⋅ f ck , extraída da ABNT NBR 6118:2003.
4 5 6
3
Na aba Análise são destacados oito itens numerados e assinalados na Figura 4.2 e que
são descritos a seguir:
1) item 1 - perfil
erfil do usuário: consiste nas características do perfil adotado na aba
“entrada de dados” no campo “Dados
“ da seção mista” para o caso do usuário
ter optado por compor um perfil diferente daqueles existentes no banco de
perfis cadastrados.
cadastrados. Apresenta algumas características (geometria, massa, área
de aço, altura (bw), largura (bt), espessura do perfil (t) e raio de dobramento do
perfil (ri). Caso o usuário não tenha interesse em analisar um perfil genérico,
estes campos deverão ser ignorados;
2) item 2 - perfil
erfil padronizado: consiste nas características dos perfis padronizados
padroni
e previamente cadastrados;
3) item 3 - lista
ista de perfis: consiste em uma lista de 650 perfis padronizados,
fabricados e distribuídos pela V&M do Brasil, que serão verificados conforme
os dados inseridos na aba “Entrada de dados”;
dados”
4) item 4 - condições
ondições de cálculo: são apresentados os limites, segundo a ABNT
NBR 8800:2008 Anexo P, que devem ser atendidos quanto ao fator de
contribuição do perfil (δ),
( relação
ção entre altura e largura (h/b) da seção do perfil,
88
e índice de esbeltez local ou relação b/t. Este campo indica ao usuário quais
perfis não atendem a estas prescrições, permitindo que estes sejam
identificados rapidamente. Neste campo, caso o perfil não atenda às
prescrições normativas, aparecerá assinalado em vermelho, acompanhado da
mensagem “não ok”; caso contrário, o perfil será assinalado na cor verde,
seguido da mensagem “ok”;
5) item 5 - verificação da compressão simples: esta área da planilha traz o resumo
da verificação da compressão simples feita de acordo com a ABNT NBR
8800:2008. Esta verificação é mostrada para cada um dos perfis previamente
inseridos ou para o perfil definido pelo usuário. Independente do perfil, são
mostrados os seguintes parâmetros: NRd (kN) que é a normal resistente de
cálculo, NSd (kN) é a normal solicitante de cálculo inserida pelo usuário na aba
“entrada de dados”, “aproveit.” é um parâmetro que indica o índice de
N
aproveitamento do perfil Sd Caso NSd seja maior que NRd , a célula
NRd .
correspondente será marcada na cor vermelha indicando que o perfil não
atende à verificação da compressão simples. Esta marcação em vermelho é
acompanhada da mensagem “não passa”, caso contrário, a célula será marcada
na cor verde e será emitida a mensagem “passa”, indicando que o perfil atende
a esta verificação;
6) item 6 - verificação da flexo-compressão, modelo I e modelo II: a planilha
mostra o resultado das equações de interações apresentando as células de
resultados dos perfis que satisfazem às condições de
dimensionamento/verificação assinaladas na cor verde e exibindo a mensagem
“passa”. Caso o resultado da interação não seja satisfatório (seja maior que
1,0), a célula será marcada na cor vermelha exibindo a mensagem “não passa”.
Portanto, com a aba “análise” os pilares mistos preenchidos de seção retangular são
verificados quanto à compressão simples e/ou flexão composta ou oblíqua. Um exemplo de
aplicação da planilha encontra-se no apêndice A.
89
2
5
A Figura 4.3 mostra a tela de entrada de dados na qual são enumerados seus principais
elementos, sendo:
1) item 1 - tipo de Viga: “1” para viga biapoiada e “2” para viga contínua. Na
Figura 4.3 é mostrada a entrada de uma viga biapoiada;
2) item 2 - dados geométricos: neste campo o usuário deverá digitar todos os
dados relativos à viga que deseja analisar, utilizando como orientação a figura
mostrada no lado direito da tela;
3) item 3 - solicitações de cálculo e dados de resistência: campos destinados aos
esforços solicitantes sendo: MSd máximo, VSd máximo e MSd máximo para o
Estado Limite de Serviço (ELS); este último será utilizado para verificação do
deslocamento vertical máximo na viga. Também é necessário fornecer as
características de resistência dos materiais aço e concreto bem como dos
dispositivos de combate ao cisalhamento na interface aço-concreto na viga
(informações sobre os conectores tipo pino com cabeça). Nas planilhas
eletrônicas foi considerada somente a situação de interação total.
4) item 4 - entrada de dados para perfil não tabelado: campo destinado a inserção
de dados de perfil I que não faz parte do banco de dados previamente inserido
na planilha e que se deseje verificar;
deverá digitar o número “2”. Com esta opção, a entrada de dados da planilha apresentará a
configuração mostrada na Figura 4.4.
Na Figura 4.4 se observa que a entrada de dados é muito parecida com aquela já
descrita para vigas biapoiadas, porém agora aparecem os dados relativos a momento negativo,
juntamente com aqueles dados relativos à resistência dos elementos que serão dimensionados.
Neste caso, a entrada de dados requer:
1) item 1 - tipo de Viga: neste campo o usuário deve digitar 1, caso a viga a ser
verificada seja biapoiada e 2 caso seja contínua. Ao escolher a opção 2, a tela
passará a apresentar os campos necessários para a inserção dos dados da viga
contínua;
2) item 2 - solicitações de Cálculo: neste campo devem ser inseridos os dados
referentes a momentos negativos solicitantes;
3) item 3 - dados de resistência: neste campo devem ser inseridos todos os dados
referentes à resistência dos materiais que compõem a seção da viga mista,
inclusive dos conectores de cisalhamento. No caso de vigas contínuas, além
dos itens apresentados para viga biapoiada, também devem ser inseridos os
dados referentes à armadura negativa disposta na laje, mas somente aquela
contida na largura efetiva.
1
2 3 4 5 6 7
Na aba Análise são destacados oito itens assinalados por círculos enumerados (Figura
(
4.5) e descritos a seguir:
1) item 1 - dados referentes ao perfil: consiste nas características geométricas do
perfil selecionado na aba “entrada de dados” no campo “Perfil não tabelado”,
marcado em azul claro e, logo abaixo, a lista dos perfis tabelados, que são
verificados com a apresentação das características mais relevantes (geometria,
massa, área de aço);
2) item 2 - tipo de seção: classificação do tipo de seção de acordo com o item
O.1.1.2 da ABNT NBR 8800:2008 em compactas ou esbeltas.
3) item 3 - verificação do cisalhamento longitudinal: nesta parte da planilha estão
todos os resultados relativos à verificação do cisalhamento horizontal,
fornecendo os dados relativos aos conectores de cisalhamento tipo pino com
cabeça. Aqui vale ressaltar que apenas a situação de
d interação total (ou
completa) foi contemplada nesta planilha;
4) item 4 - verificação do cisalhamento vertical: nesta região da planilha são
mostrados os resultados relativos à verificação do cisalhamento vertical;
93
enrijecedores nos pontos de aplicação de carga – Figura 5.1e. A laje utilizada no ensaio foi do
tipo maciça com 10 cm de espessura com consideração de taxa de armadura de 1% e concreto
com 30 MPa de resistência à compressão Figura 5.1d.
A ligação viga-pilar é feita por meio de chapa passante e três parafusos em aço ASTM
A-325 com diâmetro de 16 mm. Detalhes sobre a geometria da chapa passante são dados na
Figura 5.1g.
Figura 5.1 - a) Configuração geral do modelo, b) Viga mista, c) Conectores de cisalhamento, d) Laje
de concreto e) Viga I com dois eixos de simetria f) Pilar preenchido e g) Detalhe da ligação com
chapa passante
f) Pilar preenchido
Para o presente estudo, o valor da rigidez inicial apresentado na Tabela 5.1 foi
aplicado a todos os nós da estrutura analisada, seguido da análise e classificação da estrutura
quanto aos deslocamentos horizontais. Além do valor integral, também foram consideradas
parcelas da rigidez experimental como rigidez de ligações viga-pilar. Este procedimento foi
adotado no caso dos pórticos planos; já para os pórticos tridimensionais, as ligações foram
consideradas rígidas ou semirrígidas com rigidez igual ao valor experimental.
1kN 1kN
Seção transversal Seção transversal
40 40
60 60
Os elementos de aço e misto foram representados por barras com seção retangular de
dimensões de 60 x 40 mm. Ambos os pilares têm 260 cm de comprimento e, para o aço, foi
adotado módulo de elasticidade longitudinal igual a 20.000 kN/cm².
Como parâmetro para avaliar a rigidez dos pilares de aço e misto foi adotado o
deslocamento horizontal, sendo calculado tanto para o pilar de aço como para o pilar misto
preenchido. Sabe-se que, analiticamente, o deslocamento horizontal na extremidade livre é
dado pela equação 5.1.:
p.l ³ (5.1)
δ=
3.E.I
A seção de aço apresenta momento de inércia em relação ao eixo x igual a 31,77 cm4.
Com estas informações, resulta o seguinte deslocamento horizontal para o elemento em aço:
1 × 260³
δ= = 9,22cm
3 × 20000 × 31,77
Sendo:
(EI)e : rigidez efetiva da seção mista a flexão;
Ea : módulo de elasticidade do aço;
Ia : momento de inércia da seção transversal do perfil de aço;
Ec,red : módulo de elasticidade reduzido do concreto, tomado o como valor integral
para seções tubulares preenchidas;
Ic : momento de inércia da seção transversal do concreto não fissurado;
Es : módulo de elasticidade do aço da armadura (não considerado);
Is: momento de inércia da seção transversal da armadura (não considerado).
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, item P.1.3, as seções transversais
preenchidas podem ser fabricadas sem qualquer armadura, exceto para algumas verificações
em situação de incêndio. Para o presente estudo, foi desconsiderada a armadura na forma de
99
E c = 4 .760 ⋅ f ck (5.4)
Para criar o material PILAR VBM – 350, foram fornecidas as características a seguir:
a) módulo de elasticidade: 200.000 N/mm² = 200.000 MPa.;
b) limite de escoamento fy: 350 MPa.;
c) limite de resistência à tração fu: 485MPa;
d) coeficiente de Poison do aço: 0,3;
100
A fase seguinte foi a criação das seções que foram associadas aos materiais já criados
na fase anterior. A seção chamada PILAR ACO (40X60) foi usada para compor a seção de
aço e a chamada PILAR MISTO (40x60), para compor a seção mista.
Uma vez criados os materiais aço e concreto, foram criadas duas seções: PILAR ACO
(40X60) e PILAR MISTO (40x60). Para a seção de pilar foi utilizado o comando Section
Desiner, que permite criar e compor seções com diferentes geometrias, com a possibilidade de
usar mais de um tipo de material para a mesma seção.
Para a seção mista foram adotados procedimentos similares aos empregados na seção
de aço, sendo que, neste caso foi adicionada uma seção sólida com as propriedades do
material CONCRETO PILAR – 35 MPa, de forma a preencher a seção retangular de aço.
Cada um dos pilares foi representado por um elemento de barra, sendo uma para o
pilar de aço e outra para pilar misto, ambas engastadas na base e livres no topo, com
aplicação do carregamento unitário horizontal de 1 kN na extremidade livre. Para a realização
da modelagem as seguintes etapas foram executadas:
1) atribuição das características das seções às barras;
2) aplicação da força.
Método utilizado
Elemento
Analítico Computacional Diferença(%)
Pilar de aço 9,22 9,05 1,87
Pilar misto 8,33 8,18 1,83
Diferença (%) 10,68 10,63
Na Tabela 5.2 pode ser observado o ganho de rigidez do pilar misto em relação ao
pilar de aço, evidente na comparação de deslocamentos horizontais, demonstrando que os
pilares mistos são mais rígidos que os pilares de aço devido à presença do núcleo rígido de
concreto. No entanto, o processamento computacional apresentou uma diferença de resultados
considerável em relação à verificação analítica, que foi corrigida com a introdução de um
fator de correção da inércia dos elementos modelados no SAP 2000®.
De acordo com item 4.9.6.4 da ABNT NBR 8800:2008, para estruturas que possuem
elementos mistos, deve-se levar em conta os efeitos de retração e fluência do concreto e isto
pode ser feito de forma simplificada usando a rigidez efetiva tanto para vigas como para
pilares.
Naturalmente, o fator de correção foi introduzido apenas no pilar misto pois os
fenômenos de retração e fluência acontecem no núcleo de concreto deste pilar
Assim, para o segundo processamento foi aplicado, no pilar misto, um fator de
correção (redutor de inércia) de 0,98 no momento de inércia correspondente ao eixo analisado
e os resultados obtidos foram:
102
Método utilizado
Elemento
Analítico Computacional Diferença(%)
Pilar de aço 9,22 9,05 1,86
Pilar misto 8,33 8,34 0,12
Diferença % 10,68 8,50
ambos os modelos foi considerada uma força uniformemente distribuída de 0,25 kN/cm, vigas
com 400cm de vão e aço com módulo de elasticidade igual a 20.000 kN/cm².
5 p.l 4
δ= (5.5)
384.Ea .I
Da substituição, na equação 5, dos valores dados na resultou:
5 × 0,25 × .400 4
δ= = 0,978cm = 9,78mm
384 × 20.000 × 4257
O segundo passo para validação foi o cálculo do deslocamento vertical para a viga
mista, também utilizando procedimento analítico. No caso da viga mista foi utilizada a
homogeneização da seção, substituindo a laje de concreto por uma seção equivalente de aço.
Para esta nova seção, transformada e formada unicamente de aço, foi calculado o momento de
inércia, agora denominado Itr, como mostrado na equação 5.6. Para o cálculo do momento de
inércia da seção transformada foi considerada viga mista com interação total.
5 p.l 4
δ= (5.6)
384.E a .I tr
As equações para o cálculo do momento de inércia da seção transformada requerem
que se determine a posição da linha neutra para esta nova seção; esta verificação mostrou que
a linha neutra plástica encontrava-se na laje de concreto e, para tal, o momento de inércia da
seção transformada é calculado com a equação 5.7 a seguir.
3 2
btr t c t
I tr = I a + Aa ( ytr − y a ) 2 + + Ac ⋅ d + − ytr (5.7)
12 c
Sendo:
ya tc
: 12,5 cm; : 12cm; d : 25cm
onde:
bef
btr = = 11,60cm
αE (8)
Sendo b: 100cm
Ea
αE = = 8,16cm (9)
Ec
I tr
= 15.870,47cm4
Que resulta, com a utilização da equação 6, no deslocamento vertical a seguir:
5 × 0,25 × .400 4
δ = = 0,2625cm = 2,63mm
384 × 20.000 × 15.870,47
O terceiro passo na validação da modelagem das vigas é a representação da viga de
aço e da viga mista no pacote computacional SAP 2000® e a determinação dos deslocamentos
verticais via simulação numérica. Neste caso, além da modelagem da viga de aço e da viga
mista, foi simulada uma terceira viga, de aço, com seção equivalente à viga mista. Detalhes
dos modelos de viga analisados no SAP 2000® são mostrados na Tabela 5.5 e Figura 5.4.
Na Tabela 5.5 o modelo 3 com viga de aço e seção equivalente foi utilizado com o
intuito de obter o mesmo valor de deslocamento encontrado para o modelo com seção mista
(modelo 2).
Figura 5.4 - Modelos para estudo e validação da rigidez de vigas mistas de aço e concreto
106
Percebe-se que o ganho de rigidez nos modelos de viga mista (modelos 2 e 3), ganho
este evidenciado pelos resultados de deslocamentos entre as tipologias de viga, mostrando que
as do tipo mista são mais rígidas em decorrência da presença da laje como mesa colaborante.
No entanto, ainda existe uma diferença considerável entre os resultados obtidos de forma
analítica e computacional, motivo pelo qual foi realizado um segundo processamento com
alteração do fator de correção do momento de inércia dos elementos, conforme item 4.9.6.4
da ABNT NBR 8800:2008. Este novo processamento foi realizado com o intuito de
aproximar os resultados numéricos daqueles obtidos analiticamente.
Neste novo processamento, apenas os resultados obtidos para os modelos 02 e 03
foram utilizados uma vez que somente tais modelos simulam elementos mistos e serão
utilizados nas modelagens da próxima fase da pesquisa, sendo que o modelo 01 foi utilizado
apenas para demonstrar o ganho de rigidez dos modelos 02 e 03 em relação ao modelo 01.
Portanto, esta próxima etapa consistiu no ajuste dos modelos 02 e 03 a partir da alteração do
momento de inércia, de forma que os resultados sejam semelhantes aos encontrados no
processo analítico.
108
Tabela 5.7 - Comparação de resultados de deslocamentos verticais do segundo processamento das vigas
mistas (mm)
A Tabela 5.8 apresenta os resultados dos deslocamentos verticais nas extremidades das
vigas para vários incrementos de força; estes resultados foram utilizados para realizar a
modelagem.
Tabela 5.8 - Resultados de deslocamentos verticais para diversos valores de força aplicada
Modelagem Numérica
Força (kN) Rigidez (kN.cm/rad) Momento (kN.cm) Rotação (rad) Deslocamento (mm)
6,88 9.052.631 1.032,00 2x10-5 1,50
Ensaio experimental
Força (kN) Rigidez (kN.cm/rad) Momento (kN.cm) Rotação (rad) Deslocamento (mm)
6,88 9.052.631 1.032,00 11,4x10-5 0,85
112
devidos ao vento no pórtico plano, sistema TQS versão 16.0 Unipró para o levantamento dos
esforços devidos ao vento e dimensionamento das lajes de concreto nos modelos
tridimensionais, AutoCad para a modelagem das barras dos modelos planos e Planilhas
eletrônicas em Excel para o dimensionamento de vigas e pilares mistos.
A seguir, cada uma das etapas e fases apresentadas sucintamente na Tabela 5.12 será
detalhadamente descrita.
* A transferência das cargas distribuídas das lajes para as vigas foi realizada através
do método das charneiras plásticas.
Combinações últimas:
1,25 x Peso Próprio + 1,40 x Peso Próprio da Laje + 1,40 x Alvenaria + 1,40
Combinação 1
x Revestimento) + 1,50 x Sobrecarga + (1,4 x 0,60 x Vento 0º).
(1,25 x Peso Próprio + 1,40 x Peso Próprio da Laje + 1,40 x Alvenaria +
Combinação 2
1,40 x Revestimento) + 1,50 x Sobrecarga + (1,4 x 0,60 x Vento 180º).
(1,25 x Peso Próprio + 1,40 x Peso Próprio da Laje + 1,40 x Alvenaria +
Combinação 3
1,40 x Revestimento)+ 1,50 x 0,5 x Sobrecarga + (1,4 x Vento 0º).
(1,25 x Peso Próprio + 1,40 x Peso Próprio da Laje + 1,40 x Alvenaria +
Combinação 4
1,40 x Revestimento)+ 1,50 x 0,5 x Sobrecarga + (1,4 x Vento 180º).
117
Pav. cota CI CS CP VI VS S2
1 3 0 5 3 0 0,76 0,46
2 6 5 10 6,4 0,76 0,83 0,78
3 9 5 10 9,6 0,76 0,83 0,82
4 12 10 15 12,9 0,83 0,88 0,86
5 15 10 15 16 0,83 0,88 0,89
6 18 15 20 19,2 0,88 0,91 0,91
7 21 20 30 22,4 0,91 0,96 0,92
8 24 20 30 25,6 0,91 0,96 0,94
9 27 20 30 28,8 0,91 0,96 0,95
10 30 20 30 30 0,91 0,96 0,96
Processamento e dimensionamento
Análise
Dimensionada a estrutura, a próxima etapa consistiu em sua análise, para isto foram
realizados diversos processamentos considerando diferentes situações de ligações entre vigas
e pilares através da variação do grau de rigidez das mesmas. Para cada variação de rigidez
imposta, foram analisados os parâmetros de estabilidade global, redistribuição de esforços de
momentos fletores e a influência no consumo de aço nos elementos da estrutura, de tal forma,
que ao final de todas as análises pode ser obtido gráficos e tabelas contendo tais informações.
As análises foram realizadas considerando um único dimensionamento, justificando-
se no fato de que o trabalho tem como objetivo a influência das ligações semirrígidas na
estabilidade global das estruturas, assim, optou-se por um único dimensionamento
considerando ligações rígidas, e a partir daí, se iniciou a variação da rigidez das ligações de
tal forma que foi possível obter numérica e graficamente, as curvas de estabilidade para as
situações de rigidez imposta, assim também como gráficos de redistribuição de esforços de
momentos fletores na estrutura.
123
Para cada análise realizada, foi elaborada uma tabela contendo os valores de
deslocamentos de análise de primeira e segunda ordem seguido da classificação quanto a
estabilidade global para cada pavimento, sendo classificada em : pequena, média e grande
deslocabilidade de acordo com o valor de B2 obtido. Complementando as tabelas, foi
elaborado um gráfico que contempla conjuntamente todos os resultados tabelados, onde é
124
possível visualizar paralelamente o comportamento dos cinco modelos analisados quanto aos
seus deslocamentos horizontais.
Para o estudo da redistribuição de esforços de momentos fletores nos elementos da
estrutura foram tomados como referência os Nós 40 e 44 da Figura 5.11. Neste estudo,
também foram elaboradas tabelas e gráficos comparativos de redistribuição de esforços entre
as análises realizadas, sendo os seus valores também apresentados no capítulo de resultados.
Concepção estrutural
Geometria
modelo, foram utilizadas lajes maciças de concreto armado moldado in loco, com espessura
constante de 12 cm. No dimensionamento das lajes, foram consideradas as seguintes cargas:
carga permanente de 0,5 kN/m² e sobrecarga de 1,5 kN/m², uniformemente distribuídas em
todas as superfícies das lajes com concreto fck de 25 MPa. Nesta etapa todas as lajes
obtiveram resultados satisfatórios no dimensionamento (ELU) e nas verificações de serviço
(ELS).
Para o cálculo de esforços devidos ao vento foram considerados os parâmetros
descritos a seguir:
Velocidade básica: 45 m/s, fator do terreno S1: 1,00; categoria de rugosidade S2: III;
classe da edificação S2: B; fator estatístico S3: 1,00; casos de carregamentos de vento: 0º, 90º,
180º, 270º e 360º;
O cálculo dos coeficientes de arrasto foi realizado considerando-se uma região de
vento com alta turbulência.
Após a consideração dos dados descritos anteriormente, foi realizada a modelagem do
edifício sendo que, nesta fase, foram introduzidos os carregamentos verticais de acordo com a
ABNT NBR 6120:1980, sendo: cargas permanentes de 0,5 kN/m², sobrecargas de 1,5 kN/m² e
cargas de parede de alvenaria de fechamento de 1,8 kN /m².
Concluídas as fases anteriores, o modelo foi processado, e extraídos os resultados das
forças horizontais devidas ao vento em cada pavimento para as quatro direções do vento, e
que estão apresentados no apêndice B deste trabalho.
Carregamentos
carregamentos distribuídas nas lajes e vigas e das cargas concentradas devidas ao vento nos
nós da estrutura.
Processamento e dimensionamento
Análise
finalidade de avaliar o parâmetro B2, porem neste caso foram realizadas apenas 2 análises
como mostrado na Tabela 5.20.
Gráfico 6.1 - Deslocamentos laterais no topo - Pórtico plano adaptado de Bellei et al. (2008)
20
Deslocamento no topo (cm)
15
10
0
Rígida SR:9,05263E6 SR:6,03509E6 SR:3,01754E6
Rigidez da ligação kN/cm.rad
132
Tabela 6.3 - Deslocamentos horizontais δ1 e δ2 e parâmetro B2: Pórtico plano e ligação rígida
Tabela 6.4 - Deslocamentos horizontais δ1 e δ2 e parâmetro B2: Pórtico plano e ligação semirrígida
A partir dos valores de deslocamentos obtidos para pórticos com ligações rígidas e
semirrígidas, estes puderam ser classificados, considerando o parâmetro B2, como de Baixa
deslocabilidade (tabela 6.4). Mas, mesmo com estes resultados para ambas as situações,
houve um aumento gradativo nos valores dos deslocamentos horizontais à medida que se
diminuiu a rigidez das ligações.
A classificação quanto a estabilidade global leva em consideração, principalmente, o
deslocamento relativo entre pavimentos e não somente a diferença de deslocamento entre o
topo e a base, fato este comprovado pela classificação de Baixa deslocabilidade para os
135
Gráfico 6.2 - Deslocamentos laterais – Pórtico plano adaptado de Bellei et al. (2008)
10
8
Pavimento
Ligaçã o Rígida
2 Ligaçã o Se mi-ríg ida:9. 052 .631 ,57 kN.cm/ra d
Ligaçã o Se mi-ríg ida:6. 035 .087 ,71 kN.cm/ra d
Ligaçã o Se mi-ríg ida:3. 017 .543 ,86 kN.cm/ra d
0
0 5 10 15 20 25
Desl ocamentos (cm)
Na análise da estabilidade global via parâmetro B2, para todos os valores de rigidez
avaliados os pórticos foram classificados como de Baixa deslocabilidade, havendo pequenas
variações nos valores deste parâmetro decorrentes da diminuição de rigidez. Uma síntese dos
valores de B2 é mostrada na Tabela 6.5.
Percebe-se que a influência da variação de rigidez no caso deste pórtico plano foi
muito pequena e, mesmo para a menor rigidez avaliada, os valores de B2 são baixos.
136
Figura 6.1 - Momentos fletores nos nós 40 e 44 em função da rigidez das ligações
137
5000
Viga: momento positivo
4500 Viga: momento negativo
Pilar: momento no topo
4000
3500
Momentos (kN.cm)
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Rígida SR:9.052.631,57 SR:6.035.087,71 SR:3.017.543,86
Rigidez da ligação (kN.cm/rad)
138
10000
Viga: momento positivo
9000
Viga: momento negativo
Pilar: momento na base
8000 Pilar: momento no topo
7000
Momento (kN.cm)
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Rígida SR:9.052.631,57 SR:6.035.087,71 SR:3.017.543,86
Rigidez da ligação (kN/cm.rad)
Na Tabela 6.6 e no Gráfico 6.3 observa-se que o momento positivo solicitante na viga
aumenta à medida que diminui a rigidez da ligação viga-pilar, enquanto que para o momento
negativo ocorre o contrário. No caso do pilar, o momento transferido vai diminuindo com a
redução da rigidez pois a ligação vai se aproximando de uma rótulo. A variação de rigidez
analisada aqui pode simular, por exemplo, a perda de rigidez por fissuração e/ou
dimensionamento inadequado da ligação.
Com a redução de rigidez, aumenta significativamente o giro relativo da viga em
relação ao pilar, fazendo com que o mesmo absorva menor parcela de momento fletor. O nó
44 (figura 6.1) exemplifica este fato com clareza, podendo-se observar que a redução de
rigidez da viga no nó produz redução da parcela de momento nesta região de engastamento
139
viga-pilar, significando que a viga está transferindo uma parcela menor de momento para o
pilar. Em contrapartida, ocorre maior giro relativo viga-pilar, consequentemente, há aumento
do momento positivo solicitante na mesma.
Resultados do nó 40 são apresentados na Tabela 6.7 e gráfico 6.4, porém, o equilíbrio
entre os elementos acontece de forma diferente, isto porque neste caso há 3 elementos de
barra conectados ao nó sendo eles: a viga, o lance de pilar que nasce no nó 44 e chega ao nó
40 (base do pilar) e o lance de pilar que nasce no nó 40 e vai para o nó subsequente da
estrutura (topo do pilar). Como há três elementos que se conectam neste nó, , uma parcela do
momento não absorvido pela ligação viga-pilar devido ao giro relativo é transferida para o
momento positivo da viga e o restante é distribuído entre o momento negativo da viga, o
momento na base do pilar e o momento no topo do pilar.
Assim como aconteceu para o nó 44, à medida que a rigidez da ligação é reduzida,
aumenta a parcela de momento positivo que solicita a viga, enquanto que a parcela de
momento negativo da viga, momento na base do pilar e momento no topo do pilar diminuem
com a redução da rigidez.
Em contrapartida, os momentos devido aos esforços horizontais são transferidos
somente para os pilares, gerando esforços cada vez maiores à medida que se aproxima da
região da fundação; nesta situação, o pilar está engastado na base de fundação e livre no topo,
sendo o único responsável por absorver os deslocamentos provenientes de situações de
carregamentos horizontais, consequentemente, necessita de maior rigidez para
absorver/resistir a estes esforços (Gráfico 6.5 e Gráfico 6.6)
7000
6000
5000
4000
3000
6000
5500
5000
4500
Momentos (kN.cm)
3000
2500
2000
1500
1000
resultados são apresentados para o Pórtico 01 e Pórtico 02, ambos com cinco pavimentos,
bem como seus deslocamentos obtidos em análises de 1º e 2º ordem.
Figura 6.3 - Comportamento Momento vs. Rotação obtido experimentalmente por De Nardin (2007)
100
Momento na ligação (kN.m)
M EI
80 ≤ 8× b
φ Lb
60
RIGIDA
Ligação 2
40
20 SEMI-RÍGIDA M EIb
≤ 0 ,5 ×
φ Lb
ROTULADA
0
0 2 4 6 8 10 12
Rotação da ligação (mrad)
1,07. Portanto, não foi necessária uma nova análise considerando a redução de rigidez dos
elementos.
O Gráfico 6.7 apresenta os deslocamentos horizontais no Pórtico 01 enquanto que no
Gráfico 6.8 são apresentados os deslocamentos no Pórtico 02.
3
Pavimento
1
Ligaç ão Rígida
Ligaç ão Semi-rígida
0
0,0 0 ,1 0 ,2 0,3 0 ,4 0 ,5 0,6 0 ,7 0,8 0,9 1 ,0 1,1 1,2 1 ,3 1,4 1 ,5
Deslocam entos (cm )
3
Pavimento
1 Ligação Rígida
Ligação Semi-rígida
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Deslocamentos (cm)
Para a análise dos esforços em vigas e pilares foram escolhidos dois pontos, sendo um
no Pórtico 01 e outro, semelhante, no Pórtico 02 (Figura 6.4); estes dois pontos são
representativos dos esforços e foram utilizados na avaliação da variação de esforços
solicitantes decorrentes das alterações na rigidez das ligações entre vigas e pilares. Nestas
análises foi adotada a mesma metodologia já empregada para o pórtico plano, tendo sido
avaliadas as mudanças nos momentos fletores solicitantes tanto para a viga quanto para o pilar
pré-selecionados.
NÓ 1
Pórtico 01
NÓ 2
Pórtico 02
ligação se aproxima de uma rótula e o elemento estrutural tende a apresentar apenas momento
positivo. Fato semelhante ocorre no pilar onde a redução de rigidez também resulta em
redução dos momentos solicitantes tanto no topo quanto na base.
Ligação semirrígida
Elemento Ligação rígida
(kN.cm/rad.)
Momento (+) 1.230,52 1.292,02
Viga
Momento (-) 3.566,99 3.261,19
Momento na base 2.138,59 2.072,60
Pilar
Momento no topo 1.917,25 1.776,73
Gráfico 6.9 - Variação de momentos fletores em viga e pilar do Pórtico 01: modelo tridimensional
3000
2500
Momento (kN.cm)
2000
1500
1000
500
0
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de ligação
148
Tabela 6.12 - Momentos fletores solicitantes para o Pórtico 02 devido flexibilização do Nó 02 (kN.cm)
Ligação semirrígida
Elemento Ligação rígida
(kN.cm/rad.)
Momento (+) 6.733,61 7.135,82
Viga
Momento (-) 2.807,36 2.603,37
Momento na base 2.039,32 2.050,00
Pilar
Momento no topo 1.556,18 1.553,04
Gráfico 6.10 - Variação de momentos fletores em viga e pilar do Pórtico 02: modelo tridimensional
7000
4000
3000
2000
1000
0
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de ligação
Nos esforços mostrados nas figuras anteriores está inserido o efeito das forças
horizontais devido ao vento, tais forças fazem com que os momentos solicitantes no pórtico se
alterem, distribuindo a parcela de força horizontal entre os elementos de vigas e pilares da
estrutura. Um outro fato que deve ser considerado na avaliação dos resultados de esforços é a
posição dos nós e pórticos selecionados para análise. no Pórtico 01 o pilar sofre efeito de
flexão obliqua devido à sua localização e, neste caso, apresenta esforços de flexão
significativos se comparado ao Pórtico 02, que se encontra na porção central do modelo
tridimensional e, por isso, menos solicitado à flexão. No Gráfico 6.11 é possível visualizar a
variação de momentos fletores para a viga do Pórtico 01.
149
Gráfico 6.11 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores da viga do Pórtico 01
4000
3500
3000
Momento (kN.cm)
2500
Momento positivo
Momento negativo
2000
1500
1000
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de Ligação
Gráfico 6.12 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores no pilar do Pórtico 01
2150
2100
2050
Momento negativo
1950
1900
1850
1800
1750
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de Ligação
150
Gráfico 6.13 - Influência da rigidez da ligação sobre os momentos fletores da viga do Pórtico 02
7000
6000
Momentos (kN.cm)
5000
4000
Momento positivo
Momento negativo
3000
2000
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de Ligação
2100
2050
2000
1950
1900
Momentos (kN.cm)
1750
1700
1650
1600
1550
1500
Ligação rígida Ligação semi-rígida
Tipo de Ligação
Gráfico 6.15 - Influência da rigidez sobre os deslocamentos horizontais: modelo com dez pavimentos
11
10
7
Pavimento
3
Pórtico 01- ligação rígida
2 Pórtico 02- ligação rígida
Pórtico 01- ligação semi-rígida
1 Pórtico 02- ligação semi-rígida
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Deslocamentos (cm)
Gráfico 6.16 - Influência da rigidez sobre os deslocamentos horizontais: modelo com vinte pavimentos
20
19
18
17
16
15
14
13
12
Pavimento
11
10
9
8
7
6 Pórtico 01 com ligação rí gida
5 Pórtico 02 com ligação rí gida
4 Pórtico 01 com ligação semi-rígida
Pórtico 02 com ligação semi-rígida
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Deslocamento Horizontal (cm)
Nº de Pórtico 01 Pórtico 02
Pav. Rígida Semirrígida Rígida Semirrígida
5 1,18 1,30 (+10,2%) 1,17 1,29 (+10,2%)
10 2,99 3,42 (+14,4%) 2,97 3,39 (+14,4%)
20 14,69 22,18 (+51,0%) 14,64 16,83 (+14,9)
10,2% e 14,4%, para cinco e dez pavimentos, respectivamente. Já o modelo com vinte
pavimentos apresentou diferenças percentuais de deslocamentos menores entre os modelos de
ligações, mesmo assim, à medida que se aumentou o número de pavimentos a diferença de
deslocamentos entre os dois tipos de ligação aumentou porem, neste caso, a diferença
percentual foi de 14,9%, o que vem a ser um valor bem menor que no caso do Pórtico 01 que
foi de 51%.
De um modo geral, nesta análise é possível perceber que a diminuição da rigidez das
ligações influencia diretamente nos resultados de deslocamentos da estrutura, fato que já era
esperado. Ao comparar os dois pórticos analisados neste contexto, é possível notar claramente
que o Pórtico 02 apresentou melhor comportamento, fato este ocorrido em decorrência da sua
localização dentro da estrutura como comentado e justificado em itens anteriores.
O Modelo com vinte pavimentos foi o que apresentou o pior desempenho quanto aos
parâmetros de estabilidade global, apresentando deslocamentos bem superiores aos demais
modelos. Esta situação já era esperada uma vez que os elementos foram dimensionados de
forma a se obter pórticos mais deslocáveis neste caso específico.
No Gráfico 6.17 é apresentada a evolução dos deslocamentos horizontais em função
do aumento do número de pavimentos, observa-se que à medida que o número de pavimentos
aumenta, os deslocamentos também aumentam proporcionalmente.
Gráfico 6.17 - Influência do número de pavimentos nos deslocamentos horizontais no topo: modelos
tridimensionais
20
15
Número de pavimentos
10
0
0 5 10 15 20 25
Deslocamento horizontal (cm)
156
Assim como para o pórtico plano analisado anteriormente, também foram realizadas as
verificações de Estado Limite de Serviço, comparando o deslocamento máximo no topo dos
modelos com os limites recomendados no Anexo C da ABNT NBR 8800:2008. Os valores de
deslocamento no topo bem como os limites normativos são apresentados na Tabela 6.14.
Na Tabela 6.14 observa-se que independe das ligações serem rígidas ou semirrígidas,
todos os modelos analisados apresentam deslocamentos no topo com valores inferiores aos
limites normativos. Naturalmente, quanto menor a rigidez da ligação, maior será o
deslocamento mas, ainda sim, este estará abaixo dos valores máximos.
Na análise e classificação da estabilidade global apresentaremos apenas o pavimento
que apresentou o maior parâmetro de índice de estabilidade B2, isto porque a classificação da
estrutura é feita adotando-se este valor. A Tabela 6.15 apresenta os maiores valores de B2
obtidos em cada modelo via análises de segunda ordem realizadas pelo processo P-∆.
Nº de Pórtico 01 - B2 Pórtico 02 - B2
Pav. Rígida Semirrígida Rígida Semirrígida
5 1,06 1,07 1,06 1,07
10 1,08 1,09 1,08 1,09
20 1,21 1,38 1,17 1,34
A Tabela 6.16 mostra que nem sempre o maior valor do coeficiente B2 coincide com o
maior deslocamento relativo interpavimentos.
Apesar da variação na classificação quanto à estabilidade global, comparando os
resultados de B2 para os modelos com ligações rígidas e semirrígidas, estes se aproximam
muito daqueles oriundos das ligações rígidas (Gráfico 6.18), isto ocorre porque a ligação
ensaiada experimentalmente por De Nardin (2007) apresenta rigidez próxima de uma ligação
rígida.
1,1
1,0
0,9
0,8
0,7
B2
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
5 10 15 20
Numero de Pavimentos
Mais uma vez é importante frisar que nas análises realizadas neste trabalho todas as
ligações entre vigas e pilares foram consideradas como sendo rígidas ou semirrígidas.
Todavia, em situações reais de projeto, geralmente são adotadas linhas principais de pórticos
nas duas direções com ligações rígidas denominados pórticos de contraventamento e que são
responsáveis por impedir grandes deslocamentos horizontais. Os demais pórticos são
conectados ligados a estes com a consideração de ligações semirrígidas ou flexíveis os quais
são chamados de pórticos contraventados.
foi considerado a variação de inércia devido a seção fissurada nas regiões de momento
negativo. Quanto a armadura da laje, a mesma não foi contabilizada no consumo de material.
Neste estudo não foi realizado o comparativo de consumo de aço para os modelos
tridimensionais, isto porque os resultados das comparações serão parecidos, uma vez que o
pórtico plano teve comportamento semelhante aos pórticos tridimensionais quanto a
redistribuição de esforços, desta forma a amostragem feita com o estudo do pórtico plano
serve para demonstrar os resultados que também poderiam ser obtidos nos pórticos
tridimensionais.
Cabe ressaltar que os valores de momentos apresentados neste item não são os
mesmos apresentados na Figura 6.1, para esta etapa assim como para o dimensionamento dos
pórticos planos apresentados no início deste capítulo os valores dos esforços foram retirados
das envoltórias de combinações para ELU. A Tabela 6.18 e a tabela 6.19 apresenta o resumo
dos esforços e dos perfis selecionados para as vigas, para cada rigidez analisada. No caso dos
pilares, os resultados são apresentados nas Tabela 6.20 e Tabela 6.21
A Tabela 6.19 apresenta os perfis adotados, o coeficiente de aproveitamento do perfil,
o peso linear do perfil, o consumo de aço para todas as vigas do pórtico e, por último, a
economia resultante da consideração das ligações semirrígidas em relação à ligação rígida. Os
resultados mostram que a rigidez da ligação ensaiada por De Nardin (2007) e a rigidez
correspondente a 2/3 e 1/3 resultaram em economia de 11,9% no consumo de aço em relação
à ligação rígida.
Apesar das ligações semirrígidas resultarem no mesmo perfil, sem apresentar nenhuma
economia entre si, nota-se que o coeficiente de aproveitamento do perfil diminuiu a medida
que diminuiu a rigidez da ligação, fato este que em outros casos, pode levar a escolha de um
perfil mais leve, dependendo da geometria, posicionamento da viga e cargas atuantes sobre
ela. Com relação ao número de conectores de cisalhamento não houve variação na quantidade
devido a variação da rigidez da ligação.
Resistência do Perfil
Elemento Perfil M(+) M(-) Peso do Consumo
(kN,cm)
Economia
Perfil de Aço
Vigas Adotado(mm) MRd (+) MRd (-) MRd/MRd MRd/MSd
(kg/m) (kg)
Ligação rígida VS 400x78 47.036,75 11.187,00 0,07 0,86 77,6 13.968,00 0,0%
Rigidez
VS 400x68 43.601,28 7.940,45 0,11 0,98 68,4 12.312,00 11,9%
experimental
2/3 da rigidez
VS 400x68 43.601,28 7.608,05 0,12 0,95 68,4 12.312,00 11,9%
experimental
1/3 da rigidez
VS 400x68 43.601,28 7.120,01 0,13 0,90 68,40 12.312,00 11,9%
experimental
No caso dos resultados dos pilares, apresentado na Tabela 6.21, os valores para 1/3 e
2/3 da rigidez experimental, mostraram redução de 15,8% no consumo de aço em relação à
ligação rígida. Usando a rigidez experimental, a redução no consumo de aço nas vigas foi de
10,4%.
A Tabela 6.22 apresenta um resumo do consumo de aço em função da rigidez da
ligação.
162
Nº de Pórtico 01 Pórtico 02
Pav. Rígida Semirrígida Diferença Rígida Semirrígida Diferença
5 1,18 1,29 + 9,84% 1,17 1,29 + 9,88%
10 2,99 3,41 + 14,1% 2,97 3,39 + 14,12%
20 14,69 22,17 +51,00% 14,63 16,83 + 15,00%
aliado a um aumento do momento positivo, todavia, para a maioria dos modelos analisados,
este giro não afetou significativamente a estabilidade da estrutura.
As ligações semirrígidas mostraram ser importantes para a aplicação em projetos,
sendo possível obter estruturas semirrígidas com bons parâmetros de estabilidade aliado à
economia no dimensionamento. Tal fato pode ser comprovado pela redistribuição dos
esforços, tendo como resultado final uma economia considerável de material na estrutura.
Neste trabalho em especial foi utilizado o coeficiente de rigidez K da ligação ensaiada
experimentalmente por De Nardin (2007) e, a partir dele foi possível avaliar a influência deste
parâmetro quando inserido em pórticos planos e tridimensionais. Isto foi importante pois os
ensaios experimentais realizados utilizaram apenas a região da ligação viga-pilar sem a
consideração de forças devidas ao vento e efeitos de 2º ordem.
No entanto estes resultados não afirmam que a ligação terá bons resultados quando
aplicada em um projeto estrutural, devido às simplificações aqui adotadas. No presente
trabalho, os elementos que representam vigas e pilares foram modelados como elementos com
seção equivalente que, apesar de validadas, apresentam diferenças de comportamento quando
comparadas a elementos mistos reais de aço e concreto. O mesmo ocorreu na consideração
das ligações que aqui foram consideradas como sendo um nó semirrígido que, novamente, em
casos reais, apresentam vários pontos de contado que irão influenciar no comportamento e na
rigidez final.
7.4 Sugestões para trabalhos futuros
Diante das considerações apresentadas, para futuros trabalhos sugere-se:
Dimensionamento e estudo da viabilidade econômica de estruturas mistas de
aço concreto vs. estruturas de aço dimensionadas com ligações rígidas e
semirrígidas;
Análise da estabilidade global e da distribuição de esforços em pórticos
tridimensionais considerando, mesmo modelo, a utilização de ligações rígidas,
semirrígidas e flexíveis;
Estudo da distribuição de esforços inserindo a ligação viga-pilar analisada
neste trabalho em modelos tridimensionais numéricos refinados, com a
consideração das seções reais de vigas, pilares e modelagem da ligação que
conecta estes elementos;
Análise da estabilidade global e distribuição de esforços em estruturas
compostas por ligações semirrígidas em situação de incêndio;
169
Referências bibliográficas
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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172
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Journal of the Structural Division, ASCE, v.102, n.ST2, p. 411-427, Feb.
172
A Figura 2 mostra a resposta da análise para alguns dos perfis cadastrados, para a
situação de carregamento do exemplo 01. Analisando os resultados, verifica-se a facilidade
para identificar quais perfis não satisfazem às condições de cálculo, quais não resistem ao
carregamento normal aplicado, e são marcados na cor vermelha, e quais satisfazem a todas as
condições de verificação e são assinalados na cor verde.
174
Figura 4 mostra os resultados da verificação do mesmo pilar do exemplo 01, porém agora
submetido à flexo-compressão com momento fletor aplicado no eixo x. É apresentada uma
lista com os resultados correspondentes a cada um dos perfis previamente inseridos. Assim
como no exemplo 1, os resultados assinalados em verde correspondem aos pilares cuja
verificação da flexo-compressão foi atendida, e aqueles assinalados em vermelho,
correspondem aos pilares que não resistem a solicitações de flexo-compressão aplicadas. Este
exemplo também permite comparar os resultados da interação momento-normal para os
modelos I e II, observando que o modelo I, por se tratar de um modelo de cálculo menos
rigoroso e desenvolvido para pilares de aço, exige seções mais robustas, enquanto que no
modelo II os perfis satisfazem às condições de cálculo com mais facilidade. A diferença
básica entre estes dois modelos, é que o Modelo I representa o diagrama de interação entre os
esforços momento fletor e força normal, a partir de dois segmentos de reta, enquanto que o
Modelo II representa este mesmo diagrama com três segmentos de reta.
Tabela 1 - Resultados comparativos de seções mínimas exigidas para cada exemplo apresentado
A Tabela 1, demonstra que os esforços de flexão são responsáveis pela maior parcela
de solicitação, aumentando consideravelmente as seções de projeto, à medida que estes
esforços são aplicados em mais de uma direção na seção. Outro aspecto importante de ser
observado, é que o modelo I por ser tratar de um modelo simplificado, é também mais
conservador que o modelo II, fato que pode ser verificado no primeiro resultado do exemplo
177
2, onde para o modelo I a seção é insuficiente, enquanto no modelo II, a mesma seção
satisfaz as equações interação e pode ser utilizada. Em uma última análise é possível observar
que os esforços de compressão não são o ponto crítico no dimensionamento dos elementos a
flexo-compressão, isto porque, quando se aplica os esforços devido a flexão, há uma
sobreposição de efeitos, fazendo com que esta seção aumente, para um mesmo carregamento
axial. O resultado deste efeito pode ser verificado na coluna dos resultados de aproveitamento
de compressão das seções apresentadas na Tabela 1.
A.2. Aplicação e resultados das planilhas de cálculo para vigas mistas de aço e
concreto
Neste item são apresentados dois exemplos de utilização da planilha para verificação
de vigas mistas: um para viga biapoiada e outro para viga biengastada. Os exemplos foram
desenvolvidos considerando o mesmo elemento de viga e aplicando, na viga biapoiada
somente momentos positivos e na viga engastada, momentos positivos associados a
momentos negativos nas extremidades da viga. O modelo de viga utilizado tem vão livre de
400 cm e está vinculada a pilares nas extremidades. A simulação numérica da viga foi
realizada no Software SAP 2000 versão 11, empregado para determinar os esforços atuantes
nas vigas.
Tabela 2 - Resultados comparativos de seções mínimas exigidas para cada exemplo apresentado
PAVIMENTO
PAVIMENTO
PAVIMENTO
7 0,091 0,808 1,011 0,993 1,011 0,808 0,091 7 0,083 0,083 0,083 0,065 7 0,091 0,091 0,792 0,505 0,988 0,505 0,792 0,091 0,091 7 0,083 0,083 0,083 0,065
8 0,093 0,831 1,04 1,022 1,04 0,831 0,093 8 0,085 0,085 0,085 0,067 8 0,093 0,093 0,814 0,519 1,022 0,519 0,814 0,093 0,093 8 0,085 0,085 0,085 0,067
9 0,096 0,852 1,066 1,048 1,066 0,852 0,096 9 0,088 0,088 0,088 0,069 9 0,096 0,096 0,834 0,532 1,048 0,532 0,834 0,096 0,096 9 0,088 0,088 0,088 0,069
10 0,099 0,871 1,089 1,071 1,089 0,871 0,099 10 0,09 0,09 0,09 0,07 10 0,099 0,099 0,853 0,544 1,071 0,544 0,853 0,099 0,099 10 0,09 0,09 0,09 0,07
11 0,1 0,889 1,111 1,093 1,111 0,889 0,1 11 0,091 0,091 0,091 0,071 11 0,1 0,1 0,87 0,556 1,093 0,556 0,87 0,1 0,1 11 0,091 0,091 0,091 0,071
12 0,101 0,906 1,132 1,113 1,132 0,906 0,101 12 0,093 0,093 0,093 0,073 12 0,101 0,101 0,886 0,566 1,113 0,566 0,886 0,101 0,101 12 0,093 0,093 0,093 0,073
13 0,103 0,921 1,151 1,131 1,151 0,921 0,103 13 0,095 0,095 0,095 0,074 13 0,103 0,103 0,901 0,575 1,071 0,575 0,901 0,103 0,103 13 0,095 0,095 0,095 0,074
14 0,105 0,935 1,169 1,149 1,169 0,935 0,105 14 0,097 0,097 0,097 0,075 14 0,105 0,105 0,915 0,585 1,149 0,585 0,915 0,105 0,105 14 0,097 0,097 0,097 0,075
15 0,107 0,949 1,186 1,166 1,186 0,949 0,107 15 0,098 0,098 0,098 0,076 15 0,107 0,107 0,929 0,594 1,166 0,594 0,929 0,107 0,107 15 0,098 0,098 0,098 0,076
16 0,108 0,962 1,202 1,182 1,202 0,962 0,108 16 0,099 0,099 0,099 0,077 16 0,108 0,108 0,942 0,602 1,182 0,602 0,942 0,108 0,108 16 0,099 0,099 0,099 0,077
17 0,109 0,974 1,218 1,197 1,218 0,974 0,109 17 0,101 0,101 0,101 0,078 17 0,109 0,109 0,954 0,609 1,197 0,609 0,954 0,109 0,109 17 0,101 0,101 0,101 0,078
18 0,111 0,986 1,233 1,211 1,233 0,986 0,111 18 0,102 0,102 0,102 0,079 18 0,111 0,111 0,965 0,616 1,211 0,616 0,965 0,111 0,111 18 0,102 0,102 0,102 0,079
19 0,056 0,496 0,62 0,609 0,62 0,496 0,056 19 0,051 0,051 0,051 0,04 19 0,056 0,056 0,485 0,31 0,609 0,31 0,485 0,056 0,056 19 0,051 0,051 0,051 0,04
178