Monólogos 01
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Monólogos 01
com
Abraço,
Ranah Tesch
Eu não quero sair do meu quarto! Eu não quero ver ninguém, me deixa em
paz! Será que ninguém me entende? Não me interessa se o dia tá lindo lá
fora... Esse sol me incomoda... meus olhos doem... eu odeio isso! A única
coisa que eu quero agora é dormir. Eu queria poder dormir... dormir... e não
acordar nunca mais... Se eu pelo menos pudesse sumir daqui... Eu queria
poder fechar os olhos e desaparecer da face da terra pra sempre! Toda vez
que eu tento fazer o que as pessoas dizem (a minha mãe diz)... que eu tento
sair e encontrar gente nova, fazer novos amigos, não dá certo... eu não sei
porque as pessoas vivem sorrindo... isso me irrita... eu não quero ter novos
amigos... eu nunca tive um amigo... Droga, toda vez que eu penso n isso a
minha cabeça dói... os meus pensamentos aceleram e parece que eu vou
explodir... Chega!!! Eu não quero saber de conselho de ninguém! Ninguém
me conhece... ninguém sabe o que eu sinto... Eu não quero mais isso! Eu
não quero mais sentir isso! Essa droga de vida não faz sentido... Eu não
aguento mais... Eu não quero mais viver...
ranahtesch.com
Droga! Droga! Droga! Eu não aguento mais! Eu queria poder quebrar a cara
de um desses idiotas! Ter que ficar me escondendo... Fugindo o tempo todo
pra não ter que aturar a zoação desse bando de sem noção! Eu não aguento
mais esses idiotas, não aguento mais essa escola! Não aguento mais essa
vida! Por que que meus pais não me ouviram quando eu disse que não
queria mudar pra essa cidade horrível? Mas não... Eles só se preocupam
com eles mesmos. Me obrigaram a vir pra esse fim de mundo onde eu não
conheço ninguém e pra piorar eu ainda virei o saco de pancadas da escola.
Não... Não dá mais pra viver desse jeito... Eu quero voltar pra minha casa
de verdade... Quer saber? É isso mesmo que eu vou fazer... Vou voltar pra
minha casa... Ahhh... Droga!!!! Como que eu vou fazer isso se eu não tenho
um centavo? Até o dinheiro do lanche tiram de mim quando entro nessa
porcaria de escola! Dane-se, eu vou dar o meu jeito... Aqui eu não fico
mais... Não quero nem saber o que os meus pais vão pensar... Aliás eles
não tem nem que saber, tão pouco se lixando pra mim mesmo... Ah... Eu já
decidi... Eu quero mais é que todo mundo se dane, mas aqui nessa droga
de cidade eu não fico nem mais um dia!
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Não tô acreditando, semana passada a gente tava fazendo planos pro nosso
casamento. E agora você vem com essa? Como assim não tem certeza do
que tá sentindo? Não... Não tem essa de tempo... Não existe isso... E aquela
história de que era pra sempre? De que a gente era alma gêmea? Aliás você
sempre dizia isso... E agora você vem dizer que tudo acabou... Que você
precisa de um tempo só pra você. Impossível, impossível não ter ninguém
mais no meio dessa história. Ninguém deixa de gostar assim, do nada! Eu
só não consigo entender como uma pessoa muda tanto assim, da noite pro
dia. Quer saber? Eu tô é com muita raiva de mim mesma... Por ter sido tão
idiota. E, tô com mais raiva ainda... Porque isso tá me fazendo tão mal.
Passamos por tanta coisa juntos... Passamos por cima de tanta coisa por
nós. E agora você vem com essa... Tanto tempo jogado fora. Eu espero que
você tenha muita certeza do que você tá fazendo, porque não vai ter volta!
Comigo não vai ter volta, nunca mais!
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Tem coisas que não dá pra entender nessa vida. Eu sou mãe de seis
filhos..... É, eu sou mãe de seis, uma escadinha e posso te garantir que eu
amo cada um deles. Eu sempre fui uma mulher sozinha e nunca tive
ninguém pra me ajudar. Amamentei cada um até eles completarem um ano
de vida... Cuidei deles quando estavam doentes, passei muitas noites sem
dormir... cada hora acordava um chorando... Você sabe o que é ficar
semanas sem dormir? Uma vez o meu filho mais velho caiu e quebrou o pé,
de tanta dor ele não conseguia dormir e eu fiquei ali, vinte e quatro horas
com ele, sem dormir. E, ainda tinha que cuidar dos outros cinco. Mas eu
sempre quis uma vida diferente pros meus filhos, por isso, eu lutei com
todas as minhas forças pra que eles estudassem. E, também sempre fiz
questão deles andarem limpinhos, perfumados, com roupinha nova...
roupinhas que eu mesma fazia. Ensinei a serem educados, a falarem bom
dia, boa tarde, obrigado, por favor... Eu não me arrependo de nada disso,
se eu tivesse que fazer de novo, faria tudo outra vez! Eu acho que vale u a
pena toda a minha luta, porque hoje eu sei que eles estão bem, estão
encaminhados, felizes com suas famílias, esposa, filhos... Isso é o que
importa pra uma mãe... O que mais uma mãe pode querer? Não é ver seus
filhos felizes? O que me deixa um pouco triste é a saudade que eu sinto
deles... o tempo passa muito rápido... o meu caçula já tá com dezenove
anos. E, desde quando eles foram embora... cada um foi indo de uma vez
e... eles não voltaram mais. Eles foram embora da minha vida e da minha
alma. Às vezes eu sinto um vazio, um buraco. E, eu fico perdida, não sei
nem o que fazer... Fico pensando, no tempo quando eles eram crianças...
minha vida era muito agitada... Hoje, eu fico olhando pela janela na
esperança de... A minha vida hoje, é só ficar olhando essa janela.
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Me deixa em paz! Eu não quero voltar pra casa! Eu tô muito bem aqui onde
eu tô! Eu prefiro dormir na rua que voltar praquele lugar! Pelo menos na rua,
se alguém tentar me bater eu posso sair correndo... aliás, quando eu
começo a correr, meu irmão, ninguém me pega. E eu também não tô
passando fome não, sempre tem alguém que compra um biscoito pra mim
quando eu não vendo nada! Eu não quero voltar pra casa! Tá vendo isso
aqui? Foi pra não tomar uma paulada na cabeça que eu quase fiquei sem
braço. Pior é que eu nem sei porque aquele filho da mãe me bateu... Todo
dia ele chegava bêbado e queria bater na gente... Minha mãe não deixava
e quem acabava apanhando era ela... Só que teve uma vez que eu não
aguentei ver aquilo de novo... eu não aguentava mais ver a minha mãe
apanhando todo dia, todo dia, daquele bêbado nojento... Eu empurrei ele...
empurrei com tanta força que ele bateu a cabeça na parede e apagou... Eu
tava com tanta raiva... Depois daquele dia nem eu nem meus irmãos
tivemos mais sossego... Minha mãe? Coitada, depois de bater nela, ele
trancava ela no banheiro e dava uma surra na gente. O único jeito da gente
não apanhar era ir pra rua e só voltar depois que ele apagava de tanta
cachaça. Quando ia ficar de noite, eu pegava meus irmãos e a gente ia pro
campinho pra esperar a hora passar... Mas teve uma vez que ele chegou
mais cedo... Eu tava dormindo... Eu só me lembro de levar um puxão muito
forte e bater no chão... quando eu abri o olho, eu vi ele com um pedaço de
pau enorme na mão... ele levantou o pau e bateu em mim com toda força...
eu levantei os braços pra tentar me defender... Eu acordei no hospital com
dor de tudo que é lado e jurei pra mim mesmo que nunca mais ia volt ar
praquela casa!