00 - Contestação - Vitoria X Kanto Da Esfiha
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2ª VARA DO
TRABALHO DE LIMEIRA – ESTADO DE SÃO PAULO.
Processo nº 0010462-75.2023.5.15.0128
CONTESTAÇÃO
c) Que laborava de segunda a quarta-feira, inclusive aos feriados, das 14h00 às 23h00 e,
de quinta-feira a domingo das 14h00 às 23h40, folgando apenas 1 (um) dia por mês,
durante a semana;
e) Que por ter laborado em jornada noturna, a Reclamada jamais remunerou de forma
devida, não respeitando a hora noturna reduzida;
PRELIMINARMENTE
I - DA GRATUIDADE
O §4º, do artigo 790, da CLT dispõe que o benefício da justiça gratuita será concedido à
parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo, contudo, a
parte Autora se limitou a juntar a declaração de hipossuficiência, mas não provou que recebe salário
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, motivo pelo qual não se enquadra nos pressupostos exigidos pela norma legal
evidenciada, impondo-se, portanto, o indeferimento do pedido.
É certo que a norma processual tem efeito prospectivo e imediato, sendo assim entrou a
lei nº 13.467/2017 em vigor na data de 11/11/2017, passando a ser aplicada nos processos em
andamento, de acordo com a teoria do isolamento dos atos processuais.
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei 7.869, de 11 de janeiro de 1973.
Em igual sentido são as regras da CLT:
Art. 912 - Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não
consumadas, antes da vigência desta Consolidação.
Art. 915 - Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou cujo
prazo para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação.
C – PELO MÉRITO
Que por ter laborado em jornada noturna, a Reclamada jamais remunerou de forma
devida, não respeitando a hora noturna reduzida.
b) Da impugnação da Reclamada
Inicialmente cumpre consignar que o Autor laborou, desde o início de sua prestação de
serviço realizava jornada das 14h00 as 22h00 de segunda a domingo, sempre usufruindo de
01h00 min de intervalo para descanso e refeição corretamente, com 1 (uma) folga na semana e 1
(um) domingo no por mês.
Neste passo, frisa-se que TODA a jornada de trabalho efetivamente cumprida era
anotada/registrada pela Reclamante, sem qualquer gerencia desta Empresa, cujos horários eram
exportados para os “espelhos de ponto”, sendo ofertada a oportunidade para o trabalhador, quando
da assinatura do “contracheque/holerite”, o que ocorria no início de cada mês, de conferir os
horários constantes nos referidos “controles de frequência”, ficando assim expressamente
impugnado/negado o labor em horários não constantes nos “espelhos de ponto”.
Inclusive, temos que a Obreira não afirma incorreções em seu controle e não impugna os
controles de ponto da Reclamada. Assim, a teor do artigo 400 do Código de Processo Civil - CPC,
os documentos juntados deverão ser reputados verdadeiros, não havendo que se falar em discussão
ou impugnação quanto aos cartões ponto anexos.
Em continuação, impende esclarecer não havia a frequente realização de labor
extraordinário, mas sim, de minutos relativos a uma prorrogação da jornada de trabalho em
decorrência da variação da hora/relógio ou apenas para a conclusão/finalização de um trabalho, mas,
sendo os poucos minutos ou de fato horas extras, sempre com a observância do disposto no § 1º do
artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, corretamente pagas, conforme se
comprovará através de prova testemunhal em futura audiência de instrução.
Ainda, cumpre consignar que ao contrário do que alega a Reclamante, em evidente má-fé,
esta laborava de segunda a domingo, usufruindo de 1 (uma) folga POR SEMANA, e de 1 (um)
domingo por mês, restando impugnada a alegação.
Inclusive, cumpre consignar que a Reclamante NÃO LABORAVA após as 22h00, sendo
este o termino de seu labor, não havendo que se falar em pagamento do adicional noturno, restando
negada e impugnada as alegações e pedidos.
Destacamos assim que o intervalo intrajornada é pré assinalado no topo do cartão ponto
da Reclamante e, conforme inteligência do artigo 74, § 2º da CLT, quando há a pré assinalação do
repouso para descanso e refeição no cartão ponto, ele é considerado fruído integralmente.
Assim, ficam impugnados os pedidos de aplicação de horas extras excedentes a 8ª diária
e 44ª semanal, inclusive quanto aos minutos que antecedem e sucedem a jornada que sejam superior
a dez diários, acrescidas do percentual convencional, ou, na sua falta, o legal de 50%, para as
prestadas de segunda a sábado, além de horas extras laboradas aos domingos e feriados em dobro
com inclusão na base de cálculo de adicional de insalubridade, tampouco reflexos nos DSR’s: aviso
prévio, 13º Salário; Férias (+1/3), FGTS+40% e in itinere, pois não há qualquer pendência para com
a Reclamante.
E itera-se que toda hora trabalhada pela Reclamante foi: i) corretamente acordada; ii)
corretamente anotada e iii) tempestiva e correntemente paga, não havendo irregularidades.
grifo nosso
Diante todo o exposto e comprovado, verifica/itera-se que toda hora trabalhada pela
Reclamante foi (i) corretamente paga, bem como, que (ii) não houve a extrapolação ou supressão de
mais que 5 minutos do intervalo intrajornada.
Por fim, a despeito de a Reclamante ter gozado integralmente do intervalo para descanso
e refeição não há que se falar em qualquer irregularidade ou pendencia de valores a serem pagos em
favor da Reclamante, porém, caso este DD. Juízo entenda pela condenação desta Reclamada ao
pagamento de quaisquer valores a este título, “ad argumentandum”, requer, sejam observados os
dia trabalhados quando de gozo de intervalo intrajornada inferior a 55 minutos em jornada de
trabalho superior a seis horas e que eventual condenação se limite aos minutos/tempo faltantes para
completar a 01 (uma) hora, a teor do que dispõe a lei 13.467/17.
b.3) Da dedução/compensação
Por fim, embora robustamente comprovado o correto pagamento das horas extras
laboradas, caso este DD. Juízo entenda de forma contrária, “ad argumentandum”, requer que sejam
considerados os valores já pagos ao Autor a título de horas extras, as quais encontram discriminadas
nos “holerites” para fins de dedução/compensação, bem como, sejam consideradas as ausências,
afastamentos, atrasos, férias e faltas da Reclamante ao trabalho, objetivando assim não haver o
enriquecimento ilícito do Autor, o que é vedado pelo nosso ordenamento jurídico.
II – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
a) Das alegações da Reclamante
Alega o Autor que no exercício de suas atividades, esteve exposto aos agentes e
condições agressivas à sua saúde como: poeira, calor, ruído, dentre outros agentes físicos, químicos
e biológicos.
b) Da impugnação da Reclamada
Conforme consta nos autos acostados aos autos, a Reclamante desde sua admissão
laborou como “Montador”, no setor de extrusão de chapa/grão até novembro de 2019, após, no
setor de Silk Screen/Impressão digital até junho de 2020 e por fim, no setor de rebobinadeira até
sua dispensa.
Ao contrário do que alega a Reclamante, este jamais laborou exposto a agentes químicos,
físicos, quiçá biológicos, inclusive, cumpre mencionar que no local de trabalho, no qual a Obreira
desenvolvia suas atividades, sequer há tais agentes.
Ademais, cumpre informar que nenhum funcionário mantém contato dermal com nenhum
produto químico em nenhuma etapa, principalmente no setor onde a Reclamante trabalhou. Não
tendo sido a Reclamante uma exceção, restando desde já impugnada a alegação de ter laborado
exposto a agentes químicos.
Note que a Reclamante sequer aponta algum tipo de produto, realizando somente
alegações genéricas sem qualquer informação, o que não pode ser considerado por este r. Juízo!
Quanto as alegações de contato permanente com calor excessivo, ruído e poeira também
não passam de alegações sem fundamento.
Consigna-se que aos agentes físicos citados acima (calor, ruído e poeira) estão todos
dentro dos limiteis de tolerância como aponta os documentos de segurança em anexo,
principalmente pelo LTCAT.
Ante o exposto, resta evidente que a Reclamante não ficou exposto a qualquer tipo de
agente insalubre, não sendo devido o almejado adicional.
(...)
Mesmo após robustamente comprovado que o Autor não faz jus ao recebimento do
adicional de insalubridade, caso este DD. Juízo entenda de forma contrária, “ad argumentadum”,
vem a Reclamada requerer seja utilizado o salário mínimo como base de cálculo.
Neste sentido, conforme se verifica através dos recentes julgados do Tribunal Superior do
Trabalho – TST e Tribunais Regionais do Trabalho - TRT, a base de cálculo do referido adicional
continua sendo o salário mínimo:
103002685281 - AGRAVO - AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE REVISTA - ADICIONAL
DE INSALUBRIDADE - BASE DE CÁLCULO - ÓBICE DA SÚMULA 333 DO TST - Enquanto não for
editada lei ou convenção coletiva fixando a base de cálculo do adicional de insalubridade, não
incumbe ao Judiciário Trabalhista esta definição, devendo ser utilizado o salário mínimo.
Entendimento do STF - Súmula Vinculante. 4- Desta forma, o acórdão regional está em consonância
com a notória, iterativa e atual jurisprudência desta Corte Superior, o que inviabiliza o seguimento do
recurso pelo óbice previsto na Súmula 333 do TST e no art. 896 , § 7º, da CLT. Não merece reparos a
decisão. Agravo não provido . (TST - Ag-AIRR 10107-69.2021.5.15.0117 - Relª Maria Helena Mallmann
- DJe 24.03.2023)
grifo nosso
b.5) da delimitação
Por fim, mesmo ante a todo o exposto e impugnado, restando claro a inexistência de
insalubridade no labor da Reclamante, cumpre consignar que, sendo designada perícia técnica, esta
deve se limitar aos requerimentos e alegações feitas pela Reclamante, bem como aos setores que
laborou, apenas.
Haja vista que, o pedido genérico obsta a plena contestação dos pedidos, ou seja, obsta o
direito a ampla defesa e ao contraditório, situação com a qual não podemos concordar.
III - DA INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR/ DOS JUROS E CORREÇÃO
MONETÁRIA
Neste sentido, desde já requer que o valor devido a título de honorários advocatícios em
favor do advogado da Reclamada seja deduzido/compensado/descontado do crédito que a
Reclamante auferir na presente ação.
“O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencimento não está sujeito à
correção monetária. Se dessa data limite for ultrapassada, incidirá o índice de correção monetária do
mês subsequente ao da prestação de serviços”.
VI - DA ATUALIZAÇÃO
Protesta ainda, a Reclamada, em caso de deferimento de alguma verba, o que se admite
por amor à argumentação, pela observância do entendimento proferido pelo E. Supremo Tribunal
Federal, o qual em composição plena decidiu pela utilização/aplicação do índice IPCA-E para
valores anteriores à citação e a taxa SELIC a partir da mesma data para a correção dos créditos
trabalhista, conforme decisões constantes na Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s)
58 e 59. Segue abaixo ementa da decisão da ADC 591:
“O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, para conferir interpretação conforme
à Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017,
no sentido de considerar que à atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à correção
dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes para as
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da
citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, vencidos
os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio.”
Quanto ao momento da aplicação, foi determinado que a mesma seria imediata, conforme
disposto no trecho abaixo:
“(...) Entre eles, seu voto no RE 211.304, respondendo à pergunta que restou em aberto no julgamento
da ADI 493: as “normas sobre correção monetária têm aplicação imediata”, uma vez que “segundo a
reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as normas que tratam do regime monetário –
inclusive, portanto, as de correção monetária -, têm natureza institucional e estatutária, insuscetíveis de
disposição por ato de vontade” (...)”
Sendo assim, em caso remoto em que haja a condenação, deve-se obedecer aos critérios
de correção acima demonstrados.
1 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5534144
Protesta, a Reclamada, em caso de deferimento de alguma verba, o que se admite apenas
para argumentar, pelo regular abatimento das incidências previdenciárias e fiscais cabíveis, na forma
da lei.
Por outro lado, caso alguma verba venha a ser reconhecida aa Reclamante, requer a
Reclamada se digne Vossa Excelência autorizá-la a proceder ao desconto ou dedução do “Imposto
de Renda” nos termos dos artigos 46 e 47 da Lei n. º: 8.541, de 23/12/92, bem como da contribuição
previdenciária, conforme artigo 12 da Lei n. º: 7.787, de 30/06/89 e artigos 43 e 44 da Lei n. º:
8.212/91, alterado pela Lei n. º: 8.620/93, além dos Provimentos n. º: 01 e 02 da “Corregedoria
Geral da Justiça do Trabalho”.
IX - DA DEDUÇÃO
Ad argumentandum e somente a esse título, caso entenda esta DD. Vara que a
Reclamante faz jus a quaisquer dos pedidos contidos na peça vestibular, fica desde logo requerida
seja determinada dedução de todos e quaisquer valores pagos sob os mesmos títulos, considerando
as férias e ausências da Reclamante ao trabalho, bem como os valores confessadamente recebidos
pelo mesmo.
XI - DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS
Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em direito admitidas, juntada de
documentos, oitiva testemunhal, perícia e outras mais necessárias ao feito, para que a final se digne
Vossa Excelência julgar improcedente o presente pleito trabalhista, com a condenação da
Reclamante nas custas judiciais e cominações de estilo.
No mais, consigna esta Reclamada que anexa a esta peça de bloqueio todos os
documentos hábeis a se rebater os pedidos formulados na inicial. Ficando ainda impugnado o
pedido de apresentação de documentos irrelevantes aos pedidos da Reclamante.
XIII - CONCLUSÃO
Ex positis, e contando com os superiores critérios jurídicos dessa DD. Vara do Trabalho
requer, ainda, a contestante:
Termos em que,
P. Deferimento.
Limeira/SP, 21 de julho de 2023.