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Acórdão 2214.2016 - Tcu

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 029.

385/2015-6

GRUPO I - CLASSE V - PLENÁRIO


TC-029.385/2015-6
Natureza: Auditoria
Órgão/Entidade/Unidade: Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
(MDS)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há
SUMÁRIO: AUDITORIA . FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA .
AVALIAÇÃO DA REGULARIDADE DE PROCEDIMENTOS DE CONTRATAÇÃO.
CONSTATAÇÃO DE IRREGULARIDADES CONSISTENTES EM REPACTUAÇÃO
CONTRATUAL INDEVIDA E PRORROGAÇÃO DE EXECUÇÃO CONTRATUAL SEM
EXCLUSÃO DE PARCELAS DE CUSTO DEVIDAS APENAS NO PRIMEIRO ANO DA
EXECUÇÃO. O CORRÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO. AUTUAÇÃO DE TOMADAS DE
CONTAS ESPECIAIS.

RELATÓRIO

Transcrevo a seguir a parte principal do Relatório de Fiscalização 492/2015, elaborado por


equipe de auditoria da Selog, a qual adoto como Relatório neste processo.

“I. Apresentação
1. O Plano de Controle Externo do Tribunal de Contas da União para o biênio 2015-2017
contém 34 linhas de ação finalísticas que impactam nove objetivos estratégicos do Plano
Estratégico do Tribunal para o quadriênio 2015-2021, relacionados aos processos finalísticos do
exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos nesse plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação da atuação com base em risco (Objetivo Estratégico 4).
3. Ainda segundo o plano, impacta no objetivo supra a linha de ação 4.3, descrita a seguir:
Avaliar contratações de bens e serviços de maior risco com vistas a prevenir, detectar,
corrigir e coibir a ocorrência de irregularidades, fraudes e desvios de recursos.
4. Em consonância com essa linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma
de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de detectar a ocorrência de
irregularidades em contratações públicas selecionadas a partir de classificação de riscos realizada
por modelo probabilístico de análise de dados.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog),
unidade orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela
consolidação dos resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações e a elaboração
dos respectivos relatórios ficaram a cargo de nove Secretarias de Controle Externo (Secex) dos
estados (BA, CE, GO, MT, PA, PR, RJ, SC e SP), além da própria Selog, que realizou duas
auditorias-piloto em Brasília.
6. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em modelo
probabilístico de risco, conforme informações constantes da peça 15, p. 3, do TC-025.438/2015-
8.
7. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Selog no Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
8. O trabalho abrangeu aspectos de conformidade das contratações no âmbito do MDS, sendo
avaliados os processos de contratação relacionados prestação de serviços de apoio administrativo
e de telemarketing da central de relacionamento do órgão.
1

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II. Introdução
II.1. Deliberação que originou o trabalho
9. Em cumprimento ao despacho do Ministro-Relator Augusto Sherman (peça 2 do
TC-025.438/2015-8), foi realizada auditoria no Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), no período compreendido entre 30/11/2015 (Fase de Planejamento),
1º/12/2015 a 11/12/2015 (Fase de Execução) e 1º/2/2016 a 5/2/2016 (Fase de Relatório).
II.2. Visão geral do objeto
a) Contratos celebrados com a Works Construção e Serviços Ltda.
10. Em fevereiro de 2011, o MDS celebrou o Contrato 6/2011 com a empresa Works
Construção e Serviços Ltda. para prestação de serviços continuados de apoio administrativo e de
atividades auxiliares, no valor total inicial de R$ 13.376.299,65, equivalente a 337 postos de
trabalho pelo período de doze meses.
11. Em março de 2015, após a celebração do 11º termo aditivo, que prorrogou o prazo da
contratação até fevereiro de 2016, o valor contratual alcançou o valor de R$ 25.559.842,47,
equivalente a 407 postos de trabalho contratados.
12. Além dessa contratação, em agosto de 2011 o MDS celebrou, mediante dispensa de
licitação, o Contrato 22/2011 com a mesma empresa para prestação de serviços de suporte
operacional especializado (serviço de apoio administrativo), no valor total de R$ 2.496.547,60,
pelo período de sessenta dias, ou seja, até outubro de 2011.
b) Contratos celebrados com a Call Tecnologia e Serviços Ltda.
13. Em janeiro de 2012, foi firmado o Contrato 5/2012 com a Call Tecnologia e Serviços Ltda.
para prestação de serviços especializados em telemarketing destinados à Central de
Relacionamento do MDS no valor de R$ 10.497.863,28. Após um ano de execução contratual, a
empresa Call solicitou o reequilíbrio econômico-financeiro em razão de a previsão inicial de
prestação de serviços constante do edital não ter se concretizado e com isso, a empresa estaria
tendo prejuízo.
14. Após análise, o órgão concedeu ajuste de 2,22%, valor bem menor que o solicitado pela
Call. Com isso, a empresa informou que não tinha interesse em prorrogar o contrato, o que
motivou o órgão a deflagrar nova licitação e a solicitar prorrogação até a conclusão do
procedimento licitatório. O Contrato 5/2012 foi extinto em maio de 2013.
15. Realizada a licitação 11/2013, mediante pregão eletrônico, a mesma empresa foi contratada
para prestar os serviços especializados em telemarketing por meio do Contrato 17/2013, no valor
total de R$ 12.360.643,48, superior em 15,18% ao anterior, cujo prazo de vigência se encerrou
em 16/5/2015.
II.3. Objetivo e questões de auditoria
16. A presente auditoria teve por objetivo IDENTIFICAR A OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADES EM CONTRATAÇÕES PÚBLICAS SELECIONADAS A PARTIR DE
CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS REALIZADA POR MODELO PROBABILÍSTICO DE
ANÁLISE DE DADOS.
17. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
a) Questão 1: Q1 - O objeto licitado pode ser considerado bem planejado, em termos
quantitativos?
b) Questão 2: Q2 - Houve a devida apreciação do edital por parte da área jurídica
e/ou técnica do órgão promovedor da licitação?
c) Questão 3: Q3 - O orçamento apresenta sobrepreço?
d) Questão 4: Q4 - Participaram da seleção empresas sem regularidade jurídica, fiscal
ou trabalhista?

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e) Questão 5: Q5 - Houve licitação montada ou simulada, ou direcionamento na


contratação?
f) Questão 6: Q6 - A contratação direta se enquadra em uma das hipóteses da Lei
8.666/1993 e apresenta fundamentação legal correta e justificativa adequada?
g) Questão 7: Q7 - O contrato foi executado pela empresa selecionada e a
prorrogação da vigência, caso existente, ocorreu de acordo com o previsto na legislação?
h) Questão 8: Q8 - O contrato foi executado nos prazos, etapas, quantidades e
requisitos de qualidade nele definidos?
i) Questão 9: Q9 - As alterações contratuais de objeto e de valor guardam
conformidade com as condições e os limites estabelecidos pela legislação? e
j) Questão 10: Q10 - O pagamento dos valores contratados está sendo realizado de
acordo com a legislação e o instrumento contratual?
II.4. Metodologia utilizada
18. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal
de Contas da União (Portaria - TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria -
TCU 168, de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de
Conformidade estabelecidos pelo TCU (Portaria - Segecex 26, de 19 de outubro de 2009).
19. Na fase de planejamento da auditoria, as contratações do MDS com as empresas Works e
Call foram selecionadas com base em modelo probabilístico de risco descrito na peça 15, p. 3 do
TC-025.438/2015-8, percorrendo-se os seguintes passos:
a) seleção de órgãos localizados no Distrito Federal;
b) seleção de objetos relacionados à prestação de serviços; e
c) análise decrescente dos órgãos com maiores riscos classificados pelo painel, até se
encontrar pares Unidade Gestora (UG) x Fornecedor com indícios de irregularidades graves.
20. O par relativo à contratação com a Works Construção e Serviços Ltda. foi selecionado
tendo em vista que, de acordo com o painel de riscos, havia grande divergência entre o valor
inicial contratado e o valor final, mesmo considerando repactuações e acréscimos de até 25%
permitidos em lei, além de que já havia uma outra contratação da mesma empresa por dispensa
de licitação para prestação serviço semelhante. Nesse caso, o modelo probabilístico classificou
esse par com risco máximo de 1,00, em uma escala definida de 0 a 1.
21. Em relação ao par MDS x Call Tecnologia e Serviços Ltda., este foi selecionado para
fiscalização considerando que, segundo o painel de riscos, ela apresentou alto índice de sucesso
(100%) nas licitações em que participou no MDS (8 contratações em 8 licitações), sendo
classificado com risco de 0,48.
22. Na fase de execução, os procedimentos adotados consistiram na análise documental dos
processos de licitação e de contratação direta, mediante a aplicação dos questionamentos
constantes da matriz de planejamento. Quanto à execução contratual, processos de pagamento e
fiscalização não foram analisados, porém foi realizada a análise contábil, via Siafi, dos
empenhos e pagamentos realizados no âmbito dos contratos selecionados.
23. A execução também envolveu a análise das respostas encaminhadas pelos gestores do
Ministério em atendimento a requisições de informações complementares da equipe de auditoria,
bem como dos esclarecimentos prestados pelos responsáveis identificados, sempre em
observância aos padrões de auditoria de conformidade definidos pelo Tribunal.
II.5. Limitações inerentes à auditoria
24. Devido à falta de tempo disponível para realização dos procedimentos previstos, os
processos de pagamento e fiscalização não foram analisados, o que impossibilitou a investigação
das questões de auditoria 8 e 10.
II.6. Volume de recursos fiscalizados
25. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 503.979.200,00.
II.7. Benefícios estimados da fiscalização

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26. São benefícios esperados desta fiscalização, além da expectativa de controle, a


possibilidade de ressarcimento de valores pagos indevidamente pelo órgão na execução dos
Contratos 6/2011 e 22/2011.
II.8. Processo conexo
27. TC-029.380/2015-4 - que trata de consolidação das fiscalizações desta FOC, já apreciado
conforme Acórdão 1096/2016-TCU-Plenário.

III. Achados de auditoria


28. Para possibilitar maior clareza à presente análise, os fatos serão relatados de maneira
estruturada, por achado, em consonância com o manual de Orientações para Auditoria de
Conformidade do Tribunal de Contas da União, aprovado pela Portaria - Adplan 1/2010.

II.9. Irregularidade na repactuação do Contrato 22/2011, firmado entre o MDS e a empresa


Works Construção e Serviços Ltda., tendo como objeto a prestação de serviços de suporte
operacional especializado
Tipificação:
29. Irregularidade grave
Situação encontrada:
30. Por meio da análise do Processo Administrativo 71000.067.366/2011-78, verificou-se que
a repactuação do Contrato 22/2011 foi concedida sem atender aos requisitos legais.
31. Em 29/8/2011, o MDS celebrou, mediante dispensa de licitação, o Contrato 22/2011 com a
Works Construção e Serviços Ltda., no valor total de R$ 2.496.547,60, pelo período de sessenta
dias, para prestação de serviços de suporte operacional especializado.
32. Em 19/10/2011, a contratada solicitou a repactuação contratual com base na Convenção
Coletiva de Trabalho (CCT) 2011/2012, registrada no Ministério do Trabalho e Emprego em
11/5/2011. Em decorrência da repactuação, foi pago, em 13/1/2012, o valor de R$ 252.279,45 à
contratada, considerando os efeitos retroativos à data da contratação.
33. Ocorre que, na data da assinatura do Contrato 22/2011, a CCT 2011/2012 já estava em
vigor, a qual deveria ser considerada pela empresa quando da formalização do contrato. Na fase
de pesquisa de preços, o órgão considerou como melhor preço o valor do contrato anterior
celebrado com a mesma empresa para tal objeto. Ocorre que os valores nele praticados não
previam ainda os novos valores da CCT 2011/2012, estando ainda, por isso mesmo, em fase de
repactuação com base na CCT 2011/2012.
34. Nesse caso, para se afastar a preclusão do direito à repactuação, deveria a empresa haver
formalizado o pedido previamente à assinatura do Contrato 22/2011, informando que os preços
ali praticados não estavam de acordo com a CCT 2011/2012, de forma a constar no novo
contrato a incidência dos valores trazidos pela convenção então em vigor (CCT 2011/2012).
35. Ao assinar o Contrato 22/2011 sem ressalvas quanto à incidência da CCT 2011/2012, a
empresa aceitou praticar os preços sem alteração de valores.
36. Em analogia com o processo licitatório, a proposta de preços deve inclusive indicar a
convenção coletiva que rege a categoria profissional que executará o serviço e as respectivas
datas bases e vigências, nos termos do art. 21, inciso II, da IN - SLTI 2/2008.
37. Da mesma forma é o entendimento exarado no Parecer - AGU 1/2008:
No caso da primeira repactuação do contrato de prestação de serviços contínuos, o prazo de um
ano para se requerer a repactuação conta-se da data da proposta da empresa ou da data do
orçamento que a proposta se referir, sendo certo que considera-se como data do orçamento a data
do acordo, convecção, dissídio coletivo de trabalho ou equivalente que estipular o salário
vigente à época da apresentação da proposta.
(grifo nosso)
38. Além disso, o art. 41-B da IN - SLTI 2/2008, incluído pela IN 03, de 16/10/2009, dispõe

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que:
art. 41-B A empresa contratada para a execução de remanescente de serviço tem direito à
repactuação nas mesmas condições e prazos a que fazia jus a empresa anteriormente contratada,
devendo os seus preços serem corrigidos antes do início da contratação, conforme determina
o art. 24, inciso XI da Lei 8.666, de 1993.
(grifo nosso)
39. Ademais, o parecer jurídico emitido no âmbito do Processo Administrativo
71000.067.366/2011-78, previamente à contratação, alertou a administração nos seguintes
termos:
Diante do exposto, sem adentrar no estudo dos dados técnicos, por serem de competência dos
respectivos setores, ressalvados os aspectos de conveniência e de oportunidade apreciados pelo
Administrador Público, conclui-se que:
a) para correta instrução dos autos, há que se juntar o pedido de repactuação dos preços diante da
CCT 2011/2012, formulado pela empresa antes da assinatura do respectivo contrato.
40. Registre-se ainda que, caso fosse considerado o preço repactuado aceito pelo órgão
(R$ 1.403.112,53/mês), a proposta da empresa contratada não seria a mais vantajosa
economicamente à época da contratação, conforme se observa no mapa comparativo de preços
(evidência 2, p. 1). Do aludido mapa, observa-se que a proposta da empresa RDJ Assessoria e
Gestão Empresarial Ltda. Seria, à época, inferior em R$ 72.402,82 por mês.
41. Além disso, o Contrato 22/2011 foi celebrado de forma emergencial com a mesma empresa
que já prestada o serviço anteriormente, e este contrato anterior já estava em fase de repactuação
quando da assinatura do contrato emergencial. Por tal motivo, quando da assinatura do novo
contrato, já se tinha o conhecimento da Convenção Coletiva de Trabalho 2011/2012 utilizada
como fundamento para repactuar o contrato emergencial.
Objetos nos quais o achado foi constatado:
42. Processo Administrativo 71000.067.366/2011-78/2011 - Contratação mediante dispensa de
licitação da empresa WORKS CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS LTDA. para prestação de serviços
de suporte operacional especializado, no valor total de R$ 2.496.547,60, pelo período de sessenta
dias.
Critérios:
43. Instrução Normativa 2/2008, SLTI/MPOG, art. 21, inciso II; art. 29, § 3º, inciso II; e art.
41-B;
44. Acórdão 1828/2008-TCU-Plenário, item 9.4;
45. Acórdão 1563/2004-TCU-Plenário, item 9.1.3.
46. Parecer - AGU 1/2008.
Evidências:
47. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - Resumo da pesquisa de
preços, folha 1.
48. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - Contrato 22/2009, folhas
4/16.
49. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - Pedido de repactuação,
folhas 17/28.
50. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - CCT 2011/2012, folhas
29/48.
51. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - Parecer jurídico, folhas
51/53.
52. Evidência 2 - Processo administrativo 71000.067.366/2011-78. - Nota de empenho
2012NE00026, folha 55.
Causas da ocorrência do achado:
53. Ausência de controles internos que impedissem a concessão da repactuação indevida ao

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contratado.
54. Falta de zelo da administração em avaliar se a contratada tinha de fato o direito à
repactuação.
Efeitos/Consequências do achado:
55. Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real).
Responsáveis:
Nome: Works Construção e Serviços Ltda.
CNPJ 56.419.492/0001-09
Conduta:
56. Solicitou a repactuação do Contrato 22/2011, mesmo tendo assinado o acordo após a
celebração da CCT 2011/2012, o que caracterizou a preclusão do direito à repactuação;
Nexo de causalidade:
57. A solicitação deu início ao processo de concessão da repactuação, sem a qual o pagamento
indevido não teria ocorrido.
Culpabilidade:
58. É razoável que a empresa soubesse que, à época da assinatura do Contrato 22/2011, já
estava em vigor nova CCT para a categoria envolvida na prestação dos serviços, a qual já era
usada como fundamento para repactuação de contrato anterior.
59. Ademais, foi beneficiária dos supostos pagamentos indevidos.

Nome: Ana Paula Coelho Guimarães


CPF 473.411.221-53 - Cargo: Administrador (desde 1º/12/2011)
Conduta:
60. Atestou a vantagem econômica da repactuação do Contrato 22/2011 para a Administração.
Nexo de causalidade:
61. O ateste de vantagem econômica permitiu que a repactuação fosse concedida à contratada.
Culpabilidade:
62. É razoável que a responsável atestasse a impossibilidade legal da repactuação, tendo em
vista ser competência sua instruir registro e alteração contratuais.
Proposta de encaminhamento:
63. Determinar a abertura de processo apartado de tomada de contas especial, com fundamento
no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c art. 252 do Regimento Interno/TCU, para apurar o valor do dano
ao Erário e os responsáveis pela repactuação indevida do Contrato 22/2011.

IV. Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria


III.1. Não exclusão, quando da prorrogação do Contrato 6/2011, de parcela relativo ao aviso
prévio trabalhado
Tipificação:
64. Irregularidade grave
Situação encontrada:
65. Por meio da análise do Processo Administrativo 71000.047760/2010-17, verificou-se que,
quando da prorrogação do Contrato 6/2011, o item relativo ao aviso prévio trabalhado, constante
da planilha de custos e formação de preços, não foi removido.
66. Na planilha de custos e formação de preços da proposta vencedora, consta o item 4.4.B
como provisão para aviso prévio trabalhado, no percentual de 1,92%. Tal parcela foi abordada no
relatório do Acórdão 1.904/2007-TCU-Plenário nos seguintes termos:
O item ‘Aviso Prévio Trabalhado’ (inciso XXI do art. 7º da Constituição Federal e art. 487 da
CLT), corresponde ao valor repassado para pagar o funcionário enquanto este não trabalha.
Apesar de não haver lei complementar para disciplinar essa matéria, a doutrina e a jurisprudência
aconselham que o funcionário seja avisado de sua dispensa e, a partir de então, ele passa a

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receber seu último salário referente a 30 dias de serviço, dos quais 7 ele tem direito a ausentar-se
do trabalho para ter tempo de procurar por outro emprego ou, se preferir, trabalhar 2 horas a
menos por dia durante o período de 30 dias. Neste tempo em que o empregado não presta
serviço, a Contratada terá de pagar, ao mesmo tempo, o funcionário que está saindo mais aquele
que está entrando no posto e, por isso, há de constar esse item da planilha de custos.
O percentual mais adequado a este item da planilha é 1,94%, mas que deve ser pago apenas no
primeiro ano do contrato, devendo ser excluído da planilha a partir do segundo ano, uma
vez que só haverá uma demissão e uma indenização por empregado. O cálculo está demonstrado
a seguir: (grifo nosso)
[ (100% / 30) x 7]/ 12 = 1,94%
Onde:
100% = salário integral
30 = número de dias no mês
7 = número de dias de aviso prévio a que o empregado tem direito de se ausentar
12 = número de meses no ano
67. Posteriormente, seguindo esse entendimento, o Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário trouxe a
seguinte redação:
9.2. assinar prazo de quinze dias, com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal,
c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992 e com o art. 251 do Regimento Interno do TCU, para que o
Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro NERJ/ MS adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, de forma a promover a repactuação do Contrato
174/2006, firmado com a empresa MGI Tecnogin Micrográfica no Gerenciamento da
Informação Ltda., a fim de adequar as planilhas de custos dos serviços contratados, bem como
proceder ao ajuste de contas, nas futuras faturas, entre os valores efetivamente pagos e os
decorrentes da repactuação ora determinada, em relação aos seguintes quesitos:
(...)
9.2.2. supressão do percentual de 1,94% da Planilha de Custos dos Serviços Contratados,
referente ao Aviso Prévio Trabalhado, tendo em vista que os referidos custos consideram-se
integralmente pagos no primeiro ano do Contrato, devendo ser zerado nos anos subsequentes,
nos termos do cálculo demonstrado quando da apreciação do Acórdão TCU 1904/2007 Plenário;
68. A primeira prorrogação do Contrato 6/2011 se deu por meio do 4º termo aditivo, assinado
em fevereiro de 2012. No entanto, a planilha de custo e formação de preços relativa à CCT
2015/2015, ainda consta o item 4.4.B referente ao aviso prévio trabalhado com alíquota de
1,92%.
69. Mesmo considerando que a contratada utilizou um índice menor do que 1,94%,
provavelmente para reduzir seu preço a fim de vencer a licitação, a remoção desse item a partir
do segundo ano de contrato corresponderia a um valor total estimado de cerca de R$ 870.616,14.
Objetos nos quais o achado foi constatado:
70. Processo Administrativo 71000.047760/2010-17/2010 - Contratação da empresa WORKS
CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS LTDA. para prestação de serviços continuados de apoio
administrativo e de atividades auxiliares, no valor total inicial de R$ 13.376.299,65, equivalente
a 337 postos de trabalho pelo período de 12 meses.
Critérios:
71. Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, item 9.2.2.
Evidências:
72. Evidência 1 - Processo administrativo 71000.047760/2010-17 - 4º Termo aditivo ao
Contrato 6/2011, folha 25.
73. Evidência 1 - Processo administrativo 71000.047760/2010-17 - Planilha de custos e
formação de preços com base na CCT 2015, folhas 57-63.
Causas da ocorrência do achado:

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74. Ausência de controles internos que impedissem a prorrogação do contrato sem a remoção
do aviso prévio trabalhado.
Efeitos/Consequências do achado:
75. Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real).
76. Dano aos cofres públicos em ocorrência da mesma situação em outros contratos de
terceirização de serviços (efeito potencial).
Responsáveis:
Nome: Jório Vieira Randal Pompeu
CPF 366.610.313-87 - Cargo: Coordenador de Contratos (desde 2/2/2012)
Conduta:
77. Propôs a emissão do empenho da prorrogação do Contrato 6/2011, sem a remoção do item
4.4.B da planilha de custos e formação de preços original.
Nexo de causalidade:
78. A proposta permitiu que fosse pago um valor a maior indevido à contratada.
Culpabilidade:
79. É razoável esperar que o responsável pela coordenação de contratos possua os
conhecimentos necessários para instruir uma prorrogação contratual de serviços continuados.

Nome: Maurício Costa dos Santos


CPF 701.645.471-18 - Cargo: Coordenador-Geral de Licitações e Contratos (desde 2/2/2012)
Conduta:
80. Ratificou a prorrogação contratual nos termos propostos pela coordenação de contratos.
Nexo de causalidade:
81. A ratificação da prorrogação do contrato, nos termos propostos, permitiu que fosse pago
um valor a maior indevido à contratada.
Culpabilidade:
82. É razoável esperar que o responsável pela coordenação-geral de licitações e contratos
possua os conhecimentos necessários para instruir uma prorrogação contratual de serviços de
continuados.

Nome: Natascha Rodenbusch Valente


CPF 533.612.100-20 - Cargo: Subsecretária de Assuntos Administrativos (desde 2/2/2012)
Conduta:
83. Autorizou a prorrogação do contrato sem a remoção do item aviso prévio trabalhado.
Nexo de causalidade:
84. A autorização da prorrogação contratual permitiu que fosse pago indevidamente quantia a
maior a contratada.
Culpabilidade:
85. É razoável esperar que a responsável pela coordenação dos assuntos administrativos
detenha os conhecimentos necessários à prática de atos sob sua esfera de competência.
Proposta de encaminhamento:
86. Determinar a abertura de processo apartado de tomada de contas especial, com fundamento
no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c art. 252 do Regimento Interno/TCU, para apurar o valor do dano
ao Erário e os responsáveis pela prorrogação do Contrato 6/2011 sem a remoção do item aviso
prévio trabalhado após o primeiro ano da contratação.

V. Conclusão
87. A presente fiscalização constituiu uma das quinze auditorias previstas para a Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Auditoria de conformidade em objetos selecionados com
base em modelo probabilístico de análise de dados, e teve como objetivo avaliar a regularidade

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dos procedimentos de contratação das empresas Works Construção e Serviços Ltda. e Call
Tecnologia e Serviços Ltda.
88. Conforme mencionado no item 2.3, os procedimentos foram definidos para responder a dez
questões de auditoria. A partir da execução dos procedimentos relativos a oito dessas questões,
foram registrados dois achados de auditoria relacionados a duas questões de auditoria, conforme
descritos a seguir.
89. Quanto aos contratos firmados com a empresa Works Construção e Serviços Ltda., foram
identificadas as seguintes irregularidades: concessão indevida de repactuação ao Contrato
22/2011 e prorrogação do Contrato 6/2011 sem a remoção de valores indevidos da planilha de
custos e formação de preços.
90. Para cada uma das irregularidades citadas acima há proposta de abertura de um processo
apartado de tomada de contas especial (TCE), uma TCE para cada irregularidade citada, visando
a apurar o valor do dano aos cofres públicos e identificar os responsáveis pela prática dos atos.
91. Não foram registrados achados de auditoria nos contratos celebrados entre o Ministério e a
empresa Call analisados nesta fiscalização.
92. Quanto à utilização do modelo probabilístico, pode-se concluir que o sistema utilizado na
seleção dos objetos foi eficaz quanto ao par MDS-Works, visto que o índice de risco apresentado
para o par foi máximo (1,00) e as dimensões de risco associadas consideradas como indícios de
irregularidade (alto índice de sucesso da empresa na Unidade Gestora - UG e total de reforços de
contratos) se materializaram nas irregularidades detectadas.
93. Já quanto ao par MDS-Call, com risco associado de 0,48 (risco médio), selecionado com
base nos indícios de alto grau de sucesso na UG, a análise realizada não identificou
irregularidades nas contratações selecionadas.
94. Entre os benefícios advindos da presente fiscalização, tem-se a expectativa de controle
gerada pela possibilidade de responsabilização dos gestores que deram causa às irregularidades
descritas neste relatório, assim como o possível ressarcimento dos valores pagos indevidamente,
cujos montantes atualizados serão apurados em processo apartado de tomada de contas especial.

VI. Proposta de encaminhamento


95. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
95.1. determinar a conversão da presente fiscalização em processo de tomada de contas especial,
com fundamento no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c art. 252 do Regimento Interno/TCU, devendo,
nos termos do art. 41 da Resolução - TCU 259/2014, autuar processo específico para esse fim, ao
qual será apensado o processo em apreço, a fim de ali apurar o valor do dano ao Erário e os
responsáveis pela concessão indevida de repactuação do Contrato 22/2011, sem considerar a
preclusão do direito do contratado ao benefício (item 58 deste relatório);
95.2. determinar a autuação de processo apartado de tomada de contas especial, com fundamento
no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c art. 43 da Resolução - TCU 259/2014, ao qual será apensado por
cópia o processo em apreço, a fim de ali apurar o valor do dano ao Erário e os responsáveis pela
prorrogação do Contrato 6/2011 sem a remoção do item aviso prévio trabalhado após o primeiro
ano da contratação (item 88 deste relatório); e
95.3. comunicar o Ministério do Desenvolvimento Social do que vier a ser decidido nos
presentes autos.”

É o relatório.

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PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Trata-se de auditoria de conformidade parte da Fiscalização de Orientação Centralizada


(FOC) em objetos selecionados com base em modelo probabilístico de análise de dados, tendo como
objeto avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação das empresas Works Construção e
Serviços Ltda. e Call Tecnologia e Serviços Ltda. pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS).
2. Os trabalhos de fiscalização empreendidos por equipe da Selog, conforme o Relatório de
Fiscalização transcrito no relatório parte desta deliberação, detectaram a ocorrência de irregularidades
em dois contratos firmados entre o MDS e a empresa Works Construção e Serviços Ltda., consistentes
na concessão indevida de repactuação ao Contrato 22/2011 e na prorrogação do Contrato 6/2011 sem a
remoção de valores indevidos da planilha de custos e formação de preços.
3. Para cada uma dessas irregularidades, a equipe de auditoria propõe a autuação de processo
de tomada de contas especial, tendo em vista que as irregularidades apontadas acarretaram dano ao
erário.
4. Considero adequada a proposta de encaminhamento formulada no relatório de auditoria,
cuja análise adoto como parte das minhas razões de decidir, sem prejuízo das considerações que passo
a expor a seguir.
- II -
5. Quanto ao Contrato 22/2011, foi apurado que o mesmo foi firmado em 29/8/2011 mediante
dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993, no valor total de
R$ 2.496.547,60, pelo período de sessenta dias, para prestação de serviços de suporte operacional
especializado. Ocorre que em 19/10/2011 – portanto, menos de dois meses após a contratação – a
contratada solicitou a repactuação contratual com base na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)
2011/2012, registrada no Ministério do Trabalho e Emprego em 11/5/2011. A repactuação foi
aprovada pelo MDS e, em decorrência, foi pago à contratada, em 13/1/2012, o valor de R$ 252.279,45,
considerando os efeitos retroativos à data da contratação. Nota-se que no momento da contratação
(29/8/2011) o resultado da Convenção Coletiva de Trabalho já era conhecida (11/5/2011), de modo
que os novos valores de mão-de-obra não integraram a proposta da contratada por vontade e estratégia
dela mesma, que, assim, renunciou a esse direito.
6. A empresa contratada era a mesma que vinha prestando ao MDS os serviços objeto do
ajuste emergencial. Essa contratação foi realizada com base no valor do contrato anterior, sem que esse
valor fosse atualizado em decorrência da CCT 2011/2012. Esse foi o fundamento apontado pela
empresa ao requerer a repactuação.
7. Ocorre que, conforme pontuado pela equipe de auditoria, ao assinar o Contrato 22/2011
sem ressalvas quanto à incidência da CCT 2011/2012, a empresa teria aceitado praticar os preços sem
a atualização dos seus preços. Ademais, caso fosse utilizado o valor atualizado pela CCT 2011/2012,
ele seria superior em R$ 72.402,82 por mês em relação à segunda colocada na pesquisa de preços
constante do processo de contratação (peça 12, p. 1). Portanto, não seria a proposta mais vantajosa.
Dessa forma, fica evidente que a utilização dos preços sem a incidência da CCT 2011/2012 foi o que
permitiu a contratação emergencial da empresa para que ela pudesse dar continuidade à prestação dos
serviços objeto da contratação anterior. Mas é óbvio tratar-se de uma nova contratação, cujas cláusulas
não se comunicam com os termos da avença anterior, sendo os preços ofertados aqueles que deveriam
ter sido praticados ao longo dos sessenta dias de vigência do contrato.
8. Apenas para argumentar, ainda que se tratasse de prorrogação do contrato anterior, caso a
contratada não pleiteasse os reajustes pactuados no acordo coletivo, mantendo os preços até então
acordados, a contratada teria deixado de exercer o seu direito à repactuação, dando azo à ocorrência de
preclusão lógica do seu direito de repactuar. Esse é o entendimento esposado no Acórdão 1828/2008-
TCU-Plenário, conforme consta da recomendação prolatada no subitem 9.4.
1

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9. Por todo o exposto, resta demonstrado que a repactuação concedida no âmbito do Contrato
22/2011 foi indevida, ocasionando dano ao erário decorrente de pagamentos em valores superiores
àqueles previstos inicialmente no contrato. Pertinente, portanto, a instauração de tomada de contas
especial visando ao ressarcimento desse dano.
10. Com relação à proposta de encaminhamento formulada pela equipe de fiscalização,
verifico que consta como motivo apontado para instauração da TCE a “concessão indevida de
repactuação do Contrato 22/2011, sem considerar a preclusão do direito do contratado ao benefício”.
Entendo, entretanto, que essa motivação não está de todo adequada, pois não se trata aqui da preclusão
do direito mencionado, mas sim da inexistência do próprio direito.

- III -

11. Com relação ao Contrato 6/2011, foi constatado que, quando da sua primeira prorrogação,
por meio do 4º Termo Aditivo, não foi removido o item relativo ao aviso prévio trabalhado, constante
da planilha de custos e formação de preços. Esse item de custo é totalmente amortizado no primeiro
ano da execução contratual quando correspondente a 1,94% dos custos dos serviços contratados, razão
porque deve ser excluído a partir da primeira prorrogação contratual. Esse posicionamento consta do
Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, que assinou prazo para exclusão desse item em contrato assinado
pelo jurisdicionado, nos seguintes termos:

“9.2. assinar prazo de 15 (quinze) dias, com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c
o art. 45 da Lei 8.443/1992 e com o art. 251 do Regimento Interno do TCU, para que o Núcleo Estadual
do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro NERJ/ MS adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, de forma a promover a repactuação do Contrato nº 174/2006, firmado com a empresa
MGI Tecnogin Micrográfica no Gerenciamento da Informação Ltda., a fim de adequar as planilhas de
custos dos serviços contratados, bem como proceder ao ajuste de contas, nas futuras faturas, entre os
valores efetivamente pagos e os decorrentes da repactuação ora determinada, em relação aos seguintes
quesitos:
(...)
9.2.2. supressão do percentual de 1,94% da Planilha de Custos dos Serviços Contratados, referente ao
Aviso Prévio Trabalhado, tendo em vista que os referidos custos consideram-se integralmente pagos no
primeiro ano do Contrato, devendo ser zerado nos anos subsequentes, nos termos do cálculo demonstrado
quando da apreciação do Acórdão TCU nº 1904/2007 Plenário;”

12. No presente caso, a contratada aplicou sobre os custos dos serviços o percentual de 1,92%,
portanto, ligeiramente inferior aos 1,94% necessários à amortização no primeiro ano da execução
contratual. Entretanto, considera-se que o valor inferior foi utilizado como uma forma de redução do
preço proposto, de maneira a vencer a licitação, o que justifica a sua remoção após a primeira
prorrogação contratual.
13. Portanto, a manutenção desse item de custo após a prorrogação do contrato foi indevida,
tendo causado um dano estimado em R$ 870.616,14, conforme cálculo efetuado pela equipe de
auditoria. Por essa razão mostra-se pertinente a instauração de tomada de contas especial objetivando o
ressarcimento dos danos.

- IV -

14. Embora esteja de acordo com o encaminhamento mencionado, tenho considerações a


aduzir quanto à responsabilização pelas ocorrências apuradas.
15. Embora as propostas de encaminhamento formuladas no Relatório de Fiscalização
apontem como finalidade das TCEs a serem instauradas “apurar o valor do dano ao Erário e os
responsáveis”, verifico que no tratamento dos achados de auditoria já se encontram identificados os
responsáveis pelos danos detectados.
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16. No caso do Contrato 22/2011, foram arrolados como responsáveis pelo dano a empresa
contratada e, pelo lado da Administração, a Sra. Ana Paula Coelho Guimarães, servidora lotada na
Coordenação de Contratos, órgão de quarto escalão dentro da Secretaria Executiva do MDS. Conforme
apontado, a responsabilização dessa agente se deu pelo fato de ela ter atestado a vantagem econômica
da repactuação do Contrato 22/2011 para a Administração.
17. Verifico que o documento assinado por essa servidora se trata de um despacho (peça 12, p.
49), onde é atestada a vantajosidade com base em uma pesquisa mercadológica realizada pela Divisão
de Gestão e Acompanhamento. Considero que essa única manifestação nos autos por parte daquela
agente é elemento por demais frágil para que seja considerada a única responsável pela repactuação
indevida. Neste momento, surge até mesmo dúvida se a mesma pode ser responsabilizada tão-somente
em razão da mencionada manifestação, pois o que se questiona nestes autos não é eventual
vantajosidade da repactuação, mas sim a regularidade da concessão dessa repactuação.
18. Dessa forma, não havendo nos autos elementos que permitam identificar os verdadeiros
responsáveis pela repactuação indevida, há que ser feita essa apuração no âmbito do processo de
tomada de contas especial, ocasião em que deverão ser carreados ao processo os elementos probatórios
da responsabilização apurada.
19. Quanto ao Contrato 6/2011, foram responsabilizados pelo dano os seguintes agentes: (1)
Jório Vieira Randal Pompeu, Coordenador de Contratos, por ter proposto a emissão do empenho da
prorrogação do Contrato 6/2011, sem a remoção do item 4.4.B da planilha de custos e formação de
preços original; (2) Maurício Costa dos Santos, Coordenador-Geral de Licitações e Contratos, por ter
atificado a prorrogação contratual nos termos propostos pela coordenação de contratos; e Natascha
Rodenbusch Valente, Subsecretária de Assuntos Administrativos, por ter autorizado a prorrogação do
contrato sem a remoção do item aviso prévio trabalhado.
20. Embora não se questione, neste momento, a responsabilidade desses agentes, não consta do
processo os elementos comprobatórios dessa responsabilização, situação que deverá ser reparada no
âmbito da respectiva tomada de contas especial.
21. Há, entretanto, uma questão que exsurge quanto à responsabilização pela ocorrência
apurada nesse contrato. Trata-se da não responsabilização da contratada. Não são mencionados no
Relatório de Fiscalização os motivos para a não inclusão da empresa no rol de responsáveis.
Entretanto, tendo em vista a natureza da ocorrência apontada, e considerando que a contratada se
beneficiou dos pagamentos indevidos, entendo que, a princípio, a empresa deve também responder
solidariamente pelo dano causado ao erário.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 24 de agosto de
2016.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI


Relator

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ACÓRDÃO Nº 2214/2016 - TCU - Plenário

1. Processo TC-029.385/2015-6.
2. Grupo I - Classe V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Selog.
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, parte da Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) em objetos selecionados com base em modelo probabilístico de
análise de dados, tendo como objeto avaliar a regularidade dos procedimentos de contratação das
empresas Works Construção e Serviços Ltda. e Call Tecnologia e Serviços Ltda. pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. converter a presente fiscalização em processo de tomada de contas especial, com
fundamento no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 252 do Regimento Interno/TCU, devendo, nos
termos do art. 41 da Resolução/TCU 259/2014, autuar processo específico para esse fim, ao qual será
apensado este processo, para fins de apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação
do dano Erário causado pela concessão indevida de repactuação do Contrato 22/2011;
9.2. autuar processo apartado de tomada de contas especial, com fundamento no art. 47 da Lei
8.443/1992 c/c o art. 43 da Resolução/TCU 259/2014, ao qual será apensado por cópia o presente
processo, para fins de apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano
Erário causado pela prorrogação do Contrato 6/2011 sem a remoção do item aviso prévio trabalhado
após o primeiro ano da contratação.

10. Ata n° 33/2016 – Plenário.


11. Data da Sessão: 24/8/2016 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2214-33/16-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler,
Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos Bemquerer
Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


AROLDO CEDRAZ AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral
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