Sanar TCE
Sanar TCE
Sanar TCE
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Fisiopatologia .............................................................. 3
3. Classificação ................................................................ 6
4. Morfologia ..................................................................... 8
5. Atendimento ..............................................................10
6. Manejo..........................................................................14
7. Terapia..........................................................................20
8. Morte encefálica .......................................................23
Referências bibliográficas .........................................26
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO 3
SAIBA MAIS!
Uma pausa só para lembrarmos que a pressão de perfusão cerebral (PPC) pode ser encon-
trada usando a seguinte fórmula: PPC = PAM - PIC
Sendo que a PAM se autorregula entre 50 e 150mmHg para manter o FSC constante.
SAIBA MAIS!
Na 10ª edição do ATLS algumas mudanças foram propostas na Escala de Coma de Glas-
gow, entre elas temos:
REATIVIDADE PUPILAR
Na antiga versão da escala, os únicos critérios avaliados eram: abertura ocular, resposta
verbal e resposta motora.
Agora, na nova versão, foi incluída a Reatividade Pupilar, ou seja, a reatividade da pupila à
luz. Ao contrário dos outros critérios, este é pontuado de forma decrescente: o pior resulta-
do apresenta a maior pontuação. Assim, teremos a seguinte atribuição:
2 pontos – Nenhuma reatividade em ambas as pupilas;
1 ponto – Sem reação em apenas uma das pupilas;
0 pontos – Caso as duas pupilas estejam funcionando normalmente.
Caso todos os critérios estejam normais, teremos um escore de 15 (afinal, as pupilas nor-
mais significam 0 pontos a menos!). Entretanto, caso o paciente apresente a menor pontu-
ação em todos os critérios, teremos o escore final de 1!
CRITÉRIO NÃO-TESTÁVEL
Sabemos que nem todos os pacientes são susceptíveis a serem avaliados da forma como a
antiga Escala de Glasgow propõe. Por exemplo: pacientes amputados não necessariamen-
te terão uma avaliação fidedigna da resposta motora; pacientes que apresentam surdez
podem não ser responsivos a comandos verbais; pacientes com algum quadro de afasia
não necessariamente conseguirão emitir respostas verbais adequadas.
Considerando essas necessidades tão individuais, além das pontuações nos critérios pre-
viamente estabelecidos, podemos agora marcá-los como “NÃO TESTÁVEL” (NT).
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO 8
4. MORFOLOGIA
Fraturas
A primeira coisa precisamos ter em
Figura 4. Sinais de fratura de base do crânio
mente é que para ocorrer uma fratura
de crânio no paciente, a energia en-
volvida no trauma foi muito grande! Obs. fraturas de base de crânio que
As principais fraturas são as de calo- atravessam canais carotídeos podem
lesar vasos importantes e por isso está
ta e as de base de crânio.
indicado a realização de uma Angio TC.
O diagnóstico dessa condição costu-
ma ser dado por meio de uma TC de
crânio, no entanto, a própria inspeção Lesões intracranianas
da cabeça do paciente já pode nos di- Já com relação às lesões intracrania-
zer muita coisa. No caso de uma fra- nas, temos que elas podem ser difu-
tura de calota, por exemplo, pode ser sas ou focais.
possível identificar uma depressão na
cabeça. Já a fratura de base costuma
ter sinais mais específicos: Lesão Difusa
As lesões difusas costumam estar
associadas a acidentes de alto im-
pacto ou de desaceleração, sendo
normalmente causado por hipóxia ou
isquemia.
Os pacientes, por sua vez, costumam
apresentar déficit neurológico não
focal e perda de consciência. No en-
tanto, o diagnóstico é dado por meio
da TC de crânio, na qual é possível
identificar sinais sugestivos como in-
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO 9
chaço, perda da distinção entre cinza a dura para o lado oposto da estru-
e branco e hemorragias pontilhadas tura óssea do crânio e é justamente
entre as substâncias cinzenta e bran- esse mecanismo que faz com que o
ca (essa última conhecida como lesão hematoma epidural se apresente na
axonal difusa, LAD, que é um indica- TC com um aspecto biconvexo, como
tivo de lesão severa e, normalmente, conseguimos ver imagem a seguir:
com prognóstico ruim).
Lesão Focal
Já quando falamos em lesões focais,
estamos nos referindo, basicamente,
aos vários hematomas que podem
ocorrer.
Hematoma Epidural
O hematoma epidural é um tipo rela-
tivamente raro, estando presente em Figura 5. Hematoma Epidural
apenas 0,5% dos pacientes com TCE
(chegando até 9% nos casos de pa-
Hematoma Subdural
cientes com TCE associado a coma).
E apesar de ele poder ser causado Já o hematoma subdural, por sua vez,
pela ruptura de algum seio venoso, o é mais comum: ele está presente em
mais comum é ele advir de um san- cerca de 30% dos pacientes com TCE
gramento arterial devido a lesão da grave. E o seu mecanismo também é
Artéria Meníngea Média. diferente.
Visto isso, temos que os pacientes Aqui, a principal causa é a ruptura
com hematoma epidural costumam de pequenos vasos superficiais ou
apresentar um intervalo lúcido entre vasos ponte do córtex cerebral, de
o momento da lesão e o da descom- modo que não mais ocorre o desloca-
pensação neurológica. Enquanto que, mento da dura e aí o sangue se acu-
por outro lado, - lembrando lá da ana- mula no espaço subaracnoide. Por
tomia (na qual a A. Meníngea Média conta disso, na TC, ele se apresen-
passa por dentro da dura-máter) - a ta com aspecto côncavo-convexo
gente consegue entender que esse (meio que acompanhando o contorno
sangramento vai acabar empurrando do cérebro).
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5. ATENDIMENTO
Figura 6. Hematoma Subdural
Avaliação Primária
Via Aérea e Ventilação
Obs. é pouco provável que um pacien- ou potencial da via aérea (trauma ma-
te consciente e com bom resultado no
ABCD. Rápido apresente alguma obs-
xilofacial, lesões por inalação, hemato-
trução de VA, mas é prudente que todos ma retrofaríngeo),apneia, entre outras
tenham suas vias verificadas. situações..
SAIBA MAIS!
O nervo óculo motor (III nervo craniano ) passa ao longo da margem da tenda do cerebelo,
podendo ser comprimido contra ela durante uma herniação do lobo temporal. Fibras pa-
rassimpáticas, que são constritoras das pupilas, repousam sobre a superfície do III nervo
craniano. A compressão dessas fibras durante a herniação causa dilatação pupilar devida à
atividade simpática sem oposição, frequentemente chamada de pupila dilatada.
Atente-se também a procura de outras le- pido possível - desde que o paciente
sões graves e em manter a normotermia. esteja hemodinamicamente estável.
Basicamente, a TC sempre é indica-
Anestesia, Analgesia e Sedação da para TCE grave ou moderado. Nos
leves podemos pedir, mas deve-se
A adoção de qualquer uma dessas ponderar, ela deve ser realizada em
medidas deve ser cuidadosamente todos os doentes com suspeita de
pensada quando o paciente estiver lesão cerebral que apresentem sus-
com suspeita de TCE, já que, como peita clínica de fratura exposta de
acabamos de ver, essas drogas po- crânio, nos que apresentem qualquer
dem acabar retardando o reconheci- sinal de fratura de base de crânio, na-
mento de uma lesão cerebral, além de queles que apresentem mais do que
poder causar prejuízos para a respira- dois episódios de vômito, ou nos que
ção do paciente. apresentem idade superior a 65 anos.
Assim, o indicado é, se necessário, A TC também deve ser considera-
usar drogas de efeito curto e que po- da se o doente apresentou perda da
dem ser facilmente revertidos. consciência por mais de cinco minu-
DROGA ANTAGONISTA tos, amnésia retrógrada por mais de
Narcóticos Naloxona 30 minutos, um mecanismo de trau-
Benzodiazepínicos Flumazenil ma importante, cefaleia grave, ou dé-
Tabela 2. Drogas e antagonistas ficit neurológico focal que pode ser
atribuído ao cérebro.
Avaliação Secundária Sendo importante salientar que a reali-
zação da TC não deve retardar a trans-
Uma vez passada toda a avaliação ferência do doente, quando indicada.
primária, a secundária fica tem por ob-
RISCO MODERADO
jetivo: reavaliar o paciente em busca ALTO RISCO PARA
PARA LESÃO
de deteriorização neurológica. Para NEUROCIRURGIA
CEREBRAL
tal, entram aqui a realização da GCS GCS < 15 por 2h pós- Inconsciência por mais
e a busca tanto por sinais de laterali- -trauma de 5 min
zação, quanto pela reação das pupilas. Suspeita de fratura ex- Amnésia retrógada por
posta c/ afundamento mais de 30 min
Mecanismo perigoso de
> 2 episódios de vômito
Diagnóstico trauma
Sinal de fratura de base
A principal forma de estabelecer o
Idade maior ou igual a
diagnóstico de um TCE é através da 65 anos
realização da Tomografia Compu- Uso de anticoagulante
tadorizada (TC) de crânio o mais rá-
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Colher história
Nível de consciência, mecanismo e hora do trauma,
amnésia (retrógrada/anterógrada), cefaleia (intensidade?)
Avaliação e Tratamento
ABCDE
Avaliações primária e secundária
História Ampla
Intubação Orotraqueal
Admissão/Transferência para hospital
com neurocirurgião
Administração de agentes terapêuticos
Reavaliação neurológica
Glasgow
Reação pupilar a luz
Exame neurológico focal
TC DE CRÂNIO
Grave: ≤8 Doutrina de
Monro-Kellie
Moderada: 9-12
Glasgow
Fisiopatologia
D
TODOS os TCE
ABCDE Trauma TC de crânio
moderados e graves
TCE