Gloria Excelsis Satani Zine
Gloria Excelsis Satani Zine
Gloria Excelsis Satani Zine
É com satisfação ímpar que, após algum tempo distante, transpondo as barreiras da luz astral, incursionando sob a
imensidão do cosmo, celebro o segundo triunfo deste negro pergaminho fomentado com a sabedoria abundante e milenar, herdada
de herméticos magos com o objetivo de manter acesa a mística chama do elemento fogo com o vento que sopra de minha negra
tríade existencial, regido por entidades astrais, contidos dentre os círculos místicos, pantáculos mágickos traçados neste polo
energético e terreno dentre segredos grimoriais de uma nova era de aquário. Fruto de sinistras reflexões, experiências espirituais e
ritualísticas no caminho da mão esquerda, direcionado, em sentido anti-horário, com a espada mágika no Satânico Templo do
Hermeticum Magus Necromanticus Misantropic Luciferian... Sob os auspícios luciferinos, em meio às ruínas de arcaicos bosques
de magia transcendental, iluminado pelo místico olhar da mãe lua... enigmático astro noturno!
Para a glória e supremacia daqueles que enveredam com honra, orgulho e sabedoria o sinistro e solilóquio caminho da mão
esquerda e que, no âmago dos seus negros corações, clamam por sangue e destruição das ignominiosas religiões cristitas que há
milênios vêm castrando mentalmente seres acéfalos com suas histórias mirabolantes de redenção e vida eterna aos pés de um deus
moribundo, em seu paraíso de enganação e submissão... como dizem, "é melhor reinar no inferno do que servir no paraíso!"
Do meu ritualístico cálice prateado, transborda o sangue do negro bode, consagrado perante a estrela flamejante, em odes
ao soberano arcano que detém as chaves de todos os enigmas, mistérios e sigilos... inefável senhor do cosmos, fonte inesgotável de
sagacidade, intrepidez, sabedoria e destemor... Ave Nostri Pather Sathanas Rex Infernus!
Sob uma densa atmosfera saturniana, forjei com sangue & saliva, empenho & dedicação, o segundo ato do Gloria Excelsis
Satani zine, em que eu, assim como no primeiro opúsculo, mantenho-me fiel aos meus propósitos como zineiro e apreciador das
artes de vanguarda, que são de dar ênfase as concepções ideológicas dos entrevistados e vossas posturas perante o negro círculo
Black Metal, sem deixar de lado a musicalidade, é claro. Diferenciando-se e mantendo-se distante de muitos zines de fofoca e
bajulação que só servem para denegrir e ridicularizar os verdadeiros propósitos dos reais manuscritos negros.
Obs.: Por questões ideológicas e de princípios, retirei 3 entrevistas desta edição (originalmente lançada em MMXII. E. V.). Vale
ressaltar, também, que, os artigos aqui publicados são de total responsabilidade dos seus respectivos autores, não importando a
opinião do zine, pois, somos livres pensadores exercendo a nossa liberdade de manifestação; para isso, damos vazão às nossas
opiniões, ideais, satisfazendo a nós mesmos, sem darmos relevância às críticas alheias. No entanto, há ainda indivíduos sérios que
se identificam com nossas manifestações, e, sempre que possível, elos inquebrantáveis são forjados sob a égide da estrela caótica e
subversiva! Sobre a arte da capa, trata-se de uma homenagem a banda Imprecation (EUA), mais específicamente ao disco
“Theurgia Goetia Summa*, lançado em 1995.
Deixo registrado meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para a materialização deste artefato, em especial
aos confrades: Alexandre Impuro e Black Misantropy Horde; Genilson Lobo e Escuro Abismo Corporation (valeu pela cessão dos
reviews!); Marvyn Castilho; Adauto Dantas (grato pela entrevista do Servi Diaboli); e a todos que, direta e indiretamente,
colaboraram para que eu mantesse acesa a chama dos mistérios que só se revelam àqueles que propõem a ouvir e observar em
detrimento da fala em demasiado. Como consta no O Caibalion, “Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do
entendimento.”
Aquele que ousar enveredar na própria escuridão, revigorar-se-á ante a centelha de lvz fosforescente que cintila no abismo
de Sitra Ahra; transcenderá a própria consciência grosseira e embaçada por resquícios culturais de dogmas judaico-cristãos,
iluminado pela flamejante lvz da oculta sabedoria - que eleva os filhos da sagrada arte e faz os incautos se debaterem como
mariposas sob a opaca luz da 'massa' débil e estéril. Lvx in tenebris lvccet!
Hino à Pã
Tradução de Fernando Pessoa
Vibra do cio subtil da luz, Com ar sem ramos onde não nutro
Meu homem e afã Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Vem turbulento da noite a flux Áspide aguda, forte leão –
De Pã! Iô Pã! Vem, está fazia
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além Minha carne, fria
Vem da Sicília e da Arcádia vem! Do cio sozinho da demonia.
Vem como Baco, com fauno e fera À espada corta o que ata e dói,
E ninfa e sátiro à tua beira, Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Num asno lácteo, do mar sem fim, Dá-me o sinal do Olho Aberto,
A mim, a mim! E da coxa áspera o toque erecto,
Vem com Apolo, nupcial na brisa Ó Pã! Iô Pã!
(Pegureira e pitonisa), Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Vem com Artêmis, leve e estranha, Sou homem e afã:
E a coxa branca, Deus lindo, banha Faze o teu querer sem vontade vã,
Ao luar do bosque, em marmóreo monte, Deus grande! Meu Pã!
Manhã malhada da àmbrea fonte! Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Mergulha o roxo da prece ardente Do aperto da cobra.
No ádito rubro, no laço quente, A águia rasga com garra e fauce;
A alma que aterra em olhos de azul Os deuses vão-se;
O ver errar teu capricho exul As feras vêm. Iô Pã! A matado,
No bosque enredo, nos nás que espalma Vou no corno levado
A árvore viva que é espírito e alma Do Unicornado.
E corpo e mente – do mar sem fim Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
(Iô Pã! Iô Pã!), Sou teu, teu homem e teu afã,
Diabo ou deus, vem a mim, a mim! Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Meu homem e afã! Carne em teu osso, flor na tua vara.
Vem com trombeta estridente e fina Com patas de aço os rochedos roço
Pela colina! De solstício severo a equinócio.
Vem com tambor a rufar à beira E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Da primavera! Sempiterno, mundo sem termo,
Com frautas e avenas vem sem conto! Homem, homúnculo, ménade, afã,
Não estou eu pronto? Na força de Pã.
Eu, que espero e me estorço e luto Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
RECONHECENDO O PSEUDO SATANISMO
Eles estão lá fora! Eles às vezes usam pentagramas. Eles às vezes se vestem de preto. Eles reivindicam freqüentemente ser Satanistas.
Você pode tê-los visto na televisão, em shows, nos programas de entrevistas ou em documentários populares sobre Satanismo. Não,
eu não estou falando sobre os doentes que tentam culpar o Satanismo por seus crimes sociopatas. Eu não estou discutindo cultos
religiosos que parecem estar patrocinando a causa de sobrevivência do ego. Eu não estou me referindo nem aos filósofos do
Objetivismo nem a qualquer outro grupo Libertário. Eu estou falando sobre as ovelhas que se escondem sob peles de lobos. Eu estou
me referindo aos grupos de culto que reivindicam ser Satanistas, mas na verdade são como o Cristão mais dedicado e fanatico! Eu
estou falando sobre os Místicos da Luz Branca que usam decorações Satânicas. Eles estão lá fora e eles são perigosos! Como eles são
perigosos? Bem, em minha própria experiência passei três anos preciosos de minha vida antes de finalmente enxergar o fingimento
de uma organização e começar a desfazer o dano que causou em minha vida. Sim, eu disse dano! Satanismo é a única religião no
mundo a patrocinar a causa do ego. As cerimônias e dogmas do Satanismo estão em todos os seus atos para reforçar esta intenção de
Auto-fortalecimento. Isto é o que distingue Satanismo de todas as outras filosofias e religiões no mundo. O que fazem os Pseudo-
Satanistas? Eles parodiam estes elementos únicos. Eles usarão muitas das mesmas palavras que nós usamos e eles executarão
"cerimônias mágicas Satânicas" e até os mesmos rituais. São especialmente insidiosos quando reivindicam (como fez tal grupo) estar
continuando o trabalho da Church of Satan original, dizendo que esta acabou em algum lugar no passado. Em e si mesmos estes
atos de imitação parecem bastante inocentes. O problema é o que isto pode fazer para danificar o crescimento saudável do Ego do
indivíduo. Grupos pseudo-satânicos não patrocinam a causa do Ego. De fato, eles são geralmente altruísticos. Eles não patrocinam
autonomia individual. Ao invés eles defendem a existência de deuses externos, objetivos para serem adorados e serem obedecidos,
até mesmo se isto requer o comportamento de mártir. Por exemplo, no grupo que tinha me enganado por tanto tempo, havia uma
exigência de que os "sócios da alta-posição" estivessem dispostos a ir ao público e dar entrevistas na televisão, rádio, etc. mesmo se
esta declaração danificasse o indivíduo em sua vida privada! Em outras palavras, eles esperavam que o sócio fosse um mártir para a
sua religião. Dificilmente Satânico. Agora você deveria começar a enxergar o perigo. O poder e liberdade de formação de um
indivíduo forte em um mundo de entorpecentes e mediocridade obediente é lentamente e cuidadosamente cortada por baixo por tal
grupo. São torcidas as palavras da Bíblia Satânica e são torcidas até que eles percam seu significado útil! O Satanismo do ego é
deformado no Pseudo-Satanismo em um escravo místico! Você pode identificar facilmente Pseudo-Satanismo conferindo a maneira
que eles testam a realidade, o modo deles estabeleceram metas e como eles usam a autoridade. Os Pseudos-Satanistas não querem
inspecionar as convicções no severo clarão da realidade. Eles querem girar suas redes de idéias megalomaníacas por todo o mundo
sem nunca testar para ver se há ao menos um grão de verdade no que dizem. Eles sutilmente ou diretamente evitam as perguntas
racionais de um Satanista com sua chamada "fé" ou por uma reivindicação de que este saber é mais alto que a mente racional. Assim
abandonam a realidade - e lhe darão uma marca segura que sinalizará ao grupo que você é mais um pseudo-satânista como eles.
Segundo é a falta de metas claras e meios para alcançá-las. Isto é o ao qual recorre, na maioria do programa da MBA; “meta &
declaração de missão". Pseudo-Satanismo não tem nenhuma meta. O grupo do qual fiz parte substituia suas intenções por "palavras
místicas" (como também fizeram com a razão usando a perspicácia mística). Como resultado, percebi que determinadas declarações
de meta aparentes ao serem decifradas cuidadosamente provaram ser só palavras inúteis. Um teste final da autenticidade de
qualquer Satânico contra grupos pseudo-satânicos é a questão da autoridade contra a razão. Grupos da Luz Branca ocultos seguem
um sistema de posição muito militarista tradicionalmente com graus e títulos de honra. Como Satanistas, entendemos nós que o uso
de um título simplesmente é o uso de Baixa Magia para manipular o escravo a obedecer. A Church of Satan sabe disso e distribuiu
muitos títulos de forma que estes poderiam ser usados por Não-Satanistas!(Não Chore! Você é um Ministro Satânico Oficial!).
Recorrer a um título ou posição "oculta" para evitar responder uma pergunta é um sinal seguro de que você está lidando com
Pseudos-Satanistas. O Pseudo-Satanista usa seus títulos para controlar os outros sócios, não o exterior e a comunidade não-satânica.
Esta é uma reflexão simples do fato que esses que não podem fazer isto no mundo real tenderão criar os próprios pequenos reinos
para reger dentro de uma comunidade fechada de verdadeiros crentes. Estes são os motivos que verdadeiramentefazem do Pseudo-
Satanismo algo perigoso. Nada poderia ser mais perigoso para o indivíduo que negar saber e responder às realidades da vida.
O Pseudo-Satanista faz exatamente isto.
Precavenha-se!
Em Busca do Sagrado Anjo Guardião – SAG
Esse pequeno ensaio é fruto de diversas explicações dadas em listas e tentarei montá-lo em tópicos, para que sirva de referência ao estudante que
busca maiores informações sobre o Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião.
A questão do Anjo na verdade é controvertida por que muitos que passam a sua versão ou definição de anjo sequer sabem o que estão falando. Vide
Mônica Buonfiglio e toda a fileira de Angelólogos, que rezam sabe deus pra quem, já que os nomes usados por essa turma estão na maioria das
vezes está errado. Basta verificar os nomes dos anjos em hebraico e sua gematria pra cair pra trás, com a quantidade absurda de erros que vem sendo
perpetuados por uma gang de incompententes.
Quanto aos supostamente mais sérios ocultistas (onde estão eles??), que fazem comparações com a psique humana, selfs, egos, i d’s (seria uma
abreviação de idiota’s??), também esses estão errados, por que se observarmos pela qabalah (fazemos isso pela praticidade do sistema), veremos que
a comparação com o self ou qualquer semelhante seu também é complicada, por que:
2) Até onde me recordo, o ser humano consegue conceber mentalmente apenas Netzach abaixo do Véu de Paroketh.
Por aí podemos deduzir que toda a concepção dada pela psicologia se encerra às bordas do Véu. E isso numa pessoa altamente de senvolvida, o que
não é o caso de 95% da humanidade (sendo generoso) que está ai apenas pra continuar a espécie. Logo, o SAG está além da psique.
NÃO! Principalmente se adotamos a definição de espírito à luz do espiritismo direta ou indiretamente. Então o que seria? Sou tentado a dizer que
seria mais apropriado e neutro defini-lo como uma energia externa ao Adepto. Porque externo? Por que o anjo vem até você, e não a partir de você.
Essa energia é a mesma que forma tudo no Universo e cuja única diferença entre seres é a vibração a que ela está usando para se manifestar. De resto
é tudo a mesma coisa…
O problema maior ao se falar em Anjos ou coisas assim é que da minha parte, não tenho conhecimento de ninguém fora 1 ou 2 pessoas que tenha
feito o ritual de Abramelin como recomendado, ou até mesmo o Sameck (duvido que até mesmo Crowley tenha seguido inteiramente esse ritual).
Portanto, para falar de Anjo é preciso propriedade, como se deve ter em qualquer tema a ser discutido. Falar é fácil. Fazer nem um pouco fácil. E
digo mais: quem precisa discutir natureza de Anjo ou de Magia, por exemplo, é por que nunca fez nada que preste. Por que se fi zesse teria suas
questões devidamente resolvidas no tempo e forma corretos.
Magia não explica nada. Quem busca a magia pra encontrar uma resposta, sairá cheio de dúvidas. Magia é prática. Usando seu exemplo, pra que
ficar perguntando a origem das coisas se elas funcionam? Essa explicação deve ser dada pelas Ciências, que tem mais tempo pra responder essas
coisas…
“Agora uma maldição sobre Porque e sua família. Seja Porque amaldiçoado para sempre! Se a Vontade pára e grita Por que, invocando
Porque, então a Vontade pára e nada faz“. – Crowley, Liber Al II, 28- 30
Na verdade, o SAG não é a mesma coisa que o Guia Espiritual. São energias distintas. O SAG, em teoria, estaria acima do conceito religião. Tanto é,
que no texto original, Abramelin adverte que não importa a religião do indivíduo, desde este não a tenha abandonado ou trocado por outra,
principalmente se convertido em outra religião.
Outro item que permite que avaliemos o Guia e o SAG, é que até onde sei, várias pessoas podem tem o mesmo Guia. Em alguns casos porém, há um
tipo de Guia individual, que é um espírito em evolução, e ambos (o Guia e seu orientando) evoluem juntos. No entanto, segund o o Sistema de
Abramelin, cada pessoa possui um único Anjo Guardião exclusivo, que não possui outra função a não ser aguardar seus serviços serem solicitados.
Avaliando o SAG a partir de Tiphareth, estamos então vendo sob o prisma da qabalah.
Logo, pelo que é ensinado pelos rabinos, não estamos falando definitivamente de qabalah hermética, e sim pela Qabalah Judaica , o mundo que
concebemos como humano, ou que percebemos enquanto humanos, por mais evoluídos que possamos ser psicologicamente falando, acaba
em netzach.
Ou seja, mesmo um ser humano que tenha atingido o self, que já é um super-humano do ponto de vista psicológico, ele ainda está em netzach.
Se o anjo é encontrado (mas pode ser visto em malkut) em Tiphareth, é por que a pessoa ultrapassou o self. Portanto, não adianta a psicologia
argumentar em favor de algo que ela mesma ainda não compreende que é: o que está além do self?
Mas para vermos a complexidade do tema, ele cria confusão justamente por que para o ser humano comum, o limite ainda é o ego. Antes fosse
o self. Logo, tudo que eu concebo enquanto ser humano padrão, tem que obrigatoriamente estar dentro do EU. Afinal, não se concebe nada além do
umbigo.
A minha recomendação é: Ao invés de se falar de Abramelin, que se faça. Tem muita gente falando sobre o tema que sequer alguma vez leu o livro
completo, quem dirá fazer. E ainda teve uma figura que em outra lista, teve a cara-de-pau de dizer que fez, usando dados que passei (sobre a minha
realização do Ritual de Abramelin) noutra
ocasião, como local e data em que supostamente teria feito o ritual, e aos 19 anos, sendo que a idade mínima requerida é 25 a nos. Isso é que é
magista de m… (desculpe o desabafo, mas é pra você ver como as coisas são).
Aproveitando isso, devo dizer que se alguém aqui da lista pretende fazer esse ou qualquer outro ritual, envio as seguintes dicas:
* No caso do Abramelin, só faça se tiver um tutor que já tenha feito;
* Mantenha um diário decente. Se você não consegue sequer anotar suas práticas num caderno, que merda de magista é você e o que quer com
magia ritual??
* Conheça intimamente o ritual, sabendo quase de cor e tendo providenciado tudo que precisa com antecedência;
* Siga estritamente as recomendações do autor do ritual, não invente, e principalmente, NUNCA SUBSTITUA NADA. Se pede Galanga, faça com
Galanga, não com gengibre. Isso é coisa de magista safado.
* Se acha que não tem competência pra terminar, nem comece.
E principalmente:
É necessário um Tutor?
Quando se faz um ritual, em especial os de longa duração, é muito comum surgirem dúvidas, e principalmente, a pessoa ser bombardeada com
inúmeras informações sobre si mesma e o mundo. Cada ritual tem sua estrutura, e portanto, exige do estudante muito cuidado com aquilo que faz,
pois os resultados podem ser graves.
No ritual de Abramelin, que é o nosso tema, é muito comum a ocorrência de visões, de uma certa esquizofrenia por parte do estudante. Por que isso
acontece? Por que o objetivo de toda iniciação é despertar certas condições no indivíduo, e estas exigem para ocorrer, uma reorganização da nossa
estrutura mental. Israel Regardie comenta bastante sobre esse tema no Z3., de sua obra The Golden Dawn.
No Abramelin, um dos objetivos principais é enaltecer a essência divina do indivíduo e as qualidades de sua crença, qualquer que seja ela. Mas no
Sameck por exemplo, um dos objetivos do ritual, é um rompimento com o sistema de crenças do indivíduo até então. Isso é totalmente oposto ao
sistema de Abramelin, como descrito acima.
ABRAMELIN: O indivíduo pode apresentar sintomas de um fanático religioso. Volta-se completamente para a religião e para a divindade,
chegando até mesmo a um complexo de messias.
SAMECK: O estudante começa a perceber uma total ruptura com seu sistema de crenças vigente, e daí podem ocorrer basicamente duas coisas – Ou
ele fortalece sua crença, ou pode virar um completo agnóstico.
Por isso, a presença de um tutor é fundamental, uma vez que essas mudanças podem mudar profundamente nosso ser, e a forma com o vemos e nos
comportamos no mundo. Caso a pessoa insista em fazer o ritual desamparada, ela corre o risco de ir parar numa casa de Saúde Mental.
E como as mudanças são bastante sutis, a pessoa que está imersa no processo, muitas vezes não identifica o que lhe ocorre, mas como no caso de um
dependente químico, todos ao seu redor percebem a mudança.
Menos o dependente.
E uma vez que se tenha um tutor, é fundamental uma relação de respeito e dedicação na relação tutor/discípulo. Como há a ocor rência de mudanças
na personalidade, podem ocorrer também momentos de certa paranóia, onde o discípulo se acha perseguido e manipulado pelo tutor.
Tudo isso é previsto nesse tipo de ritual. E portanto, a única esperança para o estudante, é que ele seja orientado da melhor forma possível. E para
isso, precisa de um tutor habilitado para tal.
Quando ele se arrisca sozinho, fica muito complicado ajudar, pois não há como saber o estágio do problema que o estudante vivencia.
Oportunamente iremos oferecer maiores instruções sobre como funciona o ritual em si, o que está envolvido ali e como se encontra o SAG
efetivamente.
Atenciosamente,
Em L.L.L.L.,
Fr. Goya
ANKh, USA, SEMB
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As ovelhas que se passam por lobos: “cristianismo às avessas” dentro do Black Metal
É muito comum atualmente (assim como também o era em décadas passadas) ouvirmos hordas e
Black metallers vociferando blasfêmias contra a cristandade como “morte aos cristãos”, “morte aos
fracos”, “morte aos White metal”, “salve Satanás”, “ave Lúcifer”, dentre outras que, de tantas vezes
repetidas e dado ao impacto destas em uma sociedade que insiste em se rotular “cristã”, acabam se
tornando jargões que vão sendo repetidos constantemente e, segundo penso, superficialmente e
desprovidos de reflexões prévias.
Este decadente quadro, contudo, é fruto de um processo maior e mais complexo. Grande parte da
temática satanista/ocultista inserida no rock/metal das décadas de 1970 e 1980 (e em partes também 1990)
não era baseada em um profundo estudo nem tampouco vivência cotidiana, mas sim estratégias de
marketing que visavam unicamente o choque, o impacto.
Tais bandas, em grande parte (apesar de haver exceções como Coven, King Diamond e outras com
conceitos ocultos), utilizavam-se da figura de demônios, pentagramas, cruzes invertidas e outros símbolos
como forma de expor sua mera oposição ao conservadorismo cristão, criando letras que versavam sobre
temas como adorações a demônios, estupros, assassinatos, sodomia, consumo excessivo de bebidas e
tóxicos, com a intenção de personificar o “mal” e assim conquistar legiões de adoradores pelo mundo
todo, alcançando fama e riqueza. Até então não há nada demais. O preocupante é ver estes
comportamentos que se reduzem a uma mera oposição à moral cristã serem propagados sob o rótulo de
“satanismo”, fazendo com que muitos confundam esta complexa e nobre ideologia/filosofia/religião com o
simples ato de fazer o que é convencionalmente “mau” ou “oposto ao que prega a bíblia”.
Visto que o satanismo não se reduz a uma mera oposição à cristandade, o que é então satanismo? Para responder a tal pergunta, precisaremos
primeiro pensar quem/o que é Satã.
Antes mesmo de a bíblia expor a imagem de Satã como anjo “acusador” ou “adversário”, que teria caído ao “inferno” após a derrota da
rebelião luciferiana, este já estava presente em várias culturas. Pan, Seth, Cronos, Saturno, Shaitan, Chiva foram alguns dos deuses que viriam a
representar a figura do “diabo” dentro do imaginário cristão, que criou seus próprios “demônios” a partir dos deuses dos povos pagãos que os
subjugaram ao cativeiro, vingando-se de seus senhores reduzindo seus deuses (assim como reduziram o deus de Israel à mera figura do deus “bom e
paterno”) a seres que personificariam as vibrações e sentimentos “baixos” da humanidade, tais como vícios e desvios de comportamento.
Tendo em vista que o arquétipo de Satã é pré-cristão, falta-nos agora saber a que este está ligado. Vários foram os atributos e elementos
relacionados a Satã por estudantes e praticantes de satanismo e LHP no decorrer das décadas e até mesmo séculos. Em grande parte, este é
representado como uma figura antropozoomórfica com corpo de homem, patas e cabeça de bode (personificado na figura de Baphomet tal como fora
idealizado por Eliphas Levi ou ainda na figura Azazel, o bode expiatório), personificando o elemento fogo, o ponto cardeal sul, matéria, lascívia,
fertilidade, obscuridade, dualidade, instinto, individualismo, irracionalismo, indulgência, etc. Em outras palavras, Satã representa tudo que é natural,
instintivo, impetuoso e prazeroso ao ser humano, assim como tudo que é reprimido e permeia nosso “inconsciente”, por ser considerado algo
“errado” ou “maléfico” dentro de determinada sociedade. Este lado reprimido do ser humano pode também ser chamado “sombra”, “daemon”,
“dragão vermelho”, “besta”, etc.
Sabendo-se que Satã é um arquétipo ligado ao lado obscuro, instintivo e irracional do ser humano, o que podemos chamar de “satanismo”?
Este é uma filosofia/religião que tem o intuito de unir o consciente ao inconsciente humano, tornando-o uno, equilibrado, livre de toda culpa importa
pelo moralismo antinatural das religiões monoteístas, atingindo assim a aceitação de sua condição de ser humano, chave para o desencadear de seu
processo evolutivo físico e espiritual. Observem que quando digo que o satanismo é uma religião não me refiro a esta num sentido institucional,
materializado numa igreja ou templo. Falo em religião no conceito puro da palavra, que significa “religar”. Neste sentido, o satanismo é uma religião
uma vez que “religa” o homem viciado e escravizado por dogmas morais à sua verdadeira essência, sua “sombra”.
Contudo, não podemos pensar em satanismo apenas como indulgência e natureza. Satã também é sabedoria pura e apoteose. Ou seja, ser
satanista significa buscar dia após dia o crescimento e a superação, baseada no empirismo, no autoconhecimento e aceitação, na aquisição de
conhecimento teórico, transpondo barreiras que impedem o contato com nossa “sombra”, nossa “vontade”. Em outras palavras, o satanismo
concebido de modo maduro também tem seu lado luciferiano, tendo em vista que se baseia na auto evolução consciente, conduzindo assim o homem
a se tornar seu próprio deus, rejeitando assim imposições dogmáticas vindas de instituições religiosas.
Abordando o termo “luciferiano”, devemos lembrar também que, diferentemente do que pensam muitos dos pseudo-reais do
necrounderground, Satã e Lúcifer são entes/arquétipos opostos, porém complementares. Se Satã é sombra, obscuridade, matéria, irracionalidade, e
subjetivismo, Lúcifer, o “portador da luz”, é razão, ciência, espírito, universalidade e beleza estética. Satã é “nox” enquanto Lúcifer é “lux”,
lembrando que assim como o satanismo tem seu lado luciferiano, este também tem seu lado satânico, visto que na natureza as forças carecem de
“equilíbrio”.
Chega-se assim ao ponto crucial de minhas críticas vociferadas contra o pseudo-satanismo. Não há como destruir nem sequer renegar o
cristianismo se não renegarmos a essência das religiões abraâmicas. E que essência seria esta? A chamada “moral de rebanho”! Ser cristão não é
apenas adorar a Jeová, orar em nome de Cristo ou ir à igreja aos domingos. O cristianismo, além disso, carrega como sua essência a inferioridade do
ser humano perante um deus e a necessidade de reverenciá-lo e obedecê-lo servilmente, característico da chamada “Era de peixes”. Sendo assim,
uma pessoa que se prostra ante um deus ou entidade, mesmo não sendo de uma religião judaico-cristã, está reproduzindo um
comportamento/moralidade cristão! Enquanto não nos reconhecermos como nossos próprios e únicos deuses, não poderemos desenvolver nosso
potencial auto evolutivo e permanecermos como cordeiros (mesmo sob pele de lobos).
Deixo claro, porém, que mesmo não sendo ligado ao satanismo sob um viés teísta, não sou contra aqueles que assim o concebem, contanto
que suas atitudes e filosofias não sejam meramente voltadas à “devoção” ou “adoração” à Satã, e haja assim reconhecimento da “vontade de
potência” ou “potencial de deidade” existente no ser humano. É isto que rege o pensamento satânico, seja teísta ou ateísta. A escolha de qual destes
dois caminhos seguir será relativa às visões de mundo de cada um, não cabendo a nós julgar.
Portanto, caros leitores, reflitamos sobre estas linhas escritas, ponderemos seu conteúdo e iniciemos uma radical luta dentro do Black Metal
contra o ranço cristão que nele impregna. Lutemos contra este, e também em sua versão “avessa”, com certeza muito mais maléfica e perigosa, pois é
o que mais tenta se aproximar de nós. Leiamos e debatamos, exercendo assim o potencial de deidade presente em nós, pois somos os verdadeiros
portadores da chama negra, do conhecimento cósmico. Salve os arquétipos/espíritos goéticos! Salve a centelha de divindade que em nós faz
presente! Agios! 666!
Hail, caro Armando! Pra inicio de conversa gostaria de saber um pouco sobre a história da horda Servi Diaboli e também a sua, já
que você é brasileiro morando ai na Espanha e fundador da horda. Como foi mora ai e como se deu o início da Servi Diaboli?
Hail Adauto! Bom, vamos por partes, eu mudei a Espanha em Agosto de 2005, tinha vindo visitar meus pais que moravam aqui, e
passa um mês, passa dois, e quando eu percebi eu já estava morando aqui, foi algo muito rápido. Logo, comecei a conhecer gente,
a tocar em bandas covers, outras bandas de metal, mas nada sério, e nesse tempo eu já fazia Black Metal, sozinho na minha casa,
até que um dia escutando gravações demos que eu fazia, notei a força dos meus sons, eram músicas que tinham três ou quatro
anos, que escrevi quando ainda estava morando no Brasil, e ai em Maio de 2011 busquei músicos para tocar.
Antes de ir pra Espanha você foi membro de outras bandas aqui no Brasil? Fale-me sobre elas...
Na verdade bandas não, eu tocava Black Metal na minha casa com um amigo, ele no baixo e eu tomava conta da guitarra e vocal,
tem músicas da Servi Diaboli que são dessa época, como “The Witch”, “The First Night of a Vampire” e “House of Death”, por
exemplo.
Sendo uma horda de Black Metal quais são suas influencias líricas e musicais?
Minhas maiores influencias são: Amen Corner, Sarcófago, Emperor, Death, Dark Funeral, Borknagar, Mactatus... E liricamente o
ocultismo, a necromancia, a misantropia, até mesmo o vampirismo e o gore também.
Como é a cena Black Metal ai da Espanha? Quais outras hordas dai você indicaria pra nos brasileiros?
Bom, eu diria que aqui não tem uma cena Black Metal, sim tem algumas bandas, mas cena como ai no Brasil não tem não. Não sei
qual indicar, mas as mais destacadas são: Hatehordes, Cryfermal, Primigenium.
É muito difícil manter uma formação por ai? Vejo que você enfrenta bastantes problemas pra manter uma formação. Quais os
principais problemas que levam a isso?
Aqui é muito difícil, primeiros porque são poucas as pessoas que são Black Metal, depois que a metade dessas poucas pessoas são
posers ou modistas e depois “se cansam” de tocar Black Metal, aqui tem poucas pessoas sérias e formais para tudo, faltam ensaios,
chegam atrasados, são irresponsáveis... Por isso eu tenho muitos problemas, a primeira coisa que eu peço é responsabilidade e
dedicação.
O primeiro demo foi lançado ai em 2011 trazendo apenas três mísseis blasfememos. Como tem sido a divulgação e distribuição desta
obra por ai e pelo mundo afora?
A divulgação foi ótima, principalmente mundo afora, Brasil e América Latina, Indonésia e parte da Europa, mais do que eu
esperava na verdade, para ser um demo eu esperava menos. E distribuição por aqui pouco, 100 cópias para o mundo afora e 1000
para o Brasil através da Odicelaf Prod.
Foi muito complicados os dias de composição e gravação desta? Porque intitular simplesmente de “Demo”?
Não foi para nada complicado, eu tinha várias músicas pronta, um total de 13 músicas que eu compus sozinho na minha casa,
músicas novas e mais velhas também, encontrei os músicos e começamos a ensaiar em maio(2011) e no dia 11 de setembro(2011)
entramos em Studio para gravar, em 6 horas gravamos toda a Demo, Crazy People Frenzy, My Chaotic Reign e The Witch.
Quanto ao título é porque eu sempre gostei do termo “demo”, em nenhum momento cheguei a pensar em outro título, e se faço
outro demo possivelmente será Demo II.
A arte de capa traz uns desenhos que não dar pra ver claramente... poderia me falar sobre eles e seus significados? Por que eles estão
lá daquela forma meio oculta aos olhos?
Pode-se ver como uma celebração, um culto, um sacrifício, eu quero que o ouvinte tenha a sua própria interpretação dessa
imagem. Estão daquela forma para que o ouvinte tenha mais curiosidade em interpretar e saber o que está ali. Já na parte traseira
pode-se ver claramente uma cena de um pacto.
Depois desta obra vocês fizeram o primeiro show da carreira. Como
foi esta apresentação e tem sido desde então os shows?
O show debut foi ótimo, casa cheia, muita gente entusiasmada, já
que não era normal esse “tipo de acontecimento” por aqui, e havia
muitos curiosos também. Os shows seguintes também foram bons,
mas cada vez é mais difíceis, as condições são cada vez piores e
encima eu tenho o problema das mudanças na formação, tanto é
que agora mesmo estou sem baterista.
Em 2012 esta primeira obra foi lançada aqui no Brasil pela Odicelaf
Prod. trazendo alguns bônus. Fale-nos sobre estes bônus que
inclusive trazem lives, ensaios e alguns covers.
Exato, esse foi um lançamento muito importante para mim, já que se trata do meu país, e como a DEMO já tinha quase um ano
de vida, achei interessante colocar algo mais, algo exclusivo para o Brasil.
Juntei todo o material que eu tinha vídeos de shows, ensaios, gravações caseiras, etc. Queria colocar uma ou duas músicas
bônus, mas tinha tanto material que decidimos colocar um ensaio e mais cinco lives, sendo dois delas covers.
Porque escolheram “Procreating Satan” do Gorgoroth e“I Am The Black Wizards” do Emperor para colocar como bônus na versão
Brasileira da demo? Seria possível um cover de alguma banda nacional em um próximo trabalho?
Nesse momento era os únicos covers que eu tinha gravado, e sei que muita gente ia gostar. Claro que é possível um cover de
uma banda brasileira, já estive pensado nisso, só não sei qual, quem sabe um Sarcófago, ou Amen Corner.
“We Are Hidden” lançada em 2013 é a mais recente obra lançada por vocês apenas em versão digital e ai na Espanha na versão
normal também certo? Como esta os trabalhos de divulgação e distribuição desta?
WE ARE HIDDEN não foi lançada em versão física, nem mesmo aqui na Espanha, e o trabalho de divulgação está mais lento se
comparamos com a DEMO.
Dequem é a arte de capa de “We Are Hidden”? Qual o seu significado?
É “Witches Sabbath”, uma pintura de Hans Baldung. São bruxas adorando e dando oferendas a Satanás.
Em algumas conversas você me falou que não gostou do resultado da parte de bateria desta obra por soar mais Death Metal.
Pretende um dia regravar estas musicas?
Exato, essas mesmas músicas com outros bateristas soam mais Black Metal, quando gravei esse EP eu não tinha um baterista com
experiência em Black Metal, então esse foi o resultado, coisa que eu já aprendi para futuros trabalhos, e sim, algum dia essas
músicas serão regravadas, ou em shows ou até mesmo como bônus para futuros trabalhos.
Existem planos de lançar esta obra aqui no Brasil também pela Odicelaf Prod.?
Estamos trabalhando a possibilidade de um lançamento físico no Brasil em formato Split com mais duas hordas.
É sabido que além da Servi Diaboli você possui outros projetos.Fale-me sobre esses...
Sim, OBITUS VITAE, é a minha one-man-band, ai além de fazer tudo o que eu faço na SERVI DIABOLI eu também gravo os
vocais, baixo, teclado e programo a bateria. Recentemente saiu meu primeiro trabalho, um 5-way-split, saiu pelo selo alemão
Bleichmond Tonschemiede, e dentro de pouco verá a luz o próximo trabalho, um full-length, ainda sem selo para seu
lançamento.
Bom, sem mais agradeço a atenção e paciência em responder as perguntas e espero que esta ajude na divulgação dos trabalho da
fudida Servi Diaboli que espero um dia ver em shows aqui pelo Brasil!
Muito obrigado a você e aos leitores que estão lendo esta entrevista!!! Depois do lançamento do primeiro full-lenght já vai ser
mais fácil levar SERVI DIABOLI ao Brasil, só um pouco de tempo e paciência. HAIL!!!!!
PÁGINA DA BANDA:
https://www.facebook.com/servidiaboliblackmetal
DISTRIBUIÇÃO – ODICELAF PROD.: Entrevista feita por Adauto Dantas, Odicelaf zine
https://www.facebook.com/odicelafzine
https://www.facebook.com/odicelaf
e-mail: odicelaf_zine@hotmail.com
A Pedra Esmeraldina de Lúcifer
Para que o novo possa nascer, cresce e evoluir, para que algo possa ser gerado e
criado, processos destrutivos, porém necessários, devem ocorrer.
Foi o que aconteceu com a esmeralda de Lúcifer. A pedra da testa de Lúcifer não
caiu, exatamente, mas foi dividida e partilhada para que o conhecimento, o
entendimento e a sabedoria se manifestassem na Terra, juntamente coma “fatal”
materialização da espécie humana. A parte que ficou na testa de Lúcifer representa
o aspecto mais elevado do indivíduo iniciado; a parte da pedra na qual foi
esculpida a taça luciferiana representa o aspecto anímico, astral/emocional; a
última parte serviu para talhar a Tábua de Esmeralda, segundo o mito hermético,
mas representa o aspecto astrofísico do indivíduo, assim como a manifestação do
conhecimento na Terra, no plano material.
Essa tábua também representa a Terra sob os auspícios de Vênus (Sophia, Shekinah, Shakti, Sekht), ou seja, a Sabedoria manifestada
e disponível para aqueles que a buscam ardentemente. Sob o aspecto iniciático, Lúcifer e Vênus representam o ideal unificado do
macho e fêmea no indivíduo como um ser espiritual autoconsciente, sábio e completo, realizando os princípios herméticos da
polaridade e do gênero. Tal indivíduo torna-se então o “ungido” pelo sangue derramado da taça esmeraldina. Isso significa que aquele
que desperta o Dragão-Serpente se torna um verdadeiro iniciado de consciência expandida; torna-se Ophis-Christos, Nachash-
Messiah, ou, em outras palavras, o próprio “dragão-serpente ungido” (do grego/hebraico “ophis/nachash” = “serpente”, e
“christos/messiah” = “ungido”), não tendo isso nada a ver com o famoso Jesus pop show muito em voga atualmente.
Cabalisticamente, as palavras “nachash” e “messiah” têm o mesmo valor numérico de 358, assim identificando-se mutuamente como
pares essenciais e necessários à autocriação, evolução e expansão da consciência. O número 358, curiosamente, também constitui em
parte a sequência de Fibonacci, presente na natureza, no corpo humano, na arte, na literatura, na música, na geometria sagrada, em
figuras geométricas, em símbolos como o pentagrama (“cinco linhas”, em grego), etc.
Os termos gnósticos equivalentes a Nachash-Messiah são Ophis-Christos, como mencionado, e Sophia-Christos, sendo a palavra
“sophia” (“sabedoria”) um anagrama da palavra “ophis” (“serpente”). Em ambas as palavras a letra grega phi (?) é central, sendo seu
valor também extraído da sequência de Fibonacci, identificando assim a Sabedoria com a Serpente. Phi é também um símbolo da
Filosofia e da união do phallus com a kteis (pênis e vagina). Além disso, a letra phi expressa crescimento e evolução onde quer que
esteja presente, e na palavra “filosofia” sua presença indica a união amorosa entre Sophia e Pimandro (a mulher e o homem no ritual,
no cerimonial mágico, no casamento alquímico, na união sagrada, etc.) que conduz à iniciação, ao crescimento e à evolução interior
que torna possível a conquista da Sabedoria, a consecução da autoconsciência e a autorrealização.
Sobre o autor: Adriano C. Monteiro é escritor de Filosofia Oculta e LHP e estudioso de simbologia e mitologia comparadas.
Estuda ciências arcanas e matérias correlatas desde 1995, obtendo conhecimentos das mais variadas áreas afins. É membro da
Ordem Dragon Rouge; foi maçom regular do GOB; foi membro da Ordem Rosacruz; foi afiliado à Sociedade Brasileira de
Eubiose; foi afiliado à Sociedade das Ciências Antigas; foi membro do Movimento Gnóstico; foi membro de Ordens de corrente
Draconiana e Thelêmica. É também membro ativo da Sociedade Mensa. Sua obra como um todo busca estimular o livre-pensar e
a libertação de tabus e de entraves dogmáticos sociorreligiosos e também estimula a psiconáutica e a expansão da consciência.
Como escritor, pensador e "amante da sabedoria", seu trabalho também faz uma apologia aos livros, ao conhecimento, à cultura e
reprova enfaticamente a ignorância.
Contato: https://www.facebook.com/sitraahra.org
Esclarecimento Sobre o Aeon’s de Crowley
O conceito de Aeon foi explicitado mais claramente por Aleister Crowley. Um Aeon é uma Quantidade de Tempo, um Conceito e uma Entidade
Viva. Tempo, pois este se manifesta segundo mudanças de Delta-Tempo visivelmente ligadas
a Revoluções Astrológicas. Conceito, pois este é a Encarnação de Toda uma Consciência
Cósmica (por exemplo,o Conceito de Aeon de Hórus é o da Consciência do Homem como
seu próprio Deus perante o Cosmo). Entidade Viva, pois este é como um Logos. Um Logos
que é um Ser Praeternatural ou Transpessoal. Tal Entidade é a União de Todos Aqueles que
trabalham com Esta Energia (Energia Específica do Aeon).Tal Ente é mudado por aqueles que
trabalham neste Aeon e muda aqueles que trabalham com esta Energia Aeônica. É
importante ressaltar que o Aeon passa por três estágios (Gênese;Apogeu e Decadência). A
Gênese é quando este ainda está em sua Forma Embrionária e em Processo de
Formação(como o atual Aeon de Hórus por Exemplo). Apogeu é quando este atinge sua
plena maturidade e atinge o eu zênite(como foi o Aeon de Osíris na Idade Média por
exemplo) e Decadência quando este começa a mostrar sinais de dissolução e rareia como
Influência Cósmica ou de Atingimento de Seres (como é o Aeon de Ísis hoje, que apresenta
poucos seguidores em relação ao seu Apogeu). Os Aeon’s podem manifestar-se ao mesmo
tempo (hoje temos o Aeon de Ísis; Aeon de Osíris e o Aeon de Hórus existindo
concomitantemente, por exemplo). Existem aqueles que forçosamente crêem num Aeon de
MAAT e num Aeon de Seth, contudo isto é uma conjuntura sem quaisquer bases razoáveis. A
primeira noção do Aeon de MAAT surgiu com Frater Achad meramente por uma
gratificação do Ego após uma de suas contentas com a "Grande Besta".E no decorrer de sua
Gênese de Aeon,Achad deixou implícito(erroneamente haja vista que um Aeon tem de valer
para uma "Aldeia Universal")que o Aeon de MAAT só serviria para ele (Frater Achad).
Infortunadamente pseudo-magistas como Sóror Nema e Kenneth Grant(já mostrando sinais de decadência de seu
pensar)tentaram,parvamente,fazer este Aeon valer-se para a “Comunidade Universal” chegando a dizer que este atuava em sinestesia com o
Aeon de Hórus.
O Aeon de Seth é defendido pela maioria dos Sethianos (e pessoas ligadas ao Templo de Seth), como um Aeon separado do de Hórus (este teria
precedido o Aeon de Seth).Contudo isto é um visível disparate,haja vista que na própria Gênese do Aeon de Hórus,Seth foi figura
primordial.Ia-Apophrasz ("Verdade em Movimento"; Seth) é quem esquartejou Osíris e permitiu que este Renasce-se após ser reconstruído por
Ísis em seu Útero. Assim, Hórus continha o Próprio Seth em seu Interno (Vide o Postulado Número Sete do Liber A'Ash vel Capricorni
Pneumatici Sub Figurâ CCCLXX).
Aeon de Ísis
O Aeon de Ísis é o Aeon da Grande Mãe.A data estimada de sua Gênese e Maior Força é de 18.000 a.C. até 3.000 a.C. (Nota:Tais datas são
aproximativas, como explicitado anteriormente, isto não quer dizer que o Aeon parou de ter influências e a existir, tanto que até hoje ainda
existem pessoas trabalhando com tal Energia). O Aeon e Ísis é o Aeon onde a Mulher é exaltada e o das Religiões Pagãs. É o Culto da Natureza,
do Passado. Os Homens procuravam os Deuses e tentavam entender-se fitando processos macrocosmiais (As Manifestações da Natureza eram
Divinizadas). Este Aeon representa uma visão totalmente politeísta.É um período simples, agradável e o Material ignora o Espiritual. Tal Aeon é
a Adoração da Mãe e Todo Universo era tido como simples nutrimento tomado diretamente dela (Grande Mãe) e ontologicamente o Cosmo era
visto de maneira Circular. Este Aeon é clarificado pela Liberdade.
Aeon de Osíris
Aeon de Osíris é o Aeon do Patriarcado e dos Deuses Supliciados. A data estimada de sua Gênese e Maior Força é de 3.000 a.C. até 1904 d.C. (A
mesma nota de parênteses do parágrafo anterior é válida aqui). Neste Aeon encontra-se as Religiões Abrãamicas e a maioria das religiões de
Culto à Morte e Sofrimento (Hinduísmo, Jainismo etc.). Este é o Aeon onde o Masculino (Homem) é exaltado, o Patriarcado ganha Força. Neste
Aeon o Deus procura os seres Humanos e os Humanos tentam entender-se olhando para si próprios (através da análise de processos
Microcosmiais) mas de forma visivelmente incipiente já que atribuem o que vêem em si a um Deus Impessoal. Este é um Aeon que Glorifica o
Sofrimento, a Morte, Deificando Cadáveres e a Servidão a um Deus ligado ao Patriarcado. É visivelmente uma visão monoteísta ou que
caminha para o monoteísmo de análise da Realidade. Este é um período conturbado, melancólico, o Material esforça-se para ignorar o
Espiritual mas falha em sua tentativa. O Universo é visto como Catastrófico e o Cosmo é Ontologicamente visto de maneira Linear. Osíris
escraviza Ísis pois esta não consegue entendê-lo.
Aeon de Hórus
Já o Aeon de Hórus é o Aeon da Criança. A data estimada de sua Gênese e Maior Força é de 1904 d.C.(com a concepção do Liber al vel Legis
por Aleister Crowley) e dura até o presente momento. Neste Aeon encontram-se Religiões como Thelema, Satanismo Contemporâneo,
Caotecismo e todas as religiões que valoram o Ser Humano como seu Próprio Deus e Responsável por Todos os processos que envolve m seu
Microcosmo e nas manifestações deste no Macrocosmo; e que acreditem na Liberdade Humana como a Maior e Única Lei.
É um Aeon que funde os outros dois Aeons Anteriores.Este Aeon cultua o Andrógino (União de Masculino e Feminino com igual Força). Neste
Aeon o Homem procura o Deus dentro de si Mesmo e este Deus Interno (chamado por alguns de SAG, Eu Supremo, Self, Satan etc.) procura os
Homens (O Adepto vai até a Iniciação e a Iniciação vai até o Adepto). Existe uma visão divina tanto Macrocosmial quanto Microcosmial
concomitantemente. Este Aeon é o que Glorifica a União de Opostos que Gera a Mais Bela Harmonia (Trevas x Luz;Ódio x Amor etc.) de Forma
Equilibradamente Perfecta Consigo Próprio e com isto com o próprio Meio ("Tudo que está acima é como Tudo que Está Abaixo"). Este é um
Aeon tanto monoteísta quanto politeísta, da sorte que para o Homem só existe um Deus (Ele Próprio) mas para atingir esta Divindade ele pode
(e muitas vezes precisa) trabalhar com variados arquétipos de personalidades e manifestações encarnadas em diversas Imagens -Deus ou
Deuses. Este é um período de Júbilo e Alegria onde o Material funde-se com o Espiritual de forma totalmente Equilibrada,é um Crescimento
Contínuo utilizando as Duas Visões (Isiana e Osiriana) adicionada de Novos Elementos.Hórus é a retomada da Liberdade de Ísis e a capacidade
de Moldar esta Liberdade conforme à Vontade (fim de todos os Tabus Possíveis). Este é um Aeon que possui a Visão Ontológica Linear e Circula
(fusão da noção metafísica dos dois Aeon’s anteriores),este concebe que na Realidade Tudo é Circular,mas Abaixo do Abismo de Daat onde é
Tudo uma Ilusão-Temporal as cousas são apreendidas de maneira Linear pelo Inconsciente Coletivo desde as mudanças empreendidas pelo
Aeon de Osíris. Da mesma forma que a concepção da Grande Obra é um processo Progressivo-Linear mas envolto em Circularidade.
É importantíssimo ressaltar que algumas Religiões pertencem em sua maior quantidade (falando em valores de percentagem) a um Aeon,mas
não quer dizer que não possam conter alguns poucos elementos pertinentes a outro Aeon em forma primitiva.
O indivíduo ao concluir sua Grande Obra, trabalhando com as Energias do Aeon de Hórus tanto se descobre como Divindade Própria da
mesma Sorte que Se une ao Logos (mas sem este dissolver-se plenamente neste Logos). Aeon de Hórus,mesmo com sua “abertura para Aldeia
Cósmica" com a concepção do Livro da Lei de Crowley,ainda é uma pequena semente que sequer germinou plenamente.Ainda terão de ocorrer
vários zeitgeists (através da Configuração de Ra-Hoor-Khuit de Hórus) para que Heru-Ra-Ha (a Forma Criança e Mais matura do Aeon de
Hórus se estabeleça plenamente).
Existe uma Teoria (formulada por este que vos escreve)de que existe um Logos que está presente desde o Primeiro Aeon,e que assumiu sua
Suma Representação e Desvelamento no Aeon de Hórus,e que no acto de auscultar e trabalhar neste Logos descobre-se a própria Divindade e
une-se ao Logos (como dito anteriormente). Este Logos é Baphomet. No primeiro Aeon,tal Logos era A Encarnação de Todos os Deuses
Corníferos e a Própria Grande Mãe (vide que na Grécia Antiga,Baphomet foi encontrado como a representação da Deidade Busbastis - uma
Modificação da deusa Bast dos egipcios -. Afirma-se que sua nomenclatura - Baphomet - é advinda de Busbastis que pode significar "Mãe de
Sangue"). No Segundo Aeon,este configurou-se como o Baphomet dos
Templários (TEM OHP AB - "Templi Ominium Hominum Pacis Abbas" - "Pai do Templo,Paz Universal dos Homens") e depois Correlato a
Satã.No Terceiro Aeon,uma de suas manifestações é Seth,que altera a Realidade Estagnativa através do Movimento,e depois é o próprio Ra-
Hoor-Khuit (Hórus,Plenamente desvelado em Toda sua Glória e Andrógino). Destarte, Baphomet é o Logos que existe desde o Primeiro Aeon e
que assumiu diversas configurações até ser Totalmente desvelado para quem Quiser Fitar e adentrar na Senda do Sol_Negro no Terceiro Aeon.
Uma exemplificação disto pode ser retirada do Liber Null and Psychonaut de Peter Caroll:
Caroll usa uma divisão de Aeons distinta, e derivativa da de Crowley,da que foi apresentada(visão esta incorrecta na concepção deste que aqui
escreve). Contudo esta visão distinta não atrapalha no entendimento do cerne da questão aqui colocado.Traduza-se o Primeiro e Segundo
Aeon como o Aeon de Ísis. O Terceiro Aeon e o Quarto Aeon são o Aeon de Osíris. O Novo Aeon é uma Visão de Baphomet Desvelado no Aeon
de Hórus (como o Deus-Único contido em Todos Nós;e que nos Transcende Unindo-nos a esta Energia Cosmial que é a Força de Todos os Self’s
Emancipados que Trabalham nesta Via e que Existe Desde o Início dos Tempos).
B.'.A.'.P.'.H.'.O.'.M.'.E.'.T.'. Um ensaio analítico-simbólico
Prólogo
O presente ensaio busca exaurir analiticamente a simbologia presente na figura de Baphomet. Digo exaurir, mas não esgotar. Ver-se-á a riqueza que
esta imagem encerra, a qual não poderia ser sintetizada senão pictoricamente, como o fez Eliphas Levi. É bem conhecida sentença popular que diz
“uma imagem vale mais do que mil palavras”. Tal se aplica ao simbolismo presente neste grande síntese panteísta, que se resume neste nome tão mal
compreendido. A imagem de Baphomet é comumente associada ao demônio, a Satã, ao bode do Sabbath dos feiticeiros. Tudo isso pode estar correto
num certo sentido (profano, evidentemente). Entretanto, acima das falsas luzes do mundo cotidiano, respirando o ar luminoso do Monte
Zyon, Baphomet é um sacramento dos Iniciados e Adeptos (do latim sacro+mente=aquilo que mantém o sagrado na mente, traz a santidade aos
pensamentos). Deixai que os profanos o maldigam e o apedrejem. Os profanos não são culpáveis por isso, como não são imputáveis pelos seus crimes
os loucos e os incapazes. Eles não são capazes de contemplar o rosto horripilante do ídolo, como não são capazes de nada. Eles não têm “olhos quem
vem” e nem “ouvidos que ouvem”. São cegos e surdos. Baphomet não é para estes. Baphomet é para os que têm os olhos abertos e contemplam para os
que ouvem e entendem para os que estão despertos. Para aqueles que são capazes de trilhar o Caminho que suas mãos indicam: mergulhar nas
profundezas, ascender aos céus, santificar as profundezas e as alturas, descansar sob a sombra das suas asas, sorver leite das estrelas que flui de seus
seios, o elixir da eternidade. Baphomet é uma imagem (ειδολον). Nós tentaremos ir além da imagem, e decompô-la ao máximo. Solve! É a ordem dada
pelo Senhor da Iniciação, até reduzir tudo a pó. Coagula! O sentido extraído do todo deve se aglutinar no templo interior do Adepto até tornar-se Pedra.
Agora tritura tudo, e tereis a tintura, o Elixir da eternidade. Baphomet é tudo isso e não e nada disso. Depende da perspectiva e da capacidade do
artesão. Mas cuidado. Eu me refiro varias vezes a ele como ídolo, ainda assim Baphomet não deve ser adorado. Aparta-te da idolatria. Baphomet não é
um deus. Ademais, os Adeptos não adoram deuses: os Adeptos são DEUSES!
A.´.M.´.E.´.M.´.
I CAPUT
Após os pilares do templo, adentra-se no átrio do Sanctum. Não há como ver muito longe. O silêncio é absoluto e qualquer murmúrio é uma blasfêmia.
Mas há uma luz que se adivinha lá adiante, no Sanctum Sanctorum. Até aqui as sombras reinaram. O irmão terrível, ainda em silêncio, aponta adiante o
Véu dos Mistérios Sublimes, o véu de Peroket. Olhar além deste véu é como mergulhar no abismo. Então o irmão terrível dá a ordem e o véu se abre, e
contemplamos face a face o senhor da Iniciação.
-o0o-
Entre os cornos de Baphomet vemos a tocha, porque ele é o Dadouches, o principal iniciador de Eleusis, o portador da tocha, o Phosphoros Grego,
aquele que trás a luz da Iniciação, associado a Prometeu, que furtou de Zeus o fogo sagrado (λογοσ), e deu-o aos homens. Para os romanos ele é
Lúcifer, aquele que trás a luz. Note-se que tais significações estão no seu sentido original, i. e., não maculadas pelo sentido cristão. Como portador da
luz, representada pelo fogo, teremos que nos focar nas significações deste elemento, uma vez que a tocha existe em função do fogo. É também o chakra
Sahasrara, o lótus de mil pétalas. Resultado da aplicação correta da fórmula I.N.R.I. que será analisada em ocasião própria. Quem trouxe o fogo aos
homens foi Prometeu, segundo o registro de Heródoto em “Os Trabalhos e os Dias”. Tal episódio reproduz com outra simbologia a passagem do
Atharva Veda, 12, 2, que proclama: “O Deus Agni escalou os cimos celestiais/ e ao liberar-se do pecado/ ele nos libertou da maldição”. Assim teremos
uma semelhança entre Agni e Prometeu, ambos como seres benfazejos ao homem. Agni (raiz etimológica de Ignis = fogo em l atim, veja também que
“puro” e “fogo” tem a mesma palavra no sânscrito) é apenas um aspecto do fogo, pois há no hinduísmo, três espécies: primeiro Agni, o fogo em si
mesmo, o segundo Indra, o raio e o terceiro Surya, o fogo como Sol, portanto, estes são os arquétipos do fogo terrestre, intermédio e celestial. Seja qual
for o aspecto, o fogo (Pyr em persa, πυρ em grego), guarda estreita relações com os ritos de regeneração e purificação (note aqui a raiz etimológica).
Assim a tocha de Baphomet acende o Athanor filosófico, o cadinho onde é gestada a pedra filosofal que será triturada para produzir o Elixir da
Imortalidade (Amrita ou Soma). O Athanor assim encontra-se no coração, pois este é o centro do Manipura-chakra, cujo símbolo é triangulo ígneo,
segundo os Upanichads. O sistema de chakras também é encontrado no tantrismo tibetano, que consideram apenas cinco centros de força sutil, e que
também associa o fogo ao coração. Além disso, o coração é a morada do espírito (Jacob Boheme), e relacionando-se com o espírito e fogo chegaremos
ao Espírito Santo, que se manifesta no cristianismo como línguas de fogo no pentecostes. O Logos manifesto. Note que o Espírito Santo é relacionado
ao sêmem, pois no BAHIR é dito que o sêmen provêm do cérebro e caminha pela espinha até o falo, este também um símbolo cognato (φαλοσ é um
cognato de πιραμισ onde ocorriam iniciações). No judaísmo, as ofertas ao Tetragrammaton eram queimadas, pelo que nos explica Abu Ya’qub
Sejestani, o fogo eleva as coisas ao estado sutil (espiritual) pela combustão do invólucro grosseiro, assim tanto se presta a trazer aos homens o Logos,
quanto a levar aos deuses a essência. Vejamos também como tal o sentido dos ritos fúnebres, a cremação dos corpos entre os gr egos e os hindus tem o
mesmo significado, pois o fogo é não apenas um elemento purificador ou regenerador, mas também seu toque assegura a passagem de um estado a
outro. Ainda, o fogo da tocha de Baphomet é o fogo que consome o fogo devorador, o αγαπε, um dos três aspectos do Amor, segundo Platão (εροσ e
φιλοσ são os outros dois), e justamente o aspecto cósmico do amor, e não apenas o sexual (εροτοσ) e altruísta. O αγαπε é o amor que leva o Adepto ao
auto-sacrifício espiritual. Por fim, sendo o fogo um símbolo do intelecto ou logos, ou de Tipheret para os qabalistas, o sentido pleno só pode ser
compreendido em relação aos dois chifres, formando assim um ternário, como nos desvelou E. Lévi. Sem o a tocha, os chifres si gnificam a díada, o
dois, o número que, tomado em si mesmo, é a dualidade, o mal (διαβολοσ, origem etimológica de diabo, significa aquele que divide). Em seu aspecto
negativo é vhbv vht, o vazio e o amorfo, cujo valor é 430, o mesmo de >pn, a alma animal (irracional) do homem. A tocha sendo o Espírito Santo,
'>ydq 'xvr, que organiza o vácuo e a matéria, reconciliando o Caos primordial. (Compare com a passagem do Gênesis I, 2.) Sendo o chifre um símbolo
do Poder (em hebraico nrq=chifre, poder, força, provável raiz etimológica da palavra latina “cornu”), sem o Espírito reconciliador, o poder é dividido, e
não subsiste, além do que são de caráter lunar e não solar, pois são de touro para alguns, e de cabra para outros, ambos símb olos ligados a terra e seu
aspecto fecundo, também ligado à fertilidade e daí a sexualidade, dividida em papéis ativo e passivo. Segundo René Guénon, a associação entre o
Touro e a Lua era familiar aos sumérios e também aos hindus, sendo reconciliado pelo crescente lunar, presente em ambos os pa nteões. Para os hindus
o Mahabharata identifica Shiva com sua montaria, o Nandi, ou touro sagrado. Em representações mais antigas, Shiva possui chifres. O Amom egípcio,
o deus oculto, era chamado no livro dos mortos de “Senhor dos dois chifres”, mas estes são de caráter solar, chifres de carneiro, conforme se tem pelas
representações de Apolo Karneios e mais tarde Dionisos. Segundo Jung o chifre reconcilia, em si mesmo, os papéis ativo e passivo, respectivamente
pela força de penetração e por sua abertura em forma de receptáculo. Nas religiões persas encontramos Mitras imolando o touro, o pai de todas as
coisas. Esta relação entre o touro e Mitras encontra uma ressonância emBaphomet que para alguns ocultistas induz a plena identificação de ambos os
seres. Crowley dizia, citando Von Hammer-Purgstall, que Baphomet era originalmente grafado com um “r” solar no fim da palavra, assim
teríamos Baphometr (?) ou Baphomitr (?), que significava “pai Mitra”, e ele era um deus touro ou matador de touros.
Além disso, Mitra era uma divindade solar dos persas, na realidade ele não matava o touro, mas o sacrificava, fazendo deste animal, entre os orientais,
um animal solar, em contraposição a natureza lunar do mesmo touro entre os babilônios, embora ambos estejam relacionado à fer tilidade, aos ciclos do
das estações e a agricultura. Resumidamente, os poderes dos chifres lunares de Baphomet poderiam ser tomados como as forças ativas e passivas da
natureza, balanceadas pelo intelecto ou Logos. O Adepto ou iniciado deve possuir esses atributos, sendo essa a natureza do Bo dhisattva, termo
sânscrito (em tibetano Diang Shuv Sempa), que significa “aquele cujo espírito é desperto (a tocha) e que age com coragem (os chifres)”.
-o0o-
O simbolismo dualista presente no glifo nos indica a princípio o caráter andrógino do ídolo. Nele estão presentes, além dos signos duplos dos braços,
chifres, luas, etc., a unidade dos dois sexos, representados pelos seios e pelo falo, ou lingan, em forma de caduceu. Os traç os da androginia são
presentes em muitas divindades como Adônis, Dioniso, entre outros. Não é um ser assexuado, como quer o modelo do cristianismo, mas explicitamente
bissexual, conforme podemos observar nas divindades gregas. Zeus teve “casos” com mortais e imortais de ambos os sexos, Dioni so o fazia
igualmente. O lingan tântrico é representado muitas vezes com a Yoni em seu corpo. Shiva e Shakti abraçam-se e tornam-se Adha-Nari, o ser
primordial. Veja também os diálogos de Platão, especialmente o Banquete.
Não apenas no paganismo encontramos tais ocorrências. O Midrash judaico também relaciona a androginia de Adam-Kadmon como um estado que é
preciso reconquistar.
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A cabeça do ídolo é a do Bode, animal de natureza lunar, em oposição ao carneiro solar, mas segundo Levi trás os traços do cã o, do touro e do asno.
Levi interpretou esses hieróglifos de uma forma demasiadamente pejorativa, os associado a responsabilidade da matéria e a expiação dos pecados
corporais; provavelmente, em relação ao bode, tenha sido inspirado pelas lendas do Bode de Zazel, o bode expiatório, e daí sua relação com o pecado.
Essa significação não se esgota nisso, aliás, ela é muito mais profunda e dirige-se a rumos bem diferentes do imaginário judaico-cristão. Isto apenas
indica que o simbolismo do bode e da cabra foi extremamente degenerado do cristianismo para frente, principalmente pelo aspecto sexual da figura.
Libidinosus foi a palavra usada por Horácio nos Épodos, Livro 10, verso 23, para designar o animal que era sacrificado para afastar as tempestades,
ambos os símbolos associados ao desregramento e ao caos. Saint-Martin chama-o de “animal fedorento”, sinal da “abominação”, “rejeição”,
“putrefação e iniqüidade”. Foi na idade média que a iconografia cristã associou o Diabo, o deus da luxúria (sexo) ao bode, em decorrência de sua
absorção a necessidade de reprodução. Na Índia, a cabra é Prakriti, a mãe do mundo (AMMA MUNDI), que possui três qualidades essenciais: sattvas,
rajas e tamas. A cabra, além de sua ligação com a fertilidade (Pan, divindade arcádica da fertilidade era representado com ca scos e chifres de bode) e a
luxúria por sua pujança e fecundidade genésica (libido), era sagrada na maior parte das culturas antigas. Adorada entre os babilônios em Susa como
deus da fertilidade, era especialmente considerada pelos gregos como portadores de teofania, sendo sacrificada na ocasião da consulta dos oráculos.
Diodoro da Sicília relata que em Delfos foram elas que chamaram a atenção dos camponeses para certos vapores que exalavam das rochas, e que
faziam as cabras pular de modo bizarro e incomum. Sobre estas rochas eles fundaram um oráculo. Ainda entre os gregos, é conhecida a tradição órfica
que a alma iniciada é como um cabrito caído dentro do leite. O bode é especialmente caro também a Dioniso, uma vez que além de ser sua oferenda
predileta, foi na forma de um bode que ele fugiu de Typhon, indo para o Egito. O simbolismo do bode se liga de forma sutil ao do fogo, vez que ambos
são considerados elementos essenciais dos ritos de Iniciação. Ainda no Atharva Veda, 9, 5 vemos tal associação de modo claro: “o bode é Agni; o bode
é o esplendor/que afasta as trevas para longe./ ó bode, sobe ao céu dos homens justos”. As patas da figura são também de bode. Além do que os bodes
são exímios em escalar grandes montanhas ou picos rochosos. Seu equilíbrio é notável e não demonstram medo algum de altura. Tais qualidades são
esperadas do iniciado, mas em sentido esotérico, i. e., as alturas da sabedoria as vezes se tornam sufocantes, o ar se rarefa z, mas como o bode, no qual
ele tem se convertido (a idéia é de Orfeu), ele não deve se deixar arremeter pela falta de ar nem pelo medo da altura. Os traços de cão ou chacal são
facilmente associados ao deus Anpu ou Anúbis como psicopompo, ou guia das almas ao mundo subterrâneo, Thuat. Esse processo de morrer implica o
renascimento de Osíris, um cognato explícito da Iniciação. Assim Anúbis é o guardião do portal para o mundo subterrâneo, isto é, o mundo oculto, o
templo onde a Iniciação ocorre para o renascimento do neófito como Osíris. Vemos o cão no mesmo posto na mitologia grega, onde haveremos de
encontrar Cérbero, o cão de três cabeças do Hades, um monstro mitológico, afável para os que chegam, brutal e feroz para os que tentam escapar. Além
disso, para os profanos o principal atributo do cão é a fidelidade, que para um iniciado é uma das principais virtudes. Assim o iniciado tem estes
atributos do cão como elementos do seu juramento: ser fiel a ordem, e guardar as portas do templo contra a curiosidade dos pr ofanos. Ainda ligado ao
mundo dos mortos, veremos que na Índia o asno aparece como o asura Dhenuka, ligado a Nairrita, guardião da região dos mortos e Kalaratri, aspecto
sinistro de Devi. O asno era relacionado comumente a ignorância na maioria das culturas antigas. Apuleio, no livro O Asno de Ouro, mostra-nos Lúcio,
apaixonado por uma cortesã, sendo transformado em asno, que segundo Jean Beaujeu, é “a manifestação concreta, o efeito visível e o castigo de seu
abandono ao prazer da carne”.Concluímos assim que o asno está intimamente ligado aos aspectos bestiais da força sexual. Mas n o quesito relacionado
à Iniciação, encontramos o asno relacionado a Baco. Aristófanes, no poema As rãs, coloca estas palavras na boca do deus: “eu sou o asno que carrega
os mistérios”, e, conhecendo as relações das lendas de Cristo e Dioniso ou Baco, teremos um paralelo com a celebração da festa dos ramos, quando o
Cristo (que representa um grau e não uma pessoa) adentra as portas da cidade sagrada montado numa mula (um asno “castrado” para os freudianos).
No cristianismo o asno parece ser um animal sagrado, uma vez que, além de carregar o Cristo na sua sagração pública, aparece em sua natividade e na
fuga para o Egito. Neste âmbito judaico cristão, o asno esta também associado a Saturno, o segundo sol, que é a estrela de Is rael. Saturno portanto é
identificado com o Tetragrammaton. Por sua vez, Saturno se relaciona com Set, o deus Egípcio que era adorado nos desertos do sul na forma hierática
de um deus com cabeça de asno. Finalmente, quanto a natureza do glifo, não parece ser um animal lunar, mas solar, uma vez que é associado
comumente pelo tamanho de seu pênis a Príapos, uma divindade grega da fertilidade e da agricultura, de natureza solar-fálica, como todos os deuses
solares, que são também relacionados ao falo. Os traços de touro e seu simbolismo já foram explicados acima quando interpretamos os chifres.
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II-TORAX
Os seios da figura, segundo Levi, são relacionados à maternidade, uma asserção bastante óbvia. Mas há também uma relação estr eita com proteção e
medida. Bath (tb) em hebraico significa filha, mas também medida, a palavra mãe (ama) também se refere a medida, o que infere que os seios da
figura, sendo um glifo da maternidade e de medida ao mesmo tempo. No que tange a esta última significação, há uma referência velada ao equilíbrio
necessário entre as operações alquímicas sugeridas nos braços humanos da figura (solve et coagula), isto é, seus seios são o “fiel” da balança. t b tem
valor numérico 402. Dividindo por dois, encontraremos a palavra Luz, em hebraico Aur (rva cuja forma alternativa é ra). São dois seios, duas luzes,
medidas, balanceadas, equilibradas. Além disso, o seio esquerdo pode querer significar a lua, cuja natureza feminina se refere a coagulação, enquanto o
direito ao sol, masculino e quente, responsável pela solução. Num plano mais acima, simbolizam as sephiroth Chesed e Geburah, respectivamente
aglutinante e corrosiva. Os seios da figura vertem leite, são uma fonte. Leite em hebraico é Chalav (blx), cujo valor é 40 (40x4=160= qny mamar, sugar
os seios). No Ramaiana, o elixir da eternidade é resultado da batedura de um mar de leite, além disso, o leite é o primeiro alimento e a primeira bebida
que nutrem o recém nascido, assim, é um símbolo esotérico da pura gnosis, o primeiro alimento dos iniciados, uma vez que o leite é expressamente
associado por Maomé ao conhecimento e a sabedoria, segundo um hadith (tradição) registrado por Ibn Omar (El Bokhari, les traditions islamiques,
Paris, 1914), há também referências em harmonia com esse conceito na literatura tântrica, o Boddhichitta simboliza tanto o pensamento como o sêmen.
Os Vedas se referem ao leite como a bebida da imortalidade no Agnihotra, a oração matinal: “Indra e Agni vivificam/ este leit e em alegre canto: / que
ele dê a imortalidade / ao homem justo que sacrifica”. Também nos hinos órficos o leite é exaltado como símbolo da imortalidade: “Feliz e bem
aventurado / serás tu feito um deus, e não apenas mortal. / Cabrito, caí dentro do leite”. A relação sugerida do cabrito, que simboliza o recém-iniciado
já foi acima elucidada. Assim o leite dos seios de Baphomet é o “leite da virgem”, uma expressão alquímica para o Elixir da Longa Vida.
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Levi desenha penas no dorso da figura, entre os seios e as escamas. As penas são multicoloridas ou policrômicas, como as do p avão, que é, nos Jataka
Budistas, um símbolo do Bodhisattva, o iluminado. Por serem as penas do pavão policrômicas, representam as variações de luz do prisma,simbolizando
os sete planos astrais ou os planetas da astrologia clássica. Afinal, todas as cores do espectro que o homem pode captar são em número de sete. Em
outras culturas, como no Curdistão, teremos os Yezids venerando Malik Tauus, o pavão real. Segundo Idries Shah, o significado deste nome é Rei
(malik, semelhante à melek em hebraico) da terra verdejante (tauus). É na realidade, para o mesmo autor, um símbolo da soberania (indicada pelo
termo Malik) sobre a mente (a terra verdejante - tauus). As associações do pavão com a vaidade são degenerações típicas do cristianismo.
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As escamas do seu ventre não foram elucidadas por Levi, e podem ser tanto de peixe quanto de serpente. Segundo Levi devem assumir a cor verde, o
que as relaciona com Netzach, o firmeza ou vitória, e daí a Vênus, divindade nativa do mar, indicando para alguns que as escamas sejam de peixe,
símbolo riquíssimo, relacionado ao elemento água, que pode ser relacionado a três grandes temas: fonte da vida, regeneração e p urificação. A natureza
aquática de Baphomet, liga-o ao grande mar de Binah, o mar da sabedoria, as águas negras, Maym, sobre as quais paira o Espírito dos Elohym, a água
como a matriz ou suporte físico da criação, e também da nutrição do conhecimento (gnosis), pois são várias as passagens nas escrituras sagradas do
judaísmo em que se faz referência a “águas vivas”, e água, no Bahir é uma palavra cognata a conhecimento. O simbolismo da água, sugerido pelas
escamas de peixe da figura, são demasiadamente complexos para serem analisados aqui. Na Índia, o peixe Matsya é um avatar do deus Vishnu. Este
peixe salva Manu do dilúvio e lhe entrega os Vedas; assim o peixe é o revelador da doutrina sagrada, sendo um ser relacionado à teofania, como a
cabra (lembre que o signo de capricórnio é representado comumente com corpo de peixe e dorso caprino). São também considerados como elementos
de teofania o Dagon fenício e o Oannes mesopotâmico, ambos portadores da revelação. O peixe além de revelador é também um animal ligad o a
redenção. É conhecida a história de Jonas, que passou três dias na boca de uma baleia, e também de Ântio, na Grécia, salvo por golfinhos. O
simbolismo do delfim mescla os atributos de revelador e redentor fazendo parte do culto de Apolo, o deus da profecia, e dá o nome ao principal oráculo
desta divindade (delfos = raiz etimológica de delfim). A simbologia do peixe é deveras conhecida no mundo antigo. Tal é sua popularidade que foi
posteriormente associada a Cristo. A palavra grega ΙΧΤΘΣ, peixe, é um notariqon de Ιεσουσ Χριστσ Τεοσ Θιουσ Σοτηρ (Jesus Cristo, Filho de Deus,
Salvador). Além disso, o peixe é relacionado ao espermatozóide ou o sêmen, por motivos bastante óbvios, e daí relacionando-se com o Logos,
conforme se pode ver acima. Assim, lembremos ainda que o peixe além de estar relacionado a Vênus, está do mesmo modo a Mercúrio, primeiro pela
sua cor e depois por ter sangue frio. Este ultimo símbolo o reconcilia com a qualidade de revelador e redentor, ambos atributos de Hermes ou Mercúrio,
o mensageiro dos deuses.
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III-PHALO
Chegamos, assim, num dos sigilos mais importantes da figura, o Kerikeyon, ou caduceu de mercúrio (que rompe do manto que oculta as pernas do
ídolo e atravessa um semicírculo que representa o anel de constelações do zodíaco) é um símbolo dos fundamentos do mundo (Yesod). O caduceu é
posto no ídolo no lugar do falo. Há passagens no Bahir que aduzem explicitamente que o falo dos justos é o fundamento (Yesod) de tudo o que vive, e
a coluna sobre a qual se apóiam os céus; há também a passagem em Provérbios, 10, 25 com significado semelhante (o justo é o fundamento –Yesod –
do mundo). A figura pode parecer um tanto provocativa para o gosto judaico-cristão, mas o falo na antiguidade não tinha o sentido pejorativo que
ganhou após a ascensão dos patriarcas católicos. Sua significação não se restringe a atributos eróticos ou sexuais, mas sim ao poder gerador, o canal e
fonte do sêmen, como símbolo do Logos Divino, e é venerado de forma velada em inúmeras religiões. O falo é o pilar da vida, s eu manifestador, além
do que fica no centro do corpo, sendo chamado de sétimo membro, assim não é simplesmente um membro sustentador, mas equilibrador, e o falo
de Baphomet não é um falo qualquer, é o Caduceu de Hermes, o símbolo maior do equilíbrio dinâmico das forças complementares. O caduceu é um
dos símbolos mais antigos da humanidade, e remonta ao século XXV a.C. aparecendo simultaneamente em Lagash, na Suméria, e na Índia, nas tábuas
Nagakals. Essas tábuas retratam o Brama-danda, o eixo (falo) do mundo, enlaçado por duas serpentes helicoidais (naga) que por suas origens tântricas,
representam claramente sushuma (o bastão ou falo) que é, segundo Blavastky, o eixo central da espinha dorsal, pelos quais sobem em forma espiral os
dois aspectos do pranayama, os nadis chamados ida e pingala (as serpentes helicoidais – naga-kalas). Os nadis ou canais ou kalas são representados
pelas duas serpentes, uma vermelha e a outra azul, símbolos das correntes cósmicas ou akáshicas, de polaridade dupla, equilib rado pelo eixo central ou
bastão, por onde flui a energia ígnea da Kundalini. Temos aqui uma reprodução no plano microcósmico do que a cabeça da figura representa, isto é, em
relação aos chifres e a tocha entre eles. Com os gregos, talvez por inspiração egípcia, o caduceu ganha novos atributos, o globo alado, símbolo de Aton,
o disco do sol. Assim o símbolo deixa de ser ctoniano (pelas simples presença das serpentes) e ganha qualidade uranianas (representadas pelas asas).
Nele também estavam os símbolos dos elementos primários: a madeira do bastão correspondia a terra, as asas ao ar e o fogo e a água pelas duas
serpentes. Os romanos interpretavam o caduceu como poder, pela presença do bastão, prudência qualidade das serpentes, a diligencia, sugerida pelas
asas e os pensamentos elevados, em virtude do círculo. A dualidade presente no símbolo faz lembrar os poderes de vida e morte detidos por Hermes,
que segundo Pausânias, tinha dois cultos distintos: o Hermes negro (ctoniano) que guiava as almas ao Hades e o Hermes branco (uraniano) que
desempenhava o papel de núncio divino. O caduceu encontra ecos na qabalah, sendo uma síntese hieroglífica da árvore da vida ou Otz Chiim (e o
bastão é de fato um símbolo da arvore do Éden, onde a serpente da sabedoria se enrosca). Assim, o circulo alado representa Kether, a cabeça das
serpentes são Chokmah e Binah, o nódulo superior Daath, o duplo enlace superior Chesed e Geburah, o nódulo do meio Thipheret, o duplo enlace
inferior Netzach e Hod e o nódulo inferior Yesod; Malkut é a base do cetro. Por fim, citemos Van Lennep (Ars et Alchemie, Bruxelas, 1966) que aduz
significações alquímicas ao caduceu:
“É o cetro de Hermes, deus da alquimia. (...) Estas (as serpentes) representam para o alquimista os dois princípios contrários que se devem unificar,
quer sejam o enxofre e o mercúrio, o fixo e o volátil, o úmido e o seco, o quente e o frio. Esses princípios conciliam-se no ouro unitário da haste do
caduceu que surge, portanto, como a expressão do dualismo fundamental que ritma todo o pensamento hermético e que deve ser reabsorvido na
unidade da Pedra Filosofal”.
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O manto que envolve a parte inferior da figura é de cor púrpura, a cor de Chesed, a mesma utilizada pelos imperadores e magistrados romanos,
expressando autoridade ou supremacia. O manto está especialmente ligado a transmissão de um ensinamento, a uma tradição herda da (veja os
episódios de Elias e Eliseu no livro dos reis). O manto de Maomé era disputado pelos discípulos, e por fim foi dado ao primeiro ayatholá, como sinal da
autoridade passada de uma pessoa para a outra, o mesmo acontece entre os sufis. O chefe da tariqa, ou casa, antes de morrer deve delegar a chefia para
outro, e a transmissão do manto é o ponto central do ritual. Significa também o ocultamento dos processos alquímicos, o manto do segredo, de onde
emerge a grande obra. Por isso o caduceu não aparece completamente, sua parte inferior está em Malkuth, oculta nas entranhas da terra, sob o manto da
fertilidade natural. Daí se infere que o ouro alquímico deve ser extraído das entranhas da terra. Tal asserção infere o uso d a fórmula V.I.T.R.I.O.L.
(Visita Interiore Terrae Retificando Invenies Ocultum Lapidem), que por sua vez implica no conhecimento da fórmula I.N.R.I., Igni Natura Renovata
Integra; Intra Nobis Regnum deI; Isis Naturae Regina Ineffabilis; Igne Nitrum Roris Invenitur entre outras sentenças, das qua is a mais comum é a
primeira, ou “o fogo da natureza renova todas as coisas”, fogo este que aparece entre os chifres. O fogo natural, conjugação dos quatro elementos
incinerados pelo fogo do espírito, que na fórmula rosacruciana escreve-se yrny, 270, ou y (Yaym=água), n (Nour=fogo), r (Ruach=ar) e y
(Yabesh=terra), vem das entranhas da terra (V.I.T.R.I.O.L.), sobe pelos nadis e explode em chamas no chakra Sahasrara, o lótus de mil pétalas. A
formula I.N.R.I. tanto a latina quanto a rosacruciana conecta-se com a fórmula F.I.A.T. cuja significação iniciática representa o Verbo Divino, também
de origem latina (sendo Flatus, Ignis, Aqua, Terra).
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As mãos caracterizam a santidade da grande obra, para Eliphas Levi, ademais simbolizam atividade, prática adquirida. Um tratado alquímico taoísta
identifica as mãos com os processos de solução e coagulação, da mesma forma que as formulas escritas no antebraço direito e esquerdo. O y é um glifo
da mão, e significa também poder (poder=dy=14). São duas mãos, mas um só poder, isto é, 14x2=28 (poder=xk=28), referindo uma operação única,
uma unidade (dvxy=28). A mão esquerda aponta para a lua branca (Binah), a mão direita para a lua negra (Netzach), assim a figura contrabalança a
atuação da severidade, apontando para a pura sabedoria, ao mesmo tempo que indica misericórdia, apontando a firmeza, Netzach. Tanto Netzach
quanto Binah são emanações passivas, femininas. Mas cada uma esta num dos extremos da árvore da vida, Netzach abaixo, Binah acima. A natureza
severa (ativa) da Grande Obra é sugerida pela força corrosiva de Geburah, enquanto a natureza misericordiosa da mesma é indicada pela ação
coagulante de Chesed. O mudra de ambas as mãos é o sinal sacerdotal do Dadouches, o iniciador, revelando a doutrina exotórica, simbolizada pelos
dedos esticados, e ocultando os mistérios esotéricos, reservados aos iniciados, simbolizados pelos dedos dobrados, que escondem parte da palma da
mão. A letra hebraica k significa “palma da mão”, e seu valor é 20, a letra y significa mão, e quando soletrada em hebraico vale 20 (dvy). O mistério
que o Dadouches oculta é a doutrina secreta, a Grande Obra em si mesma, que é o ouro filosófico (ouro=bvhz=20).
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A figura toda tem o sentido sublimado quando atribuem-se-lhe asas, e sublimada não apenas no sentido espiritual, mas alquímico, isto é, a passagem
para a categoria sutil, tal como o simbolismo da águia devorando o leão. As asas se relacionam com o elemento ar. O vocábulo asas em hebraico
escreve-se mypnk, cujo valor é 200, o mesmo de verão - iyq - a estação onde predomina o calor do sol; a letra r significa sol e seu valor é também 200.
As asas são atributos da potência cognitiva (no Rig-Veda é dito que a inteligência é a mais veloz das aves) além do que a maioria dos seres espirituais e
mesmo os demoníacos possuem asas, quando são benfazejos, as asas são de natureza uraniana, de pomba ou águia, etc., quando malfazejos, são de
natureza ctoniana, sendo as representações mais comuns as asas de morcego. Na tradição gnóstica as asas significam a potência espiritual, o pneuma
(espírito); provavelmente um conceito herdado da cultura egípcia onde o ba, o espírito individual que vaga pelo mundo dos vivos, é uma ave com
cabeça humana. (vide a introdução ao Livro dos Mortos de Budge). O livro dos salmos faz referência as asas do Tetragrammaton (XVI, 8 e XXXV, 8)
e segundo Gregório de Nissa, se o criador tem asas, o homem original, feito a sua semelhança, também o teria. A queda ou pecado original foi que as
decepou, necessitando, portanto, haver a reconciliação entre o criador e os homens para que este atributo seja reconquistado. As significações desta
fábula são obvias. Em suma, as asas simbolizam a natureza do ser divinizado. Mas de que espécie de asas são as asas do ídolo? E esta pergunta se
justifica porque a significação pode se alterar conforme sejam elas de corvo, pomba ou águia... A iconografia maçônica de Baphomet o mostra como
uma águia de duas cabeças, de cor negra (porque ela é relacionada à Fênix, que renasce das suas próprias cinzas, e as asas de Baphomet como águia e
como Bode são negras, por que resultam da calcinação). A águia se relaciona especialmente a Fênix porque de tempos em tempos ela troca suas penas,
garras e bico, em cujo período torna-se frágil, para depois “renascer”. O símbolo da águia bicéfala apresenta um triângulo negro entre as cabeças com a
cifra 33, o triangulo é símbolo do fogo, relacionando-se com o fogo do Dadouches. É também o símbolo do grau 33, o grau máximo do templo, o grau
do Venerável Mestre, cuja sentença “ordo ab xaos” expressa a mesma significação, uma vez que o V.´.M.´. cumpriu a Grande Obra, restabelecendo o
equilíbrios dos elementos sob a predominância do espírito (ver a fórmula INRI). Em outras iconografias o triângulo com a cifra é substituído pela
coroa, relacionando-se então a Kether, o que transpõe o simbolismo para um plano divino. A águia bicéfala é segundo alguns uma divindade vegetal.
Para Frazer (A Rama de Ouro) era o símbolo do poder absoluto, que migrou com as cruzadas na idade média das civilizações da Ásia menor para a
Áustria e a Rússia, como símbolo das armas imperiais. A águia representa em outros panteões a percepção da luz intelectual, a gnosis direta, pois ela
pode mirar o sol que não a cega. Era atribuída a Zeus e mais tarde a Júpiter, sendo o emblema imperial da autoridade de Roma. No extremo oriente ela
é Garuda, a montaria de Vichnu. Garuda tem os atributos de nagari, inimiga das serpentes, e também nagantaka, destruidora de serpentes. Tal
inimizade provem de lendas pré arianas onde Garuda é o emblema das raças solares e Naga, o ancestral primeiro das raças lunares. Em sânscrito garuda
também significa “palavra alada”, um símbolo cognato ao verbo cristão. No Irã a águia ou falcão é um símbolo de varana (poder ou unção divinas) que
no Avesta (Zamyad-yashta; XIX, versos 43 e 38) é representado como uma falcão (varaghna) um parente próximo da águia. No xamanismo indígena é
comum encontrarmos a águia como o animal totêmico do xamã. Sua origem encontra-se no mito siberiano na qual a águia é o ancestral dos xamans. A
história conta que o Altíssimo mandou a águia para socorrer os homens, perturbados por enfermidade e morte, mas eles não entenderam sua linguagem,
então ela copula com uma mulher e ela concebe o primeiro xamã. (Este episódio é contado por Uno Harva no volume Lês representations religieuses
des peuples altaiques, Paris, 1959). Há uma analogia com as lendas do nascimento de Cristo, como portador dos poderes curativos de Deus.
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Abaixo da tocha está o Pentalfa, a estrela que indica a quintessência, e conforme Levi:
“O pentagrama é o signo da onipotência (...) do Verbo feito carne e, segundo a direção dos seus raios, este símbolo absoluto em magia representa o
bem ou o mal, a ordem ou a desordem, o cordeiro bendito de Ahura-Mazda e de São João, ou o bode de Mendes. É a iniciação ou a profanação, a
vitória ou a morte, a luz ou a sombra. Elevado no ar, com duas pontas para cima, representa satã, ou o bode da missa negra; com apenas um dos raios
para cima, é o Salvador. O pentagrama é a figura do corpo humano, com quatro membros e uma única ponta, que deve representar a cabeça. Uma
figura humana, de cabeça para baixo, representa, naturalmente, o demônio, ou melhor, a subversão intelectual, a desordem, a loucura”.
Goethe conhecia também as virtudes do pentalfa, pois sem dúvida era um Iniciado de primeira ordem; eis como a ele se refere no Fausto:
“Ah, que deleite a vista tal, se estende de súbito por todos os sentidos, e prazer juvenil, sagrado gosto até à medula ardentes me penetram! Seria um
deus quem desenhou tal signo que a eterna tormenta em mim serenam, o pobre coração de paz me enchem e com secreto impulso patenteiam em torno
a mim as forças da natura? Serei deus? Tão claro se me torna tudo! E patente nestes puros traços vejo ante mim a natureza ati va. Agora compreendo a
voz do Sábio: ‘não está cerrado o mundo dos espíritos; o coração tens morto e o pensamento! Eia, discípulo! O terreno peito no rubor da manhã banha
incansável!’”
Paracelso o considerava como o mais poderoso dos signos mágicos, onde estão resumidos os mais sublimes mistérios da magia, da alquimia, dos símbolos gnósticos e
cabalísticos. Lembra-nos também o mestre que sua ponta virada para cima indica a natureza da obra, ligada a teurgia, ou conexão com a espiritualidade superior, em
oposição à goécia, que não seria necessariamente má, contudo teria natureza experimental, o que a torna perigosa para uma pessoa despreparada. O pentagrama
flamejante, como o chamava Agrippa, é identificado com Lúcifer (do latim, aquele que trás a luz, o titulo latino do Dadouches, o Senhor da Iniciação). Lúcifer é também
o filho da aurora, a estrela da manhã, rx> ]b llyh, um símbolo do Sagrado Anjo Guardião, !lm ynda, ambos com a mesma valoração gemátrica, 635. O pentagrama é o
símbolo supremo de hrvbg, a quinta emanação da coroa, seu valor é 216, porque ela reina e julga (]d=54) sobre os quatro elementos 54x4=216. O pentagrama, portanto,
deve estar presente em todos os trabalhos de Magia, os quais ele testemunhará e julgará. Há um mistério acerca do pentagrama que é muito pouco conhecido. Ele
simboliza todas as manifestações divinas. Os ângulos de cada ponta são de 72º(=360º/5). 72 são os nomes de Deus, segundo a qabalah, Shem-há-mephorash, os Nomes
ocultos do Tetragrammaton, que se extraem da passagem do Êxodo, XIV, 19, 20 e 21. Há também aqui uma relação com a tetrakys pitagórica cujo arranjo de é este:
o
o o
o o o
o o o o
Somando-se cada um dos elementos chegamos a 10 (1+2+3+4), o número da Unidade manifesta. Há igualmente um arranjo qabalístico do
Tetragrammaton, que fica no centro do triângulo teúrgico:
y
hy
v h y
h v h y
Somando-se os valores gemátricos de cada linha (10)+(15)+(21)+(26) chegaremos a 72. A doutrina que se extrai disso é que todas as expressões da divindade (72)
ocultam-se no y, cuja numeração é 10, e a chave deste mistério se oculta no pentagrama. Pentalfa (um notariqon gráfico, com 5 “A” conjugados) era como os
Pitagóricos a ele se referiam, uma vez que encerrava os cinco deveres do Adepto: ver, ouvir, meditar, bem agir e calar, ou Ατρεο, Αιστον, Αδαλεσθη, Αγατοπειρον,
Αβακιδζι, bem como as cinco qualidades esperadas: amabilidade, beneficência, incorruptibilidade, castidade e severidade ou Αγανετοσ, Αγελασοσ, Αγατηοεργοσ,
Αδιαφιτηορτοσ, Αγνοσ. As cinco pontas reapresentam ainda os cinco elementos, como dito no início: o espírito, a água, o fogo, a terra e o ar (em sentido horário); o
homem, as ondinas, as salamandras, os gnomos e os silfos, etc.
* * *
O simbolismo cognato, tanto do pentagrama quanto do ídolo Baphomético é extremamente maleável, e poderíamos prosseguir infinitamente. Há inegáveis implicações
alquímicas, as quais me reservo o direito de abordar em outro ensaio futuro, especificamente relacionando o ídolo a esta disciplina, como o fiz aqui, em
que BAPHOMET é posto como um espelho do Adepto. Julgamos que o presente ensaio tenha trazido mais luz onde não é necessária nenhuma. De qualquer forma, é
preciso iluminar o ambiente para que os mais tímidos possam se aproximar do ídolo sem nenhum medo. Minha intenção maior foi demonstrar Baphomet como um
espelho do Iniciado, como disse antes, e também um mapa indicativo, tanto do trabalho a ser desempenhado na Grande Obra como do resultado desta Grande Obra e,
outrossim, um hieróglifo dos Mistérios mais sublimes e terríveis.
APÊNDICE
ΝΟΜΟΣ
(EPITETVS)
A origem do ídolo é desconhecida. Eliphas Levi não refere à fonte de onde tenha tirado sua imagem. O mesmo ocorre com o nome cujo significado também é algo
controvertido. Tudo o que os eruditos disseram até hoje é pura especulação. Assim, o que segue no resto deste capítulo sem valor (de número 0) é também pura
especulação. Para alguns o vocábulo Baphomet teria origem na Grécia, na conjunção dos vocábulos Bapho+Methis, algo como "Batismo da Sabedoria", que não parece
tão inverossímil como a suposição de que seja uma corruptela gnóstica de tvmhb, o hipopótamo do Egito (cuja gematria resulta 453, o mesmo valor de hyx >pn, a alma
animal do todo, ou “ANIMA MUNDI”, um título do ídolo entre os Iniciados). A palavra é plural, e não se refere a um animal, mas um conjunto deles. Existem ainda
inúmeras hipóteses. Minha opinião é de que a asserção de Levi esteja correta: TEM.´.OHP.´.AB, Baphomet é um acróstico ou sentença iniciática que significa O Pai do
Templo, a Paz de todos os Homens ou TEMPLI OMNIUM HOMINUM PACIS ABBAS. De qualquer forma, a raiz etimológica do nome ou a origem da figura não
apresentam tanta importância, ainda que o seu estudo talvez revele alguns fatos interessantes como a comparação da grafia de Baphomet, em grego com a qabalah
hebraica. É uma operação ousada, e ainda que para alguns seja um disparate, tomemos a seguinte: βαφομηθ = 630. Este valor, na kabalah hebraica corresponde a
Espírito Santo ('>ydq 'xvr) e também a Adão e Eva (hvxv ,da), ambas figuras bissexuadas, como o próprio ídolo. Há também um fato interessante a respeito deste valor
630. Somando a cifra com sua imagem invertida 630+036 (cujo zero perde o valor) temos 666, o número da Iniciação e também o numero da Besta no apocalipse.
Besta selvagem em hebraico é hmhb, cujo valor é 52, o mesmo que )my), Mãe Suprema, um título de Binah. Segundo esse jogo nada usual – eu reconheço – de valores
gemátricos, poderíamos inferir que Baphomet é a besta selvagem do abismo de Da’ath – Choronzon (?),conforme alguns acreditam, mas não devido a este mirabolante
mecanismo que eu apresento aqui. O Iniciado deve enfrentá-lo, portanto, para descansar em Binah, a Mãe Suprema, cuja mão direita do ídolo indica. A cifra 666 é o
número místico de Tipheret, e seu valor gemátrico conecta Ommo Shaytan (]tc vmmi) a tríade demoníaca da invocação preliminar do não-nascido), ao Nome Jesus
(hv>hy m>), ambos de valores idênticos.
Fonte: mortesubita.org
Lúcifer
Romano: o portador da luz, iluminação
Direção: Leste
Lúcifer, a simples menção de seu nome parece evocar o odor do enxofre. O imaginam como o anjo mais belo de toda a criação e t ambém como o
personagem responsável pelo maior drama cósmico jamais visto. Conta à lenda que, seduzido pelo próprio orgulho, arrastou consigo uma grande
parte dos anjos que adoravam a Deus, provocando uma rebelião cujas últimas consequências são a existência da dor, da maldade e da morte no
mundo. Lúcifer é considerado, desde então, como o ideólogo do mal, o instigador do lado obscuro do ser humano, o primeiro de todos os tentadores.
Mas sua história está cheia de contradições e uma delas é a ausência de uma verdadeira história. Porque um acontecimento de tal magnitude, de
tamanha transcendência para o seu humano não poderia passar despercebido para os autores da Bíblia. Em suas páginas deveríamos encontrar um
relato pormenorizado do evento e de suas causas. Mas isso não acontece. De fato o nome Lúcifer já não aparece em mais nenhuma Bíblia Moderna,
ainda que esteja presente nas antigas. Ele foi apagado da história, mas não das lendas. Na verdade todo o mito moderno de Lúcifer se originou de um
engano, um simples erro de tradução. "Lúcifer" é uma palavra Latina que significa "portador da luz". Foi usada por São Jerônimo na elaboração da
Vulgata, a versão em latim da Bíblia, para traduzir a palavra hebraica "Helel", que significa literalmente "resplandecente", "brilhante", de um texto de
Isaias. Foi uma escolha ponderada, que buscava conciliar os significados confusos que, segundo algumas pessoas, o texto em he braico parecia ter. E
acontece que, naquela época, alguns padres da igreja acreditaram ter encontrado naquelas palavras a descrição da queda de Satanás! Até aquele
momento Lúcifer também era conhecido como Heósforo, um deus menor da mitologia greco-romana, o filho da deusa Aurora que nada tinha a ver
com as tradições judaicas ou cristãs. Sua condição de descendente dos deuses foi decisiva na escolha de São Jerônimo. Mas sobre o que dizia
realmente o texto de Isaias? O profeta compilou a seguinte sátira, composta por IHVH, evocando a derrota de seu inimigo, o re i da Babilônia: "Como
caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da aurora! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao
céu; acima das estrelas de El exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Safon; subir ei acima das mais altas
nuvens e serei semelhante a Elion (o Altíssimo). Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo." Is. 14, 12-15
A Vulgata usou a palavra Lúcifer na tradução da primeira frase: Quo modo cecidisti de coelo, Lucifer qui mane oriebaris... As sucessivas versões nas
línguas vernáculas permaneceriam sem tradução para esta palavra latina: "Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da aurora!..." Deste então Lúcifer foi
considerado um nome próprio. Havia nascido a lenda do anjo rebelde, o mito greco-romano ressurgia, a lenda pagã se cristalizava e a origem do mal
no mundo havia sido, por fim, inventado. Haviam sido criados um novo nome e um novo personagem. O mito sobreviveria ao longo dos anos e
muitas lendas medievais se nutririam destas raízes ancestrais, criando relatos de grande beleza e simbolismo, mas Isaias - seu criador - conhecia muito
pouco de mitologia clássica. Suas crenças pertenciam a um âmbito cultural muito diferente e o fundo de suas palavras refletia m um drama que nada
tinha a ver com batalhas cósmicas entre anjos, mas sim com lutas entre deusas. Ou pelo menos, entre os filhos dos deuses... A Família de IHVH
A Bíblia contém muitas surpresas. Seu estudo detalhado revela circunstâncias que batem de frente com os dogmas estabelecidos ao longo dos séculos.
Uma delas se refere às primeiras crenças do povo Judeu. Mesmo que poucos saibam, no início Israel aceitava a existência de ou tros deuses que eram
submetidos à autoridade de IHVH. Esta concepção coincidia em muitos aspectos com a dos cananeus, o povo que habitava grande parte das terras que
logo seriam conquistadas por Israel. A principal diferença entre os dois povos consistia em que para os Judeus o Deus principal era IHVH enquanto
que para os cananeus era Baal. Mas Baal era o filho de outro deus chamado El, a quem substituiu sucedeu ao trono. Curiosamente IHVH manifesta
numerosas vezes nas escrituras seu ódio visceral contra Baal, mas nunca contra seu progenitor. É surpreendente como um deus ciumento como IHVH
permitiu que posteriormente os Judeus usassem essa mesma palavra "El" para designar sua pessoa, como podemos observar em numerosas passagens
da Bíblia. Por que essa exceção com o deus de seus inimigos, os cananeus? Por acaso se tratava de um deus diferente? E stas contradições levaram
alguns exegetas a insinuar que esse Deus dos cananeus e seu homônimo hebreu - também conhecido como IHVH - poderiam na realidade se tratar do
mesmo deus. Existe um texto chave no capítulo 14 do Gênesis que parece confirmar tal hipótese. Ali encontramos dois personagens, um Judeu -
Abrahão - e outro cananeu - Melquisedeque - que se saúdam mutuamente, ambos invocando o mesmo deus: El-Elion, nome composto com o do deus
cananeu e o superlativo "Elion" (o Altíssimo). O fato do nome que tanto Melquisedeque quanto Abrahão usam em suas saudações ser o mesmo não
deixa dúvidas: ambos adoravam o mesmo Deus. IHVH não era senão o nome pelo qual os Judeus conheciam o antigo deus dos cananeus e a partir
deste momento o título de "o Altíssimo", usado até então apenas pelos cananeus, passaria também a ser usado pelos israelitas para se referirem a seu
deus. E se ambos os deuses na verdade eram o mesmo então as "lendas" dos textos cananeus podem ser aplicadas a IHVH. Assim, por exemplo, se
conta que das relações entre esse deus com algumas mulheres nasceram vários filhos. Um deles, chamado Sahar (aurora) tem uma relação di reta com
a história de nosso personagem, pois no texto de Isaias Lúcifer é chamado de Helel ban Sahar pelo próprio IHVH ao dizer "Estrela da manhã (Lúcifer,
astro brilhante), filho da Aurora". E aqui nos deparamos com o paradoxo de que - com base neste título, e segundo a mitologia Cananeia - Lúcifer
poderia ser descendente direto, mesmo que não reconhecido, de IHVH. Antes de refutar de imediato esta ideia tão heterodoxa deveríamos retornar
ao texto de Isaias. Ali comprovaremos como Lúcifer desejou "subir ao céu e colocar seu trono acima das estrelas de El". É dit o que na Bíblia as
estrelas simbolizam os membros da corte de IHVH. Mas o texto menciona algo mais: Lúcifer ambicionava "sentar-se no monte da congregação, nas
extremidades do Safon". "Safon" em hebraico significa "norte", mas para os cananeos o Safon era justamente a montanha onde morava a divindade.
Não distante dali se encontrava "o monte da congregação", local onde os deuses realizavam suas assembleias. A ideia é quase universal: os gregos
falavam do Monte Olimpo, em cujo pico mais alto vivia Zeus que em sua morada convocava as reuniões com outros deuses; os hindus mencionavam
o monte Mueru e a cidade dourada de Brahma que existia em seu cume, que era ponto de encontro dos deuses. Tais ideias, longe de serem alheias ao
pensamento hebreu, se encontram ramificadas em inúmeros pontos das Escrituras, resistindo a "correções" posteriores mais de acordo com a
ortodoxia monoteísta dos séculos mais recentes do Judaísmo. Mas o que acontecia na privacidade das reuniões de IHVH com os ou tros deuses? O
Livro dos Salmos é bem conhecido, mas quase nunca se dão atenção no conteúdo revelador do salmo 82. Nele se fala de um IHVH orgulhoso, que
ostenta novamente o "cargo" de chefe dos deuses, disposto a colocar ordem nas coisas. Assim diz o texto: "Elohim assiste na congregação divina; no
meio dos deuses, estabelece o seu julgamento. Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Fazei justiça ao fraco e ao
órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado.
Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos
da terra. Eu disse: sois deuses, sois todos filhos de Elyon. Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir."
Sois deuses, e filhos de Elyon! O texto não dá lugar a dúvidas: os deuses julgados, aqueles a quem IHVH havia confiado cargos distintos, são seus
próprios filhos, e o texto pertence à Bíblia. Pois bem, que cargos ocupavam os filhos de Elyon? Encontramos a resposta no livro Deuteronômio:
"Quando Elyon distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou os limites dos povos, segundo o número
dos Sene'El (os filhos de El), Porque a porção do SENHOR é o seu povo." Deut. 32, 8-9
Ou seja, quando IHVH começou a ter descendentes dividiu seu reino entre seus filhos, reservando para si uma parte do território: o que foi ocupado
primeiro pelos cananeos e logo depois por Israel. Esta pode ser a origem de muitas das monarquias daquela região. Mas com o tempo esses reis
deixaram de ser leais e questionaram a supremacia de IHVH. Inclusive seu próprio filho Baal chegaria a lhe tomar o trono. Est a foi a razão pela qual
IHVH planejou a invasão do território cananeu pelo povo de Abrahão: necessitava que um novo povo fiel ocupasse seu antigo território, lhe rendesse
culto e lhe elegesse o novo deus do lugar. Com ele recuperaria além do trono daquela região o título que havia perdido de "Deus dos deuses" (Jos.
22). E quanto a esses outros deuses, IHVH não teve dúvidas quanto a acabar com eles quando julgou necessário. Isso lhes garantiu belas palavras que
recordam sua antiga magnificência como, por exemplo, aconteceu com o rei de Tiro: "Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e
diz-lhe: Assim diz o SENHOR Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estava no Éden, jardim de Elohim; de todas as
pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os
engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no
monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em
ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado, fora do monte de Elohim e te
farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras."
A Queda de Lúcifer
O rei de uma nação vizinha convidado ao jardim de Elohim? Naturalmente! Tal era a prerrogativa dos
deuses-reis. E entre eles não podia faltar o faraó do Egito, "creme de la creme", quem - segundo IHVH -
se destacava sobre todos os demais como o maior e mais belo cedro de seu jardim: "Os cedros no jardim
de Elohim não lhe eram rivais; os ciprestes não igualavam os seus ramos, e os plátanos não tinham
renovos como os seus; nenhuma árvore no jardim de Elohim se assemelhava a ele na sua formosura".
Mas, vítima de seu própria orgulho se fez merecedor do castigo divino: "Como sobremaneira se elevou, e
se levantou o seu topo no meio dos espessos ramos, e o seu coração se exalçou na sua altura, entreguei-o
nas mãos de um poderoso das nações, que o tratará como merece sua malignidade e o destruirá"(Ez. 31).
Vendo os acontecidos assim não é de se estranhar que caiu também Lúcifer, o rei da babilônia. Mas
existe algo que não se encaixa: por que ele não era admitido na congregação dos deuses? Por acaso era
diferente dos demais? Parece que sim. A maioria das dinastias da antiguidade proclamavam ser
descendentes diretas dos deuses que viviam no céu. É o que afirmam, por exemplo, os primeiros faraós,
os reis da babilônia e os imperadores chineses, mas não era o caso dos reis assírios. E esse parece ser o
caso de Lúcifer. Quando Isaias escreveu seu poema a Babilônia se encontrava precisamente governada
por reis assírios. E eles, diferente de seus predecessores, nunca afirmaram que sua linhagem tivesse
origem divina. Sem embargo, após a morte, Salamanasar é sucedido por um rei de origem obscura
chamado Sargon II. Não era filho de seu predecessor. Vangloriava-se de possuir uma linhagem muito
mais nobre. Gabava-se de contar com 350 reis entre seus antepassados, dentre os quais o assírio Elu-bani
(? -691 a.C.), filho do mítico rei conquistador Adasi. Com esta atitude não é de se estranhar que ele
reclamasse pelo mesmo tratamento que recebiam os outros reis-deuses, mas suas exigências nunca foram aceitas. Talvez por isso tenha jurado ódio
eterno a IHVH que era amparado pela força de "seus senhores, os grandes deuses"- reza um texto desenterrado em Nínive - Sargon II arrasou a cidade
de Samaria, vencendo assim IHVH e os deuses que o apoiavam. Todo o reino do Norte (as dez tribos de Israel) caiu sob seu domínio. E se o rei do
Sul (Judá) sobreviveu outros cem anos a mais, foi graças a uma misteriosa, porém oportuna, intervenção do Anjo de IHVH, que conseguiu exterminar
em apenas uma noite 185.000 assírios (2R. 19, 35). A ação, todavia, chegou demasiado tarde para os 27.290 habitantes da Samaria que, junto com o
resto dos Israelitas, capturados já haviam sido exilados e dispersados entre outros povos. Essas foram as famosas tribos perdidas de Israel. Quanto a
Sargon II sofre - e como não - a morte que fez por merecer. As crônicas assírias não mencionam nada a respeito, a não ser que "não foi enterrado em
sua casa". Mas os documentos indicam uma morte pouco heroica em batalha, o que combinaria perfeitamente com a descrição da Bí blia: "Todos os
reis das nações, todos repousam com glória, cada um no seu túmulo; mas tu és lançado fora da tua sepultura, como um renovo ba stardo, coberto de
mortos traspassados à espada, cujo cadáver desce à cova e é pisado de pedras. Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a tua terra e
mataste o teu povo; a descendência dos malignos jamais será nomeada." (ls. 14, 18-20) Este foi, muito provavelmente, o fim de Lúcifer, o rei
rancoroso que conquistou tudo em sua vida menos o título de Filho do Céu. Apenas teve a glória de arrebatar de IHVH um de seus reinos e pode
demonstrar assim, perante todos, a vulnerabilidade do "Deus dos deuses". Mas quem era esse IHVH, cujo poder foi posto em xequ e por um simples
mortal? Tratava-se de um "Deus de raça", ligado a um território e a um povo. Um dos muitos que "controlavam", para o bem ou para o mal, o
destino dos países. Ostentava o cargo de "deus supremo" nas assembleias que os deuses realizavam periodicamente para tratar d e assuntos de estado.
E seu status foi contestado. Primeiro foi seu próprio filho Baal que usurpou seu trono, e logo seria o rei da Babilônia que aspiraria tirá-lo de seu lugar.
Eis ai o Lúcifer histórico, aquele a quem o tempo e as lendas transformariam no "anjo que quis ser Deus". Mas nem IHVH nem "seus filhos" eram
realmente deuses. Para princípio de conversa a mais que confusa história de Sargon só parece fazer sentido sob a luz da antiga crença suméria
segundo a qual certas "figuras" sobreviveriam à morte física e era possível identificá-las após terem tomado um novo corpo recuperando então a
mesmo posição social que possuíam anteriormente. Segundo a teoria que poderia se derivar disso, os deuses caídos do céu que dominaram a terra em
um passado remoto - e que a tradição judaico-cristã recorda como os Nefilim, Filhos de Deus ou Anjos Caídos - não só tiveram descendentes como
também provavelmente acabaram reencarnando nesta estirpe celeste, dotada de qualidades especiais, e estabeleceram as monarqui as hereditárias de
origem divina como uma forma de perpetuar seu poder na terra (para mais detalhes sobre este mito ler o Livro de Enoque). Algumas escolas
esotéricas se se opões a esta visão, referindo-se aos espíritos Luciferianos como anjos que se rebelaram contra o deus criador de nosso sistema solar
ou de nossa zona do Universo, sendo precipitados por ele a um nível inferior, no qual "trouxeram a luz" ao ser humano, ensinando-o como se
converter em seu próprio dono e senhor, deixando de ser um escravo dos deuses. Esses seres incorpóreos representados em diversas tradições como
serpentes, fizeram isso com o propósito de utilizar o cérebro do homem para adquirir conhecimento, despertando nele a individualidade e consciência,
mas atirando-o, ao mesmo tempo, nos braços do sofrimento e da doença. Para as mais diversas correntes metafísicas e esotéricas o nome Lúcifer
personifica uma poderosa realidade invisível que transcende seu estrito significado etimológico e encarna o espírito da rebelião. Outras correntes vão
mais além, afirmando que estes seres estavam dotados - ao menos temporariamente - de corpos físicos capazes, ao mesmo tempo, de atuar em outros
planos mais sutis que eram inalcançáveis aos seres humanos. A este último acrescentam que desde a famosa expulsão do Paraíso, o acesso a tais
planos está limitado apenas a uns poucos seres chamados de "iniciados", e que no dia que a raça humana tenha plena consciênci a desses planos, o
poder dos "deuses" sobre nós terá terminado. Uma ideia bastante intrigante, mas que não deixa de ser um mito.
POR QUE UM TEMPLO SATÂNICO?
Não restam dúvidas de que tudo o que uma pessoa precisa fazer para se tornar
um Satanista é começar a viver como um. Não há templo, confraria ou igreja que
possa vender para você um título de Satanista. E se houver não será Satanista
nem aquele que vende, nem aquele que compra a entrada para o clube de Satã.
Como os antigos títulos de nobreza, este é um posto que deva ser conquistado por
cada um e não pode ser dado por este ou aquele grupo. Mas se não há a
necessidade de um templo para Satã, então por que foi fundado o Templo de
Satã? Qual a lógica por trás de se criar um comunidade que tem como seu
principal valor o individualismo?Essas são perguntas inteligentes que precisam
ser respondidas antes de quaisquer outras. O Satanismo é uma religião, o
Templo de Satã, uma instituição religiosa. O primeiro é um conjunto de teorias, o
segundo um convite à prática. Lavey afirmou em mais de uma ocasião que tudo o
que alguém precisa fazer para se tornar um Satanista é entender a Bíblia Satânica
e começar a viver segundo seus princípios. Isso confirma que a Via Sinistra não é
um caminho de intenções e sim uma via essencialmente prática. Ou seja: ainda
que um indivíduo pense satanicamente e concorde com os principais pontos do
Satanismo ele não é absolutamente satânico se todos os dias acordar de manhã
para viver uma vida exatamente igual à de um religioso do caminho da mão
direita.
O mesmo poderia ser dito no caso contrário. Se um cristão conceitualmente acredita em deus e no evangelho, mas ainda assim não
comparece a liturgia nem se humilha para engrandecer ao próximo então não podemos dizer que ele é cristão em absoluto. De boa s
intenções o Inferno está cheio. Assim, se a frágil escatologia cristã estivesse correta, certamente encontraríamos muitos Papas e Santos
queimando no Inferno enquanto muitos pseudo-satanistas estariam unindo voz ao boçal coral de anjos que anunciaria a chegada do
redentor.
Mas sabemos que não é assim. Tudo o que acontecerá com os cristãos e satanistas que guiam pela moral dos escravos é que viverão de
fato uma vida de escravos. Não há punição nem recompensa maior do que sentir na pele as consequências de suas próprias escolhas. O
castigo de viver como um cristão é viver como um cristão. Viver como um satanista é sua própria recompensa.
Uma mentalidade de elite, como propõe o Satanismo Moderno torna-se vazia e sem significado se não for sustentada com atos e fatos
que apoiem uma conduta superior. Se a adoração por si mesmo cultivada pelo Satanista não se traduzir em ações relevantes para sua
vida, então esta auto deificação será uma mentira, você estará adorando um escravo, um ser sem vontade. O amor próprio terá falhado
como amante terá sido fraco e omisso e como amado terá sido traído, esquecido e desgraçado.
Assim, é importantíssimo entender que o objetivo do Templo de Satã não é formar satanistas, mas sim criar um ambiente que incentive
os satanistas a desenvolverem sua visão de mundo e colocarem constantemente em prática aquilo que os fazem diferentes das milhares
de hordas ignorantes que habitam o globo.
O Templo de Satã ergueu-se não para ser um abrigo onde o débil encontra conforto e aprovação, mas sim como uma trincheira onde
irmãos de guerra se encontram no intervalo das batalhas de suas vidas. Só não pense que buscamos soldados. Não há generais por aqui.
Queremos sim guerreiros e guerreiras com vontade de explorar o Satanismo e conviver entre irmãos e irmãs.
Eis nossa mensagem: Mantenham-se fortes. É fácil esquecer as virtudes dos mestres da terra quando vivemos vinte e quatro horas em
uma sociedade que estimula a estupidez e a mediocridade. Mas se você lembra que não está sozinho então sua força é maior. A falta de
perspectiva é um dos pecados satânicos, por isso Lavey nos alertou para nunca esquecermos de que estamos trabalhando em nível
completamente diferente do resto do mundo. E a palavra resto aqui é bastante
apropriada.
Eis o porquê do Templo de Satã. Buscamos unir forças para colaborar com a
vivência a produção cultural e o exercício satânico no nosso país. Em poucas
palavras, podemos dizer que o Templo está aqui para você lembrar que não está só
e que a Nova Era Satânica definitivamente já começou.
Salve aliado seguidor do bode. Primeiramente agradeço pelo apoio e oportunidade de vomitar minhas pragas nas páginas do Glória
Excelsis Satani zine. A Black Misanthropy foi idealizada em 2000 como uma arma bélica onde eu pudesse disparar toda a
arrogância e desprezo de viver neste plano miserável habitando por uma moral sem sentido e acéfala, dominado por um parasita
chamado cristianismo. De lá pra cá já são sete pragas, e já me encaminho para a próxima. Dificuldades em concebê-la... eu diria
que não tive dificuldade alguma. Assim como em todas as atividades minha dentro do Necrounderground. Eu carrego comigo que o
metal NEGRO é uma ideologia de vida e não um “negócio” de onde eu tiro meu sustento. Tenho meu emprego para isso. Minhas
atividades são desenvolvidas com honestidade e essência, nada é feito sem que eu possa não fazer ou apenas para provar algo para
alguém.
II-Boa parte das one-man-band descarta a possibilidade de convocarem guerreiros para apresentações ao vivo, com raras exceções. É
algo que também faz parte do vosso íntimo, manter o Black Misanthropy somente em estúdio?
Na verdade eu até já cogitei algumas celebrações em alguns eventos fechados. Já em shows abertos você nunca vera o Black
Misanthropy. Atualmente eu conto com o apoio de Warzombie dando uma força na guitarra e no baixo na hora de gravar os sons.
Mas, na hora de compor (musicalmente e liricamente) sou sempre eu (e sempre será) que tomo a frente. Como citei acima, este é um
instrumento que criei para expressar minhas ideias de caos apenas. Portanto, apresentações ao vivo não é minha prioridade.
III- Acho que uma característica que se vê, ou ouve, em seus projetos é a crueza. Desde o início e até que você esteja em atividade no
Black Metal, seu modo de executá-lo é realmente esse, direto e ríspido?
Sim. Eu aprecio bastante este tipo de som. Porem, quando é executado com honestidade e essência negra. Não digo todas, mas
muitas bandas necro dentro do metal NEGRO conseguem despertar mais demônios obscuros com sua essência maligna do muitas
outras bandas formadas apenas por músicos.
IV- As letras de vossos hinos são voltadas a temas como morte, decadência humana, devoção ao mal, negra incursão no caminho da
mão esquerda... Diga-nos de que forma o que é expresso nas letras da BM reflete-se em vossa vida...
Eu diria que o que é expresso em minha vida se reflete em minhas letras. Apesar de meu contato com outras pessoas se limitar ao
meu trabalho, de certa forma a atmosfera hipócrita deste mundo, envolve a nossa existência no mesmo. No que se diz a morte, esse é
um assunto que me atrai bastante. O modo como ela desperta seus intrigantes encantos na humanidade, seja de medo, repugnância,
oculto, é muito inspirador. Decadência humana, eu me refiro a toda hipocrisia e fraqueza e desespero da humanidade em tentar por
um sentido em sua existência inútil com crenças inúteis e que na verdade só o conduz para sua própria queda. Devoção ao mal e a
negra incursão no caminho da mão esquerda; eu me refiro à luta constante que travamos neste mundo, ignorando tudo que é sagrado
para a massa, ao triunfo e ao engrandecimento pessoal que buscamos sempre de espada erguida. Para complementar eu citaria
Nietzsche: “O resto... o resto é a humanidade. Devemos ser superiores em altivez e em desprezo”. São desses tópicos que tiro a
inspiração para letras e musicas do Black Misanthropy.
V-Qual a vossa concepção sobre o mundo e sobre a sórdida humanidade materialista,
ego-centrista, capitalista que nele vive (vegeta)? Estendendo o assunto, como tu encaras
os mistérios que ecoam entre a vida e a morte? Tu achas que do nada viemos e ao nada
retornaremos ou tens a concepção de que a morte é uma passagem para algum plano
espiritual? Outros ciclos para além da vida...
Como você mesmo disse, a humanidade vegeta. Se a gente parar pra pensar bem,
contando da época em que surgiram os pensadores, a fase tecnológica, cientifica etc., e
compararmos com o tempo em que a humanidade caminha no planeta terra, a fase de
produção se iniciou muito tarde, e parece que (em certas partes) a mesma acabou
muito cedo. A maioria prefere aceitar tudo àquilo que é enfiado de goela a baixo do
que ter uma opinião própria a respeito de certa coisa. E ainda se acha o ser mais maravilhoso de todos!
É clichê dizer isso cara, mas todos sabemos que o único ser que não faria falta alguma para este mundo, é o ser humano. A questão
vida e morte eu encaixaria neste; “se acha o ser mais maravilhoso de todos”. A maioria parece não aceitar sua inutilidade neste
mundo tentando explicar ou achar que toda essa merda de existência ainda vai ter uma continuidade. Eu tenho o Satanismo como
um guia nos caminhos da carne, do mundano, onde eu busco aquilo que me faça emergir em poder e conhecimento nesta
caminhada. Acredito que este é o único modo de tua existência ecoa por outras e outras gerações. Somos um bolo de carne que
surgiu da evolução de outros componentes deste planeta, com a função de sempre evoluir. Mas se você não fizer algo para você
mesmo, buscando esta evolução, (pessoal, mental, etc.) essa evolução se atrofia. Mas este atrofiamento tem sido a escolha da maioria.
VI- Há certas discussões sobre a abordagem lírica no Black Metal hoje, que se dividiu bastante entre Satanismo moderno ou
tradicional, Paganismo, Mitologia Nórdica etc. Como você encara isso? Haveria um tema ideal ou inerente ao Black Metal?
Para mim Black Metal sempre será Satânico, anticristão, obscuro e caótico. Sobre paganismo, mitologia nórdica ou qualquer outra,
confesso que são coisas que me atraem por questão de conhecimento. Mas dentro do Black Metal, não é algo que me chama a
atenção. Então eu te digo; esse é o meu conceito de Black Metal. Ultimamente um estilo de vida e ideologia que é para ser mais
BLACK que metal, tem se tornado mais METAL que Black.
VII - Além Black Misantropy, você é mentor, idealizador, condutor e único membro do nobre Ato Profano zine. O zine encontra-se
com cinco edições perpetuadas na negra cena, correto? Poderia nos falar sobre o conteúdo literário contido na 5ª edição de vosso
pergaminho? Você já começou a redigir as matérias e entrevistas que farão parte da 6ª edição de vosso Ato Profano? Dê-nos, se puder
um adiantamento do que está por vir...
Sim, eu levo a frente também o pergaminho obscuro chamado de Ato Profano. Desde sua criação a ideia deste zine sempre foi
focalizar mais o lado ideológico do Metal Extremo. E te digo que a cada edição as perguntas do mesmo se encaminham mais para
este lado. Isso por eu acreditar que Metal Extremo vai muito, mas muito além de apenas um estilo musical. A quinta edição para
mim foi a que mais me trouxe um resultado satisfatório para ser sincero. Não que eu diga que não gosto das edições antigas, (muito
pelo contrario) mas, com o tempo você vai aprendendo e desenvolvendo melhor as coisas. Na quinta edição você encontra
entrevistas com as hordas; Christhunter, Echetos, Luvart, Communion, Ejecutor, Bellicum Daemonicus, Hóstia Negra dentre outras
entidades maléficas. Pretendo manter as edições do Ato Profano anualmente, então já comecei a agilizar algumas entrevistas para a
sexta edição.
VIII- Na sua concepção, qual a importância dos zines xerocados e datilografados para o cenário underground? O que você acha da
presença de web-zines no cenário? Achas que este veículo de divulgação pode ser considerado como um real batalhador do
underground ou tens a concepção de que o mesmo é um dos contribuintes para com a lamentável situação que o metal negro
encontra-se? Na internet nós também encontramos diversos sites, blogs que disponibilizam inúmeros álbuns, grimórios e textos
iniciáticos ao caminho da mão esquerda, fazendo com que qualquer ser incapacitado ideologicamente tenha acesso fácil a artefatos
raros que outrora era algo lúdico e que hoje em dia se tornou algo promíscuo... O que você tem a explanar sobre este lamentável fato?
Zines xerocado sempre! Metal Extremo é obscuridade. E tem formato mais obscuro que esses pergaminhos?! Além de ser uma
forma de você manter restrito o circulo do Necrounderground para maníacos necros que realmente são obcecados por esta arte
negra, e manter afastada essa corja de parasita que quer tudo mastigado como um cristão miserável. Sei que o numero desses
maníacos apreciadores desta antiga arte, que ainda tem a satisfação de ter em mãos um pergaminho e também de fazer trocas de
materiais, é cada vez menor. Mas que se foda! Eu sempre vou esta com esta bandeira erguida. Nem que seja sozinho! Eu não apoio
web-zines. E para mim certos meios que muitos utilizam na internet, não são e nunca farão parte do necrounderground. Confesso
que o uso do e-mail tem facilitado as coisas para mantermos contatos com outros maníacos. Eliminando ai o extravio de cartas por
parte dos correios que sempre atrapalhavam o contato entre círculos malditos. Agora Orkut, myspace, faceboock, eu
particularmente repudio isso tudo. Mas hoje em dia, a maioria esta mais é preocupada em aparecer do que realmente fazer algo útil
para o “underground” que elas dizem fazer parte. A internet pode ser um instrumento bastante útil. Você tem a sua frente um
mundo de informações para obter conhecimento e muitas outras coisas. É ridículo utilizar este meio apenas pra redes sociais. (Black
metal social. Hahahaha!) Maldita inclusão digital!!!
IX- Atualmente o Black Misantropy está divulgando o Split “Hail Profanation!!! Fuck the Messiah in Heaven” com a horda
Blasphemous Sexfago, trazendo dois sons inéditos de cada horda mais um cover do Profanatica cada. Este que é calcado na mais fria
essência do Black Metal e com maléficos hinos de total devoção ao Soberano Satanás e suas Hostes Infernais! Qual o significado em
essência para o título “Hail Profanation!!! Fuck the Messiah in Heaven”? Fale-nos um pouco sobre a arte da capa do Tape, o que ela
representa? Na capa aparece uma freira segurando o crânio de um bode com um falo saindo de suas calças.
Particularmente, para mim este artefato ficou muito destruidor. E eu tenho pouquíssimas copias do mesmo aqui comigo para passar.
Eu e Marcio (Blasphemous Sexfago) conversávamos a respeito de certas bandas que apreciamos, e descobrimos que ambos tínhamos
muita apreciação pelas insanidades do Profanatica. Foi então que surgiu a ideia de um Split onde cada uma levaria um cover desta
horda. “Hail Profanation!!! Fuck the Messiah in Heaven” é como se fosse uma referencia ao Profanatica, não como Banda e não
direcionado aos membros da mesma, (acredito que o ser humano sempre esteja apto a se corromper, e por isso não é digno de
qualquer tipo de admiração) mas sim a essência maligna e insana queos hinos desta horda despertavam em nossa existência. O
desenho da capa foi em quem fiz. E também é uma referencia ao Profanatica.
X- O opus “Hail Profanation!!! “Fuck the Messiah in Heaven”fora lançado em aliança forjada com a Horda Blasphemous Sexfago. Qual
a receptividade desta obra dentro do negro círculo Black Metal? Como é trabalhar com o Marcio Zapelo? Ambos os lados ficaram
satisfeitos com a produção e com os resultados obtidos com este artefato?
Sim, ambos ficamos satisfeitos com o resultado final. E temos recebido bons comentários. Mas, independente disso, a ideia não foi
agradar a ninguém. Esse Split foi àideiainsana de dois seres fanáticos por sons obscuros e necro. E foi uma satisfação muito fudida o
resultado final.
XI - Ainda sobre o Split. Tens noção de cópias foram divulgadas até o momento? O mesmo está sendo distribuído por algum distro ou
vocês mesmo divulgam-na para ter total controle de quem irá adquiri-la?(já que hoje em dia existe várias distros/selos mercenárias
que só visam lucro e não restringem os artefatos que divulgam apenas para reais seres abnegados as artes negras),
Não estou generalizando, pois temos vários distros/selos abnegadas á causa underground.
Esse Split foi lançado em tape limitado em 66 copias. Não te digo com precisão quantas copias foram passadas, mas eu tenho poucas
copias comigo aqui para passar. Eu sempre procuro passar meus materiais para pessoas que acredito compartilharem da mesma
ideia e que apreciam sons obscuros, necro, e com o odor de morte e podridão. Não teria sentido nenhum passar algum material para
uma pessoa que não gosta e esse tape fica mofando no fundo de uma gaveta. Que eu me lembre à única distro que distribui algumas
cópias deste artefato é a Nocturnized do Evandro, que é um grande aliado nosso. Não tenho interesse algum em fazer divulgações
em massa, não só deste Split, mas te todas as outras atividades minha dentro do Necrounderground.
Não vejo sentido em compartilhar algo com alguém que não esteja na mesma luta que você.
XII- Quais são os critérios utilizados por ti para que uma horda, zine , obtenha espaço nas negras páginas do S.Z.?O que você abomina
em uma horda, zine, distro ao ponto de não apoiá-los?
As hordas que entrevisto no Ato Profano, geralmente são hordas que aprecio, mantenho contato e que troco ideias. Mas já aconteceu
varias vezes de eu me decepcionar com certas respostas a certas questões abordadas no zine, e também com certas atitudes tomadas
pela banda depois de eu entrevistar a mesma. O que mais abomino em hordas, zines, distro é a superexposição que muitos fazem.
Tocando, dividindo algo com outros meio contraditórios com aquilo que acredito. Tem muita gente que sabe falar bonito, faz
discursos poderosos e tal. Mas que na pratica joga tudo aquilo que falou no esgoto. São essas coisas que eu abomino.
XIII - Espaço aberto para que fale um pouco sobre o cenário de vosso estado. Rolam muitas celebrações por aí? Você como zineiro,
costuma ter entrada franca em tais cerimônias? Existe alguma horda em sua opinião que esteja se destacando tanto no aspecto musical
quanto (principalmente) no ideológico? Quais zines você destacaria como reais propagadores das artes negras?
A cena aqui em bem pequena para falar a verdade. Mas, os poucos demônios que aqui habitam, fazem dela uma legião. Tem as
hordas que toco com outros maníacos que são; Vomito Blasfemo, Infernal Flames, Tormento Bestial, Algoz de Nazareno, sem contar
os projetos insanos. Também tem as bandas aliadas; Black Celebration, Diabolical Torture, Profanus Infernalis, My Fallen Father,
Shadow Moom. Estas são bandas que considero e que estão envolvidas dentro do circulo negro ideologicamente e com essência
obscura. Eventos rolam sim. Mas ultimamente nada que tenha me tirado da caverna. Acontecem encontros entre demônios aqui
onde é muito mais proveitoso e insano. Verdadeiros festins obscuros. Um zine que eu destaco é o Arte Extrema do aliado Ódio Negro
(Diabolical Torture, Tormento Bestial).
XIV - É sabido que você faz parte do Vômito Blasfemo, outra diabólica horda. Fale sobre os artefatos perpetuados pelo Vômito
Blasfemo na negra cena. Como se dá o processo de distribuição e aceitação de tais artefatos entre os negros aliados?
Quais artefatos ainda estão disponíveis e como os guerreiros-(as) podem adquirir tais obras?
Sim. O Vômito Blasfemo no momento se encontra parada, pois nosso vocal precisou de um tempo para se dedicar aos estudos. O que
respeitamos muito. Estamos com bastantes hinos para o que provavelmente se tornara nosso debut álbum. Divulgamos ainda a
demo “Calvário”. É como havia dito acima em outra pergunta. Procuramos sempre passar nossos materiais sempre para aliados
dentro do necrounderground. Para adquirir esse material, não só do Vomito Blasfemo, basta entrar em contato.
XV- Meu caro Alexandre Impuro, sinto-me satisfeito e honrado por contar com a presença da grandiosa horda Black Misantropy
nesta 2ª heresia do Glória Excelsis Satani zine. Desejo glórias e conquistas a você em todas as tuas idealizações!! Salve o EU Supremo!!
Salve nostri Sathanas Rex Infernus!!
Eu que agradeço o espaço cedido. Força, e honra ao Glória Excelsis Satani zine e a todos maníacos que ainda mantém esta arte viva e
forte. War and Lust!
E-mail: alexandreimpuro@hotmail.com
Canais umbralinos de manifestação de odes às trevas, ao oculto e ao outro lado”
“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”.
Arthur Schopenhauer
Sete velas pretas acesas para o culto... Sete crânios envoltos do pentagrama… Sete mensagens pragmáticas contra o verme humano… Sete oferendas
a ELE... Estas são as 7 cabeças da besta na´ A Mais Escura Noite... Não haveria melhor momento para reproduzir o feeling desta monumental arte se
não estivesse num tempo chuvoso com as águas pútridas percorrendo os córregos desta cidade imunda em uma madrugada coberta pelo negativismo
dos dias e inversão da vida... A mais pura e sinistra energia negativa é transmitida de maneira odiosa nesta peça que através de suas 7 odes (ou os
tentáculos da escuridão) concluem o vinculo definitivo dos inhumanos membros da Vulturine com o mais escuro dos sentimentos segregados em
compromisso apenas, com a escuridão! “Goatskull Ritual” é a ode que abre a maléfica atmosfera de terror com um ataque dilacerante das trevas em
comunhão com o espírito negro. Mas, hinos que abortam a esperança e que demonstram que não precisamos de sub-humanos ao lado da mão
esquerda como “A Tomb for All that is Human” e “Isolated in the Flesh Pentagram” formulam, a arte do pessimismo absoluto gerado pela
misantropia totalmente anti-você! “Cut the Tongue of the man of yavéh” é uma das formas amaldiçoadora sobre a sua fraca luz e seu espírito de
rebanho... Hino com passagens lentas, e obscuras partes rápidas sob mensagens de crueldade e ódio supremo contra os filhos de jeová. “A Mais
Escura Noite”, a única atmosfera em português... A desesperança, morte, devoção luciferiana, a maneira desfigurada de viver destes homicidas do
BM satânico e anti-humano em uma arte completamente escurecida por Lúcifer e contemplada pela Morte definitiva – ‘Um suspiro doente da
existência... desfigurada forma de viver... mundo opaco de fantasmas...’. “Bones, Hate & Anguish” é lento e doentio... Frases de abandono durante o
clima denso obscurecido para “A life dedicated to Hate” que surte como uma aberração para os seus sonhos; o pesadelo para o seu futuro... No
Future! Tentáculos em tons extremos de morte, frio e devoção. Formato intolerante e não-convecional com layout perturbador e frases de desprezo
ao verme humano, que obteve em sua reedição via três selos brasileiros (Goat Music, Nyarlathotep e Hammer of Damnation), uma montagem gráfica
revistada e como bônus, um áudio negativo para “Sarcoramphus Papa”; ainda mais carregado de obscuridade satãnica. Acredito que qualquer
descrição maior dessa obra seja algo desnecessário para este comentário. Mas, é valido ressaltar que esta é uma praga Black Metal, portanto, AO
OUVIR ESTE CD VOCÊ DEGRADA SUA VIDA... Pense nisso!!!
Negative...Mvsic...Worldwide! Eu, particularmente não teria uma frase plausível para definir (com convicção) a energia espiritual que este disco
passa não apenas, musicalmente, como também, visualmente. E acredito que a expressão Negative... Mvsic... Worldwide escrita por estas criaturas
hediondas tenha uma vontade maior para descrever toda atmosfera rastejante e peçonhenta que conjugam os Tentácvlos da Aberração... O abismo
profundo da alma satãnica, o desejo misantropo, o funesto pulsar... Todos estes adjetivos intimistas completam a simbiótica e pragmática oferenda
demoníaca despejada durante pouco mais de 40 minutos de pura devoção a ELE!!! O BM pútrido e hostil, composto por músicas que exaltam o
poder da escuridão através de desarmônicas guitarras, cataclismas do baixo, ruínas da bateria e a angústia de vocais odiosos e desesperadores.
Sobretudo, composições perfeitas demonstrando que a adoração destes inhumanos seres se eleva a cada obra artisticamente fundamentada ao ódio.
É perceptível notar o nível do quão são perfeccionistas Wlad, Daemon e Khaos ao ouvir caóticas aberrações como a abertura do play com “Born to
Spread HIS Words” que é uma música da qual eu já conhecia sua parte textual em português, mas que aqui, fora acrescentada mais doses de
adoração disseminada sob um clímax atordoante, e que volta seus clamores a “Devotion”, que por excelência, é uma música que inicia com uma
ríspida e necromantica passagem do baixo, possuindo também; riffs de guitarra obscuros, trazendo o clima da fria e cinzenta arte da rebelião.
“Fanatismo & Obsessão” é um hino vociferado em português e que sinceramente, tem uma letra que exala o odor funesto de enxofre e maldade...
“Death´s Tentacles, Chaos and Spiritual Destruction” é outra aparição do elo com a morte representando a existência cancelada....A repetição do
Ódio e nada mais. “Tentácvlos da Aberração (Negative... Music... Worldwide)” é uma ode que me impressionou primeiramente, pelo inicio do seu
instrumental, que nada mais é um extremo Death Metal com passagens mortuárias me lembrando bastante antigas entidades deste estilo. E já no seu
decorrer, é puro cortejo Black Metal dedicado a morte e com breves passagens acústicas gravadas por Filheim III, dando uma atmosfera ainda mais
cadavérica às vozes que clamam... Tentácvlos da Aberração!!! E pra finalizar o mioma maligno lançado no ventre humano “You are Canceled”...
Argh... São vozes imundas do infinito abismo praguejando sua existência e deixando o ar carregado para “Highest Power” que é uma homenagem a
um individuo niilista que certamente, foi um sujeito repulsivo neste mundo. E para os entusiastas que não esperavam essa do Vulturine por se tratar
duma entidade Black Metal – FODAM-SE, pois este cover ficou perfeito e tão imundo quanto o criador. Acredito que tudo que foi dito a respeito
desse disco, parta duma premissa de que se trata de música cinza em seus antigos moldes, onde suponho que Wlad obteve inspiração no cálice do
universo desfigurado da madrugada e dos antigos discos do Bethlehem ainda nos anos 90 para criar riffs tão funestos e consistentes que emergem
rancor, juntamente com uma perfeita atmosfera de trevas que foi usada por Khaos além de toda sua dedicação também, na estética final das músicas.
Algo que se encaixou completamente com a bizarra arte final deste estranho...
VEÉR – “The Measure of Waste”
Veér é uma horda que conseguiu juntar neste material, originalidade e qualidade através de um som funesto e letras de cunho perturbador. Além de
tudo, a presença de uma forte energia angustiante e desesperadora, mostra o consumo de uma idéia bastante niilista calcada na mente sociopata dos
membros desta entidade viva... Isto é Black Metal rancoroso, perverso e acima de tudo, auto-destrutivo! Uma marca da maldade absoluta durante o
clímax gélido, pragmático, e atordoante que persegue cada hino existente neste play. Sons que trazem guitarras com riffs bem elaborados, vocais
praticamente falados como se estivessem arquitetando alguma desgraça, em outrora como um desespero infinito, baixo bem audível, e bateria sempre
marcando a cada instante as passagem de fúria e também, as levadas cadenciadas que percorrem a maior parte dos sons aqui presentes. Títulos como
“We´ve Lost in Light”, “... All the sethings Will End”, “Obssessed in peace of Mine”, “Praise be to Roach”, “This springis the Last”trazem um ódio
infinito, pessimismo, isolamento, miséria, desconstrução, morte, e prazer em desejar o pior para você, são tãofortes quanto as cinzentas imagens que
vemos durante a visualização de todo o layout do encarte, que mesmo não sendo carregado, tornou-se, bastante abusivo e trouxe uma idéia de
apologia em negação a vida. Este é um álbum que pelo seu conteúdo, eu aconselho que abominem os medíocres mp3, downloads, e seus mendigos
amigos que não sabem o que é BM com postura negativa!
Apenas Black Metal sujo coberto por violência e corrosão obscura é proliferado por este material do inferno onde mostra a saga fudida e agressiva da
Dethroned Christ. Roots of Ancient Evil apresenta uma horda ainda mais intolerante e feroz; movida por blasfêmias ateístas e ódio sanguinário
profanado pelas mentes doentias dos lobos sociopatas: Hatewolf (Voice and Poetry), Warguns (Drums), F. Daemon (Guitar/Bass), Warlord (Guitar)
que desempenharam a fúria de suas mentes perturbadas, em hinos de guerra extremistas marcado pela percepção do caos! São nove ritos do inferno
tocados de forma agressiva com marcações cadenciadas que trazem o espírito da desordem sobre as cinzas de um mundo em decadência... O
terrorismo é passado a cada momento através de sons destruidores como no fudido “Lycanthropy”, que produz passagens rápidas em meio a uivos
dos lobos e vômitos das trevas, onde este aterrorizante ‘soundtrack’ entrelaça linhas de perseguição possuídas pelo sádico instinto da noite sangrenta.
“Dethroned Christ” começa com uma virada da bateria de Warguns, iniciando o vinculo com as guitarras sujas e os vultos da escuridão pronunciado
por Hatewolf... “Prophecy of Neferti” é tão possessiva, que já inicia com as guitarras sombrias de F. Daemon e Warlord poluindo os seus ouvidos
com os ventos da morte. Cadenciada e extremamente sombria, onde a energia do mal continua a espalhar durante toda a atmosfera de vocais
sussurrantes que abrem os portais do inferno para a agressiva violência que prossegue os seus longos 8:06 de puro Black Metal torturante!!! A
desgraçada “The Art of War” me trouxe a energia bestial do BM 90´ onde a raiva produz a gloria da vingança e da eliminação de uma raça que deve
ser extinta: humanidade! Grandioso hino de guerra... o sinistro som de seu sofrimento vem sob a marca de “Life After Death”, onde se ver uma
Dethroned Christ bastante fúnebre com vocais engasgados pelo desespero levando sua miserável alma para o sofrimento eterno. Atmosfera da
escuridão cercada por guitarras lentas e bateria marcada instante por instante, fazendo o anoitecer da chegada da majestade dos tempos (a Morte!). A
forte ‘finale’ “Your Worst Nightmare” (que titulo mais fudido!), ataca poderosamente com uma veia bem cadenciada e vai se prolongando para o seu
termino até chegarem a um clima de horror onde apresenta a face do medo erguido por curtas de um filme profano onde assassinar o porco bastardo,
é mais que uma obrigação. É um dever! Material arrogante e contestador, dominado pela negra possessão de cemitérios arcaicos e contaminados pelo
instinto selvagem de ver os judaico-cristãos em chamas...
“… We will haunt your Minds and distort your Reality Forever…”.Acredito que essa frase seja o ponto crucial para a música escura protagonizada
por Denial Of God. Algo como oferecer sua alma ao inferno através de assombrosos clímax que sua música inspira ou mesmo, horrores
desconhecidos do qual, você realmente vai temê-los! Esta K7 trata-se do primeiro álbum completo da DOG, e traz músicas longas cobertas por
morbidez e até mesmo, intros (ou pesadelos) harmoniosos, vozes que nos remetem a filmes grotescos, assim como, riffs fudidos como em “The Book
of Oiufael”, que também remetem gargalhadas terríveis e climas de tormento bestial. A música ora rápida, ora cadenciada de “Cycle of the Wolf”
também me impressionou, principalmente nos solos cadavéricos e na condução do baixo. Sem sombra de dúvida, excepcional! O lado II dessa tape
amarela, já inicia com um mórbido som e certamente, fiquei convencido que a minha alma não pertencia mais a este que vos escreve... Apresento-
lhes “The Iron Gibbet”, um som coberto por trevas e que de fato, cairia bem em um curta-metragem bastante angustiante envolvido de terror e
escuridão. Sem sombra de dúvidas, Ustumallagam conseguiu aqui expressar o seu “apelo” diante as trevas juntamente as guitarras de Azter e as
batidas doentias de Galheim. Mas, não posso deixar de mencionar as fudidas “A Night in Transilvânia” e “The Horrors of Satan” que são não mais
do que, a prova desta moléstia sonora rotulada de Horror Black Metal! Eu poderia expressar aqui, uma idéia sobre cada som, mas acredito que
perderia conteúdo neste comentário. Nada melhor do que finalizar este culto ao horror dando um fudido hail a bizarra arte gráfica e postando a frase
escrita por eles (DOG) – This Night belongs to us...
Adquiri este novo disco da lendária Mythological Cold Towers de ultima hora e me senti no direito de comentar algo sobre o mesmo. Immemorial
congratula-se como o quarto álbum da banda, e sensato, tenho que dizer: que discasssssoooo!!! A começar pela estrutura musical que, diga-se de
passagem, bem construída... melodias cativantes e que não passam aquele ar enjoativo que vemos em muitas bandas sob a acunha de Doom Metal
mundo afora. Peso na medida correta e atmosfera sombria em meio à riffs e solos perfeitos! Outra coisa interessante aqui são os vocais de Samej, que
além de ser muito potente alterna em alguns sons com vocais “limpos” (favor, não comparar com vocais gays a lá bela e a fera que as bandas de
doom choroso fazem) bastante poderosos narrando às obscuras letras aqui presentes. As magníficas guitarras de Nechron
e Shammash demonstram feeling que talvez, poucas bandas consigam passar um entrosamento tão forte, assim como o
teclado, que diferente do clima alegre que muitas bandas da Europa fazem, (assim como algumas bandas brasileiras copiam e conseguem fazer ainda
pior) aqui foi colocado com maestria, apenas dando toques atmosféricos de pura morbidez. As linhas de baixo foram gravadas por Mephyr de forma
significativa, trazendo ainda mais peso e marcando a bem trabalhada bateria de Hamon, que alinhou os momentos de desolação percorridos durante o
“tétrico” play. As letras são sempre um olhar no histórico das misteriosas civilizações pré-colombiana, pois sons como “The Lost Path to Ma-Noa”,
“Akakor”, “Enter the Halls of Petrous Power”, “The Shrines of Ibez”, “Like an Ode Forged in Immemorial Eras”, “The Fallen Race”, “Immemorial”
e suas figuras encaixadas como tema de cada música, expressam a admiração incondicional de cada membro pelos ritos e lendas das civilizações
Maia, Asteca e Inca. Encarte em tonalidade sépia, com símbolos, letras e uma fotografia dos integrantes da MCT. Algo bem simples em minha
opinião, mas que pela música de bom gosto, faz jus ao titulo do material.
Quando eu afirmei no passado que Blackness Doctrine lembrava muito os antigos materiais das bandas que faziam parte da Satanic Legions nos anos
90, em salvador, imagine o que eu penso a respeito de Abstract Abysmal Domain??? Este é o segundo álbum do assassino satânico Meugninuosoan
Hades, que é o mentor desta entidade hedionda chamada Ad Baculum. E os entusiastas que obtiveram Blackness Doctrine, certamente se
decepcionaram ao adquirir Abstract Abysmal Domain, pois pensavam que a qualidade da gravação viria igual, ou mais “clean” do que a do seu
debut... e quem pensou dessa forma, se enganou completamente, pois este disco é sujo como a vida! Desde suas linhas mórbidas e agressivas de
guitarra, aos andamentos brutais e “cavernosos” da bateria, eos vocais peçonhentos de Meugninuosoan, que também utiliza de efeitos medonhos que
dão um ar grotesco as letras de puro ódio e satanismo. Oito faixas de pútrido BM como no passado, onde as aberrações “Abstract”, “Manifesting the
Lord of Lasciviousness”, “Hell´s Allegiance”, “Dimension of Black Horizon” e “The Heaven Belongs to Satan” disseminam o nodo negro que esta
obra carrega. Abstract Abysmal Domain não se trata de mais um simples álbum, mas sim, de MÚSICA EXTREMA A SANGUE FRIO!
Cultes Des Ghoules é uma entidade que representa a herança deixada por antológicas bandas do cenário nos anos 90: principalmente da cena grega
para ser mais preciso. E acredito que os seres abissais que formam esta horda polonesa, beberam do sangue pútrido de conspirações como Varathron,
Necromantia, Barathrum, Grand Belial´s Key e Mortuary Drape para alcançar um nível de obscurantismo mortuário de aberrações contemplado
neste ritualístico disco; por sons repulsivos que representam o culto e o poder da morte! Como disse, obscuridade é algo latente neste aclamado
mega-culto, e os mistérios por trás de sua estranha música, induz o ouvinte a promover uma bizarra oferenda durante suas longas emanações de fria
atmosfera, que cheira a enxofre... “Baptised by Barron”, “The Covenant and the Sacrifice”, “Stregoica Dance”, “Scholomance”, “The Impure
Wedding” (um sugestivo e original tema para uma música que revela o caminho da escuridão) são as cinco (ritos) composições que selam o pacto de
sangue – coagulado – como um convite para que você adentre a cova aberta deste necromante, através até mesmo, do chamado sussurrante da peste
com suas vinhetas/oferendas que duvido muito você não sentir um calafrio estando num lugar escuro e abandonado. E acho que toda crueza/ ou
crueldade escutada em Häxan, seja algo simbólico para a existência desta sombria horda, que apresenta mais uma página de como praticar Black
Metal antagônico e estilizado!
INSOLITUM – “Infestus”
O cenário do Distrito Federal sempre foi poderoso no quesito metal extremo. Ainda mais se tratando do Death Metal, em que muitas bandas obscuras
surgiram nos anos 90 e trilham suas jornadas até os dias atuais. Mas neste comentário, estou falando da linhagem mais mórbida, escura e densa do
Death Metal carregado de referências como Amenthis, Medicine Death, Embalmed Souls, Eminent Shadow... e também por outras bandas da cena
mundial! O genuíno Death Metal praticado pela Insolitum segue essa linha mais cadenciada de música extrema; consistente por composições que
transmitem um clímax sombrio durante todas as faixas deste tape. E sinceramente, em “Infestus” você não encontrará nada daquelas músicas velozes
cheias de blast-beast, vocais incompreensíveis, riffs ultra-rápidos... Enfim! Toda aquela sonoridade desagradável que as bandas da moda faz para
atrair mais público. Aqui o que você encontrará é uma banda underground de sonoridade rude e sólida, na sua forma nua e crua, exibindo 4 músicas
do mais puro e pútrido Metal da Morte anti-cristão vociferado em português e com atmosfera mortuária, compondo sons heréticos que levam títulos
como: “Infestus (Instrumental)”, “Marcha para a Morte”, “Queda de um falso deus” e “Suplicio Eterno”. Todos eles trilhando um andamento denso e
bem conduzido, onde a marcação da bateria com os riffs/ e bases me chamaram bastante atenção. O contrabaixo dá ainda mais peso, juntamente com
os vocais que expelem veneno da garganta ríspida de GVR Death Black. Já a produção gráfica deste analógico, traz figuras que demonstram a
proposta da Insolitum. Contrapartida há uma informação que achei desnecessária na parte gráfica, que foi usar a bio da banda na parte de dentro em
um tamanho de fonte grande, onde em minha visão, poderia ser utilizada para outros fins, como por exemplo, as letras dos temas existidos aqui. No
entanto, esta observação não tira o brilho escuro deste material limitado em 333 cópias (acredito que já esgotada), que é direcionado e obrigatório na
tapeografia de qualquer maníaco die hard que se preze – compre ou morra!!!
Sou um tanto suspeito pra falar a respeito desse disco da Martyrdom, até por que, tenho uma admiração pela música feita por estes sujeitos e
acompanho de perto sua trajetória já há alguns anos. No entanto, tentarei ser imparcial neste documento... Subterrâneo Culto às Trevas é um demo
live registrado durante a cerimônia da Martyrdom na cidade de Cícero Dantas – Bahia na era vulgar de MMXIII. Neste evento foram gravados 6 ritos
que demonstram a evolução musical da banda, com pegadas mais precisas e com um feeling que acredito eu, poucas bandas conseguem chegar a tal
nível. Composições como: “Intro/Abismo das Sombras”, “A Verdadeira Inquisição”, “Espíritos da Noite”, “Renascidos das Cinzas”, “Kharonte” e
“Apenas a Escuridão” devolve-nos a veia carregada de obscuridade existida nas antigas bandas de Death Metal dos anos 90: o que não é
impressionante neste caso, pois a Martyrdom vem dessa década e já mostrava seu sombrio poder quando gravou a memorável dt Rehearsal em 1997.
Mas acho que a formação atual com os membros: AmraKing – Vox; Alberto Britto – Guitars; Tarcisio – Bass; e Vurmun - Drums foi bem mais
sucedida nas composições, pois é fato que a atmosfera transmitida pelas músicas antigas que foram reformuladas atualmente (exceto “Land of
Shadows” que hoje se chama “Espíritos da Noite” ) estão com um clima mais obscuro em seu andamento denso e também em suas passagens mais
rápidas, assim como as novas composições que traduzem o espírito escuro do qual a Martyrdom se firma hoje, com fortes influências de Samael,
Rotting Christ e me arrisco a dizer, do lendário Bathory!!! Completando a sétima faixa deste material, temos a grandiosa “Imortalidade” que surge
como bônus extraído da celebração compactuada com a Mystifier e Morbid Perversion no ritual de 20 anos do álbum Wicca na capital do estado da
Bahia – nas ruínas de MMXIII. Embora este seja um disco ao vivo, a qualidade da gravação está acima da média, considerando as circunstâncias da
aparelhagem em que foi gravado e a desorganização do evento que prejudicou a apresentação da Martyrdom que teve que encurtar seu set-list em
Cícero Dantas. De qualquer forma, acredito que este demo represente bem a proposta da banda, com uma arte gráfica que simboliza um
obscurantismo enigmático: capa sem logomarca ou algum título, apenas uma vela em cortejo fúnebre. Vale lembrar a quem esteja interessado na
música da Martyrdom, que procurem conhecer outros sons que foram gravados nessas apresentações, mas que não entraram no disco, como
“Aetenum Tenebrarum”, “Nokturna” e “Martírio” que possuem uma atmosfera de agressividade ímpar.
Lembro-me que quando me deram essa demo da ODN, de cara, preferi ignorar a banda por conta de todo o descuido na parte gráfica; a começar pela
capa, que para mim, é algo bastante clichê, mas que depois eu vim a entender o seu apelo. Sim, foi então que por uma curiosidade, decidi escutar o
demo, e o que eu encontrei? Nada mais, nada menos, que o projeto mais original (sobretudo, ao que eu conheço) em que se refere a BM feito nas
catacumbas da capital. O que demonstra que a horda executa sua música com feeling e originalidade como há muito tempo eu não havia escutado por
aqui. Riffs que parecem navalhas cortando seus pulsos, dedilhadas que acompanham as marcações seqüências das estacas acusadoras, e palavras de
adoração a ELE, que além do mais, espalham mensagens de ódio, maldade e rebelião através de todo o contexto escrito no que para muitos seria uma
tragédia, aqui é uma “benção”. Black Metal frio e maligno, opositor, com passagens que certamente lembram a tradição do estilo incluindo a uma
veia praticamente rock n´roll... como nunca, a tradição em máximos decibéis e voltada ao mal!!! Segundo o que consta, este é um demo live,
originário duma celebração em SSA no ano de 2013, possuindo uma qualidade superior, que certamente passaria “despercebido” para alguns
indivíduos caso não fosse informado na parte gráfica, mostrando toda dedicação desta promissora horda, formada por sujeitos hediondos que
propagam a desordem via o negativo cálice da morte.
Este é o típico frio e desolador Black Metal provindo das hostes dos anos 90. E é notável perceber a influência que as bandas de tal década surtiram
como exemplo para a Aurora Ígnea. Sua sonoridade traz uma atmosfera mórbida de ódio e fervor, transmitida através de músicas cadenciadas em sua
maior parte, com algumas variações mais rápidas sem perder a característica fúnebre que simboliza a horda. As melodias mortuárias das guitarras de
Canis Lupus e Cernuswolf certamente foi algo que celebrou a presença maquiavélica da obra, onde também afirmo que as vociferações e o baixo de
Blaphemous disseminam uma energia simbólica entrelaçada com as passagens nas batidas doentias da bateria de Lord Anônimo... Algo que
plausivelmente, aguçou toda a energia soturna que formulam as composições de ocultos mistérios que carregam este demo! É valido mencionar
também, que a parte gráfica foi elaborada num digipack luxuoso em tons de sépia com imagens artisticamente obscuras que ostentam o lado
ideológico de Aurora Ígnea.
Existem bandas que em sua estréia, podemos perceber se é algo promissor ou apenas mais uma entre a infinidade de lixos empurrados goela abaixo
dos dementes headbangers que adoram ser chamados de true. E a Tormento Bestial é uma das que estão no escalão de bandas que demonstram algo
promissor em seu primeiro registro. Mesmo com uma gravação “regular”, estes insanos conseguiram apresentar de forma maligna a proposta do seu
Metal da Morte cru, assassino e com feeling... desde faixas gravadas reh. à bônus de uma celebração datada no ano em que estamos (2012 e.v.).7
músicas “corruptas” de Death Metal tradicional com letras que vão desde culto satãnico, anti-cristianismo à ritos necromanticos em homenagem ao
livro dos nomes mortos (Necronomicon). Uma dt que com toda certeza, ataca com hostilidade e ostenta uma postura extremista visível durante seu
andamento rápido e cadenciado cheio de passagens mórbidas... eu diria ainda mais... OBSCURAS! Os que integram a horda já são bem atuantes
dentro do necrounderground com suas facções bestiais, onde utilizam vulgos de Grotesco (Drums), Warzombie (Guitar/Vocals), Ódio Negro
(Vocals), e Impuro (Bass). O grande pesar aqui ficou por conta da falta de criatividade na capa que apresenta a demo. Algo que nos últimos anos,
muitas bandas brasileiras vêm trilhando, tornando assim, uma epidemia. Eu espero que me compreendam e entendam, que desenhos com bodes
headbangers, não demonstram algo sério, e sim, hilário!
Neste arrogante holocausto nuclear, a Disforterror despeja uma gama de atrocidades repartidas em quatro necro sons de um Death Black Metal
caótico prontamente disposto a matar... pois as músicas executadas aqui, são uma prova de brutalidade calcada na maneira best ial de se fazer som
extremo! O mapeamento do play-list deste K7, marca faixas de violência (“Jaws of Satan Vomit Stormegatons”, “Iron Goat Fire”, “Volcanik Metal
Terror”, “Baphogoat of Annihilation and Depravation”) através de passagens com provas contundentes de extremismo e adequação ao caos. Letras
que tem suma importância dentro do conteúdo ideológico deste material, já que mostra uma linguagem infernal dentro de um contexto que trata de anti-cristianismo,
caos, satanismo e terrorismo anti-humano. Tenho certeza que devido ao titulo das faixas, você já deva saber do clima aterrorizante que encontrará não só na música,
mas também nas letras carregadas de maldade que se encontra aqui. Além do mais, toda a concepção gráfica que passa uma imagem de trevas sobre TUDO e TODOS!
Arte gráfica desenvolvida pelas mãos criminosas de um doente artista, nunca conhecido em nosso país (arghhh). Vale lembrar que indivíduos com ouvidos puros,
acostumados á comprar material pela capa e titulo, não são aconselhados a adquirir esta dt, pois aqui há realmente o que chamamos de T ERROR SONORO!