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4 Lei Nº 11

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4 Lei nº 11.

343/2006 - Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas


sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e
ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
Nesse sentido, vejamos quais os tópicos que a Lei Antidrogas buscou atingir:

 Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad;


 Prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
 Estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas;
 Define crimes e dá outras providências.

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Iniciemos o resumo da Lei 11.343/2006 pelo Sisnad.

O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) prescreve


medidas para (Art. 1º):

 prevenção do uso indevido,


 atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
 estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Logo se consideram como drogas as substâncias ou os produtos capazes


de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

O professor Paulo Guimarães explica que se trata de tipos penais em branco,


vejamos.

Tipos penais em branco – Resumo da Lei 11.343/2006 – Lei AntiDrogas


Temos que em regra as drogas são proibidas em todo o território nacional,
o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e
substratos, entretanto há exceções (Art. 2º):

 hipótese de autorização legal ou regulamentar.


 plantas de uso estritamente ritualístico-religioso disciplinada na
Convenção de Viena.
 Drogas para fins medicinais ou científicos, se houver autorização da
União.
POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL

Vejamos a definição do crime de posse de drogas para consumo pessoal.

Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer


consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar (Art. 28).

E como será definido se droga destinava-se a consumo


pessoal? Simples, juiz atenderá à natureza e à quantidade, ao local e as
condições bem como à conduta e aos antecedentes do agente (§2º)
Assim, quem infringir a lei será submetido às seguintes penas:

 I – advertência sobre os efeitos das drogas;


 II – prestação de serviços à comunidade;
 III – medida educativa de comparecimento à programa ou curso
educativo.

Obs. A prestação de serviços à comunidade e a medida educativa serão de no


máximo 5 meses, exceto no caso de reincidência que serão aplicados em
até 10 meses (§3º e §4º)

Para garantia do cumprimento das medidas educativas (incisos I, II e III), a


quem injustificadamente se recuse, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a (§ 6º):

 I – admoestação verbal; -> trata-se de uma advertência “severa”


 II – multa.

Ainda, submete-se a mesma pena do crime de posse de drogas para consumo


pessoal quem semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação
de pequena quantidade (§1º)

Por fim, é importante conhecer o entendimento do STF (Recurso Extraordinário


430.105-9-RJ) que afastou a tese de abolitio criminis dos crimes de uso
pessoal, mas apenas identificou a despenalização, em outras palavras,
as condutas não deixaram de ser crime.

Da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas

Sabemos que a produção de drogas, em regra, é proibida, assim para que


seja possível produzir, extrair, vender, comprar drogas ou matéria-prima
destinada à sua preparação, se faz necessária licença prévia da autoridade
competente (Art. 31).

Nesse sentido, as plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo


delegado de polícia (Art. 32) e procederá à destruição da seguinte forma:

INCINERAÇÃO DE DROGAS APREENDIDAS


 Com prisão em flagrante (Art. 50, §4º): será executada pelo delegado
de polícia competente no prazo de 15 dias na presença do Ministério
Público e da autoridade sanitária.
 Sem prisão em flagrante (Art. 50-A): será feita por incineração, no
prazo máximo de 30 dias contados da data da apreensão, guardando-se
amostra necessária à realização do laudo definitivo.

Ainda, as glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas,


conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal (§ 4º).

Tráfico ilícito de drogas

Vejamos a importante literalidade do artigo 33 que tipifica o crime de tráfico


ilícito de drogas.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa.

Atente-se que a conduta independe de lucro, assim caso alguém forneça


drogas, mesmo que gratuitamente, será tipificado.

Também é válido conhecer o posicionamento do STJ que reconheceu que


negociações de compra e venda de droga por telefone é capaz de configurar o
crime de tráfico de drogas.

STJ (HC 212.528-SC): A conduta consistente em negociar por telefone a


aquisição de droga e também disponibilizar o veículo que seria
utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de
drogas em sua forma consumada – e não tentada – (…)

CRIMES EQUIPARADOS

No §1º podemos encontrar os crimes equiparados ao tráfico de drogas, de


forma resumida temos:

 I – preparo de drogas
 II- planta ou colhe os vegetais para preparo de drogas
 III – utilização de bem ou local de qualquer natureza para o tráfico
 IV – venda de produtos destinado à preparação de drogas a agente
policial disfarçado

Atente-se ao inciso IV, pois se trata de uma inovação feita no pacote anticrime
para facilitar o trabalho do policial disfarçado.
IV – vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

TRÁFICO PRIVILEGIADO

Temos no § 4º o que a doutrina chama de tráfico privilegiado. Nos delitos


definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um 1/6 a 2/3 desde que:

 agente seja primário,


 bons antecedentes,
 não se dedique às atividades criminosas
 não integre organização criminosa.

Induzir ao uso

Trata-se de um crime que “substituiu” o crime a apologia ao uso ou ao tráfico


de drogas.

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:

USO COMPARTILHADO (TRÁFICO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO)

§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de


seu relacionamento, para juntos a consumirem.

Veja que são necessários alguns requisitos para que seja tipificado a conduta:

 Forma eventual
 Sem objetivo de lucro
 A pessoa do seu relacionamento
 Consumo conjunto

Financiar o tráfico

Financiar ou custear a prática de crimes (Art. 36):

 Tráfico ilícito de drogas (Art. 33, caput)


 Equiparados a tráfico (Art. 33, § 1º)
 Distribuição e utilização de maquinário (Art. 34)

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO

Art. 35 – Associarem–se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
§1º, e 34
Nas mesmas penas incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei.

Hipóteses que podem confundir é associação para o tráfico com associação


criminosa, por isso professor Paulo Guimarães esquematizou:

Colaboração com o tráfico

Art. 37 – Colaborar, como informante, com grupo, organização ou


associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts.
33, caput e §1º, e 34 desta Lei:

Não confunda:

 Associação para o Tráfico (Art. 35) -> Participação efetiva. Ex. olheiro
Colaboração com o tráfico (Art. 37) -> Colaboração eventual sem
participação diária. Ex. Policial que não entrega as informações do
tráfico

Obs. Caso o agente cometa o crime associação para o tráfico (Art. 35), será
absolvido do crime de colaboração (Art. 37).
Causas aumentativas de penas

A lei elenca algumas hipóteses de causas aumentativas de penas (de 1/6 a


2/3), vejamos de forma esquematizada (Art. 40):

 I – transnacionalidade do delito (tráfico internacional)


 V – entre Estados (tráfico interestadual)
 II – agente vale de sua função pública (servidor público) ou função
social (missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância)
 III – infração cometida nas dependências ou imediações
de determinadores locais (ex. prisão, escola, hospitais, locais de
trabalho coletivo e etc.)
 IV – praticado com violência ou ameaça, utilização de arma de fogo
 VI – visar a atingir criança ou adolescente ou “incapaz” (quem tenha
diminuída ou suprimida capacidade) -> Não há mais previsão para
idosos, atenção!
 VII – agente financiar ou custear a prática do crime

Obs. As causas aumentativas de penas não se aplicam aos crimes


relacionados ao consumo de drogas e à posse para uso pessoal, ou seja,
as causas aumentativas de penas são aplicadas para os crimes previstos nos
Arts. 33 a 37.

Delação premiada

A Lei também prevê a possibilidade de delação premiada, caso o


acusado colaborar voluntariamente com a investigação policial na (Art. 41):

 identificação dos demais coautores ou partícipes do crime; E


 na recuperação total ou parcial do produto do crime

Assim, no caso de condenação, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.

Isenção do dependente

A Lei ainda disciplina a isenção de pena para o agente que, em razão da


dependência (ou sob o efeito) de droga tenha praticado uma infração penal,
entretanto há dois requisitos (Art. 45):

 proveniente de caso fortuito ou força maior


 inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito

Obs. Para que ocorra absorção é necessário força pericial, assim o juiz poderá
encaminhá-lo para tratamento médico.

Também é possível que as penas sejam reduzidas de 1/3 a 2/3, caso


o agente não possuía plena capacidade de entender o caráter ilícito (Art.
46).
DO PROCEDIMENTO PENAL

Ritos processuais

A lei prevê dois ritos processuais diferentes a depender da gravidade do


crime, sendo eles:

Ritos processuais:

 Ritmo Sumaríssimo (Lei n. 9.099/1995): Crime de menor potencial


ofensivo (arts. 28, caput e §1°; 33, §3° e 38)
 Rito Especial (própria Lei n. 11.343/2006): Ligados ao tráfico de drogas
(arts. 33, caput e §§1° e 2°; 34; 35; 36; 37; 39, parágrafo único)

Importante: Ainda que caibam algumas exceções, a competência para


processar e julgar os crimes de tráfico de drogas, inclusive quando
ultrapassarem os limites dos estados, é da Justiça Comum Estadual.

Prisão em flagrante do usuário de drogas

No crime de posse de drogas para consumo pessoal não haverá prisão


em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao
juízo competente para que se lavre o termo circunstanciado e providencie as
requisições dos exames e perícias necessários (Art. 48, § 2º)

Na ausente a autoridade judicial, serão tomadas de imediato pela


autoridade policial, assim fica vedada a detenção do agente (Art. 48 § 3º).

Da Investigação

Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de


polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do
Ministério Público, em 24 horas (Art. 50).

Ainda, as drogas apreendidas serão destruídas, conforme as regras abaixo:

Incineração de Drogas – Resumo da Lei 11.343/2006


Observe que o inquérito policial deve ser concluído em prazos diferentes a
depender da situação do indicado (Art. 51):

 Indicado preso -> 30 dias


 Indicado solto -> 90 dias

Obs. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério


Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Findo prazo, a autoridade de polícia judiciária remeterá os autos do


inquérito ao juízo (Art. 52), relatando sumariamente as circunstâncias do
fato; ou requerendo devolução para realização de diligências necessárias.

Ainda é importante compreender que em qualquer fase da persecução


criminal, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, são
permitidos os seguintes procedimentos investigatórios (Art. 53):

 I – a infiltração por agentes de polícia


 II – a não-atuação policial sobre os portadores de drogas com
a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação
penal cabível

Da Instrução Criminal

Para finalizar o Resumo da Lei 11.343/2006 parte 2, vejamos sobre a instrução


criminal.

Recebidos em juízo os autos, o Ministério Público que adotará uma das


seguintes providências (Art. 54)

 I – requerer o arquivamento;
 II – requisitar as diligências que entender necessárias;
 III – oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as
demais provas que entender pertinentes.

Caso seja oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado


para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 dias (Art. 55)

E caso seja recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência
de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado,
a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará
os laudos periciais (Art. 56).

Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o fará em


10 dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos (Art. 58).

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