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Psicossomática

As razões pelas quais os pacientes psicossomáticos apresentam dificuldade em entender seus


sintomas, objetivo estudar o contexto da psicossomática, desde seu surgimento enquanto objeto de
estudo até sua evolução enquanto conceito, passando pelas principais escolas de pensamento que
se debruçaram sobre a temática. dos olhares sobre a psicossomática desde a Antiguidade até o
surgimento da psicanálise freudiana, assim como, trata da correlação dos sintomas histéricos com as
manifestações somáticas, trazidas por Freud. Por fim, trata-se de uma leitura das principais
contribuições das escolas de psicossomática. A dificuldade de simbolização entre os psicossomáticos,
em que as angústias ficam desassociadas das dores, fatos e realidades traumáticas é uma das
principais conclusões do estudo. Por não associar a causa orgânica à psicológica, muitos pacientes
tardam ao buscar tratamento psicológico.
Não são de hoje as discussões, estudos e a curiosidade em entender a fundo as relações entre o
adoecer e o bem viver. Refere Volich,
desde os tempos imemoriais, o combate entre a vida e a morte e a oscilação entre saúde e doença
foram mistérios fundamentais para o desenvolvimento do conhecimento do homem sobre si mesmo e
sobre a natureza (VOLICH, 2010, p. 23).
Descartes “postulou a separação total da mente e corpo”, alicerçado em um discurso dualista
cartesiano. Víctora, Knauth e Hassen (2000) vão adiante e explicam essa dicotomia.
Essa concepção dicotômica entre corpo/mente ou corpo/alma ou físico/moral direciona a análise da
realidade material – o corpo – como independente das representações sociais – domínio da
subjetividade. A universalidade do corpo é premissa básica dessa análise. (VÍCTORA; KNAUTH;
HASSEN, 2000, p. 15).
Isso se dá porque, segundo os autores, “a doença exige uma explicação não apenas de suas causas
naturais, mas também de sentido.” (VÍCTORA; KNAUTH; HASSEN, 2000, p. 21). Se percorrermos
alguns momentos históricos, começando pela Antiguidade, podemos perceber que o olhar teocêntrico
abordava o adoecimento como sobrenatural, e a cura se davam através dos rituais religiosos.
Em paralelo, no Egito Antigo “emergiram também os primeiros sinais de um raciocínio analógico na
compreensão de sintomas e na escolha terapêutica.” (VOLICH, 2010, p. 24). “No século V a.C.,
Heródoto, assinalava a divisão em especialidades na medicina egípcia.” (VOLICH, 2010, p. 24). René
Descartes (1596 – 1650) contribuiu com o surgimento do método científico, dividindo o todo em partes,
tantas quantas necessárias para se chegar à compreensão.
Essas diferentes visões vão contribuir para que em 1918 Heinroth (1773-1843), psiquiatra alemão,
apresente a expressão psicossomática, em um artigo onde relacionava a influência das paixões
(palavra que vem do grego Pathos, que significa afecção, excesso, ser afetado por, e irá originar o
termo patologia) com o processo de adoecer, “ressaltando a importância da integração dos processos
físicos e anímicos do adoecer.” (VOLICH, 2013, p. 55). Em 1928, Heinroth fala em somatopsíquica
“para caracterizar as modificações dos estados psíquicos a partir do fator corporal.” (VOLICH, 2013,
p. 55).
A breve fundamentação sustenta a relevância do tema a que se propõe o presente ensaio: entender
as questões etiológicas em relação à psicossomática, da Antiguidade até o contexto atual, com o
objetivo de responder à pergunta: Por que os pacientes psicossomáticos apresentam dificuldade em
entender seus sintomas?
A fim de analisarmos as razões em que residem as dificuldades de entendimento da origem de certos
males e doenças que atingem o corpo, parece pertinente que percorramos, ainda que brevemente, a
origem e a evolução dos conceitos de saúde e doença. Antigamente, a superstição, a magia e a cura
estavam bastante mescladas, e as figuras do médico e do religioso andavam juntas, sendo “o xamã
[...] o mediador entre as forças cósmicas e o doente.”
na mitologia grega várias divindades estão vinculadas à saúde: Apolo, Esculápio, Higéia e Panacéia.
Já em um período posterior grego, Hipócrates, Platão e Aristóteles já consideravam a unidade
indivisível do ser humano. Platão descrevia a alma como preexistente ao corpo e a ele sobrevivente,
enquanto Aristóteles postulava que todo o organismo é a síntese de dois princípios: matéria e forma.
Responsável por dar à medicina o espírito científico, Hipócrates de Cós (460 a.C.), tenta explicar os
estados de saúde e doença pela “existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile
amarela, bile negra, fleuma e sangue.”
A saúde seria o equilíbrio entre esses elementos. Os mesmos autores lembram por meio de Volich
(2006) que Hipócrates entendia a enfermidade como uma desorganização desse estado.
A partir desses conceitos Hipócrates teria afirmado que “os asmáticos deviam se resguardar da
raiva.”). Mais tarde, Cláudio Galeno (129-199) entendia “a causa da doença como endógena, ou seja,
estaria dentro do próprio homem, em sua constituição física ou em hábitos de vida que levassem ao
desequilíbrio.”
Essa teoria persistiu até Paracelsus (1493-1541) afirmar que “as doenças eram provocadas por
agentes externos ao organismo.”
Na Idade Média, Fava, lembra que “a doença era atribuída ao pecado, sendo o corpo o locus dos
defeitos e pecados, e a alma, o dos valores supremos”. Na modernidade surgem Descartes e a teoria
da separação completa entre mente e corpo. A postura dualista influenciou o desenvolvimento do
pensamento médico,
Mello Filho divide a evolução da psicossomática em três fases. A primeira, inicial, psicanalítica, com
interesse em estudos sobre a origem inconsciente das doenças, “teorias da regressão e [...] ganhos
secundários da doença”.
A segunda, também chamada de fase intermediária, influenciada pelo modelo Behaviorista, valorizou
as pesquisas tanto em homens como em animais, deixando assim grande legado aos estudos do
stress. A terceira fase, denominada de atual ou multidisciplinar, valorizou o social, a interação e
interconexão entre os profissionais das várias áreas da saúde.
Já na década de 30, C. G. Jung diferenciava mente e corpo por um viés conceitual:
A distinção entre mente e corpo é uma dicotomia artificial, um ato de discriminação baseada muito
mais na peculiaridade de cognição intelectual que na natureza das coisas. De fato, é tão íntimo o inter-
relacionamento dos traços psíquicos e corporais que podemos não somente estabelecer inferências
sobre a constituição da psiquê a partir da constituição do corpo como também podemos inferir
características corporais a partir das peculiaridades psíquicas. (JUNG).
Conforme escritos de Nemiah, Pierre Janet, no final do século XIX, “levantou a hipótese psicodinâmica
para um processo psicossomático” por meio do caso Marie. Já a partir do início do século XX, o médico
alemão Sigmund Freud, “através do conceito de determinismo psíquico, resgata a importância dos
aspectos internos do homem” .
DE FREUD À PSICANÁLISE ATUAL
No mesmo período em que surgem os termos psicossomática e somatopsíquica, Freud (interessado
em encontrar um tratamento efetivo para os pacientes histéricos) funda a Psicanálise e apresenta
suas ideias defendendo um sentido para os sintomas psíquicos manifestos no corpo e recalcados no
inconsciente. De acordo com Volich, “para cada indivíduo, as diferentes soluções encontradas em face
dos conflitos experimentados ao longo de sua vida, ou em momento particular dessa, determinam o
bem estar ou o adoecer.” (VOLICH, 2010, p. 82). Castro, Andrade e Muller observam que “desde o
início a psicanálise partiu do corpo”, uma vez que o sintoma aparecia no corpo. Daí falar-se em
somatopsíquica.
Freud estruturou a teoria da sexualidade infantil enfatizando as experiências da infância vividas nas
relações com o outro e da libido, uma energia psíquica, pulsional, originada na relação entre as
necessidades de autoconservação e o investimento inicial recebido. Sobre a satisfação ou frustração
da libido, Volich esclarece:
os destinos da excitação sexual são marcados pelas experiências de satisfação ou de frustração
experimentadas pelo sujeito tanto com relação a outro humano, objeto externo, como com o próprio
corpo do sujeito, através das experiências autoerógenas.
O fundador da psicanálise apropria-se do termo médico histeria e teoriza a neurose e a histeria de
conversão como sendo a estrutura responsável pelas manifestações somáticas dos conflitos
psíquicos.
o corpo, não raro, transcreve uma história misteriosa que pode ser decifrada e traduzida em palavras,
mediante a identificação daquilo que o recalcamento ocultou da linguagem e a conversão transformou
em um sintoma dotado de valor simbólico.
Freud postula as fases do desenvolvimento psicossexual e enfatiza os conflitos das fases oral e anal
como elementos importantes na estruturação psíquica da personalidade psicótica (esquizofrenia ou
transtornos de humor ou paranoia). Enfatiza a conflitiva edípica, da fase fálica, como elemento
importante na estrutura neurótica (obsessiva compulsiva, neurose histérica de angústia ou neurose
histérica de conversão). A forma como o conteúdo recalcado retornará à realidade do sujeito definirá
o tipo de neurose.
Assim, podemos definir, a partir de Laplanche e Pontalis (2001, p. 296), que neurose é uma “afecção
psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico que tem raízes na
história infantil do sujeito e constitui compromisso entre o desejo e a defesa”. Já a histeria, enquanto
estrutura, para o mesmo autor, é uma classe de neurose (distúrbio emocional cuja característica
principal é a angústia) e pode ser de dois tipos: de conversão (se caracteriza pela predominância de
sintomas de conversão) e de angústia, cujo sintoma central é a fobia.
Freud relacionou a emoção reprimida, não aliviada pelos canais normais de atividades voluntárias, à
constituição dos distúrbios crônicos e psíquicos no corpo. Ela está recalcada dando espaço para o
mesmo afeto se associar a novos representativos, retornando substitutivamente através do sintoma.
Os sintomas neuróticos “resultam de uma incompatibilidade (conflito) entre vivências ou
representações que provocam afetos aflitivos (desprazer), e que o sintoma resulta da impossibilidade
da “atividade do pensamento” de diminuir ou eliminar a perturbação produzida por elas.”
Considerando que a estruturação da personalidade acontece principalmente durante os primeiros
anos de vida de um sujeito, se faz pertinente a colocação de Volich,
a mãe, ou seus substitutos, ao prover os cuidados ao bebê, propicia-lhe não apenas satisfação
material (alimentação, limpeza), mas igualmente sua própria experiência afetiva e libidinal, que
acompanha tais ações. As marcas da experiência emocional do outro também passam a fazer parte
da representação do objeto.
O autor detalha a importância dos investimentos afetivos para com a criança na estruturação psíquica
desse sujeito.
Desde o nascimento, ao ser cuidado por sua mãe, ou por outra pessoa que ocupe esse lugar, a criança
experimenta, simultaneamente à satisfação de suas necessidades, o prazer de ser desejada por ela.
Por meio de gestos, palavras, fantasias, essas experiências promovem a erogenização do corpo da
criança, que, dessa forma transcende gradativamente seus funcionamentos corporais automáticos,
determinados pela natureza, para viver novas experiências, que podem tanto conduzir ao prazer, como
à angústia
o legado deixado por Freud, para estudo dos fenômenos psicossomáticos por meio das neuroses
atuais, foi teorizar o sintoma somático como produto da angústia – sem mediação da repressão -, o
caráter atual da etiologia e sintoma como consequência da não satisfação da libido.
DEFINIÇÕES DE PSICOSSOMÁTICA
“Um marco da medicina psicossomática”: Determinação psíquica e tratamento psicanalítico das
afecções orgânicas, propondo que “o mecanismo psicológico da conversão histérica poderia ser
generalizado para outras doenças somáticas, como uma expressão simbólica de desejos
inconscientes manifestados no corpo do paciente”.
Groddeck considerava que toda doença tem um sentido e não é fruto do acaso; que é uma solução
problemática para os conflitos que pontuam cada ser humano. A saúde
seria responsabilidade de cada um e ao médico competiria, não curar, mas tratá-la, criando, em
colaboração com o paciente, condições adequadas de saúde.
Casetto entende que Groddeck “estende a teoria do processo conversivo a todo episódio de
adoecimento”, defendendo que a razão do sintoma, inconsciente, é elucidada pelas consequências
que o mesmo provoca: “dores de cabeça aplacam os pensamentos.
De acordo com Castro, Andrade e Muller (2006, p. 40), “classicamente psicossomático é definido como
todo distúrbio somático que comporta em seu determinismo um fator psicológico interveniente”, ou
seja, que intervém propriamente e contribui à gênese da doença, e “não de modo contingente, como
pode ocorrer com qualquer afecção”.
Atualmente o termo psicossomático é compreendido como “a inseparabilidade e interdependência dos
aspectos psicológicos e biológicos.”. No manual classificatório, o DSM-IV (2002), “o termo
psicossomático foi substituído por fatores psicológicos que afetam a condição médica.”
ESCOLA AMERICANA
De acordo com Alexander e Dunbar, da Escola de Chicago, os transtornos psicossomáticos se dariam
a partir de estados de tensão crônica, “relativa à expressão inadequada de determinadas vivências,
que seriam derivadas para o corpo.”
Cerchiari pontua que Alexander analisou “o conceito Freudiano de histeria conversiva em
psicossomática”. Segundo a autora, ele distingue “sintoma conversivo e neurose vegetativa”.
Retomando os conceitos já estudados por Freud, Alexander define o sintoma conversivo como “a
expressão simbólica de um conteúdo psicológico emocionalmente definido; é uma tentativa de
descarregar a tensão emocional.”
A neurose, para o mesmo autor, é uma “resposta fisiológica dos órgãos vegetativos a estados
emocionais, que, ou são constantes, ou retornam periodicamente”.
ESCOLA FRANCESA
Insatisfeito com as ideias de Franz Alexander sobre inconsciente e as doenças somáticas, Pierre Marty
juntamente com psicanalistas da Sociedade psicanalista de Paris e L. Kreisler criaram a Escola
Francesa de Psicossomática. Para eles, “pacientes somáticos se caracterizam por um modo de
funcionamento psíquico distinto daquele apresentado por neuróticos e psicóticos.” (VOLICH, 2000
apud PERES, 2006, p. 3). Para eles, “as doenças orgânicas devem ser analisadas a partir de uma
perspectiva de continuidade evolutiva e funcional entre o corpo anatômico e o corpo erógeno.”
Segundo o autor, as pessoas psicossomáticas têm sua capacidade de simbolização comprometida e
pensamentos voltados para a realidade. Assim como Freud, Marty acredita que esse funcionamento
psíquico encontra-se intimamente ligado a situações ocorridas na primeira infância.
Conforme Horn e Almeida, Silva e Caldeira o funcionamento psíquico dos psicossomáticos não se
enquadra em psicóticos ou neuróticos, mas sim eles funcionamento psíquico próprio, chamados por
eles de “pensamento operatório”.
Para os autores, há “uma orientação excessiva à realidade externa e um apego demasiado à
materialidade dos fatos.”
Esse apego acaba por ocasionar sofrimento. “O rearranjo dos elementos funcionais existentes no pré-
consciente torna-se custoso na vida operatória.”
Um das maiores nomes da atualidade da psicossomática psicanalítica, Joyce McDougall, defende que
“pacientes somáticos geralmente são pouco capazes de elaborar psiquicamente afetos
potencialmente desestruturantes.”. Para ela, os pacientes psicossomáticos não querem perder o
controle de suas emoções e, para isso, inconscientemente deixam de usar estratégias que evitam
isso. Segundo Joyce, essas estratégias “não devem ser comparados à repressão — uma vez que não
são executados conscientemente — e tampouco ao recalque — pois não transformam emoções em
material inconsciente.”
Ela acredita que esses afetos podem ser ejetados do aparelho mental.
O que foi “ejetado” do aparelho psíquico é convertido no corpo. “A utilização desse expediente pode
promover uma cisão entre o corpo anatômico e o corpo erógeno, culminando na ressomatização do
afeto.”. É o que Freud chamou de “Repúdio para fora do ego”, onde a psique utiliza “uma espécie de
defesa muito mais poderosa e bem-sucedida. Nela, o ego rejeita a representação incompatível
juntamente com seu afeto e se comporta como se a representação jamais tivesse lhe ocorrido.”
Diferentemente de Freud, McDougall. Para ela, os afetos são eliminados sem deixar nenhum registro
no psíquico das pessoas, criando assim um quarto destino para eles.
Os afetos podem “efetivamente desaparecer do aparelho psíquico mediante a expulsão do plano
consciente de pensamentos, fantasias e representações associadas a afetos capazes de provocar
sofrimento.”.
Para Joyce, assim como para Marty, os pacientes psicossomáticos têm dificuldades de simbolização,
Segundo Carneiro Ribeiro, é o que hoje verifica-se na clínica, com a multiplicação de demandas de
análise feitas por sujeitos portadores de fenômenos psicossomáticos
Ao procurar auxílio terapêutico, o indivíduo está passando por crises e conflitos emocionais, por mais
que traga uma queixa física, ele não consegue significar psiquicamente (discorrer a cadeia
significante) tal queixa. Se olharmos sob o aspecto médico, o corpo é um organismo vivo, que pode
ser estudado, manipulado, já sob o olhar da psicanálise, ele torna-se erotizado, marcado pela pulsão
e pela linguagem, ambas inseparáveis.
pacientes demonstraram uma impressionante dificuldade de expressar ou descrever suas emoções
através da palavra, assim como uma acentuada diminuição dos pensamentos fantasmáticos.”
Ainda de acordo com Taylor, a forma “peculiar de se comunicar” dos pacientes, Sifneos (1972)
denominou Alexitimia, ‘’sendo que a etimologia da palavra é de origem grega (A = falta de, LEXIS =
palavra, THYMOS= emoção), significando falta de palavras para as emoções.’’
Tendo como um dos principais sintomas a confusão entre sensações e sentimentos, e tendo como
problemática expressar os sentimentos através de palavras, o alexitímico costuma relacionar suas
sensações orgânicas aos seus sentimentos. Como podemos citar que, após sofrer um golpe
emocional, o alexitímico irá reclamar de dor de cabeça ou dores no corpo, mas não saberá dizer citar
de forma clara o que de fato sentiu.
Os autores Nemiah e Sifneos (1990 apud CHERCHIARI, 2000), perceberam, através desses estudos,
que havia uma diferença considerável na forma como os pacientes alexitímicos e os pacientes
neuróticos expressavam suas queixas.
Enquanto os pacientes neuróticos se queixavam de sintomas emocionais e dificuldades psicológicas,
os pacientes alexitímicos se queixavam de sintomas somáticos, onde na maioria das vezes não havia
qualquer ligação entre os sintomas e qualquer doença física que pudessem ter. A maneira como esses
pacientes se comunicavam se caracterizava por um pensamento simbólico em que as pulsões, os
sentimentos e os desejos não apareciam.
Os autores se referem ainda ao que consideram “uma extraordinária dificuldade desses sujeitos em
reconhecer e descrever seus próprios sentimentos”, e pontuam que os mesmos não conseguem
também diferenciar “as sensações corporais dos estados emocionais.”
NOVAS PERSPECTIVAS
Concepções ainda mais abrangentes, como a sociossomática, dão conta de a doença se origina de
uma conjugação de fatores vindos “do corpo, da mente, da sua interação e da interação também com
o ambiente e o meio social.”
Em sua análise, o psicanalista J. Mac Dougall afirma que “sem afeto não se liga a psiquê ao soma.”
Seguindo seu embasamento é correto afirmar que, nossos investimentos para mantermos em ordem
nossa estrutura psíquica, sintomas surjam caracterizados como defesas de algo real ou imaginário,
como ações de bloqueio de afeto. Na ausência de contornos de sublimação, buscamos outros
mecanismos de defesa, como racionalização, negação, repressão, isolamento, projeção e recalque,
impedindo a manifestação de nossas necessidades instintivas, nos levando a adoecer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo presente trabalho fica clara a permanente evolução do entendimento acerca da psicossomática
e as dificuldades em se chegar a um denominador comum e a um conceito acabado do tema. No
entanto, o rico percurso pelo instigante e desafiador assunto nos permite tecer algumas considerações
longe de conclusivas, mas momentaneamente acalentadoras no viés da preliminar investigação
científica proposta como Atividade Prática Supervisionada.
É inegável que passadas as primeiras tentativas de compreensão do fenômeno psicossomático ao
longo da história, a contribuição do pai da psicanálise, correlacionando os sintomas histéricos às
manifestações somáticas, foi o ponto de partida para importantes desdobramentos. Após Freud lançar
concepções diferentes do modo cartesiano, Alexander foi o responsável por aproximar medicina e
psicanálise, fundando a escola psicossomática.
Pierre Marty, também em busca de mudar os paradigmas de sua época (as concepções da Escola
Americana), seguiu com a linha de pensamento psicanalista proposta por Freud. Para o francês, as
pessoas psicossomáticas, devido à sua relação com a mãe na infância, têm um funcionamento
psíquico próprio, que ele chamou de “pensamento operante”.
A alexitimia, na escola de Boston, define muito bem a dificuldade do paciente psicossomático em
entender e expressar os próprios sintomas – pergunta que norteou a presente pesquisa – e se
aprofunda na caracterização dessas manifestações.
A dificuldade da identificação dos sintomas pelos pacientes psiconeuróticos dá-se em função de uma
fragilidade da estruturação psíquica; baixo estoque da economia libidinal, pulsional recebidos na
infância; dificuldade de relacionar o simbólico aos afetos, pois possui pensamento “rígido”, voltado em
demasia para a realidade; pobreza do acervo de representações mentais e do seu discurso. Suas
angústias estão desassociadas das suas dores, fatos ou realidades traumáticas.
Por não associar a causa orgânica à psicológica, muitos pacientes tardam ao buscar tratamento
psicológico. E esse encontro geralmente acontece por eles já terem buscado tratamento médico antes
e não conseguirem resultados satisfatórios. O meio usado pelos psicólogos para aliviar a dor psíquica
é a fala, ou seja, é através dela que o paciente, com o tempo, vai nomear e expressar seus afetos e
“concluir o processo de dessomatização do aparelho psíquico.”
Hoje a psicossomática é uma abordagem inter/multidisciplinar e um tipo de manifestação de sintomas
psíquicos traduzidos no corpo. Passada essa etapa de investigações iniciais e no afã de continuarmos
na pesquisa cabe seguirmos refletindo sobre o tema de nossa investigação.
Psicossomática hoje
A psicossomática é um campo de estudo que busca compreender a interação entre a mente e o corpo,
e como fatores emocionais e psicológicos podem influenciar a saúde física de uma pessoa. Ela
reconhece a estreita conexão entre o estado emocional e a manifestação de sintomas físicos.

A abordagem psicossomática considera que as emoções, o estresse, os traumas e os conflitos


internos podem desempenhar um papel importante no surgimento e na progressão de doenças.
Acredita-se que esses fatores possam afetar o funcionamento do sistema imunológico, hormonal e
nervoso, levando a alterações físicas e sintomas somáticos.
A psicossomática não nega a importância dos fatores biológicos ou genéticos na saúde, mas enfatiza
que o aspecto psicológico também desempenha um papel significativo. Por exemplo, o estresse
crônico pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas, distúrbios gastrointestinais,
dores crônicas e outros problemas de saúde.
Essa abordagem reconhece a individualidade de cada pessoa e como ela responde aos eventos
estressantes. A mesma situação pode causar sintomas físicos diferentes em duas pessoas distintas.
Além disso, a psicossomática considera que cada indivíduo possui uma história de vida única, com
experiências, traumas e emoções que podem afetar sua saúde.
O tratamento psicossomático envolve a integração de abordagens médicas e psicológicas. Os
profissionais dessa área trabalham em conjunto com médicos, psicólogos e outros especialistas para
oferecer uma abordagem abrangente ao cuidado da saúde. O objetivo é identificar e tratar as causas
subjacentes dos sintomas físicos, muitas vezes através da terapia psicológica, técnicas de
relaxamento, mudanças no estilo de vida e outros métodos.
Em resumo, a psicossomática estuda a relação entre mente e corpo, destacando como fatores
emocionais e psicológicos podem afetar a saúde física. Ela reconhece que a saúde é influenciada por
uma combinação complexa de aspectos biológicos, psicológicos e sociais, e busca abordar as causas
subjacentes dos sintomas físicos por meio de uma abordagem integrada.
Ao apontar como objeto da Psicologia Hospitalar os aspectos psicológicos, e não as causas
psicológicas, tal conceito se liberta da equivocada disputa sobre a causação psicogênica versus
causação orgânica das doenças.
A psicologia hospitalar não trata apenas das doenças como causas psíquicas, classicamente
denominadas “psicossomáticas”, mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença. Toda
doença apresenta aspectos psicológicos, toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e
por isso pode se beneficiar do trabalho da Psicologia Hospitalar.
A Psicologia Hospitalar enfatiza a parte psíquica, mas não diz que a outra parte não é importante, pelo
contrário, perguntará sempre qual a reação psíquica diante dessa realidade orgânica, qual a posição
do sujeito diante desse “real” da doença, e disso fará seu material de trabalho.
A psicologia hospitalar e a psicossomática são campos conceituais que não se recobrem de forma
completa; a primeira compartilha com a segunda o trabalho de identificar e tratar as causas psíquicas
das doenças orgânicas, mas não faz disso o seu cerne nem tal coisa se limita, aceitando como algo
legítimo trabalhar com o aspecto psicológico em qualquer das formas que ele possa assumir: causa,
consequência, ou outra qualquer.
Ao que parece, a Psicologia Hospitalar, que nasceu da psicossomática e da psicanálise, vem
atualmente ampliando seu campo conceitual e sua prática clínica, com isso criando uma identidade
própria e diferente.
Disciplina Psicologia Hospitalar – Introdução
A história do hospital e suas evoluções durante o passar dos séculos até a entrada da equipe
multidisciplinar e junto dela os serviços de psicologia dentro do hospital e o papel do psicólogo
nessa instituição.
A psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno
do adoecimento, aquele que se “dá quando o sujeito humano, carregado de subjetividade, esbarra em
um “real”, de natureza patológica, denominado “doença”(Simonetti).
É importante apontar o objeto da psicologia hospitalar e estabelecer que está relacionado aos
aspectos psicológicos, e não às causas psicológicas. Assim, fica estabelecido que a psicologia
hospitalar não trata apenas das doenças como causas psíquicas, classicamente denominadas
“psicossomáticas”, mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença, uma vez que é
factível que “toda doença se encontra repleta de subjetividade, e por isso pode se beneficiar do
trabalho da psicologia hospitalar (Simonetti).
Alfredo Simonetti: Manual de Psicologia Hospitalar: O Mapa da Doença
Tríade de ação: Determinada pela dinâmica doença - internação – tratamento.
Tríade de relação: composta por paciente - família - equipe de saúde.
Processos pensar/fazer da Psicologia Hospitalar.
Interação nessa obra entre ciência e arte, que caracteriza a especialidade.
Na arte: o encontro terapêutico, do saber ouvir, do saber calar, do saber como e porque falar, e
sobretudo, da profunda dimensão humana que encerra esse encontro.
Na ciência: organiza e esquematiza elementos que muito auxiliarão o desenvolvimento do raciocínio
clínico, a identificação clara do diagnóstico global da pessoa enferma e fornece, como seguir o
caminho, sempre desconhecido, da evolução dinâmica do “ser doente”.
A utilização do conceito multiaxial para diagnóstico, que caracteriza os pacientes de múltiplas formas,
a exemplo do DSM IV, além de facilitar a compreensão global dos processos biopsicossociais que
acompanham o adoecimento, aproxima o saber psicológico (mais qualitativo e subjetivo) do saber
biomédico (mais quantitativo e objetivo), possibilitando assim a construção de uma ponte importante
para a atividade interdisciplinar integrada nas ações de atenção à saúde das pessoas.
A partir do modelo de psicologia de ligação, que considera a atividade do psicólogo hospitalar como
um contínuum dentro do hospital, presente em cada momento em que se manifestam as demandas,
utiliza o referencial psicanalítico, e faz distinção sobre a diferença entre “pensar psicanaliticamente” e
“fazer psicanálise” no hospital geral.
No “Mapa dos Remédios”, apresenta uma visão introdutória à farmacologia e à psicofarmacologia, tão
presente na rotina hospitalar, assim fornecendo informações dessas ferramentas terapêuticas do
médico, que não podem passar despercebidas pelo psicólogo, quer seja pela influência direta que os
fármacos exercem sobre os processos patológicos, seja por toda a carga simbólica que estes
carregam em nossa cultura.
Então, o objetivo do psicólogo, é ajudar o paciente a atravessar a experiência do adoecimento! Há
duas partes no livro.
O Diagnóstico, que dá uma visão panorâmica do que está acontecendo em torno da doença e da
pessoa adoentada, como por exemplo, ensina a olhar.
E a Terapêutica, que é a arte de fazer algo útil diante da pessoa adoentada, o trabalho clínico
propriamente dito, com suas estratégias e técnicas, como por exemplo, ensina a fazer.
No que tange ao Diagnóstico, o autor traz a importância do diagnóstico em medicina e em psicologia.
Longe de ser apenas um rótulo, o diagnóstico é uma espécie de “estrela- do- norte”, aquela que
orientava os antigos navegantes quando ainda não existia a bússola, sem o qual o psicólogo corre o
risco de ficar perdido, sem rumo na imensidão do hospital.
 Diagnóstico Reacional: que estabelece o modo como a pessoa está reagindo à doença.
 Diagnóstico Médico: um sumário de sua condição clínica.
 Diagnóstico Situacional: representa a análise das diversas áreas da vida do paciente.
 Diagnóstico Transferencial: estuda as relações que o sujeito estabelece a partir do
adoecimento.
Esses eixos são maneiras diferentes e complementares de abordar a doença e possuem a vantagem
de identificar situações-alvo para a Terapêutica, além de organizar o pensamento do psicólogo sobre
o paciente.
No que tange a Terapêutica, o autor busca responder a seguinte questão: O que faz o
psicólogo no hospital? Aqui, demonstra que o psicólogo efetivamente faz alguma coisa, e que essa
coisa é importante porque abra espaço para a Subjetividade da pessoa adoentada, porque influi no
curso da doença, porque modifica a vivência que o paciente, os médicos, e a família têm da própria
doença, e mais: este trabalho que o psicólogo realiza diante da doença lhe é específico, ou seja, além
dele nenhum outro profissional da área da saúde foi treinado para isso.
Essa tal coisa que o psicólogo faz chama-se “tratamento psicológico”, que segundo Freud, “é o
cuidado que qualquer indivíduo presta a outro a partir de sua presença em pessoa”.
Ao final do livro, o autor traz a questão dos remédios em psicologia hospitalar: o que o psicólogo
hospitalar precisa conhecer sobre remédios em geral, e o porquê.
O remédio é um mundo! Saber caminhar nesse mundo, deixar de sentir-se “um estranho no ninho”,
aprender a perguntar e a ouvir sobre remédios, ter noção de onde buscar as informações quando
delas precisar, poder acompanhar a fala do paciente quando ele se referir aos remédios, conhecer
sumariamente os principais tipos de remédios, reconhecer a função dos remédios na Subjetividade
dos pacientes e desenvolver uma visão crítica do remédio como sintoma da modernidade; são
algumas competências de grande valia para o psicólogo no momento em que ele resolve praticar sua
arte em um local em que o remédio é parte fundamental: O Hospital.
E por último mas não menos importante, ao final de cada tópico, temos um quadro com um resumo
das principais informações.
CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA HOSPITALAR
Ao se tratar da etimologia da palavra, hospital se origina do latim hospitalis, que tem como significado
ser hospitaleiro, acolhedor, adjetivo este que se deriva de hospes, hóspede, estrangeiro, aquele que
hospeda. Sendo assim, o termo hospital nasceu do latim e se disseminou por diferentes países. Nos
primórdios da Era Cristã, o termo mais utilizado se relacionava com o grego e o latim, porém a palavra
hospital hoje, na contemporaneidade, corresponde a nosocomium, que representa um lugar dos
doentes, asilo para os enfermos, além também de corresponder a nosodochium, que representa uma
recepção direcionada aos doentes (LISBOA, 2002).
O hospital teve sua origem bem antes da Era Cristã ser instaurada e ganhar força durante a Idade
Média, contudo, é inevitável afirmar que foi devido às movimentações religiosas e ao cristianismo
como um todo que o hospital ascendeu e se desenvolveu de formas variadas dentro dos serviços de
assistência da sociedade (BRASIL, 1944).
Quando se pensa no hospital como uma instituição médica, associa-se a um ambiente voltado para a
cura e tratamento de pessoas enfermas, a partir do auxílio de uma equipe multidisciplinar que se une
para melhor desenvolver e solucionar cada caso clínico, contudo, o hospital nem sempre teve essa
finalidade, posto que no início, ele não poderia ser considerado uma instituição médica. Criado durante
a Idade Média como uma instituição de caridade regida pela Igreja Cristã, o hospital tinha como
objetivo oferecer abrigo, alimentação e apoio religioso aos pobres, desabrigados e enfermos.
Foucault, ressalta que os hospitais que atuavam durante a Idade Média na Europa não tinham como
foco ser um meio de cura para os doentes. A prática hospitalar se distinguia da medicina, pois a
medicina nessa época não era percebida como um instrumento de atuação dentro dos hospitais, já
que os mesmos possuíam como única finalidade o alojamento e a caridade para os pobres e
necessitados. O autor continua, a esse respeito, dizendo que:
Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres.
Instituição de assistência, como também de separação e exclusão. O pobre como pobre tem
necessidade de assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso.
Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê-lo, quanto para proteger os outros
do perigo que ele encarna (FOUCAULT, 2021, p. 174).
Para Lisboa (2002), o hospital tinha como intenção também excluir da sociedade aqueles que eram
considerados doentes, em sua grande maioria a população pobre e que, por isso, sofriam e passavam
por muitas necessidades ao decorrer da vida, tornando-se dependentes de assistência. Essa
população era vista como um perigo de contágio pelas demais classes sociais. Então o hospital, que
era regido através de um viés religioso de caridade, exercia seu papel acolhendo esses sujeitos e
separando-os do restante da sociedade.
Foi apenas durante o século XVII que surgiram as primeiras transformações no hospital, tornando-o
não mais unicamente uma instituição de caridade, mas, sim, uma instituição que cumprisse com as
funções de ordem social e política. Foi a partir do ano de 1656 que um dos primeiros hospitais gerais
foi oficialmente construído a comando do rei da França.
O período da Revolução Francesa, ocorrida durante o século XVIII, foi um momento histórico marcante
para a sociedade. Algumas das consequências desse período foram as grandes transformações e
mudanças nas áreas de participação social, com destaque para as áreas de instância econômica,
política e social. Tais transformações políticas foram essenciais para a área médica, da saúde e para
o hospital como um todo (AMARANTE, 2007).
O hospital regido pelo cristianismo e desenvolvido em volta das práticas e interesses religiosos
transformou-se, então, em uma instituição de cunho social, como uma obrigação do Estado, após
estabelecer as mudanças na política democrática. Porém eram poucos os investimentos financeiros
feitos para o hospital e para sua obra de assistência e com isso eram ambientes de pouco conforto e
higiene. Somente a população mais pobre e de condições de vida precárias frequentavam o hospital,
aqueles que podiam pagar eram tratados no conforto de suas próprias casas (BRASIL, 1944).
Segundo Lisboa (2002), após o declínio do domínio cristão dentro do hospital, muitas mudanças
puderam ser percebidas, o que fez com que o hospital geral, agora recebendo a influência e a direção
dos poderes políticos democráticos, se desenvolvesse cada vez mais durante a Idade Moderna. De
acordo com Foucault (2021), a ideia de que o hospital poderia e deveria ser usado como um
instrumento próprio destinado para curar e tratar todos os enfermos, se fortalece apenas em meados
do ano de 1780, sendo acompanhado por uma reformulação na sua prática.
Surge dessa forma uma nova visão sobre este estabelecimento agora como um instrumento de cura.
Mesmo que muitos teóricos e autores acreditassem e defendessem que o hospital já exercia seu papel
na cura dos doentes há muitos séculos, foi apenas durante o século XVIII, que muitos chegaram à
conclusão de que na verdade os hospitais não curavam e tratavam a população enferma tão bem
quanto deveriam.
Os profissionais que prestavam serviços dentro do hospital, eram os leigos e os religiosos que
trabalhavam apenas em prol da caridade, sendo assim, o hospital se encarregava de garantir a
salvação para quem estava lá para morrer e também para seus funcionários que serviam aos ideais
religiosos firmemente. Assim, até o século XVIII o doente que precisava de tratamento e da cura não
era o foco central dos serviços prestados pelo hospital. Esse lugar era preenchido pelas pessoas
carentes e que necessitavam de assistência e apoio espiritual, para que sua alma fosse salva.
Essa era a função predominante do hospital, um lugar visto como morredouro, ou seja, um lugar para
morrer. Foi durante a Revolução Francesa que ocorreram as transformações mais importantes na
instituição hospitalar.
O médico ganha seu verdadeiro espaço dentro do hospital, as internações então passam por uma
reformulação em seu significado e propósito, sendo agora um mecanismo voltado para a cura; o que
fez com que o índice de pessoas internadas e isoladas dentro dos hospitais caísse numerosamente.
(FOUCAULT, 2021).
No Brasil a medicina e as instituições hospitalares sempre acompanhavam os avanços e as
transformações que eram divulgadas por meio de publicações pelo mundo, a partir disso trabalhavam
para se igualar a realidade dos outros países, de uma maneira única e individual e no seu próprio ritmo
idealizavam e colocavam em prática as mudanças que surgiam ao decorrer do tempo (LISBOA, 2002).
A partir das transformações que foram ocorrendo dentro do Hospital Geral, para que ele se tornasse
então, instituição de cura e tratamento, voltada para um saber médico especializado, sendo uma das
mais importantes, foi a entrada da equipe multidisciplinar como parte importante do funcionamento do
hospital.
Gazotti e Cury (2019) alegam que a equipe multidisciplinar corresponde a um grupo de profissionais
clínicos que realizam um trabalho em conjunto com o objetivo na promoção de saúde e no diagnóstico
e tratamento dos pacientes enfermos.
A equipe realiza seu trabalho, sempre visando o melhor ao paciente e sempre de acordo com suas
demandas e de acordo com as demandas que seu caso clínico apresenta. Fazem parte desta equipe
além de médicos e enfermeiros, os psicólogos que atuam com funções importantes dentro da
instituição.
Em Ismael (2005) encontra-se o esclarecimento de que dentro da equipe multidisciplinar, o(a)
profissional de psicologia foi o(a) último(a) profissional a entrar e fazer parte da equipe e do ambiente
hospitalar, com uma certa resistência e dificuldade na inserção dentro do tratamento ofertado pela
equipe. É necessário que o trabalho dentro da equipe seja multi ou interdisciplinar pois proporciona
troca de informações tanto entre os profissionais, quanto no diálogo deles com o paciente que se
encontra no hospital.
A Entrada da Psicologia no Hospital
Os primeiros relatos da presença de psicólogos dentro das instituições hospitalares no Brasil
começaram por volta da década de 50 com o auxílio de Mathilde Neder, que realizou a primeira
instalação de um serviço de psicologia hospitalar no Hospital das Clínicas junto da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Romano (1999), nesse início o trabalho dos psicólogos dentro do hospital era
considerado esporádico por não se ter o conhecimento das demandas e nem da necessidade do apoio
psicológico nos setores do hospital.
Os trabalhos realizados na época se assemelhavam muito ao realizado dentro das clínicas
psicoterápicas, ou seja, não existia uma abordagem própria para a área. Para Angelini (2010), Mathilde
Neder pode ser considerada uma pioneira no desenvolvimento dos estudos e das práticas
profissionais dentro da psicologia hospitalar no Brasil. Ela elaborou diversos treinamentos para os
psicólogos da época dentro dessa área, além também de introduzir modelos e técnicas de avaliação
e de psicoterapias breves voltadas para a família. Todos esses feitos em um período, onde nem se
esperava ter o reconhecimento da importância do campo da psicologia dentro dos hospitais.
Por muitos anos, a psicologia hospitalar se baseou a partir de saberes, recursos técnicos e
metodológicos, que pertenciam a outras áreas de atuação do psicólogo; como por exemplo, as
técnicas da clínica psicoterápica que eram usadas dentro dos hospitais. Porém, na maioria dos casos
essas abordagens se mostravam inadequadas para o ambiente hospitalar.
Por conta dessa falta de um padrão claro de abordagem que pudesse contribuir para as definições de
estratégias para a atuação, o psicólogo encontrava uma certa dificuldade em legitimar seu espaço
como profissional dentro das instituições hospitalares. Foi a partir dessa percepção da pluralidade no
exercício da psicologia dentro do hospital, que se iniciaram várias pesquisas e publicações científicas
que tinham como objetivo contribuir para o fortalecimento da identidade do psicólogo no âmbito
hospitalar (ANGERAMI-CAMON 2002).
Já em meados dos anos 70, Bellkiss Wilma Romano Lamosa teve também um papel fundamental
para a inserção dos psicólogos no hospital, após receber um convite formal iniciou uma instalação de
psicologia no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
Bellkiss também foi a responsável por ficar à frente do primeiro curso de psicologia hospitalar
disponibilizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) no ano de 1976. Em 1987,
ela apresentou sua tese de doutoramento que se caracterizava como o primeiro trabalho acadêmico
do país sobre o levantamento da atuação dos psicólogos clínicos em instituições hospitalares do
Brasil, com isso ela garantiu seu nome como uma das precursoras da psicologia hospitalar no país
(ROMANO, 1999).
Foi apenas no ano de 2001 que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconheceu e aprovou a
psicologia hospitalar como uma especialidade. Junto dessa conquista a Sociedade Brasileira de
Psicologia Hospitalar (SBPH) vem desde o ano de 1997 trabalhando para promover e fortalecer essa
área de atuação no Brasil. Uma de suas ferramentas para isso é a construção e a ampliação do campo
de conhecimento técnico e científico para promover o profissional que se interessa e se propõe a atuar
nesta área (ISMAEL, 2005).
Azevedo e Crepaldi (2016) ressaltam que o termo Psicologia Hospitalar é usado unicamente no Brasil
e enfatizam que:
A terminologia Psicologia Hospitalar, utilizada apenas no Brasil, destaca a atuação do psicólogo no
hospital geral, embora represente um termo inadequado para se referir ao local de práticas de uma
área profissional. Psicologia da Saúde é o termo correto para destacar as atividades desenvolvidas
pelo psicólogo nos diversos contextos da área, neste caso, a atuação da Psicologia no Hospital
representa uma subespecialidade da Psicologia da Saúde (p. 580).
O termo Psicologia da Saúde é o mais utilizado em outros países, essa terminologia corresponde a
atuação dos psicólogos dentro dos hospitais como uma parte das muitas especialidades que a
contemplam. No entanto, no Brasil em função da história da constituição do Sistema Único de Saúde
(SUS) brasileiro, a atuação técnica e especializada dos psicólogos na área da saúde recebeu o nome
de Psicologia Hospitalar ao invés de Psicologia da Saúde(REIS et al., 2016).
Para Azevêdo e Crepaldi (2016), a Psicologia da Saúde tem como base uma das diretrizes do SUS, o
princípio de integralidade, ou seja, é o exercício de práticas de assistência à saúde do paciente que
vão além do modelo hospitalocêntrico considerando o sujeito levando em conta sua realidade familiar,
seu contexto cultural e social. A entrada dos psicólogos nas instituições hospitalares possui como seu
foco a atenção secundária.
Como descrito por Campos (1995), a instituição hospitalar precisa ser compreendida como um
ambiente que almeja oferecer um aperfeiçoamento não só do bem-estar físico, mas também do bem-
estar mental e social do sujeito. A psicologia no âmbito hospitalar poderá promover e recuperar o bem-
estar do sujeito paciente, ela irá contribuir para que ocorram boas evoluções no quadro clínico
apresentado pelo paciente e em sua saúde e cumprir com as necessidades apresentadas pelo
hospital.
Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno
do adoecimento. O adoecimento se dá quando o sujeito humano, carregado de subjetividade, esbarra
em um “real”, de natureza patológica, denominado “doença”, presente em seu próprio corpo
produzindo uma infinidade de aspectos psicológicos que podem se evidenciar no paciente, na família,
ou na equipe de profissionais (SIMONETTI, 2004, p. 15).
Na visão de Salto (2007), é muito importante para a atuação profissional do psicólogo hospitalar que
ele se permita ir além das concepções médicas da doença e se aprofunde na subjetividade, na
capacidade e na disposição de crescimento pessoal do sujeito em meio a hospitalização.
De acordo com o CFP (2001) na Resolução n° 02/2001, é necessário que o psicólogo hospitalar se
responsabilize pela aplicação de avaliações psicológicas e pelo acompanhamento psicológico dos
pacientes que se encontram internados e de seus familiares utilizando as técnicas e as teorias
adequadamente.
A Resolução enfatiza que é importante o psicólogo reconhecer o seu limite dentro da sua atuação
seguindo sempre as normas e políticas da instituição. Angerami-Camon (2002) complementa que o
objetivo central da Psicologia Hospitalar é a redução do sofrimento psíquico provocado pelo processo
de hospitalização.
Assim, sua atuação não deve se basear no modelo psicoterápico praticado no setting terapêutico, pois
dentro do hospital o atendimento realizado pelo psicólogo fica sujeito a muitas variáveis que estão às
voltas com o caso clínico apresentado pelo paciente, porque a qualquer momento o psicólogo pode
precisar dividir seu espaço com outros profissionais tais como médicos, enfermeiros e outros.
O psicólogo hospitalar carrega além de todas as funções aqui descritas uma primordial para o
funcionamento das práticas hospitalares, o manejo entre a tríade paciente, família e equipe médica.
Além do psicólogo ouvir e acolher o sofrimento do paciente ele também precisa estar em contato direto
com a família, auxiliando no esclarecimento e nos sentimentos gerados perante o quadro clínico
apresentado pelo paciente adoecido, o que faz com que a família se torne corresponsável junto com
o paciente no processo de atendimento e tratamento.
O psicólogo é o único profissional no âmbito hospitalar que domina o trabalho no campo das palavras,
o que dá o suporte necessário para toda equipe médica, que além de ter que lidar com suas próprias
questões frente a instituição hospitalar, também precisam entender como os sentimentos e angústias
do paciente frente ao adoecimento podem afetar na sua recuperação (MÄDER, 2016).
Segundo Alberti (2019), a intervenção da psicologia hospitalar aponta para escuta da subjetividade
inerente ao sujeito durante o processo de adoecimento e a hospitalização. É muito importante que a
transferência ocorra na relação profissional de saúde do paciente, pois irá facilitar na disposição do
mesmo em aderir ao tratamento.
A psicanálise foi uma das primeiras abordagens a serem inseridas na atuação do psicólogo no hospital.
Ao se tratar da psicanálise como uma abordagem para a intervenção no cenário hospitalar, Simonetti
(2015) diz que:
O psicanalista não se dedica a tratar as doenças supostamente causadas por questões
psíquicas, ele se propõe a cuidar do sujeito às voltas com o adoecimento. Na perspectiva
psicanalítica, a subjetividade está presente em todas as doenças, não necessariamente com o causa,
mas sempre presente, seja como desencadeante, seja como consequência ou agravante, de forma
consciente ou inconsciente. Desse ponto de vista não existe doença sem sujeito. Ele está sempre lá.
Pode até não ser levado em conta, como faz o método científico, pode até ser excluído, como tenta
a prática médica apressada, mas ele existe e insiste em se manifestar. Basta ter olhos, ou melhor,
ouvidos, para escutá-lo, e ele aparece. Consideramos este um ponto nodal do trabalho do psicanalista
na cena hospitalar, e que não pode ser descuidado: a psicanálise não trabalha com doenças de causas
psíquicas, e sim com os aspectos subjetivos existentes em toda e qualquer doença (p. 121).
Com o decorrer dos anos e dos múltiplos campos de atuação do psicólogo no hospital, a partir de
diferentes teorias e técnicas, temos além da Psicanálise, duas teorias que ganharam força no cenário
da Psicologia Hospitalar, são elas a Teoria Fenomenológica Existencial e a Teoria Cognitivo
Comportamental (AZEVÊDO; CREPALDI, 2016).
Romano (1999) salienta que o psicólogo hospitalar deve ser um profissional com uma boa formação
e deve sempre estar buscando aprimorar seus conhecimentos dentro da área da saúde. É importante
que o psicólogo venha exercer sua profissão com um olhar clínico à beira do leito, ou seja, centrado
no paciente que se encontra adoecido, sendo assim, não é a abordagem teórica que caracteriza o
psicólogo na unidade hospitalar, mas sim o paciente a quem dele usufrui.
Quanto a isso a autora complementa dizendo que: desta forma, se um colega behaviorista aplicar
seus conhecimentos, por exemplo, no controle dos quadros hipertensivos, se um reichiano beneficiar
os doentes no reconhecimento de sua nova identidade corporal, todos serão psicólogos hospitalares
(desde, evidentemente, que os doentes estejam vinculados àquela instituição assistencial). Qualquer
outra forma de inserção, será do psicólogo em hospital. (ROMANO, 1999, p. 25).
Portanto, a partir do exposto acima é possível perceber um ponto em comum entre as teorias
Psicanalítica, Cognitivo Comportamental e Fenomenológica Existencial, ambas possuem como
interesse principal para a sua atuação na instituição hospitalar a relação do paciente frente à doença,
o seu adoecimento e seus sentimentos e pensamentos sobre a hospitalização.
Para Angerami-Camon (2002), o sujeito ao vivenciar uma situação de hospitalização seja por conta
de um adoecimento crônico ou não, passa por um processo de completa despersonalização e perda
de identidade própria, passando a ser estigmatizado pelos sinais, sintomas e pelo quadro clínico que
apresenta. Durante esse processo, todo o ambiente hospitalar passa a ser considerado ainda mais
aversivo para o paciente.
As intervenções e tratamentos realizados pela equipe médica podem ser percebidos como ações
invasivas e punitivas, até mesmo a atuação do psicólogo pode se tornar aversiva, se o mesmo não se
cercar dos cuidados e técnicas necessárias para a abordagem com o paciente, que se encontra em
sofrimento devido a sua hospitalização.
O psicólogo, dentro do Hospital Geral têm um papel fundamental na humanização do ambiente
e das práticas hospitalares. O atendimento humanizado é responsável por tornar acolhedor e por
validar as necessidades, demandas e sentimentos apresentados pelo sujeito além de tornar a
realidade da hospitalização e as condições de trabalho no hospital mais humanas (CAMPOS, 1995).
Waldow (2001) acrescenta que, a humanização se baseia no conceito de cuidado, sendo este uma
postura que contempla a aceitação, a autenticidade, a consideração, a proteção, a responsabilidade,
a preocupação, a valorização, o respeito e a expressão de pensamentos e sentimentos do paciente.
Seria através desse cuidado que se conseguiria favorecer as potencialidades de cada sujeito, a fim
não só da melhora do adoecimento, mas também do seu processo de vida.
No Brasil, a humanização se tornou uma política pública considerada como um norteador para as
Práticas de Atenção e Saúde no contexto hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo
do Humaniza SUS é trazer humanização para as instituições hospitalares, sua estratégia é realizar
mudanças na produção e promoção de saúde, fazendo valer a subjetividade do sujeito que constitui
e usufrui do sistema de saúde.
Uma rede de saúde humanizada faz com que se valorize todos os sujeitos e cidadãos, respeitando
sua história de vida ao mesmo tempo em que os olha como um sujeito coletivo (BRASIL, 2004).
Segundo Mota, Martins e Véras (2006), a humanização no hospital tem como característica o cuidado
do ser humano doente e a promoção da sua saúde entendida como bem-estar completo, isto é, físico,
mental e espiritual, garantindo a beneficência do paciente internado. Por falar em cuidados
humanizados no hospital, é extremamente necessária a presença do profissional de psicologia para o
tratamento dos aspectos psicológicos oriundos da internação.
De acordo com o CREPOP (2019) sobre “Referências técnicas para atuação de psicólogas(os)
nos serviços hospitalares do SUS”, o adoecimento e a necessidade de internação na unidade
hospitalar remetem ao sujeito um momento de muita dificuldade por conta das possíveis perdas que
ele pode enfrentar, como por exemplo a perda da sua autonomia pois torna-se dependente do apoio
e do auxílio da equipe médica. A perda da própria vida, pois a passagem no hospital pode despertar
essa angústia da finitude do sujeito, entre outras questões que podem levar o paciente a uma situação
de crise e tornar a permanência no ambiente hospitalar conflituosa e ameaçadora.
O adoecimento pode ser entendido como um período de crise que se instala devido às perdas que o
sujeito vivencia durante a hospitalização e também por conta das muitas variações emocionais e
sentimentais que implicam na existência do mesmo. Essa vivência de mal-estar é prejudicial à saúde
mental e física do sujeito e por isso demanda cuidados. Diante disso, é importante destacar que a
Psicologia Hospitalar auxilia o restante da equipe médica a enxergar o paciente para além da sua
patologia, considerando os sentimentos que ela lhe causa.
A partir das transformações do hospital como uma instituição médica que se originou de um ambiente
de caridade religiosa, a entrada do psicólogo junto da equipe multidisciplinar no âmbito hospitalar
contribuiu para muitos avanços, como por exemplo, a redução das práticas de um modelo unicamente
hospitalocêntrico e a implementação do ambiente e de um tratamento cada vez mais humanizado que
valida a subjetividade, as queixas e os sentimentos do paciente em relação ao seu quadro de saúde
e sua estadia no hospital.
Frente a essas questões geradas pelo adoecimento e pela hospitalização, Campos (1995) afirma que
o psicólogo hospitalar deve estar sempre pronto para ir de encontro ao paciente ao invés de
esperar que um pedido ou encaminhamento por outro profissional da equipe seja feito.
É preciso que o profissional de psicologia dentro do hospital tenha em mente, que a assistência à
saúde e o suporte psicológico devem ser disponibilizados a todo o instante dentro da instituição, pois
assim além de prestar apoio à equipe médica, elaborar um tratamento frente à angústia e os
pensamentos do paciente internado, ele irá intermediar a comunicação entre a família e o hospital.
O psicólogo hospitalar deve também estar pronto para lidar com o luto e as perdas que fazem parte
da realidade hospitalar. Quando se trata do suporte ao luto, não somente a família do paciente é vista
como foco de ação e intervenção do psicólogo hospitalar, mas também toda a equipe médica que
convive e vivencia o luto e a realidade da finitude da vida, diariamente.

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