Livro - Texto - Unidade IV
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Unidade IV
7 SISTEMA RESPIRATÓRIO: NARIZ, FARINGE E LARINGE
No corpo humano, assim como na maioria dos animais de vida terrestre, a aquisição de O2 requer
trocas gasosas entre o corpo e o meio ambiente. Assim, o sistema respiratório possibilita a absorção de
O2 pelo organismo e a eliminação de CO2 resultante da oxidação celular. As trocas gasosas ocorrem entre
o sangue e o ar, processo chamado de respiração.
A respiração acontece em três etapas principais: a ventilação pulmonar, ou respiração, que é o fluxo
de ar para dentro e para fora dos pulmões; a respiração externa, que é a troca de gases entre os espaços
aéreos ou alvéolos pulmonares, e o sangue, nos vasos capilares pulmonares; e a respiração interna, que
é a troca de gases entre o sangue nos vasos capilares sistêmicos e as células dos tecidos. O sangue provê
O2 e recebe CO2.
Além das trocas gasosas, os papéis do sistema respiratório são: produzir o som ou a vocalização,
quando o ar expirado passa por meio das pregas vocais; auxiliar na compressão abdominal durante a
micção, defecação e parto; tornar possíveis os movimentos aéreos protetores e os reflexos, por exemplo,
tosse e espirro, para manter limpa a passagem do ar; auxiliar na regulação do pH sanguíneo; e livrar o
organismo de uma parte da água e do calor no ar expirado.
Nariz
Faringe
Laringe
Traqueia
Pulmões
Para que seja realizável, a respiração é imprescindível à participação de uma série de órgãos tubulares
e alveolares, localizados na cabeça, no pescoço e na cavidade torácica. Esses órgãos são: nariz, cavidade
205
Unidade IV
nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. Os órgãos respiratórios podem ser subdivididos
em órgãos do trato superior ou vias aéreas superiores e pulmões, conforme ilustra a figura a seguir.
Ademais, podemos considerar como órgãos acessórios da respiração as pleuras, a caixa torácica e os
músculos respiratórios. Toda a via aérea é recoberta internamente por uma mucosa.
Lembrete
7.1 Nariz
O nariz é a saliência mediana da face, composto de arcabouço ósseo e cartilagíneo, revestido de pele
e com o formato de uma pirâmide triangular. A extremidade superior corresponde ao vértice da pirâmide,
chamado de raiz e a extremidade inferior, chamada de base. Entre a raiz e a base encontra‑se de dorso.
Na base deparam‑se duas aberturas em fenda, as narinas, separadas por um septo nasal. Elas comunicam
o meio externo com a cavidade nasal. A partir da raiz uma ponte óssea se estende para baixo, ao longo do
dorso, para terminar na parte móvel chamada de ápice. A parte lateral é composta pela asa do nariz. A pele do
nariz prossegue o contorno das narinas e continua na cavidade nasal por uma curta distância para compor a
junção com a mucosa que reveste a cavidade nasal. Uma rede de pelos curtos e espessos, as vibrissas, sai da
pele, que é rica em glândulas sebáceas cuja finalidade é conter as partículas pendentes no ar inspirado.
O nariz tem como função: limpar, umidificar e aquecer o ar, receber secreções dos seios paranasais e
do ducto lacrimonasal e expulsar secreções. Há diversos tipos de perfil nasais relacionados às variações
anatômicas características nos grandes grupos raciais. Os brancos, geralmente, têm nariz afilado, são
leptorrinos; os negros apresentam‑no achatado, são camerrinos; os amarelos são mesorrinos.
Além dos ossos nasais e as partes das duas maxilas, fazem parte do esqueleto do nariz várias
cartilagens nasais, como: cartilagem do septo nasal, cartilagens alares maiores e menores, vomeronasal,
e acessórias, conforme ilustra a figura a seguir.
A cartilagem do septo divide a cavidade nasal em duas metades, direita e esquerda. A cartilagem
lateral do nariz compõe uma parte do dorso do nariz. Um desvio do septo nasal pode intervir com a livre
passagem do ar por meio da cavidade nasal. Isso poderia ser gerado por uma lesão congênita, entretanto,
na maioria das vezes, o desvio acontece durante a adolescência e a vida adulta por traumatismo, por
exemplo, durante uma luta de soco.
Algumas vezes o desvio é tão acentuado que o septo nasal está em contato com a parede lateral
da cavidade nasal, e repetitivamente acarreta bloqueio respiratório, ou acentua o ronco, porém, essa
situação pode ser cirurgicamente retificada.
206
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Estrutura óssea:
Frontal
Frontal Estruturas cartilagíneas:
Maxila
Cartilagens nasais acessórias
Cartilagem do septo nasal
Cartilagens alares
Tecido conjuntivo fibroso
denso e tecido adiposo
A câmara interior do nariz é a cavidade nasal. Cada metade da cavidade apresenta duas aberturas
anterior e posterior, sendo elas as narinas e os cóanos, concomitantemente. A cavidade nasal é dividida
em duas partes: o vestíbulo e a cavidade própria do nariz limitada pelo limiar do nariz. Seus principais
limites são: o assoalho, o teto e as paredes medial e lateral.
O assoalho é mais largo do que o teto e é composto pelo processo palatino da maxila, os três quartos
anteriores; e pela lâmina horizontal do osso palatino, o um quarto posterior. O teto é curvo e estreito,
exceto em sua extremidade posterior.
A parede medial é formada pelo septo nasal mediano. Habitualmente, o septo nasal é desviado para
um dos lados, limitando o tamanho da cavidade nasal daquele lado. Os principais ossos do septo nasal
são: osso nasal, etmoide, vômer, esfenoide, palatino e maxila, conforme ilustra a figura a seguir.
207
Unidade IV
Os principais ossos da parede lateral da cavidade nasal são: maxila, osso nasal, etmoide, concha nasal
inferior, palatino e esfenoide.
A parede lateral possui três relevos chamados de conchas nasais: superior, média e inferior.
Raramente há um quarto relevo ósseo, que é a concha nasal suprema, localizada superiormente.
O espaço compreendido entre as conchas nasais e a parede lateral da cavidade nasal recebe o nome de
meatos nasais, conforme ilustram as figuras a seguir.
208
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
1. Vibrissas
2. Concha nasal inferior
3. Concha nasal média
4. Concha nasal superior
5. Meato nasal inferior
6. Meato nasal médio
7. Meato nasal superior
8. Óstio faríngeo da tuba auditiva
9. Seio frontal
10. Seio esfenoidal
11. Tonsila faríngea
Nos meatos nasais deparam‑se orifícios de comunicação com os seios paranasais e as células etmoidais,
que são cavidades cheias de ar, anexas à cavidade nasal, e situadas nos ossos pneumáticos do esqueleto
cefálico. No recesso esfenoetmoidal, região estreitada localizada acima e posteriormente à concha nasal
superior, abre‑se o seio esfenoidal. No meato nasal superior abrem‑se as células etmoidais posteriores.
No meato nasal médio abrem‑se os seios: frontal e maxilar e as células etmoidais anteriores. No meato nasal
inferior se abre o ducto nasolacrimal e a comunicação das cavidades orbital e nasal. O ducto nasolacrimal
drena os fluidos, ou seja, as lágrimas da superfície dos olhos, que também drenam nas cavidades nasais.
Observação
Os seios paranasais são espaços ocos preenchidos por ar, sendo a construção leve do crânio. Esses
seios são chamados conforme os ossos que se deparam. De tal modo, existem os seios frontais, maxilares,
esfenoidais e as células etmoidais.
Seio frontal
Células etmoidais
Seio esfenoidal
Seio maxilar
Admite‑se que os principais papéis dos seios paranasais sejam ajudar a aquecer o ar e umedecer o ar
inspirado. Eles também são responsáveis pela ressonância do som, porém, vale mencionar que seja mais
por conta que eles exerçam um papel na redução do peso do crânio. A capacidade de eles agirem como
caixas de ressonância durante a fala é duvidosa, porque também estão presentes em outros animais que
raramente vocalizam. Além do mais, nos seres humanos os seios paranasais obstruídos, ou cheios de
líquido, não atrapalham de forma significativa a vocalização.
O conhecimento da posição dos seios paranasais é relevante para o diagnóstico de uma doença, uma
vez que as inflamações neles podem gerar dores acima do lugar atingido, por exemplo, a cefaleia frontal,
no caso de uma inflamação no seio frontal.
O seio frontal em número de dois situa‑se profundamente à glabela do osso frontal. Suas medidas
habituais são: 3 centímetros de altura; 2,5 centímetros de largura; 2,5 centímetros de profundidade.
Ausentes no nascimento, os seios frontais, geralmente, estão bem desenvolvidos entre os 7 e 8 anos de
idade, porém, só atingem seu tamanho completo após a puberdade.
Os seios maxilares são os maiores seios paranasais e estão localizados na maxila. Seus tamanhos
se alteram entre os diferentes crânios, de um lado para outro no mesmo indivíduo. As medidas de um
seio maxilar médio são as seguintes: 3,75 centímetros de altura, em frente ao primeiro dente molar;
2,5 centímetros de largura; 3 centímetros de profundidade anteroposterior. As raízes do primeiro
pré‑molar e do segundo pré‑molar e, algumas vezes, a raiz do canino se projeta para cima em direção ao
210
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
seio maxilar. As raízes dos dentes estão envoltas em uma lâmina fina de osso compacto, ocasionalmente
ausente, e em contato com a túnica mucosa do seio maxilar. O seio maxilar surge como um sulco raso na
face medial do osso por volta do quarto mês da vida fetal, porém, só alcança seu total desenvolvimento
após a segunda dentição.
Observação
Os seios esfenoidais em número de dois estão incluídos dentro do corpo do esfenoide, alterando
em forma e tamanho. Suas medidas habituais são: 2,2 centímetros de altura; 2 centímetros de largura;
2,2 centímetros de profundidade. Na ocasião do nascimento, os seios esfenoidais deparam‑se como
pequenas cavidades, porém, seu maior desenvolvimento acontece após a puberdade.
As células etmoidais fazem parte de numerosas pequenas cavidades de paredes finas que compõem
o labirinto etmoidal e são completadas pelo frontal, maxila, lacrimal, esfenoide e palatino.
Observação
211
Unidade IV
7.4 Faringe
7.4.1 Dimensões
Como visto anteriormente, quando a faringe está em repouso seu comprimento médio é de
15 centímetros. Quando ela se contrai, sua extremidade inferior se eleva e seu comprimento diminui
cerca de 3 centímetros. Sua maior largura situa‑se imediatamente abaixo da base do crânio, onde se
projeta lateralmente atrás do óstio faríngeo da tuba auditiva, formando o recesso faríngeo; seu ponto
mais estreito está em sua terminação com o esôfago.
Sete cavidades se comunicam com a faringe, a saber: as duas cavidades timpânicas e nasais, a boca,
a laringe e o esôfago. A cavidade da faringe pode ser subdividida em três partes: nasal, oral e laríngea.
A parte nasal da faringe, ou nasofaringe, está posterior ao nariz e superior ao palato mole; a parte oral
da faringe, ou orofaringe, está posterior à boca; a parte laríngea da faringe, ou laringofaringe, está
posterior à laringe.
A parte nasal da faringe tem função respiratória e situa‑se posteriormente ao palato mole, sendo a
extensão posterior das cavidades nasais. O nariz abre‑se para a parte nasal da faringe por meio de dois cóanos.
O palato mole e a úvula palatina formam o assoalho da parte nasal da faringe.
Nas suas paredes laterais, a parte nasal da faringe recebe as tubas auditivas que a conectam com a
cavidade da orelha média. Quando aberta, ela equilibra a pressão no interior da orelha média com a que
está na faringe e no meio ambiente.
Observação
Saiba mais
Em sua parede lateral, uma prega vertical da mucosa, a prega salpingofaríngea, estende‑se para
baixo, a partir da tonsila tubária, e contém o músculo salpingofaríngeo. Uma segunda prega menor,
a prega salpingopalatina, estende‑se da parte superior da tonsila tubária ao palato. Atrás do óstio
faríngeo da tuba auditiva situa‑se um profundo recesso, o recesso faríngeo.
Na parte posterior encontra‑se uma saliência produzida por tecido linfático e conhecida como
tonsila faríngea. De modo geral, a tonsila faríngea é mais volumosa na infância, regredindo e se
atrofiando na idade adulta. Quando essas tonsilas se tornam aumentadas como respostas a uma infecção
são chamadas de adenoides. Esse aumento pode ser crônico e interferir na respiração pelo nariz, sendo
necessário respirar pela boca.
A parte oral da faringe tem função digestiva e estende‑se do palato mole ao nível do osso
hioide. Anteriormente, abre‑se na boca, por meio do istmo das fauces. Em sua parte lateral, entre
os dois arcos, se encontram as tonsilas palatinas, chamadas de amígdalas. As tonsilas palatinas
são duas massas de tecido linfoide localizado em ambos os lados da parte oral da faringe, entre os
arcos palatoglosso (anterior) e palatofaríngeo (posterior). O espaço entre os arcos que lhe serve de
leito é a fossa tonsilar.
As tonsilas palatinas estão frequentemente inflamadas e, não raro, são removidas cirurgicamente.
A remoção cirúrgica das tonsilas palatinas chama‑se tonsilectomia, enquanto a remoção das tonsilas
faríngeas é designada de adenoidectomia.
213
Unidade IV
Saiba mais
Parte inferior da faringe, serve como passagem de ar e de alimento. Situa‑se posterior à laringe e
estende‑se inferiormente ao nível do osso hioide à laringe. A parte laríngea da faringe comunica‑se com
a laringe por meio do ádito da laringe na sua parede anterior. No sistema digestório torna‑se contínua
com o esôfago.
Esse é um local frequente de choques de objetos pontudos, por exemplo, com ossos de aves ou
de espinhas de peixes. A presença de material estranho nessa região gera um quadro de asfixia e o
indivíduo fica inapto a retirar o objeto.
214
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
7.5 Laringe
A laringe ou órgão da voz é a parte das vias aéreas superiores que comunica a faringe com a
traqueia. Trata‑se de uma estrutura semirrígida, com esqueleto cartilagíneo no qual as cartilagens se
articulam em junturas sinoviais. Ela produz uma considerável saliência na linha mediana do pescoço
chamada de pomo de Adão.
Tem aproximadamente 5 centímetros e sua extensão vertical corresponde à C4 e C6, porém, está situado
em um lugar um pouco mais alto na mulher, assim como ocorre na infância. Durante a puberdade, no
homem, a laringe cresce rapidamente em tamanho e as pregas vocais tornam‑se 1 centímetro mais longas,
fazendo com que o limite inferior da voz caia de uma oitava. Nas mulheres, essas alterações, inclusive no
tom da voz, são menos acentuadas. De cada lado da laringe estão os grandes vasos do pescoço.
Observação
A laringe tem dois papéis principais, impedir que o alimento ou líquidos entre na traqueia e nos
pulmões durante a deglutição e permitir a passagem do ar durante a respiração; e a produção de sons.
A fonação é a produção fisiológica da voz, cujo mecanismo é o seguinte: o ar expulso dos pulmões, ao
atravessar a glote estreitada, entra em vibração; as vibrações do ar originam um som que será modelado,
tomando as características da voz humana na faringe, boca e cavidade nasal; o estreitamento da glote
é devido à ação dos músculos das cordas vocais, que se contraem; quando esses músculos não estão
contraídos o ar expirado passa livremente pela glote, não produzindo som.
Devido à influência dos hormônios sexuais masculinos, as pregas vocais usualmente são mais
espessas e mais longas nos homens do que nas mulheres. Por isso, elas vibram mais lentamente, dando
aos homens um tom mais baixo do que nas mulheres.
Observação
A laringe é formada por nove cartilagens, três ímpares e três pares: tireoide, epiglote, cricoide,
aritenoides, corniculadas e cuneiformes. Essas cartilagens são mantidas juntas e unidas ao osso hioide
acima e à traqueia abaixo, por ligamentos e músculos.
Cartilagem tireoide
Entre os povos egeus, nos primórdios da civilização grega, o thyreós, era uma grande pedra
achatada colocada contra uma porta para mantê‑la fechada. Posteriormente, a palavra foi aplicada
a um escudo pelos habitantes da ilha de Minos, feito de lâminas de madeira prensadas, amarradas
com cipós e completado, nas bordas, com placas de metal (uma forma muito semelhante a uma
porta, que em grego arcaico designava‑se thyra). Esse escudo, ao contrário da maioria dos escudos
gregos, cobria o corpo até os pés e tinha duas chanfraduras ou entalhes, superior ou inferiormente,
para encaixar o queixo e o joelho, respectivamente. A cartilagem tireoide recebeu esse nome por sua
posição em relação à laringe, pois parece um escudo protetor.
Cartilagem
tireoide
A cartilagem tireoide é a maior cartilagem da laringe, ímpar, composta de duas placas quadriláteras,
as lâminas direita e esquerda, que se juntam para compor a proeminência laríngea, o pomo de Adão
do pescoço. O ângulo composto de essa união é mais agudo nos homens do que nas mulheres,
correspondendo a um marcador de dimorfismo sexual.
Cartilagem epiglote
A cartilagem epiglote é ímpar, com a forma de uma folha, está localizada posterior à raiz da
língua e ao hioide, e anterior ao ádito da laringe. Ela é revestida por uma mucosa contínua com
a da raiz da língua e das partes laterais da faringe. A mucosa constitui‑se de três pregas entre a
língua e a cartilagem epiglote: a prega glossoepiglótica mediana e as duas pregas glossoepiglóticas
laterais. As depressões localizadas entre as pregas, de cada lado do plano mediano, são chamadas
como valéculas da epiglote.
216
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Cartilagem
epiglote
A laringe inteira se eleva durante a deglutição para fechar a glote contra a cartilagem epiglote.
Esse movimento pode ser visto se colocarmos os dedos sobre a laringe e engolirmos em seguida.
Caso a glote não permaneça fechada como deveria acontecer durante o ato de engolir, o alimento
pode adentrar na glote.
Observação
Quando a cartilagem epiglote é retirada durante uma cirurgia tumoral
o paciente deve aprender, com muito esforço, a engolir perfeitamente sem
a cartilagem epiglote, pois há perigo de aspiração.
Cartilagem cricoide
A cartilagem cricoide é ímpar, composta de um anel completo de cartilagem hialina, porém menor,
mais grossa e robusta do que a cartilagem tireoide.
Cartilagem
cricoide
Ligamento
cricotireóideo
Cricotireoidostomia
Observação
218
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Compartimentos da laringe
No interior da laringe podem ser distinguidos três andares: o vestíbulo da laringe, o ventrículo
da laringe e a cavidade infraglótica. O vestíbulo da laringe se estende do ádito da laringe, a abertura
superior da laringe, até a rima da glote, que corresponde ao espaço localizado entre as duas pregas
vocais e as cartilagens aritenoides. O fechamento do ádito da laringe protege as vias aéreas superiores
contra a penetração de alimentos e corpos estranhos.
Cavidade da laringe
Ventrículo da laringe
Cavidade infraglótica
O ventrículo da laringe é uma depressão, em forma de cunha, localizado entre as pregas vestibulares
e vocais de cada lado. A fenda entre as duas pregas vocais, direita e esquerda, é a rima da glote.
As pregas vestibulares são também chamadas de falsas cordas vocais e tem papel protetor e de produção
de som durante o canto e a fala.
219
Unidade IV
Cartilagem epiglote
Prega vestibular
Prega vocal
Prega ariepliglótica
Rima da glote
Observação
Músculos da laringe
220
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Abaixo da laringe, as vias aéreas superiores prosseguem com a traqueia e os brônquios principais.
A traqueia é formada por um tubo de aproximadamente 2,5 centímetros de diâmetro e 11 centímetros
de comprimento, e é sempre maior na mulher do que no homem. Na criança a traqueia é
menor, mais profundamente localizada e mais móvel do que no adulto. Ela é a continuação da
laringe, penetra no tórax, no mediastino e acaba bifurcando‑se nos dois brônquios principais,
estendendo‑se até ao nível de T6. Se localiza medianamente, por diante do esôfago e tão somente
na sua terminação, desviando‑se para a direita. Durante a inspiração profunda a traqueia pode se
alongar por aproximadamente 5 centímetros.
Observação
Em conformidade com as suas relações topográficas, a traqueia é dividida em duas partes: cervical
e torácica. Na superfície interna do local de bifurcação encontra‑se, comumente, uma projeção de
mucosa, reforçada por cartilagem para o interior da luz, a carina da traqueia.
Pelo fato de apresentar ar, a traqueia comumente é perceptível em radiografias como uma mancha
escura. A carina da traqueia é um detalhe anatômico relevante de referência quando se realiza a
chamada broncoscopia.
Lembrete
A mucosa da superfície que reveste a luz da traqueia consiste em tecido epitelial pseudoestratificado
colunar ciliado e proporciona a mesma proteção contra pó e outras partículas como a membrana que
reveste a cavidade nasal, parte nasal da faringe e a laringe.
221
Unidade IV
A abertura posterior nos anéis traqueais é transposta pelo músculo liso, o músculo traqueal,
involuntário, que une as suas extremidades. Portanto, a parede posterior da traqueia é plana.
A parte incompleta desses anéis está em contato com o esôfago. Isso possibilita que durante a
passagem do bolo alimentar o esôfago se expanda às custas dessa parede posterior distensível
da traqueia.
Observação
A figura a seguir resume algumas estruturas anatômicas das vias aéreas superiores.
1. Vestíbulo do nariz
2. Cóanos
3. Faringe
4. Seio frontal
5. Seio esfenoidal
6. Tonsila palatina
7. Óstio faríngeo da tuba auditiva
8. Laringe
9. Ádito da laringe
10. Cartilagem epiglote
11. Pregas vocais
12. Pregas vestibulares
13. Traqueia
14. Tonsila faríngea
15. Cartilagem tireoide
8.1 Brônquios
No mediastino, ao nível da T6, a traqueia bifurca‑se nos brônquios principais, direito e esquerdo.
Neles os anéis cartilagíneos da traqueia são substituídos por placas irregulares de cartilagem.
Os brônquios principais direito e esquerdo dão origem aos brônquios lobares, que ventilam os lobos
dos pulmões. Esses, por sua vez, dividem‑se em brônquios segmentares, que encontram‑se com os
222
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Os brônquios principais direito e esquerdo diferem um do outro, por sua direção, comprimento e
calibre. O brônquio principal direito é sempre mais largo (14 milímetros) que o esquerdo (12 milímetros).
O brônquio direito é fortemente verticalizado, enquanto o esquerdo é menor, e o comprimento do
esquerdo é quase o dobro, 4 a 5 centímetros, do direito, 1 a 2,5 centímetro.
O brônquio principal esquerdo passa sob o arco aórtico e anteriormente à parte descendente da
aorta para atingir o hilo pulmonar esquerdo. Ele cruza à frente do esôfago e nesse ponto pode impedir
a deglutição de um objeto maior.
Essas disposições tornam‑se relevantes nos casos de penetração de corpos estranhos na traqueia, os
quais comumente encontram mais facilidade para alcançar o pulmão direito.
1. Traqueia
2. Ligamentos anulares
3. Brônquio principal
4. Carina
5. Brônquio lobar
6. Pulmão
7. Base do pulmão
8. Ápice do pulmão
9. Fissura horizontal
10. Fissura oblíqua
11. Lobo superior
12. Lobo médio
13. Lobo inferior
8.2 Pulmões
de pontos, manchas ou linhas. Estes pigmentos provêm de uma matéria negra encontrada nas
partículas de poeira atmosférica e são arrastados pela respiração. Nos indivíduos expostos por longos
períodos a esse tipo de ar essa matéria negra pode acumular‑se em quantidades tão consideráveis
que invadem as paredes dos alvéolos pulmonares. Sua ampla e permanente comunicação com
o exterior carrega normalmente numerosos micro‑organismos pelo ar inspirado, que em certos
momentos podem causar patologias.
Artéria pulmonar
Brônquio
Veia pulmonar
Linfonodo
Margem de corte da pleura
Ligamento pulmonar
Nos seres humanos, assim como na maioria dos mamíferos, os pulmões possuem sulcos profundos,
as fissuras que dividem parcialmente esse órgão em lobos, conforme ilustra a figura a seguir.
224
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
O pulmão direito é mais curto que o esquerdo, pois a cúpula diafragmática está mais elevada à direita.
É mais largo porque o coração se desloca para a esquerda. Possui um volume maior, aproximadamente
2 litros de ar, enquanto o esquerdo, aproximadamente 1,6 litro de ar.
O pulmão direito nos homens pesa, em média, 700 gramas e nas mulheres, em média, 550 gramas;
o pulmão esquerdo nos homens pesa, em média, 600 gramas e nas mulheres, em média, 450 gramas.
O pulmão direito é dividido pelas fissuras oblíqua e horizontal em três lobos: superior, intermédio e
inferior; o esquerdo é dividido pela fissura oblíqua em dois lobos: superior e inferior. Ele apresenta uma
chanfradura, a incisura cardíaca, local onde o coração está situado. O lobo superior do pulmão esquerdo
apresenta uma ponta logo abaixo da incisura cardíaca, chamada de língula, que corresponderia ao lobo
médio. As fissuras estão ausentes comumente ou são incompletas, principalmente a horizontal. Às vezes
existe uma fissura a mais (fissura extranumerária), compondo um lobo extranumerário.
No pulmão esquerdo, o lobo superior esquerdo possui um segmento ápico posterior, um anterior,
um lingular superior e um lingular inferior. O lobo inferior esquerdo tem um segmento superior e quatro
segmentos basais: o basilar medial, basilar anterior, basilar lateral e basilar posterior.
A árvore bronquial continua se ramificando em túbulos cada vez menores chamados bronquíolos.
Dentro do lobo, os bronquíolos se dividem e formam os bronquíolos terminais. Numerosos
bronquíolos terminais se conectam com bronquíolos respiratórios que se dirigem aos ductos
alveolares e em seguida aos sacos alveolares.
8.4 Pleura
Os pulmões e a parede da cavidade torácica são recobertos por uma membrana serosa chamada
de pleura. Entre a pleura que envolve o pulmão, a pleura visceral e a pleura que reveste a cavidade
torácica, na pleura parietal forma‑se uma cavidade muito fina, a cavidade pleural, preenchida por
um líquido lubrificante que facilita a movimentação pulmonar durante os movimentos respiratórios.
225
Unidade IV
Observação
Resumo
Exercícios
Questão 1. (PUC-RJ 2002, adaptada) “Quando os alimentos passam pelo esôfago, uma espécie de
tampa de cartilagem fecha a traqueia. Com a idade, a perda progressiva do tônus muscular leva a
um fechamento menos perfeito, aumentando o risco da entrada de alimentos líquidos ou sólidos
na traqueia”.
226
ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS
Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta o nome correto dessa tampa protetora
do tubo respiratório e a condição que justifica sua existência.
A) Glote, em função de a boca ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório como
do respiratório.
B) Proglote, em função de o esôfago ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório
como do respiratório.
C) Epiglote, em função de a faringe ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório
como do respiratório.
D) Glote, em função de a faringe ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório
como do respiratório.
E) Epiglote, em função de a boca ser um órgão comum de passagem tanto do aparelho digestório
como do respiratório.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: a epiglote é uma estrutura formada por tecido cartilaginoso, localizada na entrada da
laringe, que impede a passagem de alimento para o sistema respiratório.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a glote é uma estrutura anatômica localizada na porção final da laringe com a função
de saída e entrada de ar para os brônquios e pulmões.
E) Alternativa incorreta.
227
Unidade IV
Questão 2. (Cesgranrio-RJ, adaptada) Nos esquemas a seguir, o aparelho respiratório humano está
sendo representado, e nele são localizadas suas principais estruturas, tais como: vias aéreas superiores,
traqueia, brônquios, bronquíolos, bronquíolos terminais e sacos alveolares, que se encontram numerados.
6
7
8 8
1
5
6
Figura
II – Em 6, o oxigênio do ar penetra nos vasos sanguíneos, sendo o fenômeno conhecido como hematose.
III – Em 8, o gás carbônico proveniente do sangue segue o caminho de volta para o ar.
A) I.
B) II.
C) I e II.
D) I e III.
E) I, II e III.
228
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
CELESIA, G. G. Alcmaeon of Croton’s observations on health, brain, mind, and soul. Journal of the
History of the Neurosciences: Basic and Clinical Perspectives, Londres, v. 21, n. 4, p. 409, 2012.
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2000, p. 6‑7.
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2000, p. 6‑7.
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2010, p. 7.
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2010, p. 7.
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Figura 78
PAULSEN, P.; WASCHKE, J. Sobotta: atlas de anatomia geral e sistêmica. 23. ed. Grupo Gen, 2010, p. 8.
Figura 79
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Grupo Gen, 2016, p. 13.
237
Figura 82
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Figura 83
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 13.
Figura 84
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Grupo Gen, 2016, p. 96.
Figura 124
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 96.
Figura 125
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 96.
Figura 128
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 97.
Figura 129
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 96.
Figura 130
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 98.
239
Figura 131
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Grupo Gen, 2016, p. 98.
Figura 132
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 98.
Figura 135
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 99.
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Figura 139
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 114.
Figura 143
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 116.
Figura 144
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Grupo Gen, 2016, p. 120.
Figura 149
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 120.
Figura 150
ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. São Paulo:
Grupo Gen, 2016, p. 116.
Figura 151
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Grupo Gen, 2016, p. 117.
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Grupo Gen, 2016, p. 120.
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TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara–Koogan,
2016, p. 104.
242
Figura 169
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLISTSCH, R. B. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 559.
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Origem desconhecida.
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FAIZ, O.; BLACKBURN, S.; MOFFAT, D. Anatomia básica: guia ilustrado de conceitos fundamentais. 3. ed.
Barueri: Manole, 2013, p. 34.
Figura 173
Figura 174
Figura 175
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara–Koogan,
2016, p. 701.
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TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara–Koogan,
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243
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Figura 186
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2016, p. 811.
Figura 187
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara-Koogan,
2016, p. 809.
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Figura 198
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