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Previdencia Complementar CHCS2022 VF

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20ª EDIÇÃO

RIO DE JANEIRO
2022

REALIZAÇÃO
ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS

SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA


DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO

ASSESSORIA TÉCNICA
RODRIGO MAIA JORGE – 2022/2021
MAURÍCIO VIOT – 2020/2019

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO


ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO
PICTORAMA DESIGN

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele,


sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros

E73p Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico.


Previdência complementar / Supervisão e coordenação metodológica da
Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Rodrigo Maia Jorge.
– 20. ed. – Rio de Janeiro : ENS, 2022.
1,79 Mb ; PDF

1. Previdência complementar. I. Jorge, Rodrigo Maia. II. Título.

0021-2597 CDU 368.025.55 (072)


A
Escola de Negócios e Seguros promove, desde 1971, diver-
sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem
para um mercado de seguros, previdência complementar,
capitalização e resseguro cada vez mais qualificado.

Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para


profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros
oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e expe-
riências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida
trajetória acadêmica.

A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho


para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes
e a competitividade é cada vez maior.

Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros.


SUMÁRIO
INTERATIVO

1. PREVIDÊNCIA SOCIAL 8
A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL 9

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SEGURIDADE SOCIAL 12

FONTES DE CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL 13


Receitas que Compõem o Orçamento 13
ORGANIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 14
Benefícios 15
O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 15

CONSIDERAÇÕES GERAIS 17

FIXANDO CONCEITOS 1 18

2. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 20
UM POUCO DE HISTÓRIA 21

UMA ALTERNATIVA DE POUPANÇA 22

ESTRUTURA DO SISTEMA 23
Entidades Abertas de Previdência Complementar – EAPC 24
Entidades Fechadas de Previdência Complementar – EFPC 24
FIXANDO CONCEITOS 2 26

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
3. CARACTERÍSTICAS DOS PLANOS DE ENTIDADES
ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 28
ESTRUTURA BÁSICA 29

MODALIDADES DE ESTRUTURAÇÃO DAS COBERTURAS 31


Benefício Definido 31
Contribuição Variável 32
PERÍODOS DE DIFERIMENTO E COBERTURA 33

ADMISSÃO 34
Proposta de Inscrição 34
Certificado 35
CONTRIBUIÇÕES 35

CARREGAMENTO 36

VALORES GARANTIDOS 37

GARANTIAS TÉCNICAS 39

EXCEDENTE FINANCEIRO 39

ASSISTÊNCIA FINANCEIRA 40

ATUALIZAÇÃO DE VALORES 41

FIXANDO CONCEITOS 3 43

4. PLANOS COM COBERTURA


POR SOBREVIVÊNCIA 44
COMERCIALIZAÇÃO 45
Planos com Cobertura por Sobrevivência 45
Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) & Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) 46
Plano Previdência Vida Planejada & Plano Vida Planejada 48
Plano de Renda Imediata (PRI) & Vida com Renda Imediata (VRI) 49
Regras para os Fundos de Investimento Especialmente Constituídos 50
MODALIDADES DE RENDA 51

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
FATORES QUE INFLUENCIAM O VALOR DA RENDA
A SER RECEBIDA EM FUNÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA 53
Parâmetros Técnicos 53
Modalidade de Renda e Idade de Aposentadoria 54
Montante Acumulado 55
VALORES GARANTIDOS NO PERÍODO DE DIFERIMENTO 55
Resgate 55
Portabilidade 56
FIXANDO CONCEITOS 4 57

5. PLANOS COM COBERTURA DE RISCO 59


PLANOS COM COBERTURA DE RISCO – MORTE E
INVALIDEZ TOTAL E PERMANENTE 60

PLANOS QUE PAGAM BENEFÍCIO POR INVALIDEZ 61


Plano de Renda por Invalidez 61
Plano de Renda por Invalidez com Prazo Mínimo Garantido 61
Plano de Pecúlio por Invalidez 62
PLANOS QUE PAGAM BENEFÍCIO POR MORTE 63
Plano de Pensão ao Cônjuge ou Companheiro(a) 63
Plano de Pensão aos Menores 64
Plano de Pensão por Prazo Certo 64
Plano de Pecúlio por Morte 65
FIXANDO CONCEITOS 5 66

6. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS 67
ASPECTOS TRIBUTÁRIOS 69
PGBL x VGBL 70
Legislação 72
Dedução 73
Tributação 75
Formas de Pagamento do Imposto 76
FIXANDO CONCEITOS 6 80

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
ESTUDO DE CASO 81

GABARITO 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
PREVIDÊNCIA
SOCIAL
01 UNIDADE 1

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Conhecer a Seguridade ■ Identificar as
Social Brasileira com possibilidades de ⊲ A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA
ênfase na Previdência argumentação para a DE SEGURIDADE SOCIAL
Social, considerando sua oferta de previdência
constituição, seus princípios complementar com base ⊲ PRINCÍPIOS BÁSICOS
DA SEGURIDADE SOCIAL
básicos, suas fontes de na estruturação técnica,
custeio e sua organização no cenário atual e nas ⊲ FONTES DE CUSTEIO
por meio de seus regimes. perspectivas do cenário DA SEGURIDADE SOCIAL
futuro da Previdência
Social brasileira. ⊲ ORGANIZAÇÃO
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

⊲ O DÉFICIT DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL

⊲ CONSIDERAÇÕES GERAIS

⊲ FIXANDO CONCEITOS 1

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 8
UNIDADE 1

A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA
DE SEGURIDADE SOCIAL
A ideia de proteção está intimamente associada ao instinto de sobrevi-
vência, ao sentimento de insegurança e à incerteza. No entanto, durante
séculos, os indivíduos se viram desprovidos de qualquer ação por parte
dos governos que viesse a protegê-los na velhice ou em caso de doença e
incapacidade física. A previdência estava, diretamente, ligada à livre inicia-
tiva de caráter assistencial e não, propriamente, previdencial.

Nesse dualismo – assistência ou previdência –, cresceu a Previdência Social


Brasileira, que passou, nos últimos anos, por várias mudanças conceituais
e estruturais, compreendendo, entre outros aspectos, o grau de cobertura,
o elenco de benefícios oferecidos e a forma de financiamento do sistema.

Com essa evolução, a Previdência Social Brasileira adquiriu personalidade


própria, expandindo consideravelmente sua área de atuação e constituin-
do-se, efetivamente, em um sistema de seguridade social.

Entende-se por seguridade social “um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”, como
disposto no artigo 194 da Constituição Brasileira.

De acordo com o artigo 3º da Lei Orgânica da Seguridade Social, lei 8.212


de 24 de julho de 1991:

A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiários os meios
indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avan-
çada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e
reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 9
UNIDADE 1

Parágrafo único. A organização da Previdência Social obedecerá aos


seguintes princípios e diretrizes:

a. Universalidade de participação nos planos previdenciários,


mediante contribuição;
b. Valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salário de
contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado, não infe-
rior ao do salário mínimo;
c. Cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribui-
ção, corrigidos monetariamente;
d. Preservação do valor real dos benefícios;
e. Previdência complementar facultativa, custeada por contribuição
adicional.
Repare que a previdência complementar, devido à sua importância, é men-
cionada no mesmo artigo.

Algumas pessoas confundem a previdência social com a assistência social,


em vista disso, veremos o que o artigo 4º dessa mesma lei esclarece:

“A Assistência Social é a política social que provê o atendimento das


necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade,
à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência,
independentemente de contribuição à Seguridade Social.”

Repare que o atendimento das necessidades mencionadas, nesse caso,


independe da contribuição feita à Seguridade Social, e essa é a principal
diferença.

A história da Previdência, no Brasil, foi marcada por fatos relevantes, con-


forme se observa no quadro a seguir.

■ Regulamentação do direito à aposentadoria dos empregados dos


Correios, por meio do Decreto 9.912-A, de 26 de março de 1888.
■ Criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empre-
gados de cada empresa ferroviária, em 24 de janeiro de 1923, por
meio do Decreto 4.682, conhecido como Lei Elói Chaves e consi-
derado um marco inicial na história previdenciária.
■ Criação de uma Caixa Única de Aposentadoria e Pensões dos Fer-
roviários e Empregados em Serviços Públicos, por meio do Decre-
to 34.586, de 12 de novembro de 1953.
■ Em 26 de agosto de 1960, a Lei 3.807 criou a Lei Orgânica de Pre-
vidência Social – LOPS –, unificando a legislação referente aos Ins-
titutos de Aposentadorias e Pensões.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 10
UNIDADE 1

■ Criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS –, por


meio do Decreto-Lei 72, de 21 de novembro de 1966, que reuniu seis
dos sete Institutos de Aposentadoria e Pensões até então existentes.
■ Criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, des-
membrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social por
meio da Lei 6.036, de 1o de maio de 1974.
■ A Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organiza-
ção da seguridade social e institui o novo Plano de Custeio, sendo
regulamentada pelo Decreto 2.173, de 5 de março de 1997.
■ Em 24 de julho de 1991, a Lei 8.213 institui o Plano de Benefícios da
Previdência Social, sendo regulamentada pelo Decreto 2.172, de 5
de março de 1997.
■ A Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998, modifica
o Sistema de Previdência Social e estabelece normas de transição.
■ A Lei 9.876, de 26 de novembro de 1999, dispõe sobre a contribui-
ção previdenciária do contribuinte individual e o cálculo do bene-
fício, e altera dispositivos das Leis 8.212 e 8.213, de julho de 1991.
■ A Lei 10.887, de 21 de junho de 2004, dispõe sobre as contribuições
ao FAPI – Fundo de Aposentadoria Programada Individual – e à Pre-
vidência Complementar para efeito de dedução no Imposto de Ren-
da, que ficam condicionadas aos recolhimentos do Regime Geral de
Previdência Social.
■ A Lei Complementar 142, de 8 de maio de 2013, regulamenta o
§ 1o do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à aposenta-
doria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de
Previdência Social – RGPS.
■ Emenda Constitucional Nº 103, de 12 de novembro de 2019, –
­altera o sistema de previdência social e estabelece regras de tran-
sição e disposições transitórias , sendo regulamentada pelo Decre-
to 10.410, de 30 de junho de 2020, que alterou o regulamento da
Previdência Social.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 11
UNIDADE 1

PRINCÍPIOS BÁSICOS
DA SEGURIDADE SOCIAL
A seguridade social brasileira foi organizada, observando-se os princípios
básicos definidos no texto constitucional. São eles:

Universalidade da cobertura e do atendimento


Todos, sem distinção, têm direito à seguridade social.

Seletividade e distributividade na prestação de


benefícios e serviços
O legislador deve “selecionar” as contingências sociais mais
importantes e “distribuí-las” a um maior número possível de pes-
soas acometidas de necessidades.

Uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-


ços às populações urbanas e rurais
Trabalhadores urbanos e rurais passam a ter os mesmos direitos.
Ampliando Diversidade da base de financiamento
conhecimentos Visa garantir maior estabilidade da Seguridade Social, na medida
em que impede que se atribua o ônus do custeio a segmentos
Além de contribuir para o específicos da sociedade. Desse modo, quanto maior for a base
custeio da seguridade social, a de financiamento (ou seja, sendo a obrigação do custeio imposta
União é uma espécie de fiadora a um maior número possível de segmentos da sociedade), maior
da Previdência Social, ou seja, será a capacidade da seguridade social fazer frente aos seus obje-
por lei, quando os recursos da tivos, constitucionalmente, traçados.
Previdência Social não forem
suficientes para o pagamento Irredutibilidade do valor dos benefícios
dos benefícios, caberá à União Tem por objetivo impedir a redução nominal das prestações da
complementá-los. seguridade social.

Equidade na forma de participação do custeio


O custeio da seguridade social deve ser feito de forma proporcional à
capacidade contributiva de todos que a ele estão obrigados.

Preexistência do custeio em relação aos benefícios


ou serviços

Tem por objetivo impedir que benefícios ou serviços da segurida-


de social sejam criados ou majorados sem que antes sejam esta-
belecidas as correspondentes fontes de custeio/financiamento
dessas prestações.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 12
UNIDADE 1

Caráter democrático e descentralizado da gestão


administrativa
Visa à aproximação dos cidadãos às organizações e aos proces-
sos de decisão dos quais dependem seus direitos.

FONTES DE CUSTEIO
DA SEGURIDADE SOCIAL
A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta ou
indireta, mediante recursos provenientes da União, dos estados, do Distri-
to Federal, dos municípios e de contribuições sociais.

— Receitas que Compõem


o Orçamento
O orçamento da seguridade social, no âmbito federal, é composto das
seguintes receitas:

Recursos da União
Recursos adicionais do orçamento fiscal, fixados obrigatoriamente
na Lei Orçamentária Anual.

Contribuições sociais
a) das empresas, que incidem sobre a folha de salários dos segu-
rados empregados e demais pessoas físicas a seu serviço, e sobre
o faturamento e o lucro;

b) das empresas exclusivamente rurais, incidentes sobre o valor da


venda da produção;

c) das empresas agroindustriais, que incidem sobre a folha de salá-


rio dos segurados empregados e demais pessoas físicas a seu ser-
viço, e sobre o faturamento e o lucro;

d) dos empresários e empregadores domésticos;

e) dos trabalhadores em geral (empregados, empregados domés-


ticos, autônomos, equiparados a autônomos, avulsos, facultativos),
incidentes sobre a remuneração;

f) dos produtores rurais, pessoas físicas e dos segurados especiais;

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 13
UNIDADE 1

g) incidentes sobre os chamados concursos prognósticos (loterias


em geral, corridas de cavalo);

h) dos clubes de futebol profissional, que incidem sobre a renda


dos espetáculos desportivos de que participam no território nacio-
nal e de contratos de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e
símbolos, de publicidade ou propaganda e transmissão dos espe-
táculos desportivos.

Outras fontes
Constituem outras receitas da seguridade social:

a) multas, atualização monetária e juros moratórios, como as multas


pelo atraso no recolhimento das contribuições, que variam de acor-
do com cada caso, aplicadas às empresas e contribuintes individuais;

b) remuneração recebida pela prestação de serviços de arreca-


dação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros. Essa fonte
de receita vem do serviço prestado pelo INSS e de arrecadação e
fiscalização das contribuições devidas pelas empresas urbanas e
rurais, para o salário educação e para outros fundos e entidades
(SESI, SESC, SEST, SENAC, SENAR, SENAI, INCRA, entre outros);

c) demais receitas patrimoniais, industriais, financeiras e outras


receitas.

ORGANIZAÇÃO
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
O direito à Previdência é garantido pela Constituição como parte integran-
te do conjunto de ações que compõem a Seguridade Social. A Previdência
Social é organizada sob a forma de dois regimes:

Regime Geral de Previdência Social – RGPS


Esse regime, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
garante um conjunto de benefícios tanto ao segurado quanto a seus
dependentes. Todo cidadão tem o direito de vinculação ao Regime
Geral de Previdência Social – RGPS –, mediante contribuição.

É exclusivo aos funcionários da iniciativa privada. Entre os contri-


buintes, encontram-se os empregadores, os empregados assala-
riados, os domésticos, os autônomos, os contribuintes individuais e
os trabalhadores rurais.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 14
UNIDADE 1

Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS


Esses regimes, voltados para os funcionários públicos e militares,
garantem um conjunto de benefícios tanto ao segurado quanto a
seus dependentes.

É exclusivo aos servidores públicos titulares de cargo efetivo, man-


tido pelos entes públicos da Federação (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios).

Observação
Independentemente do regime, a previdência social, por conta do seu modelo técni-
co, não permite a existência de contas individualizadas para os contribuintes. Por esse
motivo, não existe qualquer possibilidade de que o segurado da previdência social
transfira os recursos pagos por ele para um plano de previdência complementar.

— Benefícios
Alguns dos principais benefícios do Regime Geral da Previdência Social:

PARA OS SEGURADOS PARA OS DEPENDENTES

aposentadoria – Por tempo de contribuição e pensão por morte


idade, apenas por idade ou por invalidez

auxílio-doença auxílio-reclusão

auxílio-acidente

salário-maternidade

O DÉFICIT DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL
O déficit da previdência social é um tema recorrente na nossa sociedade.
Alguns, inclusive, ainda duvidam de que ele realmente exista e sustentam
seus argumentos por meio de cálculos superficiais que não possuem qual-
quer embasamento técnico-atuarial.

Com uma análise puramente técnica, sem fazer uma única conta, baseada
apenas no regime financeiro do sistema e na evolução da demografia bra-
sileira, pode-se concluir que o sistema não só é deficitário como, apesar
das reformas, tem um futuro extremamente preocupante.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 15
UNIDADE 1

A previdência social é estruturada no regime financeiro de repartição sim-


ples, um modelo que tem como base o conceito do mutualismo, ou seja, a
repartição dos prejuízos. O dinheiro dos contribuintes é utilizado para cus-
tear o sistema, sem formar, portanto, reservas individualizadas. No cenário
atual, podemos afirmar que todo o dinheiro fruto da contribuição feita até
hoje já foi utilizado.

Para que possa ser mantida, portanto, a previdência social precisa de uma
quantidade de contribuintes ativos que seja suficiente para financiar os
benefícios dos inativos – é o chamado pacto de gerações. No passado,
funcionava muito bem, uma vez que o número de contribuintes era muito
maior do que o número de aposentados. Tal dinâmica era sustentada, até
então, por uma alta taxa de natalidade e uma baixa expectativa de vida. No
entanto, com o passar do tempo, isso mudou drasticamente.

Atualmente, devido à diminuição da taxa de natalidade e ao aumento da


expectativa de vida do brasileiro, temos um desequilíbrio entre arrecada-
ção e despesas, causando, apesar de uma grande quantidade de fontes de
receitas, um déficit previdenciário expressivo e maior a cada ano. A relação
entre contribuintes e aposentados nunca foi tão baixa!

Nisso tudo, um dos grandes problemas é que, sendo a União uma espécie de
fiadora da Previdência Social, todo o déficit tem que ser coberto, por meio da
Lei Orçamentária Anual, com recursos que poderiam estar sendo utilizados
para outros fins, como saúde, educação, saneamento e segurança. Outra
possibilidade, ainda que mais distante, seria a diminuição da carga tributária
do País, o que poderia proporcionar um maior crescimento econômico.

Será que vou conseguir me aposentar? Com que idade poderei me aposen-
tar? Com quanto terei que contribuir? Qual será o valor da minha aposen-
tadoria? Será menor do que é hoje? A carga tributária vai ter que aumentar
ainda mais para sustentar o sistema? Qual é a saída?

Certamente, essas são perguntas que, ao estudarmos mais a fundo o cená-


rio atual, iremos fazer. O direito à aposentadoria pela previdência social está
previsto na Constituição Federal, mas, por conta do cenário, nada garante
que isso não possa mudar. Com relação à idade, devido ao aumento da
expectativa de vida, faz-se necessário um ajuste periódico, elevando a ida-
de de aposentadoria proporcionalmente à expectativa de vida, ou seja, a
aposentadoria deve demorar mais a chegar em um futuro não muito dis-
tante. Nessa mesma direção, os valores de contribuição também seguem a
tendência de alta, enquanto o valor do benefício segue o caminho inverso,
fato que já vem acontecendo nas últimas décadas. Ainda assim, para conter
o déficit mais rapidamente, a carga tributária pode aumentar e, certamente,
vai aumentar caso nenhuma medida mais severa seja tomada rapidamente.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 16
UNIDADE 1

Qual é a saída? A saída para isso, nesse momento, é puramente individual.


Cabe a cada um a conscientização e contratação de um plano de previ-
dência complementar com cobertura por sobrevivência ou um seguro por
sobrevivência, ou seja, um PGBL ou um VGBL. Separar um pouco da renda
obtida na fase produtiva e investi-lo para que possa ser utilizado na fase
pós-produtiva. Essa é, atualmente, a melhor forma de garantir uma inde-
pendência financeira.

CONSIDERAÇÕES
GERAIS
Evidentemente, o universo da Previdência Social Brasileira é muito maior e
bem mais complexo, englobando seus cálculos, suas reformas e regras de
transição. Contudo, o objetivo deste material é apresentar seu conteúdo de
forma que você possa compreender minimamente o seu funcionamento.
Caso você queira se aprofundar no tema, consulte a página da Previdência
Social na Internet, leia a legislação e consulte especialistas desse segmento,
afinal, conhecimento nunca é demais!

Daqui para frente, focaremos na Previdência Complementar e em todas suas


nuances. Você conhecerá a história, aprender como funcionam os produtos
e as opções existentes para que possa desenhar as melhores soluções para
o seu cliente.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 17
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 1

Marque a alternativa correta.


1. Após uma conversa com o seu corretor, um cliente resolveu pesquisar
mais sobre a seguridade social e descobriu que esse sistema visa assegu-
rar os direitos relativos à:

a) Morte, invalidez e sobrevivência.


b) Aposentadoria, pensão e reclusão.
c) Servidores públicos e profissionais da iniciativa privada.
d) Saúde, previdência e assistência social.
e) Incapacidade, idade avançada e encargos de família.

2. A previdência social é organizada através de dois regimes exclusivos à


públicos-alvo distintos. São eles:

a) RGPS exclusivo aos funcionários da iniciativa privada, e RPPS exclu-


sivo aos servidores públicos e militares.
b) Social, voltado para pessoas de baixo poder aquisitivo, e privada,
para pessoas com maior poder aquisitivo.
c) RGPS exclusivo aos servidores públicos e militares, e RPPS exclusivo
aos funcionários da iniciativa privada.
d) Aposentadoria para os segurados e pensão para os dependentes.
e) Previdência social para funcionários da iniciativa privada, e previdên-
cia complementar para os funcionários públicos.

3. Para entendermos a situação atual da previdência social brasileira,


devemos considerar, tecnicamente, dois fatores principais. Tais fatores são:

a) A estabilidade da economia e a diminuição do desemprego.


b) O aumento da taxa de natalidade e a diminuição da expectativa de vida.
c) O regime financeiro no qual é estruturado (repartição simples) e a
evolução da demografia brasileira.
d) O direito constitucional de aposentadoria e a segurança de cobertura
do déficit pela Lei Orçamentária Anual.
e) As reservas individuais constituídas e a possibilidade de transferên-
cia dos valores para um plano de previdência complementar.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 18
FIXANDO CONCEITOS

4. Garantir uma independência financeira na aposentadoria é um objetivo


a ser perseguido. Atualmente, a melhor forma de se fazer isso é:

a) Parar de contribuir para a previdência social.


b) Contratar um VGBL, pois o PGBL não possui incentivos fiscais e não
garante esse objetivo.
c) Aumentar os valores de contribuição da previdência social em vez de
adquirir um plano de complementação previdenciária.
d) Contratar um plano de previdência com cobertura por sobrevivência
ou um seguro por sobrevivência.
e) Manter contribuições apenas para previdência social, pois é o siste-
ma mais seguro, sem possibilidades de alterações.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 19
PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
02 UNIDADE 2

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Conhecer os aspectos ■ Reconhecer a estrutura
históricos da Previdência do sistema de previdência ⊲ UM POUCO DE HISTÓRIA
Complementar no Brasil, complementar,
correlacionando tais considerando as ⊲ UMA ALTERNATIVA
aspectos com a operação características das DE POUPANÇA
do mercado de seguros da Entidades Abertas e
⊲ ESTRUTURA DO SISTEMA
atualidade. Fechadas de Previdência
Complementar. ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 20
UNIDADE 2

UM POUCO
DE HISTÓRIA
Algumas iniciativas no sentido de instituir planos de Previdência no Brasil ocor-
reram no final do século XVIII e início do XIX. Entre elas, destaca-se a criação
do Montepio Geral de Economia dos Servidores – MONGERAL – em 1835.

Até o início da década de 1980, os planos de Previdência disponíveis ao


público eram administrados em sua maior parte, por entidades sem fins
lucrativos e ligados a setores de atividades relativos ao funcionalismo
público ou outras atividades relacionadas às profissões chamadas liberais.

A falta de regulamentação específica bem como de fiscalização adequada,


aliada ao desconhecimento e ao embasamento técnico-atuarial insuficiente,
criou nos participantes um conjunto de frustrações em relação aos produtos
adquiridos e, consequentemente, um descrédito em relação a esses produtos.

No decorrer da década de 1980, com a criação de regulamentação especí-


fica, verificou-se a introdução de novos planos previdenciários no mercado
e o aparecimento de administradores especializados, além de segurado-
ras que se estruturaram para operar esses produtos no mercado.

No que se refere aos fundos de pensão, verifica-se que seu marco ini-
cial ocorreu em 16 de abril de 1904, quando foi fundada a Caixa de
Montepio dos Funcionários do Banco do Brasil, antecessora da Previ,
criada por poucos funcionários do Banco com o objetivo de proporcio-
nar aos seus dependentes o pagamento de uma pensão a partir de seu
falecimento. Outras iniciativas de criação de fundos de pensão ocor-
reram durante a década de 1970, em face do crescimento econômico
vivenciado pelo país.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 21
UNIDADE 2

A regulamentação da Previdência Complementar teve seu início com a


promulgação da Lei 6.435, de 15 de julho de 1977, que passou a dispor
sobre as entidades de Previdência Privada. Essa lei foi regulamentada, no
que concerne às entidades abertas, pelo Decreto-Lei 81.402/78, por reso-
luções do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP – e por circu-
lares da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. Em 2001, a Lei
6.435/77 teve seu contexto legal reformulado pela Lei Complementar 109,
de 29 de maio de 2001.

UMA ALTERNATIVA
DE POUPANÇA
A previdência complementar, também conhecida como previdência priva-
da, é um sistema que permite ao cidadão guardar uma parcela de recursos
ao longo do tempo, para garantir uma renda futura melhor para si mesmo
e sua família, ou seja, representa uma alternativa de poupança, de caráter
exclusivamente privado, destinada à manutenção do poder aquisitivo, caso
haja perda da capacidade laborativa ou, simplesmente, uma forma alterna-
tiva de investimento.

Em linhas gerais, aquele que contrata um plano de Previdência Comple-


mentar deseja garantir, principalmente na aposentadoria, uma renda próxi-
ma àquela que recebia quando ativo, ou seja, quando inserido no mercado
de trabalho.

É importante ter em mente que para qualquer país, a poupança é funda-


mental, pois é a origem para investimentos.. Para se fazer qualquer investi-
mento, a condição indispensável é que se tenha prévia ou simultaneamente
uma poupança. É nesse contexto de formadora e mantenedora de poupan-
ça de médio e longo prazos que se insere a Previdência Complementar.
Benefício A pessoa física que contrata um plano de Previdência Complementar é
Pagamento efetuado pela
denominada participante, enquanto a pessoa física em gozo do recebi-
entidade ao participante ou
mento do benefício é denominada assistido.
beneficiário, em contrapartida
às contribuições feitas para
Uma maneira de se precaver contra o risco de não haver recursos na apo-
custeio do plano.
sentadoria é economizar parte do salário, acumulando esses recursos em
fundos individuais, para usufruir dos recursos acumulados na aposentado-
ria. Este é o princípio de funcionamento dos planos de complementação
de aposentadoria. Por isso, a existência da previdência complementar se
justifica, também, pelo fato de ser uma alternativa para a complementação
dos benefícios pagos pela Previdência Social.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 22
UNIDADE 2

Quando financiada pelas empresas, a Previdência Complementar se justifica


pela necessidade cada vez mais evidente que as companhias têm de benefí-
cios que sejam considerados relevantes por seus colaboradores.

Contratar e reter bons funcionários passa a ser uma tarefa primordial


para qualquer companhia, visando, sobretudo, evitar uma grande rota-
tividade, que pode abalar o seu sucesso, especialmente se a perda de
qualquer de seus colaboradores ocorrer para uma empresa concor-
rente. Nesse caso, além da perda de um funcionário que custou tem-
po e dinheiro para ser treinado, a companhia fornece à concorrência
­informações e talentos importantes.

Um outro fator que merece destaque refere-se à oxigenação dos colabo-


radores e é um dos motivos mais fortes que levam as empresas a criar pla-
nos de Previdência Complementar, tornando possível manter ou mesmo
aumentar a competitividade delas no mercado, por intermédio da subs-
tituição dos funcionários mais velhos e com maior dificuldade em acom-
panhar padrões de produtividade e criatividade. Com a complementação
da aposentadoria, esses funcionários mais antigos acabam aceitando com
tranquilidade a decisão de se aposentar, uma vez que seu padrão de renda
não declinará, mantendo-se próximo do atual.

É certo também que a política de remuneração da empresa exerce papel


fundamental na atração, retenção e motivação de talentos. Entretanto,
apesar dos diversos componentes da remuneração total que um indiví-
duo pode ter (salário-base e adicionais, remuneração variável de curto
prazo, benefícios e incentivos de longo prazo), o plano de Previdência
Complementar é um dos benefícios mais significativos em termos de
custo e de valor, em face das vantagens fiscais sobre outras alternativas
de remuneração.

Entretanto, é importante esclarecer que há limites para a dedução do que


as empresas e as pessoas físicas pagam para planos de previdência com-
plementar, ou seja, o que é pago não é 100% abatido no imposto de renda.

ESTRUTURA
DO SISTEMA
A Previdência Complementar no Brasil é operada por entidades de Previ-
dência Complementar, que têm por objetivo principal instituir e executar
planos de benefícios de caráter previdenciário.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 23
UNIDADE 2

Essas entidades são classificadas em Entidades Abertas de Previ-


dência Complementar (EAPC) e Entidades Fechadas de Previ-
dência Complementar (EFPC). As entidades fechadas de previdên-
cia complementar são também conhecidas por Fundos de Pensão.

— Entidades Abertas de Previdência


Complementar – EAPC
São aquelas constituídas unicamente sob a forma de sociedades
1. Inicialmente, a Lei 6.435/77 anônimas¹, que têm por objetivo principal instituir planos que podem
permitiu que as entidades ter coberturas de morte, invalidez ou sobrevivência.
abertas fossem organizadas
sob a forma de sociedades A Lei Complementar 109/2001 permitiu que as sociedades segu-
anônimas, quando tivessem fins radoras que operem exclusivamente no Ramo de Seguro de Pes-
lucrativos, ou sociedades civis ou soas sejam autorizadas a comercializar planos de Previdência
fundações, sem fins lucrativos. Complementar.
Entretanto, com o propósito
de conferir maior segurança As EAPCs encontram-se subordinadas ao Ministério da Economia e
e credibilidade ao Sistema de têm como órgãos normativo e fiscalizador, respectivamente, o Con-
Previdência Complementar, a Lei
selho Nacional de Seguros Privados – CNSP – e a Superintendência
Complementar 109/01 restringiu
de Seguros Privados – SUSEP.
a constituição das entidades
abertas unicamente à forma
Os planos das entidades abertas podem ser contratados sob a forma
de sociedades anônimas, o
que representou um avanço no
individual ou coletiva. Os planos individuais são aqueles acessí-
controle e na transparência. veis a quaisquer pessoas físicas, enquanto os planos coletivos são
aqueles destinados a pessoas físicas vinculadas, direta ou indireta-
2. A Lei Complementar 109/01 mente, a uma pessoa jurídica contratante, que pode ou não partici-
ampliou a figura do patrocinador, par do custeio do plano, conforme disposições constantes no contra-
ao incluir nessa categoria a
to celebrado entre a pessoa jurídica contratante e a entidade aberta.
União, os Estados, o Distrito

— Entidades Fechadas
Federal e os Municípios, quando
estes instituírem suas entidades

de Previdência
de Previdência Complementar.

3. A Lei Complementar 109/01


passou a permitir que pessoas
jurídicas de caráter profissional,
Complementar – EFPC
classista ou setorial – os
São aquelas organizadas sob a forma de fundações de direito priva-
instituidores – optem por criar
uma entidade fechada de do ou de sociedade civil, conhecidas também como fundo de pen-
Previdência Complementar para são, sem fins lucrativos, acessíveis exclusivamente:
seus associados ou membros.
■ aos empregados de uma empresa, ou grupo de empresas,
e aos servidores da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios, entes denominados patrocinadores²;
■ aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter
profissional, classista ou setorial, denominados instituidores³.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 24
UNIDADE 2

As EFPCs têm a finalidade de administrar e operar planos de


benefícios previdenciários criados por empresas (patrocinado-
4. Em 2016, o Ministério da
Previdência Social foi incorporado
res) para seus empregados (participantes) ou por pessoas jurí-
ao Ministério da Fazenda, de dicas de caráter profissional, classista ou setorial (instituidores)
acordo com a Lei 13.341, de 29 para seus associados (participantes).
de setembro de 2016. A partir de
2019, o Ministério da Fazenda As entidades fechadas encontram-se subordinadas ao Ministério da
passou a ser chamado de Economia4 e têm como órgão normativo o Conselho Nacional de
Ministério da Economia. Previdência Complementar – CNPC – e órgão fiscalizador a Supe-
rintendência Nacionalde Previdência Complementar – PREVIC5.
5. Criada pela Lei 12.154, de
23 de dezembro de 2009, a Observe como está organizada a Previdência Complementar no
Superintendência Nacional Brasil pelo organograma que segue:
de Previdência Complementar –
PREVIC –, autarquia de natureza
especial, dotada de autonomia Previdência Complementar
administrativa e financeira, e
patrimônio próprio, vinculada
ao Ministério da Previdência Fechada Aberta
Social, com sede e foro no
Distrito Federal, e atuação em
todo o território nacional, atua Ministério da Economia Ministério da Economia
como entidade de fiscalização
e de supervisão das atividades
das entidades fechadas de
Conselho Nacional de Conselho Nacional de
Previdência Complementar
e de execução das políticas
Previdência Complementar Seguros Privados
para o regime de Previdência
(CNPC) (CNSP)
Complementar operado
pelas entidades fechadas de
Previdência Complementar, Superintendência Nacional de SUSEP
observadas as disposições Previdência Complementar –
constitucionais e legais aplicáveis. PREVIC
Sem Fins Com Fins
Lucrativos* Lucrativos*

Sem Fins Lucrativos


EAPC e
Montepios Sociedades
Fundações – Sociedades Civis Seguradoras

*A Lei Complementar 109/2001 vetou a constituição de entidades abertas de Previdência


Complementar sem fins lucrativos. Dessa forma, somente aquelas que existiam antes da
promulgação da lei é que continuam operando planos de benefícios.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 25
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 2
1. A previdência complementar no Brasil é operada por dois tipos de enti-
dades. Em um desses tipos, as entidades são constituídas unicamente sob
a forma de sociedades anônimas com o objetivo principal de instituir planos
que podem ter coberturas de morte, invalidez e sobrevivência. Trata-se das
entidades chamadas:

a) Entidades Instituidoras.
b) Entidades Fechadas de Previdência Complementar.
c) RGPS.
d) RPPS.
e) Entidades Abertas de Previdência Complementar.

2. A década de 80 foi marcada pela introdução de novos planos previden-


ciários e pelo aparecimento de administradores especializados e segura-
doras estruturadas para esse tipo de operação. Pode-se afirmar que o fator
que contribuiu para esse acontecimento foi:

a) A proibição de comercialização dos montepios.


b) A privatização do IRB.
c) A regulamentação da Previdência Complementar com a promulgação
da Lei 6.435, de 15 de julho de 1977e do Decreto-Lei 81.402/78.
d) A permissão para seguradoras internacionais operarem no Brasil.
e) A promulgação da Lei Complementar 109.

3. Na previdência complementar são utilizados termos distintos para identi-


ficar um cliente que está em fase de contribuição e aquele que já está rece-
bendo o benefício de aposentadoria. Esses termos são, respectivamente:

a) Segurado e beneficiário.
b) Participante e assistido.
c) Contribuinte e aposentado.
d) Contratante e remanescente.
e) Subscritor e titular.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 26
FIXANDO CONCEITOS

4. Uma das determinações da Lei Complementar 109 foi:

a) A incorporação do Ministério da Previdência e Assistência Social pelo


Ministério da Economia.
b) A responsabilização da PREVIC pela fiscalização das Sociedades
Seguradoras.
c) A restrição da constituição das Entidades Abertas de Previdência
Complementar unicamente à forma de sociedades anônimas.
d) A passagem de obrigação da fiscalização das Entidades Abertas de
Previdência Complementar para o CNSP.
e) A regulamentação do PGBL e do VGBL.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 27
CARACTERÍSTICAS dos
PLANOS de ENTIDADES
ABERTAS de
03
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
UNIDADE 3

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender as características técnicas e operacionais
dos planos comercializados pelas Entidades Abertas ⊲ ESTRUTURA BÁSICA
de Previdência Complementar (EAPC), considerando
a comercialização de produtos de previdência em ⊲ MODALIDADES DE
conformidade com a regulamentação, as condições ESTRUTURAÇÃO DAS
COBERTURAS
gerais e as necessidades dos clientes.
⊲ PERÍODOS DE
DIFERIMENTO E COBERTURA

⊲ ADMISSÃO

⊲ CONTRIBUIÇÕES

⊲ CARREGAMENTO

⊲ VALORES GARANTIDOS

⊲ GARANTIAS TÉCNICAS

⊲ EXCEDENTE FINANCEIRO

⊲ ASSISTÊNCIA FINANCEIRA

⊲ ATUALIZAÇÃO DE VALORES

⊲ FIXANDO CONCEITOS 3

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 28
UNIDADE 3

ESTRUTURA BÁSICA
Os planos de Entidades Abertas de Previdência Complementar – EAPC –
são estruturados com a finalidade de conceder benefícios a pessoas físi-
cas, vinculadas ou não a uma pessoa jurídica, que preencham as condi-
ções estabelecidas para participação no plano.

Os planos comercializados pelas entidades abertas de Previdência Com-


plementar podem oferecer, isoladamente ou em conjunto, coberturas de
morte ou invalidez total e permanente ou cobertura por sobrevivência.

Os planos com cobertura por sobrevivência têm por objetivo conceder ao


próprio participante que sobreviver ao prazo de diferimento contratado o
recebimento de um benefício à vista ou sob a forma de renda.

Em contrapartida, os planos com cobertura de morte têm por objetivo con-


ceder um benefício, à vista ou sob a forma de renda, aos beneficiários
indicados, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o
período de cobertura, desde que tenha sido cumprido o período de carên-
cia estabelecido pelo plano, se houver.

Já os planos com cobertura de invalidez total e permanente têm por objeti-


vo conceder um benefício, à vista ou sob a forma de renda, ao próprio par-
ticipante, em decorrência de sua invalidez total e permanente, ocorrida
durante o período de cobertura, desde que tenha sido cumprido o período
de carência estabelecido pelo plano, se houver.

Independentemente do tipo de cobertura oferecida, os planos podem ser


contratados de forma individual ou coletiva:

Individual
Quando acessível a quaisquer pessoas físicas de acordo com as
políticas de aceitação de cada EAPC para cada cobertura.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 29
UNIDADE 3

Coletiva
Quando acessível a pessoas físicas vinculadas, direta ou indire-
tamente, a uma pessoa jurídica contratante. A vinculação indireta
refere-se exclusivamente ao caso de contratação por uma asso-
ciação representativa de pessoas jurídicas, envolvendo pessoas
físicas vinculadas a suas filiadas.

O plano coletivo deverá ser disponibilizado, obrigatoriamente, a todos


os componentes do grupo que mantenham vínculo jurídico de mesma
­natureza com a instituidora/averbadora sendo, porém, facultado à pessoa
jurídica o estabelecimento de critérios de elegibilidade (explicação em
quadro lateral) que tenham de ser cumpridos para que a pessoa física a
ela vinculada possa participar do plano. No entanto, a adesão é facultativa,
podendo ser admitidos como participantes: o cônjuge, o(a) companheiro(a)
e os filhos e os enteados menores considerados dependentes ­econômicos
do componente do grupo.
Critérios
de elegibilidade No caso de contratação coletiva, temos dois tipos de planos:
São critérios que deverão ser
cumpridos para que a pessoa
Plano coletivo averbado
física vinculada a uma pessoa
Plano em que a pessoa jurídica propõe a contratação, ficando
jurídica possa participar de
um plano de previdência por investida de poderes de representação exclusivamente para con-
ela oferecido. Tempo de casa tratá-lo, sem participar do custeio do plano. Neste caso, a pes-
e valor mínimo de remunera- soa jurídica é denominada averbadora.
ção são exemplos de critérios
utilizados muitas vezes. Plano coletivo instituído
Plano em que a pessoa jurídica propõe a contratação, ficando inves-
tida de poderes de representação exclusivamente para contratá-lo,
participando, total ou parcialmente, do custeio do plano. Nes-
se caso, a pessoa jurídica é denominada instituidora.

Vesting Atenção
É o conjunto de cláusulas
que o participante é obriga- Além das características e dos benefícios, dos planos de
do a cumprir para ter acesso
entidades abertas de Previdência Complementar que vere-
aos recursos das provisões
decorrentes das contribui- mos a seguir, um plano coletivo instituído pode prever ainda,
ções pagas pela instituidora, entre suas cláusulas, a possibilidade de vesting.
líquidos de carregamento,
quando for o caso.
Tais cláusulas constam, obrigatoriamente, do contrato entre a EAPC e a
instituidora e são, portanto, de expresso e prévio conhecimento do partici-
pante. Envolvem condições como mínimos de idade, anos de serviço ou de
vinculação ao plano e podem não dar direito à totalidade das contribuições
da instituidora. As cláusulas variam de plano para plano.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 30
UNIDADE 3

EXEMPLO DE CLÁUSULAS DE VESTING:

% RESGATÁVEL DA
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PAGA
CONTRIBUIÇÃO (t) PELA EMPRESA

t < 3 anos 10%

3 anos ≤ t < 5 anos 30%

5 anos ≤ t < 8 anos 50%

8 anos ≤ t < 10 anos 80%

t ≥ 10 anos 100%

MODALIDADES DE ESTRUTURAÇÃO
DAS COBERTURAS
As coberturas dos planos de Previdência Complementar Aberta podem ser
estruturadas na forma de benefício definido ou de contribuição variável.

— Benefício Definido
A cobertura estruturada na forma de benefício definido é aquela em
que o valor do benefício – pagável de uma única vez ou sob a forma
de renda – e o valor da contribuição são estabelecidos previamente na
proposta de inscrição.

Importante
As coberturas de morte e de invalidez total e permanente são sempre estruturadas
na modalidade de benefício definido. A cobertura por sobrevivência também pode
ser estruturada nessa modalidade.
Exemplos:
1. Quando o participante contrata um plano de pecúlio por morte, ele está contratando
uma cobertura (morte) que é estruturada na modalidade de benefício definido, pois
os valores do benefício e da contribuição já estão definidos previamente na proposta
de inscrição.
2. Quando o participante contrata um plano, definindo no momento da contratação o
valor do benefício que ele receberá à vista, ao final do período de diferimento, se e
somente se ele estiver vivo, ele estará contratando uma cobertura (sobrevivência)
estruturada na modalidade de benefício definido.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 31
UNIDADE 3

— Contribuição Variável
A cobertura estruturada na modalidade de contribuição variável é aquela em
que o valor e o prazo de pagamentos das contribuições podem ser definidos
previamente na proposta de inscrição, sendo que o valor do benefício, pagá-
vel de uma única vez ou sob a forma de renda, será calculado ao final do perío-
do de diferimento, com base no saldo acumulado na provisão matemática de
benefícios a conceder e no fator de cálculo.

Importante
Somente a cobertura por sobrevivência pode ser estruturada na modalidade de con-
tribuição variável.
Exemplo:
O PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre – é um plano em que o participante paga
contribuições que podem ou não ter os seus valores estabelecidos previamente. Ao
final do período de diferimento, a EAPC calcula o valor do seu benefício, pago sob a
forma de renda, com base no valor acumulado na provisão matemática de benefícios a
conceder e no fator de cálculo. É fácil imaginar que quanto mais o participante tiver acu-
mulado, maior será o valor de renda que ele receberá.
Fator de cálculo – resultado numérico calculado mediante a utilização de taxa de juros
e tábua biométrica, quando for o caso, utilizado para a obtenção do benefício a ser
pago sob a forma de renda.

Resumindo:

MODALIDADES DE
ESTRUTURAÇÃO DAS COBERTURAS
TIPO DE
COBERTURAS
BENEFÍCIO CONTRIBUIÇÃO
DEFINIDO VARIÁVEL

Por Sobrevivência Pode ser estruturada Pode ser estruturada


nessa modalidade. nessa modalidade.

Por Morte São sempre estrutura- Não pode ser estrutura-


das nessa modalidade. da nessa modalidade.

Invalidez total São sempre estrutura- Não pode ser estrutura-


e permanente das nessa modalidade. da nessa modalidade.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 32
UNIDADE 3

PERÍODOS DE
DIFERIMENTO E COBERTURA
Para a cobertura por sobrevivência, consideram-se:

Período de diferimento
Aquele compreendido entre a data de início de vigência da cober-
tura por sobrevivência e a data contratualmente prevista para iní-
cio do pagamento do benefício.

Período de pagamento do benefício


Aquele em que o assistido fará jus ao recebimento do benefício
sob a forma de renda, podendo ser vitalício ou temporário.

Período de cobertura
Prazo correspondente aos períodos de diferimento ou de paga-
mento de benefício, sob a forma de renda.

Para as coberturas de morte e invalidez, consideram-se:

Período de cobertura
Aquele durante o qual o participante, no caso de invalidez, ou os
beneficiários, por morte do participante, farão jus aos benefícios
contratados.

Período de pagamento do benefício


Aquele em que o assistido fará jus ao recebimento do benefício
sob a forma de renda, podendo ser vitalício ou temporário.

Exemplo
Suponha a contratação de um plano de previdência com o objetivo de receber uma
renda mensal temporária por dez anos, a partir dos 60 anos de idade:

Contribuição pura Fundo

Período contributivo Período de recebimento da renda

Período Período de pagamento


25 de diferimento 60 do benefício 70

25 Período de Cobertura 70

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 33
UNIDADE 3

ADMISSÃO
A contratação de qualquer plano de Previdência Complementar Aberta se
dará mediante assinatura da proposta de inscrição, sua protocolização e
aceitação pela EAPC, e consequente remessa do certificado de participante.

A EAPC pode determinar limites de idade, mínimos e máximos, para


ingresso em seus planos. Se o proponente for menor, eles terão de ser
­representados ou assistidos pelos pais, tutores ou curadores, devendo ser
observado o que dispuser a legislação vigente.

Para sua aceitação como participante, a pessoa física deve assinar a propos-
ta de inscrição e protocolá-la junto à EAPC. Para aceitação da proposta de
inscrição, a EAPC poderá exigir comprovação de renda ou provas de saúde,
como declaração complementar de saúde ou de atividade ­laborativa, relató-
rio médico, exames específicos e perícia médica.

A partir da data do protocolo da proposta de inscrição, a aceitação se dará


automaticamente, caso não haja manifestação em contrário da EAPC, no
prazo máximo de 15 dias. Contudo, esse prazo pode ser suspenso nos
casos em que seja necessária, comprovadamente, a requisição de outros
documentos ou dados para análise do risco, devendo ficar claro que a
suspensão cessará com a protocolização dos documentos ou dos dados
solicitados para análise do risco.

Importante
Se o participante, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir
circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta de inscrição ou na mensura-
ção da contribuição, perderá o direito ao benefício contratado, além de ficar obrigado à
contribuição vencida.
Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do participante, a
EAPC terá direito a resolver o contrato ou a cobrar, mesmo após a ocorrência do evento
gerador, a diferença da contribuição.

— Proposta de Inscrição
Da proposta de inscrição devem constar várias informações, tais como:

■ denominação e CNPJ da EAPC;


■ número do processo SUSEP;
■ índice e critério a serem utilizados na atualização de valores;
■ percentual de carregamento;

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 34
UNIDADE 3

■ valores de benefício e contribuição discriminados por cobertura


contratada;
■ data prevista para a concessão do benefício.
Aceita a proposta de inscrição pela EAPC, o participante receberá um cer-
tificado. O prazo máximo para entrega desse certificado é de 30 dias, a
contar da data de protocolo da proposta de inscrição.

— Certificado
Do certificado do participante devem constar várias informações tais como:

■ denominação e CNPJ da EAPC;


■ número do processo SUSEP;
■ identificação do participante;
■ data do início de vigência do plano.
O Regulamento atualizado do plano será colocado à disposição do propo-
nente, previamente à contratação, sendo obrigatoriamente remetido ao par-
ticipante no ato da inscrição, como parte integrante da proposta de inscrição.

CONTRIBUIÇÕES
Contribuição é o valor correspondente aos aportes efetuados para custeio
do plano.

Nos planos em que sejam oferecidas diversas coberturas, deverão ser


discriminados, na proposta de inscrição, no certificado de participante, no
extrato e nos documentos de cobrança, os valores destinados ao custeio
de cada uma das coberturas contratadas.

O valor e a periodicidade de pagamento das contribuições poderão ser


definidos na proposta de inscrição, sendo facultado ao participante, no
caso de cobertura por sobrevivência estruturada na modalidade de con-
tribuição variável, efetuar pagamentos adicionais a qualquer tempo. Entre-
tanto, fica facultado à EAPC estabelecer critérios objetivos no regulamento
do plano, limitando o valor máximo de aportes extraordinários. Também
ficam vedadas cláusulas que prevejam qualquer tipo de discricionariedade
e cujos efeitos não sejam claros e transparentes para os participantes.

O pagamento das contribuições poderá ser efetuado em dinheiro, cheque,


ordem de pagamento, documento de ordem de crédito, débito em con-
ta-corrente, desconto em folha de pagamento ou por meio de cartão de

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 35
UNIDADE 3

crédito, devendo ser facultado ao participante o pagamento por mais de


uma das formas previstas.

Nos planos coletivos instituídos, o documento de cobrança deverá dis-


criminar os valores a serem pagos pela instituidora e pelos participantes,
quando for o caso.

Sob sua exclusiva responsabilidade perante os participantes, a EAPC


poderá delegar à instituidora/averbadora o recolhimento das contribui-
ções, ficando esta responsável pelo repasse das contribuições, nos prazos
contratualmente estabelecidos.

A ausência de repasse à EAPC de contribuições de responsabilidade de


participantes, recolhidas pela instituidora/averbadora, não poderá prejudi-
cá-los em relação a seus direitos.

Quando a cobertura contratada for estruturada na modalidade de benefí-


cio definido e custeada integralmente pela instituidora, o não pagamento
de contribuição ensejará o cancelamento da cobertura, respondendo a
EAPC pelo pagamento dos benefícios cujo evento gerador venha a ocorrer
até a data da formalização do cancelamento.

CARREGAMENTO
Poderá ser cobrado carregamento para fazer face às despesas adminis-
trativas e de comercialização, ficando vedada a cobrança de inscrição e
quaisquer outros encargos ou comissões incidentes sobre o valor das con-
tribuições, inclusive a título de intermediação.

O valor ou percentual de carregamento, o critério e a forma de cobran-


ça deverão constar da proposta de inscrição, da nota técnica atuarial, do
regulamento e, no caso de plano coletivo, também do respectivo contrato.
O valor, ou percentual estabelecido, não poderá sofrer aumento, ficando
sua redução a critério da EAPC. Entretanto, a redução do percentual de
carregamento deve ser feita para todos os participantes.

Parte do carregamento poderá ser destinada à remuneração dos trabalhos


realizados pela instituidora/averbadora, relacionados à divulgação, propa-
ganda, serviços de adesão, cobrança, repasse e prestação de informações.

Enquanto as coberturas de risco não possuem limite de carregamento, as


cobertura por sobrevivência apresentam:

■ Até 10% para aquelas estruturadas na modalidade de contribuição


variável;

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 36
UNIDADE 3

■ Até 30% para as coberturas estruturadas na modalidade de bene-


fício definido.
O carregamento poderá ser cobrado na data de pagamento da respectiva
contribuição, exclusivamente sobre o valor pago, e/ou no momento do res-
gate ou da portabilidade. Neste último caso, o carregamento incidirá sobre
a parcela do valor do resgate ou sobre a parcela dos recursos portados,
correspondente ao valor nominal das contribuições pagas.

VALORES
GARANTIDOS
Representam direitos dos participantes ou dos beneficiários, previstos em
determinadas modalidades de planos de Previdência Complementar Aberta.

Nos planos de Previdência Complementar Aberta com cobertura por


sobrevivência, é obrigatória a previsão de dois valores garantidos: resgate
e portabilidade.

O resgate corresponde ao direito que os participantes e quando tecnicamen-


te possível, os beneficiários têm, durante o período de diferimento e observa-
das determinadas regras, de retirar os recursos da provisão m ­ atemática de
benefícios a conceder.

Já a portabilidade é o direito garantido aos participantes, durante o período


Atenção de diferimento e observadas determinadas regras, de m ­ ovimentar os recur-
sos da provisão matemática de benefícios a conceder para outros planos.
Nos planos de Previdência
Complementar Aberta com Em contrapartida, nos planos de Previdência Complementar Aberta com
cobertura por sobrevivência cobertura de morte ou invalidez total e permanente, e desde que
estruturada na modalidade essas coberturas sejam estruturadas no regime financeiro de capita-
de benefício definido, são lização, é possível a previsão dos seguintes valores garantidos: resgate,
vedados o resgate parcial e ­saldamento, benefício prolongado e portabilidade.
a portabilidade parcial.
O resgate permite ao participante, antes da ocorrência da morte ou da
invalidez total e permanente, retirar os recursos da provisão matemática
de benefícios a conceder.

A portabilidade permite ao participante, antes da ocorrência da morte


ou da invalidez total e permanente, movimentar os recursos da provisão
matemática de benefícios a conceder para outro plano de Previdência
Complementar Aberta.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 37
UNIDADE 3

Como as coberturas de morte e invalidez total e permanente são sem-


Atenção pre coberturas estruturadas na modalidade de benefício definido, deve
ficar claro que só são permitidos resgates ou portabilidades totais.
No caso de portabilidades, os
recursos financeiros deverão O saldamento consiste na manutenção da cobertura originalmente con-
ser movimentados diretamente tratada, com redução proporcional do valor do benefício contratado, na
entre as entidades de eventualidade da interrupção definitiva do pagamento das contribuições.
Previdência, ficando vedado
Já o benefício prolongado consiste na redução do período de cobertura
que transitem, de qualquer
contratado, com a manutenção do mesmo valor de benefício contrata-
forma, pelo participante.
do, na eventualidade de ocorrer a interrupção definitiva do pagamento
das contribuições.

Exemplo
Exemplo de Saldamento e Benefício Prolongado:
Suponha que uma pessoa com 20 anos de idade decida contratar um plano de Previ-
dência com cobertura de morte estruturada no regime financeiro de capitalização. Uma
característica desse plano é que a cobertura será garantida pela entidade de Previdên-
cia de forma vitalícia. O valor do benefício contratado é de R$ 100.000,00 e as con-
tribuições serão pagas anualmente, com valor igual a R$ 453,23. Transcorridos cinco
anos de vigência desse contrato, o participante comunica à entidade de Previdência
que não tem mais condições de continuar pagando a contribuição do plano, mas que
gostaria de continuar a ter algum tipo de cobertura do plano de Previdência. Dessa
forma, a entidade de Previdência faz duas propostas ao seu participante.
A primeira delas refere-se ao saldamento, que consistirá em não cobrar mais contribui-
ções desse participante e continuar a dar cobertura contra o risco de morte vitalicia-
mente. Entretanto, em face do valor de reserva apurado pela entidade de Previdência, o
valor do benefício será reduzido de R$ 100.000,00 para aproximadamente R$ 18.540,00.
Note que, apesar de deixar de pagar as contribuições anuais do contrato de P ­ revidência,
o valor do seu benefício será reduzido, pois a cobertura continuará sendo vitalícia.
A segunda proposta refere-se ao benefício prolongado, que consistirá em não cobrar
mais contribuições desse segurado e continuar a garantir R$ 100.000,00 de benefício
em caso de morte. Todavia, em face do valor da reserva apurado pela entidade de Pre-
vidência, para continuar a garantir o mesmo valor de benefício, o período de c­ obertura
do plano de Previdência deverá ser alterado. Como antes a cobertura era vitalícia, ago-
ra ela passará a ser temporária por, aproximadamente, mais 15 anos. Note que, apesar
de deixar de pagar as contribuições anuais do contrato de Previdência e do valor do
benefício continuar a ser o mesmo, o plano deixará de dar cobertura vitalícia, passando
a ser uma cobertura temporária por mais 15 anos aproximadamente.
Observação: os cálculos acima foram feitos com base na tábua biométrica CSO-80 e
na taxa de juros de 6% a.a. Deixamos de apresentar mais detalhes sobre os cálculos,
pois eles envolvem aspectos atuariais de maior complexidade.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 38
UNIDADE 3

GARANTIAS TÉCNICAS
Para garantia de suas operações, as entidades abertas de Previdência
Complementar constituirão, mensalmente, provisões matemáticas quando
tecnicamente necessárias e de acordo com o regime financeiro adotado.

As duas principais são:

■ Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (PMBAC): reserva


do plano de previdência durante o período de diferimento
■ Provisão Matemática de Benefícios Concedidos (PMBC): reserva
do plano de previdência durante o pagamento do benefício.

EXCEDENTE FINANCEIRO
Os planos de Previdência Complementar que oferecem, no período de
diferimento e/ou no período de pagamento do benefício, qualquer tipo de
garantia de rentabilidade, seja atualização e/ou remuneração do capital,
podem oferecer a reversão total ou parcial dos excedentes financeiros.

O excedente financeiro nada mais é do que a diferença positiva entre a


garantia dada pelo plano e a rentabilidade do fundo de investimento em
que o dinheiro está aplicado. Vejamos um exemplo:

Um plano oferece a atualização do capital por IPCA e uma remuneração


por meio de uma taxa de juros anual de 2%. Além disso a administrado-
ra do plano se compromete a reverter 50% do excedente financeiro para
seus clientes.

Em resumo, teríamos nesse plano:

IPCA + 2% + 50% de Excedente Financeiro.

Considerando, de forma hipotética, que o IPCA tenha sido de 6% e que o


fundo tenha rendido 10% em determinado ano, teríamos:

6% (atualização) + 2% (remuneração) = 8%

Rentabilidade do Fundo = 10%

Excedente Financeiro = 10% - 8% = 2%

Excedente Repassado: 1% (50%)

Repasse total: 8% + 1% = 9%

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 39
UNIDADE 3

Logo, podemos afirmar que esse plano rendeu 9% neste ano, sendo 6% de
atualização, 2% de taxa de juros e 1% de Excedente Financeiro.

Importante ressaltar que o valor do Excedente Financeiro deverá ser incor-


porado à Provisão Técnica de Excedentes financeiros.

Caso a rentabilidade do fundo seja inferior à garantia oferecida pelo plano,


podemos afirmar que houve um défcit financeiro. Nesse caso, a administra-
dora do plano de previdência deverá cobri-lo totalmente mediante aporte
de recursos, honrando assim com o compromisso assumido por meio das
garantias do plano.

ASSISTÊNCIA FINANCEIRA
A assistência financeira é o empréstimo concedido com recursos próprios
da EAPC ou da sociedade seguradora a titular ou assistido de plano de
previdência complementar aberta, estruturado em qualquer regime finan-
ceiro, ou a titular de plano de seguro de pessoas, estruturado no regime
financeiro de capitalização.

A assistência financeira será concedida mediante contrato formalizado


com o titular e somente poderá ser concedida durante o período anterior à
concessão do benefício. A regulamentação em vigor estabelece algumas
vedações, à EAPC entre as quais se destacam:

■ conceder assistência financeira com recursos de provisões, reser-


vas técnicas e fundos;
■ cobrar quaisquer despesas, a qualquer título, exceto aquelas referen-
tes aos encargos de juros, multa e atualização monetária ou even-
tuais tributos relacionados à operação da assistência financeira.

Observação
O plano de previdência complementar ou de seguro de pessoas não poderá ser res-
gatado ou portado enquanto não forem pagas todas as contraprestações relativas às
assistências financeiras a ele vinculadas.

Importante
A SUSEP, por meio da regulamentação específica para Assistência Financeira, considera
como ato nocivo condicionar a concessão de assistência financeira à contratação de outros
produtos ou serviços. Esteja atento a isso!

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 40
UNIDADE 3

ATUALIZAÇÃO DE VALORES
Os planos de Previdência Complementar Aberta, com coberturas estru-
turadas na modalidade de benefício definido, deverão conter cláusula de
atualização anual de valores com base em índice pactuado.

Dessa forma, os benefícios e as contribuições serão atualizados na data


de aniversário da contratação, com base no índice pactuado, ficando facul-
tado o estabelecimento de outra data-base, desde que os valores contra-
tualmente previstos sejam atualizados até essa outra data-base e a partir
de então, seja respeitada a periodicidade anual.

Entretanto, quando as coberturas de risco forem custeadas mediante o paga-


mento de contribuição única, os valores dos benefícios deverão ser atualiza-
dos pelo índice pactuado até a data de ocorrência do evento gerador.

Já os planos de Previdência Complementar Aberta com cobertura estru-


turada na modalidade de contribuição variável poderão conter cláusu-
la de atualização anual dos prêmios com base em índice pactuado.

Em resumo:

PLANOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA

Com coberturas DEVERÃO conter cláusula Obrigatório


estruturadas na modalidade de atualização anual de
de benefício definido. valores com base em índice
pactuado.

Com cobertura estruturada PODERÃO conter cláusula Tem que estar previsto no
na modalidade de de atualização anual dos regulamento
contribuição variável. prêmios com base em
índice pactuado.

Entretanto, quando as coberturas de risco forem custeadas Obrigatório


mediante o pagamento de contribuição única, os valores
dos benefícios DEVERÃO ser atualizados pelo índice
pactuado até a data de ocorrência do evento gerador.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 41
UNIDADE 3

Atenção
O índice e a periodicidade de atualização de valores deverão constar do regulamento,
da proposta e, quando for o caso de plano coletivo, do respectivo contrato.
O índice pactuado para a atualização de valores relativos às operações de Previdência
Complementar Aberta deverá ser estabelecido em consonância com as seguintes opções:
■ Índice Nacional de Preços ao Consumidor/Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística – INPC/IBGE;
■ Índice de Preços ao Consumidor Amplo/Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística – IPCA/IBGE;
■ Índice Geral de Preços para o Mercado/Fundação Getúlio Vargas – IGPM/FGV;
■ Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna/Fundação Getúlio Vargas –
IGP-DI/FGV;
■ Índice Geral de Preços ao Consumidor/Fundação Getúlio Vargas – IPC/FGV;
■ Índice de Preços ao Consumidor/Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
da Universidade de São Paulo – IPC/FIPE.
No caso de extinção do índice pactuado, deverá ser utilizado o IPCA/IBGE, caso
não tenha sido convencionado, no ato da contratação, índice substituto entre os
previstos acima.
Exceção à regra de atualização de valores é o plano de Previdência Complementar
Aberta, destinado, exclusivamente, à recepção de grupos de participantes e respecti-
vas provisões, transferidos de outros planos de benefícios. Nesses casos, a legislação
admite a manutenção do critério de atualização de valores originalmente contratado.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 42
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 3

Marque a alternativa correta:


1. Um cliente informou ao seu corretor que deseja contratar uma cobertura
de risco mais flexível. Nesse caso, ele deseja uma cobertura na qual o valor
do seu benefício seja calculado ao final do período de diferimento com
base no valor acumulado por ele a partir de suas contribuições variáveis.
Para esse cliente, o corretor deverá:

a) Buscar uma EAPC, no mercado, que ofereça esse tipo de cobertura e


apresentar para o cliente.
b) Explicar ao cliente que isso não será possível, pois as coberturas de
risco são sempre estruturadas como benefício definido.
c) Informar o cliente de que isso apenas será possível caso ele também
contrate um PGBL.
d) Buscar um produto no exterior, ainda que sua comercialização não
esteja autorizada no País pela SUSEP.
e) Solicitar que alguma seguradora desenhe um plano com essas carac-
terísticas.

2. Quanto ao carregamento nos planos de previdência complementar é


correto afirmar que:

a) Devem incidir sobre o patrimônio líquido do fundo.


b) Deverá ser de, no máximo, 30% para as coberturas estruturadas na
modalidade de contribuição variável.
c) Poderá ser cobrado apenas uma vez, ou no ato da contribuição, ou no
momento do resgate/portabilidade.
d) Pode sofrer aumento de acordo com fatores justificáveis.
e) Existem três possibilidades de cobrança: no momento da contribui-
ção; no momento do resgate/portabilidade; ou no ato da contribui-
ção e no momento do resgate/portabilidade.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 43
PLANOS com
04
COBERTURA por SOBREVIVÊNCIA
UNIDADE 4

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Compreender as ■ Entender a estrutura do
características técnicas PGBL e do VGBL e os seus ⊲ COMERCIALIZAÇÃO
dos planos de previdência benefícios baseados nos
e de seguros de pessoas conceitos de flexibilidade ⊲ MODALIDADES DE RENDA
com cobertura por e transparência.
sobrevivência permitindo ⊲ FATORES QUE INFLUENCIAM
O VALOR DA RENDA A SER
a comercialização em RECEBIDA EM FUNÇÃO DA
conformidade com a SOBREVIVÊNCIA
regulamentação, as
condições gerais e as ⊲ VALORES GARANTIDOS NO
necessidades dos clientes. PERÍODO DE DIFERIMENTO

⊲ FIXANDO CONCEITOS 4

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 44
UNIDADE 4

Os Planos com Cobertura por Sobrevivência garantem o pagamento do


capital segurado, pela sobrevivência do segurado ao período de diferimento
contratado ou pela compra, mediante pagamento único, de renda imediata.

COMERCIALIZAÇÃO
Quanto à comercialização do plano, poderão ser divulgadas tabelas com
valores de contribuições e benefícios, sendo vedada, porém, a utilização
de valores de inflação projetada para datas futuras. De todo modo, o mais
comum, é a utilização de simuladores por parte das EAPCs.

No caso dos planos coletivos, a propaganda e a promoção do plano por


parte da averbadora, instituidora ou corretora somente podem ser feitas
com autorização expressa da Entidade Aberta de Previdência Complemen-
tar, respeitadas as condições do regulamento, do contrato e das normas
vigentes, ficando a EAPC responsável pela fidedignidade das informações
contidas nas divulgações realizadas.

As cláusulas relativas às obrigações e aos direitos dos participantes devem


ser redigidas em destaque e em linguagem de fácil compreensão, permi-
tindo seu imediato e amplo entendimento.

— Planos com Cobertura


por Sobrevivência
Apesar de existirem vários planos regulamentados pela SUSEP, que pode-
riam ser oferecidos aos clientes, atualmente, a comercialização restrin-
ge-se basicamente ao Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) – Pre-
vidência Complementar – e ao Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)
– Seguro de Pessoas.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 45
UNIDADE 4

Algumas instituições oferecem, ainda, da carteira de Previdência Complemen-


tar, o Plano Previdência Vida Planejada e o Plano de Renda Imediata, e da car-
teira de Seguros de Pessoas, o Vida Planejada e o Vida com Renda Imediata.

E qual a relação com um produto de seguro de pessoas? Isso acontece


porque grande parte dos produtos previdenciários que você verá aqui são
idênticos aos produtos de seguros de pessoas com cobertura por sobrevi-
vência que são apresentados na apostila Seguros de Pessoas. Podemos,
inclusive, afirmar que um produto do tipo PGBL (plano de previdência) fun-
ciona da mesma forma que um produto do tipo VGBL (plano de seguro de
pessoas). O que diferencia os produtos de previdência com cobertura por
sobrevivência de seus “irmãos gêmeos”, no segmento de seguros de pes-
soas, é o tratamento tributário dado aos valores pagos e recebidos pelo
cliente, algo que veremos melhor na última unidade dessa apostila.

Com relação à preferência do mercado pelo PGBL – e VGBL –, como vere-


mos a seguir, ambos são planos que não oferecem qualquer garantia de
rentabilidade durante a fase de acumulação de recursos (também chama-
da de período de diferimento). Por esse motivo, as empresas preferem
comercializar esses produtos ao invés de produtos que tenham algum tipo
de garantia, evitando ficar expostas aos riscos inerentes à promessa de
taxa de juros ou de índice de atualização de valores.

Vamos ver, agora, como funciona o PGBL e o VGBL de forma detalhada, além de
Atenção uma explicação rápida sobre outros planos encontrados no mercado e, posterior-
mente, uma lista dos demais planos aprovados, mas não comercializados.
Apesar de serem tecnicamente
iguais, por estarem em PREVIDÊNCIA PESSOAS
carteiras distintas, os planos de Valor pago pelo Cliente Contribuição Prêmio
previdência complementar e
Início do período de
de seguros de pessoas como Aposentadoria Sobrevivência
pagamento do benefício
o PGBL e o VGBL, possuem
Pessoa que contrata Participante Segurado
algumas denominações distintas.
Vejamos alguns exemplos:

— Plano Gerador de Benefício


Livre (PGBL) & Vida Gerador
de Benefício Livre (VGBL)
O PGBL e o VGBL são planos de acumulação, sendo o primeiro um pla-
no de previdência complementar e o segundo um plano de seguros de
pessoas. Como já dito anteriormente, esses dois planos são tecnicamente
iguais e a diferença está apenas no aspecto tributário, melhor explorado
na unidade 6. Ambos são sempre estruturados na modalidade de contri-
buição variável e no regime financeiro de capitalização com reservas indi-
vidualizadas, e contam com duas fases totalmente distintas.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 46
UNIDADE 4

A primeira delas, como já vimos, é o período de diferimento, momento no


qual o participante, no caso do VGBL chamado segurado, poderá efetuar
contribuições, no VGBL prêmios, ao seu plano com o objetivo de acumular
o capital necessário para financiar a próxima etapa, o período de paga-
mento do benefício.

Nessa segunda etapa a EAPC irá pagar o benefício de aposentadoria,


sobrevivência no VGBL, ao cliente agora denominado assistido, de acordo
com fatores que detalharemos ainda nessa unidade.

Período de Diferimento
Nesse período o cliente tem total liberdade no seu plano, podendo, por
exemplo, efetuar aportes ou aumentar o valor da contribuição, parar de
contribuir ou diminuir o valor, fazer resgates e portabilidades parciais ou
totais, alterar o(s) fundo(s) de investimento(s) onde o seu capital está aplica-
do, a idade prevista para a sua aposentadoria, o tipo de renda, percentual
de reversão e seus beneficiários. Por esse motivo, quando do seu surgi-
mento, os planos chamaram a atenção do mercado pela alta flexibilidade.

No período de diferimento, caso o participante venha a falecer, o valor


da sua reserva será pago ao beneficiário ou, na falta da sua indicação ou
impossibilidade, aos seus herdeiros legais.

Ainda falando do período de diferimento, nessa etapa a remuneração


da PMBC (Provisão Matemática de Benefícios a Conceder) será baseada
inteiramente na rentabilidade do FIE (Fundo de Investimento Especialmen-
te Constituído) no qual os recursos estejam aplicados. Podemos afirmar
então que 100% da rentabilidade do fundo é repassada para o cliente, seja
ela positiva ou negativa, uma vez que o P/VGBL não contam com qualquer
garantia de rentabilidade durante a fase de acumulação. É justamente por
esse motivo que o cliente deve escolher o FIE que mais se adeque ao seu
perfil como investidor: conservador; moderado; ou agressivo.

É importante salientar que o participante também pode, caso tenha inte-


resse, aplicar partes do seu capital acumulado em diferentes FIE(s) simulta-
neamente, sendo, por exemplo, um mais agressivo e outro mais conserva-
dor, ou até fundos de gestores diferentes.

A rentabilidade de cada FIE pode ser acompanhada diariamente pelo clien-


te, assim como o valor da sua reserva. Essa transparência foi exatamente o
segundo ponto que chamou a atenção quando o P/VGBL foram lançados
levando todos a afirmarem na época que os planos estavam sustentados
por dois pilares: flexibilidade e transparência. Algo indiscutível até hoje!

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 47
UNIDADE 4

Período de Pagamento do Benefício


Essa etapa é determinada pela utilização do capital acumulado pelo parti-
cipante para a compra da sua renda de aposentadoria, porém não é obri-
gatória. Caso seja de sua preferência, ele pode, ao final do período de dife-
rimento, resgatar a totalidade - ou parte - do valor acumulado ou estender
esse período para que possa fazer resgates periódicos no seu plano sem
a necessidade de adquirir alguma das rendas oferecidas.

É importante considerar que, ao exercer o direito de adquirir uma renda


atuarial, o participante está transferindo para a EAPC o risco de sobre-
vivência, ou seja, caso ele, ou seu beneficiário, dependendo do tipo de
renda, viva mais tempo do que o atuarialmente previsto, a EAPC deverá
garantir a continuidade do pagamento do benefício vitaliciamente ou até
o término do prazo contratado. Já, ao efetuar o resgate do valor, total ou
periodicamente, o participante assume para si a responsabilidade e o risco
de administrar o seu capital de forma que possa manter a sua independên-
cia financeira até o seu falecimento ou pelo tempo que lhe convier.

Ao optar pela compra da renda, o cliente, portanto, transfere para a EAPC


a responsabilidade e o risco de administrar os recursos até então acumu-
lados passando, dessa forma, ao papel de assistido, ou seja, tendo apenas
o direito de receber o benefício em conformidade com os parâmetros téc-
nicos utilizados para o cálculo da renda.

Um diferencial do Período de Pagamento do Benefício é que, nele, a EAPC


deverá, obrigatoriamente, garantir a atualização anual do valor do benefí-
cio de acordo com o índice pactuado e poderá, além disso, garantir uma
taxa de juros (até 6%) e a reversão de um percentual de excedentes finan-
ceiros, o que impactará positivamente na renda do cliente.

Havendo o falecimento do assistido nessa etapa, o benefício poderá ces-


sar ou ter continuidade de acordo com a renda escolhida como participan-
te. No entanto, é vedada a possibilidade de resgate de qualquer valor por
seu beneficiário ou herdeiro legal.

— Plano Previdência Vida Planejada


& Plano Vida Planejada
Quando, no ato da contratação de um PGBL ou de um VGBL, respectivamen-
te, o FIE já prevê um percentual decrescente de exposição a investimentos
de maior risco durante o período de diferimento.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 48
UNIDADE 4

— Plano de Renda Imediata (PRI) &


Vida com Renda Imediata (VRI)
Quando, mediante contribuição única, garantir o pagamento do benefício
por sobrevivência, sob a forma de renda imediata.

Observação
Com o objetivo de modernizar e oferecer mais opções ao mercado, a SUSEP regulamen-
tou, em momentos distintos, alguns outros planos, mas as empresas do setor optaram por,
até então, não comercializá-los. Sendo assim, além dos planos explicados, temos:
■ PGBL Programado & VGBL Programado;
■ Plano com Desempenho Referenciado (PDR) & Vida com Desempenho Referenciado
(VDR);
■ Plano com Remuneração Garantida e Performance (PRGP) & Vida com Remuneração
Garantida e Performance (VRGP);
■ Plano com Remuneração Garantida e Performance sem Atualização (PRSA) & Vida com
Remuneração Garantida e Performance sem Atualização (VRSA); e
■ Plano com Atualização Garantida e Performance (PAGP) & Vida com Atualização Garantida
e Performance (VAGP).
Os seguros resgatáveis, conhecidos como Dotais, você irá estudar na disciplina de
Seguros de Pessoas.
Caso você queira conhecer melhor esses planos, basta consultar a página da SUSEP:
www.susep.gov.br

Importante
Existe mais um plano que, apesar de não ser mais oferecido, é importante conhecer, afi-
nal, você pode encontrar clientes que ainda sejam participantes dele. Trata-se do Plano
Tradicional de previdência, fortemente comercializado na década de 1990. A carteira de
seguros de pessoas não oferece um plano similar à esse. Vejamos:

Plano Tradicional
Nada mais é do que um plano com cobertura por sobrevivência, estruturado na for-
ma de benefício definido ou de contribuição variável, com a característica de garantir,
durante a fase de acumulação dos recursos (período de diferimento), algum tipo de
remuneração mínima garantida (normalmente IGPM + 6% a.a.). Além disso, era comum
a possibilidade de reversão de resultados financeiros (excedentes) durante a fase de
acumulação ou de pagamento do benefício sob a forma de renda.
A maioria dos Planos Tradicionais foi comercializada com a tábua atuarial AT-49 Male que previa
uma expectativa de vida menor e, portanto, um valor de renda maior, conforme você poderá ver
detalhadamente em um comparativo de tábuas atuariais na sua apostila de Seguros de Pessoas.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 49
UNIDADE 4

— Regras para os Fundos de


Investimento Especialmente
Constituídos
Conforme determinado pela SUSEP, todos os planos regulamentados, com
exceção do Plano Tradicional, podem ter as carteiras de seus “Fundos de
Investimento Especialmente Constituídos” estruturadas sob as seguintes
modalidades:

■ Unicamente por títulos de emissão do Tesouro Nacional ou do Ban-


co Central do Brasil e créditos securitizados do Tesouro Nacional.
O conceito de investidores ■ Por títulos de emissão do Tesouro Nacional ou do Banco Central do
qualificados é definido pela
Brasil, por créditos securitizados do Tesouro Nacional e por investi-
Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). De acordo com as mentos de renda fixa, nas modalidades e dentro dos critérios, diver-
normas vigentes (Instrução CVM sificação e diversidade admitidos pela regulamentação vigente.
554/2019), são considerados ■ Nas modalidades, critérios de diversificação, diversidade e demais
investidores qualificados:
(I) investidores profissionais; aspectos admitidos pela regulamentação vigente, sendo que os
(II) pessoas naturais ou jurídicas investimentos de renda variável obedecerão aos limites mínimo e
que possuam investimentos máximo de aplicação sobre o patrimônio líquido do FIE, nos termos
financeiros em valor superior estabelecidos em normativo específico da Conselho Monetário
a R$ 1.000.000,00 e que, Nacional – CMN.
adicionalmente, atestem por
escrito sua condição de investidor Já o Conselho Monetário Nacional – CMN determina os limites das apli-
qualificado mediante termo cações de planos abertos de previdência complementar e de seguros de
próprio; pessoas com cobertura por sobrevivência, cuja remuneração esteja cal-
(III) pessoas naturais que tenham
cada na rentabilidade de carteiras de investimentos durante o prazo de
sido aprovadas em exames de
qualificação técnica ou possuam
diferimento. Os mais importantes para você conhecer são:
certificações aprovadas pela ■ na modalidade Renda Fixa: até 100% (cem por cento), observados
CVM como requisitos para o
registro de agentes autônomos de os limites especificados na resolução;
investimento; ■ na modalidade Renda Variável: até 70% (setenta por cento), obser-
(IV) clubes de investimento
vados os limites especificados na resolução.
cuja carteira seja gerida por
um ou mais cotistas que sejam Já as aplicações em Renda Variável dos mesmos planos destinados exclu-
investidores qualificados. sivamente a Investidores Qualificados podem chegar a até 100% (cem por
cento) do capital investido.

Apesar de existirem outras possibilidades previstas pelo CMN, os fundos


que você mais encontrará no mercado são aqueles com 100% do capital
investido em Renda Fixa e aqueles com um percentual do capital investido
em Renda Fixa e outro em Renda Variável.

Vale ainda ressaltar que o seu papel como corretor será identificar os fun-
dos oferecidos pelas empresas com as quais você for trabalhar e apre-
sentar as opções ao seu cliente. A escolha será dele e você deverá se
certificar de que ele esteja confortável com isso.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 50
UNIDADE 4

Observação
Cada FIE possui uma taxa de administração que incide sobre o patrimônio líquido do
fundo e cobre as despesas com a administração dos recursos. Essa taxa, apesar de ser
visualizada em um percentual anual, é descontada diariamente. Quando você for avaliar
a rentabilidade de um determinado plano de previdência, ou seguro por sobrevivência,
é importante considerar que ela já é demonstrada líquida da taxa de administração, ou
seja, o impacto da taxa já está considerado no resultado.

Importante
Não confunda a taxa de carregamento com a taxa de administração.
Enquanto a taxa de carregamento é cobrada sobre o valor da contribuição do cliente,
podendo ser descontada no ato do pagamento e/ou no ato do resgate/portabilidade, a
taxa de administração é cobrada sobre o patrimônio líquido do fundo, sendo desconta-
da diariamente.
Outra diferença é que a taxa de carregamento pode ser diferente de acordo, por exem-
plo, com os valores de contribuição e o tempo de plano de cada cliente. Essa taxa pode
ainda ser decrescente e até zerada pela EAPC. Já a taxa de administração sempre será
cobrada e no mesmo percentual para todos os participantes de determinado FIE.

MODALIDADES DE RENDA
Finda a fase de acumulação de recursos, o participante pode optar por
receber, à vista, o saldo acumulado em sua provisão matemática de bene-
fícios a conceder ou transformá-la em um tipo de renda, cujo valor é calcu-
lado em função da idade, da modalidade de renda escolhida e dos parâ-
metros técnicos do plano contratado (taxa de juros e tábua biométrica). As
modalidades de renda são:

Renda Mensal Vitalícia


Consiste em uma renda mensal a ser paga vitalícia e exclu-
sivamente ao participante a partir da data escolhida para con-
cessão do benefício. O pagamento da renda cessa com a morte
do participante.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 51
UNIDADE 4

Renda Mensal Temporária


Consiste em uma renda mensal a ser paga temporária e exclu-
sivamente ao participante, cessando com o seu falecimento ou
com o fim da temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro.

Renda Mensal Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido


Consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a ­partir
da data escolhida para concessão do benefício. No entanto, se
durante o período de percepção da renda ocorrer o falecimento do
participante, antes de ter completado o prazo mínimo de g­ arantia
escolhido, a renda será paga aos beneficiários pelo período res-
tante do prazo mínimo de garantia.

Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Beneficiário


Indicado
Consiste em uma renda mensal paga vitaliciamente ao participante
a partir da data escolhida para concessão do benefício. Ocorrendo
o falecimento do participante, durante a percepção dessa renda,
um percentual do seu valor estabelecido na proposta será rever-
tido vitaliciamente ao beneficiário indicado. Na hipótese de faleci-
mento do beneficiário, antes do participante e durante o período
de percepção da renda, a reversibilidade da renda estará extinta,
sem direito a compensações ou devoluções dos valores pagos.

Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Cônjuge com


Observação Continuidade aos Menores
Consiste em uma renda mensal paga vitaliciamente ao participan-
Todos os planos te a partir da data escolhida para concessão do benefício. Ocor-
podem oferecer essas rendo o falecimento do participante durante a percepção dessa
modalidades de renda. renda, um percentual do seu valor estabelecido na proposta será
revertido vitaliciamente ao cônjuge e na falta deste, será reversível
temporariamente aos menores até que o mais novo complete uma
idade para maioridade estabelecida no regulamento do plano (18,
21 ou 24 anos).

Renda Mensal por Prazo Certo


Consiste em uma renda mensal a ser paga por um prazo preestabe-
lecido ao participante/assistido. O participante indicará, na proposta
de inscrição, o prazo máximo contado a partir da data de conces-
Atenção são do benefício, em que será efetuado o pagamento da renda. Se
durante o período de pagamento do benefício, ocorrer o falecimen-
A Renda Mensal por Prazo to do participante/assistido antes da conclusão do prazo indicado, o
Certo é a única renda não benefício será pago ao beneficiário (ou beneficiários), na proporção
estruturada em um regime de rateio estabelecida, pelo período restante do prazo determinado.
atuarial, sendo, portanto, uma O pagamento da renda cessará com o término do prazo
renda financeira. estabelecido.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 52
UNIDADE 4

FATORES QUE INFLUENCIAM


O VALOR DA RENDA A SER
RECEBIDA EM FUNÇÃO DA
SOBREVIVÊNCIA

— Parâmetros Técnicos
Estudamos, com o fim da fase de acumulação de recursos, que o partici-
pante pode optar por receber, à vista, o saldo acumulado em sua provisão
matemática de benefícios a conceder ou transformá-la em um tipo de ren-
da, cujo valor é calculado em função da idade, da modalidade de renda
escolhida e dos parâmetros técnicos do plano contratado (taxa de juros e
tábua de mortalidade).

Observação
Em 2010, a SUSEP adotou as tábuas BR-EMS como tábuas padrão (standard) para o mercado
segurador brasileiro (Circular SUSEP nº 402, de 18/03/2010). A tábua, denominada Experiência
do Mercado Segurador Brasileiro, BR-EMS, consiste em quatro variantes abrangendo as cober-
turas de sobrevivência e mortalidade, masculina e feminina, sendo atualizada a cada cinco anos.

Com relação à taxa de juros, a regulamentação estabelece que no período


(ou períodos) em que houver garantia mínima de remuneração, a taxa de
juros contratualmente prevista deverá respeitar o limite fixado pela SUSEP,
observado o máximo de 6% a.a. ou seu equivalente efetivo mensal.

Já para as tábuas de mortalidade, a regulamentação estabelece que a tábua


de mortalidade utilizada para cálculo do fator de renda será aquela definida
no plano submetido à aprovação da SUSEP, devendo ser observado o limite
máximo da taxa de mortalidade constante da tábua AT-2000 Male.

Observe que a regulamentação impõe limites, tanto para a taxa de juros


quanto para a tábua biométrica, que podem ser utilizados na estrutura-
ção de um plano de Previdência Complementar Aberta com cobertura por
sobrevivência. Esse cuidado decorre do risco que a EAPC tem no caso de
uma melhora na expectativa de vida ou de uma redução dos juros reais.

Na apostila “Seguros de Pessoas” você poderá ver, de forma detalhada,


um comparativo entre diferentes tábuas biométricas considerando diferen-
tes taxas de juros.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 53
UNIDADE 4

— Modalidade de Renda e
Idade de Aposentadoria
A tábua biométrica e a taxa de juros contribuem de forma significativa no
cálculo do valor de renda. Entretanto, se agora fixarmos a tábua biométrica
e a taxa de juros, veremos que a modalidade de renda escolhida afetará
também o valor a ser recebido.

Suponha, por exemplo, uma família constituída da seguinte forma: homem


com 60 anos, mulher com 58 anos, com um filho de 10 anos. Suponha que
esse homem tenha um plano de Previdência (as bases técnicas do plano
são AT-2000 e 3% a.a.), com saldo acumulado de R$ 1.000.000,00, que
será transformado em renda. A seguir, apresentaremos os valores de ren-
da, calculados com essas informações:

■ renda mensal vitalícia: R$ 5.141,30;


■ renda mensal vitalícia reversível 100% ao cônjuge: R$ 4.255,38;
■ renda mensal vitalícia reversível 100% ao cônjuge com continuida-
de de 100% aos menores: R$ 4.240,64;
■ renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido de 15 anos: R$
4.871,03;
■ renda mensal temporária de 15 anos: R$ 7.439,24.
Essas diferenças são explicadas em função das diferenças ­ existentes
entre os compromissos assumidos pelas entidades de Previdência.
Exemplo: Observe que o valor da renda mensal vitalícia é maior do que o
valor da renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge. Isso porque enquanto
no primeiro caso, a obrigação da EAPC termina com a morte do participante,
no segundo caso, essa obrigação pode continuar a existir, bastando para
isso, que no momento da morte do participante, o seu cônjuge esteja vivo.
Raciocínio análogo pode ser feito para as outras modalidades de renda.

Caso as idades no nosso exemplo fossem diferentes (suponha que o


homem não tenha 60 anos, mas sim 58 anos), todos os valores seriam
alterados. O valor, por exemplo, da renda mensal vitalícia seria menor do
que os R$ 5.141,30 calculados anteriormente, pois agora, a EAPC espera
ter um compromisso maior (a chance de se pagarem rendas vitalícias para
uma pessoa de 58 anos é maior do que para uma pessoa de 60 anos).

Novamente, chamamos a sua atenção para o fato de que os valores


anteriormente apresentados são decorrentes de cálculos atuariais com-
plexos, que fogem ao objetivo do curso.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 54
UNIDADE 4

— Montante Acumulado
Quanto maior o montante acumulado no momento da aposentadoria,
maior será o valor do benefício. Portanto, é fundamental que os participan-
tes fiquem atentos aos custos envolvidos na contratação do plano, bem
como na rentabilidade auferida pelo plano durante a fase de acumulação
dos recursos – período de diferimento.

No caso do carregamento, é evidente que quanto menor for esse custo,


maior será a parcela da contribuição destinada à formação da provisão
matemática de benefícios a conceder (reserva que financiará a renda).

Similar ao carregamento, a rentabilidade auferida ao longo dos anos


terá forte influência sobre o montante acumulado. Um aporte único de
R$ 1.000,00 transforma-se, ao final de 20 anos, em R$ 10.892,55 ou em
R$ 13.812,66, dependendo se a rentabilidade do plano será igual a 1%
ou a 1,1% ao mês, respectivamente.

VALORES GARANTIDOS NO
PERÍODO DE DIFERIMENTO
Nos planos de Previdência Complementar e nos Seguros de Pessoas
com cobertura por sobrevivência é obrigatória a previsão de dois valores
garantidos: resgate e portabilidade.

— Resgate
O participante poderá solicitar, independentemente do número de contri-
buições pagas, resgate parcial ou total de recursos do saldo da provisão
matemática de benefícios a conceder, após o cumprimento de período de
carência, que deverá estar compreendido entre 60 dias e 60 meses, a
contar da data de protocolo da proposta de inscrição na EAPC.

Uma vez solicitado o primeiro resgate, outro pedido somente pode ser
feito após o cumprimento de intervalo estabelecido no plano, que deverá
estar compreendido entre 60 dias e 6 meses.

Para os proponentes classificados como investidores qualificados, segundo


as regras da CVM, o prazo mínimo de carência para resgates é de 180 dias.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 55
UNIDADE 4

Atenção
Nos planos estruturados na modalidade de benefício definido é vedado o resgate parcial.
Nos planos que tenham período puramente financeiro, como é o caso do período de diferi-
mento do PGBL e do VGBL, na ocorrência de invalidez ou morte do participante, nessa fase
os saldos da provisão matemática de benefícios a conceder, respectivamente, mediante
solicitação devidamente instruída e registrada na EAPC, serão postos à disposição do parti-
cipante ou beneficiário (ou beneficiários), sem qualquer prazo de carência, sendo o paga-
mento efetuado somente após o pleno reconhecimento do evento gerador pela EAPC.

Ressalvado o carregamento postecipado, não será permitida a cobrança


de quaisquer despesas por ocasião do resgate.

— Portabilidade
Independentemente do número de contribuições pagas, o participante
Atenção poderá solicitar a portabilidade, total ou parcial, para outro plano de Previ-
dência Complementar, de recursos do saldo da provisão matemática de
É vedada: benefícios a conceder, após o cumprimento do período de carência de 60
1) à EAPC receptora, a dias para o PGBL e o VGBL, a contar da data de protocolo da proposta de
cobrança de carregamento inscrição na EAPC. Para os proponentes classificados como investidores
sobre o valor dos recursos qualificados, segundo as regras da CVM, o prazo mínimo de carência para
portados; portabilidade é de 180 dias.
2) a portabilidade de recursos
entre participantes; Não poderão ser solicitadas portabilidades com intervalo inferior a 60 dias.

3) à EAPC cedente dos Quando se tratar de portabilidades entre planos com cobertura por sobre-
recursos, a cobrança de vivência da mesma EAPC, poderão ser estabelecidos períodos inferiores
quaisquer importâncias, exceto
aos mencionados anteriormente.
as relativas às tarifas bancárias
necessárias à portabilidade e A EAPC cedente dos recursos deverá efetivar a portabilidade até o 10°
ao carregamento postecipado.
(décimo) dia útil subsequente ao protocolo da solicitação efetuada pelo
4) Por se tratarem de participante na EAPC ou a data por ele programada para a efetivação da
ramos distintos, é vedada a
portabilidade.
portabilidade entre planos de
Previdência Complementar e de Os recursos financeiros serão portados diretamente entre as entidades de
Seguros de Pessoas, ainda que
Previdência, ficando vedado seu trânsito, sob qualquer forma, pelo parti-
ambos sejam por sobrevivência.
Sendo assim, um cliente que cipante, e deverão ser recepcionados e contabilizados na provisão mate-
tenha um PGBL não pode, por mática de benefícios a conceder até o segundo dia útil subsequente à sua
exemplo, transferir a sua provisão efetiva disponibilidade.
matemática de benefícios a
conceder para um VGBL.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 56
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 4

Marque a alternativa correta:


1. José foi a uma corretora decidido a fazer uma contratação de PGBL. Ao
preencher a proposta para contratação do seu PGBL, José informou que
desejaria aplicar o seu dinheiro em um fundo que invista até 100% do capi-
tal em renda variável. Para esse cliente, o corretor deve:

a) Verificar se José é um investidor qualificado; caso contrário, esclare-


cer que o limite para investimento em renda variável é de 70% do
capital do fundo.
b) Explicar para José que, de acordo com a determinação da SUSEP, um
fundo pode investir, no máximo, 49% do seu capital em aplicações
de renda variável.
c) Informar para José que esse tipo de aplicação é de alto risco e que,
por isso, ele deve optar por colocar o dinheiro em fundos com 100%
em renda fixa.
d) Esclarecer que os FIE’s de planos de previdência complementar não
trabalham com investimentos em renda variável.
e) Identificar os fundos com essa composição e oferecê-los a José.

2. Ao analisar a rentabilidade do seu fundo, um cliente verificou que a taxa


de administração desse fundo é de 2%. No entanto, não ficou claro como
essa taxa é cobrada. Caso o cliente entre em contato com a central de
atendimento da EAPC, ele será informado de que a taxa de administração
verificada:

a) Corresponde ao percentual cobrado diariamente sobre o patrimônio


do fundo para cobrir as despesas com administração.
b) É cobrada apenas caso o fundo apresente rentabilidade positiva.
c) É comum em fundos de investimento, e que ele deverá descontar
esse percentual da rentabilidade informada para saber a rentabili-
dade líquida.
d) Corresponde ao percentual anual, mas é cobrada diariamente sobre
o patrimônio líquido do fundo.
e) Será cobrada sobre o valor da contribuição no ato da sua realização
e/ou no momento da retirada do dinheiro.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 57
FIXANDO CONCEITOS

3. Um cliente está em dúvida quanto à diferença entre o PGBL é o VGBL.


Para ajudá-lo, seu corretor deverá esclarecer que:

a) Ambos são planos de previdência complementar e a diferença está


apenas na parte tributária.
b) O VGBL é um seguro de vida e o PGBL um plano de previdência,
portanto, com objetivos distintos.
c) São tecnicamente iguais, porém, por questões tributárias, o primeiro
é um plano de previdência complementar e o segundo é um seguro
de pessoas por sobrevivência.
d) Apesar de regulamentados, esses planos não são comercializados
no mercado brasileiro.
e) O PGBL oferece a possibilidade de escolha dos fundos de investi-
mento para aplicação do capital e o VGBL não.

4. Estando o cliente interessado por uma renda financeira no seu VGBL, a


renda que deverá ser escolhida é:

a) Renda Vitalícia.
b) Renda Temporária.
c) Renda Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido.
d) Renda por Prazo Certo.
e) A que ele desejar, uma vez que todas as rendas são financeiras.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 58
PLANOS com
COBERTURA de RISCO
05 UNIDADE 5

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender as características técnicas dos planos com
cobertura de risco, permitindo a comercialização desses ⊲ PLANOS COM COBERTURA
produtos em conformidade com a regulamentação, as DE RISCO – MORTE E
condições gerais e as necessidades dos clientes. INVALIDEZ TOTAL E
PERMANENTE

⊲ PLANOS QUE PAGAM


BENEFÍCIO POR INVALIDEZ

⊲ PLANOS QUE PAGAM


BENEFÍCIO POR MORTE

⊲ FIXANDO CONCEITOS 5

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 59
UNIDADE 5

PLANOS COM COBERTURA


DE RISCO – MORTE E
INVALIDEZ TOTAL E
PERMANENTE
Os planos com cobertura de morte têm por objetivo conceder um bene-
fício, à vista ou sob a forma de renda, aos beneficiários indicados, em
decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de
cobertura, desde que tenha sido cumprido o período de carência estabe-
lecido pelo plano, se houver.

Já os planos com cobertura de invalidez total e permanente têm por


objetivo conceder um benefício, à vista ou sob a forma de renda, ao pró-
prio participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente
ocorrida durante o período de cobertura, desde que tenha sido cumprido o
período de carência estabelecido pelo plano, se houver.

A invalidez total e permanente é aquela para a qual não se pode esperar a recuperação ou
reabilitação com os recursos terapêuticos disponíveis no momento de sua constatação.

É comum, nos planos com cobertura de morte ou de invalidez total e per-


manente, o estabelecimento de período de carência, que nada mais é do
que o período contado a partir da data de início de vigência, durante o qual,
na ocorrência do evento gerador (morte ou invalidez total e permanente),
o participante ou os beneficiários não terão direito à percepção dos bene-
fícios contratados.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 60
UNIDADE 5

O período de carência, quando existir, será fixado na nota técnica atua-


rial e no regulamento, não podendo exceder dois anos. O período de
carência pode, contudo, ser substituído por declaração pessoal de saú-
de ou exame médico.

Quando a morte ou invalidez total e permanente for causada por aci-


dente, não será considerado período de carência.

O período de cobertura, deduzido o período de carência, seja ele total ou


parcial, não poderá ser inferior a cinco anos.

A seguir, apresentaremos os principais planos existentes no mercado e


suas principais características.

PLANOS QUE PAGAM


BENEFÍCIO POR INVALIDEZ

— Plano de Renda por Invalidez


Este plano tem por objetivo a concessão de renda mensal vitalícia ao pró-
prio participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocor-
rida durante o período de cobertura e após cumprido o período de carên-
cia estabelecido em cada plano.

Ocorrendo o falecimento do participante, antes ou após a concessão da


renda por invalidez, o benefício ficará automaticamente cancelado, sem
que seja devida qualquer devolução ou indenização de qualquer natureza.

— Plano de Renda por Invalidez


com Prazo Mínimo Garantido
Este plano tem por objetivo a concessão de renda mensal vitalícia, com
prazo mínimo garantido, ao próprio participante, em decorrência de sua
invalidez total e permanente, ocorrida durante o período de cobertura e
após cumprido o período de carência estabelecido em cada plano.

Ocorrendo falecimento do participante após o início do recebimento do


benefício e antes do término do prazo mínimo garantido, a renda será
revertida ao(s) beneficiário(s) indicado(s), na proporção estabelecida pelo
participante, até que se esgote o referido prazo.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 61
UNIDADE 5

Havendo mais de um beneficiário e ocorrendo o falecimento de qualquer um,


a renda será rateada proporcionalmente à participação dos remanescentes
pelo número de meses faltantes para completar o prazo mínimo garantido.

Se não houver beneficiários remanescentes, a renda será paga aos suces-


sores legítimos, na forma da lei, até o término do prazo mínimo garantido,
podendo a EAPC quitar os benefícios futuros em uma única parcela.

Ocorrendo falecimento do participante antes da concessão da renda por


invalidez com prazo mínimo garantido ou após o término do prazo míni-
mo garantido, o benefício será automaticamente cancelado, sem que seja
devida qualquer devolução ou indenização de qualquer natureza.

— Plano de Pecúlio por Invalidez


O objetivo deste plano é a concessão de um pecúlio ao próprio p
­ articipante, em
decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período de
cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido em cada plano.

Deve ficar claro ao participante que o regulamento do plano pode prever


situações em que o benefício por invalidez total e permanente não será
devido. A seguir, apresentaremos algumas situações comumente estabe-
lecidas nos regulamentos.

Não é devido o benefício de invalidez total e permanente quando:

■ a invalidez total e permanente do participante decorrer de doen-


ça, lesão ou sequelas preexistentes à contratação do plano, não
declaradas na proposta de inscrição e comprovadamente de
conhecimento do participante ou decorrente de evento gerador
ocorrido durante o período de suspensão da cobertura por inadim-
plência, quando for o caso;
■ a invalidez total e permanente do participante for em consequência:
» do uso de material nuclear para quaisquer fins, incluindo a
explosão nuclear provocada ou não, bem como a contaminação
radioativa ou exposição a radiações nucleares ou ionizantes;
» de atos ou operações de guerra, declarada ou não, de guer-
ra química ou bacteriológica, de guerra civil, de guerrilha, de
revolução, agitação, motim, revolta, sedição, sublevação ou
outras perturbações de ordem pública e delas decorrentes;
» direta ou indireta de quaisquer alterações mentais consequen-
tes do uso do álcool, de drogas, de entorpecentes ou de subs-
tâncias tóxicas;
» de furacões, ciclones, terremotos, maremotos, erupções vulcâ-
nicas e outras convulsões da natureza;

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 62
UNIDADE 5

» de ato reconhecidamente perigoso, que não seja motivado


por necessidade justificada e da prática, por parte do partici-
pante, de atos ilícitos ou contrários à lei;
» de qualquer tipo de hérnia e suas consequências;
» de perturbações e intoxicações alimentares de qualquer espé-
cie, bem como de intoxicações decorrentes da ação de produ-
tos químicos, drogas ou medicamentos, salvo quando prescri-
tos por médico, em decorrência de acidente coberto;
» de tentativa de suicídio nos primeiros 24 meses de vigência
do contrato;
» choque anafilático e suas consequências.
Apesar das situações acima serem comuns nos planos de invalidez total e
permanente, deve-se observar que não se considera como risco excluído
a invalidez do participante proveniente da utilização de meio de transporte
mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte ou de
atos de humanidade em auxílio de outrem.

PLANOS QUE PAGAM


BENEFÍCIO POR MORTE

— Plano de Pensão ao Cônjuge


ou Companheiro(a)
Esse plano tem por objetivo a concessão de uma renda mensal vitalícia
ao cônjuge ou companheiro(a), em decorrência da morte do participante,
ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período de
carência estabelecido em cada plano.

O participante indicará, nominalmente, na proposta de inscrição, somente


um beneficiário para esse benefício, que deverá ser o cônjuge ou compa-
nheiro(a) legalmente reconhecido(a).

Caso o beneficiário venha a falecer antes do participante ou perca a condição


de cônjuge ou companheiro(a), o benefício será automaticamente cancelado.

Caso o beneficiário venha a falecer após o início da percepção do benefí-


cio, este será extinto.

O participante poderá alterar, por escrito, o beneficiário anteriormente indi-


cado, mediante recálculo, se for o caso, das respectivas contribuições.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 63
UNIDADE 5

No caso de o participante indicar outra pessoa que não seja o cônjuge ou


companheiro(a), não reconhecida legalmente, tal pessoa não terá direito
ao benefício contratado.

— Plano de Pensão aos Menores


O objetivo desse plano é a concessão de uma renda mensal temporária aos
beneficiários indicados, menores de acordo com a idade determinada pela
EAPC para configuração de maioridade, na condição de filhos ou dependen-
tes econômicos, para fins de Imposto de Renda do participante, em decor-
rência de morte do participante ocorrida durante o período de cobertura e
após cumprido o período de carência estabelecido em cada plano.

O participante indicará, nominalmente, na proposta de inscrição, um ou


mais menores, na condição de filho ou dependente econômico para fins
de imposto de renda.

O participante poderá alterar, por escrito, os beneficiários anteriormente


indicados, mediante recálculo, se for o caso, das respectivas contribuições.

Caso todos os beneficiários venham a falecer antes do participante ou


tenham atingido a idade determinada antes da ocorrência do evento gera-
dor, o benefício estará automaticamente cancelado sem que seja devida
qualquer devolução ou indenização de qualquer natureza.

Caso o participante, no momento da contratação do benefício ou da pro-


posta de inscrição, venha a indicar como beneficiário outro menor, que
não seja filho ou dependente econômico para fins de imposto de renda, tal
pessoa não terá direito ao benefício contratado.

— Plano de Pensão por Prazo Certo


O objetivo desse plano é a concessão de uma renda mensal por prazo
certo ao(s) beneficiário(s) indicado(s), em decorrência da morte do partici-
pante ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período
de carência estabelecido em cada plano.

Estando os beneficiários em fase de recebimento do benefício, quando


um deles falecer, será realizado um novo rateio de benefício, proporcional-
mente à participação dos beneficiários remanescentes.

Não havendo beneficiários remanescentes, a renda será paga aos suces-


sores legítimos na forma da lei.

Com o término do prazo certo, extingue-se o benefício, desobrigando-se a


EAPC do pagamento de quaisquer valores.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 64
UNIDADE 5

— Plano de Pecúlio por Morte


O objetivo desse plano é a concessão de um pecúlio ao(s) beneficiário(s)
indicado(s), em decorrência da morte do participante ocorrida durante o
período de cobertura, após cumprido o período de carência estabelecido
em cada plano.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 65
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 5

Marque a alternativa correta.


1. Um corretor precisa fazer, para o seu cliente, o desenho de uma solução
que considere, além da cobertura por sobrevivência, coberturas de risco.
Ele identificou que esse cliente não possui dependentes financeiros e tem
dificuldades em administrar o seu dinheiro. Com base nessas informações,
a cobertura de risco indicada é:

a) Pecúlio por invalidez.


b) Pensão por prazo certo.
c) Renda por invalidez.
d) Pensão aos menores.
e) Renda por invalidez com prazo mínimo garantido.

2. Um cliente entrou em contato com a seguradora para informar que


sofreu um acidente e, infelizmente, perdeu uma de suas pernas. Por ter
contratado o pecúlio por invalidez, ele deseja dar entrada no seu benefício.
Considerando a cobertura do plano contratado, podemos afirmar que o
cliente terá direito ao recebimento do capital segurado?

a) Não, pois o pecúlio por invalidez cobre apenas invalidez total e per-
manente.
b) Sim, de acordo com a tabela da EAPC, ele receberá um percentual do
capital segurado contratado.
c) Não, pois o plano contratado não oferece cobertura para acidentes.
d) Apenas caso ele não tenha sido o causador do acidente ou agido de
forma ilícita.
e) Sim, no entanto, ele deverá ter feito a majoração do risco e pago por
isso.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 66
ASPECTOS
TRIBUTÁRIOS
06 UNIDADE 6

Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Compreender as diferenças entre os aspectos tributários
dos planos de previdência complementar e de seguros de ⊲ ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
pessoas com cobertura por sobrevivência, considerando
a possibilidade de dedução e as diferentes formas de ⊲ FIXANDO CONCEITOS 6
cobrança do imposto de acordo com a tabela escolhida pelo
cliente e o respectivo fato gerador, resgate ou benefício.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 67
UNIDADE 6

Há mais de 100 anos, surgiram as primeiras sugestões para a implantação do


imposto sobre a renda no Brasil. Já em meados do século XIX, quando nossa
economia era quase inteiramente agrária, alguns homens públicos do Brasil
já pensavam em adotar o Imposto de Renda aos moldes do que já acontecia
na Inglaterra. Em 1891, Rui Barbosa elaborou um relatório com dezenas de
páginas analisando e fornecendo um parecer favorável ao assunto.

Nos primeiros anos do regime republicano, começaram as tentativas da


implantação do Imposto sobre a Renda no Brasil, começando sua arreca-
dação “timidamente” a partir de 31 de dezembro de 1922. Os rendimentos
foram classificados em categorias e tributados proporcionalmente, onde
a sua soma constituía a renda bruta, que, depois de algumas deduções,
sofria o imposto progressivo.

Logo depois, o imposto sofreu sua primeira evolução separando as pes-


soas jurídicas e as físicas e, em 1955, iniciou-se o desconto na fonte para
os rendimentos fixos, aumentando, dessa forma, sua arrecadação.

O objetivo do Imposto de Renda é aumentar a receita do Estado, possibi-


litando assim a manutenção do seu caixa para o custeio de suas obriga-
ções gerais.

O entendimento dos aspectos tributários é de extrema relevância para


a comercialização de um produto de caráter previdenciário, seja ele um
PGBL ou um VGBL. Para facilitar a sua compreensão, o conteúdo desta
unidade foi organizado da seguinte forma:

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 68
UNIDADE 6

Aspectos
Tributários

PGBL x VGBL

Legislação

Dedução Tributação

Progressiva Regressiva

Pagamento do Imposto

Progressiva Regressiva

Resgate Benefício Resgate Benefício

Atuarial Não atuarial

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
A política tributária é um elemento chave para o estabelecimento de um
sistema de Previdência Complementar. A dedutibilidade na base de cál-
culo do imposto de renda devido, na formação do fundo previdenciário, é
justificável economicamente em função dos efeitos positivos na alocação
da poupança financeira.

Uma equação básica de economia nos diz que quanto maior a poupança
interna de um país, maior é a sua capacidade de investimento. Quanto maior
for sua capacidade de investimento maior será sua capacidade de gerar
empregos e tudo mais que possa promover o bem-estar necessário à popu-
lação. Tudo isso gera uma maior riqueza da nação, constituindo uma econo-
mia sólida e saudável que possibilita um crescimento sustentável do Estado.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 69
UNIDADE 6

Além disso, vale ressaltar o aumento de nossa atratividade econômica no


cenário internacional, gerado pelo crescimento da poupança interna brasilei-
ra, ou seja, mais empresas se interessam em investir por aqui. Os planos de
previdência complementar são uma das melhores formas para constituir essa
poupança interna e, por isso, é notório o seu incentivo por parte do governo.

Mencionamos no capítulo 4 que a diferença entre os produtos de previ-


dência com cobertura por sobrevivência dos seus “irmãos gêmeos” no
segmento de seguros de pessoas é o tratamento tributário dado aos valo-
res pagos e recebidos pelo cliente.

Assim, como veremos a seguir, as contribuições pagas para os planos de


previdência (por exemplo, PGBL) podem ser deduzidas da base de cálculo
do imposto de renda, e, no ato do regate ou recebimento do benefício,
o respectivo valor será tributado integralmente de acordo com a tabela
escolhida pelo cliente. Já os valores pagos para os planos de seguros de
pessoas (por exemplo, VGBL) não são dedutíveis da base de cálculo do
imposto de renda e, no ato do resgate ou recebimento do benefício, a
tributação, de acordo com a tabela escolhida pelo cliente, ocorrerá ape-
nas sobre o ganho de capital, um diferencial positivo quando comparado a
outros tipos de investimento.

— PGBL x VGBL
Como dito anteriormente, esses dois produtos, apesar de serem de seg-
mentos distintos (previdência e pessoas), possuem a mesma estrutura
técnica/financeira e o mesmo objetivo: a acumulação de valores para o
recebimento de um benefício futuro, estando a única diferença por conta
do aspecto tributário. Vamos ver cada um deles:

PGBL
Foi lançado em 1998 com o objetivo de oferecer maior flexibilidade
e transparência para os clientes de planos de Previdência Comple-
mentar e substituiu rapidamente os Planos Tradicionais até então
comercializados.

Por ser um plano de previdência, o PGBL permite o abatimento das


contribuições feitas por pessoas físicas e jurídicas da base de cálculo
do Imposto de Renda. Contudo, no ato do regate ou do recebimento
da renda, o valor retirado deve ser tributado de acordo com as regras
da tabela escolhida pelo cliente, a progressiva ou a regressiva.

A vantagem para o cliente é que, enquanto a sua reserva não for


retirada, esse valor ficará totalmente isento de cobrança de impos-
tos sendo, portanto, integralmente investido ao longo do tempo, o
que representa um verdadeiro benefício fiscal.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 70
UNIDADE 6

A principal questão é que, para usufruir do benefício da dedutibi-


lidade, o cliente deve, além de estar contribuindo para o RGPS
ou para um RPPS, utilizar a declaração completa para o ajuste
anual do imposto de renda, uma vez que, na declaração sim-
plificada, os valores a serem deduzidos já são previamente defi-
nidos pela Receita Federal. Sendo assim, caso o cliente utilize a
declaração simplificada e contrate um PGBL, não terá como utilizar
o benefício do abatimento dos valores contribuídos e, no ato do
resgate ou recebimento da renda, ainda será tributado.

Dessa forma, para atender aqueles que não utilizam a declaração


completa do imposto de renda, surgiu, em 2002, o VGBL.

VGBL
O Vida Gerador de Benefício Livre surgiu em 2002, basicamente,
para atender a quem não utiliza a declaração completa de ajuste
anual do imposto de renda. Para que pudesse ter um tratamento
tributário diferenciado do PGBL, o VGBL foi classificado como um
seguro de pessoas por sobrevivência, ainda que seja tecnicamen-
te igual ao plano de previdência.

As contribuições feitas para o VGBL não podem ser abatidas


pelo contribuinte, porém, no ato do resgate ou do recebimento
do benefício, apenas o ganho de capital será tributado de acordo
com a tabela escolhida pelo cliente, a progressiva ou a regressiva.

A grande vantagem desse produto quando comparado a outros


investimentos financeiros está no fato de que, assim como no
PGBL, a tributação ocorre apenas quando da retirada do valor
investido, seja na forma de resgate ou na forma de renda.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 71
UNIDADE 6

Importante
Em resumo, o que irá definir o melhor produto para o cliente, PGBL ou VGBL, é o tipo de
declaração de imposto de renda feita por ele.
O PGBL é indicado, única e exclusivamente, para o contribuinte que utilize a declaração
completa e que contribua para o RGPS ou para um RPPS. Todas as demais pessoas que não
se enquadrem nessas características devem optar pelo VGBL.
Vale ressaltar ainda que, como o limite de dedução para pessoas físicas é de 12% da sua
renda bruta anual, caso o cliente utilize a declaração completa e faça contribuições acima
desse limite, o ideal é que contrate um PGBL e um VGBL. No PGBL, ele deverá colocar o
valor equivalente aos 12% da sua renda bruta anual e, assim, usufruir do benefício fiscal na
sua totalidade. O valor residual ele deverá aplicar no VGBL, uma vez que já atingiu o limite
de dedução no seu plano de previdência. No ato do recebimento do benefício, o cliente, de
acordo com a sua vontade, poderá receber duas rendas complementares e com tratamentos
tributários distintos, uma proveniente do PGBL e outra do VGBL. Vejamos um exemplo com
uma simulação de um cliente com 40 anos que deseja se aposentar aos 65, considerando
uma rentabilidade anual estimada de 4%:
■ Renda bruta anual do cliente: R$100.000,00.
■ Limite anual de dedução da previdência complementar: R$12.000,00.
■ Valor anual que deseja contribuir para sua aposentadoria: R$18.000,00.
■ Valor de contribuição anual que deverá fazer ao PGBL: R$12.000,00.
■ Valor de contribuição anual que deverá fazer ao VGBL: R$6.000,00.
■ Renda vitalícia bruta estimada no PGBL: R$3.124,00.
■ Renda vitalícia a bruta estimada no VGBL: R$1.562,00.
No momento do recebimento da renda, cada plano receberá o seu tratamento tributário
específico, ou seja, a renda proveniente do PGBL será tributada integralmente e a renda
proveniente do VGBL terá tributada apenas a parte da renda relacionada ao ganho de
capital, ambos de acordo com a tabela escolhida pelo cliente, progressiva ou regressiva.

— Legislação
Em 1995, através da edição das Leis 9.249 e 9.250, o Governo Federal deu
os primeiros passos no sentido de incentivar a Previdência Complementar,
com vistas a estimular a formação de poupança de longo prazo, porém
nessas leis, não foi estipulado qualquer limite para a dedução, ocasionan-
do uma grande perda de arrecadação. Essas leis previam apenas que as
contribuições para as entidades de Previdência Privada domiciliadas no
país, cujo ônus fosse do contribuinte – pessoa jurídica (9.249) e pessoa físi-
ca (9.250) –, destinadas a custear benefícios complementares assemelha-
dos aos da Previdência Social, poderiam ser deduzidas na determinação
da base de cálculo sujeita à incidência do imposto de renda.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 72
UNIDADE 6

Dois anos depois, o Governo Federal corrigiu a questão da falta dos limites
de dedução por meio da promulgação da Lei 9.532, em 10 de dezembro de
1997. Vejamos:

■ foi estabelecido que as contribuições de planos de Previdência


Privada poderiam ser deduzidas, para a apuração da base de cál-
culo do imposto devido no ano-calendário, até o limite de 12% do
total dos rendimentos computados na determinação da base de
cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos;
■ o valor das despesas com contribuições para a Previdência Priva-
Saiba mais da, cujo ônus fosse da pessoa jurídica, poderia ser deduzido no
FAPI momento da determinação do lucro real e da base de cálculo da
O FAPI é um fundo de contribuição social sobre o lucro líquido, não podendo exceder, em
investimento constituído sob cada período de apuração, 20% do total dos salários dos emprega-
a forma de condomínio aberto dos e da remuneração dos dirigentes da empresa vinculados ao
criado em 1997 por meio plano de Previdência.
da Lei 9.477, de 24 de julho, Apenas em 2004, por meio da Lei 10.887 de 18 de junho, a dedução das
que tem por objetivo apenas contribuições feitas para a Previdência Privada ficou condicionada ao reco-
a acumulação de recursos lhimento de contribuições, por parte do participante, para o RGPS ou para
para a aposentadoria e que um RPPS.
perdeu espaço no mercado
com a chegada do PGBL e, “Art. 11. As deduções relativas às contribuições para entidades de previ-
posteriormente, do VGBL. dência privada, a que se refere a alínea e do inciso II do art. 8º da Lei
nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e às contribuições para o Fundo
de Aposentadoria Programada Individual – Fapi, a que se refere a Lei nº
9.477, de 24 de julho de 1997, cujo ônus seja da própria pessoa física, ficam
condicionadas ao recolhimento, também, de contribuições para o regime
geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de
previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a contribuição
mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do total dos rendimentos com-
putados na determinação da base de cálculo do imposto devido na decla-
ração de rendimentos.”

— Dedução
De forma simplificada, podemos afirmar que o benefício da dedução nada
mais é do que o direito que o cliente possui de não sofrer tributação ime-
diata sobre a parte de sua renda que será destinada para o plano de previ-
dência. Esse valor, que no caso da não contratação deveria já ser pago em
forma de imposto de renda, será aplicado no FIE escolhido por ele e ren-
derá, a juros compostos, ao longo dos anos. A tributação ocorrerá apenas
quando o resgate for efetuado ou o cliente entrar em gozo de benefício.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 73
UNIDADE 6

Por meio da tabela abaixo, analisaremos o efeito da dedução no cálculo do


imposto a ser pago pelo participante:

IMPOSTO DE RENDA COM IMPOSTO DE RENDA SEM


PREVIDÊNCIA PRIVADA PREVIDÊNCIA PRIVADA

Rendimento Bruto Anual: R$ 100.000,00 Rendimento Bruto Anual: R$ 100.000,00

Depósito em Previdência: R$ 12.000,00 Depósito em Previdência: R$ 0,00

Base de Cálculo: R$ 88.000,00 Base de Cálculo: R$ 100.000,00

Alíquota do Imposto de Renda: 27,5% Alíquota do Imposto de Renda: 27,5%

Imposto de Renda: R$ 24.200,00 Imposto de Renda: R$ 27.500,00

ECONOMIA DE IMPOSTO: R$ 3.300,00


Obs.: Para efeito de exemplificação, consideramos apenas a
dedução da previdência complementar, excluindo outras deduções
possíveis e também a utilização da parcela a deduzir, prevista na
tabela progressiva do imposto de renda.

Na tabela, podemos verificar o efeito positivo da contribuição para um pla-


no de previdência complementar. Como as contribuições são dedutíveis
da base de cálculo, a base de incidência da alíquota será menor, o que,
consequentemente, representará um valor de imposto de renda a ser pago
também menor – R$24.200,00 x R$27.500,00.

Nesse exemplo, portanto, a economia anual no imposto de renda foi de R$


3.300,00, um valor que deveria ser pago pelo cliente para a Receita Fede-
ral, mas que, por conta da previdência contratada, será devido apenas no
futuro. O ideal é que o cliente utilize esse valor economizado a seu favor,
reinvestindo-o em seu planejamento de aposentadoria. Nesse caso, como
ele já usufruiu do benefício fiscal total da previdência, o indicado é que
coloque a economia em um seguro de vida por sobrevivência, como um
VGBL, por exemplo.

Entretanto, nunca é demais lembrar que essa dedução somente será


possível se o cliente que contribuiu para o plano de previdência utilizar o
modelo completo de declaração anual de ajuste do imposto de renda e for
contribuinte do RGPS ou de um RPPS.

Importante registrar novamente a dedução limitada a 12% da renda bruta


anual do contribuinte. Assim, se na tabela anterior o participante contribuís-
se com R$ 20.000,00 para o seu plano de previdência, a base de cálculo
continuaria a ser R$ 88.000,00, pois o máximo que pode ser deduzido é
12% de R$ 100.000,00, ou seja, R$ 12.000,00.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 74
UNIDADE 6

— Tributação
Agora que você já entendeu melhor como funciona o incentivo fiscal, che-
gou a hora de falarmos da tributação de acordo com cada tipo de tabela
existente. Nessa etapa vamos conhecer as tabelas e depois vamos ver
como são aplicadas em cada caso.

Tabela progressiva
Até 2004 o participante de planos de previdência não possuía
direito de escolha, uma vez que a única tabela existente era a
tabela progressiva. Nessa tabela o valor de imposto de renda a ser
cobrado é maior de acordo com o montante a ser tributado.

Esta é a tabela progressiva para cálculo anual em vigor na data


de elaboração deste manual:

PARCELA A
BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA (%) DEDUZIR DO IRPF (R$)

Até R$ 22.847,76

De R$ 22.847,77 até R$ 33.919,80 7,5 R$ 1.713,58

De R$ 33.919,81 até R$ 45.012,60 15 R$ 4.257,57

De R$ 45.012,61 até R$55.976,16 22,5 R$ 7.633,51

Acima de R$ 55.976,16 27,5 R$ 10.432,32


https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/
orientacao-tributaria/tributos/irpf-imposto-de-ren-
da-pessoa-fisica#c-lculo-anual-do-irpf

Tabela regressiva
Em 2004, a Lei 11.053, que teve por objetivo disciplinar a tributa-
ção do imposto de renda em aplicações financeiras e Previdên-
cia Complementar, definiu um novo critério de tributação para os
planos previdenciários e para Seguros de Vida com cobertura por
sobrevivência, estruturados na modalidade de contribuição variá-
vel, contratados a partir de 1º de janeiro de 2005. Esse novo cri-
tério foi denominado Regime de Tributação por Alíquotas Decres-
1. A tributação definitiva implica centes ou simplesmente tabela regressiva.
que o valor pago a título de
imposto de renda na fonte não Esse novo critério tributário prevê que o resgate de recursos ou o recebi-
poderá ser compensado ou mento do benefício estarão sujeitos à incidência, na fonte, e de forma
ajustado na declaração de ajuste ­
definitiva1, de imposto de renda calculado com base em alíquotas decres-
anual de imposto de renda.
centes, de acordo com o prazo de acumulação do respectivo valor, confor-
me tabela a seguir.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 75
UNIDADE 6

ALÍQUOTAS DECRESCENTES PREVISTAS NA LEI 11.053/2004

PRAZO DE ACIMA
ATÉ 2 DE 2 A DE 4 A DE 6 A DE 8 A
ACUMULAÇÃO DE 10
ANOS 4 ANOS 6 ANOS 8 ANOS 10 ANOS
DOS RECURSOS* ANOS

Alíquota do imposto 35% 30% 25% 20% 15% 10%


de renda na fonte

Importante * O intervalo da faixa é sempre fechado à direita. Por exemplo: a alíquota


para 4 anos é de 30%.

A opção pelo regime tributário Em março de 2005, a Instrução Normativa Conjunta 524/05 foi elabo-
deverá ser exercida até o último rada pelas Secretarias da Receita Federal, de Previdência Complemen-
dia útil do mês subsequente tar e pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. Essa norma
ao do ingresso nos planos e regulamentou a contagem do prazo de acumulação utilizado no novo
serão irretratáveis, mesmo regime tributário.
nas hipóteses de portabilidade
de recursos e de transferência
de participantes e respectivas — Formas de Pagamento do Imposto
reservas.
Agora vamos entender como o imposto de renda será cobrado de acordo com
a tabela escolhida pelo participante e de acordo com o fato gerador, o recebi-
mento de resgate ou o recebimento de benefício. Nesta parte, vamos conside-
rar um plano de caráter previdenciário, lembrando que para o VGBL a tributa-
ção irá ocorrer da mesma forma, porém apenas sobre o ganho de capital.

Tabela Progressiva
Para Recebimento de Resgate
Até 2004, os resgates eram tributados na fonte de acordo com a
tabela e, posteriormente, o cliente deveria incluir os valores na sua
declaração de ajuste anual do imposto de renda para que fosse
calculado se ele teria direito a alguma restituição ou obrigação de
pagar um complemento do imposto.

A Lei 11.053/2004 alterou a forma de tributação dos saques ante-


cipados dos planos enquadrados no regime de tributação antigo,
sujeitos à tabela progressiva do IR. Nesse regime, ao sacar os recur-
sos do plano, independentemente do valor, a pessoa física passou
a ter uma tributação, na fonte, de imposto de renda calculado na
base de 15%, como antecipação do imposto devido na declaração
de ajuste anual, sendo que a diferença, a maior ou a menor, será
acertada na referida declaração, com base na tabela progressiva.

O cálculo por meio da declaração faz-se necessário, pois, todo e


qualquer valor recebido de um plano de previdência complemen-
tar deve ser somado às demais rendas do cliente para determina-
ção da alíquota correta e realização do cálculo final do imposto
devido. O valor resgatado, portanto, faz parte da renda bruta do
participante, impactando na base de cálculo do imposto.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 76
UNIDADE 6

Para Recebimento de Benefício


Ao iniciar o recebimento da sua renda de aposentadoria o valor do
benefício será tributado de acordo com a tabela progressiva men-
sal vigente. Nesta etapa o contribuinte também deverá incluir os
valores recebidos na sua declaração anual para efeito de ajuste.

Essa é a tabela progressiva para cálculo mensal do imposto de


renda em vigor na data de elaboração deste manual:

PARCELA A
BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA (%) DEDUZIR DO IRPF (R$)

Até R$ 1.903,98

De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 7,5 R$ 142,80

De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 15 R$ 354,80

De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 22,5 R$ 636,13

Acima de R$ 4.664,68 27,5 R$ 869,36

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/
orientacao-tributaria/tributos/irpf-imposto-de-ren-
da-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal

Tabela Regressiva
Para Recebimento de Resgate
Foi estabelecido o sistema PEPS (PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEI-
RO QUE SAI) para os resgates ocorridos antes da concessão do
benefício, significando que os valores serão resgatados a partir
das contribuições mais antigas, sempre levando em consideração
os rendi- mentos. Dessa forma, o prazo de acumulação será con-
tado a partir da data do aporte de cada contribuição e, por esse
motivo, o plano do cliente poderá ter alíquotas diferentes de acor-
do com a data de efetivação de cada pagamento.

Exemplo
Para entendermos como funciona o sistema PEPS vamos trabalhar com um cenário
totalmente hipotético considerando taxa zero de inflação e de remuneração, ou seja,
consideraremos o valor nominal de todas as contribuições.
Esse participante possui um PGBL e, desde a sua contratação, realiza um aporte anual
no plano conforme tabela a seguir:

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 77
UNIDADE 6

CONTRIBUIÇÃO TEMPO DA CONTRIBUIÇÃO VALOR


1 11 anos R$ 10.000,00
2 10 anos R$ 10.000,00
3 9 anos R$ 10.000,00
4 8 anos R$ 12.000,00
5 7 anos R$ 12.000,00
6 6 anos R$ 15.000,00
7 5 anos R$ 15.000,00
8 4 anos R$ 15.000,00
9 3 anos R$ 15.000,00
10 2 anos R$ 20.000,00
11 1 anos R$ 20.000,00
12 0 anos R$ 20.000,00

Agora, com base no modelo PEPS, vamos analisar algumas possibilidades:


1ª - Cliente solicita um resgate de R$5.000,00: Esse valor será retirado da contribuição
mais antiga, ou seja, terá 11 anos de plano e, portanto, será tributado em 10% de acordo
com a tabela regressiva.
2ª - Cliente solicita um resgate de R$25.000,00: O valor também deve ser retirado
das contribuições mais antigas e, portanto, R$10.000,00 será tributado em 10% e os
R$15.000,00 restantes em 15%.
3ª - Cliente solicita um resgate total: Nesse caso a EAPC deverá aplicar a alíquota de
cada contribuição, assim sendo:

TEMPO DA IMPOSTO
CONTRIBUIÇÃO VALOR ALÍQUOTA
CONTRIBUIÇÃO PAGO

1 11 anos R$ 10.000,00 10% R$ 1.000,00


2 10 anos R$ 10.000,00 15% R$ 1.500,00
3 9 anos R$ 10.000,00 15% R$ 1.500,00
4 8 anos R$ 12.000,00 20% R$ 2.400,00
5 7 anos R$ 12.000,00 20% R$ 2.400,00
6 6 anos R$ 15.000,00 25% R$ 3.750,00
7 5 anos R$ 15.000,00 25% R$ 3.750,00
8 4 anos R$ 15.000,00 30% R$ 4.500,00
9 3 anos R$ 15.000,00 30% R$ 4.500,00
10 2 anos R$ 20.000,00 35% R$ 7.000,00
11 1 anos R$ 20.000,00 35% R$ 7.000,00
12 0 anos R$ 20.000,00 35% R$ 7.000,00
Contribuição total: R$ 174.000,00 Imposto total: R$ 46.300,00
Resgate Líquido R$ 127.700,00

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 78
UNIDADE 6

Para Recebimento de Benefício


Estabeleceram-se critérios distintos para benefícios estruturados
ou não em regime atuarial. Entende-se por regime atuarial aquele
cuja manutenção dos benefícios concedidos tenha por premissa o
mutualismo dos respectivos recursos garantidores.

Para o pagamento de benefício que não esteja estruturado em


regime atuarial estabeleceu-se critério idêntico ao utilizado para
os resgates, ou seja, o sistema PEPS, enquanto que para o paga-
mento de benefício estruturado em regime atuarial estabele-
ceu-se como referência inicial de prazo de acumulação um Pra-
zo Médio Ponderado (PMP), relativo aos recursos e ao tempo de
investimento de cada participante.

Assim, no caso de pagamento de benefício estruturado em regi-


me atuarial teremos as seguintes características:

■ será calculado com base no Prazo Médio Ponderado (PMP);


■ o PMP será a referência para aplicação das alíquotas de IR
e, após o pagamento da primeira prestação do benefício, o
prazo de acumulação continuará sendo contado;
■ o cálculo abrange o período compreendido desde o dia 1 até
a data de entrada em gozo de benefício.
O prazo médio ponderado é obtido por meio da soma das Contribui-
ções Atualizadas (CA) remanescentes (não resgatadas) multiplicadas
pelo respectivo Prazo Decorrido (PD) da data do aporte até a data
de conversão em benefício, dividido pelo total do saldo atualizado.

(CA1 × PD1) + (CA 2 × PD2) + (CA3 × PD3) + ..... + (Cau × Pdu)


PMP =
Saldo Atualizado

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 79
FIXANDO CONCEITOS

FIXANDO CONCEITOS 6

Marque a alternativa correta.


1. Um cliente alega que, na década de 1990, teve um plano de previdência
no qual podia abater o valor total da sua contribuição da base de cálculo
do imposto de renda, sem limite. Agora, ele deseja contratar esse plano
novamente. Nesse caso, o corretor deve esclarecer que:

a) Esse é um plano antigo, que não é mais comercializado.


b) O cliente está se confundindo, pois sempre existiu um limite de abati-
mento de 12% do total dos rendimentos computados na determina-
ção da base de cálculo do imposto.
c) Isso aconteceu entre os anos de 1995 e 1997, pois a lei, naquela épo-
ca, não estipulava limite para as deduções. Hoje, há limite, de forma
que isso não é mais possível.
d) Naquela época, assim como hoje, isso era permitido apenas para os
planos empresariais.
e) Isso somente será possível se o cliente fizer a declaração completa
de ajuste anual do imposto de renda.

2. Fernando participa de um plano de previdência. Um dia, conversando


com um amigo, ele soube que as EAPC’s podem oferecer um tipo de assis-
tência financeira. Ao pesquisar mais sobre o tema, Fernando descobriu que:

a) A EAPC empresta o dinheiro do próprio participante para ele e cobra


uma taxa de juros.
b) A assistência financeira é o empréstimo concedido com recursos pró-
prios da EAPC ou da sociedade seguradora.
c) É possível que a EAPC cobre despesas extras, como taxas de cadas-
tro e custo de empréstimo, além dos juros, multa e atualização
monetária.
d) A SUSEP orienta que a concessão de assistência financeira esteja
condicionada à contratação de outros produtos ou serviços.
e) A assistência financeira pode ser concedida tanto durante o período
de diferimento como durante o período de pagamento do benefício.

Consulte o gabarito clicando aqui.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 80
ESTUDOS DE CASO

ESTUDO DE CASO
Arthur tem interesse em contratar um plano visando uma renda futura
quando deixar de trabalhar, porém ainda não está certo de qual seria a
melhor opção e desenho de plano para ele. Liste todas as perguntas que
você deverá fazer para indicar a melhor solução para o Arthur tanto de
plano como de desenho do mesmo.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 81
GABARITO

GABARITO

Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3

1–D 1–E 1–B

2–A 2–C 2–E

3–C 3–B

4–D 4–C

UNIDADE 4 UNIDADE 5 UNIDADE 6

1–A 1–C 1–C

2–D 2–A 2–B

3–C

4–D

Estudo de Caso
Vamos apresentar aqui alguns exemplos das principais perguntas que
podem ser utilizadas, contudo não temos a pretensão de esgotar as possi-
bilidades, uma vez que o universo previdenciário é bastante vasto.

Para determinar o tipo de plano você precisará fazer basicamente três per-
guntas:

1. Qual o tipo de declaração de IR você utiliza?

2. Você contribui para o RGPS ou para um RPPS?

3. Com qual percentual de sua renda bruta você deseja contribuir?

Já para o desenho do plano você precisará trabalhar com um rol maior de


perguntas. Vejamos algumas sugestões:

Necessidade de contratação de uma cobertura de risco

1. Possui alguém que dependa financeiramente de você?

2. Já possui algum tipo de seguro de vida ou cobertura de risco?

3. Caso algo aconteça e você venha a ficar inválido, será possível manter
o seu padrão de vida atual?

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 82
GABARITO

Orientação do tipo de fundo para aplicação

1. Em quanto tempo você deseja se aposentar?

2. Como investidor, você se considera com perfil conservador, moderado


ou agressivo?

3. Você possui algum capital reservado para emergências ou existe o risco


de ter que realizar resgates no plano antes da data prevista para sua apo-
sentadoria?

Definição do tipo de renda de aposentadoria para efeitos de simula-


ção de valores (de acordo com o simulador utilizado)

1. Ao se aposentar você deseja receber uma renda até que venha a falecer
ou apenas por um determinado período?

2. Sendo por um determinado período, qual seria esse tempo?

3. Caso você venha a falecer durante o recebimento da sua renda, é dese-


jável que ela seja revertida para alguém?

4. Devendo ser revertida, qual a idade do beneficiário e qual o percentual


você deseja reverter?

Escolha do tipo de tabela para tributação

1. Ao se aposentar você terá algum outro tipo de renda ou apenas seus


benefícios previdenciários?

2. De quanto você estima que será o valor total recebido?

3. Por quanto tempo você acredita que deixará os valores aplicados?

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 83
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARR, Nicholas. The truth about pension reform. Finance and ­Development,
v. 38, n. 3, set. 2001.

BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 3 ed. São


Paulo: Lejus, 1998.

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 10 ed. Rio de Janeiro:


Forense, 1983.

Sites (leis, regulamentações e circulares)


http://novosite.susep.gov.br/

https://www.gov.br/imprensanacional/pt-br

https://www.bcb.gov.br/

https://www.gov.br/cvm/pt-br/

https://www.planalto.gov.br/

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br

https://www.gov.br/inss/pt-br

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 84

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