Arabismos No Portugues
Arabismos No Portugues
Arabismos No Portugues
The present article presents the Arabic words exchanged between the two languages
as well as semantic fields in which they organize themselves, as evidence of areas in
which they observe the interactions between the contact of these two linguistic
communities. Theoretical and methodological purposes, find refuge in the
Sociolinguistics of language contact, introduced by Weinreich (1953) and became itself
as a work source Vocabulary of Arabic origin, systematized by Vargens (2006). There
are twenty-five words introduced by African slaves in the semantic field 'religion,' and
twelve words in the semantic field 'cooking,' made possible by the presence of Syrian
and Lebanese immigrants in this country.
Introdução
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Segundo Vargens (2007, p. 12), há controvérsias entre alguns autores quanto à etimologia
árabe de alguns vocábulos como cabidela, cáqui, chita, jeropiga e troço.
inferior ou mesmo sem qualquer tipo de cultura. Dessa perspectiva derivou uma
crença de que as línguas de tradição oral não poderiam influir em uma língua
de reconhecido prestígio literário como a língua portuguesa (PESSOA DE
CASTRO, 2006, p. 95).
Em virtude desse pensamento vigente, a presença dos africanos
escravos escolarizados destacou-se em relação aos demais na sociedade baiana
escravocrata do século XVIII. Genericamente conhecidos pelo nome de „malês,‟
termo que identificava os africanos muçulmanos escolarizados, esses escravos
encontraram-se em um centro urbano que lhes permitiu uma relativa liberdade,
o que facilitava suas relações interpessoais, numa condição favorável à
promoção de levantes. Segundo Reis (1988), entre os anos de 1807 e 1835,
esses escravos lideraram uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão e a
imposição da religião católica, traçando todos os planos da rebelião no idioma
árabe. Dentre as diversas nações de escravos muçulmanos, Freire (1933),
Rodrigues (1945) e Reis (1988) destacam os haussás como os escravos mais
intelectuais entre os colonos, mentores de revoltas, sendo também os
introdutores do islamismo entre os demais. Em grande número na Bahia, os
haussás puderam exercer vigorosa influência cultural3 sobre a vida cotidiana,
devido à posições específicas na distribuição ocupacional dos africanos em
Salvador, trabalhando nas ruas da cidade como comerciantes ambulantes de
produtos como fumo, especiarias e tapetes.
Apesar da exiguidade de registros sobre as línguas faladas pelos
escravos no Brasil, os trabalhos desses autores se constituem como marcos
históricos da presença da língua árabe, posto que oferecem elementos
importantes para que se retracem as relações de coexistência entre o árabe e o
português no país. Tomando, pois, tais obras como referencial teórico, vê-se
que o árabe era a língua conhecida por um pequeno grupo social e sem
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Os escravos haussás influenciaram, à época, vários aspectos da cultura regional brasileira. Na
culinária, por exemplo, Gilberto Freyre (1933) apresenta minuciosamente o preparo do „arroz de
Haussá:‟ „O arroz-de-aucá é outro quitute afro-baiano que se prepara mexendo com colher de
pau o arroz cozido em água sem sal. Mistura-se depois com o molho em que entram pimenta-
malagueta, cebola e camarão: tudo ralado na pedra. O môlho vai ao fogo com azeite-de-cheiro
e um pouco de água‟ (FREYRE, 1933, p. 367).
e) Entidade: aligenun.
f) Objetos litúrgicos: tecebá.
g) Preceitos: assumi, azaca, jihad, sacá.
h) Saudações e locuções interjetivas: barica da suba, bissimilai, Maneco
lassalama, sala, maleco.
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Weinreich (1953) debruça sobre as estruturas linguísticas e as suas relações com diversos
casos de interferência que resultam do contato de línguas nos indivíduos bilíngues. Weinreich
(1953, p. 5) define os fatores linguísticos como aqueles que provêm da organização das formas
linguísticas no interior de um sistema definido, diferentes em cada idioma e em grau
independente da experiência e do comportamento não-linguísticos dos falantes. Já os fatores
extralinguísticos originam do contato entre duas línguas com aspectos do mundo externo e das
relações dos falantes com múltiplos valores simbólicos.
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Os fatores extralinguísticos podem ser de diversas naturezas, entre os mencionados por
Weinreich (1953, p. 5), relacionamos aqueles de natureza social: a. o tamanho do grupo
bilíngue; b. a homogeneidade ou heterogeneidade sociocultural; c. o predomínio de indivíduos
bilíngues com características marcantes de comportamento de fala nos diversos grupos; d. as
atitudes estereotipadas em relação a cada língua; e. as atitudes em relação a cultura de cada
comunidade de língua; f. as atitudes em relação ao bilinguismo em si; g. a tolerância ou a
intolerância em relação à mistura de linguagem e aos usos incorretos em cada língua; h. a
relação entre o grupo e cada uma das comunidades linguísticas que constitui a totalidade da
sociedade.
Considerações finais
Referências
ANDRADE, Carlos Drumond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1992.
REIS, João. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês. São
Paulo: Brasiliense, 1986.