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UNICE – ENSINO SUPERIOR


IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA
IEV – INSTITUTO DE ENSINO VISION

POLÍTICAS SOCIAIS NOS PRESÍDIOS

MARIA DA CONCEIÇÃO SILVA DA COSTA

Manaus –
AM 2022.2
MARIA DA CONCEIÇÃO SILVA DA COSTA

POLÍTICAS SOCIAIS NOS PRESÍDIOS

Artigo Científico apresentado a UNICE/IESF/IEV como


requisito parcial para obtenção do título de Pós-
Graduação em Segurança Pública, sob orientação da
Profª Drª Fabiane Veloso Soares.

Manaus –
AM 2022.2
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende explorar a comunicação social que esenvolve


papel fundamental em diversas instâncias da sociedade. Em locais onde o indivíduo é privado
de sua liberdade, alternativas comunicacionais são capazes de proporcionar crescimento e
ressocialização.

O sistema penitenciário no Brasil é considerado falido. Milhares de indivíduos


que cometem delitos de gravidades bem diversas se amontoam em cadeias super lotadas, sem
infra-estrutura básica, que os mantêm “fora da sociedade” por algum tempo, mas que não os
prepara para regressar ao convívio social.

A educação é a principal ferramenta de empoderamento. O indivíduo que


desenvolve suas capacidades passa a ser responsável por sua “existência” e pela realidade que
o envolve. Em sua obra, a “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire defende que para a
libertação dos oprimidos, ou seja, para que os indivíduos passem a cidadãos, é necessário que
a eles sejam oferecidas ferramentas para que se desenvolvam - é o “ensinar a aprender”.
“Pretender a libertação deles sem a sua reflexão no ato da libertação é transformá-los em
objeto que se devesse salvar de um incêndio. É fazê-los cair no engodo populista e
transforma-los em massa de manobra”. (FREIRE, 1987 pág. 52)

Contudo, apesar de inúmeros teóricos ressaltarem a importância da educação


na sociedade e o seu poder regenerador, os dados mostram que, nas penitenciárias dos
Estados, apenas 17% dos reeducandos freqüentam as escolas.

A imprensa desempenha um importante papel na formação de opinião em


qualquer sociedade moderna. O que se publica em jornais ou se divulga na TV e no rádio é
tido, na maioria das vezes, como verdade absoluta. Em alguns momentos, esse poder que
imprensa exerce contribuiu para a mobilização da população em causas nobres, como nas
manifestações contra a Ditadura Militar, a favor das Diretas Já e do Impeachemant do
presidente Collor, ou ainda em campanhas como a do Betinho, no combate à fome. Porém,
essa mesma imprensa que contribui para o fortalecimento da democracia no país, às vezes
também assume o papel inverso. Em alguns momentos ela contribui para a manutenção ou
ainda para o aumento do preconceito na sociedade. Exemplo disso é o caso das matérias
publicadas sobre o sistema penitenciário no Brasil.

Constantemente nos deparamos com reportagens que tratam de rebeliões,


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fugas, superlotação, violência, entrada de armas e celulares nos presídios, reincidência nos
crimes. Poucas vezes nos deparamos com matérias positivas, que mostram o trabalho, o
estudo, a recuperação dentro das penitenciárias. levar em conta que tal procedimento muitas
vezes não traz os resultados esperados. E tal trabalho tem a missão de nortear um pensamento
nessa temática.

1. POLÍTICAS SOCIAIS COM FOCO EM EDUCAÇÃO E TRABALHO

O sistema prisional brasileiro pode caminhar, justamente, para o


desenvolvimento de políticas que o permitam alcançar o terceiro estágio descrito acima. Para
que possa promover essa ressocialização do reeducando, faz-se necessário que os estados,
responsáveis pela administração das unidades prisionais estaduais, empreendam políticas
públicas no sistema prisional, tal como implementam na sociedade em geral. Para tanto, é
importante a existência de uma articulação entre as Secretarias relacionadas às áreas de
educação, esporte, trabalho, desenvolvimento humano, etc. e a Secretaria responsável pela
administração penitenciária.
Como forma de contextualizar a situação do Sistema Prisional Brasileiro, é
importante destacar como se encontra estruturado e até que ponto possui condições de
imprimir avanços na sua organização, na gestão de pessoal, no ambiente prisional e no
tratamento dado à pessoa privada de liberdade. A respeito dessas condições estruturais da
administração prisional do país, que comporta, atualmente, mais de 622 mil presos, o
Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, datado de dezembro de 2014, o qual
se trata do mais recente relatório expedido pelo Departamento Penitenciário Nacional
(DEPEN).
Nessa abordagem, a necessidade que se enxerga e a perspectiva que se
apresenta para uma mudança de postura das unidades prisionais Brasil afora passam pelo
terceiro ponto aqui tratado, apontando para a construção de uma política penitenciária que
valorize o tratamento com caráter ressocializador dado ao apenado, pois, conforme explica
Amaral (2014, p. 21): “Todo o sistema e todas as políticas penitenciárias devem estar voltados
a esse fim: ressocializar o condenado para que retorne à sociedade em condições de conviver
sem praticar novos delitos.”
No tocante à discussão sobre a implementação de políticas sociais no âmbito
do sistema carcerário, é necessário abrir um parêntese para explicar que a justificativa para,
neste artigo, trabalhar-se com a denominação Políticas Públicas Prisionais é, exatamente, para
que esta expressão traga consigo a sensação de pertencimento dessas políticas ao sistema
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prisional, isto é, para que o sistema penitenciário se aproprie da efetiva aplicação das políticas
públicas dentro das unidades prisionais, entendendo-as como ações arraigadas, intrínsecas e
necessárias para o desenvolvimento das atividades intracárceres.
As políticas sociais são fruto, exatamente, da identificação de condições
adversas vivenciadas por uma sociedade, cuja amplitude permite tratá- -las como problema
público, o qual é entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2010). Assim, os
desafios do sistema prisional brasileiro se configuram, notadamente, como um problema
público cujo enfrentamento é de interesse de toda a sociedade.
Em suma, não bastam ações isoladas de atenção a políticas básicas, as quais
nem sempre são feitas efetivamente, e que tentam cumprir somente uma obrigação sem a
preocupação que se deve ter com a eficiência e a eficácia delas. Faz-se necessário que exista
um sistema de políticas públicas prisionais encorpado e integrado ao conjunto de ações
desempenhadas pelo governo no cotidiano da sociedade, uma vez que, dessa forma, haverá
um equilíbrio na qualidade das políticas sociais prestadas à população como um todo e
aquelas prestadas aos reeducandos.
Diante da necessidade de se pensar nas principais formas de estimular a
ressocialização nas pessoas presas, é de grande valor procurar discutir e trabalhar no seio do
sistema penitenciário nacional as políticas de educação. É notório que a população carcerária
brasileira ainda tem um acesso bastante restrito às atividades educacionais, mesmo aos níveis
mais básicos de ensino, sendo apenas de 10% o quantitativo de reeducandos que se encontra
envolvido nas atividades na área de educação, conforme dados do Relatório do Infopen,
divulgado pelo Depen (2014), em sua maioria cursando o ensino básico, sendo que, dessas
pessoas em ensino básico, 61% se encontram no nível fundamental de ensino.
O fato é que, não obstante a obrigatoriedade estabelecida pela LEP de o Poder
Público ofertar a assistência educacional ao reeducando, o sistema prisional brasileiro está
longe de alcançar números positivos relativos a esse campo. A educação, contudo, precisa ser
o cerne do processo de ressocialização propiciado pelas unidades prisionais, já que, a partir
dela, um novo horizonte e um leque de oportunidades se apresentam aos reeducandos.
Dessa forma, embora os indivíduos presos tenham o direito à liberdade
cerceado, no entanto, têm resguardado o direito de acessar a educação e, sobretudo, o de se
permitirem vislumbrar uma realidade diferente daquela que eles conheceram até então, porque
a educação lhes oferece a oportunidade de construir caminhos que conduzam a um retorno
decente e pacífico à sociedade.
O trabalho, bem como a educação é de grande importância para a sociedade
como um todo. Por meio dele, é possível desenvolver nas pessoas um senso de
responsabilidade que contribui para que a vida delas seja mais bem organizada e produtiva,
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permitindo-lhes uma proatividade que pode gerar mudança de comportamento, saindo de uma
tendência estanque para uma maneira de conduzir a vida com maior capacidade de iniciativa e
afinco, porque atuar profissionalmente agrega valor não somente ao ambiente profissional,
mas, principalmente, ao perfil e à personalidade do trabalhador.
Esse novo comportamento propiciado pelo trabalho unido à educação contribui
sobremaneira no contexto da vida de uma pessoa privada de liberdade.
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CONCLUSÃO

Como abordado durante o dresenvolvimento do presente trabalho, convém


afirmar que, no que pese as políticas sociais serem importantes para a construção de uma
sociedade mais igualitária e em busca de um estado de bem-estar social mais bem
desenvolvido, da mesma maneira, elas possuem singular importância para o atingimento de
um nível melhor na concretização da ressocialização nos reeducandos que compõem o sistema
prisional brasileiro.

É a partir da implementação de políticas sociais prisionais que o reeducando


pode ser reintegrado à sociedade com a preparação necessária para não reincidir em crimes e
construir uma vida fora da prisão honestamente. Daí a necessidade de consolidação dessas
políticas no sistema prisional, com a finalidade de que possuam um caráter permanente, haja
vista que são aplicadas ao sistema prisional objetivando promover um tratamento adequado
aos presos, de modo a garantir a salvaguarda dos direitos humanos da pessoa presa, atender
aos requisitos básicos de estrutura das unidades penais, estimular uma vida cidadã no
cotidiano dos reeducandos, através de educação, trabalho, esporte, entre outras atividades
culturais, artesanais e de cooperação e incentivo de tarefas de atuação em equipe.

Finalmente, com toda a atuação de uma boa prática de política social,


juntamente com a comunidade, as famílias dos reeducandos, torna-se plenamente possível um
novo momento para o Sistema Penitenciário Brasileiro, caracterizado pela integração e
sistematização das ações de apoio à ressocialização para a sociedade como um todo, visando
sempre o bem geral em comunidade.
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BIBLIOGRAFIA

AMARAL, Cláudio do Prado. (2014), Políticas Públicas no Sistema Prisional. Belo Horizonte, CAED-
UFMG.

BRASIL: Código Penal. Decreto Lei n. 2848, de 07 de dez. 1940. Diário Oficial da União, Rio de
Janeiro, 31 dez. 1940.

FREIRE, Paulo. A Pedagogia do Oprimido. 17ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. A Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura)

SECCHI, Leonardo. (2010), Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São
Paulo: Cengage Learning.

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