Unicamp2022 2fase 1dia
Unicamp2022 2fase 1dia
Unicamp2022 2fase 1dia
3.
A. C.
Celebridade brasileira do YouTube que ficou conhecida
por seu canal “Vida de Amy”, onde posta desafios, vídeos
de brinquedos e vlogs, a adolescente A. C. ganhou mais
de 550.000 inscritos e ainda foi reconhecida como a
primeira YouTuber surda oralizada do Brasil.
Antes da Fama
Aos três meses, ela começou a ser treinada por
fonoaudiólogos, e aprendeu a falar e escrever em
português.
Curiosidades
Em julho de 2014, ela postou o vídeo “Novos presentes
para minha boneca Reborn”, que teve mais de 4 milhões
de visualizações logo depois de postado.
(Texto adaptado. Imagem editada. Disponível em https://pt.famous
birthdays.com/people/amanda-carvalho.html. Acessado em
20/11/2021.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
R E DAÇ Ã O 2
Você é um/a jovem que está cursando o seu segundo
ano de graduação em Geografia, na Unicamp. Entusias-
mado/a com a possibilidade de estrear na pesquisa
acadêmica, você submeteu seu projeto de Iniciação Cien-
tífica (IC) para uma agência brasileira de fomento à
pesquisa. Após análise da comissão avaliadora, seu
projeto de pesquisa foi aprovado por mérito, mas não
obteve o financiamento desejado. Motivo: o corte de
verbas no orçamento destinado à ciência e à pesquisa no
Brasil em 2021.
Você, que tem se mostrado um/a universitário/a bri-
lhante, com um currículo invejável, sente-se indignado/a
com a impossibilidade de desenvolver sua pesquisa cien-
tífica sem o necessário investimento. Decide, então, se
unir a outros jovens pesquisadores brasileiros que vi-
venciaram a mesma experiência frustrante para escrever
um manifesto, de autoria coletiva, a ser lido na reunião
anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC). Nesse texto, vocês a) apontam o corte de verbas
destinadas à ciência e à pesquisa no Brasil, b) denunciam
os consequentes prejuízos desses cortes e c) convocam a
comunidade científica para o repúdio a essa política de
sucateamento da ciência e da pesquisa em curso no Brasil
atual.
2. APAGÃO DA CIÊNCIA
Valores previstos no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA)
para 2021, comparados ao orçamento deste ano.
OBS. Os percentuais identificados “créditos suplemen-
tares” representam valores condicionados à disponibili-
dade de recursos e aprovação parlamentar para serem
utilizados (chamada Regra de Ouro).
3.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
(Disponível em https://horadopovo.com.br/manifestantes-repudiam-
em-todo-o-pais-os-cortes-na-ciencia-feitos-por-bolsonaro/.
Acessado em 03/12/2021.)
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
No texto, o candidato poderia incluir informações
apresentadas dos quatro textos da coletânea. Para
contemplar o item “a”, poderia valer-se da fala da pró-
reitora de pós-graduação Denise Freire, que ressalta a
necessidade de investimentos públicos em todos os
níveis da educação (texto 1); poderia apontar os percen-
tuais que indicam diminuição dos investimentos em
ciência e pesquisa no Brasil (texto 2); mostrar o repúdio
de manifestações de estudantes contra os cortes na
ciência feitos pelo Presidente da República e contra a
falta de reajustes nas bolsas de estudos para jovens
pesquisadores (textos 3 e 4). Para o item b, os prejuízos
desses cortes, era possível mencionar a “fuga de
cérebros para trabalhos precarizados” por falta de
oportunidades em suas áreas de atuação; a existência e
a continuidade de projetos científicos e tecnológicos;
assim como a perda de toda uma geração de cientistas
brasileiros que deixam de atender às necessidades do
desenvolvimento científico no País.
Por fim, como parte do discurso persuasivo de con-
vocação para repúdio a essa política de sucateamento
da ciência e da pesquisa, item c, o candidato poderia
apelar para que os ouvintes não permitissem que
histórias como a de Thabata Cavalcanti (texto 1), que
chegou a pensar em desistir da pesquisa, não se
repitam. Seria possível também atentar para o
descontentamento que se pode ver em manifestações de
rua e no ambiente acadêmico científico, sugerindo
maior adesão dos membros da comunidade científica
presente à causa e mais cobrança dos órgãos competen-
tes sobre ações de investimentos em projetos científicos
e pesquisas, como o aumento das bolsas de estudos
cujos valores, apresentados no texto 4, são insuficientes
como suporte financeiro para os jovens pesquisadores
brasileiros.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
PORTUGUÊS
1
“Lygia é uma escritora que trabalha com mistérios e
pequenas revelações. Porém não se entenda errado: sua
escrita não é religiosa, nem mística. Se há religiosidade,
é no modo como ela escava a banalidade em busca de seu
miolo. Se há misticismo, ele se esconde em sua inclinação
para valorizar as zonas subterrâneas da existência.”
(José Castello, “Lygia na penumbra” in Seminário dos Ratos. São
Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 170.)
“Etimologicamente, o grego alegoria significa ‘dizer o
outro’, dizer alguma coisa diferente do sentido literal.
Regra geral, a alegoria reporta-se a uma história ou a uma
situação que joga com sentidos duplos e figurados, sem
limites textuais (pode ocorrer num simples poema como
num romance inteiro), pelo que também tem afinidades
com a parábola e a fábula.”
(Adaptado de Carlos Ceia, E-dicionário de termos literários.
Disponível em https://edftl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/alegoria.
Acessado em 18/08/2021.)
a) No conto “Seminário dos ratos”, há um fato banal que
se torna extraordinário no percurso narrativo. Descreva
esse fato e apresente dois elementos do enredo que
colaboram para a construção do conflito narrado.
b) Há, no conto de Lygia Fagundes Telles, a elaboração
de uma alegoria. Identifique qual é o elemento central
dessa alegoria e explique seu sentido, considerando o
período em que o conto foi publicado.
Resolução
a) O fato banal, além da realização de mais um
seminário, o sétimo, pelos burocratas para se
discutir mais uma vez a infestação de ratos no
país, é o surgimento de um ruído esquisito no local
onde haveria o seminário. Esse barulho vai
gerando um conflito à medida que fica mais forte,
repercute no assoalho, faz com que ele trema e
ganha posteriormente a dimensão de “zona vul-
cânica”. Surge, então, um cheiro estranho, os
telefones param de tocar e se percebe que esse som
esquisito prenunciava a invasão dos ratos, to-
mando o prédio em que seria realizado o
seminário. Um outro elemento que colabora para
a construção do conflito é a crítica, verídica, da
imprensa sobre os gastos excessivos para esse
seminário, o local isolado da reunião e a inépcia
do governo, pois já se chegara ao sétimo seminá-
rio. Essas críticas são tachadas como provenientes
de jornalistas de esquerda ou de “amigos dos
ratos”.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
b) A narrativa do conto Seminário dos Ratos, pu-
blicado em 1977, tem como tema central o VII se-
minário do governo para combater a proliferação
de ratos no país. No final do conto, os ratos
invadem o prédio público, tomando-o.
Depreende-se do tema central um outro sentido, o
alegórico: a inoperância e a opressão do governo
militar no período de Ernesto Geisel (1974-1979),
que tenta, frustradamente, reprimir os que podem
desestabilizar um status quo injusto e empobrecido
da população, segundo Lygia Fagundes Telles. Os
inimigos da burocracia ineficaz e descompro-
missada com problemas que afetam o povo são
principalmente “os amigos dos subversivos”, os
ratos.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
2
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza,
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
3
“Quando o batel alcançou a boca do rio já estavam ali 18
ou 20 homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que
lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos e
suas flechas. Vinham todos rijos para o batel, mas Nicolau
Coelho lhes fez sinal para que pousassem os arcos e eles
os pousaram. Ali não pudemos entender a fala deles nem
os ouvir direito, por o mar quebrar na costa.”
(Pero Vaz de Caminha, Carta de achamento do Brasil. Campinas:
Editora da Unicamp, 2021, p. 64.)
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
comportamento amistoso, receptivo, mas também,
de certa forma, submisso às ordens de Nicolau
Coelho.
Na segunda cena, ressalta-se a falta de audição
entre os portugueses e os indígenas em decor-
rência do barulho das ondas do mar que impe-
diam os lusitanos de escutarem o que os nativos
diziam. No entanto, em outra ocasião, quando o
líder ancião tupi discursa recepcionando os
portugueses, Cabral não lhe dá atenção e vira-lhe
as costas. Essa atitude revela, portanto, desdém do
colonizador pelos índios.
A partir das duas cenas, pode-se aproximar a
situação vivenciada pelos nativos, em abril de
1500, à situação atual em que, por mais que os
indígenas procurem defender suas terras, cultura,
língua, os invasores, como por exemplo, o garimpo
ilegal, mais poderosos, mantêm a agressão, sub-
metendo-os à obediência, à dominação e ao exter-
mínio, sem lhes respeitarem os direitos e sem ouvir
as vozes indígenas, empurrando-os para espaços
que não condizem com as necessidades de quem
originalmente era o proprietário da terra, conde-
nando o indígena à perda da saúde, da integri-
dade, da aplicação das leis, tentando, assim,
destruir-lhes a identidade cultural e política.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
4
Leia, a seguir, um excerto do roteiro e a sinopse do filme
Saneamento Básico, o Filme (2007), com direção e
roteiro
de Jorge Furtado.
Texto 1 (Roteiro)
“CENA 21 – FÁBRICA
(...)
JOAQUIM (lendo): O monstro da fossa, roteiro de
Marina Marghera Figueiredo. Ah é?
MARINA: Com a colaboração de Joaquim Figueiredo.
JOAQUIM: Colaboração...
MARINA: Quem escreveu fui eu. Você só inventou a
história.
JOAQUIM: Tá bom. (lendo) Nossa história começa numa
pequena e tranquila comunidade ao pé de uma montanha.
Uma brisa refrescante traz do vale o aroma das corticeiras
em flor. (para de ler) Como é que você vai filmar isso?
MARINA: O quê?
JOAQUIM: O aroma das corticeiras em flor.
MARINA: Não vou filmar, quem vai filmar é o Fabrício.
JOAQUIM: E como o Fabrício vai filmar o aroma das
corticeiras em flor?
MARINA: Isso é só um roteiro. A Marcela disse que tem
que ter dez páginas, estou enrolando, só tenho três
páginas prontas. Não gostou? Escreve você! (...)”
(Disponível em:
http://www.casacinepoa.com.br/sites/default/files/saneam1.txt.
Acessado em 21/06/2021.)
Texto 2 (Sinopse)
“Moradores de uma pequena vila se juntam para pleitear
a construção de uma estação de tratamento de esgoto.
Para conseguir o dinheiro, eles precisam fazer um filme
de ficção.”
(Disponível em: https://globoplay.globo.com/saneamento-basico-o-
filme/t/fcDXBmQBH1. Acessado em 21/06/2021.)
a) Considerando a função dos gêneros textuais roteiro
cinematográfico (texto 1) e sinopse (texto 2), cite duas
características que lhes são comuns e duas que os
diferenciam.
b) O uso da metalinguagem torna humorística a cena 21
do roteiro. Selecione dois trechos e explique, a partir
deles, como o humor é produzido.
Resolução
a) O roteiro é uma descrição detalhada de como as
cenas serão desenvolvidas. Já a sinopse expõe a
síntese do filme já pronto, para que o público tome
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
conhecimento do enredo e se interesse por ele.
Além da função informativa, ambos têm em
comum a temática — fazer um filme de ficção —
e a presença de personagens — “Joaquim”,
“Maria” e “moradores”.
Quanto às diferenças, tem-se, no roteiro, a
discussão de como certas cenas serão filmadas, ou
seja, descreve-se minuciosamente o cenário, como
as personagens vão atuar etc., detalhes que apa-
recem no diálogo entre moradores. Já na sinopse,
há apenas um resumo do enredo, sem a presença
de diálogo e tantos dados — o que a faz mais
curta. Outra diferença é que, no roteiro, as
personagens discutem como o filme será rodado,
ou seja, há metalinguagem com a produção de um
filme dentro do filme. Já a sinopse, ao focar na
complicação narrativa do enredo, apenas divulga
o filme, objetivando o interesse do público.
b) O humor metalinguístico aparece na discussão
sobre como filmar o aroma das flores (“Como é
que você vai filmar isso?”), pois um filme é
incapaz de transmitir uma percepção olfativa. Isso
causa irritação na personagem Marina, que, para
se justificar, afirma que “Isso é só um roteiro”, ou
seja, não é o filme definitivo.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
5
A imagem e o excerto abaixo foram extraídos do livro do
artista plástico Mulambö.
Texto 1
Texto 2
“Através da ideia de referências e tudo mais, penso na
minha figura como força. Um corpo periférico sorrindo e
criando é inspiração porque crescemos sem saber que é
possível. (...)
No começo do meu trabalho, eu não tive referências de
artistas negros, suburbanos ou qualquer outro tipo de
coisa que dialogasse comigo. Nossas mãos são
normalmente relacionadas a trabalhos braçais,
subalternos e tudo mais, então eu sempre procurei mostrar
meus braços fazendo os trabalhos. Não no sentido de
valorizar o precário, romantizar o processo e blá blá blá,
a ideia era justamente o contrário, sabe? Mostrar que para
aquele trabalho acontecer tive que catar madeira na rua,
porque não tinha dinheiro pra tela. (...).
Sou Mulambö e sou João.
Meu trabalho somos nós, mesmo que eu seja um só.”
(Fonte: Mulambö. Mulambö – o livro. Edição do autor, 2020, pp.
28-30.)
a) Qual o significado da expressão “blá blá blá”? Ex-
plique o sentido que essa escolha lexical assume nesse
texto.
b) O texto 1 traz a reprodução da obra Queria um pincel
me deram uma vassoura. Relacione a obra e seu título
com a ideia de “escassez de referências” de que o
artista fala no texto 2.
Resolução
a) “Blá blá blá” é uma onomatopeia que significa
“conversa ou conteúdo sem relevância”, que, no
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
texto, foi empregada pelo autor para ironizar o
excesso de informação acadêmica sobre a elabo-
ração artística, discurso distante da sua realidade
de artista de periferia.
b) O título da obra “Queria um pincel me deram
uma vassoura” pode ser analisado em dois as-
pectos. O primeiro, “Queria um pincel”, diz
respeito ao ímpeto artístico do autor que não
encontrava correspondência na realidade, uma
vez que ele não tinha referências de outros artistas
como ele (negros, suburbanos ou que dialogassem
consigo). O segundo, “me deram uma vassoura”,
pode ser associado aos trabalhos braçais ofertados
com frequência ao grupo social dos negros, meta-
forizados na imagem da vassoura. Além disso,
relaciona-se à forma como ele conseguiu sustentar
o seu trabalho artístico (tive que catar madeira na
rua) no começo de sua carreira, subvertendo o
“braçal” em “obra de arte”.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
6
Numa questão da 1.a Fase do vestibular Unicamp 2022,
você leu que, na tradição dos povos indígenas, todo
conhecimento de plantas, de cura, de mitos e narrativas é
produzido de maneira oral, transmitido por seus anciãos
e anciãs; deste modo, tal conhecimento precisa ser
registrado e mantido pelos jovens. Leia, agora, o texto a
seguir:
Em junho de 2020, o pesquisador Fernando Cespedes
transformou sua tese de doutorado (USP-2019) em
podcast para levá-la a um público mais amplo. “É muito
importante criar um ambiente sonoro de alta-fidelidade e
que faça o ouvinte mergulhar nos sons, porque a ideia é
recriar uma experiência de contação de histórias”,
explica. Assim como o texto escrito, os sons são
elementos narrativos, e tanto o ritmo quanto o desenho
de som são essenciais para revelar o ser-sonoro e captar
a atenção do ouvinte.
“A escuta nos obriga a reconhecer tudo o que está ao
redor, já que ela não reconhece barreiras”, reflete o
pesquisador. E aponta a dominação histórica da visão, no
mundo europeu, como responsável por isolar e
transformar em objeto tudo que está fora. “Não há
pálpebras nos ouvidos. Então, o principal ganho de
cultivarmos uma relação mais sonora com o mundo é nos
aproximarmos e nos incluirmos nele, abandonarmos a
ideia de um mundo externo, fora de nós. Foi essa noção
de um mundo externo – que pode ser domado ou
conquistado – que guiou o colonialismo e a pior face do
capitalismo. Não é à toa que sociedades nas quais a escuta
é elemento central são mais sustentáveis e integradas aos
seus ambientes.”
(Adaptado de Luiz Prado, Podcasts revelam como a música cria o
mundo e a humanidade. Jornal da USP, 31/08/2020.)
a) Considerando o primeiro parágrafo do texto, cite uma
proposta que poderia contribuir para a conservação da
memória das narrativas dos povos indígenas e
justifique sua resposta.
b) Indique dois ganhos e duas perdas em nossas relações
com os mundos sonoros e visuais, mencionados no
segundo parágrafo.
Resolução
a) Uma proposta que contribuiria para a conser-
vação da cultura dos povos indígenas seria a gra-
vação, tanto na língua original quanto em
português, de suas narrativas tradicionais. Essas
gravações, feitas pelos próprios jovens das tribos,
asseguraria a conservação e a disseminação dessas
culturas além de “revelar o ser-sonoro e captar a
atenção do ouvinte”. Com isso, pode-se alcançar
também a valorização dessas culturas pelos não
indígenas por meio da transmissão dessas gra-
vações.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
b) O mundo visual apenas registra o recorte que o
observador acha relevante da realidade ao seu
redor, levando ao isolamento dessa realidade,
transformando-a em objeto. Esse olhar, segundo
o autor, “guiou o colonialismo e a pior face do
capitalismo”.
Já os mundos sonoros, em que ocorre a escuta do
outro, conduzem o ouvinte à aproximação com o
outro e a inclusão do enunciador nessa narrativa
sonora. Para o autor, essa relação mais sonora
produz sociedades “mais sustentáveis e integradas
aos seus ambientes”.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
7
7. Em julho de 2021, a atriz e youtuber Antônia Fon-
tenelle fez um comentário sobre o DJ Ivis, preso por
agredir sua ex-mulher, Pamella Holanda. Ao se posicionar
contra as agressões, Fontenelle disse:
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
8
O excerto a seguir é da música Ismália, do artista
Emicida, e é cantada no documentário AmarElo – é tudo
pra ontem. O trecho remete à chacina de Costa Barros,
no Rio de Janeiro, em 2016. Em participação especial,
Fernanda Montenegro declama o poema Ismália, de
Alphonsus de Guimaraens (1870-1894), inserido na
música do rapper.
Emicida:
Cinco vida interrompida
Moleques de ouro e bronze
Tiros e tiros e tiros
O menino levou 111
Quem disparou usava farda (Ismália)
Quem te acusou nem lá num tava
(Ismália)
É a desunião dos preto junto à visão
sagaz (Ismália)
De quem tem tudo, menos cor,
onde a cor importa demais
Fernanda Montenegro:
“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
9
In May 2021, the International Society for Stem Cell
Research released new guidelines that relaxed the 14-day
rule, an international consensus that human embryos
should be cultured and grown in the lab only until 14 days
postfertilization. The change allows scientists, in
countries where it is legal, to seek permission to continue
research beyond this point. Roughly between days 14 and
22, the embryo enters gastrulation. Studying later stages
would allow scientists to better understand the nearly one-
third of pregnancy losses and numerous congenital
disabilities thought to be triggered at these points in
development.
Implantation
Sperm Egg
Blastocyst
Amniotic
cavity
Yolk sac
Primitive
streak
Ectoderm
Mesoderm
Endoderm
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
Resolução
a) Trata-se de um consenso internacional segundo o
qual os embriões humanos deveriam ser
cultivados e desenvolvidos em laboratorio somente
até 14 dias pós-fertilização. A mudança permite
que os cientistas, nos países onde o estudo é
legalizado, busquem permissão para continuar a
pesquisa além desse período. Essa mudança
permite o estudo do embrião na fase de gastru-
lação, na qual seria possível aos cientistas
compreender melhor a causa de aproximada-
mente um terço dos abortos espontâneos e
numerosas deficiências congênitas que poderiam
ser causadas nesses pontos do desenvolvimento
embrionário.
b) Segundo o texto, o período aproximado da
implantação do embrião ou nidação é de 7 dias e
ocorre na parede do endométrio do útero.
Nessa fase de gastrulação ocorre a diferenciação
dos primeiros tecidos embrionários ( ectoderma e
mesentoderma), a formação do intestino primitivo
(arquênteron) e a formação do blastóporo, que nos
equinodermas e nos cordados irá originar o ânus.
(animais deuterostômios).
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
10
Leia o texto a seguir e responda, em português, às
perguntas.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1
b) Segundo o artigo II da Convenção, são atos
considerados genocídio: dano grave à integridade
física ou mental de membros de um determinado
grupo; submissão intencional do grupo a con-
dições de existência que lhe ocasione destruição
física total ou parcial; medidas destinadas a
impedir os nascimentos no seio do grupo;
transferência forçada de menores do grupo para
outro.
Embora a Convenção tenha sido adotada pela
maior parte dos membros da ONU – Organização
das Nações Unidas –, a prática de genocídio não
foi extinta. Eventos com esta tipificação penal
ocorreram – após a entrada em vigor da
Convenção, em 1951 – como por exemplo: o
Genocício dos tutsi, em 1994, Ruanda, quando
grupos da etnia hutu promoveram o assassinato
de membros da etnia tutsi, principalmente; o
genocídio bósnio, 1995, promovido pelo governo
sérvio contra população bósnia muçulmana, na
Bósnia-Herzegovina (ex-integrante da Iugoslávia),
a fim de realizar uma “limpeza étnica”,
massacrando milhares de indivíduos; genocídio
dos rohingyas, em 2016, que consistiu numa forte
repressão à minoria rohingya – muçulmana – pelo
governo de Mianmar, que resultou em milhares de
mortos e de deslocados.
U N I C A M P - 2 . A FA S E - J A N E I R O / 2 0 2 1