TESE Luciana
TESE Luciana
TESE Luciana
Aprovada por:
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Prof. Laura Maria Goretti da Motta, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jacques de Medina., L.D.
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Dra. Leni Figueiredo Mathias Leite, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jorge Augusto Pereira Ceratti, D.Sc.
ii
Dedico este trabalho à minha mãe,
Regina, exemplo de fé, luta, garra
determinação, entrega e que me ensinou
que o impossível não existe, ao meu pai, José
(in memorian), pelo pouco mas para sempre
e também a todas as pessoas que sabem
dizer: Sim, quando a vida diz: Não!
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e pela luz que guia meu caminho.
À minha mãe, Regina, que durante todo a sua vida não poupou esforços e sacrifícios para
tornar possíveis meus sonhos e ideais. Agradeço por cada palavra de apoio ou repreensão,
pela alegria nos momentos felizes, pelo incentivo e alto astral nos momentos difíceis, por
me mostrar o melhor caminho a seguir, pela dedicação e noites mal dormidas sem saber o
dia de amanhã como seria, foram tempos duros, mas que com seu carinho e firmeza
conseguimos superar e hoje podemos comemorar. Sem você, eu nada seria.
À minha irmã e melhor amiga, Ducarmo, pela força e incentivo sempre, pelo ombro amigo
sempre à minha disposição e por sempre acreditar em mim e nos meus sonhos, mesmo os
mais malucos!
Aos funcionários da COPPE, Enga Ana Sousa, Marli, Engo Alvaro Dellê e Marcos, pela
dedicação e esmero na execução dos ensaios, sem os quais este trabalho não seria possível e
pelo papo sempre amigo e agradável.
iv
Á minha orientadora, Profa Laura Maria Goretti da Motta pela dedicação, paciência e
incentivo, que com seu brilhantismo proporciona a todos os seus alunos momentos únicos
de profissionalismo e amizade.
Ao DNIT, em especial aos Engos Chequer Jabour Chequer, Salomão Pinto e Dilma dos
Santos Guarçoni, pela oportunidade de me deixarem desenvolver este trabalho.
Aos meus amigos do DNIT, Sérgio, André, Washington, Dener e Engo Fernando Medeiros
por não pouparem esforços em me ajudar sempre que precisei, viabilizando o transporte das
amostras e a execução dos ensaios e a todos aqueles que com uma palavra amiga me deram
força para seguir em frente nos momentos mais difíceis.
Á PAVISAN nas pessoas dos Engos Marcelo Curi, Alberto Silva, Gilvan e funcionários
pela ajuda financeira, técnica e por acreditarem no meu trabalho.
Ao DER-RJ por ter possibilitado o acompanhamento das obras, em especial aos Engos
Rômulo Keller e Itabaiano e também aos funcionários que estiveram comigo no campo.
Aos meus amigos da ABPv, Glória, Elizabeth e Dr. Eduardo Ricci pelo apoio e ajuda e em
especial ao Dr. Jorge Eduardo Salathé pela inestimável ajuda nos textos franceses e troca de
idéias e ao Dr. João Menescal Fabrício e ao Engo João Vicente Fabrício pela ajuda com o
ELSYM5 e sugestões.
Aos meus parentes queridos, que no íntimo sabem como me ajudaram a chegar aqui: Primo
Reinaldo, Prima Maria Cristina, Tia Glorinha, Tia Rita e Tia Darli.
v
Á minha grande amiga Leila Kneipp pela ajuda financeira e incentivo nos tempos de
escola.
Às minhas amigas Giovanna e Ana Claudia por sempre acreditarem em mim: Eu consegui!!
vi
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Novembro/2003
Este trabalho procura reunir em único documento as informações sobre a espuma de asfalto
e sua utilização e desempenho nos processos de reciclagem à frio "in situ". Primeiramente
tem-se uma revisão bibliográfica de temas associados ao assunto central, sendo então
apresentados os principais conceitos de materiais betuminosos, reciclagem (classificação e
definições), espuma de asfalto (conceituação, histórico e utilização), e reciclagem com
espuma de asfalto. São relatados os resultados de características físicas e mecânicas de
misturas recicladas com espuma de asfalto executadas em algumas obras no Brasil com
análise dos resultados obtidos comparando-se misturas que foram recicladas com cimento
ou cal como aditivo, bem como o efeito devido à mudança nos teores de espuma
incorporado. Finalmente, apresenta-se um relato do acompanhamento de uma obra
executada na rodovia RJ-106 onde foi construído um trecho teste com três teores de espuma
e são então apresentados os resultados das características físicas e mecânicas da mistura
durante sua construção e após vinte meses de solicitação pelo tráfego.
vii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)
Novembro/2003
This dissertation aims to gather in one paper information about foamed bitumen and
its usage in cold recycling “in situ”. First it presents a bibliographical review about:
bituminous materials, recycling, foamed bitumen and recycling process with foamed
bitumen. Furthermore, it displays an analysis of the results of physical and mechanical
characteristics of recycled mixtures containing foamed bitumen, which were obtained from
several road works in Brazil. It compares the effects of portland cement and hydrates lime
as additives and the effects of changes of foamed bitumen contents. Finally, there is a
detailed report of the road works carried out on the RJ-106 where were build a test sections
with three foamed bitumen contents and there are presents the results obtained during and
twenty months after the construction and all its uniqueness.
viii
ÍNDICE DO TEXTO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
ix
2.3.1- Introdução ...................................................................................................... 44
2.3.2- A Espuma de Asfalto e suas Propriedades .................................................... 46
2.3.3- Fatores que Influenciam as Propriedades da Espuma de Asfalto ................ 54
2.3.4- A Utilização da Espuma de Asfalto como Ligante na Mistura à Frio ........... 60
2.3.5- A Utilização da Espuma de Asfalto como Ligante em uma Mistura Nova ... 62
2.3.6- A Espuma de Asfalto na Reciclagem à Frio de Pavimentos ......................... 67
2.3.6.1- A Experiência Brasileira com Espuma de Asfalto ..................................... 70
2.3.6.2- Características das Misturas Recicladas com Espuma de Asfalto .............. 71
2.3.6.3- Processo Executivo da Reciclagem à Frio "in situ" com Espuma de
Asfalto ....................................................................................................... 78
2.3.6.4- Vantagens da Utilização da Técnica de reciclagem à Frio "in situ" ........... 83
2.3.6.5- Custo da Reciclagem com Espuma de Asfalto .......................................... 85
2.3.6.6- Procedimento de Laboratório para Projeto de Mistura de Reciclada com
Espuma de Asfalto ...................................................................................... 87
x
CAPÍTULO 4 - ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO CONSTRUTIVO - UMA
EXPERIÊNCIA EM UM TRECHO DA RJ-106
ANEXOS DO CAPÍTULO 3
ANEXOS DO CAPÍTULO 4
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
AD - Asfalto Diluído
AN- Asfalto Natural
AP - Asfalto de Petróleo
AR - Agente Rejuvenescedor
ASTM - American Sistem Test Methods
ANP - Agência Nacional de Petróleo
CAP - Cimento Asfáltico de Petróleo
CP - Cimento Portland
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte
DNC - Departamento Nacional de Combustível
EA - Emulsão Asfáltica
FHWA - Federal Highway Association
GLP - Gás Liquefeito de Petróleo
IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo
Pen. - Penetração
RTFOT - Rolling Film Thin Oven Test
TFOT - Thin Film Oven Test
RT - Resitência à Tração por Compressão Diametral
VAC - Vaso Aberto Cleveland
σT - Resistência à Tração por Compressão Diametral
xii
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Há muito tempo o termo reciclagem vem sendo utilizado em diversas áreas, pois o processo
de reaproveitamento de materiais que anteriormente seriam descartados e na maioria das
vezes se tornar um "lixo" não desejável é visto com bons olhos por Órgãos governamentais
e ambientalistas.
A técnica de se reciclar pavimentos é mais recente, mas não menos importante. Com a
reciclagem de pavimentos, ou seja, com o reaproveitamento dos materiais existentes no
pavimento antigo como fonte principal para a construção de um pavimento novo, pode-se
evitar a exploração excessiva de jazidas minerais, já tão escassas em algumas regiões do
país, principalmente perto dos grandes centros urbanos.
Também o ligante asfáltico remanescente é por demais valioso, podendo ter recuperadas
algumas de suas propriedades originais, que durante sua utilização foram perdidas por
oxidação e volatização.
1
Entretanto, para que a reciclagem seja utilizada como alternativa de reabilitação de
pavimentos, fatores técnicos e econômicos devem ser levados à luz das decisões.
Suscintamente as técnicas de reciclagem podem ser realizadas à frio ou à quente, "in situ"
ou em usina. Quando se começou a utilizar a técnica de reciclagem, seu processamento era
muito complexo, mas com o crescente interesse na tecnologia tem-se hoje técnicas
avançadas de se processar a reciclagem, como na utilização da espuma de asfalto, através
da qual obtém-se uma camada de base reciclada a partir do material fresado, produtos de
britagem e um agente estabilizador, como o cimento Portland.
1.2 - Objetivo
A técnica de reciclagem à frio "in situ" tem sido largamente utilizada no Brasil como
alternativa de recuperação de pavimentos flexíveis a partir de 1980. No entanto, existem
poucos documentos técnicos que retratam essa tecnologia de forma a atender os
questionamentos que surgem do seu uso. Esse trabalho tem como objetivo apresentar um
levantamento bibliográfico sobre o que existe do assunto no que diz respeito à sua
concepção, aplicação e metodologia de projeto, procurando informar e analisar os
resultados de propriedades físicas e mecânicas obtidas em algumas obras realizadas no
Brasil, objetivando mostrar o comportamento das camadas recicladas com espuma de
asfalto.
Capítulo 1: Introdução
Introduz o tema da pesquisa, descreve o objetivo e sintetiza o desenvolvimento do trabalho.
2
esses são a base da espuma de asfalto, também são retratadas as emulsões asfálticas que são
utilizadas nas reciclagens convencionais. Descrevem-se de maneira suscinta as principais
técnicas de reciclagem e aborda-se a espuma de asfalto, sua concepção e utilização com
ênfase nas reciclagens à frio "in situ" que é o tema central deste trabalho.
Descreve-se toda a parte construtiva de uma reciclagem à frio "in situ'' com espuma de
asfalto através do acompanhamento de sua execução em um trecho da rodovia RJ-106
(entre Tribobó e Maricá) inclusive a determinação do teor ótimo de espuma adicionado a
partir de segmentos selecionados para teste na própria rodovia. São apresentados os
resultados da época da construção, bem como uma análise do estado da pista após 1ano e 8
meses de solicitação pelo tráfego.
3
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2.1 Introdução:
Os asfaltos são materiais aglutinantes de cor escura, derivados do petróleo, sendo que o
elemento predominante é o betume, cerca de 99,5%. O betume, muitas vezes usado como
sinônimo de asfalto, é uma substância aglutinante escura composta principalmente por
hidrocarbonetos de alto peso molecular, totalmente solúvel em dissulfeto de carbono.
Podem ser utilizados em várias aplicações, como por exemplo, em impermeabilização de
construções civis e, principalmente, em obras de pavimentação (ROBERTS et al., 1998).
Os asfaltos podem ser encontrados em estado natural (AN) ou obtidos através do refino do
petróleo (AP).
4
O asfalto natural tem origem na elevação do petróleo à superfície, que sofre uma espécie de
destilação natural pela ação do sol e do vento, que retiram os gases e óleos leves, deixando
um resíduo muito duro. São exemplos sempre citados os asfaltos naturais de Trinidad e do
Lago Bermudez. Há ocorrências sob a forma de rochas, que nada mais são do que rochas
porosas que se tornam, naturalmente, impregnadas de asfalto. Citam-se, por exemplo, os
arenitos, os xistos e os calcários asfálticos.
Os asfaltos de petróleo são obtidos através de uma destilação fracionada de certos tipos de
petróleo. Na origem orgânica do petróleo, é comprovada a existência de materiais de
origem vegetal e animal, bem como de produtos específicos do metabolismo de seres vivos
(GUARÇONI, 1994). A decomposição desses seres na ausência de oxigênio forma os
hidrocarbonetos que fazem parte da constituição química do petróleo. Assim, o petróleo é
constituído por uma mistura complexa de hidrocarbonetos com os mais diferentes pontos de
ebulição contendo ainda pequenas quantidades de compostos orgânicos oxigenados,
nitrogenados, sulfurados, organo metálicos, água, sais minerais e areia, que é considerada
como impureza.
C1 e C2 - gás natural
C3 e C4 - gás liquefeito de petróleo (GLP)
C4 a C10 - nafta (solventes e gasolina)
C11 a C12 - querosene
C13 a C18 - óleo diesel
C18 a C25 - gasóleo e óleo combustível
C25 a C38 - óleos lubrificantes
> C38 - asfalto
5
• Petróleo Pesado (naftênico ou asfáltico) - petróleo que possui alto rendimento em
asfalto. Exemplo: Boscan, Bachaquero, Lagunillas, Tia Juana, Fazenda Belém e
Árabe Pesado.
• Petróleo Médio (intermediário) - petróleo que possui médio rendimento em
asfalto. Exemplo: Carmópolis.
• Petróleo Leve - petróleo que possui baixo rendimento em asfalto. Exemplo:
Árabe Leve.
Os petróleos mais adequados para produção de CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) são os
de base naftênica e intermediários. Os de base naftênica contém alto teor de resíduos
(>45% em volume) e sofrem destilação em apenas um estágio. São os petróleos
venezuelanos Boscan e Bachaquero e o brasileiro Fazenda Belém. Os petróleos
intermediários requerem destilação em dois estágios: a pressão atmosférica e a vácuo. São
os petróleos do Oriente Médio, Árabe Médio, Árabe Pesado e Khajfi, e o brasileiro
Cabiúnas. Os petróleos mais leves podem gerar CAP desde que submetidos a processos
especiais, como no caso da desasfaltação a propano realizada no petróleo Árabe Leve
(PETROBRAS, 1996).
6
2.1.2 Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)
Atualmente a classificação dos CAPs no Brasil pode ser feita por sua Penetração em 0,1mm
(250C, 100g, 5s) ou pela sua Viscosidade Absoluta em Poise (600C).
7
Figura 2.1 - Comportamento do CAP em função do tempo de aplicação de carga
(ROBERTS et al., 1998)
Visando melhorar as propriedades dos CAPs, tem-se feito uso de modificadores que são
adicionados visando melhorar o desempenho dos pavimentos, aumentando a resistência ao
acúmulo de deformação permanente e ao aparecimento de trincas por fadiga e por
contração térmica, retardando o envelhecimento do material e melhorando a adesividade
(LING et al., 1997).
8
Tabela 2.1 - Especificações para Cimento Asfáltico de Petróleo - CAP
Classificação por Penetração (Portaria DNC 5/18.02.93)
Ductilidade a 25°C cm 60 mín. 60 mín. 100 mín. 100 mín. MB 167 D 113
Índice de Susceptibilidade
Térmica2 (-1,5) a (+1) (-1,5) a (+1) (-1,5) a (+1) (-1,5) a (+1)
Ponto de Fulgor °C 235 mín. 235 mín. 235 mín. 220 mín. MB 50 D 92
Solubilidade em
tricloroetileno % 99,5 mín. 99,5 mín. 99,5 mín. 99,5 mín. MB 166 D 2042
massa
Viscosidade Saybolt- E 102D
Furol, 135°C3 s 110 mín. 110 mín. 85 mín. 70 mín. MB 517 D 2170
D2161
Efeito do Calor e Ar,
163°C por 5h
Variação de Massa % 1,0 máx. 1,0 máx. 1,0 máx. MB 425 D 1757
1
% da penetração original
3
Permitida a sua determinação pelo método ASTM D 2170 e posterior conversão para o método ASTM D
2161.
9
Tabela 2.2 - Especificações para Cimento Asfáltico de Petróleo - CAP
Classificação por Viscosidade (Portaria DNC 5/18.02.93).
Viscosidade a 60°C P 700 a1500 2000 a 3500 4000 a 8000 MB 827 D 2171
Viscosidade Saybolt Furol, E 102D
135°C s 100 mín. 120 mín. 170 mín. MB 517 D 2170
D2161
Viscosidade Saybolt Furol, E 102D
177°C s 15 a 60 30 a 150 40 a 150 MB 517 D 2170
D2161
Solubilidade em tricloroetileno % massa 99,5 mín. 99,5 mín. 99,5 mín. MB 166 D 2042
Razão
de Viscosidade1 4,0 máx. 4,0 máx. 4,0 máx.
Variação de Massa % 1,0 máx. 1,0 máx. 1,0 máx. MB 425 D 1757
3
Permitida a sua determinação pelo método ASTM D 2170 e posterior conversão para o método ASTM D
2161.
10
2.1.3 Emulsão Asfáltica
A emulsão asfáltica é uma dispersão coloidal de uma fase asfáltica em uma fase aquosa
(direta), ou então, uma fase aquosa dispersa em uma fase asfáltica (inversa), com ajuda de
um agente emulsificante e é obtida combinando o asfalto aquecido com água, em um meio
agitado, denominado moinho coloidal, na presença dos emulsificantes, que têm o objetivo
de dar uma certa estabilidade ao conjunto, de favorecer a dispersão e de revestir os glóbulos
de betume de uma película protetora, mantendo-os em suspensão (ABEDA, 2001).
Os aniônicos são sabões em que um ânion orgânico está associado a um álcali, como é o
caso do estearato de sódio, que quando dissolvido em água se dissocia em ânion estearato,
com carga elétrica negativa e cátion sódio, com carga elétrica positiva. O estearato é
solúvel no ligante, conferindo aos glóbulos do CAP na emulsão uma carga elétrica
negativa, o que os mantém separados. As emulsões assim preparadas têm boa adesividade
aos agregados do tipo eletropositivo, ou seja, rochas de natureza calcária.
11
agregados cujas cargas elétricas superficiais são negativas, tais como os arenitos e granitos
(possuem elevada percentagem de sílica).
Toda emulsão deve ter um mínimo de resistência à ruptura, para permitir o seu transporte e
armazenagem, o que é conseguido com o uso de agentes emulsificantes.
De acordo com a velocidade de ruptura, as emulsões podem ser assim classificadas (IBP,
1999):
12
• Ruptura Média (RM): São utilizados principalmente para misturas com
agregados limpos e sem pó, na confecção de pré-misturados a frio.
Existem também emulsões especiais que são fabricadas sem carga elétrica (não iônica) e,
também, emulsões para lamas asfálticas (LA) e agentes rejuvenecedores emulsionados.
13
serviços de pavimentação, os diluentes evaporam, denominando-se tempo de cura, ou
simplesmente cura, o espaço de tempo necessário à essa evaporação.
De acordo com o tempo de cura, que é determinado pela natureza do diluente, os asfaltos
diluídos no Brasil classificam-se em duas categorias:
Há muitos anos que não se utiliza no Brasil os asfaltos diluídos de cura lenta - CL, em que é
empregado diesel como diluente.
Cada uma das categorias de asfalto diluído apresenta faixas de viscosidades diferentes,
determinadas em função da quantidade do diluente e podem assim serem classificados
segundo à viscosidadde (PETROBRAS, 1996):
Os asfaltos diluídos mais utilizados na prática corrente são os tipos CR-250, CM-30 e CM-
70 e são usados em serviços de imprimação e tratamentos superficiais (IBP, 1999).
14
2.1.5 Química do Asfalto
Os asfaltos têm composição química muito complexa que depende dos processos de
fabricação, bem como do petróleo utilizado. Simplificadamente os asfaltos podem ser
considerados uma dispersão coloidal de partículas de asfaltenos em um meio oleoso
denominado maltenos, formando uma dispersão coloidal. Os maltenos ainda podem ser
separados em outras frações, os óleos aromáticos e saturados. Uma reduzida fração do total
dos constituintes do asfalto são os carbenos e os carboídes (GUARÇONI, 1994).
Uma vez separada a fase micelar (asfaltenos), a fase intermicelar (maltenos) fica solúvel no
solvente usado, sendo então fracionada em subgrupos por diferença de reatividade química
ou por cromatografia.
15
ligante asfáltico. Sua estrutura tem sido objeto de inúmeros estudos, sendo constituídos de
aromáticos policondesados com encadeamento de hidrocarbonetos naftênicos condensados
e cadeias curtas de saturados. Existem interações intermoleculares devido ao deslocamento
da nuvem de elétrons dos aromáticos que dá lugar a uma estrutura organizada, folheada,
denominada cristalitos e constituídas do empilhamento de quatro a seis redes de
poliaromáticos que explicam a formação das micelas (GUARÇONI, 1994).
Além disso, na composição química do asfalto, pode ser encontrado em quantidades muito
pequenas, carbóides, carbenos, oxigênio, enxofre, nitrogênio e traços de metais.
A faixa de peso molecular do asfalto é da ordem de 300 a 2000 e incluem moléculas com
cerca de 24 a 150 átomos de carbono (GUARÇONI, 1994).
16
2.1.6 Envelhecimento do Asfalto
Durante o processamento e aplicação da mistura asfáltica, bem como ao longo de sua vida
de serviço, seus constituintes estão em permanente mudança devido aos mais variados
fatores tais como a exposição ao ar, calor, luz e umidade. Como conseqüência, verifica-se
um decréscimo nas características de plasticidade do ligante, ocasionando seu
endurecimento progressivo que, finalmente, o torna quebradiço. Esse fenômeno é
conhecido como "envelhecimento" do ligante (DNER, 1994).
17
2. Melhorar ou recuperar a durabilidade do material reciclado.
3. Ser totalmente compatível com o ligante envelhecido.
ZELAYA (1985) considera que a fase maltênica tem três compostos: polares, aromáticos e
saturados, estabeleceram que os agentes rejuvenecedores devem ser ricos em compostos
polares e aromáticos mas devem ser pobres em saturados. Foi também determinado que a
melhor maneira de se promover a reciclagem de um ligante envelhecido seria a melhoria da
solubilidade da sua fração maltênica de maneira a redispersar os asfaltenos.
18
Os agentes rejuvenescedores AR-5 e AR-1 apresentam baixa viscosidade, enquadrando-se
na faixa AR-1 da especificação brasileira para agentes rejuvenecedores (DNC 733/97)
apresentada na tabela 2.3. Para a obtenção de produtos mais viscosos, dentro das faixas
estabelecidas pelo DNC, as indústrias misturam CAP-20 ao agente rejuvenescedor, em
proporções que vão de 80% de CAP-20 para 20% de AR-1 até 30% de CAP-20 e 70% de
AR-1.
Especificações Métodos
Características Unidade AR-1 AR-5 AR-25 AR-75 AR-250 AR-500 ABNT ASTM
Mín Mín Mín Mín Mín Mín
Máx Máx Máx Máx Máx Máx
Viscosidade
Cinemática, 60oC cSt 50 176 901 4501 12501 37501 MB D2170
175 900 4500 12500 37500 60000 826
Ponto de Fulgor
(VAC)1 °C 218 218 218 218 218 218 NBR D92
11341
Saturados %,mas-sa
30 30 30 30 30 30 D2007
Efeito do Calor e
do Ar, 163°C
Razão de 4 4 4 4 4 4 MB D2875
Viscosi-dade2 425
ou
Variação de
Massa % 4 4 3 3 3 3 D1754
Densidade
20/4°C Anotar Anotar Anotar Anotar Anotar Anotar NBR D70
6296
1
VAC - Vaso Aberto de Cleveland.
19
rejuvenecedores emulsionados. A tabela 2.4 apresenta uma proposta de especificação feita
pelo IBP - Instituto Brasileiro do Petróleo, uma vez que as emulsões rejuvenecedoras ainda
não estão especificadas.
Tabela 2.4 - Proposta de Especificação Brasileira para Agentes Rejuvenescedores
Emulsionados feita pelo IBP (IBP, 1999)
Efeito do
Calor e do
Ar, a 163°C1
Razão de 4 4 4 4 4 4 MB D2875
Viscosidade 425 ou
Variação de D1754
Massa %, máx 4 4 3 3 3 3
20
2.2 Reciclagem de Pavimentos
2.2.1 Introdução
Não menos importantes são os pavimentos urbanos que também desempenham funções
vitais para o desenvolvimento das cidades e portanto, merecem a mesma preocupação
no que diz respeito aos problemas de manutenção e conservação.
Essa tarefa, entretanto, vem se tornando cada vez mais difícil devido à redução de
orçamentos, sucessivas crises econômicas e problemas institucionais além das
deficiências técnicas e operacionais das vias. Além disso, a idade dos pavimentos e a
solicitação intensa do tráfego devido ao desenvolvimento da indústria automobilística,
que resultou no aumento da capacidade de carga dos veículos, compõem o problema,
21
especialmente nas rodovias federais, onde grande parte da malha já superou a vida útil
de projeto. Com isso o que se tem são quilômetros de rodovias em estado de
conservação de mau a péssimo, vias urbanas deterioradas e usuários insatisfeitos.
Com o intuito de se aproveitar o material que foi retirado da pista e dessa forma evitar a
exploração de reservas minerais, essa nova camada pode ser constituída do material
antigo da pista, tratado de maneira adequada para transformá-lo em um material com
características físicas e de desempenho o mais próximo possível de um material novo,
constituindo assim o que se conhece como reciclagem.
22
remisturados no estado em que se encontram após a desagregação ou tratados por
energia térmica e/ou aditivados com ligantes novos ou rejuvenescedores, com ou sem
recomposição granulométrica” (MOMM e DOMINGUES, 1995).
Entre os principais benefícios que a reciclagem pode oferecer, pode-se citar os seguintes
(DNER, 1998):
23
O uso da técnica de reciclagem, atualmente, constitui numa inovação dentro do campo
da recuperação de estruturas flexíveis (TUCHUMANTEL, 1999).
24
Tabela 2.5 - Tipos de Reciclagem (BONFIM, 2001)
25
No Brasil, a primeira vez em que se utilizou a técnica de reciclagem de revestimentos
betuminosos foi na Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro já em 1960, onde,
na época, o revestimento era removido por meio de marteletes e transportado para a
usina e remisturado. Já a primeira rodovia a ser reciclada foi a Via Anhanguera, trecho
entre São Paulo e Campinas (PINTO, 1989).
26
Na década de 1990, iniciou-se a reciclagem a frio “in situ”, com o emprego das
recicladoras móveis Caterpillar e Wirtgen, onde a operação se desenvolvia no local,
com fresagem a frio do revestimento, incorporação de emulsões rejuvenescedoras,
homogeneização e espalhamento feito pelo próprio equipamento. No Brasil, o primeiro
trecho em que foi utilizada a técnica de reciclagem a frio "in situ", foi na rodovia BR-
393/RJ, em novembro de 1993, segmento entre Além Paraíba e Sapucaia, realizada pelo
DNER (PINTO et al., 1994)
• Custos;
• Fatores ambientais;
• Tráfego.
27
uma orientação da escolha do tipo de reciclagem a ser adotado, como mostra a tabela
2.6.
Tabela 2.6 - Guia para a Seleção de Métodos para Reciclagem (FHWA, 1993)
28
Após definida a alternativa de solução por reciclagem, a etapa seguinte consiste em
dosar os componentes da mistura final reciclada, ou seja, determinar as porcentagens
dos materiais e misturas intervenientes de maneira a satisfazer os requisitos das
especificações próprias para os serviços de reciclagem. Esses requisitos constam das
especificações DNER ES-187a/96 - Concreto Betuminoso Reciclado a Quente na Usina
e DNER ES-187b/96 - Concreto Betuminoso Reciclado a Quente no Local.
No que diz respeito à técnica de reciclagem dos materiais fresados em usinas fixas, duas
opções se apresentam: a utilização de usinas gravimétricas ou "Drum Mixer", ambas
também de aplicação usual em obras de pavimentação e restauração de rodovias.
29
Figura 2.3 - Técnicas de Reciclagem a Quente em Usinas (GONTIJO, 2000)
30
• Reciclagem do material na usina com a incorporação de material fresado,
agregados complementares (brita, areia), CAP e se necessário, um agente
rejuvenescedor;
• Transporte do CBUQ reciclado até a pista;
• Espalhamento (vibroacabadora convencional), compressão e acabamento.
31
Este método de reciclagem é realizado com equipamento complexo, que é constituido
basicamente de duas unidades, uma pré-aquecedora e uma pequena usina para
reciclagem “in situ”. O pré-aquecimento é conseguido através de placas emissoras de
raios infra-vermelhos, que aquecem o revestimento até uma temperatura de 130°C.
Uma vez que a superfície reciclada é superficial, esta técnica é indicada apenas para a
correção de defeitos de superfície, exclusivamente de classe funcional. Entre os defeitos
que podem ser corrigidos por esta técnica estão (DNER, 1998):
32
2.2.3 Reciclagem a Frio de Pavimentos
Na cidade do Rio de Janeiro, com o uso da reciclagem a frio “in situ”, chegou-se a uma
economia da ordem de 24% no custo em comparação à técnica tradicional de
recapeamento em CBUQ, sem que se computasse a favor da reciclagem os custos com
bota fora e importações de materiais, levantamento de meios-fios e os transtornos
advindo de engarrafamento, por se tratar de obra urbana (RAMOS et al.,1996).
Nem todas as obras viárias são adequadas à reciclagem a frio do pavimento. ROGGE et
al. (1993) propõem alguns critérios para a escolha dos pavimentos a serem reciclados a
frio, mostrados na tabela 2.7.
33
Tabela 2.7 - Critérios para a tomada de decisão quanto a reciclagem a frio "in
situ" (ROGGE et al., 1993)
Reabilitação seletiva.
34
2.2.3.1 Reciclagem a Frio em Usinas
A reciclagem a frio em usina pode ser realizada em usinas estacionárias, valendo-se das
usinas de solos, que recebe o material fresado e o processa com a adição de material de
enchimento, caso necessário, e agente rejuvenecedor emulsionado (DNER, 1996).
Também podem ser utilizadas usinas móveis, que podem produzir misturas com
material virgem ou material proveniente de fresagem. Cita-se como exemplo de usina
móvel a KMA 150 que será abordada com mais detalhes no item 2.3.6, essa usina
permite a execução de misturas com espuma de asfalto destinadas à camada de base,
além de possibilitar também a execução de misturas com emulsão e/ou cimento
(WIRTGEN, 1998).
35
• Granulometria do fresado e dos agregados adicionais
• Temperatura do pavimento e do ar assim como da emulsão
• Quantidade de emulsão e água adicionada
• Temperatura da emulsão e da água
• Tempo de cura
• Compactação
36
O’LEARY & WILLIANS (1993) ressaltam que a umidade excessiva é prejudicial à
compactação e muitas vezes provoca o recobrimento apenas dos finos da massa.
Segundo ROGGE et al. (1993) duas metodologias vêm sendo consideradas ao se dosar
materiais asfálticos reciclados a frio. A primeira metodologia considera o material
fresado como um “agregado negro” composto por asfalto envelhecido e agregados.
Neste caso, dimensiona-se uma nova mistura da maneira tradicional, considerando-se a
contribuição desse “agregado negro”.
37
%CAP efetivo = % resíduo da emulsão + % de CAP recuperado (2.1)
onde:
% emulsão: é a quantidade de emulsão adicionada.
% de CAP recuperado é diretamente relacionada a:
- Viscosidade e/ou penetração do asfalto envelhecido.
- Granulometria do material fresado.
- Porcentagem de CAP existente no pavimento antigo.
Segundo O’LEARY e WILLIANS (1993), duas distintas hipóteses têm sido utilizadas
para o tratamento das misturas recicladas a frio. A primeira hipótese considera que o
material reciclado é profundamente marcado por diversos fatores tais como
profundidade de corte, idade, meio ambiente, remendos, recapeamentos, etc. Também
deixa sua marca o tipo de equipamento utilizado para a reciclagem e fresagem. Essa
hipótese considera que um projeto formal de mistura em laboratório é inútil. A
quantidade de aditivos é estimada com base em experiências prévias com o ensaio
Marshall, mas sem considerações maiores a respeito da rigidez do CAP existente no
material fresado. A construção é então iniciada e são feito ajustes na mistura baseados
em experiências anteriores, aparência do material, trabalhabilidade e plasticidade.
38
2.2.3.4 Considerações sobre a Dosagem e Compactação das Misturas Recicladas a
Frio
No Brasil não existe especificação para dosagem da mistura reciclada a frio, PINTO et
al. (1994) desenvolveram uma metodologia baseada nos métodos de dosagem utilizados
correntemente na França (LCPC) e Argentina, para misturas similares. Essa
metodologia é baseada na caracterização dos materiais a serem utilizados, isto é, o
revestimento antigo fresado e a emulsão asfáltica especial.
39
Após a definição das características do CAP envelhecido, busca-se a emulsão que, além
de rejuvenescer o material betuminoso velho, possibilite a obtenção de um pré-
misturado a frio com características adequadas. Segundo ROGGE et al. (1993) o
processo para a determinação da quantidade de emulsão ou agente rejuvenescedor a ser
adicionado é essencialmente empírico e se inicia com um conteúdo de emulsão que é
ajustado com base em testes de laboratório conduzidos em amostras obtidas a partir de
fresagens no pavimento. Os ajustes devem ser feitos de acordo com a rigidez do CAP
extraído, granulometria do material fresado e teor de CAP recuperado.
Ainda segundo ROGGE et al. (1993), o ensaio de penetração (ASTM D 2171) é usado
para a determinação da rigidez do ligante extraído. A granulometria é determinada por
somente três peneiras, ½”, ¼” e 10. O asfalto é recuperado pelo Método Abson (ASTM
D 1856). A partir do resultado desses ensaios o teor de emulsão ou agente
rejuvenescedor pode ser determinado através da equação 2.2 e da figura 2.5.
onde:
Ecest = conteúdo estimado de emulsão (%);
1,2 = conteúdo base de emulsão (%);
AG = ajuste devido a granulometria (%);
ANC = ajuste devido ao teor de asfalto residual (%) e,
AP/V = ajuste devido a penetração e/ou viscosidade do CAP
recuperado (%).
Em casos fronteiriços, devem ser usados os valores que resultam em uma quantidade de
emulsão mais baixa. A vantagem desse método é que ele permite uma rápida e simples
determinação do conteúdo de emulsão a ser adicionada e os ensaios de laboratório
empregados são amplamente difundidos.
40
Granu- Espessu- Conteúdo Penetração Viscosidade
lometria ra de de Asfalto 25°C 60°C
fresagem
70 55 7,0 0 100
Segundo PINTO et al. (1994) uma vez conhecida a composição do CAP envelhecido
por meio de análise química e tendo como meta obter o CAP rejuvenescido mais
adequado à situação particular, dimensiona-se os quantitativos dos componentes da
fração maltênica necessários para levar o CAP velho à composição que se deseja, e que
apresente as características físicas exigidas A figura 2.6 mostra um exemplo da
evolução da penetração do ligante envelhecido recuperado, após ser misturado com
diferentes proporções de emulsão asfáltica convencional (na figura: EA convencional) e
emulsões asfálticas rejuvenescedoras (na figura: EA 0 e EA 1).
41
80
70 EA 1
60
50
EA 0
40
30
20
EA
10 Convencional
0 1 2 3 4
Emulsão (%)
2. Aquecimento do fresado até 60°C por 1 hora com adição suficiente de água
para elevar o teor de umidade da mistura para 4,5% do peso seco.
4. Compactação de amostras com 50 golpes por face e cura por 20 horas, mais
ou menos e 4 horas a 60°C e recompactando com 25 golpes/face.
5. Cura das amostras por 24 horas nos moldes a 60°C, extrusão e cura por 72
horas em temperatura ambiente antes da determinação da densidade.
42
A decisão do tipo de revestimento a ser aplicado sobre o material reciclado deve ser
função do projeto estrutural da rodovia. Algumas questões entretanto devem ser
consideradas quando da realização do projeto:
3. Deve a camada reciclada ser usada diretamente como camada de rolamento, com
ou sem o uso de uma camada selante?
43
2.3 A Espuma de Asfalto na Tecnologia de Reciclagem a Frio "in situ"
2.3.1. Introdução
A espuma de asfalto é uma técnica que permite expandir o CAP e misturá-lo a diversos
tipos de agregados para produzir uma estrutura de pavimento com melhor capacidade de
suporte que a existente de maneira mais econômica. A espuma de asfalto pode ser usada
como um agente estabilizador para uma variedade de materiais que vão desde a pedra
britada de boa qualidade até solos com plasticidade relativamente alta e também para
reciclar materiais asfálticos provenientes de fresagem (INSTITUTO CHILENO DE
ASFALTO, 2002).
44
a quente com agregados frios e mesmo úmidos, sem a necessidade de adição de solventes
ou emulsificantes, através da mudança do asfalto do estado líquido para o estado de
espuma de asfalto (WIRTGEN, 1998).
O Prof. Csanyi usou o vapor de água como forma de promover a homogeneização da água
no asfalto quando aquecido a temperaturas elevadas próprias para mistura asfáltica a
quente. Como um dos elementos da espuma era o vapor, sua utilização em pequenas
dosagens passou a ser o grande problema por falta de regulagem conveniente.
Entre 1960 e 1970, a Companhia Mobil Oil Austrália LTDA, reconheceu o potencial da
espuma de asfalto e desenvolveu um sistema onde a água pulverizada era injetada
diretamente no asfalto em uma câmara de expansão como a mostrada na figura 2.7. A
Mobil Oil fez o registro da patente para proteção do seu investimento em pesquisa e
desenvolvimento e que provocou o retardamento da aceitação pelo mercado por cerca de
vinte anos. Só nos anos 90, após as patentes perderem a validade, a espuma de asfalto
passou a ser utilizada na pavimentação, devido à disponibilidade de sistemas de espuma de
asfalto no mercado. Maiores esforços foram feitos em laboratório e alguns testes de campo
foram conduzidos na África do Sul, Austrália, Canadá, Finlândia, França, Kuwait, México,
Noruega, Suécia, Tanzânia, Reino Unido e USA. Com esses testes, bons resultados foram
obtidos e como conseqüência, a espuma de asfalto não é mais olhada como "mágica negra"
e tem sido especificada para um número crescente de projetos, em um também crescente
número de países ao redor do mundo (WIRTGEN, 2001).
A tecnologia de reciclagem com adição de espuma de asfalto gera alguns benefícios como
por exemplo o aproveitamento de parte do pavimento antigo na nova mistura, pequeno
volume de materiais importados, alívio da pressão sobre o meio ambiente devido ao menor
consumo de matéria-prima e não necessidade de bota-fora dos materiais removidos,
redução dos custos de restauração e melhoria da condição estrutural do pavimento
(PEREIRA et al., 2002).
45
Figura 2.7 - Esquema da câmara de expansão (WIRTGEN, 2001)
São várias as definições encontradas na literatura, mas que são equivalentes, sendo algumas
apresentadas a seguir.
46
A espuma de asfalto é uma mistura de asfalto, água e ar a condições ideais de percentagens,
pressão e temperatura (CASTRO, 2002). No caso mais freqüente a pressão do ar é de 4 bar
e da água de 5 bar, a temperatura da água é a ambiente.
A espuma de asfalto é obtida através do contato do CAP quente (1600 a 1800C) com ar sob
pressão e água à temperatura ambiente, expandindo o seu volume original e formando
bolhas (FRESAR, 2002).
O mecanismo que produz a espuma de asfalto é o seguinte: Quando se injeta uma pequena
quantidade de água fria, em torno de 1 a 2%, ao asfalto quente (160 a 1800C), se produz
uma troca de energia entre o asfalto e a água, levando a mais de 1000C a temperatura das
gotas de água, fazendo com que haja uma evaporação instantânea. As bolhas de vapor são
forçadas a se introduzir na fase contínua do asfalto devido à pressão da câmara de
expansão, ficando assim aprisionadas. O asfalto, junto com o vapor aprisionado é liberado
da câmara de expansão através de uma válvula e o vapor começa a se expandir formando
bolhas de asfalto contidas pela tensão superficial deste. A expansão termina quando as
forças de tensão superficial do asfalto se equilibram com as tensões do interior das bolhas
(estado de equilíbrio). À medida que a temperatura da espuma se reduz, o vapor
aprisionado se condensa causando o colapso das bolhas e a desintegração da espuma. A
desintegração da espuma produz milhares de gotículas de asfalto as quais ao se unirem
recuperam seu volume inicial sem alterar significativamente as propriedades reológicas do
asfalto original (INSTITUTO CHILENO DE ASFALTO, 2002).
47
Um caso similar acontece na cozinha quando uma pequena quantidade de água cai
acidentalmente em uma frigideira que está cheia de óleo quente, esse explode em milhões
de bolhas, já que a tendência da água é a de evaporar. Também com um exemplo de
cozinha, pode-se explicar como ocorre a mistura do asfalto espumado com os agregados,
qualquer cozinheira sabe que a clara de um ovo não pode ser misturada eficazmente com
farinha sem antes bater a clara do ovo. Bater é essencialmente um processo de espumação,
onde a tensão superficial da substância viscosa é reduzida pela criação de filmes finos em
forma de bolhas e quando em contato com a farinha, essas bolhas se separam e a clara se
dispersa pela mistura. O mesmo ocorre com a espuma de asfalto: Quando ela entra em
contato com o agregado, as bolhas de asfalto explodem em milhões de minúsculos
"pontos", que procuram sair e aderem às partículas finas, especificamente à fração passante
na peneira #200 (0,075 mm), tendo como resultado um mastique de asfalto, que age como
argamassa entre as partículas maiores (WIRTGEN, 2000). A cobertura parcial é percebida
pela cor mais clara da mistura de espuma de asfalto como pode ser observado na figura 2.8,
onde se pode notar o mastique (de cor mais escura) envolvendo o esqueleto mineral
formado pelos agregados graúdos (de cor mais clara).
É na fração fina que a espuma de asfalto vai atuar com maior intensidade devido à sua
maior superfície específica deixando descoberto os agregados graúdos. Os finos envolvidos
com a espuma de asfalto formam uma argamassa que promove a coesão da mistura
(MOTTA et al., 2000).
48
Figura 2.8 - Característica Física de uma Mistura Reciclada com Espuma de Asfalto
(SOUZA e BARROS, 2001)
As definições das propriedades de uma espuma de asfalto segundo WIRTGEN (2000), são:
49
• Meia Vida: é o tempo em segundos necessário para uma espuma regredir do seu volume
máximo até à metade deste volume.
50
Figura 2.9 - Distribuição Granulométrica para Uso com a Técnica de Espuma de
Asfalto (WIRTGEN, 2001)
51
Vale lembrar que as medidas de taxa de expansão e meia vida são realizadas
simultaneamente, portanto devem ser executadas por dois operadores.
O teste para obtenção da taxa de expansão e da meia vida pode ser realizado tanto em
laboratório, que será dito mais adiante, como durante a execução dos serviços, a recicladora
WR 2500, por exemplo, possui um compartimento lateral para esse fim. A figura 2.10
mostra um teste feito em campo.
As características da espumação porém, não são medidas exatas e sim ordens de magnitude.
LUCAS et al. (2000) recomendam uma taxa de expansão mínima de 15 vezes a relação
entre o volume máximo de espuma e o mínimo do asfalto e meia vida mínima de 8
segundos, para permitir o mínimo de envolvimento consistente à mistura. Já no Manual da
WIRTGEN, encontra-se uma indicação da meia vida entre 10 a 15 segundos e o Instituto
Chileno de Asfalto recomenda uma taxa de expansão variando entre 8 e 15 e no mínimo 15
segundos de meia vida.
52
o agregado ainda no estado de espuma. Entretanto, é fácil notar que essas propriedades se
comportam de maneira inversa quando a quantidade de água adicionada para formar a
espuma vai gradualmente aumentando, ou seja, quanto mais água, maior a taxa de expansão
e menor a meia vida (WIRTGEN, 2001). Portanto, a melhor espumação é geralmente
aquela que otimiza ao mesmo tempo a taxa de expansão e a meia vida como mostrado na
figura 2.13.
53
2.3.3 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Espuma de Asfalto
(c) Pressão sob a qual o asfalto é injetado na câmara de expansão, baixas pressões
(menores que 3 bar) afetam negativamente tanto a taxa de expansão como a meia vida.
(e) Presença de agentes anti-espumantes, tais como compostos de silicone, que deve ser
informada quando se pensar em utilizar o CAP com o agente para espumar.
54
se difícil obter uma boa mistura. Neste caso, deve-se analisar a alternativa de se utilizar um
asfalto de uma fonte diferente, ou adicionar um agente formador de espuma (WIRTGEN,
1998).
PEREIRA et al. (2002) desenvolveram um estudo onde foram realizados ensaios de taxa de
expansão e meia vida utilizando-se asfaltos com penetração de 50 (0,10mm), 100 (0,10mm)
55
e 150 (0,10 mm), fazendo variar a quantidade de água incorporada na espumação, bem
como a temperatura de aquecimento do CAP. Com base nos resultados obtidos
reproduzidos nas tabelas 2.9, 2.10, 2.11, PEREIRA et al. (2002) concluem que para os
materiais e condições analisados foi constatado um aumento da taxa de expansão e de meia
vida à medida que se aumentou a penetração e diminui-se a viscosidade do asfalto que é
espumado. Também ressaltam que, de maneira inversa, as temperaturas de aquecimento do
asfalto diminuem significativamente com o aumento de penetração do mesmo.
Para realização dos ensaios foi utilizada uma pressão de entrada do asfalto de 12,5 bar,
pressão de entrada da água de 5,0 bar e pressão de entrada de ar de 4,0 bar, exceto para o
CAP de penetração 50 (0,10 mm) onde a pressão de entrada de água foi de 4,0 bar e a
pressão de entrada de ar foi de 5,0 bar.
Tabela 2.9 - Valores médios de taxa de expansão e meia vida obtidos para o CAP com
penetração de 50 (0,10 mm) (PEREIRA et al., 2002)
Teor de Água (%) Taxa de Expansão (1700C) Meia Vida (s) (1700C)
1 9 6,45
2 12 4,57
3 18 3,62
4 21 3,77
5 18 4,22
Tabela 2.10 - Valores médios de taxa de expansão e meia vida obtidos para o CAP
com penetração de 100 (0,10 mm) (PEREIRA et al., 2002)
Teor de Taxa de Meia Vida Taxa de Meia Vida Taxa de Meia Vida
Água (%) Expansão (s) Expansão (s) Expansão (s)
0 0 0 0 0
(150 C) (150 C) (160 C) (160 C) (170 C) (1700C)
1 12 12,67 12 8,00 9 4,13
2 18 4,88 18 5,38 12 3,13
3 21 4,50 21 4,88 12 1,75
4 23 3,13 26 3,88 - -
56
Tabela 2.11 - Valores médios de taxa de expansão e meia vida obtidos para o CAP
com penetração de 150 (0,10 mm) (PEREIRA et al., 2002)
Teor de Taxa de Meia Vida Taxa de Meia Vida Taxa de Meia Vida
Água (%) Expansão (s) Expansão (s) Expansão (s)
0 0 0 0 0
(140 C) (140 C) (150 C) (150 C) (160 C) (1600C)
1 13 10,25 14 10,63 11 4,13
2 20 6,13 18 7,00 14 3,13
3 21 5,75 21 4,75 18 2,38
4 - - 24 4,25 - -
Tabela 2.12 - Características dos asfaltos estudados por SUCH et al. (2002)
SUCH et al. (2002) definem alguns parâmetros que ao longo de seu estudo são citados:
ERmáx (T) = Taxa de expansão máxima para um determinado asfalto a uma dada
temperatura (T) e Wopt = Quantidade ótima de água para espumação. Importantes
resultados são constatados a partir da espumação dos três tipos de asfaltos a três
temperaturas de teste (140, 150 e 1600 C) e porcentagens de água incorporada variando ao
máximo de 10%, o que para o bico do laboratório móvel SAE (utilizado no estudo) que
57
tem aproximadamente 2 cm de comprimento e diâmetro, corresponde a uma vazão de 680
ml/min. O tempo de injeção é de 5s e a velocidade de rotação da bomba de asfalto é de 400
rpm (o que gera uma saída de aproximadamente 500g de asfalto).
SUCH et al. (2002) relatam seguintes constatações:
1. Influência da quantidade de água: Para uma temperatura (T) de teste e um dado asfalto,
um aumento do teor de água incorporado gera um incremento da taxa de expansão até
um valor máximo, que é definido como ERmáx (T), além desse valor a taxa de
expansão máxima começa a decrescer. O valor da taxa de expansão máxima a uma
determinada temperatura é dependente da natureza e da temperatura do asfalto que é
espumado e é obtida para um valor ótimo de quantidade de água adicionada (Wopt) que
é independente da natureza do asfalto e linearmente dependente da temperatura
aplicada. A tabela 2.13 e a figura 2.13 mostram a influência da quantidade de água e da
temperatura em três diferentes tipos de asfaltos A, B e C.
A B C
Temperatura Wopt ER máx(T) T1/2 ER máx(T) T1/2 ER máx(T) T1/2
0
( C) (s) (s) (s)
(%)
140 5,7 16 37 10 50
150 7,0 19 20 16 22 19 22
160 9,0 27 12 18 13 25 16
170 10,0 31 11 19 8 28 14
58
Figura 2.13 - Gráfico Teor de Água Ótimo x Temperatura para os Três Tipos de
Asfaltos Analisados (SUCH et al., 2002)
3. Influência do asfalto original: A partir do fato de que Wopt e ER máx (T) são
praticamente dobradas quando a temperatura e aumentada de 1400C para 1700C, a razão
de ER máx (T)/ Wopt é quase constante para cada asfalto independente da temperatura.
Essa razão foi caracterizada como habilidade à espumação é o que SUCH et al. (2002)
definem como "Coeficiente de espumação" ou "M" do asfalto como mostra a equação
2.3:
M = ER máx (T) (equação 2.3)
Wopt
59
Figura 2.14 - Variação da Taxa de Expansão Máxima para os Três Tipos de Asfaltos
Analisados x Temperatura (SUCH et al., 2002)
A espuma de asfalto é um ligante que oferece múltiplas possibilidades de uso e que pode
ser utilizada para misturas com agregados minerais dos mais diferentes tipos e
procedências. Assim, por exemplo, é possível utilizar material proveniente de fresagem ou
brita nova, com espuma de asfalto, na construção de rodovias novas ou para a reabilitação
daquelas cujo pavimento necessita de reabilitação. Outra aplicação se dá em rodovias de
baixo volume de tráfego, com revestimento primário de material granular, que atrapalham o
tráfego devido ao desprendimento de poeira e que ficam barrentas em tempos de chuvas.
As figuras 2.15 2.16 e 2.17 mostram esquematicamente as possibilidades de tratamento
com a espuma de asfalto.
60
Figura 2.15 - Esquema de material tratado com espuma de asfalto utilizando capa sem
ligante ou aglomerado mineral novo (WIRTGEN, 2001)
Figura 2.16 - Esquema de material tratado com espuma de asfalto utilizando capa
asfáltica com base granular (WIRTGEN, 2001)
61
Figura 2.17 - Esquema de material tratado com espuma de asfalto utilizando capa
asfáltica com base granular mais adição de cimento (WIRTGEN, 2001)
A “Grave Mousse” é uma maneira econômica de tratar britas ou areias com espuma de
asfalto a fim de se obter material trabalhável por um maior período de tempo após a mistura
e estável na aplicação. O processo de fabricação não é sofisticado podendo ser executado
em usinas convencionais de solo-brita e utilizando-se asfaltos puros que não tenham sofrido
nenhuma transformação. É necessário um tanque de asfalto com sistema de aquecimento de
óleo térmico e uma plataforma para fabricação da espuma com uma bomba de asfalto e um
62
medidor gravimétrico, uma bomba dosadora de água e aditivos e uma barra distribuidora
localizada sobre o misturador (GOACOLAU et al., 1996).
A mistura processada na usina é transportada para um caminhão coberto bem vedado para
reter a umidade. No local de aplicação a mistura é espalhada com acabadora e compactada
com rolo vibratório e de pneu. Após a compactação é feita uma pintura de ligação. A brita
tratada com espuma tem boa trabalhabilidade e é de fácil aplicação podendo ser
armazenada de 24 a 48 horas, às vezes até por mais tempo e pode ser aberta ao tráfego
imediatamente e aguardar a camada de rolamento definitivo que pode ser uma tratamento
superficial, um pré-misturado, uma lama ou CBUQ. A “Grave Mousse” pode ser utilizada
como camada de base e sub-base de estradas novas ou como camada de reforço em
rodovias com tráfego pesado ou para fazer simples regularizações (GOACOLAU et al.,
1996).
63
Os materiais constituintes da “Grave Mousse” são:
Onde:
64
Relação de resistências = resistência saturada/resistência seca (Ver item 2.3.6.2)
¾ Quarto Setor: O pavimento foi totalmente reconstruído para fins de um outro estudo
65
Grave-Bitumen foi feita com um agregado 0/14, mas de um tipo muito duro e uma taxa de
asfalto de 4,2% (GOACOLAU et al., 1996).
A pista foi então foi submetida ao carregamento que ocorreu em 2 fases distintas:
¾ Segunda fase: fase de fadiga. Foi realizada em agosto de 1995. Eram esperadas 1,5
milhões de passadas, mas chegou-se a 3,5 milhões de passagens para uma carga de
6,5 toneladas de um eixo simples de rodas duplas.
Possui uma grande vantagem econômica e tem a facilidade de poder ser adaptada para
fabricação em usina de solos, com prazo de aplicação grande possibilitando maiores
distâncias de transporte e aplicação retardada (GOACOLAU et al., 1996).
66
2.3.6 A Espuma de Asfalto na Reciclagem a Frio de Pavimentos
67
Figura 2.18 - Usina Móvel a Frio KMA 150 (WIRTGEN, 2001)
68
Figura 2.20 - A Evolução dos Equipamentos Wirtgen para Reciclagem a Frio
com Espuma de Asfalto (WIRTGEN, 2001)
69
2.3.6.1 A Experiência Brasileira com Espuma de Asfalto
No Brasil, a primeira reciclagem com espuma de asfalto foi realizada no estado do Paraná,
durante a fase de recuperação inicial de um pavimento do Programa de Concessão de
Rodovias, em março de 1998. Os serviços foram realizados em um segmento da rodovia
BR-277, no trecho compreendido entre Irati e o entrocamento de Prudentópolis (km
245+000 ao km 275+520), que faz parte do Lote 04 do Anel de Integração do Paraná. Esse
segmento da rodovia apresentava um alto grau de deterioração, exigindo sua restauração
em caráter emergencial. A extensão da obra foi de aproximadamente 30 km de rodovia em
pista simples, com largura de 7,10m e outros com largura de 10,0 m, complementada por
alguns segmentos com terceira faixa (LUCAS et al., 2000).
A estrutura do pavimento existente foi construída em 1972 e até então não havia sido
restaurada. Tal estrutura era do tipo flexível, com elevada espessura de material granular e
apresentava baixos módulos resilientes, fato esse que veio a gerar um alto grau de
trincamento e de deformações no revestimento após 26 anos. Tais fatores contribuíram para
que a técnica de reciclagem com espuma de asfalto fosse adotada. A execução do serviço,
portanto, teve por objetivo a reconstrução das camadas mais superficiais do pavimento para
exercer a função de uma nova base, para posterior recapeamento com uma mistura asfáltica
a quente densa. Foi reciclada uma espessura de 12cm (5cm de revestimento mais 7cm de
base), com adição de 1% de cimento Portland e 3,5% de espuma de asfalto. Tais índices
foram obtidos através do projeto de reciclagem com espuma de asfalto que indicou a
melhor relação custo/benefício e uma relação de resistência a tração remanescente de 73%
(LUCAS et al., 2000).
Também em 1998, foi realizada uma experiência na Rodovia dos Imigrantes (SP-160).
Como na época a tecnologia era pouco difundida no Brasil, foi executado um trecho
experimental com aproximadamente 1km de extensão localizado na pista sul, km 35+400 a
km 36+000, faixas 1, 2, 3 e 4. Desde então, o trecho vem sendo acompanhado pela Ecovias
(WIRTGEN, 2000).
70
A tecnologia de espuma de asfalto já foi testada em vias municipais. Na cidade do Rio de
Janeiro, por exemplo, foi realizada na Avenida das Américas nos meses de maio e junho de
1999, uma reciclagem em um trecho situado entre as avenidas Ayrton Senna e Salvador
Allende (MOTTA et al., 2000). Nesta obra, talvez pela primeira vez no Brasil, tenha sido
introduzido o rolo pé de carneiro para obter compactação adequada quando o corte tem
proporção grande de base em relação à capa.
Depois dos bons resultados alcançados nas primeiras experiências brasileiras, a reciclagem
com espuma de asfalto não parou de ser executada em obras de grande vulto, e desde então
vem se tornando objeto de estudo de pesquisadores brasileiros.
Algumas obras realizadas no Brasil fazem parte desse estudo e são descritas no Capítulo 3.
Como principal parâmetro definidor dos teores adequados de asfalto e cimento à mistura foi
escolhida a resistência à tração por compressão diametral (LUCAS et al., 2000;
WIRTGEN, 1998 e DNER-ES 405/2000).
σt = (2F / π D H) (2.4)
onde:
71
D - diâmetro do corpo de prova
H - Altura do corpo de prova
Para esse ensaio os corpos de prova Marshall, após a compactação, passam por um período
de cura de 72horas em estufa a 600C.
MOTTA e PINTO (1994) mostram que existe correlação entre a resistência à tração
estática e o módulo de resiliência de misturas asfálticas tradicionais que pode ser utilizada
em anteprojeto para estimar o módulo elástico das misturas.
72
• 0,25 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral seca
• 0,15 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral saturada a 250C
• 0,40 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral seca
• 0,20 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral saturada, a
250C
Como se vê, o mais comum é exigir um valor mínimo de 50% de relação de resistência a
250C, também chamada de relação das resistências, que é dada pela equação 2.5, exceto em
DNER-ES 405/2000 que é exigido um valor em torno de 60%:
onde:
73
PEREIRA et al. (2002) desenvolveram um estudo objetivando verificar quais os tipos de
aglomerantes podem ser utilizados com eficiência na reciclagem com espuma de asfalto.
Para tal foram moldados corpos de prova utilizando o cimento asfáltico com penetração de
50 (0,10mm), material fresado, pó de pedra e três tipos de aglomerantes adicionais: cal
hidratada, cimento e pó calcário. Todas as proporções dos materiais foram mantidas,
variando apenas o tipo de aglomerante e o teor de espuma de asfalto. O material fresado foi
proveniente da Rodovia PR-151, trecho Piraí do Sul-Jaguariaíva (estaca 6451). As amostras
tinham a seguinte composição:
Os resultados obtidos por PEREIRA et al. (2002) encontram-se resumidos na tabela 2.14.
Ressalta-se que os valores adotados como mínimos por PEREIRA et al. (2002) foram de
0,40 MPa para Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca e 0,20 MPa para
Resistência à Tração por Compressão Diametral Saturada.
Com os resultados obtidos para Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca e
Saturada e Relação das Resistências, PEREIRA et al. (2002) concluíram que os resultados
alcançados com o cimento foram os melhores. Entretanto, a cal hidratada apesar de conferir
valores um pouco menores de resistência em comparação ao uso do cimento, apresentou
valores acima dos adotados como mínimos e como o seu custo chega a ser 50% menor que
o custo do cimento, tem-se na cal uma boa opção de aglomerante adicional. Já o pó calcário
não apresentou bons resultados para a percentagem adotada no estudo.
74
Tabela 2.14 - Comparativo dos resultados obtidos com corpos de prova moldados com
o ligante asfáltico de penetração 50 (0,10 mm) com cal hidratada ou cimento Portland
ou o pó calcário, como produto adicional (PEREIRA et al., 2002)
PEREIRA et al. (2002) também fizeram um relato sobre a influência do tipo de asfalto no
comportamento da mistura reciclada obtendo resultados através de corpos de prova
moldados com asfaltos de penetração 50, 100 e 150 (0,10 mm), utilizando primeiramente a
cal hidratada como aglomerante adicional e depois cimento Portland.
Para o primeiro caso PEREIRA et al. (2002) concluem que os valores individuais de
resistência à tração por compressão diametral dos corpos de prova moldados com o asfalto
mais viscoso apresentaram-se maiores em relação aos corpos de prova moldados com os
asfaltos menos viscosos, entretanto os corpos de prova com asfaltos de penetração 100 e
150 (0,10 mm) não alcançaram os valores de resistência à tração por compressão diametral
seca especificada, no caso 0,40 MPa. Ressaltam, porém, as altas porcentagens de relação
das resistências quando da utilização dos asfaltos mais leves. Acreditam os autores que a
melhor dispersão dos ligantes leves na mistura reciclada propiciou menor permeabilidade
nos corpos de prova, que é uma característica desejável e importante na confecção de uma
base asfáltica. As condições de resistência à tração por compressão diametral saturada
foram atendidas plenamente pelos três asfaltos utilizados.
75
Para os corpos de prova que foram moldados utilizando o cimento, os valores individuais
de resistência à tração por compressão diametral seca e saturada encontram-se acima do
especificado, sendo que para asfaltos menos viscosos a resistência à tração por compressão
diametral indireta seca apresentou valores ligeiramente maiores.
•
Média dos valores das resistências à tração por compressão diametral seca (amostra
com cimento) = 0,55 MPa
•
Média dos valores das resistências à tração por compressão diametral seca (amostra sem
cimento) = 0,42 MPa
•
Média dos valores das resistências à tração por compressão diametral saturada (amostra
com cimento) = 0,31 MPa
•
Média dos valores das resistências à tração por compressão diametral saturada (amostra
sem cimento) = 0,20 MPa
76
No outro estudo, PINTO (2002) mostrou a influência do tipo de CAP e do tipo de
aglomerante nas misturas recicladas com espuma de asfalto, para isso foram utilizados três
tipos de CAP: CAP20, CAP 100/120 e CAP 150/200 e dois tipos de aglomerantes: cimento
e cal.
Para o CAP 20 o teor ótimo de espuma de asfalto quando se utilizou 1% de cimento foi de
3,2% em peso e para 1% de cal foi de 2,8% em peso.
Para o CAP 100/1200 o teor ótimo de espuma de asfalto quando se utilizou 1% de cimento
foi de 2,4% em peso e para 1% de cal foi de 2,3% em peso.
Para o CAP 150/200 o teor ótimo de espuma de asfalto quando se utilizou 1% de cimento
foi de 1,6% em peso e para 1% de cal foi de 2,3% em peso.
PINTO (2002) observou que as misturas com cimento apresentaram resistências superiores
às com cal, para todos os tipos de CAPs e nas duas condições impostas (seca e saturada),
evidenciando que uma pequena porcentagem de cimento ajudou a melhorar as propriedades
de resistência das misturas e para os três tipos de CAPs os valores da resistência à tração
por compressão diametral seca com adição de cimento são muito próximos, mostrando que
a partir do seu estudo não se pôde observar influência significativa do tipo de CAP nas
propriedades das misturas.
77
Mistura com CAP- 100/120; cimento; condição seca: 2.854 MPa
Mistura com CAP- 100/120; cal; condição seca: 1.966 MPa
Mistura com CAP- 100/120; cimento; condição saturada: 2.152 MPa
Mistura com CAP- 100/120; cal; condição saturada: 1296 MPa
Com base nestes resultados PINTO (2002) conclui "que as misturas com adição de cimento
(1%) apresentaram valores de módulo de resiliência superiores às misturas com cal para
todos os tipos de CAPs e para as duas condições (seca e saturada)". Em seu estudo PINTO
(2002) apresenta alguns modelos de fadiga para misturas recicladas com espuma de asfalto
a partir de corpos de prova provenientes de BR-277: NR = 1997.∆σ-4,52 R2 = 0,64 (CAP-20,
com cimento), NR = 76.∆σ-7,16 R2 = 0,95 (CAP-20, com cal).
2.3.6.3 Processo Executivo da Reciclagem à Frio "in situ" com Espuma de Asfalto
Como relatado em 2.2.3.5, a reciclagem a frio "in situ" com espuma de asfalto é realizada
através do emprego de equipamentos apropriados.
No Brasil, a recicladora WR 2500 da WIRTGEN era a mais utilizada até 2000. Permite
fazer a fresagem a frio e ao mesmo tempo a espuma (MOTTA et al., 2000). Ao material
fresado é aspergida a espuma e promove-se a mistura que é deixada na pista onde rolos
compactadores fazem a compactação e a pista é aberta ao tráfego. Caso necessário, utiliza-
se uma motoniveladora para efetuar o nivelamento do greide pois a WR 2500 não possui
mesa vibro-acabadora (MOTTA et al., 2000).
78
A WR 2500 da Wirtgen tem potência de 601 HP, peso de 33 toneladas e é constituída de
uma unidade fresadora e misturadora, na qual é incorporada a espuma de asfalto (LUCAS
et al., 2000).
A ação da recicladora propicia a formação da espuma de asfalto por meio de uma barra de
aspersão com 16 bicos que cobrem toda a largura do equipamento. Cada bico possui a sua
câmara de expansão, onde o asfalto aquecido é espumado, via mistura com água e injetado
uniformemente, como espuma, sobre toda a largura de trabalho da recicladora (WIRTGEN,
2001), o que pode ser visto esquematicamente na figura 2.21.
79
• Máquina fresadora recicladora;
1. Uma única unidade, ou combinação de unidade com reboque e potência única, com
tanque com capacidade mínima para 10.000 litros, preferencialmente 20.000 litros.
Para projetos de alta produção, devem ser analisadas capacidades superiores;
2. Livres de vazamento;
3. Um medidor de nível com exatidão de aproximadamente 100 litros;
4. Um termômetro calibrado para indicar a temperatura do material no fundo do
tanque;
5. Para produção de espuma de asfalto: uma instalação para aquecimento com
capacidade de aumentar em pelo menos 100C por hora a temperatura do conteúdo
do tanque, quando este estiver abaixo de 1000C.
• Um rolo liso para compactar o material reciclado - os rolos são usados para a
compactação de camadas estabilizadas. Ao selecionar o tipo e tamanho do rolo devem
ser analisados os seguintes itens:
80
1. Ter de 10 a 15 t de capacidade para compactar camadas recicladas de até 200 mm
de profundidade;
2. Ter de 15 a 20 t de capacidade para compactar camadas recicladas com
profundidade maior que 200 mm;
3. Escala de freqüência de vibração de 29 a 35 Hz;
Figura 2.24 - Trem tipo de reciclagem com espuma de asfalto (WIRTGEN, 1998)
81
LUCAS et al. (2000) ressaltam a importância da padronização das carretas de asfalto
utilizadas no processo de forma que o acoplamento da saída do asfalto da carreta para a
recicladora seja de um único tipo e que atue de forma eficiente. Também deve ser levado
em consideração a alta produção da recicladora que pode vir a exigir o consumo de 3 a 4
carretas de asfalto por dia. A padronização evita paradas desnecessárias no trabalho de
reciclagem, aumentando a agilidade do processo. Quando um novo tanque é acoplado à
recicladora, devem ser realizadas duas inspeções básicas para assegurar que o asfalto é
aceitável para a espumação (WIRTGEN, 1998):
No caso do projeto indicar materiais adicionais como cimento ou outros, de acordo com a
correção que se necessite para enquadrar na faixa de trabalho adequado, este deve ser
espalhado à frente da recicladora. Essa distribuição pode ser feita manualmente ou através
de equipamentos próprios que já se encontram à disposição no mercado como a
distribuidora de cimento e cal na qual é possível dosar e uniformizar a distribuição de
cimento, cal e outros agentes estabilizadores quando se quer reciclar pavimentos ou
estabilizar solos (PAVISAN, 2002).
82
Durante a operação de reciclagem além da introdução da espuma, recomenda-se a adição de
água, em torno de 80% da umidade ótima do material determinada através do ensaio de
Compactação na energia Proctor Modificado de acordo com DNER-ES 162/1994. A água
adicional necessária também é injetada simultaneamente, via um segundo sistema de
injeção controlado por microprocessadores dentro da própria recicladora (WIRTGEN,
1998).
Algumas das vantagens da utilização da técnica de reciclagem com espuma de asfalto "in
situ" são:
83
• Eliminação da necessidade de equipamentos para beneficiamento de materiais e de
áreas para sua instalação e estocagem;
• Possui tempo de construção mais curto, se comparado aos métodos tradicionais, devido
à grande produção dos equipamentos atuais, trazendo menos transtornos aos usuários,
pois os períodos de interrupção são menores;
• Maior segurança no tráfego durante os serviços, pois o trem de reciclagem pode ser
acomodado em uma das faixas e o tráfego pode ser desviado para a outra;
• Redução dos custos de restauração, por tratar-se de uma reciclagem realizada no local,
necessitando de menor consumo de materiais pela diminuição das despesas com
transporte e pela economia de energia, pois apenas o asfalto necessita de aquecimento e
os agregados serão utilizados frios e semi-úmidos, eliminando a secagem;
84
• Pode melhorar as condições estruturais da via, pois aumenta a resistência ao
cisalhamento e reduz a susceptibilidade à umidade. Evita riscos de fissuração por
trincas de reflexão em revestimentos superiores por reprocessar o revestimento
trincado, mas a mistura final não deve ser muito rígida para que ela própria não induza
trincas ao longo do tempo.
• Elevada produção: média de 3000 m de faixa reciclada (2,50m de largura) por dia.
85
SERVIÇO:
Reciclagem de pavimento com espuma de asfalto COMPOSIÇÃO DE PREÇO UNITÁRIO
RODOVIA: TRECHO:
DATA: SUBTRECHO: UNIDADE: m3
28/08/2000
86
2.3.6.6 Procedimento de Laboratório para o Projeto de Mistura de Reciclagem à Frio
"in situ" com Espuma de Asfalto
Como relatado no item 2.3.3.2, admite-se a resistência à tração por compressão diametral,
ou tração indireta (DNER-ME 138/94) como fator determinante para medir a qualidade das
misturas tratadas com espuma de asfalto.
87
Figura 2.24 - Equipamento Móvel de Laboratório - WLB 10 (WIRTGEN, 2001)
As seguintes etapas devem ser seguidas para se obter um projeto completo de mistura
reciclada com uso de espuma de asfalto:
88
• Um compactador Marshall constituído de pedestal de compactação de madeira capeado
com placa de aço e soquete de compactação.
• Moldes para a compactação com diâmetro de 101,6 ± 0,5mm e 87,3 ± 1mm de altura
com uma placa base e colarinho de extensão para fixação nos moldes.
• Um extrator de corpos de prova.
• Uma balança com capacidade de 5 ± 1kg.
• Um recipiente cheio com água para imergir o corpo de prova.
• Uma cesta de arame.
• Um banho de água à temperatura de 25 ± 10C.
• Uma prensa de compressão com placa de aço de transferência de carga e dois frisos de
carga.
• Câmara de temperatura controlada (25 ± 10C).
• Paquímetro.
• Termômetro (50 ± 0,20C).
• Bomba de vácuo conectada a um manômetro.
89
• Calibrar as taxas de asfalto e fluxo de água do equipamento (WLB 10). A calibração da
descarga de asfalto é feita através do descarregamento do asfalto em um recipiente
tarado, pelo período de um segundo com a bomba funcionando a uma velocidade
controlada e conhecida. O recipiente é então pesado. Repete-se o procedimento com a
bomba funcionando a duas outras velocidades. Fixa-se a velocidade de bombeamento
de tal forma que a descarga do asfalto seja a uma razão de 100 gramas por segundo. O
sistema de fluxo de água é calibrado deixando-se o bombeamento do asfalto fixado
conforme dito anteriormente. Determina-se a massa de água descarregada por um
período de 30 segundos para cada ajuste do medidor de escoamento. Repetir para dois
outros ajustes. Plotar a massa de água descarregada contra cada ajuste da medida de
escoamento necessárias para obter-se a linha de calibração. Determina-se então o ajuste
das medidas de escoamento requeridas para injetar de 1,0 a 5,0% de água.
• Regular o suprimento de ar para proporcionar uma pressão de ar de 100 kPa durante a
produção da espuma.
• Selecionar três temperaturas para as quais as propriedades devem ser medidas.
Geralmente, opta-se por 1600C, 1800C e 2000C.
• Para cada temperatura serão preparadas 5 amostras com conteúdo de água injetada
variando de 1 a 5% em relação ao peso do asfalto.
• Elevar a temperatura do asfalto ao grau necessário e mantê-la por um período de 10 a
15 minutos antes de iniciar a produção de espuma.
• Para cada temperatura serão preparadas 5 amostras com conteúdo de água injetado
variando de 1 a 5% em relação ao peso do asfalto. Para cada amostra são despejadas
500g de espuma num tambor de aço de 20 litros em um período de 5s, a taxa de
expansão e a meia-vida são calculadas como descrito em 2.3.2.
• Plotar um gráfico da taxa de expansão e meia-vida versus teor de umidade para todas as
amostras do mesmo conjunto de eixos, conforme anteriormente mostrado na figura
2.14. O teor ótimo de água a ser adicionado para a produção da espuma é aquele em
que as curvas de taxa de expansão e meia vida se cruzam, ou seja, aquele teor que
otimiza essas duas propriedades.
90
Com isso, tem-se determinado ao teor de água na espuma, a temperatura de espumação, a
taxa de expansão e a meia-vida.
- Granulometria do material fresado após extração. A mistura dos materiais irá compor
uma curva granulométrica, que deve se enquadrar na faixa granulométrica específica
para serviços com espuma de asfalto como anteriormente mostrado na tabela 2.8.
91
As características operacionais da máquina são: Pressão do ar de 4 Bar e Pressão da água de
5 Bar.
(g) Escolhe-se os teores de teste de espuma de asfalto que se vai adicionar, por exemplo:
2,5; 3,0; 3,5. Para cada teor de teste de espuma é colocado no misturador 10kg da mistura
de material fresado + materiais adicionais, obedecendo-se às percentagens previamente
determinadas na alínea (e).
(h) É adicionada água na proporção de 80% da umidade ótima, que foi determinada
conforme descrito na alínea (e). O misturador é acionado por um minuto
(k) Retira-se uma quantidade de cada mistura tratada com espuma de asfalto para o cálculo
do teor de umidade (reservadas em cápsulas numeradas) e extração de betume.
(l) Para cada teor de teste moldam-se, no mínimo, 4 corpos de prova Marshall com 75
golpes por face: 2 para obtenção da resistência à tração por compressão diametral seca e 2
para resistência à tração por compressão diametral saturada.
(n) Decorrido este período, os corpos de prova são desmoldados e colocados em estufa a 60
± 0,1oC durante 72 horas, para cura.
92
(o) Após decorridas as 72h são medidas as características de massa (g), altura (cm),
diâmetro (cm) e densidade de todos os corpos de prova.
(p) Para cada teor de espuma de asfalto, 2 corpos de prova são submetidos à ruptura a seco
e 2 corpos de prova são rompidos após saturação em câmara de vácuo, do tipo campânula
fechada com água e pressão de aproximadamente 1,50 kgf/cm2, a 25oC durante uma hora,
sob vácuo de 50mm de mercúrio
(q) São procedidos os cálculos das resistências à tração por compressão diametral seca e
saturada, conforme a equação 2.4 já tratada em 2.3.6.2.
(r) São traçados gráficos que relacionam as resistências à tração por compressão diametral
seca e saturada, bem como a relação das resistências. O teor ótimo de asfalto é aquele que
maximiza a resistência à tração por compressão diametral saturada, como exemplificado na
figura 2.25.
93
DETERMINAÇÃO DO TEOR ÓTIMO DE ESPUMA DE ASFALTO
94
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DE DESEMPENHO DE
TRECHOS RECICLADOS COM
ESPUMA DE ASFALTO
3.1 - Introdução
Desde que a tecnologia de espuma de asfalto foi introduzida no Brasil, muitas obras têm
contemplado o seu uso, mas pouco se conhece a respeito dos resultados alcançados quando
a mesma é trazida à nossa realidade, ou seja, como a espuma de asfalto se comporta quando
associada aos agregados locais e produzida a partir dos asfaltos brasileiros.
Com o apoio da empresa Pavisan, que executou a maioria das obras brasileiras, foi possível
obter alguns corpos de prova retirados e enviados à COPPE provenientes de algumas destas
obras para análise. Embora nem sempre a quantidade de corpos de prova tenha sido a ideal,
optou-se por mostrar todo o banco de dados para auxiliar trabalhos futuros sobre o assunto.
95
• Rodovia SP-330 (Anhanguera, km 165 a 234)
• Rodovia BR-277 (Entre São Luís do Purunã a Campo Largo no Estado do Paraná)
• Rodovia BR-354 (Formiga/ MG)
Durante os anos de 2000, 2001 e 2002 vários corpos de prova das obras citadas no item
anterior foram enviados ao laboratório da COPPE/UFRJ para análise. Foram então
realizados ensaios de Densidade (DNER-ME 177/94), Resistência à Tração por
Compressão Diametral Seca e Saturada (DNER-ME 138/94) e Módulo de Resiliência
(DNER-ME 133/94).
A autora do presente estudo ressalta que as informações contidas nas tabelas com título:
"Características Executivas da Reciclagem" foram enviadas pelas empresas construtoras
responsáveis.
Quatro corpos de prova da Rodovia PR-151 foram enviados ao laboratório da COPPE pela
empresa PAVISAN (Nos 4820, 4821, 4822 e 4823). Desses quatro corpos de prova, dois
foram reciclados com incorporação de espuma de asfalto (Nos 4820, 4821) e os outros dois,
sem incorporação de espuma de asfalto (Nos 4822 e 4823) para que se pudesse fazer uma
avaliação do ganho de resistência imposto pela mesma. A tabela 3.1 mostra as
características executivas da reciclagem na Rodovia PR-151/373 e a tabela 3.2 os
resultados dos ensaios. Os ensaios de caracterização foram realizados no laboratório da
COPPE e os ensaios de resistência à tração por compressão diametral e módulo de
resiliência foram feitos no laboratório do IPR.
96
Tabela 3.1 - Características Executivas da Reciclagem na Rodovia PR-151
Rodovia PR - 151
Espessura da camada reciclada, cm 15
Tipo de revestimento existente na pista a
reciclar CBUQ com espessura de 5 cm
Relação
Altura Diâmetro
o MR σT seco σT saturado das
N do CP Média Médio Dap Def
(MPa) (MPa) (MPa) Resist.
(cm) (cm)
(%)
Lab. Projeto
Onde:
• Dap = Densidade Aparente (Dap = Pseco /(Pseco - Pimerso))
• Def = Densidade Efetiva (Def = Pseco /(Púmido - Pimerso))
• MR = Módulo de Resiliência
• σT seco = Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
• σT saturado = Resistência à Tração por Compressão Diametral Saturada
97
Os resultados mostram que para os corpos de prova com a adição da espuma de asfalto (Nos
4820 e 4821) os valores encontrados de resistência à tração por compressão diametral, tanto
seca quanto saturada, alcançaram os valores mínimos estabelecidos tanto pela norma DNER-
ES 405/2000, quanto pelos parâmetros internacionais. No entanto, os corpos de prova que
foram reciclados sem espuma de asfalto (Nos 4820 e 4821) não atingiram os valores mínimos
de resistência estabelecidos, mas o valor da relação das resistências foi um pouco maior em
relação ao obtido nos corpos de prova com adição da espuma, indicando uma boa resistência
à ação da água, apesar de nos dois casos terem sido alcançados o valor mínimo estabelecido
de 50%. Já os valores de Módulo de resiliência foram muito superiores nos corpos de prova
com espuma de asfalto com pode ser visto na figura 3.1.
Módulo de Resiliência, kgf/cm2
30000
24904
25000
20000
15000
10000
5258
5000
0
Com espuma Sem espuma
98
Tabela 3.3 - Valores de MR e MR/σT seco para o caso da Rodovia PR-151
Foram enviados vinte corpos de prova ao laboratório da COPPE pela empresa PAVISAN
(Nos 4833 a 4852). As tabelas 3.4 e 3.5 mostram as características executivas da reciclagem
na Rodovia PR-151 (Piraí do Sul) e a tabela 3.6 os resultados dos ensaios. Os ensaios de
caracterização e de módulo de resiliência foram realizados no laboratório da COPPE e os
ensaios de resistência à tração por compressão diametral seca e saturada foram feitos no
laboratório do IPR.
Rodovia PR 151
Espessura da camada reciclada, cm 15
Tipo de revestimento existente na pista a
CBUQ com espessura de 5 cm
reciclar
Características da Base Não informado
Revestimento colocado sobre a base reciclada
CBUQ com espessura de 5 cm
99
Obs: Os corpos de prova Nos 4851 e 4852 possuem em sua composição além de cimento e
espuma, pó de pedra e calcário.
4833 28/07/2002
4834 28/07/2002
4835 29/07/2002
4836 29/07/2002
4837 30/07/2002
4838 30/072002
4839 31/07/2002
4840 31/07/2002
4841 04/08/2002
4842 04/08/2002
4843 05/08/2002
4844 05/08/2002
4845 06/08/2002
4846 06/08/2002
4847 07/08/2002
4848 07/08/2002
4849 08/08/2002
4850 08/08/2002
4851 09/08/2002
4852 09/08/2002
100
Tabela 3.6 - Resultados dos Ensaios da Rodovia PR-151
Relação
Altura Diâmetro
o MR σT seco σT saturado das
N do CP Média Médio Dap Def
(MPa) (MPa) (MPa) Resistên-
(cm) (cm)
cias, %
Lab. Projeto
4833 01 6,78 10,22 2,23 2,01 1.025 0,37 - -
4834 02 6,70 10,18 2,35 2,13 1.380 - 0,26 69
4835 03 6,81 10,28 2,37 2,13 2.032 0,36 - -
4836 04 6,73 10,20 2,40 2,15 1.942 - 0,28 78
4837 05 6,70 10,23 2,36 2,15 1.540 0,41 - -
4838 06 6,74 10,22 2,40 2,15 1.949 - 0,24 58
4839 07 6,67 10,21 2,38 2,03 2.610 0,49 - -
4840 08 6,77 10,24 2,32 2,10 1.727 - 0,26 52
4841 09 6,86 10,20 2,26 2,09 1.741 0,39 - -
4842 10 6,94 10,19 2,29 2,08 1.456 - 0,25 64
4843 11 6,84 10,21 2,25 2,09 2.114 0,44 - -
4844 12 6,91 10,21 2,29 2,09 1.711 - 0,24 54
4845 13 6,92 10,19 2,31 2,08 2.064 0,37 - -
4846 14 6,65 10,19 2,36 2,13 2.552 - 0,27 73
4847 15 6,75 10,22 2,38 2,13 3.493 0,60 - -
4848 16 6,83 10,20 2,36 2,10 2.304 - 0,26 44
4849 17 6,83 10,20 2,36 2,09 1.519 0,39 - -
4850 18 6,93 10,20 2,32 2,05 1.884 - 0,27 71
4851 19 7,04 10,20 2,31 2,01 612 0,19 - -
4852 20 6,82 10,22 2,37 2,14 1.249 - 0,19 99
Onde:
• Dap = Densidade Aparente (Dap = Pseco /(Pseco - Pimerso))
• Def = Densidade Efetiva (Def = Pseco /(Púmido - Pimerso))
• MR = Módulo de Resiliência
• σT seco = Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
• σT saturado = Resistência à Tração por Compressão Diametral Saturada
101
Todos os valores individuais de resistência à tração por compressão diametral seca e saturada
dos corpos de prova Nos 4833 a 4850 atendem ao mínimo estabelecido em DNER - ES
405/2000 e somente os valores de resistência à tração seca dos corpos de prova Nos 4833,
4835, 4841, 4845 e 4849 não atenderam ao preconizado como mínimo por estudos
internacionais. Já os corpos de prova N0s 4851 e 4852 tiveram resultados diferenciados do
conjunto devido ao fato da composição da mistura reciclada ser diferente dos demais
possuindo calcário e pó de pedra. A figura 3.2 mostra a estatística dos resultados encontrados
para resistência à tração por compressão diametral seca e saturada que tiverem
respectivamente valores de desvio padrão de 0,75 e 0,15, mostrando que os valores de
resistência seca tiveram maior dispersão.
6,5
6 5,97
5,5
2
Res.à Tração por Compressão Diametral, kgf/cm
4,5
4,26
4 M ínimo
M áximo
3,61
3,5 M edia
3
2,82
2,6
2,5
2,38
2
1,5
1
Seca S aturada
Figura 3.2 - Estatística dos Valores de Resistência à Tração por Compressão Diametral
102
Na figura 3.3 podemos observar a correlação entre o Módulo de Resiliência e a Resistência à
Tração por Compressão Diametral Seca e a tabela 3.7 mostra a relação MR/σT seco.
40000
MR = 7051,6 σΤ(seca) - 9229,5
35000
2
30000 R = 0,7967
MR, (kgf/cm )
2
25000
20000
15000
10000
5000
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
σΤ (seco), (kgf/cm2)
103
Tabela 3.7 - Valores de MR e MR/σT seco para o caso da Rodovia PR-151
Mais quatro corpos de prova foram enviados provenientes da PR-151 (Nos 4542 ,4543, 4544
e 4545), os dois primeiros são da estaca 5857 e os outros dois da estaca 5892. Todos os
corpos de prova foram rompidos a seco. Todos os ensaios foram realizados na
COPPE/UFRJ. A tabela 3.8 mostra as características executivas da reciclagem na Rodovia
PR-151 na estaca 3454 e a tabela 3.9 os resultados dos ensaios.
104
Tabela 3.8 - Características Executivas da Reciclagem na Rodovia PR-151
Rodovia PR 151
Espessura da camada reciclada, cm 15
Tipo de revestimento existente na pista a CBUQ com espessura de 4 cm
reciclar
Características da Base Brita graduada com espessura de 20 cm
Revestimento colocado sobre a base reciclada CBUQ com espessura de 5 cm
Local de moldagem dos Corpos de Prova Sonda Rotativa, após 15 dias de execução
Altura Diâmetro
σT seco
No do CP Média Médio Dap Def
(MPa)
(cm) (cm)
Lab. Projeto
4542 22 6,02 10,07 2,11 2,06 0,39
4543 23 5,79 10,08 2,08 1,93 0,15
4544 24 6,45 9,99 2,11 2,08 0,31
4545 25 4,24 10,04 2,11 2,01 -
Onde:
• Dap = Densidade Aparente (Dap = Pseco /(Pseco - Pimerso))
• Def = Densidade Efetiva (Def = Pseco /(Púmido - Pimerso))
• MR = Módulo de Resiliência
• σT seco = Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
• σT saturado = Resistência à Tração por Compressão Diametral Saturada
105
Os valores de resistência à tração por compressão diametral seca foram menores que os
mínimos estabelecidos por estudos internacionais (0,40 MPa), mas quando comparados ao
mínimo da especificação DNER-ES 405/2000, somente o corpo de prova No 4543 não atende
ao mínimo especificado (0,25 MPa). Os baixos valores de resistência à tração por
compressão diametral seca podem estar associados à pequena espessura de CBUQ existente
na rodovia, o que pode ter ocasionado um baixo teor de asfalto residual contribuindo pouco
para a eficiência da reciclagem.
Da Rodovia SP-330 foram enviados 9 corpos de prova (Nos 4596, 4597, 4598, 4599, 4600,
4601, 4602, 4603 e 4604) que reproduziram todos os tipos de misturas realizadas, já que a
tabela 3.8 mostra as variações de projeto da mistura reciclada existentes ao longo do trecho.
Os corpos de prova Nos 4596, 4597, 4598, 4599 e 4600 são referentes ao km 165+215m, e
os de Nos 4601, 4602, 4603 e 4604 pertencem respectivamente ao km 164+900 m, km
204+300 m, km 205+280m, km 233+740m. Todos os corpos de prova foram rompidos a
após a realização do ensaio de módulo de resiliência. As tabelas 3.10 e 3.11 mostram as
características executivas da reciclagem na Rodovia SP-330 e a tabela 3.12 os resultados
dos ensaios. Os ensaios de caracterização, módulo de resiliência e resistência à tração por
compressão diametral foram realizados no laboratório da COPPE.
106
Tabela 3.10 - Características Executivas da Reciclagem na Rodovia SP-330
107
Tabela 3.12 - Resultados dos Ensaios da Rodovia SP-330
Altura Diâmetro
MR σT seco
No do CP Média Médio Dap Def
(MPa) (MPa)
(cm) (cm)
Lab. Projeto
4596 26 5,99 10,20 2,43 2,31 3551 0,54
4597 27 5,89 10,16 2,40 2,32 3971 0,40
4598 28 6,01 10,19 2,37 2,30 4203 0,49
4599 29 6,05 10,17 2,36 2,27 2773 0,50
4600 30 6,01 10,31 2,30 2,23 3609 0,42
4601 31 5,51 10,09 2,46 2,37 1413 -
4602 32 6,44 10,14 2,36 2,33 3751 0,50
4603 33 6,19 10,13 2,35 2,31 4688 -
4604 34 4,88 10,16 2,39 2,35 2628 0,39
Onde:
• Dap = Densidade Aparente (Dap = Pseco /(Pseco - Pimerso))
• Def = Densidade Efetiva (Def = Pseco /(Púmido - Pimerso))
• MR = Módulo de Resiliência
• σT seco = Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
Obs.: Os Corpos de prova Nos 4601 e 4603 romperam durante o ensaio de módulo de
resiliência.
A partir da tabela 3.12, que mostra os resultados obtidos, não se tem grandes variações nos
valores médios de Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca, quando se usa cal
(Corpos de Prova Nos 4596, 4597, 4598, 4599, com média de 0,47 MPa ou cimento (Corpos
de Prova Nos 4602, 4604, com média de aproximadamente 0,45 MPa) como se observa na
figura 3.4.
108
6
5,5
5
2
Compressão Diametral Seca, kgf/cm
4,5
Resistência à Tração por
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Cal Cimento
Figura 3.4 - Variação dos Valores de Resistência à Tração por Compressão Diametral
Seca em Função do Tipo de Aglomerante para o Caso da SP-330
109
Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
5,5
Resitância à Tração por Compressão Diametral
5
2
Seca, kgf/cm
4,5
4
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Teor de Espuma de Asfalto Incorporado, %
Figura 3.5 - Variação da Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca com o
Teor de Espuma de Asfalto Incorporado para o caso da SP-330
45000
Módulo de Resiliência, kgf/cm2
40000
35000
30000
25000
20000 MR = 1425,8σΤ (seco) + 29065
2
15000 R = 0,0205
10000
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca, kgf/cm2
110
A variação da média dos valores de módulo de resiliência quando se usa cal ou cimento é
mostrada na figura 3.7 e a tabela 3.13 mostra a relação MR/σT seco.
40000
Módulo de Resiliência, kgf/cm 2
35000
30000
25000
20000
Cal Cimento
111
3.6 - Rodovia BR-277
Da Rodovia BR 277, trecho compreendido entre São Luís do Purunã a Campo Largo foram
enviados 5 corpos de prova (Nos 4726, 4727, 4728, 4729 e 4730) pertencentes à estaca 3652
(Paraná). Desses cinco corpos de prova, três foram rompidos a seco e dois por via úmida.
Os ensaios de caracterização e de módulo de resiliência foram realizados no laboratório da
COPPE e os ensaios de resistência à tração por compressão diametral seca e saturada foram
feitos no laboratório do IPR. A tabela 3.14 mostra as características executivas da
reciclagem na Rodovia BR-277 e a tabela 3.15 os resultados dos ensaios.
Rodovia BR 277
(São Luís do Purunã a Campo Largo)
Espessura da camada reciclada, cm 15
Tipo de revestimento existente na pista a
CBUQ com espessura de 10 cm
reciclar
Características da Base Brita graduada com espessura de 20 cm
Revestimento colocado sobre a base reciclada CBUQ com espessura de 6 cm
112
Onde:
Todos os valores de resistência à tração por compressão diametral seca ou saturada foram
acima do especificado e um valor de relação das resistências ficou abaixo do recomendado,
porém apesar de a média ter atingido 50%, esse valor é considerado baixo, indicando que a
mistura tende a ser susceptível à ação da água. A tabela 3.16 mostra a relação MR/σT seco.
4726 4.592
4727 2.873
4728 4.513
4729 -
4730 -
Três corpos de prova provenientes da BR-277 foram retirados da pista após 15 dias da
execução e enviados para realização de ensaios (Nos 4539, 4540 e 4541). Os corpos de
prova foram retirados da estaca 3754 e como o número era pequeno, todos foram rompidos
à seco. Todos os ensaios foram realizados no laboratório da COPPE/UFRJ. A tabela 3.17
113
mostra as características executivas da reciclagem na Rodovia BR-277 na estaca 3454 e a
tabela 3.18 os resultados dos ensaios.
Rodovia BR 277
Espessura da camada reciclada, cm 15
Tipo de revestimento existente na pista a CBUQ com espessura de 5 a 10 cm
reciclar
Características da Base Brita graduada com espessura de 20 cm
Revestimento colocado sobre a base reciclada CBUQ com espessura de 5 cm
Local de moldagem dos corpos de prova Sonda Rotativa, após 15 dias de execução
CAP utilizado para espumar CAP 100/120
Teor de espuma de asfalto, % 3,0
Tipo e teor de cimento, % CP III, 1
Data de execução dos serviços 21 a 23/05/2001
No do CP Altura Diâmetro
Média Médio σT seco
Dap Def
(cm) (cm) (MPa)
Lab. Projeto
4539 19 4,34 10,07 2,23 2,22 0,74
4540 20 5,69 10,16 2,24 2,22 0,90
4541 21 5,58 10,16 2,20 2,14 0,57
Onde:
114
• σT seco = Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca
• σT saturado = Resistência à Tração por Compressão Diametral Saturada
Os resultados de resistência à tração por compressão diametral seca encontrados foram acima
do mínimo especificado qualquer que seja o parâmetro de referência. Observa-se que esses
resultados são superiores aos encontrados na tabela 3.13 que são da mesma rodovia, a média
das resistências secas que era de 0,63 MPa foi para 0,72 MPa nos corpos de prova retirados
da pista. Apesar de serem provenientes de estacas diferentes, ressalta-se o ganho de
resistência, que pode estar correlacionado com o tempo de cura, já que foram retirados após
15 dias de execução, bem como ao aumento do teor de espuma incorporado, que passou de
1,5% a 3,0%.
115
Tabela 3.19 - Características Executivas da Reciclagem na Rodovia BR-354
Rodovia BR-354/MG
Espessura da camada reciclada, cm 20
Tipo de revestimento existente na pista a CBUQ com espessura de 5 a 10 cm
reciclar
Características da base Base de saibro silto arenoso com espessura
de 20 cm
Revestimento colocado sobre a base CBUQ com espessura de 11 cm em duas
reciclada camadas
116
Tabela 3.20 - Características Executivas da Reciclagem na Rodovia BR-354/MG
(Complementar)
117
Tabela 3.21 - Resultados dos Ensaios da Rodovia BR-354/MG
Altura Diâmetro
o MR σT seco
N do CP Média Médio Dap Def
(MPa) (kgf/cm2)
(cm) (cm)
Lab. Projeto
3996 01 6,66 10,21 2,19 2,16 3.851 0,54
3997 02 6,55 10,18 2,22 2,18 3.052 0,56
3998 03 6,94 10,18 2,12 2,00 1.648 0,16
3999 04 6,65 10,16 2,17 2,14 4.027 0,52
4000 05 6,60 10,19 2,18 2,16 3.768 0,56
4001 06 7,26 10,28 2,12 1,97 1.670 0,14
4158 07 5,24 09,98 2,12 2,10 4.342 0,56
4159 08 5,26 10,01 2,13 2,11 5.205 0,50
4160 09 5,17 10,09 2,13 2,11 5.505 0,71
4161 10 5,24 10,08 2,11 2,08 4.010 0,65
4162 11 6,41 09,97 2,14 2,12 4.642 0,55
4163 12 5,48 09,99 2,12 2,08 5.470 0,58
4190 13 5,85 10,03 2,21 2,17 2.145 0,30
4191 14 5,27 10,05 2,21 2,18 2.859 0,23
4192 15 5,65 10,07 2,21 2,17 2.541 0,80
4193 16 4,17 10,06 2,20 2,15 1.680 0,20
4315 13 6,38 10,03 2,19 2,13 2.899 0,40
4316 14 5,46 10,10 2,20 2,12 2.837 0,40
4317 15 6,23 10,08 2,16 2,12 4.261 0,52
4318 16 5,47 10,06 2,20 2,05 1.822 0,22
4319 17 6,24 10,00 2,19 2,16 3.706 0,76
4320 18 5,90 10,01 2,20 2,12 2.178 0,31
118
Onde:
Os valores individuais de resistência à tração por compressão diametral de uma maneira geral
obtiveram 68% dos resultados atendendo ao estabelecido em DNER-ES 405/200 e essa
percentagem muda pouco quando o parâmetro de comparação é o internacional.
Observa-se que os corpos de prova nos 4190, 4191, 4192 e 4193 obtiveram valores muito
baixos de resistência à tração por compressão diametral seca, tal fato provavelmente está
ligado à moldagem dos corpos de prova, já que os mesmos foram moldados em laboratório, o
que pode ter ocasionado perda de umidade e por conseqüência má compactação, já que os
valores de densidades são mais altos que os demais. A figura 3.8 mostra a estatística dos
valores encontrados de resistência à tração por compressão diametral, sendo que o desvio
padrão foi de 0,23.
119
2
Resistência à Tração por Compressão Diametral, kgf/cm
8,5
8 7,8
7,5
7
6,5
6
5,5
5 M ínimo
4,5
4,1 M áximo
4
3,5 M édia
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0 0,2
Seca
A dispersão dos valores é explicada pelas diferentes composições dos corpos de prova, pois
os mesmos foram moldados com teor de espuma de asfalto variando de 2,8 a 3,5% e o teor
de cimento variando de 1,5 a 2,5%.
Analisando o ganho de resistência devido ao teor de cimento utilizado, tomou-se por base
dois grupos de corpos de prova que tiveram 3,0% de espuma de asfalto incorporada e o teor
de cimento variando nas proporções de 1,5 e 2,0%, que são respectivamente, Grupo 1:
corpos de prova N0s 4190, 4191, 4192 e 4193 e Grupo 2: corpos de prova Nos 3996, 3997,
3998, 3999, 4000, 4001, 4319 e 4320, os resultados mostram um ganho de resistência bem
considerável quando se acrescentou 0,5% de cimento à mistura para esse caso. A figura 3.9
mostra os resultados.
120
Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca, kgf/cm2
5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1,5%decimento 2%decimento
Figura 3.9 - Variação dos Valores de Resistência à Tração por Compressão Diametral
Seca com o Incremento de Cimento
A tabela 3.22 mostra a relação MR/σT seco. O gráfico da figura 3.10 mostra a correlação entre
o módulo de resiliente a resistência à tração por compressão diametral seca.
121
Tabela 3.22 - Valores de MR e MR/σT seco para o caso da Rodovia BR-354
No do Corpo de Prova MR/σT seco
3996 7.274
3997 5.558
3998 10.506
3999 7.899
4000 6.863
4001 12.167
4158 7.909
4159 10.618
4160 7.908
4161 6.293
4162 8.609
4163 9.620
4190 -
4191 12.679
4192 32.398
4193 -
4315 7.393
4316 7.234
4317 8.358
4318 8.447
4319 4.846
4320 6.942
122
60000
55000
50000
2
Módulo de Resiliência, kgf/cm
45000
40000
35000
30000
15000
10000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
2
Resistência à Tração por Compressão Diametral, kgf/cm
123
utilizada foi a Stepwise que é assim definida: "Seleção das variáveis independentes x1, x2,
...., xn pela ordem de importância do modelo de regressão na predição de Y - Coeficiente de
Correlação Múltipla seria a estatística para esta seleção" (SOUZA E VASCONCELOS,
1995). Segundo SOUZA E VASCONCELOS (1995) o procedimento geral par uma
regressão do tipo Stepwise é :
(a) Escolha do subconjunto Sk; k = 1, 2, ..., p de k variáveis independentes que têm o maior
coeficiente de correlação múltipla.
(b) Regressão de Y em Si; testar a hipótese de que a inclusão das "p-1" variáveis
independentes restantes não melhoram a predição de Y. Estatística do teste: F.
(c) Se a hipótese em (b) é rejeitada, fazer regressão de Y em S2 e testar a hipótese que a
inclusão das "p-2" variáveis independentes restantes não melhora a predição de Y.
Estatística do teste: a mesma de (b).
(d) Repetir o procedimento sucessivamente até que para algum Sm: 1 ≤ m ≤ p, a hipótese de
que a inclusão das "p-m" variáveis independentes restantes não melhora a predição de Y
é aceita. Sm é o conjunto ótimo de variáveis independentes para predição de Y.
Para os dados encontrados nos estudos de caso anteriores foi encontrada a seguinte equação
de regressão, com R2=0,74:
124
valores não divergem muito dando assim uma noção de ordem de grandeza do valor de
módulo que se pode esperar da mistura que se deseja analisar.
Tabela 3.23 - Resultado da Regressão Gerada pelo SPSS
Descriptive Statistics
Mean Std. Deviation N
MR 29655,9318 12582,9079 44
RESIST 4,3034 1,8381 44
ESPUMA 2,5545 0,7651 44
FILLER 1,7386 0,7029 44
Model Summary
R R Adjusted Std. Error of Change
Square R Square the Estimate Statistics
Model R Square F Change df1 df2 Sig. F
Change Change
1 ,666 ,443 ,430 9500,3615 ,443 33,431 1 42 ,000
2 ,830 ,689 ,674 7185,5458 ,246 32,419 1 41 ,000
3 ,862 ,742 ,723 6620,2747 ,053 8,300 1 40 ,006
4 ,851 ,724 ,711 6766,2090 -,018 2,827 1 42 ,100
a Predictors: (Constant), FILLER
b Predictors: (Constant), FILLER, RESIST
c Predictors: (Constant), FILLER, RESIST, ESPUMA
d Predictors: (Constant), RESIST, ESPUMA
e Dependent Variable: MR
Coefficients
Unstandardized
Coefficients
Model B Std. Error
1 (Constant) 8935,319 3859,268
FILLER 11917,738 2061,193
2 (Constant) -2622,791 3555,402
FILLER 9962,822 1596,333
RESIST 3475,616 610,422
3 (Constant) -11566,238 4512,924
FILLER 4182,863 2487,556
RESIST 4068,307 598,846
ESPUMA 6436,411 2234,047
4 (Constant) -13751,260 4417,067
RESIST 4467,548 561,885
ESPUMA 9466,069 1349,984
a Dependent Variable: MR
125
60000
55000
50000
Módulo de Resiliência, kgf/cm
45000
40000
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Encontrado Previsto
Utilizou-se os dados da Rodovia RJ-106, que é tema do Capítulo 4 deste trabalho, para
verificar a equação 3.1 e os resultados encontrados tanto em laboratório quanto através da
equação 3.1 são mostrados na figura 3.12, onde se verifica uma divergência maior entre os
pontos quando comparado aos resultados da figura 3.11, mas para se ter uma idéia de
ordem de grandeza os resultados obtidos pela equação 3.1 deram um boa noção para o caso
RJ-106. Ressalta-se que cada caso é um caso, como mostraram os resultados obtidos ao
longo deste capítulo.
126
3500
3000
2500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
As análises foram feitas a partir do Programa ELSYM 5 (Elastic Layred System), que é
aplicado a problemas de elasticidade linear de meios estratificados, sendo que o número de
cargas pode ir até e o número de pontos de análise até 1000. Cada camada é considerada
homogênea, isotrópica, linearmente elástica e ilimitada na direção horizontal. O programa
admite no máximo 5 camadas com módulos de elasticidade constantes e espessuras finitas
com exceção do subleito que é considerado infinito (MEDINA, 1997).
127
A figura 3.13 mostra a representação esquemática do sistema de carregamento (PINTO,
2002).
Com base cos resultados encontrados, observa-se que a simples mudança no valor de
módulo de resiliência gera grandes alterações nos valores de deformação da fibra inferior
do revestimento bem como na fibra inferior da camada reciclada, fato este que deve ser
levado em consideração quando se tem em mente a utilização da reciclagem com espuma
de asfalto como camada de base estabilizada com ligante.
128
Tabela 3.23 - Estrutura dos Pavimentos
Estrutura
Casos Revesti- Base Sub-base Sub-leito
mento Reciclada
Espessura, cm 6 20 15 infinita
2
1 MR, kgf/cm 25.000 12.000 2.000 700
µ 0,4 0,4 0,4 0,4
Espessura, cm 6 20 15 infinita
2 MR, kgf/cm2 25.000 5.000 2.000 700
µ 0,4 0,4 0,4 0,4
Espessura, cm 6 20 15 infinita
2
3 MR, kgf/cm 25.000 40.000 2.000 500
µ 0,4 0,4 0,4 0,4
Espessura, cm 5 15 20 infinita
2
4 MR, kgf/cm 20.000 12.000 700 500
µ 0,4 0,4 0,4 0,4
Espessura, cm 5 15 20 infinita
2
5 MR, kgf/cm 20.000 18.000 700 500
µ 0,4 0,4 0,4 0,4
129
Tabela 3.24 - Resultados Encontrados
Resultados
Casos
εT Capa εT Base Reciclada εT Subleito
-2
Deflexão (x10 )
5,6E-05 - -3,5E-04
1 51,3
130
CAPÍTULO 4
ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO
CONSTRUTIVO - EXPERIÊNCIA EM UM
TRECHO DA RJ - 106
4.1 Introdução
A autora deste trabalho acompanhou a execução de um trecho de reciclagem à frio "in situ"
com espuma de asfalto, visando o entendimento da técnica, bem como vivenciar o dia-a-dia
da obra, que além de contar com suas atividades rotineiras, também requer muita habilidade
para solucionar eventuais problemas que porventura venham a aparecer, o que torna a
atividade tão enriquecedora.
131
4.2 Etapas Construtivas
Optou-se pela construção de segmentos teste na pista, como sendo uma alternativa ao
desenvolvimento em laboratório do projeto de mistura reciclada, objetivando-se a obtenção
dos parâmetros da reciclagem. As etapas construtivas, desde a definição dos agregados
adicionais até a compactação final foram realizadas como descrito a seguir:
O cimento utilizado foi um CPIII-32 RS NASSAU, que atende às especificações para este
tipo de serviço e pó de pedra proveniente da Pedreira IBRATA com características
granulométricas constantes na tabela 4.1. Esse ensaio de granulometria foi realizado no
laboratório de campo da construtora.
132
As dimensões dos segmentos foram de 3,00 m de extensão por 2,50 m de largura. A figura
4.1 mostra o momento em que os materiais adicionais foram espalhados nos segmentos de
teste.
Resultados obtidos:
133
Tabela 4.2 - Características dos materiais provenientes da fresagem
%, em Peso Passando
Peneiras Abertura Encontradas Faixa Especificada
(WIRTGEN, 1998)
(mm) Segmento1 Segmento 2 Segmento 3 Lim. Inf. Lim. Sup.
2" 100 100 100 - -
1" 25,4 93 97 96 100 100
3/4" 19,1 87 92 89 64 100
1/2" 12,7 80 81 77 50 90
3/8" 9,5 71 71 65 46 76
0
n 4 4,8 57 56 49 34 63
0
n 10 2,0 43 40 35 20 40
n0 40 0,4 19 20 14 10 26
0
n 80 0,18 10 11 9 8 23
0
n 200 0,08 7 8 6 5 20
Teor de CAP,% 1,3 1,3 1,3 - -
Teor de Umidade, % 3,6 3,8 3,0 - -
3
MEA seca máx., g/dm 1.984 2.050 2.021 - -
Umidade Ótima, % 9,3 6,0 8,9 - -
134
100
90
80
70
%, em Peso Passante
60
50
40
30
20
10
0
3/8" 1/2" 3/4" 1"
o o o o o
n. 200 n. 80 n. 40 n. 10 n. 4
Peneiras (#)
100
90
80
70
%, em Peso Passante
60
50
40
30
20
10
0
o o o o o
n. 200 n. 80 n. 4 0 n. 1 0 n. 4 3/8" 1/2 " 3/4" 1"
P e neira s (# )
135
100
90
80
70
%, em Peso Passante
60
50
40
30
20
10
0
3/8" 1/2" 3/4" 1"
o o o o o
n. 200 n. 80 n. 40 n. 10 n. 4
Peneiras (#)
136
Figura 4.5 - Espalhamento dos Materiais para Incorporação de Espuma
nos Teores de Teste
Após a preparação da pista, foram realizados ajustes na fresadora Wirtgen WR-2500. Tais
ajustes são realizados pelo operador da máquina, diretamente no painel eletrônico dentro da
cabine da WR-2500, de modo a respeitar os parâmetros de reciclagem estabelecidos para o
trecho:
Para produção da espuma de asfalto foi utilizado um CAP-40 (Procedência: Petrobras) com
características apresentadas na tabela 4.3.
137
Tabela 4.3 - Características do CAP- 40 Utilizado para Produzir a Espuma
138
Figura 4.6 - Incorporação da Espuma de Asfalto nos Teores de Teste
Para contemplar a reciclagem de 6,5m de largura total da pista a reciclar, visto que, a
largura de trabalho máxima do equipamento é de 2,50m, procederam-se 3 passagens da
recicladora com as seguintes larguras de trabalho: 2,50m; 1,50m e 2,50m. Cabe lembrar
que para larguras inferiores à largura máxima de trabalho - 1,50m por exemplo - são
fechados números suficientes de bicos para evitar a sobreposição da reciclagem.
A taxa de expansão da espuma e sua meia vida medidas no compartimento lateral de teste
foram respectivamente de 6 e 15s.
Material representativo de cada segmento foi coletado e enviado para análise no laboratório
de campo da Construtora. A localização da coleta da amostras foi:
139
- Segmento A: estaca 282+5
- Segmento B: estaca 284+15
- Segmento C: estaca 287+5
A tabela 4.4 mostra os resultados das granulometrias dos trechos de teste com espuma de
asfalto e os gráficos correspondentes se encontram nas figuras 4.7, 4.8 e 4.9.
%, em Peso Passando
Peneiras Segmento A Segmento B Segmento C
3/4" 100 100 100
1/2" 92 95 98
3/8" 90 92 96
0
n 4 77 77 83
0
n 10 58 58 61
n0 40 29 30 33
0
n 80 15 15 18
0
n 200 7 7 9
Teor de CAP,% 5,7 6,7 7,7
3
Massa Específica Aparente Seca Máx., kg/cm 1.813 1.760 1.770
Umidade ótima, % 10,5 7,0 9,3
Densidade Aparente Seca Máxima (Campo) 2.107 2.067 2.070
Densidade Aparente Seca Máxima (Laboratório) 2.050 2.050 2.050
Grau de Compactação, % 102,7 100,8 101,0
Onde:
Grau de Compactação = Densidade Aparente Seca Máxima (Campo)
Densidade Aparente Seca Máxima (Laboratório)
140
100
90
80
70
%, em Peso Passando
60
50
40
30
20
10
0
n.o 200 n.o 80 n.o 40 n.o 10 n.o 4 3/8" 1/2" 3/4" 1"
Peneiras (#)
100
90
80
70
%, em Peso Passando
60
50
40
30
20
10
0
n.o 200 n.o 80 n.o 40 n.o 10 n.o 4 3/8" 1/2" 3/4" 1"
Peneiras (#)
141
100
90
80
70
%, em Peso Passando
60
50
40
30
20
10
0
n.o 200 n.o 80 n.o 40 n.o 10 n.o 4 3/8" 1/2" 3/4" 1"
Peneiras (#)
Após a moldagem os corpos de prova foram colocados em repouso por 24 horas, depois
desmoldados e levados à estufa por 72 horas à 600C.
142
A tabela 4.5 mostra os resultados de resistência à tração por compressão diametral e
módulo de resiliência.
Observa-se que para o teor de 2,5% de espuma incorporada os valores encontrados para
Tração Indireta Seca e Úmida não alcançaram os valores mínimos especificados segundo
DNER - ES 405/2000, nem os valores mínimos exigidos em outra literatura como mostrado
no item 2.3.6.2 do Capítulo 2. Os teores de 3,0 e 3,5% satisfazem em 90% de seus valores
individuais para tração indireta quando se toma como base os limites do DNER, mas os
valores das tensões retidas foram maiores para o teor de 3,0% de espuma de asfalto, o que
indica que a mistura é menos influenciada pela umidade. Todo o restante o trecho foi feito
com 3,0% de espuma de asfalto, baseado na experiência dos técnicos da PAVISAN.
Entretanto, baseado nos limites citados por LUCAS et al. (2000) o teor de 3,5% é o que
mais satisfaz em valores individuais de tração indireta tanto seca como úmida.
143
asfalto. Através das figuras pode-se notar que com o aumento do teor de espuma
incorporado há um aumento dos valores de resistência e Módulo de Resiliência, mas não se
pode afirmar que essa tendência seja mantida, pois o que se espera é que esses valores
atinjam um máximo e depois passem a decrescer. A figura 4.12 mostra a correlação entre
os valores de módulo de resiliência e resistência à tração por compressão diametral seca,
que para os resultados em questão fornece um coeficiente de correlação de 0,74, que é
estatisticamente relevante.
Resistência à Tração por Compressão
0,50
0,40
Diametral, MPa
0,30
Seca
Úmida
0,20
0,10
0,00
2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Teor de Espuma de Asfalto Incorporado, %
144
2000
Módulo de Resiliência, MPa
1700
1400
1100
800
500
2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
2000
Módulo de Resiliência, MPa
1700
1400
1100
2
R = 0,7451
800
500
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca, MPa
145
Vinte meses após a construção, mais precisamente no dia 19/08/2003, voltou-se ao campo
para retirada de amostras da pista através de sonda rotativa. Ao todo foram retiradas nove
amostras, três em cada trecho que foram reciclados com os teores de espuma de asfalto de
2,5%, 3,0% e 3,5%. A figuras 4.13 e 4.14 ilustram o momento da retirada de uma das
amostras.
146
Os resultados encontrados estão na tabela 4.6.
Comparando-se os resultados das tabelas 4.3 e 4.6, verifica-se um aumento nos valores de
módulo de resiliência com o passar do tempo, que deve estar relacionado à presença de
cimento na mistura.
147
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
1. A técnica de reciclagem com asfalto espuma é promissora e pode ser aplicada para
solução de muitos problemas de restauração de pavimentos quando há necessidade de uma
mudança importante no perfil atual do pavimento, especialmente com incorporação do
revestimento à base. Também há tendência de uso desta técnica em construções novas
quando o projeto prevê base tratada com asfalto como opção estrutural.
148
5. Nas misturas analisadas o ganho de resistência à tração foi maior nas recicladas com
cimento em relação às recicladas com cal. No entanto, sabe-se que as reações com a cal são
mais lentas e seria necessário acompanhamento de longo prazo para comprovar se há
alteração significativa neste panorama.
3. Fazer um estudo com teores de espuma de asfalto mais elevados para se verificar até que
ponto ocorre o crescimento da resistência à tração por compressão diametral e do módulo
de resiliência proporcionalmente ao aumento do teor de espuma incorporada.
149
4. Melhorar o grau de confiabilidade da equação 3.1 com a inclusão de novos valores
estudados.
5. Estudar o efeito dos agentes anti-espumantes que às vezes estão presentes nos cimentos
asfálticos de petróleo.
150
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Binders into Simple and Complex Binders". In: Proceeding of Association of Asphalt
paving Teshnologists, pp. 01-41, 1998.
151
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM DNER, Concreto
Betuminoso Reciclado à Quente no Local, DNER-ES 319/97, Rio de Janeiro, 1997.
152
GONTIJO, PAULO ROMEU A., "A Técnica da reciclagem à Quente Empregando
Materiais Oriundos da fresagem de Camadas Asfálticas - Procedimentos Essenciais". In:
Reunião Anual de Pavimentação, 32a, ABPv, Brasília, 2000.
LING, M.; CURTIS, C. W.; HANSON, D. I.; HOLL, J. N., "Quantitative Analysis of
Polymers and Crumb Rubber in Hot-Mix Asphalts". In: Transportation Research
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MEDINA, JAQUES, Mecânica dos Pavimentos, Rio de Janeiro, editora UFRJ, 1997.
153
MOMM, LETO; DOMINGUES, F. A. A., "Reciclagem de Pavimentos à Frio "in situ"
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154
PINTO, SALOMÃO, Materiais Betuminosos - Conceituação, Especificação e
Utilização, ed. Revisada, Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2003.
ROBERTS, F. L.; KANDHAL, P. S.; BROWN, E. R.; ET AL., Hot Mix Asphalt
Materials, Mixture Design and Construction, NAPA Educational Foundation, Lanham,
Maryland, 1998.
ROGGE, D. F.; HICKS, R. G.; et al., "Use of Asphalt Emulsions in-place Recycling:
Oregon Experience". In: Transportation Research Record, 1993.
155
SOUZA, REINALDO C.; VASCONCELOS, KLAUSS L.P., Análise de Regressão:
Simples, Múltipla e Stepwise, PUC/RJ, Rio de Janeiro, 1995.
SOUZA, FIRMINO S. V.; BARROS, RODRIGO M. V., "Balanço Técnico dos Três
Anos da Experiência Brasileira em Reciclagem de Pavimentos com Espuma de
Asfalto". In: 4a Conferência Anual de projeto, Construção, Manutenção e Operação de
Rodovias, IBC, outubro, 2001.
SUCH, C.; LESUEUR, D.; BONVALLET, J.; LESUEUR, DIDIER; CERINO, PIERE
JEAN; LEROUX, CÉDRIC, "La Moussabilité des Bitumis". In: Revue Générale des
Routes, pp. 70-75, n0 812, decembre, França, 2002.
ZELAYA, D., "In situ Cold Recycling of Bituminous Pavements", Tese de Doutorado,
University of Califórnia, USA, 1985.
156
ANEXOS DO CAPÍTULO 3
Altura Diâmetro N0 de
0 σT seco σT seco
N do CP Média Médio Divisões πDH 2F
(kgf/cm2) (MPa)
(cm) (cm)
4820 6,75 10,16 385 215,66 1201 5,57 0,56
4822 6,95 10,16 100 222,49 312 1,40 0,14
Cte. do anel 1,56
Altura Diâmetro
N0 de σT saturado σT saturado
N0 do CP Média Médio πDH 2F
Divisões (kgf/cm2) (MPa)
(cm) (cm)
4821 6,79 10,16 247 216,73 771 3,55 0,34
4823 7,2 10,16 77 230,59 209 0,91 0,09
Cte. do Anel =1,56 kgf/div
Tabela - Medidas de Altura, Diâmetro, Peso e Volume - PR 151 (Piraí do Sul)
Altura Diâmetro N0 de
0 σT seco σT seco
N do CP Média Médio Divisões πDH 2F
(kgf/cm2) (MPa)
(cm) (cm)
4833 6,78 10,22 265 217,69 826,80 3,80 0,38
4835 6,81 10,28 255 219,93 795,60 3,61 0,36
4837 6,70 10,23 283 215,33 883,00 4,10 0,41
4839 6,67 10,21 338 213,95 105,46 4,93 0,50
4841 6,86 10,20 278 219,82 867,36 3,95 0,40
4843 6,84 10,21 310 219,40 967,20 4,41 0,44
4845 6,92 10,19 264 221,53 823,68 3,72 0,37
4847 6,75 10,22 415 216,72 129,48 5,97 0,60
4849 68,3 10,20 270 218,86 842,40 3,85 0,39
4851 70,4 10,20 135 225,59 421,20 1,87 0,19
4853 60,3 10,18 130 192,85 405,60 2,10 0,21
Cte. do Anel=1,56kgf/div
Altura Diâmetro
N0 de σT saturado σT saturado
N0 do CP Média Médio πDH 2F
Divisões (kgf/cm2) (MPa)
(cm) (cm)
4834 6,70 10,18 180 214,28 561,60 2,62 0,26
4836 6,73 10,20 195 215,66 608,40 2,82 0,28
4838 6,74 10,22 165 216,40 514,80 2,38 0,24
4840 6,77 10,24 180 217,79 561,60 2,58 0,26
4842 6,94 10,19 180 222,17 561,60 2,53 0,25
4844 6,91 10,21 170 221,64 530,40 2,39 0,24
4846 6,65 10,19 295 212,89 920,40 4,32 0,43
4848 6,83 10,20 185 218,86 577,20 2,64 0,26
4850 6,93 10,20 195 222,07 608,40 2,74 0,27
4852 6,82 10,22 130 218,97 405,60 1,85 0,19
4854 6,10 10,18 80 195,09 249,60 1,28 0,13
Cte. do Anel=1,56kgf/div
Tabela - Medidas de Altura, Diâmetro, Peso e Volume - BR 277
Projeto: BR 277 Paraná (São Luis do Purunã a Campo Largo) Protocolo: 02-02
Projeto: BR 277 Paraná (São Luis do Purunã a Campo Largo) Protocolo: 02-02
Projeto: BR 277 Paraná (São Luis do Purunã a Campo Largo) Protocolo: 02-02
Altura Diâmetro
N0 de σT seco σT seco
N0 do CP Média Médio πDH 2F
Divisões (kgf/cm2) (MPa)
(cm) (cm)
4726 6,71 10,16 435 214,17 1357,20 6,33 0,63
4727 6,58 10,11 450 208,99 1404,00 6,72 0,67
4728 6,35 10,14 412 202,28 1285,40 6,35 0,64
Cte. do Anel=1,56kgf/div
Projeto: BR 277 Paraná (São Luis do Purunã a Campo Largo) Protocolo: 02-02
Altura Diâmetro
N0 de σT saturado σT saturado
N0 do CP Média Médio πDH 2F (kgf/cm2) (MPa)
Divisões
(cm) (cm)
4729 6,81 10,12 215 216,51 670,80 3,1 0,31
4730 6,85 10,16 245 218,64 764,40 3,5 0,35
Cte. do Anel=1,56kgf/div
N0 Determinação da Determinação do
do Altura Média Diâmetro Médio Peso Peso Peso
Volume
CP (cm) (cm) Seco Úmido Imerso
(cm3)
(g) (g) (g)
h1 h2 h3 h4 d1 d2 d3 d4
4539 4,31 4,40 4,27 4,36 10,09 10,03 10,04 10,11 736,5 738,9 406,4 330,1
4540 5,70 5,73 5,60 5,71 10,15 10,15 10,18 10,17 991,6 995,0 549,3 442,3
4541 5,52 5,58 5,70 5,51 10,18 10,18 10,14 10,15 961,4 974,4 525,1 436,3
Tabela - Altura Média, Diâmetro Médio, Densidades Aparentes e Efetivas - BR 277
Altura Diâmetro
Densidade Densidade
N0 do CP Média Médio
Aparente Efetiva
(cm) (cm)
4539 4,34 10,07 2,23 2,22
4540 5,69 10,16 2,24 2,22
4541 5,58 10,16 2,20 2,14
Altura Diâmetro
Densidade Densidade
N0 do CP Média Médio
Aparente Efetiva
(cm) (cm)
4542 6,02 10,07 2,11 2,06
4543 5,79 10,08 2,08 1,93
4544 6,45 9,99 2,11 2,08
4545 4,24 10,04 2,11 2,01
Determinação da Determinação do
N0 Altura Média Diâmetro Médio Peso Peso Peso
Volume
do (cm) (cm) Seco Úmido Imerso
(cm3)
CP (g) (g) (g)
h1 h2 h3 h4 d1 d2 d3 d4
3996 6,63 6,61 6,64 6,76 10,15 10,27 10,22 10,19 1144,5 1152,3 622,4 522,1
3997 6,52 6,54 6,60 6,54 10,21 10,18 10,19 10,15 1144,5 1153,2 628,2 516,3
3998 6,97 6,95 6,92 6,93 10,19 10,21 10,21 10,12 1143,0 1175,0 604,9 538,1
3999 6,64 6,66 6,67 6,63 10,16 10,16 10,15 10,17 1149,1 1155,7 619,9 529,2
4000 6,57 6,59 6,61 6,61 10,18 10,18 10,20 10,18 1147,6 1153,5 621,7 525,9
4001 7,17 7,29 7,26 7,30 10,29 10,28 10,24 10,30 1142,7 1184,5 603,2 539,5
4158 5,23 5,31 5,29 5,13 09,99 09,96 10,00 09,95 837,6 841,1 441,9 395,7
4159 5,32 5,19 5,25 5,26 10,06 09,96 10,02 10,01 846,6 851,6 449,8 396,8
4160 5,10 5,13 5,17 5,28 10,10 10,08 10,10 10,09 851,1 854,0 450,8 400,3
4161 5,21 5,20 5,25 5,29 10,05 10,07 10,11 10,09 852,8 859,2 449,3 403,5
4162 6,40 6,38 6,43 6,42 09,91 09,95 10,06 09,94 1017,4 1022,4 541,4 476,0
4163 5,49 5,46 5,47 5,51 09,96 09,95 10,01 10,05 896,1 877,6 459,9 409,2
4190 5,81 5,86 5,88 5,85 10,04 10,04 10,00 10,02 969,5 977,5 530,7 438,8
4191 5,29 5,32 5,26 5,22 10,03 10,08 10,06 10,04 881,5 887,3 482,2 399,3
4192 5,66 5,63 5,62 5,68 10,08 10,08 10,04 10,07 944,1 951,2 516,7 427,4
4193 4,09 4,26 4,20 4,12 10,05 10,07 10,07 10,06 676,9 684,1 369,2 307,7
4315 6,32 6,36 6,45 6,39 10,02 10,06 10,04 10,01 1037,2 1051,0 563,9 473,3
4316 5,43 5,44 5,42 5,54 10,06 10,16 10,13 10,06 879,7 895,2 480,5 399,2
4317 6,21 6,26 6,20 6,24 10,07 10,07 10,08 10,08 1026,7 1035,2 551,4 475,3
4318 5,45 5,49 5,47 5,46 10,07 10,06 10,06 10,04 867,6 895,2 472,9 394,7
4319 6,22 6,21 6,23 6,29 09,99 10,00 09,99 10,01 1044,6 1051,3 568,4 476,2
4320 6,04 5,89 5,83 5,83 10,02 09,96 10,02 10,02 945,5 962,3 515,4 430,1
Tabela - Altura Média, Diâmetro Médio, Densidades Aparentes e Efetivas -
BR 354
Altura Diâmetro
Densidade Densidade
N0 do CP Média Médio
Aparente Efetiva
(cm) (cm)
3996 6,66 10,21 2,19 2,16
3997 6,55 10,18 2,22 2,18
3998 6,94 10,18 2,12 2,00
3999 6,65 10,16 2,17 2,14
4000 6,60 10,19 2,18 2,16
4001 7,26 10,28 2,12 1,97
4158 5,24 09,98 2,12 2,10
4159 5,26 10,01 2,13 2,11
4160 5,17 10,09 2,13 2,11
4161 5,24 10,08 2,11 2,08
4162 6,41 09,97 2,14 2,12
4163 5,48 09,99 2,12 2,08
4190 5,85 10,03 2,21 2,17
4191 5,27 10,05 2,21 2,18
4192 5,65 10,07 2,21 2,17
4193 4,17 10,06 2,20 2,15
4315 6,38 10,03 2019 2,13
4316 5,46 10,10 2,20 2,12
4317 6,23 10,08 2,16 2,12
4318 5,47 10,06 2,20 2,05
4319 6,24 10,00 2,19 2,16
4320 5,90 10,01 2,20 2,12
Tabela - Resistência à Tração por Compressão Diametral Seca - BR 354
Tabela - Medidas de Altura, Diâmetro, Peso e Volume dos Corpos de Prova -RJ 106