Pratica de Ensino em Arte II Unidade IV
Pratica de Ensino em Arte II Unidade IV
Pratica de Ensino em Arte II Unidade IV
em Arte II
Material Teórico
Nossas Culturas
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Nossas Culturas
• Nossas Culturas
• Debates sobre Arte, Indústria Cultural e Cultura de Massa
• Vamos à Ação Educativa?
• Arte, Cultura e Identidade
• Multiculturalismo
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer a abordagem metodológica do multiculturalismo;
· Apresentar conceitos e fundamentos sobre o ensino de Arte
Contemporânea;
· Estudar a influência de culturas contemporâneas em processos
educacionais e da endoculturação;
· Conhecer as etapas de elaboração de projetos de trabalho didático
com foco no ensino de Arte em uma abordagem multicultural;
· Propor situações de aprendizagem e metodologias de ensino de Arte;
· Estudar as culturas visual e sonora e como elas se relacionam no
ensino e aprendizagem da Arte;
· Investigar culturas como a pop e a queer e como elas influenciam
comportamentos e a formação artística e cultural de crianças e jovens;
· Discutir Arte, Educação, Cultura e a formação de currículo em uma
abordagem multicultural;
· Valorizar a diversidade cultural em processos educativos em Arte;
· Refletir sobre diversidade cultural e etnocentrismo;
· Criar projetos de trabalho didático com olhar ampliado para a
diversidade existente na Arte e Cultura Contemporânea.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Nossas Culturas
Contextualização
Na contemporaneidade, culturas circulam pelo mundo por muitos meios e mídias.
No Brasil, essas culturas vindas de outros lugares do mundo se misturam às nossas
culturas. Educadores buscam motivar crianças e jovens a se envolverem com a
Cultura escolar e seus conhecimentos distribuídos em disciplinas e anos. No entanto,
surgem questões a serem respondidas: como as crianças e os jovens aprendem e
se formam culturalmente? Qual o peso da Escola nesse desenvolvimento frente
a todos os apelos e as opções culturais que circulam nas mídias como Televisão,
Rádio, Internet, Cinema, videogames e outras? Que ações educativas podem ser
propostas dentro de uma visão multicultural?
Para ampliar nossos estudos sobre o tema, sugerimos que você estude os
materiais a seguir.
publicada em NOVA ESCOLA, ed.220, março, 2009. Título original: Conhecer a cultura. Soltar
a imaginação.
https://goo.gl/XnLBGq
Sobre bens materiais e imateriais brasileiros:
https://goo.gl/iZR7xj
https://goo.gl/7dUWwZ
https://goo.gl/yL73Dg
O Povo Brasileiro
Explor
https://youtu.be/wfCpd4ibH3c
Diretora: Isa Grinspum Ferraz. São Paulo: Versátil Home Vídeo, 2000. (260 min). Documen-
tário sobre as origens e a formação do povo brasileiro. Acesso em: 10 nov. 2016.
8
Nossas Culturas
Eu sou a chuva que lança
areia do Saara
sobre os automóveis de Roma
sou a sereia que dança
destemida Iara, água e folha
da Amazônia
VELOSO, Caetano. Reconvexo. In: Memória da pele e Maria Bethânia
Fonte: Wikimedia Commons ao vivo, 2005.
» Será que podemos comparar a Cultura com “o vento que lança a areia do
Saara sobre os automóveis de Roma’’?;
Caetano Veloso compôs essa música na ocasião em que estava na Itália. Ele relata
em entrevistas que ao amanhecer os carros estavam cobertos de areia que vinha
com os ventos soprados da região da África (deserto do Saara). Assim, de forma
metafórica, podemos dizer que, como vento, a Cultura não respeita fronteiras.
O artista fala em forma de metáfora sobre sua identidade cultural nos versos da
música Reconvexo.
9
9
UNIDADE Nossas Culturas
Figura 2 - Instalação Pacific (Pacífico), criada em 1996 pelo artista japonês de Yukinori Yanagi (1959).
Fonte: tate.org.uk
Outra obra de Arte que pode nos ajudar a pensar sobre como a Cultura pode
romper fronteiras é a instalação Pacific (Pacífico), criada em 1996, pelo artista
japonês de Yukinori Yanagi (1959).
Será que o artista quer dizer que as formigas são como as pessoas que migram
de um lugar ao outro levando suas bagagens culturais e interferindo nas culturas
por onde passam?
A Identidade Cultural
Vivemos experiências culturalmente. O que isso quer dizer? Em cada tempo
vivido por você, há encontros; alguns são bem marcantes, outros provavelmente
você nem se lembre. Tempos esquecidos ou significativos, vividos por você, que
sempre esteve mergulhado no meio social e cultural. Isso significa que ao viver
culturalmente encontramos coisas, algumas nos afetam, provocam-nos de alguma
10
maneira e, quando isso acontece, nós nos apropriamos dessa experiência e vamos
formando nosso repertório cultural. Como “ímãs”, conhecimentos, afetos por
pessoas, coisas, situações vão se acumulando em nós e como o “vento” vamos
espalhando nossa bagagem cultural por aí e, quem sabe, contribuindo para a
formação do repertório e da identidade cultural de outras pessoas.
Que Cultura ou culturas influenciam você? Já parou para pensar nessas questões?
A música Reconvexo também revela o orgulho sentido por Caetano Veloso por
ser baiano e brasileiro.
E você, tem orgulho de quê? Como você percebe a sua identidade cultural?
Os compositores de música como Caetano Veloso usam, entre outros recursos linguísticos
Explor
11
11
UNIDADE Nossas Culturas
Cultura ou Culturas?
12
Quando uma Cultura se mistura com outra e dessa alquimia surge outra Cultura
miscigenada, dizemos que houve um sincretismo cultural.
O nome Manguebeat foi dado a esse movimento porque une a palavra Mangue,
que é um ambiente formado por árvores de raízes longas que se espalham pelas
areias à beira de rios próximos a litorais (ambientes naturais ricos em crustáceos,
peixes e moluscos), e Beat que é uma palavra da língua inglesa que, em português,
significa bater, batida.
13
13
UNIDADE Nossas Culturas
14
Identidade Cultural e Endoculturação
Uma Cultura pode se formar a partir de influências de muitas culturas.
Quando temos contato com uma cultura e essa, de alguma maneira, toca-nos
a ponto de absorvemos seus costumes, gostos, modos de vida, valores e outras
questões, essa Cultura começa a fazer parte da nossa; mas há questões culturais
que são fortes, mais latentes em nós e são esses aspectos que formam a nossa
indenidade cultural.
Na série Polvo Portraits III, ela usou diversas cores de tinta para fazer referência
às inúmeras tonalidades de pele do povo brasileiro.
Série Polvo Portraits III (2014), em que a artista Adriana Varejão apresenta seus
Explor
autorretratos com desenhos feitos sobre o rosto, utilizando as diversas tonalidades de tintas
a óleo desenvolvidas a partir de resultado de pesquisas do IBGE.
15
15
UNIDADE Nossas Culturas
Figura 10 - Autorretrato I, 1924. Óleo sobre placa de Figura 11 - Autorretrato mole com toucinho frito, de
madeira aglomerada (P070). Salvador Dalí, 1941. Óleo sobre tela, 61 cm 50 cm.
Fonte: tarsiladoamaral.com.br Fonte: DALÍ, Salvador
16
O pintor catalão Salvador Dalí (1904-1989) fez uma série de imagens surrealistas
em que trouxe a figura do seu rosto. Sobrancelhas longas e bigode fino e enrolado
para cima são as formas características e marcantes da sua figura. Esse autorretrato,
além de mostrar a fisionomia do artista, também mostra sua tendência estética
(Surrealismo) e sua personalidade polêmica.
É certo que podemos nos expressar em várias linguagens para falar sobre nós,
assim como as pinturas de Varejão, Tarsila e Dali ou o poema de Quintana, mas
isso só é possível porque ao longo da nossa existência formamos a nossa bagagem
cultural, nossa identidade.
17
17
UNIDADE Nossas Culturas
Tem sido assim desde os tempos mais antigos. Os seres humanos aprenderam
a sobreviver a partir do modo como desenvolveram as formas de adquirir e
compartilhar conhecimentos, como, por exemplo, como aprenderam a se
adaptar a um meio, como aprenderam a se comunicar e, em seus avanços,
criaram normas sociais.
18
Nesse contexto, muitas linguagens artísticas já foram criadas. São pinturas,
desenhos, fotografias, vídeos, músicas, danças, teatro e outras com as quais
podemos conviver em nosso tempo. Mas todo esse acervo de linguagens formou,
também, várias manifestações culturais. Hoje, há vários teóricos que escrevem
sobre as culturas visual e sonora.
Cultura Visual
O estudo da Cultura Visual e como esta influencia o ensino de Arte no Brasil vem
sendo divulgado desde 2000. Fernando Hernández, arte educador espanhol, em seu
livro Cultura visual, mudança educativa, desencadeou vários estudos sobre o ensi-
no de Arte e a Cultura Visual no Brasil. Ele propõe que o ensino e a aprendizagem
da Cultura Visual no contexto da Escola deve ser interdisciplinar e também buscar
referenciais na Arte, Arquitetura, História, Publicidade e Antropologia.
Nesse sentido, esse autor defende que não podemos ensinar Arte apenas a
partir da História da Arte. Embora seja certo que a História da Arte registre a
produção de muitas imagens (pinturas, esculturas, vídeos...), os alunos, hoje, com
as possibilidades de reprodução e veiculação de imagens, têm contato com milhares
delas, que veiculam em mídias e nas ruas. Essas imagens, embora não sejam do
universo da Arte, também estão carregadas de cores, formas e mensagens.
Mundo Sonoro
No ano de 1857, Edouard-Léon Scott de Martinville (1817-1879) inventou
um aparelho capaz de registrar um som. O fonoautógrafo, nome dado a esse
invento, que mudou o modo de produzir sons e apreciar música, e foi importante
para a Cultura mundial sonora, assim como a Fotografia e o Cinema também
revolucionaram o mundo visual.
Hoje, temos notícias de muitos inventos que vieram depois. Desde o gramofone
até os discos de vinil, os compactos discos (CDs), as mídias digitais, os sistemas de
gravação e a reprodução de músicas e de sons pelas tecnologias que vieram junto
com os computadores e os celulares multimídia, muita coisa mudou e transformou
a Cultura sonora, que se espalha pelo mundo e, em cada local, as pessoas têm
seus gostos pessoais, mas muitas são influenciadas pela indústria cultural e pela
Cultura de massa.
19
19
UNIDADE Nossas Culturas
• Para criar projetos de trabalho didático com os alunos sobre Arte, Indústria cultural e
Explor
Esse autor nos provoca a pensar sobre como estamos tão habituados a ouvir os
sons das cidades como, por exemplo, os meios de transportes com seus motores e
buzinas, que quase não ouvimos mais outros sons, como os da natureza (canto dos
pássaros, vento, voz humana e outros). Isso teria causado certo grau de surdez nas
pessoas que ouvem mais não percebem os sons mais sutis.
20
Schafer faz críticas também à Revolução Elétrica, que teria facilitado a entrada
de certos sons em nossas casas, muitas vezes, sem permissão ou escolha, como,
por exemplo, quando um vizinho quer ouvir suas músicas em alto e bom som.
Nesse sentido, o autor chama a atenção dos educadores dizendo que no ensino
de Música na Escola, antes de iniciar qualquer aprendizagem mais sistematizada
dessa linguagem, é preciso reabrir os ouvidos dos alunos, trabalhando com a
percepção da paisagem sonora e da escuta sensível.
O autor defende que para ensinar Música é preciso ensinar a ouvir, aproximar
as crianças de sons naturais, porque as tecnologias têm causado afastamento dos
sons de seus contextos originais. No entanto, os alunos estão mergulhados na
Cultura Sonora e os inúmeros recursos de gravação e reprodução de sons. Nesse
caso, a proposta do autor é trabalhar com exercícios de percepção e debates a
respeito da Cultura sonora, indústria cultural e Cultura de massa para que crianças
e jovens tomem consciência de suas limitações dadas às interferências sonoras e
descubram o universo da arte da Música de maneira mais ampla, tendo contato
com experiências musicais mais significativas.
A Cultura Pop
Eu, etiqueta
[…]
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
[…]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Eu, etiqueta. In: Corpo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 53.
21
21
UNIDADE Nossas Culturas
»» Será que estamos nos deixando influenciar por culturas que nos transformam
em “seres etiqueta”?
Imagine que ao mesmo tempo milhares de pessoas podem estar assistindo neste
exato momento a um mesmo programa de Televisão. No passado, as pessoas
precisavam ir a museus ou galerias para ter uma experiência frente a uma imagem;
hoje, basta ligar algum aparelho multimídia que essa experiência é possível. Depois
das invenções tecnológicas, as pessoas passaram a ter experiências coletivas
em grande escala e comportamentos começaram a ser semelhantes, mesmo se
observarmos um grande números de pessoas.
A expansão dos meios de comunicação fez surgir uma indústria cultural que bus-
ca criar produtos artísticos destinados a uma massa consumidora. Esses mesmos
meios de comunicação, por um lado, trouxeram possibilidades de vivenciar muitas
experiências e de ter acesso a certos conhecimentos; porém, por outro lado, in-
fluenciam milhares de pessoas a viverem como “seres etiquetas”, como descreve o
poeta de Carlos Drummond de Andrade em sua obra Eu, etiqueta.
22
Na época, os artistas da Pop Art questionaram o poder dos meios de comunicação
sobre a formação cultural das pessoas. Hoje, ser “Pop” é estar na mídia e fazer
sucesso na indústria cultural. Na Escola, encontramos várias influências da Cultura
Pop. Como criar projetos e ações educativas para chamar a atenção dos alunos
sobre os temas aqui abordados e propor uma formação mais crítica?
23
23
UNIDADE Nossas Culturas
Cultura Queer
Neste texto, estamos fazendo uma análise a respeito da Arte e da Cultura. Inves-
tigamos a respeito de culturas que influenciam comportamentos na sociedade, criam
debates e, dessa maneira, são relevantes para serem estudadas dentro de contextos
educacionais, principalmente na formação de educadores. Entre as influências cultu-
rais que estão presentes na contemporaneidade, temos a Cultura Queer.
A Teoria Queer faz parte de uma série de estudos sobre a sociedade e seus
dilemas morais e como ela trata as pessoas que decidem trilhar caminhos outros
a essas convenções. Trata, também, de como as pessoas excluídas por sistemas
morais se sentem e se posicionam perante as mudanças culturais que ocorreram
no século XX e continuam a transformar culturas e sociedades. São grupos de
pessoas com posicionamento político de gênero (feministas) ou por escolhas
sexuais (gays, lésbicas e transgêneros), que lutam por respeito, qualidade de vida e
fim de preconceitos.
24
A Cultura Queer criou uma estética na Arte e Cultura visual presente até nossos
dias; um exemplo é a famosa bandeira colorida vista em passeatas de movimentos
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
A bandeira foi criada pelo artista plástico Gilbert Baker (1951) em 1977
e, inicialmente, tinha oito cores que estabeleciam os significado: rosa pink
(sexualidade), vermelho (vida), laranja (cura), amarelo (luz do sol), verde (natureza),
turquesa (harmonia), azul (arte) e violeta( espiritualidade). Hoje, as cores são apenas
seis porque as cores rosa pink e turquesa, foram retiradas para facilitar a produção
da bandeira em grande escala, como vemos em passeatas de orgulho LGBT.
Cores e formas, sons e ideias, Arte e Cultura presentes na vida dos alunos. Dessa
forma, é fundamental propor ações educativas e Projetos de Trabalho Didático
para trabalhar com os temas aqui abordados.
Figura 16 - Indradhanush Over the Mersey, de Guerra de La Paz (Alain Guerra e Neraldo de La Paz).
Escultura com roupas encontradas em lixões e recicladas, 304 cm 3 609 cm 3 244 cm.
Fonte: GUERRA, Alain e PAZ, Neraldo de La
25
25
UNIDADE Nossas Culturas
Cultura Visual
Para Fernando Hernandez (2000), a Cultura Visual é um campo de estudos
que aborda os processos culturais que criam imagens. Assim, ler essas imagens
como videogames, HQs, imagens criadas pela publicidade, Internet e qualquer
outro meio de divulgação além das linguagens artísticas (pinturas, desenhos,
esculturas, videoart...) pode se constituir experiência enriquecedora para os alunos
compreendam a Cultura Visual.
Outra ideia é criar uma instalação com várias imagens que podem ser projetadas
no espaço da Escola para dialogar com a Arte Contemporânea.
26
Os alunos também podem, se houver oportunidade, visitar ateliers de artistas,
Agências Publicitárias ou outros locais de produção de imagem para que conheçam
vários artistas e produtores de imagens contemporâneas e entendam seus processos
de criação.
Cultura Sonora
Como vimos, a proposta de Schafer é trabalhar com a percepção sonora e
musical. Dessa forma, na Escola, educadores podem propor a audição de sons para
a compreensão da paisagem sonora e classificá-los segundo os seus parâmetros de
som, como, por exemplo: agudo, grave, fraco, forte, longe perto, curto, longo e
timbres. Depois, os alunos podem gravar sons e criar instalações sonoras.
Explor
Outra sugestão sobre Cultura Sonora e Cultura Pop é propor aos alunos uma
pesquisa sobre suas escolhas musicais: Que Cultura Sonora está presente em suas vi-
vências culturais? Como lidam com a indústria cultural da música? E outras questões.
Os alunos podem pesquisar sobre suas culturas e escolhas de músicas com seus
amigos e familiares e depois um debate sobre o resultado dessa pesquisa pode
acontecer na Escola. Também podemos pensar em criar um Festival de Música ou
saraus de Arte na Escola. Nesse projeto, o professor pode resgatar a história dos
Festivais de Música Popular Brasileira para trabalhar história da Música.
Cultura Pop
Sobre esse tema, uma sugestão é trabalhar com seções de leituras de imagens.
Por exemplo: apresentar mais imagens de artistas da Arte Pop e fazer vários
momentos de nutrição estética (apreciação e interpretação de imagens).
Outra ideia é propor aos alunos que criem trabalhos visuais com repetições
de imagens, variando cores e efeitos, a exemplo da obra de Andy Warhol. Essas
imagens podem refletir o mundo cultural dos alunos escolhendo imagens atuais de
ícones da indústria cultural e Cultura de massa.
Andy Warhol usou, em várias de suas pinturas, ícones da Cultura de sua época
como Elvis e Marilyn Monroe.
Mas quais são os ícones e os ídolos atuais que os alunos percebem na mídia?
27
27
UNIDADE Nossas Culturas
Cultura Queer
A Escola é vista como o lugar do conhecimento, um local seguro para conviver
com amigos e ser feliz; porém, há muitos conflitos nesse espaço. As inseguranças
e os sofrimentos podem acontecer em função de situações vivenciadas por causa
de preconceitos. O etnocentrismo é um dos motivos desses conflitos. São choques
culturais originados pela intolerância e pelo julgamento etnocêntrico.
Podemos propor aos alunos momentos de debate e roda de conversas para falar
do etnocentrismo como ato de julgar o outro com base na própria Cultura e nos
próprios valores. Essa postura pode ser vista na atitude dos alunos e, em alguns
casos, nos pais, professores e outros agentes da Escola.
Multiculturalismo
Estudar sobre a Arte e a Cultura hoje é fundamental para compreender o mundo
em que vivemos e saber lidar melhor com a diversidade e a Educação multicultural.
A tendência no ensino de Arte conhecida como multiculturalismo prevê o trabalho
com Arte e Cultura de modo mais abrangente e global. Nessa tendência da Arte
Educação, temas como os tratados aqui são relevantes, assim como o estudo da
pluralidade cultural brasileira, da cultura global e da diversidade.
28
Explor
Além dos temas tratados aqui até agora, também podemos explorar numa educação
multicultural as manifestações regionais de Cultura, como a Cultura Popular. Festas e
ofícios podem ser investigados para compreender patrimônios materiais e imateriais. O
conceito de patrimônio cultural pode ser explicado como sendo a soma dos bens culturais
(materiais e imateriais) de um povo, sendo que patrimônio cultural material são objetos e
construções materiais, como, por exemplo: pinturas, esculturas, prédios, cidades, partituras
e textos, entre outros. E patrimônio cultural imaterial são expressões, tradições e formas
de criação de uma pessoa ou de uma comunidade transmitida de geração para geração,
como, por exemplo: ofícios na construção de instrumentos, cestarias, objetos de barro ou na
execução de músicas, cantos, ritos e danças, entre outros tipos. Você pode pesquisar mais
lendo o Artigo 216 da Constituição Federal (1988), que conceitua patrimônio cultural assim:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
29
29
UNIDADE Nossas Culturas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Nesta Unidade, o foco de nossos estudos foi a abordagem sob a ótica do multiculturalismo.
Para ampliar seus estudos, propomos leituras básicas e complementares. Veja as indicações:
Livros
Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho
HERNÁNDEZ, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2000. (cap. 1,2 e 3);
Leitura
Arte Popular: Perspectivas Multiculturais para o Ensino das Artes Visuais no Brasil
Arte popular: perspectivas multiculturais para o ensino das artes visuais no Brasil. Autoras:
Amanda Cristina Figueira Bastos de Melo e Bianka Pires André.
https://goo.gl/H1Ht5m
Arte, Cultura e Ensino Multicultural
Você também pode ampliar seus saberes lendo artigos sobre Arte, Cultura e ensino multicultural.
30
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. Eu, etiqueta. In: Corpo. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015. p. 53.
______. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 2.ed. São Paulo, Cortez, 2008.
31
31
UNIDADE Nossas Culturas
SCIENCE, Chico; MAIA, Lúcio. Etnia. Intérprete: Chico Science & Nação Zumbi.
In:_____. Afrociberdelia. Rio de Janeiro: Sony Music, 1996. CD. Faixa 3. Disponível
em: <http://www.recife.pe.gov.br/chicoscience/>. Acesso em: 24 fev. 2016.
UTUARI , Solange e outros. Por Toda Parte, 6.º ano. São Paulo: FTD, 2016.
VELOSO, Caetano. Letra só. Organização e notas Eucanaã Ferraz. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
32