Harris
Harris
Harris
Revisão
Aimê Freitas
Diagramação
Aimê Freitas
— Para minhas amigas Hannah (Nicola), Madu (Louise) e Jane (Brooke).
Prólogo
Última chamada para o voo 8539 destino Dulles, Virgínia, Estados Unidos.
Escuto assim que termino de despachar minhas malas e vou direto para o avião já que já
estava atrasada
Sento no meu lugar depois de olhar minha bolsa e verificar se está tudo aqui.
Celular confere
Taser confere
Carregador, fone, brindes que o Ed me enche o saco para trazer, confere.
Dou um pequeno sorriso quando lembro do meu irmão do meio suspirando não vendo a
hora de vê-lo junto as minhas outras irmãs.
Minha mente começa a viajar pelas minhas memórias lembrando dos nossos momentos
juntas como a primeira vês que nos encontramos havia sido em uma cidadezinha no Brasil
entre Rio de Janeiro e Espírito Santo foi peculiar, mas muito interessante.
Ando pelos corredores morrendo de vontade de ir ao banheiro, mas não sabendo aonde
era já que quando cheguei ninguém me apresentou o lugar apenas jogaram eu e meus
irmãos aqui dentro como se não fossemos nada.
Esse já era o terceiro orfanato em que eu e meus irmãos ficamos instalo desde que meu
irmão conseguiu chegar naquela instalação para refugiados no irã.
Estou preocupada com ele já que sei que ele não está bem, sei que de vez em quando o
escuto chorando por aí acho que ele sente falta dos nossos pais. A verdade é que eu
também sinto.
— Aí — caio no chão quando esbarro em alguém — olha por onde anda garota — escuto
a voz de uma menina e a observo melhor, cabelos longos e escuros, olhos grandes e azuis
e ela está irritada
— Eu falo do jeito que eu quiser — ela fala revirando os olhos e saindo de perto de mim.
Acompanho ela com os olhos tentando entender qual o problema dela antes de voltar a
olhar para frente, tomo um susto enorme ao encontrar uma menina loira me olhando com
cuidado como se me analisando
— Me desculpe — ela fala com um forte sotaque e me olha agora com suas bochechas
levemente rosadas — eu só vim me desculpar pela minha amiga ela fica estressada às
vezes quando é obrigada a ir a algum lugar para onde não quer ir — Sou a Louise — ela
me estende a mão com um sorriso banguela — Laviollete.
Olho de volta para a garota loira a minha frente seus olhos azuis que me espera
cumprimenta-lá
Ela me olha nervosa antes de soltar minha mão rapidamente dando um suspiro leve.
— Que diferente, você não é daqui né? — me olha questionadora soltando a minha mão.
— Não — fico pensativa tentando entender porque ela soltou minha mão como se fosse
uma panela quente, mas deixo isso para lá — não vim do oriente médio.
— A — ela para pensando um pouco antes de sorrir — você fala muito bem o português.
— Obrigada — sorrio fraco — você também é — paro um pouco — dá para ver que
também não é daqui.
— Sou da França, Paris — ela fala com um sorriso no rosto — amo minha cidade — fala,
mas seu sorriso vai se desmanchando lentamente.
— Desculpa é que eu tenho autismo leve — ela fala não olhando, mas em meus olhos
— É tipo — olho para os meus pés antes de olhar de volta para os seus olhos — você foi
a única que foi legal comigo e eu pensei que você ia falar mal de mim ou algo assim.
— Porque achou isso? — ela franze o cenho — eu amo conhecer pessoas de outros países
Sinto minhas bochechas corarem e fixo pensando se digo a ela que Paris é alvo de ataques
terroristas de pessoas do meu país
— Nada não — olho para ela ainda meia envergonhada — você pode me mostrar onde é
o banheiro — estava me sentindo mais apertada que antes
— A sim, — ela me chama com a mão — me segue — ela diz antes de sair andando.
Vou andando atrás dela pelos corredores daquele orfanato um pouco fedorento até chegar
em uma porta que tinha uma bonequinha rosa em cima
— Obrigada — agradeço, mas assim que a vejo sair pego em sua mão o que faz ela se
afastar com o susto — desculpa
— Não sem problemas — ela dá um sorriso que não chega aos olhos — você quer mais
alguma coisa.
— Você pode me esperar? — Pergunto me sentindo envergonhada de novo por ter que
pedir isso — é que eu não conheço nada daqui e daqui a pouco é hora do almoço não sei
onde fica o — penso um pouco sem saber qual era a palavra certa em português — o lugar
para gente comer.
— Tudo bem serei sua guia — ela sorri e tento me lembrar o que é a palavra "guia" na
minha língua — mais vai logo está quase na hora do almoço — me apressa me
empurrando para dentro do banheiro.
Faço minhas necessidades o mais rápido que posso aquela menina estava me fazendo um
grande favor eu não queria a incomodar mais
Ela assente e vamos caminhando para fora do banheiro em direção aos corredores, tento
gravar cada espaço caso eu precise para eu não me perder sozinha
— Mais então — ela começa — como seu português e tão bom pelo jeito você é nova
aqui no Brasil
Aceno em confirmação
— Eu vim do meu país para os Estados Unidos de lá fui para Curitiba e passei um mês
antes de vir para cá com os meus irmãos
— Você tem irmão — ela arregala os olhos — legal eu sempre quis ter irmão de verdade
— A não — nego com a cabeça — não somos irmãos dos mesmos pais, eu e meu irmão
do meio fomos adotados por uma família que já tinha um filho.
— A sim, — ela assente voltando a andar — mesmo assim deve ser um máximo — ela
olha para o nada como se imaginasse algo incrível
— Olha, pelo menos você não sente o cheiro de chulé o tempo todo — dou uma risada
— toda vez que chego perto do meu irmão mais velho sinto cheiro de chulé.
— É verdade — ela sorri — quem sabe eu seja adotada e ganhe irmãos e uma linda
família.
Assinto e aposto que a adorariam ela, já que é tão linda com seus cabelos loiros e olhos
azuis que acho impossível ela passar mais tempo aqui
— Aposto que sim — digo com um pequeno sorriso — eu não quero ser adotada sem
meus irmãos.
— Te entendo, nem eu gostaria — ela diz virando uma curva e eu a sigo — ainda estou
surpresa de que não tenham separado vocês.
— Bom então vamos lá — ela diz antes de entrar em um lugar cheio de crianças de todas
as idades
Tento procurar meus irmãos vendo-os sentados em uma mesa com uma menina linda com
cabelos para o alto grandes e cacheados.
— Eu vou ali — aponto para os meus irmãos que estavam rindo de algo que a menina
estava dizendo — rapidinho.
— Se você quiser pode vir, aqueles não meus irmãos — dou um pequeno sorriso
esperando sua resposta.
Ela assente
Dou de ombros não sentindo fome naquele momento indo em direção aos meus
irmãos. Abraço Ed pelo pescoço assim que chego perto o suficiente sentindo-o tomar um
susto, mas logo relaxando assim que percebe que sou eu
— Oi doce coração — ele fala na nossa língua materna e eu suspiro aliviada, pois não
iria saber entender isso em português.
— Oi — respondo também na nossa língua materna é bom não ter que falar o tempo todo
uma língua estrangeira.
— Estou bem melhor — ele sorri para mim, tentando me acalmar — só um pouco de dor
nas costas.
— Porque você ia ficar preocupado sem necessidade — ele diz como se fosse óbvio —
tô bem gente, sério.
— Não estou com fome — falo já sabendo o que irá vir por aí.
— Mia você precisa comer — Vince me adverte levantando da cadeira — vamos nem
que seja só um pouco — ele fala agora com ternura seus olhos estavam cansados e
pareciam gritar por descanso.
Eu ficava imaginando o quanto era difícil para ele cuidar de mim e do meu irmão que
agora não tinha o movimento das pernas
— Tudo bem — concordo sem querer mais dar trabalho para ele
Ele aumenta seu sorriso pegando a minha mão e vamos para a fila do almoço
— Ei — escuto e olho em direção do garoto que estava acompanhado com mais três
meninos a sua volta — o estrangeiro
Vejo meu irmão revirar os olhos assim que coloca os olhos nos quatro garotos que
estavam vindo na nossa direção
— Ignore — vence fala em persa — São só uns caras irritantes — completa se virando
de volta pra fila me colocando na sua frente apertando meus ombros
Dava para ver que ele estava nervoso e eu já não estava gostando dessa situação.
Depois disso tudo passa rápido demais meu irmão mais velho levanta dando um soco no
garoto que estava enchendo o saco dele fazendo o menino cair no chão.
Sinto meus olhos quase pularem para fora e vejo os outros amigos daquele garoto partirem
pra cima do meu irmão.
Vou correndo até ele tentando o ajudar dando um chute na canela de um deles.
Mas assim que faço logo me arrependo vendo o garoto com um rosto irritado vindo em
minha direção e me segurando forte pelos ombros
A atitude do meu irmão logo surge efeito no garoto que olha para nós agora mais irritado
do que eu achei que poderia ficar
— O que você espera fazer contra mim cadeirante — o garoto ri andando em nossa
direção mancando um pouco
Não consigo segurar a risada vendo-o andar mancando o que faz ele levar um tombo no
chão o que faz eu rir mais ainda
— O que você vai fazer contra nós — enfatizo o você já estava irritada com esse garoto.
Ele levanta nada feliz com o que eu disse com seu rosto completamente vermelho de
irritação
— Você vai ver garotinha — ele chega mais perto ainda mais antes que pudesse nos
alcançar ele simplesmente apaga depois que a mesma garota com quem esbarrei no
corredor aperta um ponto específico em seu pescoço.
— Pronto agora ele para — ela diz antes de olhar em nossa direção — Sou a Nicola —
ela fala sem um esboço de sorriso em seu rosto.
— Sou a Brooke — diz a menina que estava sentada antes com os meus irmãos.
Vejo a menina que agora sei que se chama Nicola o observar um pouco demais e me
questiono o porquê disso
— Você está bem? — Escuto Louise vindo correndo em minha direção me analisando
da cabeça aos pés
— Estamos bem — Ed acrescenta mesmo que a menina não tenha falado com ele — eu
sou bem mais forte do que pareço
— Claro que sim machão — olho pra meu irmão se não fosse por você eu estaria —
analiso para ver a melhor palavra ver a que eu mais sei pronunciar — frita.
— Exatamente Sou um irmão perfeito — ele continua com um sorriso e só agora percebo
que os meninos estão no chão com dor
— Se mexerem com eles de novo vão mexer com a gente — Brooke fala e Louise assente
mesmo que eles não estejam olhando para ela
Vincent!
O preocupo com os olhos vendo-o se levantar com o rosto quase que desfigurado
— Você não está bem-digo assim que chego perto dele — precisamos te levar a um —
esqueço como se fala médico em português e me repreendo por não ter estudado mais
— Para um médico — a menina agressiva do corredor fala — sei onde fica a enfermaria.
Assinto para ela, mas entes que possamos andar na direção da enfermaria um homem com
um rosto frio vestido com um casaco preto e uma blusa branca seus sapatos estavam super
brilhantes tanto que reluziam a luz
Assim que percebo o que está acontecendo uma onda de desespero me assombra e os
meus irmãos.
— Não — digo olhando firme para o homem a minha frente que desvia sua atenção para
mim — Não sem os meus irmãos
— Quem são os seus irmãos garotinha? — Ele me pergunta e eu aponto para Vincent e
depois para o Ed
— Há senhor Harris ele já foi adotado — a moça que até agora não tinha percebido que
estava ali aponta para o meu irmão.
Eu já deveria imaginar que ele seria adotado antes de mim e Vincent seus olhos verdes a
pele clara cabelos castanhos eu não deveria ter deixado ele sair do quarto por esses dias
droga como fui burra.
Eu não quero perder meu irmão não depois de tudo que passamos não agora não nunca!
Logo sentindo braços ao meu redor me tirando do colo do meu irmão a força
— Não! Eu não quero ir sem o Ed — eu falo em completo desespero — Ed!
— Mia — Ele tenta vir atrás de mim, mas não consegue antes das portas do refeitório
que se fecham
Me debato nos braços do homem que não queria me soltar de jeito nenhum
Ele me coloca no chão e segura meus braços olhando diretamente para os meus olhos me
olhando agora com mais suavidade
— Ok Menina vou te chamar assim até que me confirme o seu nome — ele se pronúncia
e o olho irritada e a contra gosto confirmo com a cabeça — ok Mia vamos fazer um trato?
— Ele questiona e o olho desconfiada — você vem comigo e eu deixo você ver seu irmão
uma vez por semana — ele fala e eu nego — ele revira os olhos — Duas vezes — nego
novamente — então faça sua proposta
Analiso a situação estou sendo adotada junto com Vincent e as outras meninas não
deveriam ser tão ruins assim já que este homem está me deixando escolher quantas vezes
vejo meu irmão do meio e se eu recusar Vincent vai e eu fico e se eu ficar ele vai querer
ficar também é eu quero que ele descanse ele não tem idade nem para cuidar de si mesmo
imagina de uma irmã de só 10 anos
— Todas as vezes que eu quiser vai ter que pagar lanche pra gente sempre que quisermos
não se vão alimentar meu irmão direito e também quero que veja se aquela família é boa
mesmo — digo, mas com medo de ele recusar se ele recusar como vou saber se ele estará
bem aquele homem parecia ser alguém importante e bem rico.
— Fechado — ele acena e ergo meu dedo mindinho esperando-o segurar ele revira os
olhos e pega com o seu dedo mindinho — fechado.