Apostila Completa Microbiologia
Apostila Completa Microbiologia
Apostila Completa Microbiologia
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA
➢ Capacidade de se reproduzir;
➢ Habilidade de ingerir ou assimilar alimentos ou nutrientes, com o intuito de
crescer e obter energia;
➢ Capacidade de excretar produtos tóxicos;
➢ Habilidade de adaptação ou até de gerar respostas para as alterações
ambientais;
➢ Ser suscetível a mutações (CARVALHO, 2010).
Todos os microrganismos possuem sistemas peculiares para serem estudados,
levando em conta as atividades genéticas, fisiológicas e bioquímicas, essenciais para
a manutenção da vida. A maioria desses organismos conseguem crescer e se
reproduzir rapidamente, como é o caso de algumas espécies bacterianas capazes de
fazer 100 gerações em cerca de 24 horas.
As atividades metabólicas dos microrganismos são semelhantes às dos
animais e dos vegetais superiores. A título de exemplo, podemos citar as leveduras,
que usam a glicose visando obter energia, de modo similar às células dos mamíferos,
demonstrando que o sistema enzimático também se encontra em tais organismos.
A Microbiologia possibilita o estudo detalhado desses seres vivos,
acompanhando suas atividades vitais durante a reprodução, o crescimento, o
envelhecimento e a morte. Dependendo das mudanças no ambiente que vivem, tais
atividades podem ser alteradas, mudando a forma de crescimento e o padrão genético
sem causar prejuízos letais à célula. Dentre os grupos microbianos mais relevantes,
temos os fungos, os protozoários, as bactérias, as algas e os vírus, que também
possuem alguns aspectos semelhantes a uma célula viva.
No século XIII, o frade Robert Bacon (1220 – 1292) sugeriu que a doença era
gerada por organismos invisíveis, uma afirmação que foi reforçada e defendida pelos
médicos Girolamo Fracastora (1478 – 1553) e Von Plenciz (1705 – 1786), no entanto,
nenhum dos dois tinha provas contundentes.
No ano de 1665, o cientista Robert Hooke (1635 – 1703) foi capaz de observar
e descrever as células em um pedaço de cortiça, o que deixou subentendido que as
plantas e os animais possuíam partes elementares em comum, por mais complexos
que fossem (ACTOR, 2007).
O consenso é que o cientista holandês Anthony van Leeuwenhok (1632 – 1723)
foi o primeiro a conseguir observar protozoários e bactérias, descrevendo-os, em seus
relatos, como pequenos “animáculos”. O termo bactéria foi usado, pela primeira vez,
pelo zoólogo alemão Christian Ehrenberg (1785 – 1876), por meio do termo
“bacterium”, que significava “pequeno bastão”.
1.2 Biogênese e Geração Espontânea
Fonte: https://iplogger.com/22utn6
Fonte: https://iplogger.com/2SwKE4
Por fim, o físico britânico John Tyndall (1820 – 1893) conduziu uma experiência
para comprovar que a poeira tinha microrganismos. Caso o local seja estéril e não
entre poeira soprada pelo vento, o caldo estéril não terá crescimento microbiano por
período indeterminado.
1.5.1 Protozoários
1.5.2 Algas
1.5.3 Fungos
1.5.4 Bactérias
São seres procariontes, uma vez que não possuem a carioteca (membrana
nuclear), nem outras organelas celulares presentes nos eucariontes, como o
complexo de Golgi e os retículos endoplasmáticos. As bactérias podem ser
autotróficas (produzem o próprio alimento) ou heterotróficas (obtêm nutrientes vindos
de outros seres vivos) (CARVALHO, 2010).
1.5.5 Vírus
São considerados o limiar entre um ser vivo e um ser inanimado, uma vez que
não possuem células como as descritas anteriormente, possuem apenas um envolupe
ou capa protéica com material genético, podendo ser RNA ou DNA, ou ambos
(retrovírus). Por não terem componentes celulares para se reproduzir ou fazer o
metalismo de forma independente, precisam de células vivas para auxiliá-los nessa
tarefa e, por este motivo, não se sabe se são ou não seres vivos (CARVALHO, 2010).
2 CONFIGURAÇÃO CELULAR
O estudo dos seres vivos foi muito facilitado depois que foi implementada a
classificação dos seres vivos, permitindo um entendimento mais profundo das
relações evolutivas. Podemos considerar que os microrganismos se agrupam em três
grandes domínios, o Bacteria, o Archae (arqueobactérias) e o Eukarya (eucariontes).
Tal classificação foi proposta por Carl Woese (já citado na aula anterior), quando
comparou diferentes nucleotídeos de RNAr.
No domínio Bacteria estão incluídas todas as bactérias “verdadeiras”, isto é,
aquelas que são procariontes. Por sua vez, o domínio Archae é formado pelas
arqueobactérias, anteriormente incluídas equivocadamente no grupo basal das
bactérias, também são procariontes. Já o domínio Eukarya engloba todos os seres
eucariontes, incluindo os reinos Fungi (fungos), Protista (algas e protozoários),
Animalia (animais) e Plantae (vegetais).
Quando estudamos essas classificações separadamente, podemos examinar
as células por meio de sua configuração ou organização. Reece et al. (2015) afirmam
que as células mais simples, especialmente em questão de material genético, são
denominadas procariontes como, por exemplo, os lactobacilos presentes em nossa
microbiota intestinal, já aquelas com uma estrutura mais complexa e um núcleo
coberto por membrana são denominados eucariontes, cujos exemplares incluem
plantas, animais, algas, fungos e protozoários.
No sentido etimológico, o termo procariontes vem do grego pro (primeiro) e
karyon (nós; amêndoa, fazendo ao formato do núcleo eucarionte), são organismos
unicelulares e não possuem uma membrana cobrindo o núcleo. Por sua vez, o termo
eucarionte também vem do grego eu (bom; perfeito) e karyon (noz ou amêndoa), cuja
principal característica é a presença da membrana nuclear, denominada carioteca, e
várias organelas no citoplasma.
Os seres procariontes não têm várias das organelas presentes nos eucariontes.
São descritas como células sem membrana nuclear e com ribossomos, não tendo as
demais organelas, enquanto os seres eucariontes possuem células com membrana
nuclear e diversas organelas com suas funções particulares espalhadas pelo
citoplasma. Essas são as principais características que diferenciam os dois
organismos.
As células procariontes foram as primeiras que apareceram, estando presentes
no mundo a bilhões de anos, desde a era primitiva. Devido ao processo de seleção
natural que foram submetidas, podemos encontrar seres procariontes com diversas
cores, formatos e aspectos relacionados com o meio que habitam. Essas células
possuem uma resistência considerável a condições extremas, como radiação, alta
salinidade, temperatura, etc.
Em questão de tamanho, as células procariontes são pequenas (medem cerca
de 1 a 5 μm), menores que as eucariontes (com cerca de 10 a 100 μm). Como já
mencionado anteriormente, são geralmente unicelulares, além de serem muito
organizadas e capazes de realizar todas as atividades vitais de um organismo sem o
auxílio de outras células. Outro aspecto bem importante dos procariontes é a taxia, ou
seja, capacidade de se movimentar através de flagelos, no entanto, nem todos os
seres possuem essa organela.
Além disso, fazem trocas com o meio extracelular através da parede celular
com uma permeabilidade seletiva. Os seres procariontes se reproduzem rapidamente
por meio de um processo denominado fissão binária, que consiste em se dividir em
múltiplos de dois (de uma vai para duas, de duas para quatro e assim
sucessivamente). Sua capacidade mutagênica se dá pela recombinação genética
(entre dois procariontes ou absorvendo material genético de organismos mortos), o
que assegura sua proliferação e perpetuação.
Lopes e Russo (2013) destacam que as células procariontes não são capazes
de gerar um organismo multicelular, no entanto, podem se organizar em colônias. Sua
alimentação ou nutrição acontece por meios quimiotróficos ou fototróficos, ou seja,
captam energia por meio de compostos químicos e da luz, respectivamente. Podemos
observar os tamanhos e formatos das bactérias na imagem 1, que são divididas em
cocos (a), bacilos (b) e espiralados (c).
Fonte: https://iplogger.com/2S5GY4
Com isso, podemos pensar sobre toda a formação de vida no planeta, com os
diversos processos evolutivos que aconteceram, tanto das células procariontes,
consideradas mais simples, quanto dos seres mais completos ou complexos formados
por células eucariontes.
3 GENÉTICA MICROBIANA
Fonte: https://iplogger.com/22fAE6
Fonte: https://iplogger.com/2SqAD4
Brown (2012) afirma que um aspecto importante nesse contexto é a
universalidade do código genético, ou seja, os códons armazenam informações dos
mesmos aminoácidos em qualquer ser vivo, tanto em organismos complexos e
multicelulares quanto em microrganismos simples. No entanto, ainda existem algumas
exceções no genoma mitocondrial, como o códon AGA, responsável por sintetizar a
arginina no DNA nuclear, enquanto na mitocôndria cumpre o papel de um stop codon.
Justina, Meglhiorati e Caldeira (2012) citam outros dois conceitos muito
utilizados: o fenótipo e o genótipo. Podemos definir o genótipo como a estrutura
genética do ser vivo, isto é, o grupo de genes recebidos dos antepassados contendo
dados para realizar todos os processos biológicos. Por sua vez, o fenótipo é a
manifestação dos traços e aspectos observáveis, sendo definidos pela interação entre
as características do ambiente onde o ser cresce e a carga genética.
A palavra genoma foi popularizada pelo botânico alemão Hans Winkler no ano
de 1920, sendo definida como o grupamento completo de genes em um organismo ou
de cromossomos. Depois dos anos 1990, começaram a ser desenvolvidos o
mapeamento e a examinação do genoma de diversos organismos, com o intuito de
compreender a função, estrutura e expressão dos genes, dando início à era genômica.
O principal marco dessa era foi a conclusão do Projeto Genoma Humano em
2003, responsável por mostrar que nosso material genético possui, aproximadamente,
3 bilhões de nucleotídeos e cerca de 20 mil genes codificadores de proteínas,
representando quase 1% do comprimento total de um genoma, enquanto o restante
consiste em sequências de DNA não codificante, que podem ser pseudogenes que
não possuem mais sua capacidade funcional ou genes relacionados com a
administração da expressão gênica.
Com a criação de novas tecnologias e o surgimento da era genômica, abriu-se
a possibilidade de concentrar os estudos nas interações e expressões dos genes, e
nos produtos dos processos transcriptômicos, proteômicos, nutrigenômicos,
metabonômicos, etc.
Fonte: https://iplogger.com/2STMG4
Watson et al. (2015) afirma que a região OriC possui sequências muito
conservadas entre as bactérias envolvidas, cujo tamanho pode variar de 200 a 1000
pares por base. Tal região é rica em pares A-T (adenosina-timina) com uma função
bidirecional, ficando perto do gene da proteína DnaA.
A duplicação do DNA das bactérias acontece por meio da proteína DNA
polimerase III, que se movimenta pela fita desenrolada pela DNA helicase. Conforme
dito anteriormente, a duplicação é feita nas duas fitas de DNA através da adição
sequencial de nucleotídeos por meio da complementaridade das bases, isto é,
combinações de adenosina-timina e citocina-guanina.
Tal duplicação acontece simultaneamente, o que significa que uma fita será
replicada no sentido 5’-3’ e a outra será replicada de modo descontínuo, já que se
encontra no sentido 3’-5’, um sentido antiparalelo. Para garantir esses processos
simultâneos, a enzima primase começa a incluir pequenos fragmentos de RNA
denominados primers, que permitirão o início da síntese dessa fita pela DNA
polimerase III.
No processo de replicação que acontece nas células procariontes, temos a
formação de somente uma forquilha de replicação, que progride conforme novas fitas
de DNA são sintetizadas. Essa etapa se encerra quando a forquilha chega na região
de término, denominada TerC, que fica na extremidade oposta da OriC (cromossomos
circulares) ou na extremidade final do DNA (cromossomos lineares).
Com a replicação concluída, as bactérias recém-divididas precisam compactar
o cromossomo que acabou de ser sintetizado. Nesse contexto, a molécula
compactada se chama nucleoide, sendo constituída de DNA e NAPs (nucleoid-
associated protein ou “proteínas associadas ao nucleiode”).
Os NAPs ficam associados ao DNA, possibilitando o acercamento de regiões
distantes, no sentido topológico, da molécula, o que resulta na formação das alças
que permitem a redução do tamanho do cromossomo em até dez vezes. Para encerrar
a compactação, o cromossomo faz uma torção negativa sucessivamente.
Os NAPs também são ativados na expressão gênica das bactérias através de
um processo epigenético, não se resumindo à compactação do DNA. Com isso,
quando o DNA relacionado a elas se aproxima, de modo espacial, no momento da
compactação, os genes que possuem funções relacionadas ficam em regiões onde
acontece muita síntese de RNAm (RNA mensageiro), que são chamadas de “fábricas
de transcrição”.
Em contrapartida, a falta de NAPs relacionadas ao DNA descompacta o
cromossomo, ou seja, faz com que se apresente de modo relaxado, dificultando a
transcrição de genes distantes. Resumidamente, a ação dos NAPs possibilita que os
genes fiquem próximos às fábricas de transcrição em bactérias na fase exponencial
de crescimento, possibilitando a expressão gênica.
Em bactérias que ficam na fase estacionária, a descompactação do DNA na
falta de NAPs acarreta redução da expressão gênica relacionada com o matebolismo
das bactérias
Fonte: https://iplogger.com/2S6EG4
3.1.1 Transformação
➢ O DNA externo é apanhado com o auxílio das proteínas ComG e ComEA que
ficam na superfície da parede bacteriana;
➢ Acontece a translocação do DNA através da proteína ComFA, do tipo DNA
translocase;
➢ Uma das fitas é degradada enquanto a outra fica protegida pelas proteínas
RecA e pelas proteínas de ligação de DNA unifilamentar;
➢ Por fim, temos a recombinação da fita resultante com o cromossomo
bacteriano.
3.1.2 Conjugação
3.1.3 Transdução
4 REAÇÕES METABÓLICAS
O metabolismo pode ser definido como o conjunto das reações químicas que
ocorrem em um organismo. No meio intracelular, temos enzimas que facilitam tais
reações, que podem ser catabólicas ou anabólicas.
Tortora, Funke e Case (2017) conceituam as reações catabólicas como
aquelas que liberam energia, geralmente através da quebra de substâncias mais
complexas em moléculas mais simples, fazendo a lise de ligações químicas através
de processos hidrolíticos, isto é, que usam água. Podemos afirmar também que essas
reações são exergônicas, uma vez que a produção de energia é superior ao uso,
mantendo um balanço energético positivo.
Por sua vez, as reações anabólicas são aquelas que consomem energia para
produzir compostos orgânicos complexos usando substâncias mais simples. Como
exemplo dessas reações, vale citar a produção de RNA ou DNA usando nucleotídeos
e aminoácidos vindos de proteínas. Os processos envolvidos podem ser chamados
de endergônicos, já que usam muita energia e produzem pouca.
Existe uma relação de equilíbrio entre as reações anabólicas capazes de
produzir uma molécula, as reações catabólicas que geram substâncias mais simples
e a energia essencial para possibilitar esses processos metabólicos. O ATP
(adenosina trifosfato) contém uma adenina, três fosfatos e uma ribose, ela funciona
como uma “moeda de troca” para tais reações.
A quebra dessa molécula se dá pela remoção de um grupo fosfato, gerando
energia e uma molécula de ADP (adenosina difosfato). A energia do anabolismo pode
ser aproveitada para produzir um ATP novamente (usando o fosfato e um ADP) em
uma reação catabólica, conforme mostrado na imagem 1.
Voet e Voet (2013) citam alguns aspectos fundamentais das vias metabólicas,
sendo eles:
➢ Irreversibilidade: O sentido das reações é somente um, sendo definido pela
variação de energia livre;
➢ As vias catabólicas e anabólicas devem ser distintas: vamos imaginar dois
compostos, 1 e 2, sendo eles interconversíveis (podemos converter um no
outro por meio de reações químicas). A via que converte 1 em 2 não pode ser
idêntica a via que converte 2 em 1.
➢ No começo de cada etapa, temos uma reação exergônica que obriga o
metabólito sintetizado a seguir por essa via.
➢ A coordenação das vias metabólicas é feita, geralmente, pelas enzimas que
catalisam as primeiras etapas.
➢ Nas células eucariontes, temos determinadas regiões celulares onde as vias
metabólicas se desenvolvem. A título de exemplo, podemos citar as
mitocôndrias, responsáveis pela respiração celular, um processo que gera uma
grande quantidade de ATP. Além disso, temos a produção de esteroides e
lipídeos pelo retículo endoplasmático liso e a glicólise no citoplasma.
4.1.1 Fotoautotróficos
Como o próprio nome já diz, a fonte de energia usada é a luz e, para o carbono,
usa CO₂. Os microrganismos que se enquadram nessa categoria são as bactérias
fotossintéticas, como bactérias verdes, cianobactérias e bactérias púrpuras. As algas
e plantas verdes são outros seres vivos que também recebem essa classificação.
Durante a fotossíntese, o dióxido de carbono sofre redução com o hidrogênio
da água, liberando oxigênio gasoso. Por habitarem ambientes anaeróbicos, as
bactérias púrpuras e verdes não usam água para reduzir o CO₂, elas geralmente usam
H₂S (sulfeto de hidrogênio) na redução, liberando enxofre elementar ao invés de
oxigênio.
4.1.2 Foto-heterotróficos
4.1.4 Quimio-heterotróficos
Tortora, Funke e Case (2017) afirmam que a maioria dos microrganismos usam
o catabolismo de carboidratos como a principal fonte de energia, principalmente a
glicose, sendo essencial para o metabolismo bacteriano. As células possuem utilizam
dois processos para gerar energia, sendo eles a respiração celular e a fermentação,
cuja semelhança está na primeira etapa, através da glicólise (quebra de glicose).
A fermentação consiste em um mecanismo anaeróbico, onde um composto
orgânico funciona tanto como receptor quanto como doador de elétrons. Por sua vez,
a respiração celular se trata de um mecanismo aeróbico ou anaeróbico, onde um
composto doador é oxidado com o auxílio de O₂ ou um outro composto que funcione
como receptor final de elétrons.
Ambos os processos são caminhos metabólicos divergentes. Caso o ambiente
tenha O₂ suficiente, teremos a respiração, caso contrário, o organismo optará pela
fermentação. Segundo Madigan et al. (2016), a respiração celular é o mecanismo que
mais produz ATP, sendo a via de preferência das bactérias, no entanto, elas também
podem optar pela fermentação se necessário.
4.2.1 Glicólise
Imagem 3 – Glicólise
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2017)
Fonte: https://iplogger.com/22vFC6
4.2.3 Fermentação
Fonte: https://iplogger.com/22EJC6
➢ Meios definidos: Também conhecidos como meios sintéticos, são meios que
sabemos a composição, tanto quantitativa quanto qualitativamente, já que são
desenvolvidos com quantidades precisas de compostos inorgânicos e
orgânicos. São muito usados no cultivo de bactérias autotróficas e em trabalhos
experimentais.
➢ Meios complexos: Ao contrário do anterior, não sabemos exatamente sua
composição, no entanto, temos conhecimento que possuem diversas fontes de
nutrientes, como extratos de carne, de leveduras, de soja, de carnes ou de
plantas, podem também conter proteína de leite e produtos microbianos. São
os mais usados em procedimentos laboratoriais de rotina.
Também é um meio sólido que deve ser usado em placas. É formado por sais
biliares, cristal violeta e peptonas. Como mencionado anteriormente, é um meio
seletivo, uma vez que permite somente o crescimento de bactérias gram negativas
devido à sensibilidade das bactérias gram positivas aos sais biliares. Esse meio
também pode ser considerado diferencial, pois gram negativos fermentadores de
lactose geram colônias rosas (Escherichia coli), enquanto as não fermentadoras
geram colônias beges ou incolores (Pseudomonas aeruginosa).
O principal uso do ágar MacConkey é para identificação e isolamento de
enterobactérias, além de ser útil na contagem de coliformes fecais em amostras como
água, fezes e alimentos.
5.1.3 Ágar-chocolate
5.1.5 Ágar SS
Consiste em um meio sólido formado por nutrientes como verde brilhante, sais
biliares, tiossulfato de sódio, citrato de sódio e citrato férrico. Devido à presença de
sais biliares, pode ser considerado um meio seletivo, já que inibe o desenvolvimento
de bactérias gram positivas e, semelhante ao ágar MacConkey, também é diferencial
por identificar fermentadoras de lactose (colônias rosas) e não fermentadoras
(colônias incolores).
É empregado, principalmente, para isolar bactérias do gênero Shigella (gera
colônias incolores) e Salmonella (gera colônias com centro negro) usando amostras
de urina, alimentos e fezes.
Costuma ser usada para identificar Staphylococcus aureus, uma vez que
possui a enzima coagulase na parede celular. A prova pode ser realizada das
seguintes maneiras:
➢ Coco (esférico);
➢ Bacilo (formato de bastão);
➢ Espiral.
Fonte: https://iplogger.com/2SGuZ4
Na parte externa da parede celular, podemos observar os flagelos, o
glicocálice, as fimbrias, os filamentos axiais e os pili. Como vimos nas aulas anteriores,
os flagelos se encarregam da movimentação da bactéria, além disso, podem ser
separados em alça, filamento e corpo basal. Foram encontrados quatro arranjos de
flagelos, sendo eles:
Fonte: https://iplogger.com/2SaQZ4
➢ Baixa imunidade;
➢ Má digestão e redução do metabolismo;
➢ Escassez de vitamina B;
➢ Diminuição do peristaltismo intestinal;
➢ Desequilíbrio hormonal;
➢ Excesso de toxinas no trato intestinal.
Em relação à vacinação, muitas das vacinas são produzidas usando bactérias
atenuadas ou mortas, com o intuito de estimular a produção de anticorpos contra o
antígeno em questão, que servirão no combate de uma possível infecção. Dentre as
vacinas produzidas por esse processo, podemos citar aquelas que combatem o
tétano, a tuberculose, a coléra e a meningite bacteriana. Hu et al. (2015) ressaltam o
uso de vacinas com bactérias atenuadas no tratamento de câncer.
Na indústria farmacêutica, podemos destacar o uso da Escherichia coli na
fabricação de insulina humana através da tecnologia de DNA recombinante, que tem
sido muito útil, já que a insulina é a base do tratamento de diabetes mellitus tipo I,
além do fato de algumas pessoas terem uma resposta imune exagerada a insulinas
extraídas de bovinos e suínos.
Outro uso das bactérias na área da saúde é para a produção de antibióticos,
com o auxílio das Streptomyces ssp., responsáveis pela fabricação de 80% dos
antibióticos existentes.
No equilíbrio ecológico, as bactérias são fundamentais pela sua habilidade de
decompor outros organismos mortos, gerando nutrientes para a natureza, como
alguns elementos químicos (carbono, nitrogênio, etc.), tais bactérias se enquadram
na categoria dos decompositores heterogêneos. Além disso, são igualmente
essenciais na compostagem, um processo que converte a matéria orgânica do lixo em
adubo orgânico.
Segundo Taiz et al. (2017), a decomposição é uma das fases do ciclo do
nitrogênio, que inicia com a transformação do N₂ (nitrogênio atmosférico) em NH₃
(amônia) ou até em NH₄+ (íons amônio), através do processo de fixação biológica feito
pelas bactérias Rhizobium ssp.
Em seguida, as bactérias nitrificantes, como as do gênero Nitrobacter e
Nitrossomonas, transformam a amônia em NO₂- (nitrito) e os íons nitrito em NO₃-
(nitrato). Tais compostos são absorvidos pelo solo para, posteriormente, serem
transformados em compostos orgânicos pelas plantas. Os animais, por sua vez,
consomem as plantas e liberam esses compostos pelas fezes. Durante a
decomposição, as bactérias transformam os compostos orgânicos em amônia, nitrato
ou nitrogênio para voltarem à atmosfera.
Imagem 3 – Ciclo do nitrogênio
Fonte: https://iplogger.com/2S4iX4
VÍRUS
Os vírus consistem em pequenos seres sem células com alguns aspectos
peculiares, como a presença de uma cobertura proteica que protege o ácido nucleico,
sendo ele DNA ou RNA, que servem para que eles se repliquem no interior da célula
hospedeira, se aproveitando dos recursos intracelulares para produzir compostos e
formar outra cobertura que transportará o material genético a outra célula. Tortora,
Funke e Case (2018) citam algumas diferenças entre vírus e bactérias, que estão
descritas na tabela 1.
➢ Ácido nucleico: Se trata do material genético viral, podendo ser RNA ou DNA,
com fita dupla ou simples, organizado de forma circular ou linear. Dentre os
vírus com DNA, podemos citar o parvovírus (fita simples) e o adenovírus (fita
dupla) e, dentre os vírus com RNA, vale destacar o picornavírus (fita simples)
e o reovírus (fita dupla).
➢ Capsídeo: Consiste em uma envoltura que oferece proteção ao ácido nucleico.
É composto por subunidades proteicas chamadas capsômeros, cuja
organização pode variar conforme o tipo de vírus.
➢ Envelope: Alguns vírus possuem essa envoltura, que cobre o capsídeo. É
composto, basicamente, por lipídeos e proteínas. Podemos observar na
imagem 1 a estrutura de um vírus.
Imagem 1 – Estrutura dos vírus
Fonte: https://iplogger.com/22iG27
7.1 Morfologia
Fonte: https://iplogger.com/22vX27
Alguns vírus não lisam a célula hospedeira, pois realizam outro ciclo
denominado lisogênico, como o bacteriófago λ. Nesse ciclo, o material genético linear
do bacteriófago também é injetado no interior da célula bacteriana e altera sua forma
para circular, de forma semelhante ao que acontece no ciclo lítico.
A diferença está no fato que o material genético do vírus é integrado ao
cromossomo bacteriano através de uma recombinação gênica, com isso, não temos
a morte celular e a bactéria consegue se reproduzir normalmente. Em alguns casos,
o material genético do vírus pode ser removido, o que acarreta o início do ciclo lítico.
Fonte: https://iplogger.com/22SN27
Brooks et al. (2015) afirmam que diversos vírus conseguem se alojar em células
humanas, podendo ser separados em duas categorias, os que possuem RNA e os
que possuem DNA. Iremos abordar brevemente sobre alguns desses vírus.
Alguns vírus não possuem os critérios abordados até o momento, eles são
chamados viroides e príons. Em relação aos viroides, podemos definí-los como vírus
que causam doenças em plantas, sendo constituídos por RNA sem revestimento
proteico. São considerados os menores patógenos descobertos, com um tamanho
que varia entre 246 e 399 nucleotídeos em uma fita simples de RNA em formato
circular.
Por não terem um revestimento proteico, os viroides não usam os receptores
para depositar seu material genético no hospedeiro, eles ingressam através de lesões
feitas por insetos e fatores físicos ou químicos capazes de danificar o tecido vegetal.
Como exemplo, podemos citar o viroide do coco cadang-cadang e o viroide do
tubérculo afilado de batata.
O nome príon vem é uma abreviação de um termo inglês, que significa
“partícula infecciosa proteinácea” (proteinaceous infectious particle). Foi descoberto
pela primeira vez em um estudo feito em 1982, pelo neurobiologista Stanley Prusiner,
que conseguiu identificar proteínas em ovelhas que causavam a doença de ovelhas
scrapie. Depois disso, conseguiu descobrir que a infecção diminuía quando tratava o
tecido com proteases ao invés de radiação, o que atribuiu ao patógeno esse nome.
Dentre as principais doenças causadas pelos príons, podemos citar as
encefalopatias espongiformes, que formam vacúolos proeminentes no cérebro dos
animais acometidos. Em humanos, podem causar a insônia familiar fatal e a doença
de Creutzfeldt-Jackob. Ambas as doenças são causadas devido à conversão de uma
glicoproteína comum do hospedeiro (Prpc) em uma forma infecciosa scrapie (PrPsc),
como podemos observar na imagem 4.
Imagem 4 – Mecanismo de infecção dos príons
Como vimos nas aulas anteriores, os fungos são seres eucariontes que
integram o reino Fungi, são heterotróficos e possuem parede celular formada. Existem
espécies pluri e unicelulares, que podem se reproduzir sexuada e assexuadamente,
além de terem exemplares anaeróbicos facultativos e aeróbicos. Para diferenciá-los,
precisamos levar em conta seus aspectos morfológicos, citológicos, patogênicos e
reprodutivos.
Levando em conta os aspectos morfológicos, um fungo pode ter duas formas.
A primeira é a filamentosa, composta por fungos multicelulares, também é chamada
de bolor ou mofo devido à sua formação, composta a colônias filamentosas, que
crescem na forma de bolor. A outra é levedura, formada por fungos unicelulares com
um formato que varia de elipsoide a esférico.
Ainda assim, podemos observar fungos com aspectos morfológicos que variam
conforme a temperatura, que são chamados de dimórficos. Tais fungos, na
temperatura corporal (37 °C) são leveduras, já em temperatura ambiente, são
filamentosos. Além disso, a forma de um fungo dimórfico pode alternar dependendo
da concentração de dióxido de carbono no meio, assumindo a forma de filamentosos
em concentrações altas e de leveduras em concentrações baixas.
Segundo Tortora, Funke e Case (2018), o dimorfismo é um aspecto essencial
no reconhecimento de fungos patogênicos como o Mucor indicus, que geralmente
afeta pacientes imunocomprometidos, gerando uma doença chamada mucormicose.
Em relação à estrutura vegetativa, podemos definí-la como a parte dos fungos
que coleta os nutrientes e, por esse motivo, está ligada ao crescimento e ao
metabolismo dos fungos. Morfologicamente, a estrutura vegetativa dos fungos
filamentosos é composta por um conjunto de filamentos denominados hifas, que se
assemelham a túbulos cilíndricos ramificados.
Quando crescem, as hifas se agrupam e ficam compactadas
macroscopicamente, gerando uma estrutura que chamamos de micélio, que são
visíveis e crescem em condições favoráveis. As hifas se dividem em asseptadas e
septadas.
Levinson (2016) afirma que as septadas possuem septos transversais, que se
apresentam como diversas unidades celulares uninucleadas. Por sua vez, as
asseptadas, também chamadas de cenocíticas, não possuem uma delimitação visível,
isto é, não são formadas por septos, paredes transversais ou membranas que
delimitam os núcleos das células filhas adjacentes.
Brooks et al. (2015) também divide as hifas em vegetativas e reprodutivas. A
hifa vegetativa consiste na parte que coleta nutrientes por meio da penetração no meio
nutritivo, enquanto a hifa reprodutiva, como o próprio nome já diz, se encarrega da
reprodução, uma vez que tem uma projeção fúngica acima da área de
desenvolvimento no decorrer do crescimento das hifas.
Imagem 1 – Hifas
No entanto, vale ressaltar que até mesmo os fungos hialinos, que não possuem
aspectos patogênicos relacionados com o pigmento, são capazes de gerar micoses
em pessoas imunocompetentes ou imunocomprometidas. Tais micoses podem ser
chamadas de hialo-hifomicoses, se manifestando de forma subcutânea, superficial ou
sistêmica.
Outro mecanismo de patogenicidade é a habilidade dos fungos de bloquear a
síntese de citocinas, o que diminui a atividade fungicida dos macrófagos, como no
caso do Cryptococcus neoformans, capaz de inibir citocinas como TNF alfa e IFN
gama. Ele também possui uma cápsula espessa, que pode ser visualizada em um
microscópio com o auxílio de corantes como tinta de nanquim ou da China.
Os fungos podem obter seus nutrientes de diversas formas, podendo ser
divididos, nesse sentido, em saprófitos, simbióticos e parasitas. Os simbióticos são
aqueles que possuem uma relação mutualística com o hospedeiro, isto é, ambos saem
beneficiados. As relações simbióticas podem ser subdivididas em duas categorias:
Imagem 2 – Brotamento
Mesmo que existam diversos fungos patogênicos, existem alguns que podem
ser usados para facilitar a rotina diária dos seres humanos, uma vez que a maioria
dos fungos não traz malefícios ao organismo humano. Alguns deles são saprófitas,
isto é, possuem a habilidade de decompor matéria orgânica e atuam como
catalisadores na decomposição, sendo úteis nas indústrias farmacêuticas,
alimentícias e agrícolas.
Em relação à indústria alimentícia, os fungos costumam ser empregados na
fabricação de pães, queijos e bebidas alcoólicas. Já na indústria farmacêutica, são
usados na produção de antibióticos da classe Penicilina e Cefalosporina, cujo princípio
ativo é sintetizado pelos fungos Penicilium sp. e Acremonum sp., respectivamente.
Além disso, o fungo Tolypacladium inflatum gams é usado na produção de
ciclosporina, um imunossupressor muito utilizado nos serviços de saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. F.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
WATSON, J. D. et al. Biologia molecular do gene. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
LOPES, S.; RUSSO, S. Bio: volume único. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
WOESE, C. R. et al. A comparsion of the 16S ribossomal RNA from mesophilic and
termophilic bacilli: some modifications in the sanger method for RNA sequence.
Journal of Molecular Evolution. v. 7, p. 197-213, 1976.