Religiao e Política
Religiao e Política
Religiao e Política
Resumo: Se existe uma violação sistemática e permanente dos direitos humanos, então o
engajamento pelos direitos humanos não pode dirigir-se unicamente contra as violações
singulares, mas sobretudo contra os mecanismos sociais e econômicos que conduzem a uma
violação permanente dos direitos das grandes maiorias, insto é, dos pobres. Dessa forma, o
presente artigo pretende evidenciar a contribuição especifica da teologia brasileira da
libertação, para a discussão sobre direitos humanos a partir dos direitos dos pobres. Para isso,
adotaremos como metodologia a pesquisa bibliográfica e documental.
Palavras-chave:Religião e Direitos humanos; Direito dos Pobres: Teologia da Libertação;
Igreja e Sociedade.
Abstract: If there is a systematic and permanent violation of human rights, then engagement
in human rights cannot only address individual violations but above all against the social and
economic mechanisms that lead to a permanent violation of the rights of large , of the poor.
Thus, this article intends to highlight the specific contribution of the Brazilian theology of
liberation, to the discussion on human rights based on the rights of the poor. For this, we will
adopt bibliographic and documentary research methodology.
1
João Luiz é formado em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória. Licenciando em Pedagogia pela
Universidade Estadual Darcy Ribeiro (UENF) e mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Metodista de
São Paulo (UMESP), onde estuda religião e direitos humanos.
Com efeito, é extremamente necessário ter em vista o contexto brasileiro em que surge
a Teologia da Libertação. Um tempo histórico em que os ataques aos direitos fundamentais
eram intensos e constantes: torturas, assassinatos, exílios, violências simbólicas. Além dessas
realidades de dor e sofrimento, outro fator que marcava a América Latina, em especial o
Brasil, nas décadas de 60 e 70 era a pobreza e a miséria. Segundo José Aldunate“Estima-se
que, por volta de 1970, 19% da população latino-americana vivia em condições de indigência
e 40% em condições de pobreza. O que significa 54 milhões de indigentes e 113 milhões de
pobres. ” (ALDUNATE,1990 p. 22). Desse contexto emerge uma pergunta fundamental:
“como anunciar o amor gratuito de Deus a toda pessoa, num mundo em que os seres humanos
são reduzidos a não homens? ” (GUTIÉRREZin OLIVEIRA, p. 202). Essa foi uma das
inúmeras perguntas e inquietações que teólogos e teólogas da libertação se dedicaram a
pensar.
Em seu livro “Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos”, o sociólogo
Boaventura de Sousa Santos, para compreender a presença religiosa na esfera política, faz um
resgate histórico no Iluminismo e nos processos sociais e políticos que conduziram à
privatização do indivíduo e como as teologias convencionais tomaram o indivíduo -
específico criado pelo Iluminismo - como sujeito geral/universal, e dessa forma valeram-se da
ilusão do seu caráter apolítico. Contudo, como escreve Boaventura, a partir de 1920 e 1930,
começam a emergir na Alemanha, fortemente influenciada por Carl Schmitt, “teologias
políticas” que contestavam essa lógica. Em 1960 começaram a surgir no Brasil novas
teologias. “A nova teologia política tomou como alvo o conceito de indivíduo do Iluminismo.
Segundo ela, longe de ser um sujeito universal, o indivíduo do Iluminismo é, de fato, um ser
do sexo masculino, branco e de classe média. ” (SANTOS, 2014, p. 39). Com o surgimento
dessas teologias políticas:
O Sul global começou a poder questionar de modo credível a hegemonia, mostrando
que a fonte primária das mais massivas violações de direitos humanos - milhões e
milhões de pessoas condenadas à fome e malnutrição, pandemias e degradação
ecológica dos seus meios de subsistência – reside na dominação do Norte global
sobre o Sul global, agora intensificada pelo capitalismo neoliberal global.
(SANTOS, 2010, p. 437)
2
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Havia uma expectativa de que com o crescimento econômico não existiria mais pobres
no futuro. Os pobres deixariam de ser pobres e ascenderiam social e economicamente. “Havia
uma esperança no ar. Os pobres também participavam dessa esperança. Muitos deixaram seu
lugar de origem em busca de tempos melhores nas metrópoles. ” (SUNG, 2008, p.85).
Contudo, com a crise econômica e social, essa expectativa foi frustrada. A minoria rica
continuou enriquecendo cada vez mais e a maioria pobre foi percebendo que não teria lugar
nesse novo modelo econômico.
De fato, não aconteceu o tal “crescimento econômico” tão aguardado pelas classes
mais populares. A pobreza e a violência ainda são um problema real no Brasil e na América
Latina. Oeconomista francês Thomas Piketty afirma que “apesar dos avanços dos últimos
anos, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Em nossa base de
dados, só encontramos grau de desigualdade semelhante na África do Sul e em países
do Oriente Médio.” (PIKETTY, 2017). Um estudo da Oxfam revela que os “5% mais ricos
detêm mesma fatia de renda que outros 95%. Mulheres ganharão como homens só em 2047, e
os negros como os brancos em 2089.”
Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann
Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo
Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis
pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100
milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7
milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos,
levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. (Oxfam, 2018)
A pesquisa aponta que aqueles que recebem um salário mínimo por mês (cerca de 23%
da população brasileira) teriam que trabalhar por 19 anos para obter a mesma renda que os
chamados super ricos. Alguns cientistas sociais passaram a usar a terminologia excluídos para
se referirem a essas massas empobrecidas (SUNG, 2008, p.85). Quem é excluído é excluído
de algo. Os pobres continuam sendo excluídos dos seus direitos mais fundamentais: comida,
bebida, saúde, moradia, diversão. De certo, todas essas exclusões foram possíveis porque
antes os pobres foram excluídos de sua dignidade, de seu direito de ter sua dignidade
reconhecida. Os pobres e excluídos não tem fome somente de pão, mas também da
humanidade que lhes é negada.
Neste horizonte é possível perceber um problema antropológico no interior das
sociedades capitalistas neoliberais. Nessas sociedades o ser humano só é considerado humano
As palavras do nobre jornalista não revelam apenas sua percepção a respeito dos
problemas sociais que assolam o Brasil. Elas revelam a forma com que as sociedades
capitalistas tratam os problemas sociais. Aqui não estão em questão os escassos acessos das
populações pobres à saúde, saneamento básico, educação, moradia, comida e cultura. Aqui
está em questão o “prejuízo” financeiro que o país teve devido ao elevado número de
homicídios. Não está em questão a dignidade das vidas que moram nas periferias e favelas em
condições sub-humanas. O que está em questão são essas vidas (pretas) que “prejudicam” a
economia do país até na hora da morte.
De fato, é preciso reconhecer as inúmeras contribuições que a teologia da libertação
trouxe para o debate em torno dos direitos humanos. Contudo, é urgente uma dilatação dessas
pautas e reflexões. “A TL foi esta nova linguagem de uma nova autocompreensão da parcela
de comunidade cristã na América Latina e no mundo. Contudo, hoje experimentamos um
certo esgotamento desta linguagem na forma como foi construída nos anos 70.” (SUNG,
2002, p. 47). Como vimos anteriormente, em 2016 a taxa de homicídios de negros (pretos e
pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou
em 16 por 100 mil habitantes. Segundo dados levantados pelo G1, doze mulheres são
assassinadas todos os dias, em média, no Brasil (G1, 2018).
Em uma autocritica sensível e precisa, Jung afirma que:
Penso que o mais importante não é a ‘sobrevivência’ da TL, mas sim a continuidade
da produção teológica, que reflita criticamente a partir e sobre a prática da
caridade/serviço que nasce da indignação ética frente a situações e lógicas que
De fato, uma real luta pelos direitos humanos nos dias atuais passa por assumir
radicalmente a reflexão crítica dos nossos pressupostos e conceitos. Uma leitura
contextualizada da situação em que vive o nosso continente, em especial o nosso país.
Assumir o debate em torno das questões raciais, do gênero, das sexualidades e das inúmeras
formas de viver constitui fundamental desafio.
Referências:
The religious freedom in the Second Reign in discussion in the Imprensa Evangélica
(1861-1870)
Resumo: Esta comunicação aborda as principais ideias sobre liberdade religiosa discutidas na
Imprensa Evangélica, na década de 1860.O jornal foi fundado em 1864 pelos missionários
presbiterianos norte-americanos Ashbel Simonton(1833-1867), Alexander Blackford (1829-
1890) e pelo ex-padre brasileiro José Manoel da Conceição (1822-1873). Dois anos após sua
fundação, através de uma série de publicações, o editorial abordou o tema da liberdade
religiosa no Brasil, apresentando as principais ideias em relação à questão publicadas naquele
período. O editorial procurou distinguir o que em sua opinião eram teorias racionalistas que
conduziam ao indiferentismo religioso daquelas que apenas propunham apenas uma
regulamentação civil de separação entre Estado e Igreja, sem se deter em justificativas
filosóficas sobre a liberdade religiosa.
Palavras-chave: liberdade religiosa, Imprensa Evangélica, liberalismo.
Abstract: This paper discuss the main ideas about religious freedom examined in the
Imprensa Evangélica, in 1860s. The newspaper was founded in 1864 by the presbyterians
missionaries north-american Ashbel Simonton (1833-1867), Alexander Blackford (1829-
1890) and by the ex-priest brazilian José Manoel da Conceição (1822-1873). Two years after
its foundation, through of a serie of publications, the editorial approached the theme of the
freedom religious in the Brazil, presenting the main ideas relative at issue published in that
period. The editorial had for intend to distinguish, those that in your opinion, were rationalist
theories that might to lead to religious indifferentism of those that proposed only a civil
regulation of separation between State and Church, without if it stoped at philosophical
justifications about religious freedom.
Key words: religious freedom, Imprensa Evangélica, liberalism.
A comunicação que nos propomos a apresentar está baseada em uma parte de nossa
dissertação de mestrado (MEDEIROS, 2014). Nosso objeto de pesquisa é o discurso
produzido pelos missionários presbiterianos norte-americanos, entre as décadas de 1860 e
1870, no jornalImprensa Evangélica, fundado em 1864, primeiro periódico evangélico do
Brasil. Temos por intenção analisar a relação entre o discurso produzido pelo jornal e as
ideias liberais que circulavam no Segundo Reinado brasileiro. Para este texto, examinaremos
brevemente o tema da liberdade religiosa. Queremos compreender quais eram os principais
3
Licenciado em História pela UFRRJ. Mestre e doutorando em História pelo PPHR-UFRRJ, bolsista Doutorado
Nota 10 FAPERJ. Membro pesquisador do LABEP.
4
O Clube Radical, criado em 1868, utilizava como principal instrumento de divulgações de suas ideias, os
chamados meetings populares, isto é, conferências públicas previamente anunciadas na imprensa. Esse mesmo
método de divulgação de ideias foi amplamente utilizado pelos republicanos, a partir da década de 1870
(BASILE, 1990, p. 268).
5
Segundo Pereira (2007, p. 112), “os católicos conservadores entendiam ‘liberdade religiosa’ como a autonomia
necessária à Igreja Católica para exercer sua autoridade espiritual, e também, num sentido mais amplo, como a
própria liberdade espiritual que o ser humano encontra, individual ou socialmente, quando cumpre os propósitos
divinos revelados pelo cristianismo”.
Referências
Sciences of religion applied against the decision of the Supreme Court for confessional
religious teaching in public schools
Cristina Borges6
cristinaborgesgirassol@gmail.com
Resumo: Recentemente o Supremo Tribunal Federal – STF decidiu em uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade – ADI proferiu uma decisão que afeta diretamente o ensino religioso
nas escolas públicas brasileiras. Nessa decisão o supremo declarou que é permitido o ensino
religioso confessional, nas escolas públicas. No entanto, essa decisão provocou muito debate,
no decorrer do julgamento e após, devido aos argumentos apresentados nos votos e as
possíveis consequências que esta decisão produzirá no ambiente escolar e acadêmico. Este
trabalho tem a pretensão de fazer uma leitura da decisão dos ministros do STF a luz dos
pensadores decoloniais, refletindo, a partir deles, como se daria uma atuação da pedagogia
decolonial no ensino religioso. Para tanto, utilizamos a pesquisa bibliográfica, que contem
autores como Quijano (1992), Fornet-Bitancourt (2007), Passos (2007) e Rodrigues (2013 e
2015), bem como o acórdão da ADI nº 4439, após as leituras elaboramos as analises que aqui
expomos.
Palavras-Chave:Ensino Religioso;Colonialidade; Pedagogia decolonial.
Abstract: Recently the Supreme Federal Court – STF decided in a direct action of
unconstitutionality – ADI delivered a decision directly affecting religious education in
Brazilian public schools. In this decision the supreme declared that confessional religious
teaching is permitted in public schools. However, this decision provoked much debate in the
course of the trial and after, due to the arguments presented in the votes and the possible
consequences that this decision will produce in the school and academic environment. This
work has the intention of making a reading of the decision of the ministers of the STF the
light of the decolonial thinkers, reflecting, from them, how one would give an action of
decolonial pedagogy in religious education. For this, we used the bibliographic research,
which contains authors such as Quijano (1992), Fornet-Bitancourt (2004), Passos (2007) and
Rodrigues (2013 and 2015), as well as the judgment of ADI N º 4439, after the readings we
elaborated the analyses that we expose here.
Keywords: Ensino Religioso;Colonialidade; Pedagogia decolonial.
6
Doutora em Ciências da Religião – Universidade Estadual de Montes Claros – e-mail:
cristinaborgesgirassol@gmail.com
7
Graduanda em Ciências da Religião – Universidade Estadual de Montes Claros – Bolsista do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – BIC/UNI – FAPEMIG – e-mail: esabrinac@yahoo.com.br
8
Graduanda em Ciências da Religião – Universidade Estadual de Montes Claros – Bolsista do Programa de
Educação Tutorial em Ciências da Religião – PET/CRE – Participante do ICV/BIC/UNI e membro do NEAB –
e-mail: moniquesc20@yahoo.com.br
9
Proselitismo: fazer com que outros abracem uma causa doutrinária ou religiosa. SACCONI, Luiz Antônio.
Dicionário essencial da língua portuguesa / Luiz Antônio Sacconi. – São Paulo : Atual, 2001.
A educação intercultural não surge somente por “razões pedagógicas, mas por
motivos sociais, políticos e ideológicos e culturais”. Pois cresce, nas últimas décadas
a consciência das diferentes culturas presentes no tecido social brasileiro culturas
essas que por pressão social de seus movimentos articulados (consciência negra,
indígenas, movimentos feministas, sem terras, etc.), tendem a seu reconhecimentos e
valorização. (SEEHABER e MACHADO, 2007, p. 86).
Percebendo a história e o contexto social do Brasil no fim do século XX, a luta por
direitos e liberdades está muito latente nesse período. Ainda nessa linha, a elaboração da
Constituição Federal de 1988, considerada uma constituição cidadã por abarcar tantos direitos
e por ter sido elaborada com a proposta de ser a mais democrática possível.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a
assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
§1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.
§2º O ensino religioso regular será ministrado em língua portuguesa, asseguradas às
comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem. (Brasil, 1988, p. 59).
Além do texto constitucional fazer referência ao ensino religioso, traz a garantia de que
o mesmo seja assegurado a todos os cidadãos brasileiros constitucionalmente. Esse fato torna
o ensino religioso, ainda que oferecido como matrícula facultativa, obrigatório nas escolas
públicas de ensino fundamental.
Apesar deste cenário democrático, livre e que até parece acessível às diversas
denominações religiosas, o Brasil em 2010 celebrou acordo com a Santa Sé, para que o ensino
religioso católico fosse lecionado nos estabelecimentos públicos. Diz o artigo 11 do acordo,
Este acordo entre Igreja e Estado remetehá um tempo, num passado não muito distante,
quando o poder dominante era exercido por essas duas forças e o ensino religioso ministrado
O controle absoluto do mercado mundial foi imposto aos restantes das populações
mundiais, com o imperativo da aceitação do seu padrão específico de poder para assim, ser
Quijano (2005) vai propor o conceito de colonialidade do poder. [...]. Nesse sentido,
o colonizador destrói o imaginário do outro, invizibilizando-o e subalternizando-o,
enquanto reafirma o próprio imaginário. Assim a colonialidade do poder reprime os
modos de produção de conhecimento, os saberes, o mundo simbólico, as imagens do
colonizado e impõe novos. Opera-se, então, a naturalização do imaginário do
invasor europeu, a subalternização epistêmica do outro não-europeu e a própria
negação e o esquecimento de processos históricos não-europeus. (Cadau e Oliveira,
2010, p. 19).
[...] quando aqui chegaram os portugueses, encontraram um povo com suas crenças,
seus valores, sua organização social do trabalho e de sua convivência social, sua
civilidade. Mas como bons eurocêntricos, os lusitanos ignoraram tudo, tratando logo
de impor as suas concepções, sua civilidade. Surge, então, primeiro extermínio
cultural. Com o foco de explorar e escravizar os nativos a educação Jesuíta, sob a
tutela do Cristianismo evangelizador, impôs um processo de culturação que viria a
negar sua identidade. (Batista, 2014, p. 46).
Dos povos que aqui estavam ou que para cá vieram, além da exploração física/corporal,
ao trabalho escravo, além de terem forçados a deixarem suas terras, sua identidade, foram
obrigados a assumir uma nova identidade e a negar tudo que conheciam e
veneravam/acreditava.
O povo negro, por exemplo, foi obrigado a camuflar seus rituais e suas crenças, num
processo sincrético de assimilação de uma nova cultura e construção de uma nova identidade.
Para Borges (2011, p. 81) o sincretismo é um processo de estruturação de um universo
cultural através do movimento dinâmico de vários e diversos elementos que concedem
identidade a um grupo. E talvez esta tenha sido a estratégia de resistências deste povo
historicamente marginalizado, nas estruturas sociais.
De diversas formas a população considerada “minoria” foi segregada de direitos e
oportunidades, excluídas e inferiorizadas, pretos, mulheres, índios, etc., todos aqueles que
fogem ao padrão europeu de alguma forma foram, ou ainda são desprezados.
Nesse sentido, não há outra postura aceitável pelo professor de ensino religioso, como
formação em Ciências da Religião que esta, prevista no parágrafo único do artigo 33 da Lei
de diretrizes e Bases da Educação, ou seja, promover o ensino religioso, de matrícula
facultativa, respeitando a diversidade cultural e religiosa, sem manifestar quaisquer formas de
proselitismo e de abordagens de caráter confessional.
Diante da decisão, do STF, de permitir o ensino religioso confessional, é
incompreensível a atitude de disponibilizar ao aluno o conhecimento e a compreensão apenas
Considerações finais
10
A construção de uma noção e visão pedagógica que se projeta muito além dos processos de ensino e de
transmissão de saber, que concebe a pedagogia como política cultural. (Candau e Oliveira, 2010, p. 28).
Referências
Abstract: The objective of this research was to analyze the performance of the Lemos Brito
penitentiary Prison Ministry with interns participating religious activities. Furthermore,
intends to verify if religion is used by arrested as a strategy for dealing with the
imprisonment, if it consists of a contribution to the change in your behavior, and contributes
in the process of reintegration of the prisoner the free society harmoniously. It is used as the
theoretical constructs of studies on the issue and the penitentiary religious counseling. On
empirical research using qualitative methodology, using the case study and the technique of
the logbook. The results showed the relevance to find support in such works, of this nature
and give visibility to people and / or religious initiatives such as that of the Prison Ministry
who fight for the dignity of the human person.
Keywords: Prison Ministry; Religious Counseling; Lemos Brito Penitentiary.
Introdução
“Estive Preso e Vieste me Visitar!”13
14
Estas foram atualizadas em 2015 e passou a ser chamada Regras Mínimas das Nações Unidas para o
Tratamento de Presos, e por terem sido concluídas na África do Sul foram apelidadas de “Regras de Mandela”.
15
No local da pesquisa, os internos são do sexo masculino.
Constata-se que o sistema carcerário brasileiro se encontra inoperante, uma vez que
não cumpre o objetivo a que lhe é destinado para recuperar criminosos, além de não diminuir
as taxas de criminalidade e ainda provoca a reincidência. Nesse sentido, Foucault (2012,
p.218) observa que “conhecem-se todos os inconvenientes da prisão, e sabe-se que é perigosa
quando não inútil. E, entretanto, não “vemos” o que pôr em seu lugar. Ela é a detestável
solução, de que não se pode abrir mão.”
A Constituição (Brasil, 1988) assegura aos presos “o respeito à integridade física e
moral” (art. 5°, XLIX), no entanto, o que se observa é indivíduo preso sendo submetido às
mais diversas perversidades físicas e morais, que pode suportar um ser humano em razão das
mazelas apresentadas nos presídios. Diante dessas perspectivas, o sujeito privado da liberdade
necessita criar estratégias para lidar com o ambiente, dentre elas mudar de comportamento
dentro do estabelecimento.
Desse modo, a assistência religiosa é uma das alternativas viáveis para reverter esse
cenário. Inclusive, os estabelecimentos prisionais têm sido um campo fértil de atuação para
ação dos grupos religiosos (Lobo, 2005; Quiroga, 2005). Afinal, não se pode simplesmente
isolar o apenado em um ambiente fechado e limitá-lo apenas a punição. É preciso prepará-lo
para a sua volta a sociedade livre, por isso a preocupação deste estudo emverificar a
possibilidade de recuperação do sujeito privado de liberdade, através de instituições religiosas
que atuam no seguimento carcerário.
A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos
internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade
religiosa (Brasil, 1984).
16
A construção da Casa de Correção teve início em 1834 onde atualmente é a Penitenciária Lemos de Brito no
Complexo Frei Caneca, Rio de Janeiro.
17
Conforme mencionado na introdução deste texto.
3. Metodologia
A Pastoral Carcerária (PCR) faz parte da divisão das pastorais sociais da Igreja
Católica (Vargas, 2005) ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em
Salvador - BA é articulada pela Ação Social Arquidiocesana (ASA). Com o lema “Estive
preso e vieste me visitar” (MT 25,36), a Pastoral Carcerária age nos mais diversos
estabelecimentos prisionais brasileiros junto às pessoas encarceradas e suas famílias, bem
como, com egressos. Possui agentes atuando em todos os Estados do país, com o intuito de
acompanhar e intervir efetivamente no cárcere brasileiro de forma habitual (PCR, 2018).
Considerações finais
18
Trata-se do desconto na pena do tempo relativo ao trabalho ou estudo do condenado, conforme a proporção
prevista no art. 126 da LEP (Brasil, 1984); (Nucci, 2018).
19
Trata-se da reza de um conjunto de orações, em particular ou em grupo, realizada durante o período de nove
dias. Tem origem na tradição católica, mas pode ser encontrada também em outras religiões ou crenças.
Referências
ALVES, Francisco Cordeiro. Diário - um contributo para o desenvolvimento profissional
dos professores e estudo dos seus dilemas. Repositório Científico do Instituto Politécnico de
Viseu. Revista Millenium RE - Número 29 - Junho de 2004. p. 222-239. Disponível em:
<http://repositorio.ipv.pt/handle/10400.19/578>. Acesso em 28 out 2018.
BAHIA. Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização social do Estado da
Bahia. Disponível em: <http://www.seap.ba.gov.br/sites/default/files/dados/2018-
Abstract: From the 1960s on, Liberation Theology emerges in Latin America, being one of
the first theological thoughts that addresses the situation of the peoples of America, offering a
rejuvenation to Christianity and the Catholic Church. This new way of being, thinking and
doing the Church, is part of the context of the second and third Latin American episcopal
conferences. As a result of these discussions, the struggle for the defense of human rights and
the preferential option for the poor took place. However, not all sectors of the Church agreed
and accepted this new format of being, thus, a strong conflict between theologians, faithful
and priests, it became concrete to adhere or not to this new line of thought. Such a dispute
deserves new attention, for the presence and action of a Latin pope has fueled these conflicts
within the Catholic Church. This article tries to understand the plots of this conflict and what
are the effects that this confrontation provides in the community experience of the faithful.
Keywords: Catholic Church, Liberation Theology and Conservatism
Introdução
20
Graduando do curso de História, na Universidade Federal de Viçosa.
O governo Castelo Branco (...) adotou uma dura política de estabilização: controle
dos salários, (...) fim da estabilidade no emprego através da criação do FGTS,
repressão aos sindicatos, proibição de greves. Em 1967, quando o general Costa e
Silve assumiu o governo, a economia entrava em crescimento, e o ônus do arrocho
econômico havia desabado sobre os trabalhadores e assalariados dos setores médios
urbanos (SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M, 2015, p. 451).
A partir daí, surge entre teólogos, padres e fiéis uma reinterpretação do Evangelho,
afim de leva-lo para mais perto dos excluídos dessa sociedade que massacrava os
trabalhadores e as trabalhadoras221. Essa reinterpretação evangélica carrega consigo um valor
de defesa aos direitos humanos e explicitando a missão de Jesus como um ato de libertação
dos pequenos, pobres e oprimidos. Assim, surge a Teologia da Libertação, no intuito de fazer
da Igreja um lugar em que as minorias sejam ouvidas e acolhidas (MAQUEO SJ, Roberto
Oliveros, 1990).
Com a luta pela redemocratização do Brasil nos anos de 1970, a Teologia da
Libertação junto a seus núcleos irradiadores, as Comunidades Eclesiais de Base, atuaram de
forma ativa e concreta, cedendo suas estruturas religiosas para reuniões de movimentos que
lutavam pela volta da democracia, o que reforça o caráter político contido na base da
Teologia. Além disso, por meio dos agentes pastorais, desenvolvia-se a formação de uma
consciência crítica daquela base, visto que confere-se a religião um sentido pragmático e
também social, na medida que tem o papel de reestruturar a vida da comunidade através de
uma reaproximação do ritual com o tempo histórico daquela base (HERMANN, Jacqueline,
1997, p. 331), na qual estimulava-se a participação de seus membros pela construção de uma
ação efetiva pela mudança, não podendo esquecer das figuras proféticas nesse momento de D.
Helder Câmara e D. Paulo Evaristo Arns, os quais celebraram a páscoa do jornalista Vladimir
Herzog, sendo este um momento que marca a recuperação do acesso ao espaço público pela
sociedade(SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M, 2015, p. 451).
Posteriormente, a Teologia da Libertação ganha força, principalmente, após a III
Conferência Geral do Episcopado Latino Americano que aconteceu na cidade de Puebla de
Los Angeles, no México, no ano de 1979, na qual
21
Neste quesito, podemos interpretar como uma mudança da hierofania, ou seja, da manifestação reveladora
do sagrado, sendo o momento histórico o que revela a relação entre o homem e o sagrado. (ELIADE, Mircea.
Aproximações: estrutura e morfologia do sagrado. In: Tratado de História das Religiões. São Paulo: Martins
Fontes, 1993, p. 7 - 38)
22
Sobre o Autor: Leonardo Boff. Disponível em: <https://leonardoboff.wordpress.com/sobre-o-autor/>. Acesso
em 28 set. 2018
a Igreja de Cristo deve ser edificada na pureza da fé (...); mas esta pureza da fé exige
que a Igreja se liberte não somente dos inimigos do passado, mas sobretudo dos
atuais, como, por exemplo, de um certo socialismo utópico que não pode ser
identificado com o Evangelho” (SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A
DOUTRINA DA FÉ, 1985).
Ao colocar a notificação feita sobre esse livro como peça fundante de um conflito
teológico percebe-se que a ala conservadora da Igreja usa de instrumentos públicos para a sua
23
É uma publicação feita pelo Vaticano, no ano de 2004, sob o papado de João Paulo II, contendo os
ensinamentos sociais da Igreja, a partir das encíclicas Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis e Centesimus
annus, de João Paulo II, que levam os fiéis a um pensamento cristão sobre as questões da cida social.
24
“A grande novidade trazida, hoje, à Igreja pelas novas comunidades ou novas fundações oriundas da RCC é
exatamente essa experiência do Espírito Santo, com todas as suas consequências e carismas (cf. At 2,4). Essas
comunidades, tanto nascem dessa experiência, como também se deixam conduzir por ela, em sua missão
evangelizadora, assumindo fortes compromissos de missão.” (SANTOS, Elias Dimas dos. Novas Comunidades:
Dom da Trindade. São Paulo: Edições Loyola, 2003. 60p.)
25
“Esta Associação (...) nasceu com a finalidade de ser instrumento de santidade na Igreja, ajudando seus
membros a responderem generosamente ao chamamento à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade,
favorecendo e alentando a mais íntima unidade entre a vida prática e a fé. (...) Além disso, a Associação tem
como fim a participação ativa, consciente e responsável de seus membros na missão salvífica da Igreja através
do apostolado, ao qual estão destinados pelo Senhor, em virtude do Batismo e da Confirmação. Devem, assim,
atuar em prol da evangelização, da santificação e da animação cristã das realidades temporais.” (Disponível
em: <www.arautos.org/secoes/arautos/quem-somos/arautos-do-evangelho- 136523>. Acesso em: 05 nov.
2018.)
Considerações Finais
Percebe-se por meio desta pesquisa que o conflito entre os seguidores da Teologia da
Libertação e os conservadores no Brasil vem se acirrando devido a também crise política do
país, e sua trama é potencialmente ideológica. Todo esse confronto gera então uma forte
modificação da vivencia eclesial das comunidades de base, dando a elas um caráter litúrgico
mais tradicionalista, mesmo com um posicionamento mais liberal do Papa Francisco. E por
fim, como já afirma a jornalista Margaret Hebblethwaite a crise atual da Igreja é nada menos
que “o regresso do Vaticano II”.
Referências bibliográficas
BOFF, Leonardo. Igreja: carisma e poder: Ensaios de uma eclesiologia militante. Rio de
Janeiro: Ática S.A. 1994.
BROWN, Andrew. A Guerra contra o Papa Francisco . 2017. Disponível em:
<https://www.publico.pt/2017/12/24/sociedade/noticia/a-guerra-contra-o-papa- francisco-
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CARVALHO, Maristela Moreira de. Relações de gênero e o repensar do fazer teológico
tradicional : uma proposta da teologia feminista. 2001. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/viewFile/573/9846>. Acesso em: 15 nov.
2018.
ELIADE, Mircea. Aproximações: estrutura e morfologia do sagrado. In: Tratado de História
das Religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 7 - 38)
FRAZÃO, Dilva. Papa Francisco : Religioso católico. 2011. Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/papa_francisco/>. Acesso em: 23 out. 2018.
GEBARA, Ivone. Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal. Trad. De
Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
HERMANN, Jacqueline. História das Religiões e Religiosidades. In: CARDOSO, Ciro
Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dominios da História: ensaios de teoria e
metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 331.
Resumo: O que pretende-se neste trabalho é refletir de forma bastante simples sobre a ideia
do pentecostalismo como uma expressão religiosa que tem sua gênese na margem, que tem
na margem a sua originalidade e o ambiente fértil no qual prosperou. Se o pentecostalismo
nasceu às margens do centro (EUA), no Brasil, encontrou a margem da margem. Nas
periferias urbanas, nos morros e bairros pobres, onde os serviços públicos se mostram mais
precários, nos presídios e na forma de casas terapêuticas que auxiliam no tratamento de
dependentes de drogas; a presença evangélica tem preenchido lacunas. Considerando que os
Pentecostalismos exercem grande influência no meio evangélico, pensar sobre o seu papel na
sociedade brasileira pode ajudar a desenvolver um aprofundamento do segmento evangélico
rumo à tolerância e ao pluralismo. A partir do rememorar desta característica de religião que
cresceu na margem podemos vislumbrar possibilidades de aproximação e identificação com
outras expressões religiosas que ocupam espaços subalternos e buscar aprofundar um
importante efeito social presente na constituição do pentecostalismo, a saber: o seu caráter
dignificador dos marginalizados. Os evangélicos no Brasil constituem um segmento que
abraça os excluídos?
Palavras-Chave: Pentecostalismo, Religião, Política, Exclusão.
1. Introdução
“É das margens que emerge o advento do novo, daquilo que não foi esterilizado
pelos acessos da instituição e seu vícios hierarquizadores, masculinizadores,
embranquecedores, racionalizadores…”(Rocha; Tepedino, 2008. p.51)
Existe porém um outro tipo de atuação, institucionalizada, formal, que tem gerado
uma série de discussões e controvérsias. Trata-se da participação dos evangélicos na
política. A Igreja Universal investiu amplamente no instrumental midiático e na busca por
poder através da política, percebendo nesta “um meio legítimo e fundamental para a defesa
de valores e expansão institucional e cultural”. (Vital; Lopes, 2012, p.51). Ari Pedro Oro
(2003), no artigo sobre a – A Política da Igreja Universal e Seus Reflexos nos Campos
Religioso e Político Brasileiros, faz importantes considerações sobre a influência da
Universal na abordagem de outras denominações evangélicas para se inserir na política.
“Faço parte daqueles que defendem o Estado laico. Escolas públicas laicas, câmaras
laicas, como aliás reza a nossa Constituição, enfatizou. Por melhor que seja a
intenção de Vossa Excelência, voto contra essa matéria por princípio”.
“Entendo que as mensagens bíblicas têm um quê de altruístas. Mas talvez possamos,
em segunda discussão, apresentar uma emenda ampliando para mensagens
humanistas em geral, e não necessariamente religiosas”, propôs Cheker.
“Sou tolerante com os símbolos religiosos, mas devemos tomar cuidado para mão
usar meios públicos para não fazer proselitismo religioso”, considerou Castelar.
“(…) a força do que era mantido de forma velada, a saber, a histórica relação entre
Estado e religião no Brasil, e, por outro lado, a revelação tornou-se importante para
diferentes grupos religiosos que, ao verem publicizadas as relações históricas
mantidas entre Igreja Católica e o Estado, passaram a buscar relações igualmente
estreitas e legítimas com esse último”. (Vital; Lopes, 2012, p.25-26)
Artur César Isaia aponta que o campo religioso brasileiro pode ser entendido a partir
3. Considerações Finais
A questão que merece destaque está no olhar que supervaloriza o lugar central e
ignora a pluralidade que viceja ao redor. Perdemos, ou nunca chegamos a desenvolver a
visão periférica para enxergar os sagrados subalternos. Se a sociedade brasileira não atentar
de forma crítica para as dinâmicas do poder, continuaremos a reproduzir antigas injustiças.
Marcos Lima (Lima, 2008) propõe uma importante reflexão a partir da obra de Edward
Said, sobre como o ocidente ignora ou naturaliza o papel central do imperialismo em sua
cultura e como o pensamento Imperial deveria ser analisado através de distintos pontos de
vista. Tanto por aqueles que o defendem, quanto pelas expressões de resistência. Sim, há
resistência, e esta costuma ser colocada nas sombras, o que torna comum a compreensão de
que existe apenas um lado da história.
Não podemos deixar de perceber que uma narrativa possui capacidade de
estabelecer poderes e dominações. O imperialismo não tem apenas uma face econômica,
representa também um poder simbólico que age na esfera das ideias, das representações,
Bibliografia: