O Caso
O Caso
O Caso
ESTUDO DE
CASO
CAPACIDADE
IMPEDIMENTOS
CAUSAS SUSPENSIVAS
LEIA ATENTAMENTO O TEXTO ABAIXO E, APÓS, TEÇA AS CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS SOLICITADAS.
Na década de 70, Jamil Achor, descendente de húngaros, iniciou um romance com a jovem Adelaide,
como quem, 02(dois) anos depois, veio a casar. Quando se casaram, Jamil já era proprietário de 03(três) imóveis
residenciais e uma vida estável. O casamento se deu em 15/04/1974, data do 17º aniversário da Adelaide. Adotaram
como regime de bens o legal e formaram uma família com 05(cinco) filhos: Leandro, nascido em 1977, Amália
(1978). João Lúcio e Amélia Luiza (ambos em 1980); e Jamil Achor filho, caçula, fim de rama, como dizia Adelaide,
nascido em 1988, com síndrome de down. Durante toda a união do casal, Adelaide destinou-se aos serviços
domésticos e cuidados com as crianças, enquanto Jamil desempenhava suas funções de médico, realizando
constantes viagens a trabalho, pois atendia em cidades circunvizinhas de menor porte. Constituíram relevante
patrimônio, com a aquisição de duas fazendas leiteiras, imóveis residenciais que se revertiam em renda a partir de
seus aluguéis, investimentos financeiros e a casa na qual residiam, em bairro nobre da cidade, além de dois
automóveis de uso do casal. No ano de 1994, portanto 20(vinte) anos após o casamento de Jamil e Adelaide,
Leandro, o filho mais velho do casal, foi estudar na capital, razão pela qual Adelaide mudou-se com os filhos para
uma bela casa na capital para que todos os filhos tivessem a mesma oportunidade de estudos. Jamil, desde então,
passou a dividir seus dias entre o trabalho e a estrada, para realizar visitas frequentes aos filhos e esposa. Contudo,
após cinco anos de idas e vindas, Jamil encontrou uma outra pessoa por quem se apaixonou. Assim, no ano de
2000, ingressou com ação de separação judicial, a qual foi julgada em 01 de abril do mesmo ano, quando então foi
averbada em cartório. Na ocasião da separação, o casal não realizou a partilha dos bens, mas tão somente
dispuseram sobre a separação judicial e regulamentaram alimentos em favor de Adelaide e do filho caçula, Jamil
Filho. Jamil passou a viver com Natália, a qual já possuía uma filha, Amanda, a qual, mais tarde, teve a
paternidade legalmente reconhecida por Jamil. Anos se passaram sem que Jamil tivesse qualquer contato com os
filhos da primeira união, os quais não conheciam a atual companheira do pai e tampouco Amanda, civilmente
reconhecida como filha de Jamil. Amanda, ao completar seus 18(dezoito) anos, resolveu cursar medicina na capital,
para onde se mudou e passou a realizar seus estudos, visitando os pais de maneira esporádica, duas ou três vezes ao
ano. Logo no primeiro ano do curso de medicina, encantou-se por um jovem médico que era seu professor, João
Lúcio, filho de Adelaide e Jamil, que agora adotava o nome de João Lúcio Amil, ante as mágoas que trazia do pai,
de quem não falava, a não ser para dizer que estava morto. Professor e aluna se apaixonaram e começaram um
romance que logo prosperou e levou o casal a viver em união estável. Toda a família de Adelaide tratava Amanda
com muita cortesia e carinho, razão pela qual foi convidada a ser madrinha de Lucinda, filha do irmão mais velho
de João Lúcio, Leonardo, o qual havia ficado viúvo há um ano, após sua então esposa ter sido atropelada por uma
mulher até então desconhecida. No ano de 2014, Adelaide faleceu, mas seus filhos não informaram o infortúnio a
Jamil, com quem já não mantinham contato desde a separação do casal. Todavia, em razão das necessidades pela
quais passou o irmão caçula, Jamil Filho, os filhos resolveram informar ao pai o falecimento de Adelaide, a fim de
que fossem resguardados os direitos sucessórios de todos, especialmente de Jamil Filho. Todavia, como o diálogo
entre a família tornou-se muito difícil, a conversa foi intermediada por uma tia de Leonardo, irmã de Jamil, a
qual levou a notícia do falecimento de Adelaide ao irmão, bem como a intensão dos filhos em realizarem a partilha
dos bens que porventura pertencessem à mãe. Jamil, por sua vez, disse que continuaria a manter o filho caçula,
posto que deficiente, mas informou não haver qualquer bem a ser partilhado, posto que Adelaide recebia pensão
regularmente e não colaborou financeiramente para aquisição de nenhum bem. Naqueles dias, os filhos de Adelaide
obtiveram informações de que o pai, além dos bens que já possuía por ocasião da separação da mãe, também havia
adquirido 02(dois) sítios e uma frota de veículos que alugava. Amélia Luiza passou a ser curadora de Jamil Filho e
administrar sua renda, que advinha da pensão alimentícia que era prestada pelo pai. No final do ano de 2015, em
dezembro, Jamil Filho, que possuía uma vida social livre e sempre estudou e desenvolveu atividades fora de casa,
encontrou Larissa, uma bela jovem por quem se apaixonou e com quem decidiu, 06(seis) meses depois, casar-se.
Amélia Luiza, como sua curadora e irmã cuidadosa, viu com cautela o relacionamento do irmão caçula e afirmou
que não autorizaria a oficialização daquele relacionamento com o casamento civil. Foi conversar com Leonardo, o
irmão mais velho, quando então descobriu que este havia casado, em sigilo, com Regina. Todavia, Leonardo não
tinha conhecimento de que Regina, com quem havia casado há 02(dois) meses, era a responsável pelo atropelamento
e morte da sua primeira esposa, fato conhecido por Amélia Luiza em razão desta trabalhar em uma das varas
criminais da cidade e ter tido contato com o processo que apurou o crime e a condenou. Aturdido, Leonardo foi
conversar com João Lúcio, o qual, na oportunidade, também falou da pretensão em celebrar seu casamento civil
com Amanda. Os cinco irmãos, então, resolveram aguardar o casamento de João e Amanda no civil para, só depois,
quando fossem convidar o pai para a cerimônia religiosa, conversariam com este, pessoalmente, para discutirem
todas as demandas financeiras da família e retomar a discussão sobre os bens que seriam da mãe, Adelaide.
Realizado o casamento civil de Amanda e João, este resolveu contar a Amanda que seu pai ainda estava vivo, mas
não mantinha contato com este há muitos anos. Revelou, então, que seu pai morava em uma cidade do interior,
oportunidade em que juntos, Amanda e João, resolveram visitar o pai de João, bem como os de Amanda, a fim de
informa-los sobre o casamento e convidá-los para o casamento religioso, que se realizaria em 06(seis) meses.
Realizaram a viagem e foram encontrar os pais de Amanda para, após, procurarem o paradeiro do pai de João.
Todavia, ao chegarem na casa da Amanda, depararam-se com a difícil realidade: o pai adotivo de Amanda era o
pai biológico de João. Diante de tantos tumultos e dúvidas, toda a família resolveu buscar esclarecimentos jurídicos
acerca da situação que envolvia cada um.
Após a leitura, avalie a situação jurídica dos personagens, conforme se pede.
QUESTÃO 1. ( UNIDADE TEMÁTICA: CASAMENTO - CAPACIDADE, IMPEDIENTOS, CAUSAS SUSPENSIVAS)
Avalie os aspectos jurídicos relativos ao relacionamento de João Lúcio e Amanda, de maneira fundamentada, sob os
seguintes aspectos:
a) haveria causas de impedimento e/ou causas suspensivas? Se sim, quem e quando poderiam ter apresentado
oposição e quais as consequências jurídicas?
b) A ausência de oposição, por ocasião da celebração do casamento, traz consequências quanto a validade do
casamento? Há medidas que possam ser adotadas?
c) No caso em estudo, se reconhecida a invalidade do casamento, quais as consequências jurídicas, especialmente
relativamente aos direitos patrimoniais e alimentos?
QUESTÃO 02 (UNIDADE TEMÁTICA: CASAMENTO/ CAPACIDADE. VALOR DO QUESITO: 1,0 PONTO) Quanto à
pretensão de Amélia Luiza em impedir o casamento do irmão caçula, Jamil Filho, e Larissa, há viabilidade
jurídica? Fundamente sua resposta.