Imunologia Basica 6ed 2021 Abbas - 230925 - 084531
Imunologia Basica 6ed 2021 Abbas - 230925 - 084531
Imunologia Basica 6ed 2021 Abbas - 230925 - 084531
Nota
Este livro foi produzido pelo GEN | Grupo Editorial Nacional, sob sua exclusiva
responsabilidade. Profissionais da área da Saúde devem fundamentar-se em sua
própria experiência e em seu conhecimento para avaliar quaisquer informações,
métodos, substâncias ou experimentos descritos nesta publicação antes de
empregá-los. O rápido avanço nas Ciências da Saúde requer que diagnósticos e
posologias de fármacos, em especial, sejam confirmados em outras fontes
confiáveis. Para todos os efeitos legais, a Elsevier, os autores, os editores ou
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qualquer dano ou prejuízo causado a pessoas físicas ou jurídicas em decorrência
de produtos, recomendações, instruções ou aplicações de métodos,
procedimentos ou ideias contidos neste livro.
Ficha catalográfica
CIP-BRASIL. Catalogação na Publicação
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
A112i
6. ed.
Abbas, Abul K.
Imunologia básica : funções e distúrbios do sistema imune / Abul K. Abbas, Andrew H.
Lichtman, Shiv Pillai ; [ilustração David L. Baker] ; tradução e revisão técnica Anderson
de Sá Nunes, Soraya Imon de Oliveira. - 6. ed. - Rio de Janeiro : GEN | Grupo Editorial
Nacional S.A. Publicado pelo selo Editora Guanabara Koogan Ltda., 2021. : il. ; 24 cm.
Tradução de: Basic immunology: functions and disorders of the immune system
Apêndice
Inclui bibliografia
Glossário
ISBN 978-85-9515-866-5
1. Imunologia. 2. Sistema imunológico. 3. Doenças imunológicas. I. Lichtman, Andrew
H. II. Pillai, Shiv. III. Baker, David L. IV. Nunes, Anderson de Sá. V. Oliveira, Soraya
Imon de. VI. Título.
21-70483 CDD: 616.079
CDU: 612.017
Abul K. Abbas
Andrew H. Lichtman
Shiv Pillai
Material Suplementar
2 Imunidade Inata
Defesa Inicial contra Infecções
11 Hipersensibilidade
Distúrbios Causados pelas Respostas Imunes
Glossário
Apêndice 1 Principais Características de Moléculas CD Selecionadas
Apêndice 2 Citocinas
Apêndice 3 Casos Clínicos
Table of Contents
Capa
Frontispício
GEN
Página de rosto
Página de créditos
Dedicatória
Prefácio
Material Suplementar
Sumário
1 Introdução ao Sistema Imune
Nomenclatura, Propriedades Gerais e
Componentes
2 Imunidade Inata
Defesa Inicial contra Infecções
3 Captura de Antígeno e Apresentação para os
Linfócitos
O que os Linfócitos Veem
4 Reconhecimento de Antígeno no Sistema Imune
Adaptativo
Estrutura dos Receptores Antigênicos dos
Linfócitos e Desenvolvimento dos Repertórios
Imunes
5 Imunidade Mediada por Células T
Ativação de Linfócitos T
6 Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada pela
Célula T
Funções das Células T na Defesa do Hospedeiro
7 Respostas Imunes Humorais
Ativação de Linfócitos B e Produção de
Anticorpos
8 Mecanismos Efetores de Imunidade Humoral
Eliminação de Microrganismos Extracelulares e
Toxinas
9 Tolerância Imunológica e Autoimunidade
Discriminação do Próprio/ Não Próprio pelo
Sistema Imune e sua Falha
10 Imunologia dos Tumores e do Transplante
Respostas Imunes a Células Cancerosas e a
Células Estranhas Normais
11 Hipersensibilidade
Distúrbios Causados pelas Respostas Imunes
12 Imunodeficiências Congênitas e Adquiridas
Doenças Causadas por Defeitos na Imunidade
Glossário
Apêndice 1 Principais Características de Moléculas
CD Selecionadas
Apêndice 2 Citocinas
Apêndice 3 Casos Clínicos
1
Memória
O sistema imune adaptativo monta respostas mais rápidas, amplas e
efetivas à exposição repetida ao mesmo antígeno. Esse aspecto das
respostas imunes adaptativas implica que o sistema imune se “lembra” de
cada encontro com o antígeno e esta propriedade da imunidade adaptativa é
denominada memória imunológica. A resposta à primeira exposição ao
antígeno, chamada resposta imune primária, é iniciada por linfócitos
conhecidos como linfócitos naive, que encontram o antígeno pela primeira
vez (Figura 1.7). O termo naive, atribuído a estas células, significa que elas
são imunologicamente inexperientes, sem nunca terem respondido
previamente a um antígeno. Encontros subsequentes com o mesmo antígeno
levam a respostas chamadas respostas imunes secundárias que, em geral,
são mais rápidas, amplas e mais capazes de eliminar o antígeno do que as
respostas primárias. As respostas secundárias resultam da ativação de
linfócitos de memória, os quais são células de vida longa induzidas durante a
resposta imune primária. A memória imunológica otimiza a capacidade do
sistema imune de combater infecções persistentes e recorrentes, porque cada
exposição a um microrganismo gera mais células de memória e ativa células
de memória geradas previamente. A memória imunológica é um mecanismo
pelo qual as vacinas conferem proteção duradoura contra as infecções.
Figura 1.6 Seleção clonal. Linfócitos maduros com receptores para muitos
antígenos se desenvolvem antes do encontro com esses antígenos. Um
clone refere-se a uma população de linfócitos com receptores antigênicos
idênticos e, portanto, especificidades idênticas; todas estas células
provavelmente derivam de uma célula precursora. Cada antígeno (p. ex., X
e Y) seleciona um clone preexistente de linfócitos específicos e estimula a
proliferação e diferenciação desse clone. A ilustração mostra apenas
linfócitos B originando células secretoras de anticorpo, porém os mesmos
princípios se aplicam aos linfócitos T. Os antígenos mostrados são
moléculas de superfície de microrganismos, no entanto a seleção clonal é
válida para todos os antígenos extracelulares e intracelulares.
Linfócitos
Os linfócitos são as únicas células que produzem receptores, cuja
distribuição é clonal, específicos para diversos antígenos, e são os
mediadores-chave da imunidade adaptativa. Um indivíduo adulto
saudável contém 0,5 a 1 × 1012 linfócitos. Embora todos os linfócitos sejam
similares, do ponto de vista morfológico, e indiferenciáveis quanto à
aparência, são heterogêneos quanto à linhagem, função e fenótipo, sendo
capazes de desenvolver respostas e atividades biológicas complexas (Figura
1.9). Estas células com frequência são distinguidas pela expressão de
proteínas de superfície que podem ser identificadas usando painéis de
anticorpos monoclonais. A nomenclatura padrão para essas proteínas é a
designação numérica do grupamento de diferenciação (CD; do inglês, cluster
of differentiation), que é usada para delinear as proteínas de superfície, que
definem um tipo celular ou estágio de diferenciação celular específico, e são
reconhecidas por um aglomerado ou grupo de anticorpos. (Uma lista das
moléculas CD mencionadas no livro é disponibilizada no Apêndice 1.)
Figura 1.8 Principais células do sistema imune adaptativo. As micrografias
ilustram a morfologia de algumas células de cada tipo. As principais
funções desses tipos celulares são listadas.
Imunidade Inata
Defesa Inicial contra Infecções
In amassomos
Inflamassomos são complexos multiproteicos, montados no citosol
celular, em resposta a microrganismos ou alterações associadas à lesão
celular, que geram proteoliticamente as formas ativas das citocinas
inflamatórias IL-1β e IL-18. IL-1β e IL-18 são sintetizadas como
precursores inativos que precisam ser clivados pela enzima caspase-1, para
se tornarem citocinas ativas que são liberadas da célula e promovem
inflamação. Os inflamassomos são compostos por oligômeros de um sensor,
a caspase-1, e um adaptador que liga ambos. Existem muitos tipos diferentes
de inflamassomos, a maioria dos quais usa uma dentre dez proteínas
diferentes da família NLR como sensor. Estes sensores reconhecem
diretamente produtos microbianos no citosol, ou percebem alterações na
quantidade de íons ou moléculas endógenas no citosol que indicam
indiretamente a presença de infecção ou dano celular. Alguns inflamassomos
usam sensores não incluídos na família NLR, como os sensores de DNA da
família AIM e uma proteína chamada pirina. Após o reconhecimento de
ligantes microbianos ou endógenos, os sensores NLR oligomerizam-se com
uma proteína adaptadora e uma forma inativa (proenzima) da enzima
caspase-1, para formar o inflamassomo, resultando na geração da forma
ativa da caspase-1 (Figura 2.5). A caspase-1 ativa cliva a forma precursora
da citocina interleucina-1β (IL-1β), a pró-IL-1β, para gerar a IL-1β
biologicamente ativa. Como discutido adiante, a IL-1 induz inflamação
aguda e causa febre.
Um dos inflamassomos mais bem caracterizados usa NLRP3 (do inglês,
NOD-like receptor family, pyrin domain containing 3) como sensor. O
inflamassomo NLRP3 é expresso em células imunes inatas, incluindo
macrófagos e neutrófilos, bem como queratinócitos na pele e outras células.
Uma grande variedade de estímulos induz a formação do inflamassomo
NLRP3, incluindo substâncias cristalinas como ácido úrico (um resíduo da
quebra de DNA, indicando dano nuclear) e cristais de colesterol, trifosfato
de adenosina (ATP; do inglês, adenosine triphosphate) extracelular (um
indicador de dano mitocondrial), que se liga aos purinoceptores da superfície
celular, concentração reduzida de íon potássio (K+) intracelular (que indica
dano à membrana plasmática) e espécies reativas de oxigênio. Assim, o
inflamassomo reage à lesão afetando vários componentes celulares. O modo
como NLRP3 reconhece esses tipos tão diversificados de dano ou estresse
celular é pouco conhecido. A ativação do inflamassomo é fortemente
controlada por modificações pós-traducionais, como ubiquitinação e
fosforilação, que bloqueiam a montagem ou a ativação do inflamassomo,
além de alguns micro-RNAs, que inibem o RNA mensageiro (mRNA) de
NLRP3.
Figura 2.5 O inflamassomo. A figura mostra a ativação do inflamassomo
NLRP3, que processa a pró-interleu-cina-1β (pró-IL-1β) em IL-1 ativa. A
síntese de pró-IL-1β é induzida por vários PAMPs ou DAMPs via sinalização
de receptor de reconhecimento de padrão. A produção subsequente de
IL-1β biologicamente ativa é mediada pelo inflamassomo. O inflamassomo
também estimula a produção de IL-18 ativa, que tem relação estreita com
a IL-1 (não mostrado). Existem outras formas de inflamassomo com
sensores que diferem de NLRP3, entre os quais NLRP1, NLRC4 ou AIM2.
ATP, Adenosina trifosfato; NLRP3, família do receptor tipo NOD contendo
domínio de pirina-3; TLRs, receptores do tipo Toll.
Barreiras epiteliais
As principais interfaces entre o corpo e o ambiente externo – a pele e os
tratos gastrintestinal, respiratório e geniturinário – são protegidos por
camadas de células epiteliais que propiciam barreiras físicas e químicas
contra infecções (Figura 2.7). Os microrganismos entram em contato com
os hospedeiros vertebrados, principalmente nestas interfaces, por contato
físico externo, ingestão, inalação e atividade sexual. Todas estas portas de
entrada são revestidas por um epitélio contínuo constituído por células
firmemente aderidas, formando uma barreira mecânica contra
microrganismos. A queratina presente na superfície da pele e o muco
secretado pelas células epiteliais mucosas impedem a maioria dos
microrganismos de interagir e infectar ou atravessar o epitélio. As células
epiteliais também produzem peptídios antimicrobianos, incluindo defensinas
e catelicidinas, que matam bactérias e alguns vírus rompendo suas
membranas externas. Assim, os peptídios antimicrobianos propiciam uma
barreira química contra infecção. Além disso, os epitélios contêm linfócitos
chamados linfócitos T intraepiteliais, que pertencem à linhagem de células T,
mas expressam receptores antigênicos de diversidade limitada. Algumas
destas células T expressam receptores compostos por duas cadeias, γ e δ, que
são similares e não idênticos aos receptores da célula T αβ, expressos na
maioria dos linfócitos T (ver Capítulos 4 e 5). Os linfócitos intraepiteliais,
muitas vezes, reconhecem lipídios microbianos e outras estruturas. Os
linfócitos T intraepiteliais provavelmente reagem contra agentes infecciosos
que tentam romper o epitélio, porém a especificidade e as funções dessas
células são pouco compreendidas.
Células dendríticas
As células dendríticas atuam como sentinelas nos tecidos, as quais
respondem aos microrganismos produzindo numerosas citocinas que
atendem a duas funções principais: iniciam a inflamação e estimulam as
respostas imunes adaptativas. Também capturam antígenos proteicos e
exibem fragmentos destes antígenos às células T. Por perceberem os
microrganismos e interagirem com linfócitos, especialmente células T, as
células dendríticas constituem uma ponte importante entre as imunidades
inata e adaptativa. As propriedades e funções das células dendríticas são
adicionalmente discutidas no Capítulo 3, no contexto da apresentação de
antígenos.
Mastócitos
Mastócitos são células derivadas da medula óssea, contendo grânulos
citoplasmáticos abundantes e presentes ao longo da pele e das barreiras
mucosas. Os mastócitos podem ser ativados pela ligação de produtos
microbianos aos TLRs e por componentes do sistema complemento como
parte da imunidade inata, ou por um mecanismo anticorpo-dependente na
imunidade adaptativa. Os grânulos de mastócitos contêm aminas vasoativas,
como a histamina, que causam vasodilatação e aumento da permeabilidade
capilar, bem como enzimas proteolíticas capazes de matar bactérias ou
inativar toxinas microbianas. Os mastócitos também sintetizam e secretam
mediadores lipídicos (p. ex., prostaglandinas e leucotrienos) e citocinas (p.
ex., fator de necrose tumoral [TNF; do inglês, tumor necrosis factor]) que
estimulam a inflamação. Os produtos dos mastócitos conferem defesa contra
helmintos e outros patógenos, bem como proteção contra venenos de
serpentes e insetos, além de serem responsáveis pelos sintomas de doenças
alérgicas (ver Capítulo 11).
Sistema complemento
O sistema complemento é um conjunto de proteínas circulantes e associadas
à membrana que são importantes na defesa contra microrganismos. Muitas
proteínas do complemento são enzimas proteolíticas, e a ativação do
complemento envolve a ativação sequencial de tais enzimas. A cascata do
complemento pode ser iniciada por qualquer uma das três vias a seguir
(Figura 2.14):
In amação
A inflamação é uma reação tecidual que distribui mediadores de defesa
do hospedeiro – células e proteínas circulantes – aos sítios de infecção e
dano tecidual (Figura 2.16). O processo de inflamação consiste no
recrutamento de células e extravasamento de proteínas plasmáticas através
dos vasos sanguíneos, aliados à ativação destas células e proteínas no espaço
extravascular. A liberação inicial de histamina, TNF, prostaglandinas e
outros mediadores por mastócitos e macrófagos, causa aumento no fluxo
sanguíneo local e exsudação de proteínas plasmáticas. Estes contribuem para
o eritema, calor e inchaço, que são os achados característicos da inflamação.
A isto com frequência segue-se o acúmulo tecidual local de fagócitos,
principalmente neutrófilos e macrófagos derivados de monócitos sanguíneos,
em resposta às citocinas, como discutido adiante. Fagócitos ativados
englobam microrganismos e material necrótico, e destroem essas substâncias
potencialmente prejudiciais. A seguir, serão descritos os eventos celulares
em uma típica resposta inflamatória.
Reparo tecidual
Além de eliminar microrganismos patogênicos e células lesionadas, as
células do sistema imune iniciam o processo de reparo tecidual. Os
macrófagos, em especial do tipo alternativamente ativado, produzem fatores
de crescimento que estimulam a proliferação de células teciduais residuais e
fibroblastos, resultando em regeneração do tecido e formação de cicatriz
daquilo que não pode ser reconstituído. Outras células imunes como as
células T auxiliares e ILCs, podem exercer papéis similares.
Defesa antiviral
A defesa contra vírus é um tipo especial de resposta do hospedeiro,
envolvendo IFNs, células NK e outros mecanismos, que pode ocorrer de
modo concomitante (porém distinto) à inflamação.
Os IFNs tipo I inibem a replicação viral e induzem o estado
antiviral, no qual as células tornam-se resistentes à infecção. Os IFNs
tipo I, que incluem várias formas de IFN-α e uma de IFN-β, são secretados
por muitos tipos de células infectadas por vírus. Uma das principais fontes
dessas citocinas é um tipo de célula dendrítica, chamada célula dendrítica
plasmacitoide (assim denominada por ser uma célula morfologicamente
semelhante ao plasmócito), que secreta IFNs tipo I em resposta ao
reconhecimento de ácidos nucleicos virais por TLRs e outros receptores de
reconhecimento de padrão. Quando os IFNs tipo I, secretados por células
dendríticas ou outras células infectadas, ligam-se ao receptor de IFN tipo I,
existente na célula infectada ou nas células não infectadas adjacentes, há
ativação de vias de sinalização que inibem a replicação viral e destroem os
genomas virais (Figura 2.19). Esta ação é a base da utilização de IFN-α no
tratamento de algumas formas de hepatite viral crônica.
Figura 2.19 Ações antivirais dos interferons tipo I. Os interferons tipo I
(IFN-α, IFN-β) são produzidos por células dendríticas plasmacitoides e
células infectadas por vírus em resposta à sinalização intracelular de TLR e
outros sensores de ácidos nucleicos virais. Os interferons tipo I ligam-se a
receptores em células infectadas e não infectadas, e ativam vias de
sinalização que induzem expressão de enzimas que interferem na
replicação viral em diferentes etapas, incluindo inibição da tradução
proteica viral, aumento da degradação de RNA viral, e inibição da
expressão gênica viral e da montagem do vírion. Os interferons tipo I
também aumentam a suscetibilidade de células infectadas ao killing
mediado por CTL (não mostrado).
As células infectadas por vírus podem ser destruídas por células NK,
como já descrito. Os IFNs tipo I intensificam a capacidade das células NK
de destruir células infectadas. O reconhecimento do DNA viral por CDSs
também induz autofagia, em que as organelas celulares contendo vírus são
engolfadas pelos lisossomos e proteoliticamente destruídas (ver Figura 2.6).
Além disso, parte da resposta inata a infecções virais inclui apoptose
aumentada de células infectadas, o que ajuda a eliminar o reservatório de
infecção.
Anticorpos
Uma molécula de anticorpo é composta por quatro cadeias
polipeptídicas – duas cadeias pesadas (H) idênticas e duas cadeias leves
(L) idênticas – em que cada cadeia contém uma região variável e uma
região constante (Figura 4.2). As quatro cadeias são montadas para formar
uma molécula em forma de “Y”. Cada cadeia leve está ligada a uma cadeia
pesada, e as duas cadeias pesadas estão ligadas entre si, sempre por ligações
dissulfeto. Uma cadeia leve é constituída por um domínio V e outro C,
enquanto uma cadeia pesada tem um domínio V e três ou quatro domínios C.
Cada domínio dobra-se em um formato tridimensional característico,
chamado domínio de imunoglobulina (Ig) (Figura 4.2D). Um domínio Ig
consiste em duas camadas de uma folha β-pregue-ada unidas por uma ponte
dissulfeto. As fitas adjacentes de cada β-folha são conectadas por alças α-
helicoidais curtas projetadas; nas regiões V das moléculas de Ig, três destas
alças constituem as três CDRs responsáveis pelo reconhecimento antigênico.
Os domínios Ig sem alças hipervariáveis estão presentes em muitas outras
proteínas no sistema imune, bem como fora do sistema imune, e a maioria
destas proteínas está envolvida na resposta a estímulos oriundos do ambiente
e de outras células. Todas estas proteínas são ditas membros da superfamília
das imunoglobulinas.
O sítio de ligação ao antígeno de um anticorpo é composto pelas
regiões V, tanto da cadeia pesada como da cadeia leve, e a estrutura do
core do anticorpo contém dois sítios de ligação antigênica idênticos (ver
Figura 4.2). Cada região variável da cadeia pesada (chamada VH) ou da
cadeia leve (chamada VL) contém três regiões hipervariáveis ou CDRs.
Destas três, a maior variabilidade está na CDR3, que está localizada na
junção das regiões V e C. Como é possível prever a partir desta
variabilidade, a CDR3 também é a porção da molécula de Ig que mais
contribui para a ligação ao antígeno.
Figura 4.2 Estrutura de anticorpos. Diagramas esquemáticos de A, uma
molécula de imunoglobulina G (IgG) secretada, e B, uma molécula de uma
forma de IgM ligada à membrana, ilustrando os domínios das cadeias
pesada e leve, bem como as regiões das proteínas que participam do
reconhecimento antigênico e das funções efetoras. N e C referem-se às
extremidades aminoterminal e carboxiterminal das cadeias polipeptídicas,
respectivamente. C. Estrutura cristal de uma molécula de IgG secretada,
ilustrando os domínios e sua orientação espacial; as cadeias pesadas estão
coloridas de azul e vermelho; as cadeias leves estão coloridas de verde; e os
carboidratos aparecem em cinza. D. Diagrama de fita do domínio V de Ig,
mostrando a estrutura básica em folha β-pregueada e as alças projetadas
que formam as três CDRs. CDR, Região determinante de
complementaridade. (C, Cortesia do Dr. Alex McPherson, University of
California, Irvine, CA.)
Anticorpos monoclonais
A constatação de que um clone de células B produz um anticorpo de uma
única especificidade foi explorada para a produção de anticorpos
monoclonais, um dos avanços técnicos mais importantes em Imunologia,
com implicações de longo alcance para a medicina clínica e para a pesquisa.
Para produzir anticorpos monoclonais, as células B, que têm curta
expectativa de vida in vitro, são obtidas de um animal imunizado com
antígeno e fundidas in vitro com células de mieloma (tumores de
plasmócitos), o qual pode ser indefinidamente propagado em cultura de
tecido (Figura 4.5). A linhagem de células de mieloma é deficiente de uma
enzima e, como resultado, estas células não conseguem crescer na presença
de um determinado fármaco tóxico; as células fundidas, contendo os núcleos
da célula de mieloma e da célula B normal, por outro lado, crescem na
presença desse fármaco, porque as células B normais suprem a deficiência
da enzima. Assim, por meio da fusão das duas populações celulares e de sua
cultura na presença do fármaco, é possível cultivar células fundidas que são
híbridos de células B e mieloma, conhecidos como hibridomas. Estas
células hibridomas produzem anticorpos, como as células B normais, mas
crescem de forma contínua, por terem adquirido a propriedade imortal do
tumor mieloma. A partir de uma população de hibridomas, é possível
selecionar e expandir células individuais que secretam o anticorpo com a
especificidade desejada; estes anticorpos, derivados de um único clone de
célula B, são anticorpos monoclonais homogêneos. Anticorpos monoclonais
contra quase qualquer epítopo presente em um antígeno podem ser
produzidos usando essa tecnologia.
Figura 4.5 Geração de hibridomas e anticorpos monoclonais. Neste
procedimento, células esplênicas obtidas de camundongo imunizado com
um antígeno conhecido são fundidas a uma linhagem celular de mieloma,
deficiente em enzimas, que não secreta suas próprias imunoglobulinas. As
células fundidas são então colocadas em um meio de seleção que permite
a sobrevida somente de híbridos imortalizados; as células B normais
fornecem a enzima que falta no mieloma, e as células B não fundidas não
podem sobreviver indefinidamente. Estas células hibridas são, então,
cultivadas como clones de célula única e testadas quanto à secreção do
anticorpo de especificidade desejada. O clone produtor deste anticorpo é
expandido e se torna fonte do anticorpo monoclonal.
Desenvolvimento do linfócito
O desenvolvimento de linfócitos a partir de células-tronco da medula
óssea envolve o comprometimento de progenitores hematopoéticos com
a linhagem de células B ou T, proliferação destes progenitores,
rearranjo e expressão de genes de receptores de antígeno, e eventos de
seleção para preservar e expandir células que expressam receptores
antigênicos potencialmente úteis (Figura 4.10). Estas etapas são comuns
aos linfócitos B e T, ainda que os linfócitos B amadureçam na medula óssea
e os linfócitos T no timo. Cada um destes processos, que ocorrem durante a
maturação do linfócito, tem papel especial na geração do repertório de
linfócitos.
Com esta visão geral, prosseguimos para uma descrição dos estímulos
requeridos para a ativação e regulação das células T. Então, serão descritos
os sinais bioquímicos, gerados pelo reconhecimento antigênico, e as
respostas biológicas dos linfócitos.
RECONHECIMENTO ANTIGÊNICO E COESTIMULAÇÃO
A iniciação das respostas de células T requer múltiplos receptores nas
células T que reconhecem seus ligantes específicos nas APCs (Figura
5.4).
Figura 5.7 Proteínas das famílias B7 e CD28. Ligantes nas APCs homólogos
a B7 ligam-se a receptores nas células T homólogos a CD28. Diferentes
pares ligante-receptor desempenham distintos papéis nas respostas
imunes. CD28 e ICOS são receptores estimuladores nas células T, enquanto
CTLA-4 e PD-1 são receptores inibidores. Suas funções são discutidas no
texto.
Expansão clonal
Os linfócitos T ativados por antígeno e a coestimulação começam a
proliferar em 1 a 2 dias, resultando em expansão de clones antígeno-
específicos (Figura 5.12). Esta expansão rapidamente fornece um amplo
pool de linfócitos antígeno-específicos a partir do qual as células efetoras
podem ser geradas para combater a infecção.
A magnitude da expansão clonal é notável, em especial para as células T
CD8+. Antes da infecção, a frequência de células T CD8+ específicas para
qualquer antígeno proteico microbiano é de cerca de 1 em 105 ou 1 em 106
linfócitos no corpo. No pico de algumas infecções virais, possivelmente em
uma semana após a infecção, até 10 a 20% de todos os linfócitos nos órgãos
linfoides podem ser específicos para o vírus. Isto significa que o número de
células dos clones antígeno-específicos aumenta mais de 10.000 vezes, com
um tempo de duplicação estimado de cerca de 6 horas. Esta enorme
expansão de células T específicas para um microrganismo não é
acompanhada de um aumento detectável no número de células vizinhas
(bystander) que não reconhecem o microrganismo.
Figura 6.1 Imunidade mediada por células. A. Células T efetoras CD4+ das
subpopulações Th17 e Th1 reconhecem antígenos microbianos e
secretam citocinas que recrutam leucócitos (inflamação) e ativam
fagócitos para matar os microrganismos. As células efetoras da
subpopulação Th2 (não mostradas) recrutam eosinófilos que destroem
parasitas helmínticos. B. Linfócitos T citotóxicos (CTLs) CD8+ matam as
células infectadas contendo antígenos microbianos no citosol. As células T
CD8+ também produzem citocinas indutoras de inflamação e ativadoras
de macrófagos (não mostradas).
Figura 6.2 Imunidade mediada por células a uma bactéria intracelular,
Listeria monocytogenes. Nestes experimentos, uma amostra de linfócitos
ou de soro (fonte de anticorpos) foi extraída de um camundongo
previamente exposto a uma dose subletal de Listeria (camundongo
imune), e transferida para um camundongo normal (naive). O receptor da
transferência adotiva, então, foi desafiado com a bactéria. O número de
bactérias foi avaliado no baço do camundongo receptor, com o objetivo
de determinar se a transferência tinha conferido imunidade. A proteção
contra o desafio bacteriano (demonstrada pela recuperação diminuída de
bactérias vivas) foi induzida pela transferência de células imunes linfoides
que, hoje, sabidamente são células T (A), e não pela transferência de soro
(B). As bactérias foram mortas in vitro por macrófagos ativados e não pelas
células T (C). Portanto, a proteção depende de linfócitos T antígeno-
específicos, mas o killing bacteriano é função dos macrófagos ativados.
Células Th1
A subpopulação Th1 é induzida pelos microrganismos que são ingeridos
por/ativam fagócitos, primariamente macrófagos, e as células Th1
estimulam o killing mediado por fagócitos dos microrganismos ingeridos
(Figura 6.5). A citocina de assinatura das células Th1 é a interferona-γ (IFN-
γ), a mais potente das citocinas ativadoras de macrófagos conhecidas.
(Apesar do nome similar, o IFN-γ é uma citocina antiviral bem menos
potente do que os IFNs do tipo I [Capítulo 2]).
As células Th1, atuando via CD40 ligante e IFN-γ, aumentam a
capacidade dos macrófagos de matar os microrganismos fagocitados
(Figura 6.6). Os macrófagos ingerem e tentam destruir os microrganismos
como parte da resposta imune inata (ver Capítulo 2). A eficiência desse
processo é significativamente aumentada pela interação das células Th1 com
os macrófagos. Quando os microrganismos são ingeridos para dentro dos
fagossomos dos macrófagos, os peptídios microbianos são apresentados em
moléculas do MHC de classe II e são reconhecidos pelas células T CD4+.
Quando estas células T pertencem à subpopulação Th1, são induzidas a
expressar ligante CD40 (CD40L ou CD154) e a secretar IFN-γ. A ligação de
CD40L ao CD40 nos macrófagos atua em conjunto com a ligação do IFN-γ
ao seu receptor nos mesmos macrófagos, para desencadear vias de
sinalização bioquímicas que levam à geração de espécies reativas de
oxigênio (ROS; do inglês, reactive oxygen species) e óxido nítrico (NO; do
inglês, nitric oxide), bem como à ativação de proteases lisossomais. Todas
estas moléculas são potentes destruidores de microrganismos. O resultado
líquido da ativação mediada pelo CD40 e pelo IFN-γ é que os macrófagos se
tornam fortemente microbicidas e podem destruir a maioria dos
microrganismos ingeridos. Esta via de ativação do macrófago, induzida pelo
CD40 e pelo IFN-γ, é chamada ativação clássica do macrófago, em
contraste com a ativação alternativa do macrófago mediada por Th2,
discutida adiante. Os macrófagos ativados pelo modo clássico, comumente
chamados macrófagos M1, também secretam citocinas que estimulam a
inflamação e expressam níveis aumentados de moléculas do MHC e
coestimuladores, o que amplifica a resposta das células T. O IFN-γ também é
secretado pelas células T CD8+, podendo contribuir para a ativação dos
macrófagos e para o killing dos microrganismos ingeridos.
Figura 6.5 Funções das células Th1. As células Th1 produzem a citocina
interferona-γ (IFN-γ), que ativa macrófagos para matar microrganismos
fagocitados (via clássica de ativação do macrófago). Em camundongos, o
IFN-γ estimula a produção de anticorpos IgG, mas isso não foi
estabelecido em seres humanos. APC, Célula apresentadora de antígeno.
Figura 6.6 Ativação de macrófagos por linfócitos Th1. Os linfócitos T
efetores da subpopulação Th1 reconhecem os antígenos de
microrganismos ingeridos contidos nos macrófagos. Em resposta a esse
reconhecimento, os linfócitos T expressam CD40L que se liga ao CD40 nos
macrófagos, e as células T secretam interferona-γ (IFN-γ), que se liga aos
receptores de IFN-γ nos macrófagos. Esta combinação de sinais ativa os
macrófagos a produzirem substâncias microbianas que matam os
microrganismos ingeridos. Os macrófagos ativados também secretam
fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1 (IL-1) e quimiocinas, os quais
induzem inflamação, além da IL-12, que promove respostas Th1. Estes
macrófagos também expressam mais moléculas do complexo principal de
histocompatibilidade (MHC) e coestimuladores, que intensificam ainda
mais as respostas das células T. A. A ilustração mostra uma célula T CD4+
reconhecendo peptídios associados ao MHC de classe II e ativando o
macrófago. B. A figura resume as respostas do macrófago e seus papéis na
imunidade mediada por células.
Células Th2
As células Th2 são induzidas por infecções de vermes parasitários e
promovem a destruição desses parasitas mediada por IgE, mastócitos e
eosinófilos (Figura 6.8). As citocinas de assinatura das células Th2 – IL-4,
IL-5 e IL-13 – atuam de maneira colaborativa na erradicação de infecções
por vermes. Os helmintos são grandes demais para serem fagocitados; por
isso, sua destruição requer outros mecanismos diferentes da ativação de
macrófagos. Quando as células Th2 e as células Tfh relacionadas encontram
antígenos provenientes de helmintos, as células T secretam suas citocinas. A
IL-4 produzida pelas células Tfh estimula a produção de anticorpos IgE, os
quais recobrem os helmintos e, assim, auxiliam a sua eliminação. Os
eosinófilos usam seus receptores Fc para se ligar à IgE e são ativados pela
IL-5 produzida pelas células Th2, bem como pelos sinais oriundos destes
receptores Fc IgE-específicos. Os eosinófilos ativados liberam os conteúdos
de seus grânulos, os quais são tóxicos para os parasitas. A IL-13 estimula a
secreção de muco e o peristaltismo intestinal, intensificando a expulsão dos
parasitas intestinais. A IgE também se liga aos mastócitos, e é responsável
por sua ativação, levando à secreção de mediadores químicos que estimulam
a inflamação e de proteases que destroem toxinas.
Figura 6.8 Funções das células Th2. As células Th2 produzem as citocinas
interleucina-4 (IL-4), IL-5 e IL-13. A IL-4 (e a IL-13) atua nas células B,
estimulando a produção principalmente de anticorpos IgE, que se ligam
aos mastócitos. O auxílio para a produção de anticorpo pode ser fornecido
pelas células Tfh, que produzem citocinas Th2 e residem em órgãos
linfoides, e não pelas células Th2 clássicas. A IL-5 ativa os eosinófilos, uma
resposta que é importante na destruição de helmintos. APC, Célula
apresentadora de antígeno; Ig, imunoglobulina; IL, interleucina.
Células Th17
As células Th17 se desenvolvem em resposta a infecções fúngicas e
bacterianas extracelulares, e induzem reações inflamatórias que
destroem esses microrganismos (Figura 6.11). As principais citocinas
produzidas pelas células Th17 são a IL-17 e a IL-22. Esta subpopulação de
células T foi descoberta em estudos sobre doenças inflamatórias, muitos
anos após as subpopulações Th1 e Th2 terem sido descritas, e seu papel na
defesa do hospedeiro foi estabelecido posteriormente.
A principal função das células Th17 é estimular o recrutamento de
neutrófilos e, em menor grau, de monócitos, induzindo assim a
inflamação que acompanha muitas respostas imunes adaptativas
mediadas por células T. Lembre-se que a inflamação também é uma das
principais reações da imunidade inata (ver Capítulo 2). De modo típico,
quando as células T estimulam a inflamação, a reação é mais forte e mais
prolongada do que quando é deflagrada apenas por respostas imunes inatas.
A IL-17, secretada por células Th17, estimula a produção de quimiocinas
por outras células, e estas quimiocinas são responsáveis pelo recrutamento
de leucócitos. As células Th17 também estimulam a produção de substâncias
antimicrobianas, chamadas defensinas, que atuam como antibióticos
endógenos produzidos localmente. A IL-22, produzida pelas células Th17,
induz a produção de defensinas pelas células epiteliais, ajuda a manter a
integridade das barreiras epiteliais e pode promover o reparo de epitélios
danificados.
Figura 6.11 Funções das células Th17. As células Th17 produzem a citocina
interleucina-17 (IL-17), que induz produção de quimiocinas e outras
citocinas a partir de várias células, as quais recrutam neutrófilos (e
monócitos, não mostrados) para o sítio de inflamação. Algumas citocinas
produzidas pelas células Th17, notavelmente a IL-22, atuam mantendo a
função da barreira epitelial no trato intestinal e outros tecidos. APC, Célula
apresentadora de antígeno; CSFs, fatores estimuladores de colônia; TNF,
fator de necrose tumoral.
Estas reações das células Th17 são decisivas para a defesa contra
infecções fúngicas e bacterianas, em especial nos tecidos das barreiras
epiteliais. Esses microrganismos podem sobreviver fora das células, mas são
rapidamente destruídos após serem fagocitados, sobretudo por neutrófilos.
Os raros casos de indivíduos com defeitos hereditários nas respostas Th17
mostram propensão ao desenvolvimento de candidíase mucocutânea crônica
e abscessos bacterianos na pele. As células Th17 também estão implicadas
em numerosas doenças inflamatórias, e os antagonistas de IL-17 e de IL-23,
a citocina indutora de Th17, constituem tratamentos muito efetivos para
psoríase, uma doença inflamatória da pele. Um antagonista que neutraliza a
IL-12 e a IL-23 (ligando-se a uma proteína compartilhada por estas citocinas
de duas cadeias), inibindo assim o desenvolvimento de células Th1 e Th17, é
usado para o tratamento de enteropatia inflamatória e psoríase.
Maturação da a nidade
A maturação da afinidade é o processo pelo qual a afinidade dos
anticorpos, produzidos em resposta a um antígeno proteico, aumenta
mediante exposição prolongada ou repetida ao antígeno (Figura 7.14).
Devido à maturação da afinidade, a capacidade dos anticorpos de se ligar a
um microrganismo ou antígeno microbiano aumenta se a infecção for
persistente ou recorrente. Este aumento na afinidade é causado por mutações
pontuais nas regiões V e, sobretudo, nas regiões hipervariáveis de ligação ao
antígeno, dos genes codificadores dos anticorpos produzidos. A maturação
da afinidade é vista apenas em respostas a antígenos proteicos dependentes
da célula T, indicando que as células auxiliares são essenciais ao processo.
Estes achados levantam duas questões intrigantes: como as mutações em
genes de Ig são induzidas nas células B, e como as células B de maior
afinidade (i. e., as mais úteis) são selecionadas para se tornarem
progressivamente mais numerosas?
Figura 7.14 Maturação de afinidade nas respostas de anticorpos. Na fase
inicial da resposta imune, anticorpos de baixa afinidade são produzidos.
Durante a reação de centro germinativo, a mutação somática de genes V
de imunoglobulinas (Ig) e a seleção de células B mutadas com receptores
antigênicos de alta afinidade resultam na produção de anticorpos com
alta afinidade para o antígeno.
Imunidade de mucosa
A imunoglobulina A (IgA) é produzida em tecidos linfoides de mucosa,
transportada através dos epitélios, para então se ligar e neutralizar os
microrganismos nos lumens dos órgãos revestidos por mucosa (Figura
8.13). Os microrganismos geralmente são inalados ou ingeridos, e os
anticorpos secretados nos lumens dos tratos respiratório ou gastrintestinal
ligam-se a estes microrganismos e os impedem de colonizar o hospedeiro.
Este tipo de imunidade é chamada imunidade de mucosa (ou imunidade
secretora). A principal classe de anticorpos, produzidos nos tecidos de
mucosa, é a IgA. De fato, a IgA representa cerca de dois terços dos cerca de
3 g de anticorpos produzidos diariamente por um adulto sadio, refletindo a
vasta área de superfície intestinal. A propensão das células B, nos tecidos
epiteliais de mucosa, a produzir IgA é devida ao fato de as citocinas que
induzem a troca para este isótipo, entre as quais o fator de transformação do
crescimento-β (TGF-β; do inglês, transforming growth factor β), serem
produzidas em altos níveis nos tecidos linfoides associados às mucosas.
Além disso, as células B produtoras de IgA, geradas nos linfonodos
regionais ou no baço, tendem a se alojar nos tecidos de mucosa em resposta
às quimiocinas produzidas nestes tecidos. Ainda, uma parte da IgA é
produzida por uma subpopulação de células B chamadas células B-1, que
foram mais bem estudadas em roedores, as quais também são propensas a
migrar para os tecidos de mucosa; estas células secretam IgA em resposta a
antígenos não proteicos, sem ajuda da célula T.
Imunidade neonatal
Os anticorpos maternos são transportados ao longo da placenta para o
feto, e através do epitélio intestinal de neonatos, protegendo os recém‐
nascidos contra infecções. Os mamíferos recém-nas-cidos têm um sistema
imune não totalmente desenvolvido e não são capazes de montar respostas
imunes efetivas contra muitos microrganismos. Nas primeiras fases da vida,
são protegidos contra infecções graças aos anticorpos adquiridos de suas
mães. Isto exemplifica uma imunidade passiva de ocorrência natural. Os
neonatos adquirem anticorpos maternos através de duas vias. Durante a
gestação, a IgG materna liga-se ao FcRn expresso na placenta, e é
transportada para a circulação fetal. Após o nascimento, os bebês ingerem
anticorpos IgA maternos que são secretados no colostro e no leite maternos.
Os anticorpos IgA ingeridos conferem proteção imune de mucosa ao recém-
nascido. Desta forma, os neonatos adquirem os perfis de anticorpos de suas
mães, sendo protegidos contra os microrganismos infecciosos aos quais suas
mães foram expostas ou vacinadas.
EVASÃO DA IMUNIDADE HUMORAL POR MICRORGANISMOS
Os microrganismos desenvolveram numerosos mecanismos para escapar da
imunidade humoral (Figura 8.14). Muitas bactérias e vírus sofrem mutações
em suas moléculas antigênicas de superfície, de modo a se tornarem
irreconhecíveis pelos anticorpos produzidos em resposta ao microrganismo
original. A variação antigênica é tipicamente observada em vírus, como o
vírus influenza, o vírus da imunodeficiência humana (HIV; do inglês, human
immunodeficiency virus) e o rinovírus. O HIV apresenta alta frequência de
mutação em seu genoma e, por isso, cepas diferentes contêm numerosas
formas variantes da principal glicoproteína de superfície antigênica do vírus,
a chamada gp120. Como resultado, os anticorpos dirigidos contra os
determinantes expostos na gp120, em qualquer subtipo de HIV, podem não
proteger contra outros subtipos do vírus que surgem em indivíduos
infectados. Esta é uma das razões pelas quais as vacinas contendo gp120 não
são efetivas na proteção de pessoas contra a infecção pelo HIV. Bactérias
como Escherichia coli variam os antígenos contidos em seus pili (ou
fímbrias) e, deste modo, escapam das defesas mediadas pelos anticorpos. O
tripanossoma causador da doença do sono expressa novas glicoproteínas de
superfície a cada vez que encontra anticorpos dirigidos contra a
glicoproteína original. Como resultado, este parasita protozoário é
caracterizado por ondas de parasitemia, consistindo cada uma delas em um
parasita antigenicamente novo que não é reconhecido pelos anticorpos
produzidos contra os parasitas da onda anterior. Outros microrganismos
inibem a ativação do complemento, ou resistem à opsonização e à
fagocitose, mascarando os antígenos de superfície sob uma cápsula de ácido
hialurônico.
Figura 8.14 Evasão da imunidade humoral por microrganismos. Esta figura
mostra alguns mecanismos pelos quais os microrganismos evadem-se à
imunidade humoral, com exemplos ilustrativos. HIV, Vírus da
imunodeficiência humana.
VACINAÇÃO
Agora que já foram discutidos os mecanismos da defesa do hospedeiro
contra microrganismos, incluindo a imunidade mediada por células (ver
Capítulo 6) e, neste capítulo, a imunidade humoral, é importante considerar
como estas respostas imunes adaptativas podem ser induzidas com vacinas
profiláticas.
A vacinação é o processo de estimular respostas imunes adaptativas
protetoras contra microrga nismos, por meio da exposição a formas não
pato gênicas ou a componentes dos microrganismos. O desenvolvimento
de vacinas contra infecções foi um dos maiores sucessos da Imunologia. A
única doença humana intencionalmente erradicada no planeta é a varíola, e
isto foi conseguido somente com a implantação de um programa mundial de
vacinação. A pólio tende a ser a segunda doença a ser erradicada, como
mencionado no Capítulo 1, enquanto muitas outras doenças foram
amplamente controladas por vacinação (Figura 8.15).
Figura 8.15 Estratégias de vacinação. Um resumo dos diferentes tipos de
vacinas em uso ou em triagem, bem como a natureza das respostas
imunes protetoras induzidas por estas vacinas. BCG, Bacilo de Calmette-
Guérin; HIV, vírus da imunodeficiência humana.
Anergia
A anergia nas células T refere-se à não responsividade funcional de
longa duração induzida quando estas células reconhecem autoantígenos
(Figura 9.4). Os autoantígenos são normalmente exibidos com baixos níveis
de coestimuladores, como discutido anteriormente. O reconhecimento
antigênico na ausência de coestimulação adequada é considerado a base da
indução da anergia, cujos mecanismos são descritos mais adiante. As células
anérgicas sobrevivem, mas são incapazes de responder ao antígeno.
Os dois mecanismos mais bem definidos para a indução da anergia são a
sinalização anormal pelo complexo TCR e a liberação de sinais inibitórios
de outros receptores que não fazem parte do complexo TCR.
Figura 9.4 Anergia da célula T. Se uma célula T reconhece o antígeno na
ausência de forte coestimulação, os receptores da célula T podem perder
sua capacidade de desencadear os sinais de ativação, ou a célula T pode
engajar receptores inibitórios, tais como CTLA-4 (do inglês, cytotoxic T
lymphocyte-associated protein 4) e PD-1 (do inglês, programmed cell death
protein 1), que bloqueiam a ativação. APC, Células apresentadoras de
antígeno.
Patogênese
Os principais fatores envolvidos no desenvolvimento da autoimunidade
são a herança de genes de suscetibilidade e os gatilhos ambientais, como
as infecções (Figura 9.11). Postula-se que os genes de suscetibilidade
interferem nas vias de autotolerância e levam à persistência de linfócitos T e
B autorreativos. Os estímulos ambientais podem causar lesões celular e
tecidual, seguidas por inflamação, além de ativar estes linfócitos
autorreativos, resultando na geração de células T efetoras e autoanticorpos
que são responsáveis pela doença autoimune.
Figura 9.11 Mecanismos postulados de autoimunidade. Neste modelo
proposto de autoimunidade órgão-es-pecífica mediada por células T,
diversos loci gênicos podem conferir suscetibilidade à autoimunidade,
provavelmente por influenciar a manutenção de autotolerância. Gatilhos
ambientais, tais como infecções e outros estímulos inflamatórios,
promovem o influxo de linfócitos para os tecidos e a ativação de células
apresentadoras de antígeno (APCs) e subsequentemente de células T
autorreativas, resultando em lesão tecidual.
Fatores genéticos
O risco hereditário para a maioria das doenças autoimunes é atribuído a
múltiplos loci gênicos, dentre os quais a maior contribuição é dada pelos
genes do MHC. Se uma doença autoimune se desenvolve em um dentre dois
gêmeos, é mais provável que essa doença se desenvolva no outro gêmeo do
que em um membro não relacionado da população em geral. Além disso,
esta incidência aumentada é maior entre gêmeos monozigóticos (idênticos)
do que entre gêmeos dizigóticos. Esses achados provam a importância da
genética na suscetibilidade à autoimunidade. Estudos genômicos de
associação ampla revelaram algumas variações comuns dos genes
(polimorfismos) que podem contribuir para diferentes doenças autoimunes.
Os resultados que vêm surgindo sugerem que diferentes polimorfismos são
mais frequentes (predisposição) ou menos frequentes (proteção) em
pacientes do que em controles saudáveis. A probabilidade de uma doença
autoimune específica na população, que apresenta um alelo de antígeno
leucocitário humano (HLA; do inglês, human leukocyte antigen) específico,
em comparação a uma população que não apresenta este alelo é expressa
como a razão de probabilidade (odds ratio) ou risco relativo. A importância
destes polimorfismos é reforçada pelo achado de que muitos deles afetam
genes envolvidos nas respostas imunes, e o mesmo polimorfismo gênico
pode estar associado a mais de uma doença autoimune. No entanto, estes
polimorfismos, em geral, estão presentes em indivíduos saudáveis, e a
contribuição individual de cada um destes genes para o desenvolvimento da
autoimunidade é muito pequeno, de modo que muitos alelos de risco
precisam estar presentes para causar a doença.
Muitas doenças autoimunes em seres humanos e em animais
consanguíneos estão ligadas a alelos específicos do MHC (Figura 9.12). A
associação entre alelos de HLA e doenças autoimunes em seres humanos foi
reconhecida há muitos anos e representou uma das indicações de que as
células T desempenham um papel importante nestes distúrbios (uma vez que
a única função conhecida das moléculas do MHC é apresentar antígenos
peptídicos para as células T). A incidência de numerosas doenças
autoimunes é maior entre indivíduos que herdam um alelo de HLA
específico do que na população em geral. A maior parte dessas associações
com doenças ocorre em alelos de HLA de classe II (HLA-DR e HLA-DQ),
provavelmente porque as moléculas do MHC de classe II controlam a ação
de células T CD4+, envolvidas nas respostas imunes humorais e mediadas
por células a proteínas, bem como na regulação das respostas imunes. É
importante reforçar que, embora um alelo de HLA possa aumentar o risco de
que uma doença autoimune específica se desenvolva, o alelo de HLA por si
só não é a causa da doença. De fato, a doença nunca se desenvolve na vasta
maioria das pessoas que herdam um alelo de HLA que não confere risco
relativo maior para a doença. Apesar da clara associação de alelos de HLA
com várias doenças autoimunes, a maneira como esses alelos contribuem
para o desenvolvimento das doenças permanece desconhecido. Algumas
hipóteses sugerem que alelos do MHC específicos podem ser especialmente
efetivos em apresentar peptídios próprios patogênicos para células T
autorreativas ou que esses alelos são ineficientes em apresentar certos
autoantígenos no timo, levando a defeitos na seleção negativa das células T.
• Uma infecção em um tecido pode induzir resposta imune inata local, que
provoca aumento da produção de coestimuladores e citocinas pelas
APCs teciduais. Estas APCs teciduais ativadas podem ser capazes de
estimular células T autorreativas que encontram os autoantígenos no
tecido. Em outras palavras, a infecção pode “quebrar” a tolerância de
células T e promover a ativação de linfócitos autorreativos. Isto pode
causar doença, caso ocorra em pessoas que já estejam geneticamente em
risco de desenvolver autoimunidade. Uma citocina produzida pelas
respostas imunes inatas a vírus é a interferona (IFN) do tipo I. A
produção excessiva de IFN do tipo I tem sido associada ao
desenvolvimento de diversas doenças autoimunes, especialmente lúpus.
O IFN do tipo I pode ativar APCs ou linfócitos, porém o que estimula
sua produção, bem como contribui para a autoimunidade, não é bem
compreendido
• Alguns microrganismos infecciosos podem produzir antígenos peptídicos
semelhantes a autoantígenos e reagir de forma cruzada com eles. As
respostas imunes a estes peptídios microbianos podem resultar em um
ataque imune contra antígenos próprios. Tais reações cruzadas entre
antígenos microbianos e próprios são chamadas mimetismo molecular.
Embora a contribuição do mimetismo molecular para a autoimunidade
tenha fascinado os imunologistas, seu verdadeiro significado no
desenvolvimento da maioria das doenças autoimunes permanece
desconhecido. Em alguns distúrbios, os anticorpos produzidos contra
uma proteína microbiana ligam-se a proteínas próprias. Por exemplo, na
febre reumática, uma doença bastante comum antes da disseminação dos
antibióticos, anticorpos contra estreptococos reagem de maneira cruzada
com um antígeno do miocárdio e causam doença cardíaca
Antígenos tumorais
Os tumores malignos expressam vários tipos de moléculas que podem
ser reconhecidas pelo sistema imune como antígenos estranhos (Figura
10.2). Os antígenos proteicos, que deflagram respostas de CTL, são os mais
relevantes para a imunidade antitumoral. Estes antígenos tumorais devem
estar presentes no citosol das células tumorais para serem reconhecidos pelos
CTLs CD8+. Os antígenos tumorais, que induzem respostas imunes, podem
ser classificados em vários grupos:
Figura 10.1 Evidências que apoiam o conceito de que o sistema imune
reage contra tumores. Diversas linhas de evidências clínicas e
experimentais indicam que a defesa contra tumores é mediada por
reações do sistema imune adaptativo. CTLA-4, Proteína associada ao
linfócito T citotóxico 4; PD-1, proteína de morte celular programada 1.
Imunoterapia do câncer
As principais estratégias para imunoterapia do câncer, na prática
vigente, incluem a introdução de anticorpos antitumorais e células T
autólogas que reconhecem antígenos tumorais, bem como a
intensificação das respostas imunes antitumorais do próprio paciente
usando anticorpos que bloqueiam os pontos de controle imunológicos,
além da vacinação. Até pouco tempo atrás, a maioria dos protocolos de
tratamento para cânceres disseminados, que não podem ser curados com
cirurgia, baseava-se em quimioterapia e irradiação que causam, ambas,
danos aos tecidos não tumorais normais e estão associadas a toxicidades
graves. Como a resposta imune é altamente específica, há muito se espera
que a imunidade tumor-espe-cífica possa ser usada para erradicar
seletivamente os tumores sem causar lesões ao paciente. Somente
recentemente, surgiu a promessa da imunoterapia do câncer realizada em
pacientes. A história da imunoterapia do câncer ilustra como as abordagens
iniciais, muitas vezes empíricas, foram em grande parte suplantadas por
estratégias racionais baseadas em nosso conhecimento aprofundado acerca
das respostas imunes (Figura 10.5).
Antígenos de transplante
Os antígenos de aloenxertos que atuam como principais alvos de
rejeição são proteínas codificadas no MHC. Moléculas e genes homólogos
de MHC estão presentes em todos os mamíferos; o MHC humano é chamado
complexo do antígeno leucocitário humano (HLA; do inglês, human
leukocyte antigen). Mais de 20 anos se passaram após a descoberta do
MHC, até finalmente ser demonstrado que a função fisiológica das
moléculas de MHC é exibir antígenos peptídicos para serem reconhecidos
pelos linfócitos T (ver Capítulo 3). Lembre-se que cada indivíduo expressa
seis alelos HLA de classe I (um alelo HLA-A, -B e -C de cada um dos pais)
e, de modo geral, seis ou sete alelos HLA de classe II (um alelo HLA-DQ e
HLA-DP, e mais um ou dois HLA-DR de cada um dos pais). Os genes do
MHC são altamente polimórficos, com mais de 12.000 alelos HLA entre
todos os seres humanos, codificando cerca de 2.800 proteínas HLA-A, 3.500
proteínas HLA-B, 2.500 proteínas HLA-C, 1.800 proteínas HLA-DRβ, 800
proteínas DQβ e 700 proteínas DPβ. Devido a este enorme polimorfismo,
dois indivíduos não relacionados são muito propensos a expressar várias
proteínas HLA que, por serem diferentes entre si, parecem ser estranhas.
Como os genes no locus HLA estão estreitamente ligados, todos os genes
HLA de cada um dos pais são herdados juntos, como um haplótipo, seguindo
o padrão mendeliano, de modo que a probabilidade de dois irmãos virem a
ter os mesmos alelos do MHC é de uma em quatro.
Hipersensibilidade
Distúrbios Causados pelas Respostas Imunes
A maioria dos casos de AIDS é causada pelo HIV-1 (i. e., HIV tipo 1).
Um vírus relacionado, o HIV-2, causa alguns casos da doença.
Figura 12.8 Ciclo de vida do vírus da imunodeficiência humana (HIV). As
etapas sequenciais na reprodução do HIV são mostradas, desde a infecção
inicial de uma célula hospedeira até a liberação de novas partículas virais
(vírions).
Patogênese da AIDS
A AIDS desenvolve-se no decorrer de muitos anos, conforme o HIV
latente se torna ativado e destrói as células do sistema imune. A
produção de vírus leva à morte das células infectadas, bem como à morte de
linfócitos não infectados, imunodeficiências subsequentes e AIDS clínica
(Figura 12.9). A infecção pelo HIV é adquirida por relações sexuais,
compartilhamento de agulhas contaminadas por usuários de drogas
intravenosas, transferência transplacentária, ou transfusão de sangue ou
hemoderivados infectados. Após a infecção, pode haver uma breve viremia
aguda, quando o vírus, então, é detectado no sangue e o hospedeiro pode
responder do mesmo modo que responde a qualquer infecção viral branda,
apresentando sintomas inespecíficos como febre, dores pelo corpo e mal-
estar. O vírus infecta primariamente as células T CD4+ nos sítios de entrada
ao longo dos epitélios de mucosa, em órgãos linfoides, como linfonodos, e
na circulação. Nos tecidos de mucosa nos sítios de entrada, pode haver
considerável destruição de células T infectadas. Como uma ampla fração dos
linfócitos do corpo, e em especial as células T de memória, reside nesses
tecidos, a consequência da destruição local pode ser um déficit funcional
significativo que não se reflete na presença de células infectadas no sangue
nem na depleção de células T circulantes. As células dendríticas podem
capturar o vírus durante a sua entrada nos epitélios de mucosa, e transportá-
lo para os órgãos linfoides periféricos, onde então ele infecta as células T. O
provírus integrado pode ser ativado nas células infectadas, como já descrito,
levando à produção de partículas virais e à disseminação da infecção. No
decorrer da infecção pelo HIV, a principal fonte de partículas virais
infecciosas são as células T CD4+ ativadas. Como mencionado, as células T
auxiliares foliculares e macrófagos podem se tornar reservatórios de
infecção, onde o vírus pode permanecer dormente e ser reativado após meses
ou anos.
Figura 12.9 Patogênese da doença causada pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV). O desenvolvimento da doença causada pelo HIV está
associado com a disseminação do vírus a partir do sítio inicial de infecção
para os tecidos linfoides de todo o corpo. A resposta imune do hospedeiro
controla temporariamente a infecção aguda, mas não evita o
estabelecimento da infecção crônica das células nos tecidos linfoides. As
citocinas produzidas em resposta ao HIV e outros microrganismos atuam
aumentando a produção do HIV e a progressão para a síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS). CTLs, Linfócitos T citotóxicos.
A
Adjuvante Substância, distinta do antígeno, que aumenta a ativação de
células T e B principalmente por promover respostas imunes inatas que
aumentam o acúmulo e a ativação das células apresentadoras de
antígenos (APCs; do inglês, antigen presenting cells) no local da
exposição ao antígeno. Os adjuvantes estimulam a expressão de
coestimuladores ativadores de células T e de citocinas pelas APCs,
além de também prolongar a expressão de complexos peptídio-MHC na
superfície das APCs.
Adressina Molécula de adesão expressa nas células endoteliais em
diferentes sítios anatômicos que direcionam o homing órgão-específico
dos linfócitos. A molécula adressina de adesão celular da mucosa 1
(MadCAM-1) é um exemplo de adressina expressa nas placas de Peyer
da parede intestinal, que se liga à integrina a4b7 das células T de homing
intestinal.
Afinidade Força de ligação entre um único sítio de ligação de uma
molécula (p. ex., um anticorpo) e de um ligante (p. ex., um antígeno). A
afinidade de uma molécula X por um ligante Y é representada pela
constante de dissociação (Kd), que representa a concentração de Y
necessária para ocupar os sítios de ligação de metade das moléculas X
presentes em uma solução. Uma Kd pequena indica uma afinidade de
interação mais forte ou maior, e uma concentração menor de ligante é
necessária para ocupar os sítios.
Agamaglobulinemia ligada ao X Doença de imunodeficiência, também
chamada de agamaglobulinemia de Bruton, caracterizada pelo bloqueio
de estágios iniciais da maturação de células B e pela ausência de Ig
sérica. Os pacientes sofrem de infecções bacterianas piogênicas. A
doença é causada por mutações ou deleções no gene que codifica a Btk,
uma enzima envolvida na transdução do sinal nas células B em
desenvolvimento.
Alelo Uma das diferentes formas do mesmo gene se apresentar, em
diferentes indivíduos, em um locus específico do cromossomo. Um
indivíduo heterozigoto para um locus possui dois diferentes alelos, cada
qual em um membro diferente do par de cromossomos, sendo um
herdado da mãe e outro herdado do pai. Se um gene específico, em uma
população, tem diferentes alelos, o gene ou locus é chamado
polimórfico. Os genes do MHC têm muitos alelos (i. e., são altamente
polimórficos).
Alérgeno Antígeno que deflagra uma reação de hipersensibilidade imediata
(alérgica). Os alérgenos são proteínas ou compostos químicos ligados a
proteínas que induzem respostas de anticorpo IgE em indivíduos
atópicos.
Alergia Distúrbio causado por uma reação de hipersensibilidade imediata,
geralmente denominada de acordo com o tipo de antígeno (alérgeno)
que desencadeia a doença, como alergia alimentar, alergia à picada de
abelha e alergia à penicilina. Todas essas condições são o resultado da
produção de IgE estimulada pelas células T auxiliares produtoras de IL-
4, seguida pela ativação de mastócitos dependente do alérgeno e de IgE.
Aloanticorpo Anticorpo específico para um aloantígeno (i. e., um antígeno
presente em alguns indivíduos de uma espécie, mas não em outros).
Aloantígeno Antígeno celular ou tecidual presente em alguns indivíduos de
uma espécie, mas não em outros, que é reconhecido como estranho ou
como um aloenxerto. Os aloantígenos normalmente são produtos de
genes polimórficos.
Aloantissoro Soro contendo aloanticorpos de um indivíduo que foi
previamente exposto a um ou mais aloantígenos.
Alorreativo Reativo a aloantígenos; usado para descrever as células T ou
anticorpos de um indivíduo que reconhecerão antígenos nas células ou
tecidos de outro indivíduo geneticamente não idêntico.
Alótipo Propriedade de um grupo de moléculas de anticorpos definida pelo
compartilhamento de um determinante antigênico específico encontrado
nos anticorpos de alguns indivíduos, mas não de outros. Tais
determinantes são chamados de alótopos. Anticorpos que compartilham
um alótopo específico pertencem ao mesmo alótipo. Alótipo também é
frequentemente usado como sinônimo de alótopo.
Aminas vasoativas Compostos não lipídicos de baixo peso molecular,
como a histamina, que possuem um grupo amina, são armazenados e
liberados dos grânulos citoplasmáticos dos mastócitos e medeiam
muitos dos efeitos biológicos das reações de hipersensibilidade
imediata (alérgica). (Também conhecidas como aminas biogênicas.)
Anafilatoxinas Fragmentos C5a, C4a e C3a do complemento gerados
durante sua ativação. As anafilatoxinas ligam-se a receptores
específicos na superfície celular e promovem inflamação aguda pela
estimulação da quimiotaxia de neutrófilos e da ativação de mastócitos.
Anafilaxia Forma grave de hipersensibilidade imediata na qual há ativação
sistêmica de mastócitos e basófilos, assim como liberação de
mediadores que causam broncoconstrição, edema tecidual e colapso
cardiovascular.
Anergia clonal Estado de não responsividade antigênica de um clone de
linfócitos T, experimentalmente induzido pelo reconhecimento do
antígeno na ausência de sinais adicionais (sinais coestimuladores)
necessários para a ativação funcional. A anergia clonal é considerada
um modelo para um dos mecanismos de tolerância aos autoantígenos e
também pode ser aplicável aos linfócitos B.
Anergia Estado de não responsividade à estimulação antigênica. A anergia
de linfócitos (também chamada de anergia clonal) é a falha dos clones
de células T ou B reagirem ao antígeno e um mecanismo de
manutenção da tolerância imunológica ao próprio. Clinicamente, a
anergia descreve a ausência de reações de hipersensibilidade cutânea do
tipo retardada dependentes de célula T a antígenos comuns.
Angiogênese Formação de novos vasos sanguíneos regulada por uma
variedade de fatores proteicos, elaborados pelas células dos sistemas
imunes inato e adaptativo, e frequentemente acompanhada por
inflamação crônica e crescimento tumoral.
Antagonista do receptor de IL-1 (IL-1RA; do inglês, IL-1 receptor
antagonist) Inibidor natural da IL-1, produzido por macrófagos e outras
células, que é estruturalmente homólogo à IL-1 e se liga aos mesmos
receptores, mas é biologicamente inativo. O IL-1RA é usado como
fármaco no tratamento de síndromes autoinflamatórias causadas pela
produção excessiva de IL-1, bem como no tratamento da artrite
reumatoide.
Anticorpo humanizado Anticorpo monoclonal codificado por um gene
recombinante híbrido e composto de sítios de ligação antigênica de um
anticorpo monoclonal murino e da região constante de um anticorpo
humano. Os anticorpos humanizados são menos propensos a induzir
uma resposta antianticorpo em seres humanos do que os anticorpos
monoclonais de camundongo. São usados clinicamente no tratamento
de doenças inflamatórias, tumores e rejeição dos transplantes.
Anticorpo monoclonal Anticorpo específico para um antígeno, produzido
por um hibridoma de célula B (uma linhagem celular derivada da fusão
de uma única célula B normal e uma linhagem tumoral imortal de
célula B). Os anticorpos monoclonais são amplamente usados em
pesquisa, diagnóstico clínico e terapia.
Anticorpo Tipo de molécula glicoproteica, também chamada de
imunoglobulina (Ig), produzida pelos linfócitos B e que se liga aos
antígenos, geralmente com alto grau de especificidade e afinidade. A
unidade estrutural básica de um anticorpo é composta de duas cadeias
pesadas idênticas e duas cadeias leves idênticas. As regiões variáveis
N-terminais das cadeias pesada e leve formam o sítio de ligação ao
antígeno, enquanto as regiões constantes C-ter-minais das cadeias
pesadas interagem funcionalmente com outras moléculas no sistema
imune. Cada indivíduo tem milhões de anticorpos diferentes, cada qual
com um sítio de ligação ao antígeno único. Os anticorpos secretados
desempenham várias funções efetoras, incluindo neutralização de
antígenos, ativação do complemento e promoção da destruição de
microrganismos dependente de leucócito.
Anticorpos naturais Anticorpos IgM, produzidos principalmente pelas
células B-1, específicos para bactérias que são comuns no ambiente e
no trato gastrintestinal. Indivíduos normais possuem anticorpos naturais
sem qualquer evidência de infecção ou de exposição ao antígeno; esses
anticorpos atuam como um mecanismo de defesa pré-formado contra
microrganismos que conseguem penetrar as barreiras epiteliais. Em
alguns destes anticorpos ocorre reação cruzada com antígenos
sanguíneos do grupo ABO, sendo estes responsáveis por reações
transfusionais.
Antígeno carcinoembriônico (CEA, CD66; do inglês, carcioembryonic
antigen) Proteína de membrana altamente glicosilada cuja expressão
aumentada em muitos carcinomas de cólon, pâncreas, estômago e
mama resulta em elevação de seus níveis séricos. O nível de CEA
sérico é usado para monitorar a persistência ou recorrência do
carcinoma metastático após o tratamento.
Antígeno de transplante tumor-específico (TSTA; do inglês, tumor-
specific transplantation antigen) Antígeno expresso nas células
tumorais de animais de experimentação que pode ser detectado pela
indução da rejeição imunológica dos transplantes tumorais. Os TSTAs
foram originalmente definidos em sarcomas murinos, quimicamente
induzidos, e se mostraram capazes de estimular a rejeição dos
transplantes tumorais mediada por CTL.
Antígeno Molécula que se liga a um anticorpo ou a um TCR. Antígenos
que se ligam aos anticorpos incluem todas as classes de moléculas. A
maioria dos TCRs liga-se somente a fragmentos peptídicos de proteínas
complexados com moléculas de MHC; tanto o ligante peptídico quanto
a proteína nativa do qual é derivado são chamados de antígenos de
células T.
Antígeno oncofetal Proteínas expressas em altos níveis em alguns tipos de
células cancerígenas e nos tecidos fetais em desenvolvimento (mas não
em adultos). Anticorpos específicos para estas proteínas são geralmente
usados na identificação histopatológica de tumores ou para monitorar a
progressão do crescimento tumoral em pacientes. CEA (CD66) e a-
fetoproteína são dois antígenos oncofetais comumente expressos por
certos carcinomas.
Antígeno T-dependente Antígeno que necessita tanto de células B quanto
de células T auxiliares para estimular uma resposta de anticorpo. Os
antígenos T-dependentes são antígenos proteicos que contêm alguns
epítopos reconhecidos pelas células T e outros epítopos reconhecidos
pelas células B. As células T auxiliares produzem citocinas e moléculas
de superfície celular que estimulam o crescimento e a diferenciação das
células B em células secretoras de anticorpos. As respostas imunes
humorais aos antígenos T-dependentes são caracterizadas pela troca de
isótipo, maturação de afinidade e memória.
Antígeno T-independentes Antígenos não proteicos, como polissacarídios
e lipídios, que podem estimular respostas de anticorpos sem a
necessidade de linfócitos T auxiliares antígeno-específicos. Antígenos
T-independentes normalmente contêm múltiplos epítopos idênticos que
podem se ligar de maneira cruzada à Ig de membrana das células B e,
assim, ativá-las. As respostas imunes humorais aos antígenos T-
independentes mostram relativamente pouca troca de isótipo de cadeia
pesada ou maturação de afinidade, dois processos que necessitam de
sinais provenientes das células T auxiliares.
Antígeno tumor-específico Antígeno cuja expressão é restrita a um tumor
específico e não é expresso por células normais. Os antígenos tumor-
específicos podem servir como alvos antigênicos para respostas imunes
antitumorais.
Antígenos do grupo sanguíneo ABO Antígenos de carboidratos ligados
principalmente a proteínas ou lipídios de superfície celular presentes
em muitos tipos celulares, incluindo hemácias. Estes antígenos diferem
entre os indivíduos, dependendo dos alelos herdados que codificam
enzimas necessárias para a síntese do carboidrato. Os antígenos ABO
atuam como os aloantígenos responsáveis pelas reações transfusionais
sanguíneas e na rejeição hiperaguda a aloenxertos.
Antígenos do grupo sanguíneo Rh Sistema complexo de aloantígenos
proteicos, expressos nas membranas das hemácias, que são a causa de
reações transfusionais e da doença hemolítica no recém-nascido. O
antígeno Rh clinicamente mais importante é designado D.
Antígenos leucocitários humanos (HLA; do inglês, human leukocyte
antigens) Moléculas do MHC expressas na superfície das células
humanas. As moléculas do MHC humanas foram primeiramente
identificadas como aloantígenos na superfície das células brancas
sanguíneas (leucócitos) que ligam anticorpos séricos em indivíduos
previamente expostos a células de outros indivíduos (p. ex., mães ou
receptores de transfusão) (ver também molécula do complexo
principal de histocompatibilidade [MHC]).
Antissoro Soro de um indivíduo previamente imunizado com um antígeno
e que contém anticorpo específico para aquele antígeno.
Apoptose Processo de morte celular caracterizado pela ativação de caspases
intracelulares, quebra de DNA, condensação e fragmentação nuclear e
blebbing da membrana plasmática (alterações na membrana com
exposição/ocultação de moléculas, semelhante a um “borbulhamento”),
que levam à fagocitose dos fragmentos celulares sem indução de uma
resposta inflamatória. Este tipo de morte celular é importante no
desenvolvimento dos linfócitos, no retorno à homeostasia após uma
resposta imune a uma infecção, na manutenção da tolerância aos
autoantígenos e na morte de células infectadas pelos linfócitos T
citotóxicos e células natural killer.
Apresentação cruzada Mecanismo pelo qual uma célula dendrítica ativa
(ou condiciona) uma CTL CD8+ naive específica para antígenos de uma
terceira célula (p. ex., uma célula tumoral ou infectada por vírus). A
apresentação cruzada ocorre, por exemplo, quando antígenos proteicos
de uma célula infectada são ingeridos por uma célula dendrítica e os
antígenos microbianos são processados e apresentados em associação a
moléculas do MHC de classe I, ao contrário da regra geral para
antígenos fagocitados, os quais são apresentados em associação a
moléculas do MHC de classe II. A célula dendrítica também fornece
coestimulação para as células T. Também chamada de cross-priming.
Apresentação de antígenos Exposição de antígenos na superfície das
células para o reconhecimento por linfócitos; a maioria normalmente
refere-se à exposição de peptídios ligados às moléculas de MHC na
superfície de uma APC que permite o reconhecimento específico pelos
TCRs e a ativação das células T.
Apresentação direta de antígenos (ou alorreconhecimento direto)
Apresentação de moléculas de MHC alogênica na superfície celular por
APCs do enxerto para as células T do receptor de um enxerto, que leva
à ativação das células T alorreativas. No reconhecimento direto das
moléculas de MHC alogênicas, um TCR que foi selecionado para
reconhecer uma molécula de MHC própria ligada a um peptídio
estranho reage cruzadamente com moléculas de MHC alogênicas
ligadas ao peptídio. A apresentação direta é parcialmente responsável
pelas fortes respostas de células T aos aloenxertos.
Apresentação indireta de antígenos (alorreconhecimento indireto) Na
Imunologia do transplante, é a via de apresentação das moléculas de
MHC do doador (alogênica) pelas APCs do receptor que envolve os
mesmos mecanismos usados para apresentação das proteínas
microbianas. As proteínas de MHC alogênicas são processadas pelas
células dendríticas do receptor e os peptídios derivados das moléculas
de MHC alogênicas são apresentados, em associação as moléculas de
MHC do receptor (próprias), às células T do hospedeiro. Em contraste à
apresentação indireta de antígeno, a apresentação direta envolve o
reconhecimento de moléculas de MHC alogênicas não processadas na
superfície das células do transplante pela célula T do receptor.
Arteriosclerose do enxerto Oclusão de artérias do enxerto causada pela
proliferação das células musculares lisas da íntima. Este processo pode
se desenvolver dentro de seis meses a um ano após o transplante, e é
responsável pela rejeição crônica de enxertos de órgãos vascularizados.
O mecanismo é provavelmente decorrente de uma resposta imune
crônica aos aloantígenos da parede vascular. A arteriosclerose do
enxerto é também chamada de arteriosclerose acelerada.
Artrite reumatoide Doença autoimune caracterizada primariamente pelo
dano inflamatório nas articulações e, algumas vezes, inflamação dos
vasos sanguíneos, pulmões e outros tecidos. Células T CD4+, linfócitos
B ativados e plasmócitos são encontrados nos revestimentos da
articulação inflamada (sinóvia) e inúmeras citocinas pró-inflamatórias,
incluindo IL-1 e TNF, estão presentes no fluido sinovial (articular).
Asma Doença inflamatória normalmente causada por repetidas reações de
hipersensibilidade imediata no pulmão e que provoca obstrução
intermitente e reversível das vias aéreas, inflamação brônquica crônica
com presença de eosinófilos, hipertrofia e hiper-reatividade das células
da musculatura lisa brônquica.
Ativação alternativa de macrófagos Ativação de macrófagos por IL-4 e
IL-13 que induz um fenótipo anti-inflama-tório e de reparo tecidual, em
contraste à ativação clássica de macrófagos por interferon-g e ligantes
de TLR.
Ativação clássica de macrófagos Ativação de macrófagos por interferon-g,
células Th1 e ligantes de TLR, levando a um fenótipo pró-inflamatório
e microbicida. Macrófagos “ativados classicamente” também são
chamados de macrófagos M1.
Ativadores policlonais Agentes que são capazes de ativar muitos clones de
linfócitos, a despeito de suas especificidades antigênicas. Os exemplos
de ativadores policlonais incluem anticorpos anti-IgM para as células B,
além de anticorpos anti-CD3, superantígenos bacterianos e PHA para as
células T.
Atopia Propensão de um indivíduo a produzir anticorpos IgE em resposta a
vários antígenos ambientais e a desenvolver fortes respostas de
hipersensibilidade imediata (alérgica). Indivíduos que desenvolvem
alergias a antígenos ambientais, como pólen ou poeira doméstica, são
chamados atópicos.
Autoanticorpo Anticorpo produzido em um indivíduo que é específico
para seu próprio antígeno. Os autoanticorpos podem causar danos a
células e tecidos e são produzidos em excesso nas doenças autoimunes,
como o lúpus eritematoso sistêmico e miastenia grave.
Autofagia Processo normal pelo qual a célula degrada seus próprios
componentes por catabolismo lisossomal. A autofagia apresenta papel
na defesa imune inata contra infecções e polimorfismos de genes que
regulam a autofagia estão ligados ao risco de algumas doenças
autoimunes.
Autoimunidade Estado de responsividade do sistema imune adaptativo aos
antígenos próprios que ocorre quando os mecanismos de autotolerância
falham.
Autotolerância Ausência de responsividade do sistema imune adaptativo
aos antígenos próprios, amplamente como resultado da inativação ou
morte de linfócitos autorreativos induzidas pela exposição a esses
antígenos. A autotolerância é uma característica fundamental do
sistema imune normal e a falha na autotolerância leva a doenças
autoimunes.
Avidez Força total das interações entre duas moléculas, como por exemplo
um anticorpo e um antígeno. A avidez depende tanto da afinidade
quanto da valência das interações. Dessa maneira, a avidez de um
anticorpo IgM pentamérico, com 10 sítios de ligação ao antígeno, pode
ser muito maior para um antígeno multivalente do que a afinidade de
um único sítio combinado específico para o mesmo antígeno. A avidez
pode ser usada para descrever as forças de interação célula-célula, as
quais são mediadas por muitas interações de ligação entre moléculas da
superfície celular.
B
β2-Microglobulina Cadeia leve de uma molécula do MHC de classe I. A
b2-microglobulina é uma proteína extracelular, codificada por um gene
não polimórfico externo ao MHC, estruturalmente homóloga a um
domínio de Ig e invariante entre todas as moléculas de classe I.
Baço Órgão linfoide secundário localizado no quadrante superior esquerdo
do abdome. O baço é o principal local das respostas imunes adaptativas
aos antígenos originados do sangue. A polpa vermelha do baço é
composta de sinusoides vasculares repletos de sangue recobertos por
fagócitos ativos que ingerem antígenos opsonizados e hemácias
danificadas. A polpa branca do baço contém linfócitos e folículos
linfoides nos quais as células B são ativadas.
Bactéria intracelular Bactéria que sobrevive ou se replica dentro das
células. O principal mecanismo de defesa contra bactérias
intracelulares, como Mycobacterium tuberculosis, é a imunidade
mediada pelas células T.
Bactérias piogênicas Bactérias, como estafilococos e estreptococos Gram-
positivos, que induzem respostas inflamatórias ricas em leucócitos
polimorfonucleares (dando origem ao pus).
Bainha linfoide periarteriolar (PALS; do inglês, periarteriolar lymphoid
sheath) Bainha de linfócitos ao redor das pequenas arteríolas no baço,
adjacente aos folículos linfoides. Uma PALS contém principalmente
linfócitos T, sendo aproximadamente dois terços CD4+ e um terço
CD8+. Nas respostas imunes humorais aos antígenos proteicos, os
linfócitos B são ativados na interface entre a PALS e os folículos, e
então migram para dentro dos folículos, formando os centros
germinativos.
Basófilo Tipo de granulócito circulante derivado da medula óssea com
semelhanças estruturais e funcionais com os mastócitos, que contém
grânulos com muitos dos mesmos mediadores inflamatórios dos
mastócitos e expressa receptores Fc de alta afinidade para IgE. Os
basófilos recrutados para os sítios teciduais, onde o antígeno está
presente, podem contribuir para as reações de hipersensibilidade
imediata.
Bcl-6 Repressor transcricional necessário para o desenvolvimento de
células B do centro germinativo e de células Tfh.
BLIMP-1 Repressor transcricional necessário para a geração do
plasmócitos.
Bloqueio de ponto de controle Forma de imunoterapia para o câncer na
qual anticorpos bloqueadores específicos para moléculas inibidoras de
células T, incluindo PD-1, PD-L1 e CTLA-4, são administrados a
pacientes com câncer para melhorar a resposta antitumoral de células T.
Essa abordagem tem sido efetivamente bem-sucedida para o tratamento
de diversos tipos de câncer metastáticos agressivos não responsivos a
outras terapias.
Burst respiratório Processo pelo qual intermediários reativos de oxigênio,
como o ânion superóxido, o radical hidroxila e o peróxido de
hidrogênio, são produzidos em neutrófilos e macrófagos. O burst
respiratório, ou explosão respiratória, é mediado pela enzima oxidase
do fagócito e é normalmente desencadeado por mediadores
inflamatórios, como as citocinas IFN-g e TNF, ou por produtos
bacterianos, como o LPS.
C
C1 Proteína sérica do sistema complemento composta de várias cadeias
polipeptídicas, que iniciam a via clássica da ativação do complemento
pela ligação às porções Fc de anticorpos IgG ou IgM ligados ao
antígeno.
C2 Proteína da via clássica do complemento, que é proteoliticamente
clivada pelo C1 ativado gerando C2a, o qual forma parte da C3
convertase da via clássica.
C3 Proteína central e mais abundante do sistema complemento; está
envolvida tanto nas cascatas da via clássica quanto da via alternativa. O
C3 é proteoliticamente clivado durante a ativação do complemento para
gerar um fragmento C3b, que se liga covalentemente às superfícies
celulares ou de microrganismos, e um fragmento C3a, que possui
diversas atividades pró-inflamatórias.
C3 convertase Complexo enzimático multiproteico gerado pelas etapas
iniciais das vias clássica, da lectina e alternativa de ativação do
complemento. A C3 convertase cliva C3, o qual origina dois produtos
proteolíticos denominados C3a e C3b.
C4 Proteína da via clássica do complemento proteoliticamente clivada pelo
C1 ativado gerando C4b, o qual forma parte da C3 convertase da via
clássica.
C5 Proteína clivada pelas C5 convertases em todas as vias do complemento,
gerando um fragmento C5b, o qual inicia a formação do complexo de
ataque à membrana, e liberando um fragmento C5a, o qual possui
diversas atividades pró-inflamatórias.
C5 convertase Complexo enzimático multiproteico gerado pela ligação de
C3b a C3 convertase. A C5 convertase cliva o C5 e inicia os estágios
finais da ativação do complemento, levando à formação do complexo
de ataque à membrana e lise das células.
Cadeia ζ Proteína transmembranar expressa em células T como parte do
complexo TCR que contém ITAMs em sua cauda citoplasmática e se
liga à tirosinoquinase proteica ZAP-70 durante a ativação da célula T.
Cadeia invariante (Ii) Proteína não polimórfica que se liga às moléculas de
MHC de classe II recém-sintetizadas no retículo endoplasmático. A
cadeia invariante previne o carregamento de peptídios, presentes no
retículo endoplasmático, na fenda de ligação peptídica do MHC de
classe II, de modo que tais peptídios se associem às moléculas de classe
I. A cadeia invariante também promove o dobramento e a montagem
das moléculas de classe II, assim como direciona moléculas de classe II
recém-sintetizadas para o compartimento endossomal, onde o
carregamento do peptídio ocorre.
Cadeia J (juncional) Pequeno polipeptídio ligado por pontes dissulfeto à
peça caudal de anticorpos IgM e IgA que une as moléculas de
anticorpos para formar pentâmeros de IgM e dímeros de IgA. A cadeia
J também contribui para o transporte transepitelial dessas
imunoglobulinas.
Cadeia leve de imunoglobulina Um dos dois tipos de cadeias
polipeptídicas em uma molécula de anticorpo. A unidade estrutural
básica de um anticorpo inclui duas cadeias leves idênticas, cada qual
ligada a uma das duas cadeias pesadas idênticas por pontes dissulfeto.
Cada cadeia leve é composta de um domínio Ig variável (V) e um
domínio Ig constante (C). Há dois isótipos de cadeia leve, chamados κ e
λ, ambos funcionalmente idênticos. Aproximadamente 60% dos
anticorpos humanos têm cadeias leve κ enquanto 40% apresentam
cadeias leve λ.
Cadeia pesada de imunoglobulina Um dos dois tipos de cadeias
polipeptídicas em uma molécula de anticorpo. A unidade estrutural
básica de um anticorpo inclui duas cadeias pesadas idênticas ligadas por
pontes dissulfeto e duas cadeias leves idênticas. Cada cadeia pesada é
composta de um domínio Ig variável (V) e três ou quatro domínios Ig
constantes (C). Os diferentes isótipos de anticorpos, incluindo IgM,
IgD, IgG, IgA e IgE, são distinguidos por diferenças estruturais nas
regiões constantes de suas cadeias pesadas. As regiões constantes da
cadeia pesada medeiam funções efetoras, como ativação do
complemento ou engajamento de fagócitos.
Cadeias leves substitutas Duas proteínas invariáveis que se associam às
cadeias pesadas m da Ig em células pré-B para formar o receptor da
célula pré-B. As duas proteínas de cadeia leve substitutas incluem a
proteína V pré-B, a qual é homóloga ao domínio V da cadeia leve, e λ5,
a qual se liga covalentemente à cadeia pesada m por uma ponte
dissulfeto.
Calcineurina Serina/treonina fosfatase citoplasmática que desfosforila o
fator de transcrição NFAT, permitindo assim que o NFAT entre no
núcleo. A calcineurina é ativada por sinais derivados do cálcio gerados
por meio da sinalização do TCR em resposta ao reconhecimento
antigênico. Os fármacos imunossupressores, ciclosporina e tacrolimo,
atuam bloqueando a atividade da calcineurina.
Camundongo knockout Camundongo com uma disrupção direcionada de
um ou mais genes, criado por técnicas de recombinação homóloga. Os
camundongos knockout que perdem genes funcionais que codificam
citocinas, receptores de superfície celular, moléculas de sinalização e
fatores de transcrição têm fornecido informações valiosas acerca do
papel destas moléculas no sistema imune.
Camundongo nude Linhagem de camundongos em que não ocorre o
desenvolvimento do timo e, consequentemente, dos linfócitos T, bem
como dos folículos capilares. Os camundongos nude têm sido utilizados
experimentalmente para definir o papel dos linfócitos T na imunidade e
na doença.
Camundongo SCID Linhagem de camundongo na qual as células B e T
estão ausentes em decorrência de um bloqueio precoce na maturação
dos precursores da medula óssea. Os camundongos SCID são
portadores de uma mutação em um componente da enzima proteína
quinase dependente de DNA, a qual é necessária para o reparo de
quebras do DNA de dupla fita. A deficiência dessa enzima resulta em
junção anormal dos segmentos gênicos de Ig e TCR durante a
recombinação e, consequentemente, falha na expressão dos receptores
antigênicos.
Camundongo transgênico Camundongo que expressa um gene exógeno
que foi introduzido no genoma pela injeção de uma sequência
específica de DNA no prónúcleo de ovos murinos fertilizados. Os
transgenes inserem-se aleatoriamente em pontos de quebra
cromossomal e, subsequentemente, são herdados como traços
mendelianos simples. Por meio de transgenes projetados contendo
sequências reguladoras tecido-específicas, camundongos que expressam
um gene específico somente em alguns tecidos podem ser produzidos.
Os camundongos transgênicos têm uso amplo na pesquisa imunológica
para estudar as funções de várias citocinas, moléculas de superfície
celular e moléculas de sinalização intracelular.
Camundongo transgênico para o receptor da célula T (TCR; do inglês,
T cell receptor) Camundongo de uma linhagem geneticamente
modificada que expressa genes a e b do TCR, codificados
transgenicamente, que produzem um TCR de especificidade única e
definida. Em decorrência da exclusão alélica dos genes de TCR
endógenos, a maioria ou todas as células T, em um camundongo
transgênico, apresentam a mesma especificidade antigênica, uma
propriedade útil para diversos objetivos de pesquisa.
Cascata de proteína quinase ativada por mitógeno (MAP; do inglês,
mitogen-activated protein) Cascata de transdução de sinal iniciada pela
forma ativa da proteína Ras, envolvendo a ativação sequencial de três
serina/treonina quinases, sendo a última uma MAP quinase. A MAP
quinase então fosforila e ativa outras enzimas e fatores de transcrição.
A via da MAP quinase é uma dentre várias vias de sinalização ativadas
pela ligação do antígeno ao TCR e ao BCR.
Caspases Proteases intracelulares contendo cisteínas em seus sítios ativos
que quebram substratos na porção C-terminal dos resíduos de ácido
aspártico. A maioria das caspases é componente de cascatas
enzimáticas que causam morte apoptótica das células, embora a
caspase-1, a qual é parte do inflamassomo, direciona a inflamação
processando as formas inativas precursoras das citocinas IL-1 e IL-18
em suas formas ativas.
Catelicidinas Polipeptídios produzidos pelos neutrófilos e diversas
barreiras epiteliais que atuam em diversas funções na imunidade inata,
incluindo toxicidade direta aos microrganismos, ativação de leucócitos
e neutralização de lipopolissacarídio.
Catepsinas Tiol e aspartil proteases com ampla especificidade de
substratos, as quais são abundantes nos endossomos das APCs, além de
ter importante papel na geração de fragmentos peptídicos a partir de
proteínas antigênicas exógenas que se ligam às moléculas do MHC de
classe II.
Célula apresentadora de antígeno (APC; do inglês, antigen-presenting
cell) Célula que expõe fragmentos peptídicos de antígenos proteicos em
associação a moléculas de MHC na sua superfície e ativa células T
antígeno-específicas. Além da exposição de complexos peptídio-MHC,
as APCs também expressam moléculas coestimuladoras para otimizar a
ativação dos linfócitos T.
Célula B madura Células B naive, funcionalmente competentes,
expressando IgM e IgD, que representam o estágio final da maturação
da célula B no baço e povoam os órgãos linfoides periféricos.
Célula pré-B Célula B em desenvolvimento presente apenas em tecidos
hematopoéticos, que representa o estágio de maturação caracterizado
pela expressão de cadeias pesadas m de Ig e de cadeias leves substitutas
citoplasmáticas, mas não de cadeias leves de Ig. Os receptores de
células pré-B compostos de cadeias m e cadeias leves substitutas
liberam sinais que estimulam a maturação adicional da célula pré-B em
uma célula B imatura.
Célula pré-T Linfócito T em desenvolvimento no timo em estágio de
maturação, caracterizado pela expressão da cadeia b do TCR, mas não
da cadeia a ou CD4 ou CD8. Nas células pré-T, a cadeia b do TCR é
encontrada na superfície celular como parte do receptor de célula pré-T.
Célula pró-B Célula B em desenvolvimento na medula óssea que é a
primeira célula comprometida com a linhagem de linfócitos B. As
células pró-B não produzem Ig, mas podem ser distinguidas de outras
células imaturas pela expressão de moléculas de superfície restritas à
linhagem B, como CD19 e CD10.
Célula pró-T Célula T em desenvolvimento no córtex tímico que acabou
de chegar da medula óssea e não expressa TCRs, CD3, cadeias ζ, ou
moléculas CD4 ou CD8. As células pró-T também são denominadas
timócitos duplo-negativos.
Célula secretora de anticorpo Linfócito B que passou por diferenciação e
produz a forma secretória de Ig. As células secretoras de anticorpo são
geradas das células B naive em resposta ao antígeno, e residem no baço
e nos linfonodos, bem como na medula óssea. Geralmente usado como
sinônimo de plasmócitos.
Célula T auxiliar folicular (célula Tfh) Ver Células T auxiliares
foliculares (Tfh; do inglês, T follicular helper cells).
Células apresentadoras de antígenos (APCs; do inglês, antigen-
presenting cells) profissionais Termo utilizado em algumas situações
para se referir às APCs que ativam linfócitos T; inclui células
dendríticas, fagócitos mononucleares e linfócitos B, os quais são, todos,
capazes de expressar moléculas do MHC de classe II e coestimuladores.
As APCs profissionais mais importantes para o início das respostas
primárias de célula T são as células dendríticas.
Células de Langerhans Células dendríticas imaturas encontradas como
uma malha na camada epidérmica da pele e cuja principal função é
sequestrar microrganismos e antígenos que entram através da pele, além
de transportar antígenos para os linfonodos drenantes. Durante sua
migração para os linfonodos, as células de Langerhans diferenciam-se
em células dendríticas maduras, as quais apresentam antígenos de modo
eficiente para células T naive, ativando-as.
Células dendríticas Células derivadas da medula óssea, encontradas em
tecidos epiteliais e linfoides, morfologicamente caracterizadas por finas
projeções de membrana. Existem muitas subpopulações de células
dendríticas com funções variadas. As células dendríticas clássicas
(convencionais) atuam como células sentinelas inatas e como APCs
para linfócitos T naive, além de serem importantes para iniciar as
respostas imunes adaptativas a antígenos proteicos. Células dendríticas
clássicas imaturas (em repouso) são importantes para a indução da
tolerância aos autoantígenos. As células dendríticas plasmacitoides
produzem interferons do tipo I em resposta à exposição aos vírus.
Células dendríticas foliculares (FDCs; do inglês, follicular dendritic
cells) Células presentes nos folículos linfoides dos órgãos linfoides
secundários que expressam receptores do complemento e receptores de
Fc, possuindo longos processos citoplasmáticos que formam uma malha
integrante da arquitetura dos folículos. As FDCs expõem antígenos em
sua superfície para o reconhecimento da célula B, e estão envolvidas na
ativação e seleção das células B que expressam Ig de membrana com
alta afinidade durante o processo de maturação da afinidade. As FDCs
não são células hematopoéticas (não são originadas na medula óssea).
Células efetoras Células que realizam funções efetoras durante uma
resposta imune, como secreção de citocinas (p. ex., células T
auxiliares), killing de microrganismos (p. ex., macrófagos), killing de
células do hospedeiro infectadas por microrganismos (p. ex., CTLs) ou
secreção de anticorpos (p. ex., células B diferenciadas).
Células epiteliais tímicas Células epiteliais abundantes nos estromas
cortical e medular do timo, com papel crítico no desenvolvimento das
células T. No processo de seleção positiva, as células T em maturação,
que reconhecem fracamente os peptídios próprios ligados às moléculas
do MHC na superfície das células epiteliais tímicas, são resgatadas da
morte celular programada.
Células indutoras de tecido linfoide Tipo de célula linfoide inata
hematopoeticamente derivada que estimula o desenvolvimento de
linfonodos e outros órgãos linfoides secundários, em parte pela
produção das citocinas linfotoxina-a (LTa) e linfotoxina-b (LTb).
Células LAK (LAK; do inglês, lymphokine--activated killer [células
assassinas ativadas por linfocina]) Células NK com atividade
citolítica aumentada para células tumorais como resultado da exposição
a altas doses de IL-2. Células LAK geradas in vitro têm sido
adotivamente transferidas de volta a pacientes com câncer para tratar
seus tumores.
Células linfoides inatas (ILCs; do inglês, innate lymphoid cells) Células
originadas a partir do progenitor linfoide comum na medula óssea, as
quais possuem morfologia de linfócitos e desempenham funções
efetoras semelhantes às de células T, mas não expressam TCRs. Três
grupos de células linfoides inatas, chamadas ILC1, ILC2 e ILC3,
produzem citocinas e expressam diferentes fatores de transcrição
análogos às subpopulações Th1, Th2 e Th17 de linfócitos T CD4+
efetores, respectivamente. As células natural killer estão relacionadas
às ILC1.
Células M Células epiteliais especializadas da mucosa gastrintestinal que
delineiam as placas de Peyer no intestino e atuam na liberação de
antígenos para as placas de Peyer.
Células mieloides Células derivadas de precursores hematopoéticos da
linhagem mieloide, incluindo granulócitos, monócitos e células
dendríticas. As células mieloides são distintas das células linfoides, as
quais incluem células B, células T, células linfoides inatas e células
natural killer, todas derivadas de um progenitor linfoide comum.
Células NK (do inglês, natural killer [assassinas naturais]) Subpopulação
de células linfoides, relacionado às células linfoides inatas do grupo 1,
que atua nas respostas imunes inatas matando células infectadas por
microrganismos por meio de mecanismos líticos diretos e secreção de
IFN-g. As células NK não expressam receptores de antígenos em
distribuição clonal do tipo receptores Ig ou TCRs, e sua ativação é
regulada por uma combinação de receptores estimuladores e inibitórios
de superfície celular, estes últimos reconhecendo as moléculas de MHC
próprias.
Células NKT (do inglês, natural killer T cells [células T assassinas
naturais]) Subpopulação numericamente pequena de linfócitos que
expressam receptores de células T e algumas moléculas de superfície
características de células NK. Algumas células NKT, chamadas NKT
invariantes (iNKT), expressam receptores antigênicos ab da célula T
com diversidade muito pequena e reconhecem antígenos lipídicos
apresentados pelas moléculas CD1. As funções fisiológicas das células
NKT não estão bem definidas.
Células supressoras derivadas de mieloide Grupo heterogêneo de
precursores mieloides imaturos que suprimem as respostas imunes
antitumorais e são encontrados em tecidos linfoides, sangue ou tumores
de animais e de pacientes com câncer. As células expressam Ly6C ou
Ly6G e CD11b em camundongos, e CD33, CD11b e CD15 em seres
humanos.
Células T auxiliares Classe de linfócitos T cujas funções principais são
ativar macrófagos e promover inflamação em respostas imunes
mediadas por células, bem como promover a produção de anticorpos
por células B nas respostas imunes humorais. Essas funções são
mediadas por citocinas secretadas e pela ligação do CD40 ligante da
célula T ao CD40 do macrófago ou da célula B. A maioria das células T
auxiliares reconhece complexos peptídios-MHC de classe II e expressa
a molécula CD4.
Células T auxiliares foliculares (Tfh; do inglês, T follicular helper)
Subpopulação de células T auxiliares CD4+ presentes nos folículos
linfoides, cruciais para fornecer sinais às células B na reação do centro
germinativo, estimulando a hipermutação somática, a troca de isótipo e
a geração de células B de memória e plasmócitos de vida longa. As
células Tfh expressam CXCR5, ICOS, IL-21 e Bcl-6.
Células T invariantes associadas à mucosa (MAIT; do inglês, mucosal-
asso-ciated invariant T cells) Subpopulação de células T que expressa
um TCR ab invariante específico para metabólitos de riboflavina
fúngicos e bacterianos apresentados por uma molécula não polimórfica
relacionada ao MHC de classe I. A maior parte das células MAIT são
CD8+, são ativadas tanto por derivados de riboflavina microbiana
quanto por citocinas e têm funções inflamatórias e citotóxicas. As
células MAIT correspondem a aproximadamente 20 a 40% de todas as
células T no fígado humano.
Células T reguladoras População de células T que inibe a ativação de
outras células T, e é necessária para manter a tolerância periférica aos
antígenos próprios. A maioria das células T reguladoras é CD4+ e
expressa a cadeia a do receptor de IL-2 (CD25), CTLA-4 e o fator de
transcrição FoxP3.
Células T supressoras Células T que bloqueiam a ativação e função de
outros linfócitos T. Tem sido difícil identificar claramente as células T
supressoras e o termo não é amplamente utilizado na atualidade. As
células T mais bem definidas, que atuam no controle das respostas
imunes, são as células T reguladoras.
Células Th1 Subpopulação de células T auxiliares CD4+ que secretam um
grupo específico de citocinas, incluindo IFN-g, cuja função principal é
estimular a defesa contra infecções mediada por fagócitos,
especialmente contra microrganismos intracelulares.
Células Th17 Subpopulação de células T auxiliares CD4+ que secretam um
grupo específico de citocinas, incluindo IL-17 e IL-22, que são
protetoras contra infecções bacterianas e fúngicas, e também medeiam
reações inflamatórias nas doenças autoimunes e outras doenças
inflamatórias.
Células Th2 Subpopulação de células T auxiliares CD4+ que secretam um
grupo específico de citocinas, incluindo IL-4, IL-5 e IL-3, cuja função
principal é estimular reações imunes mediadas por IgE e por
eosinófilos/mastócitos.
Célula-tronco Célula não diferenciada que se divide continuamente e
origina células-tronco adicionais e células de múltiplas linhagens
diferentes. Por exemplo, todas as células sanguíneas originam-se de
uma célula-tronco hematopoética comum.
Célula-tronco hematopoética Célula indiferenciada da medula óssea que
se divide continuamente e origina células-tronco adicionais e diferentes
células de múltiplas linhagens. Uma célula-tronco hematopoética da
medula óssea originará células das linhagens linfoide, mieloide e
eritrocítica.
Centroblastos Células B em rápida proliferação na zona escura dos centros
germinativos de tecidos linfoides secundários, as quais dão origem a
milhares de descendentes, expressam a desaminase induzida por
ativação (AID; do inglês, activation-induced deaminase), e passam por
mutação somática de seus genes V. Os centroblastos tornam-se
centrócitos da zona clara dos centros germinativos.
Centrócitos Células B na zona clara dos centros germinativos de órgãos
linfoides secundários, as quais são a progênie dos centroblastos em
proliferação da zona escura. Os centrócitos que expressam Ig de alta
afinidade são selecionados positivamente para sobreviver, passam por
troca de isótipo e sofrem diferenciação adicional em plasmócitos de
vida longa e células B de memória.
Centros germinativos Estruturas especializadas nos órgãos linfoides
periféricos (secundários) geradas durante as respostas imunes humorais
T-dependentes, onde acontece extensa proliferação de células B, troca
de isótipo, mutação somática, maturação de afinidade, geração de célula
B de memória e indução de plasmócitos de vida longa. Os centros
germinativos aparecem como regiões levemente coradas, dentro de um
folículo linfoide no baço, linfonodo e tecido linfoide de mucosa.
Choque séptico Grave complicação de infecções bacterianas que se
dissemina pela corrente sanguínea (sepse), e é caracterizada por colapso
vascular, coagulação intravascular disseminada e distúrbios
metabólicos. Esta síndrome é mais comumente atribuída aos efeitos dos
componentes da parede celular bacteriana, como LPS ou
peptidoglicano, que se ligam aos TLRs presentes em vários tipos
celulares e induzem a expressão de citocinas inflamatórias, incluindo
TNF e IL-12.
Ciclosporina Inibidor da calcineurina amplamente utilizado como fármaco
imunossupressor para prevenir a rejeição ao aloenxerto por meio do
bloqueio da ativação das células T. A ciclosporina (também chamada de
ciclosporina A) liga-se a uma proteína citosólica, denominada
ciclofilina, e os complexos ciclosporina-ciclofilina ligam-se e inibem a
calcineurina, inibindo assim a ativação e a translocação do fator de
transcrição nuclear NFAT.
Citocinas Proteínas produzidas e secretadas por diferentes tipos celulares e
que medeiam reações inflamatórias e imunes. As citocinas são os
principais mediadores de comunicação entre células do sistema imune
(ver Apêndice 2).
Citometria de fluxo Método de análise do fenótipo de populações celulares
que requer um instrumento especializado (citômetro de fluxo) que pode
detectar fluorescência em células individuais em suspensão e, desse
modo, determinar o número de células expressando a molécula na qual
a sonda fluorescente se liga, assim como a quantidade relativa de
molécula expressa. As suspensões celulares são incubadas com
anticorpos marcados com sonda fluorescente, ou com outras sondas, e a
quantidade da sonda ligada por cada célula na população é determinada
pela passagem das células individualmente por um fluorímetro,
utilizando um feixe de laser incidente.
Citometria de massas Método de detecção simultânea e análise de
múltiplas moléculas diferentes expressas em populações celulares
mistas, que requer um equipamento especializado baseado na citometria
de fluxo de análise de células individuais (single cell analysis) acoplado
a espectrometria de massas do tipo tempo de voo (time of flight). Esta
técnica emprega anticorpos marcados com íons de metais pesados em
vez dos fluorocromos usados na citometria de fluxo convencional.
Citotoxicidade celular dependente de anticorpo (CCDA) Processo pelo
qual células NK são dirigidas para células recobertas por IgG,
resultando na lise das células recobertas pelo anticorpo. Um receptor
específico para a região constante da IgG, chamado de FcgRIII (CD16),
é expresso na membrana celular da célula NK e medeia a ligação à IgG.
Clone Grupo de células, derivadas de um precursor comum único, o qual
mantém muitas das características genotípicas e fenotípicas
compartilhadas pela célula de origem. Na imunidade adaptativa, todos
os membros de um clone de linfócitos compartilham os mesmos genes
únicos Ig V ou TCR clonalmente recombinados. O rearranjo dos genes
Ig V de diferentes células a partir de um clone de células B pode variar
em sequência, devido à hipermutação somática que ocorre após a
ativação de células B maduras.
Coestimulador Molécula expressa na superfície das APCs em resposta aos
estímulos imunes inatos, os quais fornecem um estímulo (o “segundo
sinal”), em adição ao antígeno (o “primeiro sinal”), necessários para a
ativação das células T naive. Os coestimuladores mais bem definidos
são as moléculas B7 (CD80 e CD86) nas APCs que se ligam ao
receptor CD28 nas células T.
Coinibidor Proteína da superfície celular expressa pelas células
apresentadoras de antígenos ou pelas células teciduais que se liga aos
receptores coinibitórios nas células T efetoras, induzindo sinais que
bloqueiam a ativação da célula T pelo antígeno e coestimuladores. Um
exemplo é o PD-L1, um coinibidor expresso em vários tipos celulares,
que se liga ao PD-1 nas células T efetoras. A via PD-L1/PD-1 tem sido
alvo terapêutico para aumentar as respostas antitumorais das células T.
Colectinas Família de proteínas que inclui a lectina ligante de manose,
caracterizada por um domínio do tipo colágeno e um domínio lectina (i.
e., ligante de carboidrato). As colectinas possuem um papel no sistema
imune inato atuando como receptores de reconhecimento de padrão
microbiano e podem ativar o sistema complemento pela ligação a C1q.
Complemento Sistema de proteínas séricas e de superfície celular que
interagem umas com as outras e com outras moléculas do sistema
imune para gerar importantes efetores das respostas imunes inata e
adaptativa. As vias clássica, alternativa e da lectina do sistema
complemento são ativadas por complexos antígeno-anticorpo,
superfícies microbianas e ligação de lectinas plasmáticas aos
microrganismos, respectivamente, consistindo de uma cascata de
enzimas proteolíticas que geram mediadores inflamatórios e opsoninas.
Todas as três vias levam à formação de um complexo de lise celular
terminal comum que é inserido nas membranas celulares.
Complexo de ataque à membrana (MAC; do inglês, membrane attack
complex) Complexo lítico de componentes terminais da cascata do
complemento, incluindo as proteínas do complemento C5, C6, C7, C8 e
múltiplas cópias de C9, que se forma nas membranas das células-alvo.
O MAC causa alterações iônicas e osmóticas letais nas células.
Complexo principal de histocompatibilidade (MHC; do inglês, major
histocompatibility complex) Extenso locus gênico (no cromossomo 6
humano e cromossomo 17 murino) que inclui genes altamente
polimórficos que codificam moléculas ligantes de peptídios
reconhecidas por linfócitos T. O locus do MHC também inclui genes
que codificam citocinas, moléculas envolvidas no processamento
antigênico e proteínas do complemento.
Complexo receptor da célula B (complexo BCR) Complexo
multiproteico, expresso na superfície dos linfócitos B, que reconhece o
antígeno e transduz os sinais de ativação para o interior da célula. O
complexo BCR inclui a Ig de membrana, responsável pela ligação ao
antígeno, e proteínas Iga e Igb, as quais iniciam os eventos de
sinalização.
Componente secretório Porção clivada por proteólise do domínio
extracelular do receptor poli-Ig que permanece ligado a uma molécula
de IgA nas secreções mucosas.
Correceptor Receptor da superfície do linfócito que se liga a um antígeno,
ao mesmo tempo que a Ig ou o TCR de membrana se ligam a esse
antígeno, e dispara os sinais necessários para uma ótima ativação do
linfócito. CD4 e CD8 são correceptores das células T que se ligam a
porções não polimórficas de uma molécula de MHC,
concomitantemente à ligação do TCR aos resíduos polimórficos do
MHC e ao peptídio exposto. CR2 é um correceptor das células B que se
liga aos antígenos recobertos pelo complemento ao mesmo tempo que a
Ig de membrana se liga a outra porção do antígeno.
CTLA-4 Proteína da superfamília de Ig expressa na superfície de células T
efetoras ativadas e de Treg, que se liga com alta afinidade a B7-1 e B7-
2, e tem papel essencial na inibição das respostas de células T. CTLA-4
(também chamada CD152) é essencial para a função de Treg e
tolerância das células T aos autoantígenos.
D
Dectinas Receptores de reconhecimento de padrão expressos nas células
dendríticas que reconhecem carboidratos da parede celular fúngica e
induzem eventos de sinalização que promovem inflamação e aumentam
as células dendríticas.
Defensinas Peptídios ricos em cisteína produzidos pelas células da barreira
epitelial na pele, intestino, pulmão e outros tecidos, bem como em
grânulos de neutrófilos, que atuam como antibióticos de largo espectro
que matam uma grande variedade de bactérias e fungos. A síntese das
defensinas é aumentada em resposta à estimulação de receptores do
sistema imune inato, como os receptores do tipo Toll, e citocinas
inflamatórias, como IL-1 e TNF.
Deficiência de adesão leucocitária (LAD; do inglês, leukocyte adhesion
deficiency) Doença dentre um raro grupo de imunodeficiências com
complicações infecciosas, causada pela expressão defeituosa de
moléculas de adesão leucocitária necessárias para o recrutamento de
fagócitos e linfócitos para o tecido. A LAD-1 decorre de mutações no
gene que codifica a proteína CD18, o qual é parte das b2-integrinas. A
LAD-2 é causada por mutações em um gene que codifica um
transportador de fucose envolvido na síntese de ligantes de selectinas
endoteliais em leucócitos.
Deficiência seletiva de imunoglobulinas Imunodeficiências caracterizadas
pela ausência de somente uma ou de poucas classes ou subclasses de Ig.
A deficiência de IgA é a deficiência seletiva de Ig mais comum,
seguida pelas deficiências de IgG3 e IgG2. Pacientes com esses
distúrbios podem estar em maior risco de contrair infecções bacterianas,
porém muitos são normais.
Deleção clonal Mecanismo de tolerância de linfócitos no qual uma célula T
imatura no timo ou uma célula B imatura na medula óssea sofrem morte
apoptótica como consequência do reconhecimento de um autoantígeno.
Desaminase induzida por ativação (citidina) (AID; do inglês, activation-
induced deaminase) Enzima expressa nas células B que catalisa a
conversão de citosina em uracila no DNA, um passo necessário para a
hipermutação somática e maturação de afinidade dos anticorpos, assim
como para a troca de classe de Ig.
Dessensibilização Método de tratamento da doença de hipersensibilidade
imediata (alergias) que envolve a administração repetida de baixas
doses de um antígeno ao qual os indivíduos são alérgicos. Este processo
geralmente previne reações alérgicas graves em exposições ambientais
subsequentes ao alérgeno, mas seus mecanismos não são bem
compreendidos.
Desvio imunológico Conversão de uma resposta de célula T associada a um
grupo de citocinas, como as citocinas Th1 que estimulam funções
inflamatórias de macrófagos, para uma resposta associada a outras
citocinas, como as citocinas Th2, que ativam eosinófilos e funções anti-
inflamatórias de macrófagos.
Determinante Porção específica de um antígeno macromolecular ao qual
se liga um anticorpo ou receptor da célula T. No caso de um antígeno
proteico reconhecido por uma célula T, o determinante é a porção do
peptídio que se liga a uma molécula de MHC para o reconhecimento
pelo TCR. Sinônimo de epítopo.
Diabetes melito tipo 1 Doença caracterizada por perda de insulina que
causa várias anormalidades metabólicas e vasculares. A deficiência de
insulina resulta da destruição autoimune das células b produtoras de
insulina nas ilhotas de Langerhans, no pâncreas, normalmente durante a
infância. Células T CD4+ e CD8+, anticorpos e citocinas têm sido
implicados no dano celular da ilhota.
Diacilglicerol (DAG) Molécula de sinalização gerada pela hidrólise do
fosfolipídio da membrana celular fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2),
mediada pela fosfolipase C (PLCg1) durante a ativação antigênica de
linfócitos. A principal função do DAG é ativar uma enzima chamada
proteína quinase C, que participa da geração de fatores de transcrição
ativos.
Diversidade Existência de um grande número de linfócitos com diferentes
especificidades antigênicas em qualquer indivíduo. A diversidade é
uma propriedade fundamental do sistema imune adaptativo, e é o
resultado da variabilidade nas estruturas dos sítios de ligação ao
antígeno dos receptores de linfócitos (anticorpos e TCRs).
Diversidade combinatória Diversidade das especificidades de Ig e de TCR
gerada pelo uso de diferentes combinações entre diversos segmentos
variáveis, de diversidade e juncionais durante a recombinação somática
do DNA nos loci de Ig e TCR das células B e T em desenvolvimento. A
diversidade combinatória é um mecanismo que trabalha em conjunto
com a diversidade juncional para a geração de grandes números de
diferentes genes de receptores antigênicos a partir de um número
limitado de segmentos gênicos de DNA.
Diversidade juncional Diversidade no repertório de anticorpos e de TCRs
criada a partir da adição ou remoção aleatória de sequências de
nucleotídios nas junções entre os segmentos gênicos V, D e J.
Doença autoimune Doença causada pela quebra da autotolerância de tal
forma que o sistema imune adaptativo responde aos autoantígenos e
medeia lesão celular e tecidual. As doenças autoimunes podem ser
causadas pelo ataque imune contra um órgão ou tecido (p. ex., esclerose
múltipla, tireoidite ou diabetes tipo 1) ou contra antígenos múltiplos e
distribuídos sistemicamente (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico).
Doença do enxerto versus hospedeiro Doença que ocorre nos receptores
de transplantes de células-tronco hematopoéticas (HSC; do inglês,
hematopoietic stem cell), causada pelas células T maduras presentes no
inóculo de HSC que reagem com aloantígenos nas células do
hospedeiro. A doença afeta mais frequentemente a pele, o fígado e os
intestinos.
Doença do imunocomplexo Doença inflamatória causada pela deposição
de complexos antígeno-anticorpo nas paredes dos vasos sanguíneos,
resultando na ativação local do complemento e inflamação. Os
imunocomplexos podem se formar em decorrência da superprodução de
anticorpos contra antígenos microbianos ou como resultado da
produção de autoanticorpos no contexto de uma doença autoimune,
como o lúpus eritematoso sistêmico. A deposição de imunocomplexos
nas membranas basais de capilares especializados dos glomérulos renal
pode causar glomerulonefrite e prejudicar a função renal. A deposição
de imunocomplexos nas articulações pode causar artrite e sua deposição
nas paredes arteriais pode causar vasculite, com trombose e lesão
isquêmica em vários órgãos.
Doença do soro Doença causada pela injeção de altas doses de um antígeno
proteico no sangue e caracterizada pela deposição de complexos
antígeno-anticorpo (imunes) nas paredes dos vasos sanguíneos,
especialmente nos rins e nas articulações. A deposição dos
imunocomplexos leva à fixação do complemento e ao recrutamento de
leucócitos e, subsequentemente, a glomerulonefrite e artrite. A doença
do soro foi originalmente descrita como um distúrbio que ocorre em
pacientes que receberam injeções de soro animal (cavalo ou cabra)
contendo anticorpos antitoxina para prevenir a difteria.
Doença granulomatosa crônica Rara doença de imunodeficiência herdada,
causada por mutações nos genes que codificam componentes do
complexo enzimático oxidase dos fagócitos, requerido para a morte de
microrganismos por leucócitos polimorfonucleares e macrófagos. A
doença é caracterizada por infecções bacterianas e fúngicas
intracelulares recorrentes, geralmente acompanhadas por respostas
imunes crônicas mediadas por células e formação de granulomas.
Doenças de hipersensibilidade Distúrbios causados por respostas imunes.
As doenças de hipersensibilidade incluem doenças autoimunes, nas
quais as respostas imunes são direcionadas contra autoantígenos, e
doenças que resultam de respostas descontroladas ou excessivas contra
antígenos estranhos, como microrganismos e alérgenos. O dano tecidual
que ocorre nas doenças de hipersensibilidade é decorrente dos mesmos
mecanismos efetores usados pelo sistema imune para proteção contra
microrganismos.
Domínio de imunoglobulina Motivo estrutural globular tridimensional
(também chamado dobramento Ig) encontrado em muitas proteínas no
sistema imune, incluindo Igs, TCRs e moléculas do MHC. Os domínios
de Ig possuem cerca de 110 resíduos de aminoácidos em extensão,
incluem uma ponte dissulfeto interna e contêm duas camadas de folhas
b-pregueadas, cada camada composta de três a cinco fitas de cadeias
polipeptídicas antiparalelas.
Domínio Src de homologia 2 (SH2; do inglês, Src homology 2) Domínio
de estrutura tridimensional, com aproximadamente 100 resíduos de
aminoácidos, presente em diversas proteínas sinalizadoras, que permite
interações não covalentes específicas com outras proteínas pela ligação
a fosfotirosinas. Cada domínio SH2 possui uma especificidade única de
ligação determinada pelos resíduos de aminoácidos adjacentes à
fosfotirosina na proteína-alvo. Várias proteínas envolvidas nos eventos
iniciais de sinalização nos linfócitos T e B interagem umas com as
outras por meio dos domínios SH2.
Domínio Src de homologia 3 (SH3; do inglês, Src homology 3) Domínio
de estrutura tridimensional, com aproximadamente 60 resíduos de
aminoácidos, presente em diversas proteínas sinalizadoras que medeiam
ligações proteína-proteína. Os domínios SH3 ligam-se a resíduos de
prolina e atual em conjunto com os domínios SH2 da mesma proteína.
Por exemplo, SOS, o fator de troca do nucleotídio guanina para Ras,
contém tanto domínios SH2 quanto SH3, e ambos estão envolvidos na
ligação de SOS à proteína adaptadora Grb-2.
E
Ectoparasitas Parasitas que vivem na superfície de um animal, como
carrapatos e ácaros. Tanto o sistema imune inato quanto o adaptativo
podem desempenhar um papel na proteção contra ectoparasitas,
geralmente pela destruição dos estágios larvais destes organismos.
Edição do receptor Processo pelo qual algumas células B imaturas, que
reconhecem os antígenos próprios na medula óssea, podem ser
induzidas a alterar suas especificidades de Ig. A edição do receptor
envolve a reativação dos genes RAG, recombinações adicionais VJ da
cadeia leve e produção de nova cadeia leve de Ig, que permite à célula
expressar um receptor Ig diferente que não é autorreativo.
Encefalomielite autoimune experimental (EAE) Modelo animal de
esclerose múltipla, uma doença autoimune desmielinizante do sistema
nervoso central. A EAE é induzida em roedores pela imunização com
componentes da bainha de mielina (p. ex., proteína básica da mielina)
dos nervos, misturados a um adjuvante. A doença é mediada em grande
parte por células T CD4+ secretoras de citocinas específicas para as
proteínas da bainha de mielina.
Endossomo Vesícula intracelular ligada à membrana na qual proteínas
extracelulares são internalizadas durante o processamento do antígeno.
Os endossomos têm um pH ácido e contêm enzimas proteolíticas que
degradam proteínas em peptídios que se ligam às moléculas do MHC
de classe II. Um subgrupo de endossomos ricos em MHC de classe II,
chamado MIIC, desempenha papel especial no processamento e
apresentação de antígenos pela via de classe II. (Os endossomos são
encontrados em todas as células e participam de eventos de
internalização que não estão ligados à apresentação de antígenos.)
Endotoxina Componente da parede celular de bactérias Gram-negativas,
também chamado de lipopolissacarídio (LPS), que é liberado pelas
bactérias em processo de morte e estimula as respostas inflamatórias
imunes inatas pela ligação ao TLR4 em diferentes tipos celulares,
incluindo fagócitos, células endoteliais, células dendríticas e células da
barreira epitelial. A endotoxina contém tanto componentes lipídicos
quanto porções de carboidrato (polissacarídio).
Ensaio imunossorvente ligado à enzima (ELISA; do inglês, enzyme-
linked immunosorbent assay) Método de quantificação de um antígeno
imobilizado em uma superfície sólida com o uso de um anticorpo
específico acoplado covalentemente a uma enzima. A quantidade de
anticorpo que se liga ao antígeno é proporcional à quantidade de
antígeno presente, e é determinada espectofotometricamente pela
avaliação da conversão de um substrato transparente em um produto
colorido pela enzima acoplada.
Enteropatia inflamatória (EI) Grupo de distúrbios, incluindo a colite
ulcerativa e a doença de Crohn, caracterizados por inflamação crônica
no trato gastrintestinal. A etiologia da EI não é conhecida, mas algumas
evidências indicam que é causada pela regulação inadequada das
respostas de célula T, provavelmente contra bactérias comensais
intestinais. A EI desenvolve-se em camundongos knockout para os
genes da IL-2, IL-10 ou cadeia a do TCR.
Enxerto Tecido ou órgão removido de um local e colocado em outro local,
normalmente em um indivíduo diferente.
Enxerto alogênico Enxerto de um órgão ou tecido de um doador da mesma
espécie, mas geneticamente não idêntico ao receptor (também chamado
de aloenxerto).
Enxerto autólogo Enxerto de tecido ou órgão no qual o doador e o receptor
são o mesmo indivíduo. Enxertos autólogos de medula óssea e pele são
realizados na clínica médica.
Enxerto singênico Enxerto de um doador geneticamente idêntico ao
receptor. Os enxertos singênicos não são rejeitados.
Eosinófilo Granulócito derivado da medula óssea, abundante nos infiltrados
inflamatórios nas reações de fase tardia da hipersensibilidade imediata,
e contribui para muitos dos processos patológicos nas doenças
alérgicas. Os eosinófilos são importantes na defesa contra parasitas
extracelulares, incluindo helmintos.
Epítopo Porção específica de um antígeno macromolecular no qual um
anticorpo ou um receptor de célula T se liga. No caso de um antígeno
proteico reconhecido por uma célula T, o epítopo é a porção do peptídio
que se liga a uma molécula de MHC para o reconhecimento pelo TCR.
Sinônimo de determinante.
Epítopo imunodominante Epítopo de um antígeno proteico que
desencadeia a maioria das respostas em um indivíduo imunizado com a
proteína nativa. Os epítopos imunodominantes correspondem aos
peptídios da proteína que são proteoliticamente gerados dentro das
APCs, ligam-se mais avidamente às moléculas de MHC e são os mais
prováveis estimuladores das células T.
Esclerose múltipla Doença autoimune crônica e progressiva do sistema
nervoso central caracterizada por lesão inflamatória da bainha de
mielina dos neurônios, mediada por células T autorreativas CD4+,
levando ao comprometimento das funções sensoriais e motoras.
Espalhamento de epítopos Na autoimunidade, o desenvolvimento de
respostas imunes a múltiplos epítopos a partir de uma doença
autoimune, originalmente dirigida a um único epítopo, progride
provavelmente em virtude da quebra adicional da tolerância e liberação
de antígenos teciduais adicionais decorrentes do processo inflamatório
estimulado pela resposta inicial.
Espécies reativas de oxigênio (ROS; do inglês, reactive oxygen species)
Metabólitos do oxigênio altamente reativos, incluindo ânion
superóxido, radical hidroxila e peróxido de hidrogênio, que são
produzidos por fagócitos ativados, sobretudo neutrófilos. As espécies
reativas do oxigênio são usadas pelos fagócitos para formar oxialetos
que danificam a bactéria ingerida. Também podem ser liberados pelas
células e promover respostas inflamatórias ou causar dano tecidual.
Especificidade Característica cardinal do sistema imune adaptativo, isto é,
as respostas imunes são direcionadas para e capazes de distinguir entre
antígenos distintos ou pequenas porções de antígenos
macromoleculares. Esta especificidade fina é atribuída aos receptores
antigênicos de linfócitos que podem se ligar a uma molécula, mas não a
outra, mesmo intimamente relacionada.
Exclusão alélica Expressão exclusiva de apenas um dos dois alelos
herdados que codifica as cadeias pesada e leve de Ig e cadeias b do
TCR. A exclusão alélica ocorre quando o produto proteico do locus de
um receptor antigênico produtivamente recombinado em um
cromossomo bloqueia o rearranjo do locus correspondente no outro
cromossomo. Esta propriedade assegura que cada linfócito expressará
um único receptor antigênico e que todos os receptores antigênicos,
expressos por um clone de linfócito, tenham especificidade idêntica.
Como a cadeia a do TCR não apresenta exclusão alélica, algumas
células T expressam dois TCRs diferentes.
Expansão clonal Aumento de aproximadamente 1.000 a 100.000 vezes no
número de linfócitos específicos para um antígeno que resulta da
estimulação antigênica e proliferação das células T e B naive. A
expansão clonal ocorre nos tecidos linfoides e é necessária para geração
de linfócitos T efetores e plasmócitos suficientes para erradicar
infecções, a partir de raros precursores naive.
F
F(ab’)2 Porção de uma molécula de Ig (produzida inicialmente pela
proteólise de IgG) que inclui duas cadeias leves completas, mas
somente o domínio variável, o primeiro domínio constante e a região da
dobradiça das duas cadeias pesadas. Os fragmentos F(ab’)2 retêm a
região bivalente de ligação ao antígeno inteira, mas não podem ligar-se
ao complemento ou aos receptores Fc. São utilizadas em pesquisa e
aplicações terapêuticas, quando a ligação ao antígeno é desejada sem
que haja ativação das funções efetoras do anticorpo.
Fab (fragmento de ligação ao antígeno; do inglês, fragment, antigen-
binding) Porção de um anticorpo, produzida inicialmente pela
proteólise de IgG, que inclui uma cadeia leve completa, pareada com
um fragmento de cadeia pesada contendo o domínio variável e somente
o primeiro domínio constante. Os fragmentos Fab podem ser gerados a
partir de todos os anticorpos e retêm a capacidade de se ligar de forma
monovalente a um antígeno, mas não podem interagir com receptores
Fc para IgG nas células ou com o complemento. Dessa maneira, as
preparações de Fab são utilizadas em pesquisa e aplicações terapêuticas
quando a ligação ao antígeno é desejada sem que haja ativação das
funções efetoras. (O fragmento Fab’ mantém a região da dobradiça da
cadeia pesada.)
Fagócitos mononucleares Células de uma linhagem comum da medula
óssea cuja função principal é a fagocitose. Atuam como células efetoras
na imunidade inata e adaptativa. Os fagócitos mononucleares circulam
no sangue em uma forma não completamente diferenciada denominada
monócitos e, uma vez que se estabelecem nos tecidos, amadurecem em
macrófagos.
Fagocitose Processo pelo qual certas células do sistema imune inato,
incluindo macrófagos e neutrófilos, englobam partículas grandes (> 0,5
mm em diâmetro), como microrganismos intactos. A célula circunda a
partícula com extensões de sua membrana plasmática por meio de um
processo dependente de energia e do citoesqueleto; este processo resulta
na formação de uma vesícula intracelular denominada fagossomo, que
contém a partícula ingerida.
Fagossomo Vesícula intracelular ligada à membrana que contém
microrganismos ou material particulado ingeridos no ambiente
extracelular. Os fagossomos são formados durante o processo de
fagocitose, fundem-se a outras vesículas, como lisossomos, levando à
degradação enzimática do material ingerido.
Família dos receptores acoplados à proteína G Família diversa de
receptores para hormônios, mediadores lipídicos inflamatórios e
quimiocinas que usam proteínas G triméricas associadas para a
sinalização intracelular.
Fas (CD95) Receptor de morte da família do receptor de TNF, que é
expresso na superfície das células T e de muitos outros tipos celulares e
inicia uma cascata de sinalização que leva à morte apoptótica da célula.
A via de morte é iniciada quando o Fas se liga ao ligante de Fas
expresso nas células T ativadas. A morte de linfócitos mediada pelo Fas
é importante para a manutenção da autotolerância. Mutações no gene
FAS causam doenças autoimunes sistêmicas (ver também receptores de
morte).
Fase efetora Fase de uma resposta imune na qual um antígeno estranho é
destruído ou inativado. Por exemplo, na resposta imune humoral, a fase
efetora pode ser caracterizada pela ativação do complemento anticorpo-
dependente e pela fagocitose de bactérias opsonizadas por anticorpos e
complemento.
Fator ativador de plaquetas (PAF; do inglês, platelet-activating factor)
Mediador lipídico derivado de fosfolipídios de membrana de vários
tipos celulares, incluindo mastócitos e células endoteliais. O PAF pode
causar broncoconstrição, dilatação e extravasamento vascular, e pode
ser um importante mediador na asma.
Fator autócrino Molécula que atua na mesma célula que produz o fator.
Por exemplo, a IL-2 é um fator autócrino de crescimento de células T
que estimula a atividade mitótica da célula T que a produz.
Fator estimulador de colônia de granulócitos (G-CSF; do inglês,
granulocyte colony-stimulating factor) Citocina produzida por células
T ativadas, macrófagos e células endoteliais nos sítios de infecção que
atua na medula óssea para aumentar a produção e mobilizar neutrófilos
para substituir aqueles consumidos nas reações inflamatórias.
Fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos (GM-CSF; do
inglês, granulocyte-monocyte colony-stimulating factor) Citocina
produzida por células T ativadas, macrófagos, células endoteliais e
fibroblastos estromais que atua na medula óssea para aumentar a
produção de neutrófilos e monócitos. O GM-CSF também é um fator
ativador de macrófagos e promove a maturação de células dendríticas.
Fator nuclear de células T ativadas (NFAT; do inglês, nuclear factor of
activated cells) Fator de transcrição necessário para a expressão dos
genes de IL-2, IL-4 e de outras citocinas. Os quatro diferentes NFATs
são codificados por genes separados; NFATp e NFATc são encontrados
nas células T. O NFAT citoplasmático é ativado por desfosforilação
mediada por calcineurina, dependente de cálcio/calmodulina que
permite ao NFAT translocar-se para o núcleo e se ligar às sequências
consenso de ligação nas regiões reguladoras dos genes de IL-2, IL-4 e
de outras citocinas, normalmente em associação com outros fatores de
transcrição como AP-1.
Fator nuclear κB (NF-κB; do inglês, nuclear factor κB) Família de
fatores de transcrição composta de homodímeros ou heterodímeros
proteicos homólogos à proteína c-Rel. As proteínas NF-κB são
necessárias para a transcrição induzível de muitos genes importantes
tanto na respostas imune inata quanto na adaptativa.
Fator parácrino Molécula que atua em células nas proximidades à célula
produtora do fator. A maioria das citocinas atua de maneira parácrina.
Fatores associados ao receptor de TNF (TRAFs; do inglês, TNF
receptor-as-sociated factors) Família de moléculas adaptadoras que
interagem com os domínios citoplasmáticos de vários receptores da
família do receptor de TNF, incluindo TNFRII, receptor de linfotoxina
(LT)-b e CD40. Cada um desses receptores contém um motivo
citoplasmático que se liga a diferentes TRAFs, que por sua vez engajam
outras moléculas sinalizadoras, levando à ativação dos fatores de
transcrição AP-1 e NF-κB.
Fatores estimuladores de colônias (CSFs; do inglês, colony-stimulating
factors) Citocinas que promovem expansão e diferenciação de células
progenitoras da medula óssea. Os CSFs são essenciais para a maturação
de hemácias, granulócitos, monócitos e linfócitos. Exemplos de CSFs
incluem o fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos
(GM-CSF), o fator estimulador de colônia de granulócitos (G-CSF) e a
IL-3.
Fatores reguladores de interferon (IRFs; do inglês, interferon regulatory
factors) Família de fatores de transcrição ativados por sinais de TLRs e
que estimulam a produção de interferons do tipo I, os quais são
citocinas que inibem a replicação viral.
Fc (fragmento cristalino; do inglês, fragment, crystalline) Região de uma
molécula de anticorpo que pode ser isolada por proteólise de IgG, e
contém somente as regiões carboxiterminais das duas cadeias pesadas
ligadas por pontes dissulfeto. A região Fc das moléculas de Ig medeiam
funções efetoras pela ligação a receptores da superfície celular ou à
proteína C1q do complemento. (Fragmentos Fc são assim denominados
porque tendem a se cristalizar a partir de uma solução.)
FcεRI Receptor de alta afinidade para a região carboxiterminal constante
das moléculas de IgE expresso em mastócitos, basófilos e eosinófilos.
As moléculas FceRI dos mastócitos normalmente estão ocupadas pela
IgE, e as ligações cruzadas dos complexos IgE-FceRI induzidas pelos
antígenos ativam os mastócitos, iniciando reações de hipersensibilidade
imediata.
Feedback por anticorpo Regulação negativa da produção de anticorpos
induzida por anticorpos IgG secretados, que ocorre quando complexos
antígeno-anticorpo ligam simultaneamente a Ig de membrana da célula
B e um tipo de receptor Fcg (FcgRIIb). Sob essas condições, a cauda
citoplasmática do FcgRIIb transduz sinais de inibição para dentro da
célula B.
Fenda de ligação ao peptídio Porção de uma molécula de MHC que liga
peptídios para a exposição às células T. A fenda é composta de a-
hélices pareadas repousando em um assoalho composto de oito fitas de
folhas b-pregueadas. Os resíduos polimórficos, que possuem
aminoácidos que variam entre diferentes alelos do MHC, estão
localizados na fenda e ao seu redor.
Ficolinas Proteínas plasmáticas hexaméricas do sistema imune inato,
contendo domínios do tipo colágeno e domínios de reconhecimento de
carboidratos do tipo fibrinogênio, as quais se ligam a componentes da
parede celular de bactérias Gram-positivas, opsonizan-do-as e ativando
o complemento.
Fito-hemaglutinina (PHA; do inglês, phytohemagglutinin) Proteína
ligante de carboidratos (lectina), produzida por plantas que fazem
ligação cruzada com moléculas da superfície de células T humanas,
incluindo o receptor de células T, induzindo, dessa forma, ativação
policlonal e aglutinação das células T. A PHA tem sido usada na
Imunologia experimental para estudar a ativação das células T. Na
medicina clínica, a PHA é utilizada para avaliar o quanto as células T
de um paciente são funcionais ou para induzir mitose das células T com
a finalidade de gerar dados cariotípicos.
Folículo Ver Folículo linfoide. Folículo linfoide Região de um linfonodo
ou do baço rica em células B, que é o local de proliferação e
diferenciação induzidas por antígeno das células B. Nas respostas de
células B dependentes de células T aos antígenos proteicos, um centro
germinativo se forma dentro dos folículos.
Fosfatase (fosfatase proteica) Enzima que remove grupos fosfato das
cadeias laterais de certos resíduos de aminoácidos de proteínas. As
fosfatases proteicas nos linfócitos, como SHP-1 e SHP-2, CD45 e
calcineurina, regulam a atividade de várias moléculas transdutoras de
sinal e fatores de transcrição. Algumas fosfatases proteicas podem ser
específicas para resíduos de fosfotirosina e outras para resíduos de
fosfosserina e fosfotreonina.
Fosfolipase Cγ (PLCγ; do inglês, phospholipase Cγ) Enzima que catalisa
a hidrólise do fosfolipídio da membrana plasmática PIP2 para gerar
duas moléculas sinalizadoras, IP3 e DAG. A PLCg torna-se ativada em
linfócitos pela ligação do antígeno ao receptor antigênico.
FoxP3 Família de fatores de transcrição forkhead expressos pelas células T
reguladoras CD4+ e necessários para o desenvolvimento e função
dessas células. Mutações no FoxP3 em camundongos e seres humanos
resultam na ausência das células T reguladoras CD25+ e em doença
autoimune multissistêmica.
Fragmento variável de cadeia simples (Fv de cadeia simples)
Polipeptídio geneticamente projetado que inclui domínios V de cadeia
pesada e de cadeia leve de Ig, que se dobram para formar um sítio de
ligação do anticorpo de especificidade conhecida, usado como reagente
de pesquisa, ou como parte do ligante de antígeno tumoral de receptores
antigênios quiméricos.
G
GATA-3 Fator de transcrição que promove a diferenciação de células Th2 a
partir de células T naive.
Genes ativadores da recombinação 1 e 2 (RAG1 e RAG2; do inglês,
recombination-activating genes 1 and 2) Genes que codificam as
proteínas RAG-1 e RAG-2, as quais formam a recombinase V(D)J e são
expressas nas células B e T em desenvolvimento. As proteínas RAG
ligam-se a sequências sinais de recombinação e são críticas para os
eventos de recombinação de DNA que formam os genes Ig e TCR
funcionais. Portanto, as proteínas RAG são necessárias para a expressão
de receptores antigênicos e para a maturação de linfócitos B e T.
Genes de resposta imune (Ir; do inglês, immune response) Originalmente
definidos como genes de linhagens de roedores isogênicos, que foram
herdados de maneira mendeliana dominante e controlavam a
capacidade dos animais em produzir anticorpos contra polipeptídios
sintéticos simples. Sabemos agora que os genes Ir são polimórficos e
codificam moléculas do MHC de classe II, as quais expõem peptídios
aos linfócitos T e são, portanto, necessárias para a ativação das células
T e para respostas de células B (anticorpos) dependentes das células T
auxiliares às proteínas antigênicas.
Glicoproteína de envelope (Env; do inglês, envelope glycoprotein)
Glicoproteína de membrana codificada por um retrovírus, que é
expressa na membrana plasmática de células infectadas e no envoltório
derivado da membrana do hospedeiro presente nas partículas virais. As
proteínas Env são geralmente necessárias para a infectividade viral. As
proteínas Env do HIV incluem gp41 e gp120, as quais se ligam ao CD4
e aos receptores de quimiocinas, respectivamente, nas células T
humanas e medeiam a fusão das membranas viral e da célula T.
Glomerulonefrite Inflamação dos glomérulos renais, geralmente iniciada
por mecanismos imunopatológicos como a deposição de complexos
antígeno-anticorpo circulantes na membrana basal glomerular ou a
ligação de anticorpos a antígenos expressos no glomérulo. Os
anticorpos podem ativar o complemento e os fagócitos, e a resposta
inflamatória resultante pode levar à falência renal.
GMP-AMP cíclico sintase Sensor citosólico de DNA que gera GMP-AMP
cíclico como segundo mensageiro, o qual interage com o adaptador
STING para induzir a síntese de interferon do tipo I.
Golpe letal Termo usado para descrever os eventos que resultam no dano
irreversível a uma célula-alvo quando um CTL se liga a ela. O golpe
letal inclui a exocitose dos grânulos do CTL e a liberação perforina-
dependente de enzimas indutoras de apoptose (granzimas) no
citoplasma da célula-alvo.
Granulisina B Proteína presente nos grânulos de CTLs e células NK, que é
liberada após ativação dessas células e causa ruptura das membranas de
microrganismos e de células infectadas do hospedeiro. A granulisina
tem um papel no dano tecidual em certas reações a fármacos mediados
pelos CTLs.
Granuloma Nódulo de tecido inflamatório composto de agregados de
macrófagos ativados normalmente com fibrose associada. A inflamação
granulomatosa é uma forma de hipersensibilidade do tipo retardada
crônica, geralmente em resposta a microrganismos persistentes, como
Mycobacterium tuberculosis e alguns fungos, ou ainda em resposta a
antígenos particulados que não são prontamente fagocitados.
Granzima B Serina protease encontrada nos grânulos de CTLs e células
NK, que é liberada por exocitose, entra nas células-alvo e cliva
proteoliticamente as caspases, ativando-as. Por sua vez, as caspases
ativadas clivam diversos substratos e induzem apoptose da célula-alvo.
H
Haplótipo Grupo de alelos do MHC fortemente associados, herdados em
conjunto de um dos genitores, e presentes em um cromossomo.
Hapteno Pequeno agente químico que pode se ligar a um anticorpo, mas
deve estar associado a uma macromolécula (carreador) para estimular
uma resposta imune adaptativa específica para aquele agente. Por
exemplo, a imunização com dinitrofenol (DNP) sozinho não estimula
uma resposta de anticorpos contra DNP, mas a imunização com uma
proteína covalentemente associada ao DNP desencadeará a resposta.
Helminto Verme parasita. As infecções helmínticas frequentemente
deflagram respostas imunes Th2-dependentes caracterizadas por
infiltrados inflamatórios ricos em eosinófilos e produção de IgE.
Hematopoese Desenvolvimento de células sanguíneas maduras, incluindo
eritrócitos, leucócitos e plaquetas, a partir de células-tronco
pluripotentes na medula óssea e no fígado fetal. A hematopoese é
regulada por diferentes fatores estimuladores de colônia produzidos
pelas células estromais da medula óssea, células T e outros tipos
celulares.
Hibridoma Linhagem celular derivada da fusão, ou hibridização celular
somática, entre um linfócito normal e uma linhagem tumoral de
linfócito imortalizada. Os hibridomas de célula B criados pela fusão de
células B normais de especificidade antigênica, definida com uma
linhagem células de mieloma, são usados para produzir anticorpos
monoclonais. Os hibridomas de células T criados por fusão de uma
célula T normal de especificidade definida com uma linhagem tumoral
de célula T são comumente usados na pesquisa.
Hipermutação somática Mutações pontuais de alta frequência nas cadeias
pesada e leve de Ig, que ocorrem nas células B do centro germinativo,
em resposta aos sinais das células Tfh. As mutações que resultam em
maior afinidade dos anticorpos pelo antígeno oferecem uma vantagem
seletiva à sobrevivência das células B que produzem esses anticorpos e
levam à maturação de afinidade de uma resposta imune humoral.
Hipersensibilidade do tipo tardio (DTH; do inglês, delayed-type
hypersensitivity) Reação imune na qual a inflamação e a ativação de
macrófagos dependente de célula T causam lesão tecidual. Uma reação
de DTH à injeção subcutânea de antígeno é frequentemente utilizada
como um ensaio para avaliar a imunidade mediada por células (p. ex.,
teste de triagem cutâneo para a imunidade a Mycobacterium
tuberculosis usando o derivado de proteína purificada).
Hipersensibilidade imediata Tipo de reação imune responsável pelas
doenças alérgicas, a qual é dependente da ativação de mastócitos
recobertos por IgE mediada pelo antígeno. Os mastócitos liberam
mediadores, que causam aumento da permeabilidade vascular,
vasodilatação, contração da musculatura lisa brônquica e visceral, e
inflamação local.
Hipótese dos dois sinais Hipótese agora comprovada que afirma que a
ativação dos linfócitos requer dois sinais distintos: o primeiro é o
antígeno e o segundo, produtos microbianos ou componentes das
respostas imunes inatas aos microrganismos. A necessidade do antígeno
(chamado sinal 1) garante que a resposta imune subsequente é
específica. A necessidade de estímulos adicionais, desencadeados pelos
microrganismos ou pelas reações imunes inatas (sinal 2), garante que as
respostas imunes são induzidas quando necessárias, ou seja, contra
microrganismos e outras substâncias nocivas e não contra substâncias
inofensivas, incluindo os antígenos próprios. O sinal 2 é referido como
coestimulação, sendo frequentemente mediado por moléculas de
membrana nas APCs, tais como proteínas B7.
Histamina Amina vasoativa armazenada nos grânulos dos mastócitos e um
dos importantes mediadores da hipersensibilidade imediata. A
histamina liga-se a receptores específicos em vários tecidos e causa
aumento na permeabilidade vascular e contração das musculaturas lisas
brônquica e intestinal.
HLA Ver Antígenos leucocitários humanos. HLA-DM Molécula
peptídica de troca que desempenha papel crucial na via de apresentação
de antígenos pelo MHC de classe II. A molécula HLA-DM é
encontrada nos endossomos envolvidos na apresentação de antígenos
associada à classe II, onde facilita a remoção do peptídio CLIP derivado
da cadeia invariante e a ligação de outros peptídios às moléculas do
MHC de classe II. O HLA-DM é codificado por um gene no MHC
estruturalmente semelhante às moléculas do MHC de classe II, mas que
não é polimórfico.
Homeostasia No sistema imune adaptativo, é a manutenção de um número
constante e repertório diverso de linfócitos, apesar do surgimento de
novos linfócitos e da tremenda expansão de clones individuais que
podem ocorrer durante as expostas aos antígenos imunogênicos. A
homeostasia é atingida principalmente pela morte dos linfócitos que
não são mais necessários, como aqueles que eliminaram o antígeno que
iniciou a resposta.
Homing de linfócitos Migração dirigida de subpopulações de linfócitos
circulantes para sítios teciduais específicos. O homing de linfócitos é
regulado pela expressão seletiva de moléculas de adesão endotelial e
quimiocinas em diferentes tecidos. Por exemplo, alguns linfócitos
dirigem-se preferencialmente para a mucosa intestinal por meio de um
processo regulado pela quimiocina CCL25 e pela molécula de adesão
endotelial MadCAM, ambas expressas no intestino, as quais se ligam
respectivamente ao receptor de quimiocina CCR9 e à integrina a4b1 em
linfócitos de homing intestinal.
I
Idiótipo Propriedades estruturais compartilhadas de um grupo de anticorpos
ou TCRs de mesma especificidade. O idiotipo reflete as sequências
únicas da região variável que estão presentes em anticorpos ou TCRs
produzidos por um clone de linfócito.
Ignorância clonal Forma de não responsividade do linfócito na qual
autoantígenos são ignorados pelo sistema imune mesmo quando
linfócitos específicos para aqueles antígenos permanecem viáveis e
funcionais.
Igα e Igβ Proteínas necessárias para a expressão na superfície e para as
funções de sinalização de Ig de membrana nas células B. O par Iga e
Igb está ligado um ao outro por pontes dissulfeto, associadas de forma
não covalente à cauda citoplasmática da Ig de membrana, formando os
complexos BCR. Os domínios citoplasmáticos da Iga e da Igb contêm
ITAMs que estão envolvidos nos eventos iniciais de sinalização durante
a ativação da célula B induzida pelo antígeno.
Immunoblot Técnica analítica na qual anticorpos são usados para detectar a
presença de um antígeno ligado a uma matriz sólida (i. e., transferido
para essa matriz), como um papel de filtro (também conhecida como
Western blot).
Imunidade Proteção contra doença, normalmente infecciosa, mediada pelas
células e tecidos que são coletivamente chamados de sistema imune. De
maneira geral, imunidade refere-se à capacidade de responder às
substâncias estranhas, incluindo microrganismos e moléculas não
infecciosas.
Imunidade adaptativa Forma de imunidade mediada pelos linfócitos e
estimulada pela exposição a agentes infecciosos. Em contraste à
imunidade inata, a imunidade adaptativa é caracterizada por uma
refinada especificidade para moléculas distintas e por memória de longa
duração, que é a capacidade de responder mais vigorosamente a
exposições repetidas ao mesmo microrganismo. A imunidade
adaptativa é também chamada de imunidade específica ou imunidade
adquirida.
Imunidade ativa Forma de imunidade adaptativa induzida pela exposição a
um antígeno estranho e ativação de linfócitos na qual o indivíduo
imunizado tem um papel ativo na resposta ao antígeno. Este tipo de
imunidade contrasta com a imunidade passiva, na qual um indivíduo
recebe anticorpos ou linfócitos de outro indivíduo que foi previamente
imunizado de maneira ativa.
Imunidade humoral Tipo de resposta imune adaptativa mediada por
anticorpos produzidos pelos linfócitos B. A imunidade humoral é o
principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e
suas toxinas.
Imunidade inata Proteção contra infecção dependente de mecanismos que
existem antes da infecção, são capazes de uma rápida resposta aos
microrganismos e reagem essencialmente da mesma maneira a
repetidas infecções. O sistema imune inato inclui barreiras epiteliais,
células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células NK, sistema
complemento e citocinas, amplamente produzidas por células
dendríticas e fagócitos mononucleares. As reações imunes inatas
também eliminam tecidos lesados e necróticos do hospedeiro.
Imunidade mediada por células (IMC) Forma de imunidade adaptativa
mediada por linfócitos T e que serve como mecanismo de defesa contra
vários tipos de microrganismos, que são englobados pelos fagócitos ou
infectam células não fagocíticas. As respostas imunes mediadas por
células incluem ativação de fagócitos, mediada por células T CD4+, e
morte de células infectadas mediada por CTLs CD8+.
Imunidade neonatal Imunidade humoral passiva às infecções em
mamíferos, nos primeiros meses de vida, antes do completo
desenvolvimento do sistema imune. A imunidade neonatal é mediada
por anticorpos, produzidos pela mãe, transportados através da placenta
para a circulação fetal antes do nascimento ou derivados do leite
ingerido e transportado através do epitélio intestinal.
Imunidade passiva Forma de imunidade a um antígeno que é estabelecida
em um indivíduo pela transferência de anticorpos ou de linfócitos de
um outro indivíduo imune àquele antígeno. O receptor de tal
transferência pode se tornar imune ao antígeno sem nunca ter sido
exposto ou ter respondido ao antígeno. São exemplos de imunidade
passiva a transferência de soros humanos, contendo anticorpos
específicos para certas toxinas microbianas ou veneno de cobra, a um
indivíduo não imunizado previamente, bem como a transferência de
IgG materna ao feto através da placenta, protegendo os bebês de
infecções por aproximadamente seis meses.
Imunidade tumoral Proteção contra o desenvolvimento ou progressão de
tumores pelo sistema imune. Embora as respostas imunes aos tumores
de ocorrência natural possam ser demonstradas normalmente, os
tumores muitas vezes escapam dessas respostas. Novas terapias que têm
por alvo moléculas inibitórias das células T, como PD-1, estão se
mostrando efetivas no aumento da imunidade antitumoral mediada pela
célula T.
Imunocomplexo Complexo multimolecular de moléculas de anticorpo
ligadas ao antígeno. Como cada molécula de anticorpo tem de dois a
dez sítios de ligação ao antígeno e muitos antígenos são multivalentes,
os imunocomplexos podem variar consideravelmente em tamanho. Os
imunocomplexos ativam mecanismos efetores da imunidade humoral,
como a via clássica do complemento e a fagocitose mediada por
receptores de Fc. A deposição de imunocomplexos circulantes nas
paredes dos vasos sanguíneos ou nos glomérulos renais pode levar a
inflamação e doença.
Imunodeficiência Ver Imunodeficiência adquirida e Imunodeficiência
congênita.
Imunodeficiência adquirida Deficiência no sistema imune, adquirida após
o nascimento, normalmente em decorrência de infecção (p. ex., AIDS)
e que não está relacionada a um defeito genético. Sinônimo de
imunodeficiência secundária.
Imunodeficiência combinada grave (SCID; do inglês, severe combined
immunodeficiency) Doenças de imunodeficiência nas quais tanto os
linfócitos B quanto os linfócitos T não se desenvolvem ou não
funcionam de maneira adequada e, portanto, a imunidade humoral e a
imunidade mediada por células são ambas prejudicadas. Crianças com
SCID normalmente têm infecções durante o primeiro ano de vida e
sucumbem a essas infecções, a menos que a imunodeficiência seja
tratada. A SCID tem várias causas genéticas.
Imunodeficiência congênita Defeito genético no qual uma deficiência
herdada em algum aspecto do sistema imune inato ou adaptativo leva a
um aumento da suscetibilidade a infecções. A imunodeficiência
congênita geralmente se manifesta cedo na infância e adolescência, mas
algumas vezes sua detecção clínica ocorre tardiamente na vida.
Sinônimo de imunodeficiência primária.
Imunodeficiência primária Ver Imunodeficiência congênita.
Imunodeficiência secundária Ver Imunodeficiência adquirida.
Imunofluorescência Técnica na qual uma molécula é detectada pelo uso de
um anticorpo marcado com uma sonda fluorescente. Por exemplo, na
microscopia de imunofluorescência, as células que expressam um
antígeno de superfície específico podem ser coradas com um anticorpo
conjugado à fluoresceína específico para o antígeno e, então,
visualizado com um microscópio de fluorescência.
Imunógeno Antígeno que induz uma resposta imune. Nem todos os
antígenos são imunógenos. Por exemplo, compostos de baixo peso
molecular (haptenos) podem se ligar aos anticorpos, sendo portanto
antígenos, mas não estimularão uma resposta imune a menos que
estejam ligados a macromoléculas (carreadores), não sendo portanto
imunógenos.
Imunoglobulina (Ig) Sinônimo de anticorpo (ver anticorpo).
Imuno-histoquímica Técnica empregada na detecção da presença de um
antígeno em seções histológicas de tecidos com o uso de um anticorpo
acoplado a uma enzima que é específico para o antígeno. A enzima
converte um substrato incolor em uma substância insolúvel colorida
que se precipita no local onde o anticorpo, e consequentemente o
antígeno, estão localizados. A posição do precipitado colorido e,
portanto, do antígeno, na secção do tecido é observada por microscopia
de luz. A imuno-histoquímica é usada rotineiramente na patologia
diagnóstica e em vários campos de pesquisa.
Imunoprecipitação Técnica para o isolamento de uma molécula de uma
solução por meio de sua ligação a um anticorpo e, então, tornando o
complexo antígeno-anticorpo insolúvel, ou pela precipitação com um
segundo anticorpo ou pelo acoplamento do primeiro anticorpo a uma
partícula ou esfera insolúvel.
Imunossupressão Inibição de um ou mais componentes do sistema imune
adaptativo ou inato como resultado de uma doença subjacente ou
intencionalmente induzida por fármacos, com o propósito de prevenir
ou tratar a rejeição ao enxerto ou doença autoimune. Um fármaco
imunossupressor comumente utilizado é a ciclosporina, que bloqueia a
produção de citocinas pelas células T.
Imunoterapia Tratamento de uma doença com agentes terapêuticos que
promovem ou inibem as respostas imunes. Por exemplo, a imunoterapia
do câncer envolve a promoção de respostas imunes ativas aos antígenos
tumorais ou a administração de anticorpos ou células T antitumorais
para estabelecer imunidade passiva.
Imunotoxinas Reagentes que podem ser usados no tratamento do câncer e
consistem em conjugados covalentes de uma toxina celular potente,
como ricina ou toxina diftérica, com anticorpos específicos aos
antígenos expressos na superfície das células tumorais. Espera-se que
tais reagentes possam atingir e matar especificamente as células
tumorais sem danificar as células normais.
Inflamação Reação complexa de tecidos vascularizados a infecção ou lesão
celular que envolve acúmulo extravascular de proteínas plasmáticas e
leucócitos. A inflamação aguda é um resultado comum das respostas
imunes inatas, e a resposta imune adaptativa local também pode
promover inflamação. Embora a inflamação tenha função protetora no
controle de infecções e promova reparo tecidual, ela também pode
causar dano tecidual e doença.
Inflamação imune Inflamação resultante de uma resposta imune adaptativa
ao antígeno. O infiltrado celular no sítio inflamatório pode incluir
células do sistema imune inato, como neutrófilos e macrófagos, os
quais são recrutados como resultado das ações de citocinas derivadas
das células T.
Inflamassomo Complexo multiproteico no citosol de fagócitos
mononucleares, células dendríticas e outros tipos celulares que gera
proteoliticamente a forma ativa da IL-1b a partir do precursor inativo
pró-IL-1b. A formação do complexo inflamassomo – uma variedade
que inclui NLRP3 (um receptor de reconhecimento de padrão do tipo
NOD), o adaptador ASC (proteína associada a apoptose do tipo speck
contendo um domínio CARD) e a pró-caspase-1 – é estimulada por
uma variedade de produtos microbianos, moléculas associadas ao dano
celular e cristais.
Inibidor de C1 (C1 INH; do inglês, C1 inhibitor) Inibidor plasmático
proteico da via clássica de ativação do complemento, bem como de
proteases das vias fibrinolíticas, da coagulação e das cininas. O C1 INH
é um inibidor de serina protease (serpina) que mimetiza os substratos
normais dos componentes C1r e C1s de C1. Uma deficiência genética
em C1 INH causa a doença angioedema hereditário.
Integrinas Proteínas heterodiméricas de superfície celular cujas principais
funções são mediar a adesão de células a outras células ou a matriz
extracelular. As integrinas são importantes para as interações de células
T com as APCs e para a migração de leucócitos do sangue para os
tecidos. A atividade de ligação ao ligante das integrinas leucocitárias
depende de sinais induzidos pela ligação de quimiocinas aos seus
receptores. Duas integrinas importantes no sistema imune são VLA-4
(antígeno tardio 4) e LFA-1 (antígeno associado à função leucocitária
1).
Intensificador Sequência nucleotídica reguladora em um gene que está
localizada tanto a upstream quanto a downstream do promotor, liga-se a
fatores de transcrição e aumenta a atividade do promotor. Nas células
do sistema imune, os intensificadores são responsáveis pela integração
dos sinais da superfície celular que levam à indução da transcrição
gênica, codificando muitas das proteínas efetoras de uma resposta
imune, como as citocinas.
Interferons Grupo de citocinas originalmente denominadas pela
capacidade em interferir nas infecções virais, mas que têm outras
importantes funções imunomoduladoras. Os interferons do tipo I
incluem o interferon-a interfe-ron-b, cuja principal função é prevenir a
replicação viral nas células; já o interferon do tipo II, normalmente
denominado interferon-g, ativa macrófagos e vários outros tipos
celulares (ver Apêndice 2).
Interleucinas Citocinas molecularmente definidas nomeadas com um
sufixo numérico, mais ou menos sequencial, de acordo com a ordem de
descoberta ou com a caracterização molecular (p. ex., interleucina-1,
interleucina-2). Algumas citocinas foram originalmente nomeadas pelas
suas atividades biológicas e não têm uma designação de interleucina
(ver Apêndice 2).
Isótipo Um dentre cinco tipos de anticorpo, determinado por qual das cinco
diferentes formas de cadeia pesada está presente. Os isótipos de
anticorpo incluem IgM, IgD, IgA e IgE, e cada isótipo realiza uma
gama diferente de funções efetoras. Variações estruturais adicionais
caracterizam subclasses distintas de IgG e IgA.
J
Janus quinases (JAKs; do inglês, Janus kinases) Família de
tirosinoquinases que estão associadas às caudas citoplasmáticas de
diversos receptores de citocinas, incluindo receptores para IL-2, IL-3,
IL-4, IFN-g, IL-12 e outras. Em resposta à ligação da citocina e
dimerização do receptor, as JAKs fosforilam os receptores de citocinas
para permitir a ligação de STATs, que são então fosforiladas pelas JAKs
e, desse modo, ativadas. Diferentes JAKs se associam a diferentes
receptores de citocinas.
L
Lâmina própria Camada de tecido conectivo frouxo subjacente ao epitélio
em tecidos de mucosa, como intestinos e vias aéreas, onde células
dendríticas, mastócitos, linfócitos e macrófagos medeiam respostas
imunes aos patógenos invasores.
Lck Tirosinoquinase não receptora da família Src, que se associa de forma
não covalente às caudas citoplasmáticas de moléculas de CD4 e CD8
nas células T e está envolvida nos eventos iniciais de sinalização da
ativação de células T induzida pelo antígeno. A Lck medeia a
fosforilação de tirosinas das caudas citoplasmáticas das proteínas CD3
e ζ do complexo TCR.
Lectina ligante de manose (MBL; do inglês, mannose-binding lectin)
Proteína plasmática que se liga a resíduos de manose nas paredes
celulares bacterianas e atua como uma opsonina, promovendo a
fagocitose da bactéria por macrófagos. Os macrófagos expressam um
receptor de superfície para C1q que também liga a MBL e medeia a
captura de organismos opsonizados.
Lectina tipo C Membro de uma grande família de proteínas ligantes de
carboidratos cálcio-dependentes, muitas das quais têm papel importante
na imunidade inata e adaptativa. Por exemplo, lectinas tipo C solúveis
ligam-se às estruturas de carboidratos microbianos e medeiam
fagocitose ou ativação do complemento (p. ex., lectina ligante de
manose, dectinas, colectinas, ficolinas).
Leishmania Protozoário parasita intracelular obrigatório que infecta
macrófagos e pode causar uma doença inflamatória crônica envolvendo
muitos tecidos. A infecção por Leishmania em camundongos tem
servido como um modelo de sistema para o estudo das funções efetoras
de diversas citocinas e subpopulações de células T auxiliares que as
produzem. As respostas Th1 à Leishmania major e a produção de IFN-g
associada controlam a infecção, ao passo que as respostas Th2 com
produção de IL-4 levam à doença disseminada letal.
Leucemia Doença maligna de precursores de células sanguíneas da medula
óssea na qual grandes números de células neoplásicas normalmente
ocupam a medula óssea e frequentemente circulam na corrente
sanguínea. Leucemias linfocíticas são derivadas de precursores de
células B ou T, leucemias mieloides são derivadas de precursores de
granulócitos ou monócitos e leucemias eritroides são derivadas de
precursores de hemácias.
Leucotrienos Classe de mediadores inflamatórios lipídicos, derivados do
ácido araquidônico, produzidos pela via das lipoxigenases em muitos
tipos celulares. Os mastócitos produzem leucotrieno C4 (LTC4) em
abundância bem como seus produtos de degradação, LTD4 e LTE4, os
quais se ligam a receptores específicos nas células musculares lisas e
causam broncoconstrição prolongada. Os leucotrienos contribuem para
os processos patológicos da asma. Coletivamente, LTC4, LTD4 e LTE4
constituem o que foi chamado no passado de substância de reação lenta
da anafilaxia.
Ligante de c-Kit (fator de célula-tronco) Proteína necessária para a
hematopoese, as fases iniciais do desenvolvimento da célula T no timo
e o desenvolvimento de mastócitos. O ligante de c-Kit é produzido nas
formas ligada à membrana e solúvel pelas células estromais da medula
óssea e do timo, e liga-se ao receptor tirosinoquinase de membrana c-
Kit das células-tronco multipotentes.
Ligante de Fas (ligante de CD95) Proteína de membrana, que é membro
da família de proteínas do TNF expressas nas células T ativadas. O
ligante de Fas liga-se ao receptor de morte Fas e, desse modo, estimula
a via de sinalização que leva à morte celular por apoptose da célula que
expressa Fas. Mutações no gene do ligante de Fas causam doenças
autoimunes sistêmicas em camundongos.
Linfocina Nome antigo para uma citocina (mediador proteico solúvel das
respostas imunes) produzida pelos linfócitos.
Linfócito B Único tipo celular capaz de produzir moléculas de anticorpos e,
portanto, o mediador das respostas imunes humorais. Os linfócitos B,
ou células B, desenvolvem-se na medula óssea e células B maduras são
encontradas principalmente nos folículos linfoides em tecidos linfoides
secundários, na medula óssea e na circulação.
Linfócito B imaturo Célula B com IgM+ e IgD– de membrana,
recentemente derivada de precursores da medula, que não prolifera ou
se diferencia em resposta aos antígenos, mas, em vez disso, pode sofrer
morte apoptótica ou se tornar funcionalmente não responsiva. Esta
propriedade é importante para a seleção negativa das células B que são
específicas para autoantígenos presentes na medula óssea.
Linfócito grande granular Outro nome para a célula NK, baseado na
aparência morfológica deste tipo celular no sangue.
Linfócito naive Linfócito B ou T maduro que não encontrou previamente o
antígeno. Quando os linfócitos naive são estimulados pelo antígeno,
eles se diferenciam em linfócitos efetores, como as células B secretoras
de anticorpo, células T auxiliares produtoras de citocinas e CTLs
capazes de realizar o killing de células-alvo. Os linfócitos naive
expressam marcadores de superfície e padrões de recirculação que são
distintos daqueles observados em linfócitos previamente ativados
(“naive” também se refere a um indivíduo não imunizado).
Linfócito T Componente-chave das respostas imunes mediadas por células
no sistema imune adaptativo. Os linfócitos T amadurecem no timo,
circulam no sangue, povoam os tecidos linfoides secundários e são
recrutados para sítios periféricos de exposição ao antígeno. Expressam
receptores antigênicos (TCRs) que reconhecem fragmentos peptídicos
de proteínas estranhas ligados às moléculas de MHC próprias.
Subpopulações funcionais de linfócitos T incluem células T auxiliares
CD4+ e CTLs CD8+.
Linfócito T citotóxico (ou citolítico) (CTL; do inglês, cytotoxic (or
cytolytic) T lymphocyte) Tipo de linfócito T cuja principal função
efetora é reconhecer e matar células do hospedeiro infectadas por vírus
ou outros microrganismos intracelulares, bem como células tumorais.
Os CTLs normalmente expressam CD8 e reconhecem peptídios
tumorais e derivados de antígenos microbianos citosólicos expostos
pelas moléculas de MHC de classe I. A morte das células infectadas ou
tumorais pelos CTLs envolve a liberação dos conteúdos de grânulos
citoplasmáticos para o citosol das células, levando à morte apoptótica.
Linfócitos B da zona marginal Subpopulação de linfócitos B, encontrada
exclusivamente na zona marginal do baço, que responde rapidamente a
antígenos microbianos oriundos do sangue produzindo anticorpos IgM
com diversidade limitada.
Linfócitos B-1 Subpopulação de linfócitos B que se desenvolvem mais
cedo, durante a ontogenia, do que as células B convencionais
(foliculares), expressam um repertório limitado de genes V com pouca
diversidade juncional e secretam anticorpos IgM que se ligam aos
antígenos T-independentes. Muitas células B-1 expressam a molécula
CD5.
Linfócitos de memória Células B e T de memória que são produzidas pela
estimulação antigênica de linfócitos naive e sobrevivem em um estado
funcionalmente quiescente por muitos anos após a eliminação do
antígeno. Os linfócitos de memória medeiam respostas rápidas e
aumentadas (i. e., de memória ou de reencontro) a segundas e
subsequentes exposições aos antígenos.
Linfócitos infiltrantes de tumores (TILs; do inglês, tumor-infiltrating
lymphocytes) Linfócitos isolados de infiltrados inflamatórios presentes
dentro e ao redor de amostras de ressecção cirúrgica de tumores sólidos
que são enriquecidas com CTLs tumor-específicos e células NK. Em
um modelo experimental de tratamento do câncer, os TILs são
cultivados in vitro na presença de altas doses de IL-2, e então
adotivamente transferidos de volta para os pacientes com o tumor.
Linfócitos intraepiteliais Linfócitos T presentes na epiderme da pele e nos
epitélios das mucosas que tipicamente expressam uma diversidade
limitada de receptores antigênicos. Alguns desses linfócitos, chamados
de células NKT invariantes, podem reconhecer produtos microbianos,
como glicolipídios, associados a moléculas do tipo MHC de classe I
não polimórficas. Outros, denominados células T gδ, reconhecem
diversos antígenos não peptídicos, não apresentados pelas moléculas de
MHC. Os linfócitos T intraepiteliais podem ser considerados células
efetoras da imunidade inata.
Linfoma Tumor maligno de linfócitos B ou T geralmente proveniente de
tecidos linfoides e que se espalha entre esses tecidos, mas pode se
disseminar para outros tecidos. Os linfomas geralmente expressam
características fenotípicas de linfócitos normais dos quais derivam.
Linfoma de Burkitt Tumor maligno de células B diagnosticado por
características histológicas, mas quase sempre carrega uma translocação
cromossômica recíproca envolvendo os loci do gene Ig e o gene celular
MYC no cromossomo 8. Muitos casos de linfoma de Burkitt na África
estão associados a infecções pelo vírus Epstein-Barr.
Linfonodo Pequenos órgãos nodulares, encapsulados e ricos em linfócitos,
situados ao longo dos canais linfáticos distribuídos por todo o corpo,
onde são iniciadas as respostas imunes adaptativas aos antígenos
oriundos da linfa. Os linfonodos, os quais são órgãos linfoides
secundários ou periféricos, têm uma arquitetura anatômica
especializada que regula as interações das células B, células T, células
dendríticas, macrófagos e dos antígenos, para maximizar a indução das
respostas imunes protetoras. Os linfonodos também realizam uma
função de filtragem, aprisionando microrganismos e outros
constituintes potencialmente prejudiciais presentes nos fluidos teciduais
e evitando que sejam drenados da linfa para o sangue.
Linfotoxina (LT, TNF-β) Citocina produzida pelas células T, que é
homóloga ao TNF e se liga aos mesmos receptores. Assim como o
TNF, a LT tem efeitos pró-inflamatórios, incluindo ativação endotelial e
de neutrófilos. A LT também é crítica para o desenvolvimento normal
dos órgãos linfoides.
Linhagem de camundongo consanguínea (inbred) Linhagem de
camundongos criada pelo cruzamento repetitivo de irmãos,
caracterizada pela homozigosidade em cada locus gênico. Cada
camundongo de uma linhagem consanguínea é geneticamente idêntico
(singênico) a todos os outros camundongos da mesma linhagem.
Linhagens congênicas de camundongo Linhagens consanguíneas de
camundongos que são idênticos, entre si, em cada locus gênico, exceto
naquele para o qual eles foram selecionados para diferirem; tais
linhagens são criadas por repetidos cruzamentos e seleções para um
traço específico. Linhagens congênicas que diferem umas das outras,
em um alelo do MHC específico, foram úteis para definir a função das
moléculas do MHC.
Lipopolissacarídio Sinônimo de endotoxina.
Lisossomo Organela ácida ligada à membrana e abundante em células
fagocíticas que contêm enzimas proteolíticas que degradam proteínas
derivadas tanto de compartimentos extracelulares quanto do interior da
célula. Os lisossomos estão envolvidos na via de processamento
antigênico do MHC de classe II.
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) Doença autoimune sistêmica crônica
que afeta predominantemente mulheres, e é caracterizada por erupções
cutâneas, artrite, glomerulonefrite, anemia hemolítica, trombocitopenia
e envolvimento do sistema nervoso central. Muitos autoanticorpos
diferentes são encontrados em pacientes com LES, sobretudo
anticorpos anti-DNA. Muitas das manifestações do LES são
decorrentes da formação de imunocomplexos constituídos de
autoanticorpos e seus antígenos específicos, com deposição destes
complexos em pequenos vasos sanguíneos em vários tecidos. O
mecanismo subjacente para a quebra da autotolerância no LES não é
conhecido.
M
Macrófago Célula fagocítica hematopoeticamente derivada que
desempenha importantes papéis nas respostas imunes inata e adaptativa.
Os macrófagos são ativados por produtos microbianos, como
endotoxina, e por citocinas da célula T, como IFN-g. Macrófagos
ativados fagocitam e matam microrganismos, secretam citocinas pró-
inflamatórias e apresentam antígenos às células T auxiliares. Os
macrófagos compreendem células derivadas de monócitos sanguíneos
recentemente recrutados nos sítios de inflamação, e células de longa
vida residentes no tecido derivadas de órgãos hematopoéticos fetais. Os
macrófagos teciduais recebem diferentes nomes e podem desempenhar
funções especiais; incluem a micróglia do sistema nervoso central, as
células de Kupffer no fígado, os macrófagos alveolares nos pulmões e
osteoclastos no osso.
Macrófagos M1 Ver Ativação clássica de macrófagos.
Macrófagos M2 Ver Ativação alternativa de macrófagos.
Mastócito Principal célula efetora das reações de hipersensibilidade
imediata (alérgica). Os mastócitos são derivados da medula óssea,
residem na maioria dos tecidos adjacentes aos vasos sanguíneos,
expressam receptores Fc de alta afinidade para IgE e contêm numerosos
grânulos contendo mediadores. A ligação cruzada, induzida por
antígeno da IgE ligada aos receptores Fce dos mastócitos, causa a
liberação do conteúdo de seus grânulos, bem como a neossíntese e
secreção de outros mediadores, levando a uma reação de
hipersensibilidade imediata.
Maturação de afinidade Processo que leva ao aumento da afinidade dos
anticorpos por um antígeno específico, à medida que a resposta de
anticorpos dependente de células T progride. A maturação de afinidade
ocorre nos centros germinativos dos tecidos linfoides como resultado da
mutação somática dos genes de imunoglobulinas, seguida pela
sobrevivência seletiva das células B produtoras dos anticorpos de maior
afinidade.
Maturação de linfócitos Processo pelo qual células-tronco hematopoéticas
pluripotentes desenvolvem-se em linfócitos B ou T naive maduros, que
expressam receptores antigênicos e povoam os tecidos linfoides
periféricos. Este processo ocorre nos ambientes especializados da
medula óssea (para células B) e do timo (para células T). Sinônimo de
desenvolvimento de linfócitos.
Medula óssea Tecido presente no interior da cavidade central do osso que é
o sítio de geração de todas as células sanguíneas circulantes, em
adultos, incluindo linfócitos imaturos, e o sítio de maturação da célula
B.
Memória Propriedade do sistema imune adaptativo em responder mais
prontamente, com maior magnitude e mais efetivamente, à exposição
repetida a um antígeno, quando comparada com a resposta à primeira
exposição.
Mieloma múltiplo Tumor maligno de plasmócitos produtores de anticorpo
que frequentemente secreta Igs ou partes de moléculas de Ig. Os
anticorpos monoclonais produzidos pelos mielomas múltiplos foram
críticos para as análises bioquímicas iniciais sobre a estrutura do
anticorpo.
Migração de linfócitos Movimento dos linfócitos da circulação para os
tecidos periféricos.
Mimetismo molecular Mecanismo postulado de autoimunidade
desencadeado pela infecção por um microrganismo contendo antígenos
que reagem cruzadamente com os autoantígenos. As respostas imunes
ao microrganismo resultam em reações contra os próprios tecidos.
Molécula de adesão Molécula da superfície celular cuja função é promover
as interações de adesão com outras células ou com a matriz extracelular.
Leucócitos expressam vários tipos de moléculas de adesão, como
selectinas, integrinas e membros da superfamília de Ig. Além disso,
essas moléculas têm um papel crucial na migração e ativação celular
nas respostas imunes inata e adaptativa.
Molécula do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de
classe II Uma entre duas formas de proteínas heterodiméricas
polimórficas de membrana que se liga e expõe fragmentos peptídicos de
antígenos proteicos na superfície das APCs, para reconhecimento pelos
linfócitos T. As moléculas do MHC de classe II normalmente expõem
peptídios derivados de proteínas extracelulares, que são internalizadas
em vesículas endocíticas ou fagocíticas, para reconhecimento pelas
células T CD4+.
Molécula do complexo principal de histocompatibilidade (MHC; do
inglês, major histocompatibility complex) de classe I Uma dentre duas
formas de proteínas heterodiméricas polimórficas de membrana que se
liga e expõe fragmentos peptídicos de antígenos proteicos na superfície
das APCs, para o reconhecimento pelos linfócitos T. As moléculas do
MHC de classe I normalmente expõem peptídios derivados de proteínas
submetidas a processo proteolítico no citosol da célula, para
reconhecimento pelas células T CD8+.
Molécula do complexo principal de histocompatibilidade (MHC; do
inglês, major histocompatibility complex) Proteína heterodimérica de
membrana codificada no locus do MHC que serve como uma molécula
de exposição de peptídios para o reconhecimento por linfócitos T.
Existem dois tipos de moléculas de MHC estruturalmente distintos. As
moléculas do MHC de classe I estão presentes na maioria das células
nucleadas, ligam peptídios derivados de proteínas citosólicas e são
reconhecidas pelas células T CD8+. As moléculas do MHC de classe II
estão basicamente restritas às células dendríticas, macrófagos e
linfócitos B, ligam peptídios derivados de proteínas endocitadas e são
reconhecidas pelas células T CD4+.
Molécula H-2 Molécula do MHC no camundongo. O MHC do
camundongo foi originalmente denominado locus H-2.
Moléculas CD Moléculas da superfície celular expressas em vários tipos
celulares no sistema imune, designadas pelo número do grupamento de
diferenciação ou número do CD (do inglês, cluster of differentiation).
Ver, no Apêndice 1, uma lista das moléculas CD.
Monócito Tipo de célula sanguínea circulante, derivada da medula óssea,
precursora dos macrófagos teciduais. Os monócitos são ativamente
recrutados para os sítios inflamatórios, onde se diferenciam em
macrófagos.
Morte celular induzida por ativação (AICD; do inglês, activation-
induced cell death) Apoptose de linfócitos ativados; expressão
geralmente usada para células T.
Morte celular programada Ver Apoptose. Motivo de ativação baseado
na tirosina do imunorreceptor (ITAM; do inglês, immunoreceptor
tyrosine-based activation motif) Motivo proteico conservado composto
de duas cópias da sequência tirosina-x-x-leucina (onde x é um
aminoácido inespecífico) encontrado nas caudas citoplasmáticas de
várias proteínas de membrana no sistema imune envolvidas na
transdução de sinal. Os ITAMs estão presentes nas proteínas ζ e CD3
do complexo TCR, nas proteínas Iga e Igb no complexo BCR e em
vários receptores Fc de Ig. Quando esses receptores interagem com seus
ligantes, os resíduos de tirosina dos ITAMs tornam-se fosforilados e
formam sítios de ancoragem para outras moléculas envolvidas nas vias
de propagação de sinal de ativação celular.
Motivo de inibição baseado na tirosina do imunorreceptor (ITIM; do
inglês, immunoreceptor tyrosine-based inhibition motif) Motivo de
seis aminoácidos (isoleucina-x-tirosina-x-x-leucina) encontrado nas
caudas citoplasmáticas de vários receptores inibitórios no sistema
imune, incluindo FcgRIIB nas células B e receptores de morte celular
do tipo Ig (KIRs; do inglês, killer cell Ig-like receptors) nas células NK,
além de alguns receptores coinibidores de células T. Quando esses
receptores interagem com seus ligantes, os ITIMs tornam-se
fosforilados em seus resíduos de tirosina e formam um sítio de
ancoragem para tirosina fosfatases proteicas, as quais atuam para inibir
outras vias de transdução de sinal.
Multivalência Ver Polivalência. Mycobacterium Gênero de bactéria
aeróbica, cujas muitas espécies podem sobreviver no interior de
fagócitos e causar doença. A principal defesa do hospedeiro contra
micobactérias, como Mycobacterium tuberculosis, é a imunidade
mediada por células.
N
Neoantígeno Macromolécula que acabou de sofrer alteração, tanto por
modificação química quanto, no caso de proteínas, por mutação do gene
que a codifica, de tal maneira que a nova estrutura seja reconhecida por
anticorpos ou células T. Neoantígenos codificados por proteínas
mutadas são os maiores indutores de respostas de células T específicas
do tumor.
Neutrófilo (também leucócito polimorfonuclear [PMN]) Célula
fagocítica caracterizada por um núcleo lobular segmentado e grânulos
citoplasmáticos ocupados por enzimas degradativas. Os PMNs são o
tipo mais abundante de células brancas sanguíneas circulantes e o
principal tipo celular em respostas inflamatórias agudas às infecções
bacterianas.
N-formilmetionina Aminoácido que inicia todas as proteínas bacterianas e
nenhuma proteína de mamífero (exceto aquelas sintetizadas dentro da
mitocôndria) e atua como um sinal de infecção para o sistema imune.
Receptores específicos para peptídios contendo N-formilmetionina são
expressos nos neutrófilos e medeiam a ativação dessas células.
Notch 1 Receptor de sinalização da superfície celular, clivado por
proteólise após a interação com o ligante, cuja porção intracelular
clivada transloca-se para o núcleo e regula a expressão gênica. A
sinalização por Notch 1 é necessária para o comprometimento dos
precursores de célula T em desenvolvimento para a linhagem de célula
T ab.
Nucleotídios CpG Sequências não metiladas de citidina-guanina
encontradas principalmente no DNA microbiano que estimulam as
respostas imunes inatas. Os cordões repetidos de nucleotídios CpG são
reconhecidos pelo receptor do tipo Toll 9 e desse modo ativam respostas
imunes inatas.
Nucleotídios N Nome dado aos nucleotídios adicionados aleatoriamente às
junções entre segmentos gênicos V, D e J dos genes Ig ou TCR durante
o desenvolvimento dos linfócitos. A adição de até 20 destes
nucleotídios, a qual é mediada pela enzima deoxirribonucleotidil
transferase terminal, contribui para a diversidade dos repertórios de
anticorpos e de TCRs.
Nucleotídios P Curtas sequências invertidas de nucleotídios repetidos nas
junções VDJ de genes Ig e TCR rearranjados, gerados pela clivagem
assimétrica de grampos intermediários de DNA mediada por RAG-1 e
RAG-2, durante eventos de recombinação somática. Os nucleotídios P
contribuem para a diversidade juncional dos receptores antigênicos.
O
Opsonina Molécula que se torna ligada à superfície de um microrganismo,
pode ser reconhecida pelos receptores de superfície de neutrófilos e
macrófagos, e aumenta a eficiência da fagocitose do microrganismo. As
opsoninas incluem anticorpos IgG, os quais são reconhecidos pelo
receptor Fcg nos fagócitos, e fragmentos de proteínas do complemento,
os quais são reconhecidos por CR1 (CD35) e pela integrina leucocitária
Mac-1.
Opsonização Processo de ligação de opsoninas, como IgG ou fragmentos
do complemento, às superfícies microbianas para marcar os
microrganismos para a fagocitose.
Organização da linhagem germinativa Arranjo herdado de segmentos
gênicos variáveis, de diversidade, juncionais e da região constante dos
loci do receptor antigênico em células não linfoides ou em linfócitos
imaturos. Nos linfócitos B ou T em desenvolvimento, a organização da
linhagem germinativa é modificada pela recombinação somática para
formar genes Ig ou TCR funcionais.
Órgão linfoide gerador (primário) Órgão no qual os linfócitos se
desenvolvem a partir de precursores imaturos. A medula óssea e o timo
são os principais órgãos linfoides geradores nos quais se desenvolvem,
respectivamente, as células B e as células T.
Órgão linfoide secundário Ver Órgão linfoide periférico.
Órgão linfoide terciário Acúmulo de linfócitos e células apresentadoras de
antígenos organizado dentro dos folículos de células B e zonas de
células T que se desenvolve em sítios de inflamação crônica
imunomediada, como a sinóvia das articulações de pacientes com artrite
reumatoide.
Órgãos e tecidos linfoides periféricos Coleções organizadas de linfócitos e
células acessórias, incluindo o baço, os linfonodos e os tecidos linfoides
associados à mucosa, nas quais as respostas imunes adaptativas são
iniciadas. Sinônimo de órgãos linfoides secundários.
Óxido nítrico Molécula com uma ampla variedade de atividades que, em
macrófagos, atua como um potente agente microbicida para matar
organismos ingeridos.
Óxido nítrico sintase Membro de uma família de enzimas que sintetizam o
composto vasoativo e microbicida óxido nítrico a partir da L-arginina.
Macrófagos expressam uma forma induzível desta enzima após
ativação por vários estímulos microbianos ou de citocinas.
P
Padrões moleculares associados ao dano (DAMPs; do inglês, damage-
associated molecular patterns) Moléculas endógenas que são
produzidas ou liberadas por células lesadas e em processo de morte, que
se ligam a receptores de reconhecimento de padrão e estimulam as
respostas imunes inatas. Os exemplos incluem proteínas de alta
mobilidade do grupo box 1 (HMGB1; do inglês, high-mobility group
box 1), ATP extracelular e ácido úrico.
Padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs; do inglês,
pathogen-associated molecular patterns) Estruturas produzidas por
microrganismos, mas não por células de mamíferos (hospedeiro), as
quais são reconhecidas pelo sistema imune inato, estimulando-o. Os
exemplos incluem lipopolissacarídio bacteriano e RNA viral de fita
dupla.
Patogenicidade Capacidade de um microrganismo em causar doença.
Múltiplos mecanismos podem contribuir para a patogenicidade,
incluindo a produção de toxinas, estimulação de respostas inflamatórias
do hospedeiro e perturbação do metabolismo celular do hospedeiro.
PD-1 Receptor inibitório homólogo ao CD28, que é expresso em células T
ativadas e se liga ao PD-L1 ou PD-L2, membros da família de proteínas
B7 expressos em vários tipos celulares. O PD-1 é regulado
positivamente nas células T em decorrência de estimulação repetida ou
prolongada, por exemplo, em quadro de infecção crônica ou tumores,
enquanto o bloqueio de PD-1 com anticorpos monoclonais aumenta as
respostas imunes antitumorais.
Pentraxinas Família de proteínas plasmáticas que contém cinco
subunidades globulares idênticas; inclui a proteína C-reativa de fase
aguda.
Peptídio de cadeia invariante associado à classe II (CLIP; do inglês,
class II-asso-ciated invariant chain peptide) Peptídio remanescente da
cadeia invariante que permanece na fenda de ligação peptídica do MHC
de classe II, e é removido pela ação da molécula HLA-DM antes que a
fenda se torne acessível aos peptídios produzidos a partir de antígenos
proteicos extracelulares que são internalizados por vesículas.
Perforina Proteína presente nos grânulos dos CTLs e células NK. Quando
liberada dos grânulos de CTLs ou células NK ativadas, a perforina
insere-se na membrana plasmática de células infectadas ou tumorais
adjacentes, e promove a entrada de granzimas, levando à morte
apoptótica da célula-alvo.
Piroptose Forma de morte celular programada de macrófagos e DCs
induzida pela ativação de caspase-1 pelo inflamassomo, caracterizada
por aumento (inchaço) celular, perda de integridade da membrana
plasmática e liberação de mediadores inflamatórios, como a IL-1a. A
piroptose resulta na morte de certos microrganismos que ganham acesso
ao citosol, aumenta a eliminação inflamatória de bactérias, mas também
contribui para o choque séptico.
Placas de Peyer Tecido linfoide organizado na lâmina própria de intestino
delgado, na qual as respostas imunes aos patógenos intestinais e outros
antígenos ingeridos podem ser iniciadas. As placas de Peyer são
compostas principalmente de células B, com pequenos números de
células T e outras células, todas organizadas nos folículos de maneira
semelhante à encontrada nos linfonodos, muitas vezes com centros
germinativos.
Plasmablasto Células circulantes secretoras de anticorpos que são os
precursores de plasmócitos que residem na medula óssea e em outros
tecidos.
Plasmócito Linfócito B, terminalmente diferenciado, secretor de anticorpo
com aparência histológica característica, incluindo formato oval, núcleo
excêntrico e halo perinuclear.
Polimorfismo Existência de duas ou mais formas alternativas, ou variantes,
de um gene que estão presentes em frequências estáveis em uma
população. Cada variante comum do gene polimórfico é denominada
alelo e um indivíduo pode ser portador de dois alelos diferentes de um
gene, cada um herdado de um progenitor diferente. Os genes do MHC
são os mais polimórficos no genoma de mamíferos, alguns dos quais
contendo milhares de alelos.
Polivalência Presença de múltiplas cópias idênticas de um epítopo em uma
única molécula de antígeno, superfície celular ou partícula. Antígenos
polivalentes, como os polissacarídios capsulares bacterianos, são
geralmente capazes de ativar linfócitos B independente de células T
auxiliares. Termo usado como sinônimo de multivalência.
Polpa branca Parte do baço composta predominantemente de linfócitos,
organizados em bainhas linfoides periarteriolares, folículos e outros
leucócitos. O restante do baço contém sinusoides delineados por células
fagocíticas e preenchidos com sangue, denominados polpa vermelha.
Polpa vermelha Compartimento anatômico e funcional do baço, composto
de sinusoides vasculares e dispersos, dentre os quais há grande número
de eritrócitos, macrófagos, células dendríticas, linfócitos esparsos e
plasmócitos. Os macrófagos da polpa vermelha removem os
microrganismos e outras partículas estranhas do sangue, além de
hemácias danificadas.
Pré-Tα Proteína transmembrana invariável com um único domínio
extracelular do tipo Ig que se associa à cadeia b do TCR, em células
pré-T, para formar o receptor da célula pré-T.
Processamento antigênico Conversão intracelular de antígenos proteicos
derivados do espaço extracelular ou do citosol em peptídios e
carregamento desses peptídios em moléculas de MHC para exposição
aos linfócitos T.
Promotor Sequência de DNA situada imediatamente a 5’ do local de início
da transcrição de um gene, onde se ligam as proteínas que iniciam a
transcrição. O termo promotor é frequentemente usado para descrever
toda a região 5’ reguladora de um gene, incluindo os intensificadores,
que são sequências adicionais que se ligam aos fatores de transcrição e
interagem com o complexo basal de transcrição para aumentar a taxa de
iniciação transcricional. Outros intensificadores podem estar
localizados a uma distância significativa do promotor, tanto a 5’ do
gene, em íntrons, quanto a 3’ do gene.
Prostaglandinas Classe de mediadores inflamatórios lipídicos, derivados
do ácido araquidônico, em muitos tipos celulares através da via da
ciclo-oxigenase e que apresentam atividades vasodilatadora,
broncoconstritora e quimiotática. As prostaglandinas produzidas pelos
mastócitos são importantes mediadores das reações alérgicas.
Proteossomo Grande complexo enzimático multiproteico, com ampla gama
de atividades proteolíticas, que é encontrado no citoplasma da maioria
das células e gera, a partir de proteínas citosólicas, os peptídios que se
ligam às moléculas do MHC de classe I. As proteínas são alvo de
degradação pelo proteossomo pela ligação covalente de moléculas de
ubiquitina.
Proteína adaptadora Proteína envolvida nas vias de transdução de sinal
intracelulares por atuar como molécu-la-ponte ou base para o
recrutamento de outras moléculas sinalizadoras. Durante a sinalização
do receptor antigênico em linfócitos ou do receptor de citocina, as
moléculas adaptadoras podem ser fosforiladas nos resíduos de tirosina
para permitir que elas se liguem a outras proteínas contendo domínios
Src de homologia 2 (SH2). As moléculas adaptadoras envolvidas na
ativação da célula T incluem LAT, SLP-76 e Grb-2.
Proteína amiloide A sérica (SAA; do inglês, serum amyloid A) Proteína
de fase aguda cujas concentrações séricas aumentam significativamente
em quadros infecciosos e inflamatórios, principalmente por causa da
síntese induzida por IL-1 e TNF pelo fígado. A SAA ativa a
quimiotaxia de leucócitos, a fagocitose e a adesão às células endoteliais.
Proteína C reativa (PCR) Membro da família das pentraxinas de proteínas
plasmáticas envolvido nas respostas imunes inatas às infecções
bacterianas. A PCR é um reagente de fase aguda e se liga à cápsula
bacteriana de pneumococos. A PCR também se liga a C1q e pode,
assim, ativar o complemento ou agir como uma opsonina pela interação
com receptores de C1q nos fagócitos. O aumento de PCR sérica é um
marcador de inflamação.
Proteína de 70 kDa associada à zeta (ZAP-70; do inglês, zeta-associated
protein of 70 kD) Tirosinoquinase proteica citoplasmática, similar a
Syk nas células B, que é crucial para as etapas iniciais de sinalização na
ativação das células T induzida pelo antígeno. A ZAP-70 liga-se às
tirosinas fosforiladas nas caudas citoplasmáticas da cadeia ζ e das
cadeias CD3 do complexo TCR que, por sua vez, fosforilam proteínas
adaptadoras que recrutam outros componentes da cascata de
sinalização.
Proteína de ativação 1 (AP-1; do inglês, activation protein 1) Família de
fatores de transcrição de ligação ao DNA composta de dímeros de duas
proteínas que se ligam entre si através do motivo estrutural
compartilhado denominado zíper de leucina. O fator AP-1 mais bem
caracterizado é composto pelas proteínas Fos e Jun. AP-1 está
envolvida na regulação transcricional de muitos genes diferentes que
são importantes no sistema imune, como os genes das citocinas.
Proteina quinase C (PKC; do inglês, protein kinase C) Qualquer uma,
dentre várias isoformas de uma enzima que medeia a fosforilação de
resíduos de serina e treonina, em muitos substratos proteicos diferentes
e, desse modo, serve para propagar várias vias de transdução de sinal,
levando à ativação de fatores de transcrição. Nos linfócitos T e B, a
PKC é ativada pelo diacilglicerol (DAG) gerado em resposta à ligação
do receptor antigênico.
Proteínas da família Bcl-2 Família de proteínas de membrana
citoplasmáticas e mitocondriais, estruturalmente homólogas, que
regulam a apoptose por influenciar a permeabilidade da membrana
externa mitocondrial. Os membros desta família podem ser pró-
apoptóticos (como Bax, Bad e Bak) ou antiapoptóticos (como Bcl-2 e
Bcl-XL).
Proteínas de fase aguda Proteínas sintetizadas principalmente no fígado
em resposta a citocinas inflamatórias, como IL-1, IL-6 e TNF, cujas
concentrações plasmáticas aumentam rapidamente após a infecção
como parte da resposta de fase aguda. Os exemplos incluem proteína C-
reativa, fibrinogênio e proteína amiloide sérica A. Os reagentes de fase
aguda desempenham vários papéis na resposta imune inata aos
microrganismos. Também chamadas de reagentes de fase aguda.
Proteínas G Proteínas que se ligam a nucleotídios guanilil e atuam como
moléculas trocadoras catalisando a substituição de guanosina difosfato
ligada (GDP) por guanosina trifosfato (GTP). As proteínas G com GTP
ligada podem ativar uma variedade de enzimas celulares em diferentes
cascatas de sinalização. As proteínas triméricas ligadas à GTP estão
associadas às porções citoplasmáticas de muitos receptores de
superfície celular, como os receptores de quimiocinas. Outras pequenas
proteínas G solúveis, como Ras e Rac, são recrutadas para as vias de
sinalização por proteínas adaptadoras.
Protozoários Organismos eucarióticos unicelulares, muitos dos quais são
parasitas de seres humanos e causam doenças. Os exemplos de
protozoários patogênicos incluem Entamoeba histolytica, que causa
disenteria amebiana; Plasmodium, que causa a malária; e Leishmania,
que causa a leishmaniose. Os protozoários estimulam tanto a resposta
imune inata quanto a adaptativa.
Prova cruzada Teste de triagem realizado para minimizar a chance de
reações adversas na transfusão ou rejeição a enxertos, no qual um
paciente que necessita de transfusão de sangue ou transplante de órgão
é testado para a presença de anticorpos pré-formados contra antígenos
de superfície celular do doador (normalmente antígenos de grupo
sanguíneo ou do MHC). O teste envolve a mistura de soro do receptor
com leucócitos ou hemácias do potencial doador e avaliação da
aglutinação ou da lise das células dependente do complemento.
Provírus Cópia de DNA do genoma de um retrovírus que é integrado ao
genoma da célula do hospedeiro e a partir da qual os genes virais são
transcritos e o genoma viral é reproduzido. Os provírus de HIV podem
permanecer inativos por longos períodos e, desse modo, representam
uma forma latente de infecção pelo HIV não acessível à defesa imune.
Q
Quimiocinas Grande família de citocinas de baixo peso molecular
estruturalmente homólogas, as quais estimulam a quimiotaxia de
leucócitos, regulam a migração de leucócitos do sangue para os tecidos
pela ativação de integrinas leucocitárias e mantêm a organização
espacial de diferentes subpopulações de linfócitos e células
apresentadoras de antígenos dentro dos órgãos linfoides.
Quimiotaxia Movimento de uma célula direcionada por um gradiente de
concentração química. O movimento dos leucócitos no interior dos
vários tecidos é frequentemente direcionado por gradientes de citocinas
de baixo peso molecular, chamadas quimiocinas.
Quinases da família Src Família de tirosinoquinases proteicas, homólogas
à tirosinoquinase Src, que iniciam a sinalização a downstream dos
receptores imunes por meio da fosforilação de resíduos de tirosina nos
motivos ITAM. Lck e Lyn são quinases proeminentes da família Src em
células T e B, respectivamente.
R
Radioimunoensaio Método imunológico altamente sensível e específico de
quantificação da concentração de um antígeno em uma solução, que
depende de um anticorpo radioativamente marcado específico para o
antígeno. Normalmente, dois anticorpos específicos para o antígeno são
usados. O primeiro anticorpo não é marcado, mas ligado a um suporte
sólido, onde ele se liga e imobiliza o antígeno cuja concentração está
sendo determinada. A quantidade do segundo anticorpo, marcado, que
se liga ao antígeno imobilizado, determinada pelos detectores de
decaimento radioativo, é proporcional à concentração de antígeno na
solução teste.
Rapamicina Fármaco imunossupressor (também chamado sirolimo) usado
clinicamente para prevenir a rejeição a aloenxertos. A rapamicina inibe
a ativação de uma proteína chamada de alvo mamífero da rapamicina
(mTOR; do inglês, mammalian target of rapamicin), uma molécula-
chave de sinalização em uma variedade de vias metabólicas e de
crescimento celular, incluindo a via necessária para a proliferação de
células T mediada pela interleucina-2.
Ras Membro de uma família de proteínas de 21 kDa ligantes do nucleotídio
guanina, com atividade GTPásica intrínseca, envolvido em muitas vias
de transdução de sinal diferentes em diversos tipos celulares. Mutações
nos genes ras estão associadas à transformação neoplásica. Na ativação
das células T, a proteína Ras é recrutada para a membrana plasmática
por proteínas adaptadoras fosforiladas na tirosina, onde é ativada por
fatores de troca GDP-GTP. O GTP Ras inicia então a cascata da MAP
quinase, a qual leva à expressão do gene fos e montagem do fator de
transcrição AP-1.
Reação de Arthus Forma localizada de vasculite experimental mediada por
imunocomplexos, induzida pela injeção subcutânea de um antígeno em
um animal previamente imunizado ou em um animal que recebeu
anticorpo específico para o antígeno intravenosamente. Os anticorpos
circulantes ligam-se ao antígeno injetado e formam imunocomplexos
que são depositados nas paredes das pequenas artérias no sítio da
injeção e iniciam uma vasculite cutânea local com necrose.
Reação de fase tardia Componente da reação de hipersensibilidade
imediata que ocorre duas a quatro horas após a desgranulação dos
mastócitos e se caracteriza por um infiltrado inflamatório constituído de
eosinófilos, basófilos, neutrófilos e linfócitos. Crises repetidas desta
reação inflamatória de fase tardia podem causar dano tecidual.
Reação de pápula e eritema Inchaço e vermelhidão cutânea local no sítio
de uma reação de hipersensibilidade imediata. A pápula reflete o
aumento da permeabilidade vascular, enquanto o eritema resulta do
fluxo sanguíneo local aumentado, ambas as alterações resultantes de
mediadores como a histamina liberada de mastócitos dérmicos ativados.
Reação de Shwartzman Modelo experimental que reproduz os efeitos
patológicos do LPS bacteriano e do TNF, no qual duas injeções
intravenosas de LPS são administradas a um coelho a um intervalo de
24 horas uma da outra. Após a segunda injeção, o coelho sofre
coagulação intravascular disseminada e obstrução dos pequenos vasos
sanguíneos por neutrófilos e plaquetas.
Reação em cadeia da polimerase (PCR; do inglês, polymerase chain
reaction) Método rápido de copiar e amplificar sequências específicas
de DNA com até 1 kb de comprimento, que é amplamente usado como
técnica preparativa e analítica em todos os ramos da biologia molecular.
O método baseia-se no uso de primers curtos de oligonucleotídios
complementares às sequências nas terminações do DNA a ser
amplificado e envolve ciclos repetidos de fusão, anelamento e síntese
do DNA.
Reação mista de leucócitos (MLR; do inglês, mixed leukocyte reaction)
Reação in vitro de células T alorreativas de um indivíduo contra
antígenos do MHC nas células sanguíneas de outro indivíduo. A MLR
envolve a proliferação e secreção de citocinas por células T CD4+ e
CD8+.
Reações transfusionais Reação imunológica contra produtos sanguíneos
transfundidos, normalmente mediada por anticorpos pré-formados no
receptor, que se ligam aos antígenos das células sanguíneas do doador,
como antígenos sanguíneos do grupo ABO ou antígenos de
histocompatibilidade. As reações transfusionais podem causar lise
intravascular de hemácias e, em casos graves, dano renal, febre, choque
e coagulação intravascular disseminada.
Reagina Anticorpo IgE que medeia uma reação de hipersensibilidade
imediata.
Receptor antigênico quimérico (CAR, do ingles chimeric antigen
receptor) Receptores geneticamente projetados com sítios de ligação
tumorais antígeno-específicos, codificados por genes recombinantes
variáveis de Ig e por caudas citoplasmáticas contendo domínios, tanto
de TCR quanto de receptores coestimuladores. Células T manipuladas
para expressar receptores antigênicos quiméricos podem reconhecer e
matar células reconhecidas pelo domínio extracelular. A transferência
adotiva de células T expressando CARs tem sido usada com sucesso no
tratamento de certos tipos de câncer hematológicos.
Receptor da célula B (BCR; do inglês, B cell receptor) Receptor
antigênico da superfície celular dos linfócitos B, o qual é uma molécula
de imunoglobulina ligada à membrana.
Receptor da célula T (TCR; do inglês, T cell receptor) Receptor
antigênico clonalmente distribuído em linfócitos T. A forma mais
comum de TCR é composta de um heterodímero de duas cadeias
polipeptídicas transmembranares, ligadas por pontes dissulfeto,
designadas a e b, cada uma contendo um domínio N-terminal variável
(V) do tipo Ig, um domínio constante (C) do tipo Ig, uma região
transmembranar hidrofóbica e uma região citoplasmática curta. O TCR
ab é expresso em células T CD4+ e CD8+ e reconhece complexos de
peptídios estranhos ligados às moléculas de MHC próprias na superfície
das APCs. (Outro tipo menos comum de TCR, constituído de cadeias g
e δ, é encontrado em uma pequena subpopulação de células T e
reconhece diferentes formas de antígeno.)
Receptor de célula pré-B Receptor expresso em linfócitos B em
desenvolvimento no estágio de células pré-B, que é constituído por
cadeias pesadas m de Ig e cadeias leves substitutas invariáveis. O
receptor de célula pré-B associa-se a proteínas de transdução de sinal
Iga e Igb para formar o complexo do receptor de célula pré-B. Os
receptores de célula pré-B são necessários para a estimulação da
proliferação e maturação continuada da célula B em desenvolvimento,
atuando como um ponto de controle que garante um rearranjo VDJ
produtivo da cadeia pesada m. Não se sabe se o receptor da célula pré-B
interage com um ligante específico.
Receptor de célula pré-T Receptor expresso na superfície de células pré-T
que é composto da cadeia b do TCR e de uma proteína invariante pré-
Ta. Esse receptor associa-se a moléculas CD3 e ζ para formar o
complexo do receptor de célula pré-T. A função deste complexo é
semelhante à do receptor de célula pré-B na célula B em
desenvolvimento, ou seja, a liberação de sinais que intensificam o
estímulo à proliferação, à reorganização gênica do receptor antigênico e
a outros eventos da maturação. Não se sabe se o receptor de célula pré-
T interage com um ligante específico.
Receptor de Fc Receptor da superfície celular específico para a região
constante carboxiterminal de uma molécula de Ig. Os receptores de Fc
são tipicamente complexos proteicos multicadeia que incluem
componentes de sinalização e componentes ligantes de Ig. Existem
diversos tipos de receptores de Fc, incluindo aqueles específicos para
diferentes isótipos de IgG, IgE e IgA. Os receptores de Fc medeiam
muitas das funções efetoras dependentes de células dos anticorpos,
incluindo a fagocitose de antígenos ligados ao anticorpo e ativação de
mastócitos induzida pelo antígeno, bem como direcionamento e
ativação de células NK.
Receptor de Fcγ (FcγR; do inglês, Fcγ receptor) Receptor específico da
superfície celular para a região carboxiterminal constante das moléculas
de IgG. Há diferentes tipos de receptores de Fcg, incluindo um FcgRI
de alta afinidade que medeia a fagocitose pelos macrófagos e
neutrófilos, um FcgRIIB de baixa afinidade que transduz sinais
inibitórios nas células B e células mieloides e um FcgRIIIA de baixa
afinidade que medeia a ativação e o reconhecimento de células
opsonizadas por células NK.
Receptor de homing Moléculas de adesão expressas na superfície dos
linfócitos, responsáveis pelas diferentes vias de recirculação de
linfócitos e homing tecidual. Os receptores de homing ligam-se a
ligantes (adressinas) expressos nas células endoteliais em leitos
vasculares específicos.
Receptor de manose Receptor ligante de carboidrato (lectina) expresso por
macrófagos que se liga a resíduos de manose e fucose, nas paredes
celulares bacterianas, e medeia a fagocitose dos organismos.
Receptor do complemento tipo 1 (CR1; do inglês, complement receptor
1) Receptor para os fragmentos C3b e C4b do complemento. Os
fagócitos utilizam o CR1 para mediar a internalização das partículas
recobertas por C3b ou por C4b. O CR1 nos eritrócitos atua na
eliminação de imunocomplexos da circulação. O CR1 também é um
regulador da ativação do complemento.
Receptor do complemento tipo 2 (CR2; do inglês, complement receptor
2) Receptor expresso em células B e células dendríticas foliculares que
se ligam aos fragmentos proteolíticos da proteína C3 do complemento,
incluindo C3d, C3dg e iC3b. O CR2 (também chamado CD21) atua
como estímulo às respostas imunes humorais por meio do aumento da
ativação das células B pelo antígeno e promovendo sequestro dos
complexos antígeno-anticorpo nos centros germinativos. O CR2 é
também o receptor para o vírus Epstein-Barr.
Receptor Fc neonatal (FcRn; do inglês, neonatal Fc receptor) Receptor
Fc específico para IgG que medeia o transporte de IgG materna através
da placenta e do epitélio intestinal neonatal e, em adultos, promove
meia-vida longa às moléculas de IgG no sangue, protegendo-as do
catabolismo pelos fagócitos e células endoteliais.
Receptor poli-Ig Receptor Fc expresso pelas células epiteliais da mucosa
que medeiam o transporte de IgA e IgM através das células epiteliais
para dentro do lúmen intestinal.
Receptor αβ da célula T (TCR αβ; do inglês, αβ T cell receptor) Forma
mais comum de TCR, expresso tanto em células T CD4+ quanto CD8+.
O TCR ab reconhece antígenos peptídicos ligados a uma molécula de
MHC. Ambas as cadeias, a e b, contêm regiões altamente variáveis (V)
que, juntas, formam os sítios de ligação ao antígeno, assim como as
regiões constantes (C). As regiões V e C do TCR são estruturalmente
homólogas às regiões V e C das moléculas de Ig.
Receptor γδ de célula T (TCR γδ; do inglês, γδ T cell receptor) Forma de
TCR distinta da forma mais comum (TCR ab), que é expressa em uma
subpopulação de células T encontrada principalmente nos tecidos das
barreiras epiteliais. Embora o TCR gδ seja estruturalmente similar ao
TCR ab, as formas de antígenos reconhecidas pelos TCRs gδ são pouco
entendidas; eles não reconhecem complexos peptídicos ligados às
moléculas polimórficas de MHC.
Receptores de célula killer do tipo Ig (KIRs; do inglês, killer cell Ig-like
receptors) Receptores da superfamília de Ig expressos pelas células NK
que reconhecem diferentes alelos das moléculas de HLA-A, HLA-B e
HLA-C. Alguns KIRs apresentam componentes de sinalização com
ITIMs em suas caudas citoplasmáticas e estes transmitem sinais
inibitórios para inativar as células NK. Alguns membros da família dos
KIRs apresentam caudas citoplasmáticas curtas sem ITIMs, mas
associadas a outros polipeptídios contendo ITAMs, e atuam como
receptores de ativação.
Receptores de morte Receptores de membrana plasmática expressos em
vários tipos celulares que após interação com seu ligante, transduzem
sinais que levam ao recrutamento da proteína adaptadora associada ao
Fas com domínio de morte (FADD; do inglês, Fas-associated protein
with death domain), a qual ativa a caspase-8, induzindo morte celular
apoptótica. Todos os receptores de morte, incluindo Fas, TRAIL e
TNFR, pertencem à superfamília de receptor de TNF.
Receptores de quimiocinas Receptores da superfície celular para
quimiocinas que transduzem sinais que estimulam a migração de
leucócitos. Há pelo menos 19 diferentes receptores de quimiocinas em
mamíferos e cada qual liga um grupo diferente de quimiocinas; todos
são membros da família de receptores acoplados a proteínas G, com
sete a-hélices transmembranares.
Receptores de reconhecimento de padrão Receptores de sinalização do
sistema imune inato que reconhecem PAMPs e DAMPs e, portanto,
ativam as respostas imunes inatas. Os exemplos incluem receptores do
tipo Toll (TLRs; do inglês, Toll-like receptors) e receptores do tipo
NOD (NLRs; do inglês, NOD-like receptors).
Receptores do tipo NOD (NLRs; do inglês, NOD-like receptors) Família
de proteínas citosólicas com múltiplos domínios que “percebem”
PAMPs e DAMPs citoplasmáticos e recrutam outras proteínas para
formar complexos de sinalização que promovem a inflamação.
Receptores do tipo RIG (RLRs; do inglês, RIG-like receptors)
Receptores citosólicos do sistema imune inato que reconhecem o RNA
viral e induzem a produção de interferons do tipo I. Os dois RLRs mais
bem caracterizados são RIG-I (gene I induzível pelo ácido retinoico) e
MDA5 (gene 5 associado à diferenciação de melanoma).
Receptores do tipo Toll (TLR; do inglês, Toll-like receptors) Família de
receptores de reconhecimento de padrão do sistema imune inato, que
são expressos na superfície e nos endossomos de muitos tipos celulares,
e que reconhecem estruturas microbianas, como endotoxina e RNA
viral, além de transduzirem sinais que levam à expressão de genes
inflamatórios e antivirais.
Receptores scavenger Família de receptores da superfície celular expressos
em macrófagos, originalmente definidos como receptores que medeiam
a endocitose de partículas de lipoproteína de baixa densidade oxidadas
ou acetiladas, mas que também se ligam e medeiam a fagocitose de
uma variedade de microrganismos.
Recirculação de linfócitos Movimento contínuo de linfócitos naive do
sangue para órgãos linfoides secundários e, então, de volta para o
sangue.
Recombinação de troca Mecanismo molecular subjacente de troca (switch)
do isótipo de Ig no qual um segmento gênico VDJ rearranjado em uma
célula B produtora de anticorpos recombina-se com um gene C a
downstream e o gene(s) C interveniente(s) é(são) deletado(s). Os
eventos de recombinação de DNA na recombinação de troca são
desencadeados por CD40 e citocinas, bem como pela citidina
desaminase induzida por ativação, e envolvem sequências de
nucleotídios denominadas regiões de troca, localizadas nos íntrons da
terminação 5’ de cada locus CH.
Recombinação somática Processo de recombinação do DNA pelo qual os
genes funcionais, que codificam as regiões variáveis de receptores
antigênicos, são formados durante o desenvolvimento dos linfócitos.
Um grupo relativamente limitado de sequências de DNA herdadas, ou
da linhagem germinativa, que estão inicialmente separadas umas das
outras, são unidas por deleção enzimática das sequências intervenientes
e religação. Este processo ocorre somente nos linfócitos B ou linfócitos
T em desenvolvimento, e é mediado pelas proteínas RAG-1 e RAG-2.
Este processo é também chamado recombinação V(D)J.
Recombinase V(D)J Complexo de proteínas RAG-1 e RAG-2 que catalisa
a recombinação do gene do receptor antigênico de linfócitos.
Região constante (C) Porção das cadeias polipeptídicas da Ig ou do TCR
cuja sequência não varia entre diferentes clones e não está envolvida na
ligação ao antígeno.
Região da dobradiça Região das cadeias pesadas de Ig entre os dois
primeiros domínios constantes que podem assumir múltiplas
conformações, conferindo, desse modo, flexibilidade na orientação dos
dois sítios de ligação ao antígeno. Graças à região da dobradiça, uma
molécula de anticorpo pode ligar simultaneamente a dois epítopos que
estão separados por certa distância um do outro.
Região determinante de complementaridade (CDR; do inglês,
complementarity-determining region) Segmentos curtos de proteínas
de Ig e de TCR que contêm a maior parte das diferenças na sequência
entre os anticorpos ou TCRs, expressos por diferentes clones de células
B e pelas células T, e fazem contato com o antígeno; são também
chamados de regiões hipervariáveis. Três CDRs estão presentes no
domínio variável de cada cadeia polipeptídica do receptor antigênico e
seis CDRs estão presentes em uma molécula de Ig ou TCR intacta.
Esses segmentos hipervariáveis assumem estruturas em alça que, juntas,
formam uma superfície complementar às estruturas tridimensionais do
antígeno ligado.
Região hipervariável Segmentos curtos de cerca de dez resíduos de
aminoácidos dentro das regiões variáveis das proteínas do anticorpo ou
do TCR que formam estruturas em alça que entram em contato com o
antígeno. Três alças hipervariáveis estão presentes em cada cadeia
pesada e em cada cadeia leve do anticorpo e, ainda, em cada cadeia do
TCR. A maior parte da variabilidade entre os diferentes anticorpos ou
TCRs está localizada dentro destas alças (também chamada região
determinante de complementaridade [CDR; do inglês,
complementarity-determining region]).
Região variável Região N-terminal extracelular de uma cadeia pesada ou
uma cadeia leve de Ig, ou uma cadeia a, b, g ou δ do TCR, que contém
sequências variáveis de aminoácidos que diferem entre cada clone de
linfócitos e são responsáveis pela especificidade ao antígeno. As
sequências variáveis de ligação ao antígeno estão localizadas em
estruturas estendidas das alças ou segmentos hipervariáveis.
Regulador autoimune (AIRE; do inglês, autoimmune regulator) Proteína
que atua estimulando a expressão de antígenos proteicos de tecidos
periféricos nas células epiteliais medulares tímicas. Mutações no gene
AIRE, em seres humanos e camundongos, provocam uma doença
autoimune (síndrome poliendócrina autoimune tipo 1) que afeta
múltiplos órgãos, em decorrência de uma expressão defeituosa dos
antígenos teciduais no timo e falha em deletar as células T ou em gerar
algumas células T reguladoras para esses antígenos.
Rejeição aguda Forma de rejeição do enxerto envolvendo lesão vascular e
parenquimatosa mediada por células T, macrófagos e anticorpos que
normalmente ocorre dias ou semanas após o transplante, mas pode
ocorrer tardiamente se a imunossupressão farmacológica se tornar
inadequada.
Rejeição ao enxerto Resposta imune específica a um enxerto de órgão ou
tecido que leva à inflamação, dano e, possivelmente, falha no enxerto.
Rejeição crônica Forma de rejeição do aloenxerto, caracterizada por
fibrose com perda das estruturas normais do órgão que ocorre durante
um período prolongado. Em muitos casos, o principal evento patológico
da rejeição crônica é a oclusão arterial do enxerto causada pela
proliferação das células musculares lisas da íntima, a qual é chamada
arteriosclerose do enxerto.
Rejeição de primeira fase Rejeição do aloenxerto em um indivíduo que
não recebeu um enxerto prévio ou que, de outro modo, tenha sido
exposto a aloantígenos teciduais do mesmo doador. A rejeição de
primeira fase normalmente ocorre em aproximadamente 7 a 14 dias.
Rejeição de segunda fase Rejeição do aloenxerto em um indivíduo que foi
previamente sensibilizado aos aloantígenos teciduais do doador por ter
recebido outro enxerto ou transfusão desse mesmo doador. Ao contrário
da rejeição de primeira fase, a qual ocorre em um indivíduo que não foi
previamente sensibilizado pelos aloantígenos do doador, a rejeição de
segunda fase é rápida e ocorre entre 3 e 7 dias como resultado da
memória imunológica.
Rejeição hiperaguda Forma de rejeição do aloenxerto ou do xenoenxerto
que se inicia dentro de minutos a horas após o transplante e que é
caracterizada por oclusão trombótica dos vasos do enxerto. A rejeição
hiperaguda é mediada por anticorpos preexistentes na circulação do
hospedeiro que se ligam aos aloantígenos endoteliais do doador, como
antígenos de grupo sanguíneo ou moléculas de MHC, ativando o
sistema complemento.
Repertório de anticorpos Coleção das diferentes especificidades dos
anticorpos expressos em um indivíduo.
Repertório de linfócitos Coleção completa de receptores antigênicos e,
portanto, de especificidades antigênicas expressas pelos linfócitos B e T
de um indivíduo.
Resíduos de ancoragem (resíduos-âncora) Resíduos de aminoácidos de
um peptídio cujas cadeias laterais cabem dentro dos bolsos da fenda de
ligação ao peptídio de uma molécula de MHC. As cadeias laterais
ligam-se aos aminoácidos complementares na molécula de MHC,
servindo, dessa forma, para ancorar o peptídio na fenda da molécula de
MHC.
Resposta de fase aguda Aumento nas concentrações plasmáticas de
diversas proteínas, denominadas reagentes de fase aguda, que ocorre
como parte da fase inicial da resposta imune inata às infecções.
Resposta imune primária Resposta imune adaptativa que ocorre após a
primeira exposição de um indivíduo a um antígeno estranho. As
respostas primárias são caracterizadas por uma cinética relativamente
lenta e de pequena magnitude, quando comparada às respostas
decorrentes de uma segunda ou subsequente exposição.
Resposta imune Resposta coletiva e coordenada à introdução de
substâncias estranhas em um indivíduo, mediada pelas células e
moléculas do sistema imune.
Resposta imune secundária Resposta imune adaptativa que ocorre na
segunda exposição a um antígeno. Uma resposta secundária é
caracterizada por uma cinética mais rápida e de maior magnitude em
relação à resposta imune primária, a qual ocorre na primeira exposição.
Restrição ao MHC próprio Limitação (ou restrição) das células T em
reconhecer antígenos exibidos pelas moléculas de MHC que a célula T
encontra durante a maturação no timo (e assim as reconhece como
MHC próprio).
Restrição do MHC Característica dos linfócitos T de reconhecer um
antígeno peptídico estranho somente quando este está ligado a uma
forma alélica específica de uma molécula do MHC.
RORγT (receptor órfão γ T relacionado ao ácido retinoico; do inglês,
retinoi-d-related orphan receptor γ T) Fator de transcrição expresso
nas células Th17 e necessário para a diferenciação dessas células e das
células linfoides inatas do grupo 3.
S
Sarcoma de Kaposi Tumor de células vasculares que geralmente surge em
pacientes com AIDS. O sarcoma de Kaposi está ligado à infecção pelo
herpes-vírus associado ao sarcoma de Kaposi (herpes-vírus humano 8).
SCID Ver Imunodeficiência combinada grave.
Segmentos de diversidade (D) Sequências codificadoras curtas entre os
segmentos gênicos variáveis (V) e constantes (C) nos loci de cadeia
pesada de Ig, bem como das cadeias b e g do TCR, que juntamente com
os segmentos J são recombinados somaticamente com os segmentos V
durante o desenvolvimento dos linfócitos. O DNA VDJ recombinado
resultante codifica as extremidades carboxiterminais das regiões V do
receptor antigênico, incluindo as terceiras regiões hipervariáveis (CDR;
do inglês, complementarity-determining region). O uso aleatório dos
segmentos D contribui para a diversidade do repertório de receptores
antigênicos.
Segmentos gênicos C (região constante) Sequências de DNA, nos loci dos
genes Ig e TCR, que codificam as porções não variáveis das cadeias
pesada e leve da Ig bem como das cadeias a, b, g e δ do TCR.
Segmentos gênicos V Sequência de DNA que codifica o domínio variável
de uma cadeia pesada ou de uma cadeia leve de Ig, ou de uma cadeia a,
b, g ou δ do TCR. Cada locus do receptor antigênico contém muitos
segmentos gênicos V diferentes, qualquer um deles podendo
recombinar-se com segmentos D ou J a downstream durante a
maturação do linfócito para formar genes funcionais do receptor
antigênico.
Segmentos juncionais (J) Sequências codificadoras curtas entre os
segmentos gênicos variável (V) e constante (C) em todos os loci de Ig e
do TCR, os quais, juntamente com os segmentos D, são recombinados
somaticamente com os segmentos V durante o desenvolvimento dos
linfócitos. O DNA resultante com o VDJ recombinado codifica as
extremidades carboxiterminais das regiões V do receptor antigênico,
incluindo as terceiras regiões hipervariáveis (CDR3). O uso aleatório de
diferentes segmentos J contribui para a diversidade do repertório dos
receptores antigênicos.
Seleção clonal Princípio fundamental do sistema imune que afirma que
cada indivíduo possui numerosos linfócitos clonalmente derivados,
sendo cada clone derivado de um precursor único, que expressa um
receptor antigênico e é capaz de reconhecer e responder a um
determinante antigênico distinto. Quando um antígeno entra no
organismo, um clone preexistente específico é selecionado e ativado
por esse antígeno.
Seleção negativa Processo pelo qual os linfócitos em desenvolvimento que
expressam receptores antigênicos autorreativos são eliminados,
contribuindo, desse modo, para a manutenção da autotolerância. A
seleção negativa dos linfócitos T em desenvolvimento (timócitos) é
mais bem compreendida, e envolve ligação de alta avidez de um
timócito às moléculas de MHC próprias com peptídios ligados em
APCs tímicas, levando à morte apoptótica do timócito.
Seleção positiva Processo pelo qual células T em desenvolvimento no timo
(timócitos), cujos TCRs ligam-se às moléculas de MHC próprias, são
resgatadas da morte celular programada, enquanto os timócitos cujos
receptores não reconhecem as moléculas de MHC próprias morrem por
negligência. A seleção positiva assegura que as células T maduras
sejam restritas ao MHC próprio e que as células T CD8+ sejam
específicas para complexos de peptídios com moléculas do MHC de
classe I, enquanto as células T CD4+ sejam específicas para complexos
de peptídios com moléculas do MHC de classe II.
Selectina Qualquer uma de três proteínas ligantes de carboidrados
independentes, mas proximamente relacionadas, que medeiam a adesão
de leucócitos às células endoteliais. Cada uma das moléculas de
selectina é uma glicoproteína transmembranar de cadeia única com uma
estrutura modular semelhante, incluindo um domínio lectínico
extracelular dependente de cálcio. As selectinas incluem a L-selectina
(CD62L), expressa nos leucócitos; a P-selectina (CD62P), expressa nas
plaquetas e no endotélio ativado; e a E-selectina (CD62E), expressa no
endotélio ativado.
Sensibilidade de contato Estado de responsividade imune a certos agentes
químicos que provoca reações de hipersensibilidade do tipo retardada
mediada por células T após contato com a pele. As substâncias que
desencadeiam sensibilidade de contato, incluindo íons de níquel,
urishiol de hera venenosa e muitos fármacos terapêuticos, ligam-se às
proteínas próprias nas superfícies das APCs e as modificam, as quais
são então reconhecidas pelas células CD4+ ou CD8+.
Sensores de DNA citosólico (CDSs; do inglês, cytosolic DNA sensors)
Moléculas que detectam DNA microbiano de dupla fita no citosol e
ativam vias de sinalização que iniciam respostas antimicrobianas,
incluindo a produção de interferon do tipo I e autofagia.
Separador celular ativado por fluorescência (FACS; do inglês,
fluorescence-ac-tivated cell sorter) Adaptação do citômetro de fluxo
empregada para a purificação de células de uma população mista, de
acordo com a sonda fluorescente, e à quantidade de fluorescência da
sonda, à qual a célula se liga. As células são primeiramente coradas
com a sonda marcada por fluorescência, como por exemplo um
anticorpo específico para um antígeno de superfície de uma população
celular. As células são então passadas, individualmente, por um
fluorímetro, com um feixe de laser incidente, e desviadas para
diferentes tubos coletores por campos eletromagnéticos cuja força e
direção variam de acordo com a intensidade do sinal de fluorescência
medido.
Sequências sinal de recombinação Sequências específicas de DNA
encontradas adjacentes aos segmentos V, D e J nos loci do receptor
antigênico e reconhecidas pelo complexo RAG-1/RAG-2 durante a
recombinação V(D)J. As sequências de reconhecimento consistem em
uma extensão de sete nucleotídios altamente conservados, chamada
heptâmero, localizada adjacente à sequência codificadora V, D, ou J,
seguida por um espaçador de exatamente 12 ou 23 nucleotídios não
conservados e uma extensão de nove nucleotídios altamente
conservados, chamada nonâmero.
Sinapse imunológica Grupo de proteínas de membrana que se organizam
no ponto de justaposição entre uma célula T e uma célula apresentadora
de antígeno, incluindo o complexo TCR, CD4 ou CD8, receptores
coestimuladores e integrinas da célula T, os quais se ligam aos
complexos peptídio-MHC, coestimuladores e ligantes de integrinas,
respectivamente, da célula apresentadora de antígeno. A sinapse
imunológica é necessária para as respostas funcionais bidirecionais
entre a célula T e a APC e aumenta a transmissão específica de
produtos secretados da célula T para a célula apresentadora de antígeno,
como conteúdos dos grânulos de um CTL para sua célula-alvo.
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS; do inglês, acquired
immunodeficiency syndrome) Doença causada por infecção pelo vírus
da imunodeficiência humana (HIV; do inglês, human immunodeficiency
virus) e caracterizada pela depleção de células T CD4+, levando a um
profundo defeito na imunidade mediada por células. Clinicamente, a
AIDS inclui infecções oportunistas, tumores malignos, fraqueza e
encefalopatia.
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS; do inglês, systemic
inflammatory response syndrome) Alterações sistêmicas observadas
em pacientes que apresentam infecções bacterianas disseminadas e
outras condições que induzem inflamação generalizada, como
queimaduras. Em sua forma branda, a SIRS consiste em neutrofilia,
febre e aumento dos reagentes de fase aguda no plasma. Essas
alterações são estimuladas por produtos bacterianos, como o LPS, e são
mediadas por citocinas do sistema imune inato. Em casos graves, a
SIRS pode incluir coagulação intravascular disseminada, síndrome do
desconforto respiratório do adulto e choque.
Síndrome de Chédiak-Higashi Rara doença de imunodeficiência
autossômica recessiva, causada por um defeito nos grânulos
citoplasmáticos de vários tipos celulares que afetam os lisossomos de
neutrófilos e macrófagos, bem como os grânulos de CTLs e células NK.
Os pacientes apresentam resistência reduzida à infecção por bactérias
piogênicas.
Síndrome de DiGeorge Deficiência seletiva de células T, causada por
malformação congênita, que resulta em desenvolvimento defeituoso do
timo, das glândulas paratireoides e de outras estruturas que emergem da
terceira e quarta bolsas faríngeas.
Síndrome de hiper-IgM Distúrbio de imunodeficiência primária provocada
pela função defeituosa dependente de CD40 em células B, com defeito
na recombinação de troca de classe (CSR; do inglês, class switch
recombination) e na hipermutação somática, causando pobre imunidade
mediada por anticorpos contra patógenos extracelulares e
comprometimento da defesa contra infecções intracelulares em
decorrência da ativação defeituosa de macrófagos CD40-dependente.
As causas mais comuns são mutações no gene do CD40 ligante no
cromossomo X, mas mutações nas moléculas de sinalização a
downstream do CD40 causam doenças semelhantes. Mutações nos
genes que codificam a citidina desaminase induzida por ativação ou a
uracil-DNA glicosilase resultam em defeitos dos linfócitos B,
observados na deficiência do ligante de CD40, mas não afetam
macrófagos, sendo caracterizados pela falha da troca de isótipo de
cadeia pesada das células B e da imunidade mediada por células. Os
pacientes com essa deficiência sofrem de infecções por bactérias
piogênicas e por protozoários.
Síndrome de imunodesregulação, poliendocrinopatia e enteropatia
ligada ao X (IPEX; do inglês, immunodysregulation
polyendocrinopathy enteropathy X-linked syndrome) Doença
autoimune rara causada por mutações no fator de transcrição FoxP3,
resultando em falha na produção de células T reguladoras. Pacientes
com IPEX sofrem de destruição imunomediada de múltiplos órgãos
endócrinos, bem como de alergias e inflamação cutânea e
gastrintestinal.
Síndrome de Wiskott-Aldrich Doença ligada ao X caracterizada por
eczema, trombocitopenia (plaquetas sanguíneas reduzidas) e
imunodeficiência, manifestada pela suscetibilidade a infecções
bacterianas. O gene defeituoso codifica uma proteína citosólica
envolvida nas cascatas de sinalização e regulação da actina do
citoesqueleto.
Síndrome do choque tóxico Complicação aguda da infecção por
Staphylococcus aureus, caracterizada por choque, esfoliação cutânea,
conjuntivite e diarreia, associada ao uso de tampão e infecções pós-
cirúrgicas. É causada por exotoxinas bacterianas, chamadas
superantígenos, capazes de ativar muitos clones de células T, levando à
liberação excessiva de citocinas.
Síndrome do linfócito nu Doença de imunodeficiência, caracterizada pela
perda da expressão das moléculas do MHC de classe II, que provoca
defeitos na maturação e ativação de células T CD4+ e na imunidade
mediada por células. A doença é causada por mutações nos genes que
codificam fatores que regulam a transcrição dos genes do MHC de
classe II.
Síndrome poliendócrina autoimune tipo 1 (APS-1; do inglês,
autoimmune polyendocrine syndrome type 1) Também conhecida
como poliendocrinopatia autoimune-candidíase-distrofia/displasia
ectodérmica (APECED; do inglês, autoimmune polyendocrinopathy-
candi-diasis-ectodermal dystrophy/dysplasia). É uma doença
autoimune rara causada pela deficiência genética da proteína reguladora
autoimune (AIRE; do inglês, autoimmune regulator) exigida para a
tolerância central de células T a diversos antígenos teciduais diferentes.
Pacientes com APS-1 sofrem lesão imune em múltiplos órgãos
endócrinos.
Singênico Geneticamente idêntico. Todos os animais de uma linhagem
consaguínea e gêmeos monozigóticos são singênicos.
Sistema imune Moléculas, células, tecidos e órgãos que atuam
coletivamente para prover imunidade ou proteção, contra organismos
estranhos e câncer.
Sistema imune cutâneo Componentes do sistema imune inato e adaptativo
encontrados na pele, e que atuam em conjunto de forma especializada
para detectar e responder aos patógenos sobre e dentro da pele para
manter a homeostasia com os microrganismos comensais. Componentes
do sistema imune cutâneo incluem queratinócitos, células de
Langerhans, células dendríticas dérmicas, linfócitos intraepiteliais e
linfócitos dérmicos.
Sistema imune da mucosa Parte do sistema imune que responde e protege
contra microrganismos que entram no corpo através de superfícies
mucosas, como os tratos gastrintestinal e respiratório, mas que também
mantém a tolerância aos organismos comensais que vivem no lado
externo ao epitélio de mucosa. O sistema imune de mucosa é
constituído por tecidos linfoides associados à mucosa organizados,
como as placas de Peyer, e células difusamente distribuídas dentro da
lâmina própria.
Sistema linfático Sistema de vasos distribuídos ao longo do corpo que
coleta fluido tecidual chamado linfa, originalmente derivado do sangue,
e o retorna, através do ducto torácico, para a circulação. Os linfonodos
estão intercalados ao longo desses vasos, prendendo e retendo antígenos
presentes na linfa.
Sítio imunologicamente privilegiado Região no corpo que é inacessível às
respostas imunes ou que suprime ativamente essas respostas. A câmara
anterior do olho, os testículos e o cérebro são exemplos de sítios
imunologicamente privilegiados.
Soro Fluido livre de células que resulta da formação de um coágulo do
sangue ou plasma. Os anticorpos sanguíneos são encontrados na fração
sérica.
Soroconversão Produção de anticorpos detectáveis no soro, específicos
para um microrganismo, durante o curso de uma infecção ou em
resposta à imunização.
Sorologia Estudo dos anticorpos sanguíneos (séricos) e suas reações com
antígenos. O termo sorologia é frequentemente utilizado para se referir
ao diagnóstico de doenças infecciosas pela detecção de anticorpos
específicos para o microrganismo no soro.
Sorotipo Subgrupo antigenicamente distinto de uma espécie de organismo
infeccioso, que é distinguível de outros subgrupos por testes
sorológicos (i. e., anticorpo sérico). As respostas imunes humorais a um
sorotipo de microrganismo (p. ex., vírus da influenza) podem não ser
protetoras contra outro sorotipo.
STING (estimulador de genes IFN; do inglês, stimulator of IFN genes)
Proteína adaptadora localizada na membrana do retículo
endoplasmático, a qual é utilizada por diversas moléculas sensoras de
DNA para transduzir sinais que ativam o fator de transcrição IRF3,
levando à expressão do gene de IFN do tipo I.
Superantígenos Proteínas que se ligam e ativam todas as células T em um
indivíduo que expressa um grupo ou família específica de genes TCR
Vb. Os superantígenos são apresentados às células T pela ligação a
regiões não polimórficas das moléculas do MHC de classe II nas APCs,
e interagem com regiões conservadas dos domínios Vb do TCR.
Diversas enterotoxinas estafilocócicas são superantígenos. Sua
importância está na capacidade de ativar muitas células T, o que resulta
na produção de grandes quantidades de citocinas e em uma síndrome
clínica similar ao choque séptico.
Superfamília de imunoglobulinas Grande família de proteínas que contêm
um motivo estrutural globular denominado domínio de Ig, ou dobra de
Ig, originalmente descrito em anticorpos. Muitas proteínas de
importância no sistema imune, incluindo anticorpos, TCRs, moléculas
do MHC, CD4 e CD8, são membros desta superfamília.
Superfamília do fator de necrose tumoral (TNFSF; do inglês, tumor
necrosis fator superfamily) Grande família de proteínas
transmembranares estruturalmente homólogas que regulam diversas
funções nas células respondedoras, incluindo proliferação,
diferenciação, apoptose e expressão de genes inflamatórios. Os
membros da TNFSF tipicamente formam homotrímeros, na membrana
plasmática ou após a liberação proteolítica da membrana, e se ligam a
moléculas da superfamília homotrimérica do receptor de TNF
(TNFRSF), as quais então iniciam uma variedade de vias de sinalização
(ver Apêndice 2).
Superfamília do receptor do fator de necrose tumoral (TNFRSF; do
inglês, tumor necrosis factor receptor superfamily) Grande família de
proteínas transmembranares estruturalmente homólogas que ligam
proteínas da superfamília do TNF e geram sinais que regulam a
proliferação, diferenciação, apoptose e expressão de genes
inflamatórios (ver Apêndice 2).
Syk Tirosinoquinase proteica citoplasmática, semelhante a ZAP-70 nas
células T, que é crucial para os passos iniciais da sinalização de
ativação da célula B induzida pelo antígeno. A Syk liga-se às tirosinas
fosforiladas nas caudas citoplasmáticas das cadeias de Iga e Igb do
complexo BCR e, por sua vez, fosforila proteínas adaptadoras que
recrutam outros componentes da cascata de sinalização.
T
Tacrolimo Fármaco imunossupressor (também conhecido como tacrolimo)
da classe de inibidores da calcineurina, usado para prevenir a rejeição
do aloenxerto, que bloqueia a transcrição gênica de citocinas pela célula
T, de maneira semelhante à ciclosporina. O tacrolimo liga-se a uma
proteína citosólica, chamada proteína ligante de FK506, e o complexo
resultante liga-se à fosfatase calcineurina, inibindo, dessa maneira, a
ativação e translocação nuclear do fator de transcrição NFAT.
T-bet Fator de transcrição da família T-box que promove a diferenciação
das células Th1 a partir de células T naive.
Tecido linfoide associado à mucosa (MALT; do inglês, mucosa-
associated lymphoid tissue) Coleções de linfócitos, células dendríticas
e outros tipos celulares dentro da mucosa dos tratos gastrintestinal e
respiratório que são sítios de respostas imunes adaptativas aos
antígenos. Os tecidos linfoides associados à mucosa contêm linfócitos
intraepiteliais, principalmente células T, e grupos organizados de
linfócitos, geralmente ricos em células B, sob o epitélio da mucosa,
como as placas de Peyer no intestino ou as tonsilas faríngeas.
Tecido linfoide associado ao intestino (GALT; do inglês, gut-associated
lymphoid tissue) Coleções de linfócitos e APCs dentro da mucosa do
trato gastrintestinal, onde são iniciadas as respostas imunes adaptativas
à flora microbiana intestinal e aos antígenos ingeridos (ver também
tecidos linfoides associados à mucosa).
Técnica de imunoperoxidase Técnica comum de imuno-histoquímica na
qual um anticorpo acoplado à peroxidase de rabanete é usado para
identificar a presença de um antígeno em uma secção de tecido. A
enzima peroxidase converte um substrato incolor em um produto
marrom insolúvel observável em microscópio de luz.
Terapia antirretroviral (TARV) Quimioterapia combinada para infecção
por HIV, normalmente consistindo em dois nucleosídios inibidores da
transcriptase reversa e um inibidor da protease viral ou um inibidor não
nucleosídio da transcriptase reversa. A TARV pode reduzir os títulos
virais plasmáticos a níveis abaixo dos detectáveis por mais de um ano e
retarda a progressão da doença causada pelo HIV. Também chamada de
terapia antirretroviral altamente ativa (TARVAA).
Tetrâmero de MHC Reagente utilizado para identificar e enumerar células
T que reconhecem especificamente um complexo MHC-peptídio
específico. O reagente consiste em quatro moléculas de MHC
recombinantes (normalmente de classe I), biotiniladas, carregadas com
um peptídio e ligadas a uma molécula de avidina marcada com um
fluorocromo. As células T que se ligam ao tetrâmero de MHC podem
ser detectadas por citometria de fluxo. Timo Órgão bilobado, situado
no mediastino anterior, que é o local de maturação dos linfócitos T
oriundos de precursores derivados da medula óssea. O tecido tímico é
dividido em um córtex externo e uma medula interna e contém células
epiteliais estromais tímicas, macrófagos, células dendríticas e
numerosos precursores de células T (timócitos) em vários estágios de
maturação.
Timócito Precursor de um linfócito T maduro presente no timo.
Timócito simples-positivo Precursor de célula T em maturação no timo
que expressa moléculas de CD4 ou CD8, mas não ambas. Os timócitos
simples-posi-tivos são encontrados principalmente na medula e
maturaram a partir do estágio duplo-positivo, durante o qual os
timócitos expressam ambas as moléculas CD4 e CD8.
Timócitos duplo-negativos Subpopulação de células T em
desenvolvimento no timo (timócitos) que não expressa CD4 ou CD8. A
maioria dos timócitos duplo-negativos está em um estágio inicial de
desenvolvimento e não expressa receptores antigênicos. Posteriormente,
essas células expressarão tanto CD4 quanto CD8 durante o estágio
intermediário duplo-positivo, antes da maturação adicional em células
T simples-positivas que expressam somente CD4 ou CD8.
Timócitos duplo-positivos Subpopulação de células T em desenvolvimento
no timo (timócitos), que expressa tanto CD4 quanto CD8, e está em um
estágio intermediário de desenvolvimento. Os timócitos duplo-positivos
também expressam TCRs e estão sujeitos aos processos de seleção,
maturando em células T simples-positivas e expressando somente CD4
ou CD8.
Tipagem tecidual Determinação de alelos específicos do MHC expressos
por um indivíduo para fins de pareamento entre doadores e receptores
de aloenxertos. A tipagem tecidual, também chamada de tipagem de
HLA, é normalmente realizada por sequenciamento molecular (baseado
em PCR) dos alelos de HLA, ou por métodos sorológicos (lise de
células de um indivíduo por painéis de anticorpos anti-HLA).
Tirosinoquinase de Bruton (Btk; do inglês, Bruton tyrosine kinase)
Tirosinoquinase da família Tec essencial para a maturação das células
B. Mutações no gene que codifica a Btk causam agamaglobulinemia
ligada ao X, uma doença caracterizada pela falha das células B em
maturar além do estágio de célula pré-B.
Tirosinoquinases proteicas (PTKs; do inglês, protein tyrosine kinases)
Enzimas que medeiam a fosforilação de resíduos de tirosina presentes
em proteínas e, desse modo, promovem interações proteína-proteína
dependentes de fosfotirosina. As PTKs estão envolvidas em inúmeras
vias de transdução de sinal em células do sistema imune.
Tolerância Ausência de responsividade do sistema imune adaptativo aos
antígenos, como resultado da inativação ou morte de linfócitos
antígeno-específicos, induzida pela exposição aos antígenos. A
tolerância aos antígenos próprios é uma característica normal do
sistema imune adaptativo, mas a tolerância aos antígenos estranhos
pode ser induzida sob certas condições de exposição ao antígeno.
Tolerância central Forma de autotolerância induzida nos órgãos linfoides
geradores (centrais) em consequência do reconhecimento dos antígenos
próprios por linfócitos imaturos autorreativos e subsequentemente leva
à morte desses linfócitos ou à sua inativação. A tolerância central
previne o aparecimento de linfócitos com receptores de alta afinidade
para os autoantígenos expressos na medula óssea ou no timo.
Tolerância imunológica Ver Tolerância. Tolerância oral Supressão das
respostas imunes humoral e mediada por células sistêmicas a um
antígeno, após a administração oral deste antígeno, como resultado da
anergia de células T antígeno-específicas ou da produção de citocinas
imunossupressoras, como o fator de transformação do crescimento-b. A
tolerância oral é um possível mecanismo de prevenção das respostas
imunes aos antígenos alimentares e a bactérias que normalmente
residem como comensais no lúmen intestinal.
Tolerância periférica Ausência de resposta aos antígenos próprios
presentes nos tecidos periféricos, mas raramente nos órgãos linfoides
geradores. A tolerância periférica é induzida pelo reconhecimento de
antígenos sem os níveis adequados de coestimuladores necessários para
a ativação do linfócito ou pela estimulação persistente e repetida por
esses autoantígenos.
Tolerógeno Antígeno que induz tolerância imunológica, em contraste a um
imunógeno, o qual induz uma resposta imune. Muitos antígenos podem
ser tanto tolerógenos quanto imunógenos, dependendo de como são
administrados. Todos os autoantígenos são tolerogênicos. As formas
tolerogênicas dos antígenos estranhos incluem grandes doses de
proteínas administradas sem adjuvantes e antígenos administrados
oralmente.
Tonsilas Tecidos linfoides secundários parcialmente encapsulados,
localizados sob a barreira epitelial na nasofaringe e orofaringe,
incluindo as adenoides (tonsilas faríngeas), as tonsilas palatinas e as
tonsilas linguais. Tonsilas são sítios de iniciação das respostas imune
adaptativas a microrganismos no trato respiratório superior.
Transcriptase reversa Enzima codificada por retrovírus, como o HIV, que
sintetiza uma cópia de DNA do genoma viral a partir de um molde
genômico de RNA. A transcriptase reversa purificada é amplamente
utilizada na pesquisa em biologia molecular, para fins de clonagem de
DNAs complementares que codificam um gene de interesse a partir do
RNA mensageiro. Os inibidores da transcriptase reversa são utilizados
como fármacos para tratar a infecção pelo HIV-1.
Transdutor de sinal e ativador de transcrição (STAT; do inglês, signal
transducer and activator of transcription) Membro de uma família de
proteínas que atuam como fatores de transcrição em resposta à ligação
de citocinas aos receptores de citocinas do tipos I e II. Os STATs estão
presentes como monômeros inativos no citosol das células e são
recrutados para as caudas citoplasmáticas dos receptores de citocina
ligados de maneira cruzada, onde suas tirosinas são fosforiladas pelas
JAKs. As proteínas STAT fosforiladas dimerizam-se e se dirigem para o
núcleo, onde se ligam a sequências específicas nas regiões promotoras
de vários genes e estimulam sua transcrição. Diferentes STATs são
ativados por citocinas distintas.
Transferência adotiva Processo de transferência de células de um
indivíduo para outro, ou de volta para o mesmo indivíduo, após
expansão e ativação in vitro. A transferência adotiva é usada na
pesquisa para definir o papel de uma população celular específica (p.
ex., células T) em uma resposta imune. Clinicamente, a transferência
adotiva de linfócitos T tumor-específicos e de células dendríticas
apresentadoras de antígenos tumorais é usada na terapia do câncer e a
transferência de células T reguladoras está em desenvolvimento para
doenças autoimunes e rejeição de enxertos.
Transfusão Transplante de células sanguíneas circulantes, plaquetas ou
plasma de um indivíduo para outro. As transfusões são realizadas para
tratar a perda sanguínea ocorrida por hemorragia ou tratar a deficiência
de um ou mais tipos celulares sanguíneos resultante de produção
inadequada ou destruição excessiva.
Translocação cromossômica Anormalidade cromossômica na qual um
segmento de um cromossomo é transferido para outro. Muitas doenças
malignas de linfócitos estão associadas a translocações cromossômicas,
envolvendo um locus de Ig ou de TCR e um segmento cromossômico
contendo um oncogene celular.
Transplante de células-tronco hematopoéticas Transplante de células-
tronco hematopoéticas coletadas do sangue ou da medula óssea. É
clinicamente realizado para tratar defeitos herdados e câncer de células
sanguíneas, além de ser usado em diversos experimentos imunológicos
em animais.
Transplante de medula óssea Ver Transplante de células-tronco
hematopoéticas.
Transplante Processo de transferência de células, tecidos ou órgãos (i. e.,
enxertos) de um indivíduo para outro, ou de um local para outro no
mesmo indivíduo. O transplante é utilizado para o tratamento de uma
variedade de doenças nas quais existe um distúrbio funcional de um
tecido ou órgão. A principal barreira para o sucesso do transplante entre
indivíduos é a reação imunológica ao enxerto transplantado (rejeição).
Transportador associado ao processamento antigênico (TAP; do inglês,
transporter associated with antigen processing) Transportador
peptídico ATP-dependente que medeia o transporte ativo de peptídios
do citosol para o local de montagem das moléculas do MHC de classe I
dentro do retículo endoplasmático. O TAP é uma molécula
heterodimérica composta dos polipeptídios TAP-1 e TAP-2, ambos
codificados por genes no MHC. Como peptídios antigênicos são
necessários para a montagem estável das moléculas do MHC de classe
I, animais deficientes em TAP expressam poucas moléculas do MHC de
classe I na superfície celular, o que resulta em desenvolvimento e
ativação reduzidos das células T CD8+.
Troca de isótipo (classe) de cadeia pesada Processo pelo qual um linfócito
B altera o isótipo (ou classe) de anticorpo por ele produzido, de IgM
para IgG, IgE ou IgA, sem alterar a especificidade antigênica do
anticorpo. A troca do isótipo de cadeia pesada é estimulada por
citocinas e pelo CD40 ligante expresso pelas células T auxiliares e
envolve a recombinação de segmentos VDJ das células B com
segmentos gênicos de cadeia pesada a downstream.
U
Ubiquitinação Ligação covalente de uma ou várias cópias de um pequeno
polipeptídio, denominado ubiquitina, a uma proteína. A ubiquitinação
geralmente atua marcando proteínas para a degradação proteolítica
pelos proteossomos, um passo crucial na via de processamento e
apresentação de antígeno pelo MHC de classe I.
Uracila N-glicosilase (UNG) Enzima que remove resíduos de uracila do
DNA, deixando um sítio não básico. A UNG é um participante-chave
na troca de isótipo, e as mutações da UNG em homozigose resultam em
uma síndrome de hiper-IgM.
Urticária Inchaço e vermelhidão cutâneos, transitórios e localizados,
causados pelo extravasamento de fluido e proteínas plasmáticas de
pequenos vasos para a derme, durante uma reação de hipersensibilidade
imediata.
V
Vacina Preparação de antígeno microbiano, geralmente combinada a
adjuvantes, a qual é administrada aos indivíduos para induzir imunidade
protetora contra infecções microbianas. O antígeno pode estar na forma
de microrganismos vivos, mas avirulentos, de microrganismos mortos,
de componentes macromoleculares purificados de um microrganismo
ou de um plasmídio que contenha um DNA complementar que codifica
um antígeno microbiano.
Vacina de antígeno purificado (subunidade) Vacina composta de
antígenos purificados ou subunidades de microrganismos. Entre os
exemplos deste tipo de vacina estão os toxoides diftérico e tetânico,
vacinas polissacarídicas de pneumococos e de Haemophilus influenzae
e vacinas de polipeptídios purificados contra os vírus da hepatite B e
influenza. Vacinas de antígenos purificados podem estimular respostas
de anticorpos e de células T auxiliares, mas tipicamente não geram
respostas de CTL.
Vacina de DNA Vacina composta de um plasmídio bacteriano contendo um
DNA complementar que codifica um antígeno proteico. As vacinas de
DNA presumivelmente funcionam porque as APCs profissionais são
transfectadas in vivo pelo plasmídio e expressam peptídios
imunogênicos que desencadeiam respostas específicas. Além disso, o
DNA plasmidial contém nucleotídios CpG que atuam como potentes
adjuvantes.
Vacina de vírus vivo Vacina composta de uma forma de vírus vivo, mas
não patogênico (atenuado). Os vírus atenuados são portadores de
mutações que interferem no ciclo de vida viral ou em sua virulência.
Como as vacinas de vírus vivos na verdade infectam as células
receptoras, podem estimular de maneira eficiente as respostas imunes
ideais para proteção contra infecção por vírus selvagem. Uma vacina de
vírus vivo comumente utilizada é a vacina oral de poliovírus Sabin.
Vacina sintética Vacinas compostas de antígenos derivados de DNA
recombinante. Vacinas sintéticas para o vírus da hepatite B e para o
herpes-vírus simples estão atualmente em uso.
Variação antigênica Processo pelo qual os antígenos expressos pelos
microrganismos podem se alterar por meio de diversos mecanismos
genéticos e, dessa maneira, permitir que o microrganismo escape das
respostas imunes. Um exemplo de variação antigênica é a mudança nas
proteínas de superfície do vírus da influenza, hemaglutinina e
neuraminidase, as quais requerem o uso de novas vacinas a cada ano.
Varíola Doença causada pelo vírus da varíola. A varíola foi a primeira
doença infecciosa demonstrada como passível de prevenção pela
vacinação e a primeira doença a ser completamente erradicada por um
programa mundial de vacinação.
Vênulas de endotélio alto (HEVs; do inglês, high endothelial venules)
Vênulas especializadas que são os locais da migração de linfócitos do
sangue para o estroma de tecidos linfoides secundários. As HEVs são
recobertas por células endoteliais arredondadas, que emitem protrusões
para dentro do lúmen do vaso, e expressam moléculas de adesão únicas
envolvidas na ligação de células B e T naive e de memória central.
Via alternativa de ativação do complemento Via de ativação do sistema
complemento independente de anticorpo que ocorre quando o
fragmento C3b da proteína C3 se liga às superfícies celulares
microbianas. A via alternativa é um componente do sistema imune
inato e medeia as respostas inflamatórias à infecção, bem como a lise
direta de microrganismos. A via alternativa, bem como as vias clássica
e da lectina, terminam com a formação do complexo de ataque à
membrana.
Via clássica de ativação do complemento Via do complemento que é um
braço efetor da imunidade humoral, gerando mediadores inflamatórios,
opsoninas para fagocitose de antígenos e complexos líticos que
destroem as células. A via clássica é iniciada pela ligação de complexos
antígeno-anticorpo à molécula C1, levando à clivagem proteolítica das
proteínas C4 e C2 para gerar a C3 convertase da via clássica. A via
clássica, assim como as vias alternativa e das lectinas, culminam na
formação do complexo de ataque à membrana.
Via da lectina de ativação do complemento Via de ativação do
complemento desencadeada pela ligação de polissacarídios microbianos
às lectinas circulantes, como MBL. A MBL é estruturalmente similar ao
C1q e ativa o complexo enzimático C1r-C1s (como faz o C1q) ou ativa
outra serina esterase, denominada serina esterase associada à proteína
de ligação à manose. Os passos restantes da via da lectina, começando
pela clivagem de C4, são os mesmos da via clássica.
Via de sinalização JAK-STAT Via de sinalização iniciada pela ligação de
citocinas aos receptores de citocinas de tipos I e II. Esta via envolve
sequencialmente a ativação de tirosinoquinases Janus quinase (JAK)
associada ao receptor, fosforilação da tirosinas das caudas
citoplasmáticas dos receptores de citocina mediada por JAK,
acoplamento de transdutores de sinal e ativadores de transcrição
(STATs; do inglês, signal transducers and activators of transcription)
às cadeias fosforiladas do receptor, fosforilação das tirosinas das STATs
associadas mediada por JAK, dimerização e translocação nuclear das
STATs e ligação das STATs às regiões reguladoras de genes-alvo,
causando ativação transcricional desses genes.
Vigilância imunológica Conceito de que reconhecer e destruir clones de
células transformadas antes que elas se desenvolvam em tumores, bem
como matar tumores após se formarem, são funções fisiológicas do
sistema imune. O termo vigilância imunológica é, algumas vezes,
utilizado de modo genérico para descrever a função de linfócitos T em
detectar e destruir qualquer célula, não necessariamente uma célula
tumoral, que esteja expressando antígenos estranhos (p. ex.,
microbianos).
Vírus Organismo primitivo, parasita intracelular obrigatório, ou partícula
infecciosa que consiste em um genoma de ácido nucleico simples
acondicionado em um capsídio proteico, algumas vezes circundado por
um envelope de membrana. Muitos vírus patogênicos de animais
causam uma grande variedade de doenças. As respostas imunes
humorais aos vírus podem ser efetivas no bloqueio da infecção das
células, ao passo que as células NK e CTLs são necessárias para matar
as células já infectadas.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV; do inglês, human
immunodeficiency virus) Agente etiológico da AIDS. O HIV é um
retrovírus que infecta uma variedade de tipos celulares, incluindo
células T auxiliares CD4+, macrófagos e células dendríticas, e causa
destruição crônica e progressiva do sistema imune.
Vírus Epstein-Barr (EBV; do inglês, Epstein-Barr virus) Vírus de DNA
de dupla fita da família herpes-vírus e agente etiológico da
mononucleose infecciosa, está associado a alguns tumores malignos de
célula B e ao carcinoma nasofaríngeo. O EBV infecta linfócitos B e
algumas células epiteliais por ligação específica ao CR2 (CD21).
W
Western blot Técnica imunológica utilizada para determinar a presença de
uma proteína em uma amostra biológica. O método envolve a separação
de proteínas na amostra por eletroforese, transferência da matriz
proteica do gel de eletroforese para uma membrana de suporte por meio
de ação capilar (blotting) e, finalmente, a detecção da proteína pela
ligação de um anticorpo específico para aquela proteína marcado
enzimaticamente ou radioativamente.
X
XBP-1 Fator de transcrição necessário para a resposta de proteína
desdobrada e para o desenvolvimento de plasmócitos.
Xenoantígeno Antígeno em um enxerto de outra espécie.
Xenoenxerto (enxerto xenogênico) Enxerto de um órgão ou tecido
derivado de uma espécie diferente daquela do receptor. O transplante de
enxertos xenogênicos (p. ex., de um porco) para seres humanos não é
ainda prática devido a problemas especiais relacionados à rejeição
imunológica.
Xenorreativo Descrição de uma célula T ou anticorpo, que reconhece e
responde a um antígeno em um enxerto de outra espécie
(xenoantígeno). A célula T pode reconhecer uma molécula de MHC
xenogênica intacta ou um peptídio derivado de uma proteína
xenogênica ligada à molécula de MHC própria.
Z
Zona marginal Região periférica dos folículos linfoides esplênicos
contendo macrófagos que são particularmente eficientes na captura de
antígenos polissacarídicos. Tais antígenos podem persistir por períodos
prolongados nas superfícies dos macrófagos da zona marginal, onde
eles são reconhecidos pelas células B específicas, ou podem ser
transportados para dentro dos folículos.
Apêndice 1
Número
Principal
CD Estrutura molecular,
expressão Função(ões) conhecida(s) ou proposta(s)
(outros família
nomes) celular
CD1a-d 49 kDa; superfamília de Ig MHC- Timócitos, células Apresentação de antígenos não peptídicos (lipídios e
símile de classe I; associada à b2- dendríticas glicoproteínas) a algumas células T
microglobulina (incluindo células
de Langerhans)
CD2 (LFA- 50 kDa; superfamília de Ig Células T, células NK Molécula de adesão (liga-se a CD58); ativação de células T; lise
2) mediada por linfócitos T citotóxicos (CTL) e células natural
killer (NK)
CD3g 25 a 28 kDa; associada a CD3d e CD3e Células T Expressão na superfície celular e transdução de sinal pelo receptor
(CD3g) no complexo TCR; superfamília de antigênico da célula T
Ig; ITAM na cauda citoplasmática
CD3d 20 kDa; associada a CD3g e CD3e no Células T Expressão na superfície celular e transdução de sinal pelo receptor
(CD3d) complexo TCR; superfamília de Ig; antigênico da célula T
ITAM na cauda citoplasmática
CD3e 20 kDa; associada a CD3d e CD3g no Células T Expressão na superfície celular e transdução de sinal pelo receptor
(CD3e) complexo TCR; superfamília de Ig; antigênico da célula T
ITAM na cauda citoplasmática
CD4 55 kDa; superfamília de Ig Células T restritas ao Correceptor na ativação induzida por antígeno de células T
MHC de classe II; restritas ao MHC de classe II (liga-se a moléculas do MHC
alguns classe II); desenvolvimento de timócitos; receptor para o HIV
macrófagos
Número CD
Estrutura molecular, Principal expressão
(outros Função(ões) conhecida(s) ou proposta(s)
nomes) família celular
CD5 67 kDa; família de receptores Células T; subpopulação B1 Molécula de sinalização; liga-se a CD72
scavenger de células B
CD8a 34 kDa; expresso como um Células T restritas ao MHC Correceptor na ativação induzida por antígeno de células T
homodímero ou heterodímero de classe I; restritas ao MHC de classe I (liga-se a moléculas do MHC
com a cadeia CD8b subpopulação de células classe I); desenvolvimento de timócitos
dendríticas
CD10 100 kDa; proteína de membrana Células B imaturas e Metaloproteinase; função desconhecida no sistema imune
do tipo II algumas maduras;
progenitores linfoides,
granulócitos
CD11a 180 kDa; ligado não Leucócitos Adesão célula-célula; liga-se a ICAM-1 (CD54), ICAM-2
(cadeia a covalentemente a CD18 para (CD102) e ICAM-3 (CD50)
de LFA-1) formar a integrina LFA-1
CD11b (Mac- 165 kDa; ligado de forma não Granulócitos, monócitos, Fagocitose de partículas recobertas com iC3b; adesão de
1; CR3) covalente ao CD18 para formar macrófagos, células neutró los e monócitos ao endotélio (liga-se à CD54) e a
a integrina Mac-1 dendríticas, células NK proteínas da matriz extracelular
CD11c (p 145 kDa; ligado não Monócitos, macrófagos, Funções similares às de CD11b
150,95; covalentemente ao CD18 para granulócitos, células NK
cadeia formar a integrina p150,95
CR4a)
CD14 53 kDa; ligado a GPI Células dendríticas, Liga-se ao complexo LPS e proteína ligante de LPS e
monócitos, macrófagos, apresenta o LPS ao TLR4; necessário para a ativação de
granulócitos macrófagos induzida por LPS
CD16a 50 a 70 kDa; proteína Células NK, macrófagos Liga-se à região Fc da IgG; fagocitose e citotoxicidade
(FcgRIIIA) transmembrana; superfamília celular dependente de anticorpo
de Ig
CD16b 50 a 70 kDa; ligado a GPI; Neutró los Liga-se à região Fc da IgG; sinergismo com FcgRII na
(FcgRIIIB) superfamília de Ig ativação de neutró los mediada por imunocomplexos
CD18 95 kDa; ligado de forma não Leucócitos Ver CD11a, CD11b, CD11c
covalente a CD11a, CD11b ou
CD11c para formar as b2-
integrinas
CD19 95 kDa; superfamília de Ig Maioria das células B Ativação de células B; forma um complexo
correceptor com CD21 e CD81 que de agram
sinais que sinergizam com os sinais do
complexo receptor antigênico da célula B
CD20 35 a 37 kDa; família tetraspan Células B Possível papel na ativação ou regulação de células
(TM4SF) B; canal iônico de cálcio
CD21 (CR2; 145 kDa; reguladores de ativação do Células B maduras, células Receptor para o fragmento C3d do complemento;
receptor de complemento dendríticas foliculares forma um complexo correceptor com CD19 e
C3d) CD81 que de agram sinais ativadores em
células B; receptor para o vírus Epstein-Barr
CD22 (Siglec-2) 130 a 140 kDa; superfamília de Ig; Células B Regulação da ativação de células B; molécula de
família Siglec; ITIM na cauda adesão
citoplasmática
CD23 (FceRIIB) 45 kDa; lectina tipo C Células B ativadas, monócitos, Receptor Fce de baixa a nidade, induzido por IL-
macrófagos 4; a função não está clara
CD25 (cadeia a 55 kDa; associado de forma não Células T e B ativadas, células T Liga-se à IL-2 e promove respostas a baixas
do receptor covalente com as cadeias IL-2Rb reguladoras (Treg) concentrações de IL-2
de IL-2) (CD122) e IL-2Rg (CD132) para
formar o receptor de alta
a nidade da IL-2
CD28 Homodímero de cadeias de 44 kDa; Células T (todas as CD4+ e Receptor de células T para as moléculas
superfamília de Ig >50% das células CD8 em + coestimuladoras CD80 (B7-1) e CD86 (B7-2)
seres humanos; todas as
células T maduras em
camundongos)
CD29 130 kDa; ligado de forma não Células T, células B, monócitos, Adesão de leucócitos a proteínas da matriz
covalente às cadeias CD49a-d granulócitos extracelular e endotélio (ver CD49)
para formar as integrinas VLA (b1)
CD30 (TNFRSF8; 120 kDa; superfamília do TNFR Células T e B ativadas; células Não estabelecida
do inglês, TNF NK, monócitos, células de
receptor Reed-Sternberg na doença
superfamily de Hodgkin
8)
CD31 (PECAM-1; 130 a 140 kDa; superfamília de Ig Plaquetas, monócitos, Molécula de adesão envolvida na transmigração
do inglês, granulócitos, células B, de leucócito através do endotélio
platelet/ células endoteliais
endotelial cell
adhesion
molecule 1)
CD32 (FcgRII) 40 kDa; superfamília de Ig; as formas A, B e Células B, macrófagos, células dendríticas, Receptor Fc para agregados de
C são produtos de genes diferentes mas granulócitos IgG; a forma B atua como
homólogos; ITAM na cauda receptor inibitório que
citoplasmática da forma A; ITIM na bloqueia sinais de ativação
cauda citoplasmática da forma B em células B e outras células
CD34 105 a 120 kDa; sialomucina Precursores de células hematopoéticas; ? Papel na adesão célula-célula
células endoteliais nas vênulas de
endotélio alto
CD35 (receptor 190 a 285 kDa (quatro produtos de alelos Granulócitos, monócitos, eritrócitos, Liga-se a C3b e C4b; promove
de polimór cos); família de reguladores da células B, células dendríticas fagocitose de partículas
complemento ativação do complemento foliculares, algumas células T recobertas com C3b ou C4b e
tipo 1, CR1) imunocomplexos; regula a
ativação do complemento
CD40 Homodímero de cadeias de 44 a 48 kDa; Células B, macrófagos, células dendríticas, Liga-se à CD154 (CD40 l); papel
superfamília do TNFR células endoteliais na ativação de células B,
macrófagos e células
dendríticas mediada por
células T
CD43 95 a 135 kDa; sialomucina Leucócitos (exceto células B circulantes) ? Papel na adesão célula-célula
CD44 80 a > 100 kDa, altamente glicosilada Leucócitos, eritrócitos Liga-se ao ácido hialurônico;
envolvido na adesão de
leucócitos a células
endoteliais e matriz
extracelular
CD45 (antígeno Múltiplas isoformas, 180 a 220 kDa (ver Células hematopoéticas Tirosina fosfatase que regula a
leucocitário CD45R); família dos receptores de ativação de células T e B
comum [LCA; tirosina fosfatases proteicas; família da
do inglês, bronectina tipo III
leukocyte
common
antigen])
CD45R CD45RO:180 kDa; CD45RA:220 kDa; CD45RO: células T de memória Ver CD45
CD45RB: isoformas de 190, 205 e 220 subpopulações de células B;
kDa monócitos, macrófagos CD45RA:
células T naive, células B, monócitos
CD45RB: células B, subpopulações de
células T
CD46 (proteína cofator de 52 a 58 kDa; família de Leucócitos, células epiteliais, Regulação da ativação do complemento
membrana [MCP; do inglês, reguladores da broblastos
membrane cofactor protein]) ativação do
complemento
CD47 47 a 52 kDa; superfamília Todas as células hematopoéticas, Adesão, migração e ativação leucocitária;
de Ig células epiteliais, células ligante para a proteína reguladora de
endoteliais, broblastos sinal a (SIRPa); sinal “não me coma”
para fagócitos
CD49d 150 kDa; ligado de forma Células T, monócitos, células B, Adesão de leucócitos ao endotélio e
não covalente ao CD29 células NK, eosinó los, matriz extracelular; liga-se a VCAM-1 e
para formar VLA-4 células dendríticas, timócitos MadCAM-1; liga-se à bronectina e
(integrina a4b1) aos colágenos
CD54 (ICAM-1) 75 a 114 kDa; Células T, células B, monócitos, Adesão célula-célula; ligante para
superfamília de Ig células endoteliais (induzível CD11aCD18 (LFA-1) e CD11bCD18
por citocina) (Mac-1); receptor para rinovírus
CD55 (fator de aceleração de 55 a 70 kDa; ligado a GPI; Ampla Regulação da ativação do complemento
decaimento [DAF; do inglês, família de reguladores
decay-accelerating factor]) da ativação do
complemento
CD58 (antígeno 3 associado à 55 a 70 kDa; ligado a GPI Ampla Adesão leucocitária; liga-se a CD2
função do leucócito [LFA-3 do ou proteína integral de
inglês, leukocyte function- membrana
associated antigen 3])
CD62E (E-selectina) 115 kDa; família das Células endoteliais Adesão leucócito-endotélio
selectinas
CD62L (L-selectina) 74 a 95 kDa; família das Células B, células T, monócitos, Adesão leucócito-endotélio; homing de
selectinas granulócitos, algumas células células T naive para linfonodos
NK periféricos
CD62P (P-selectina) 140 kDa; família das Plaquetas, células endoteliais Adesão de leucócitos ao endotélio,
selectinas (presente em grânulos, plaquetas; liga-se à CD162 (PSGL-1)
translocados para superfície
da célula na ativação)
CD64 (FcgRI) 72 kDa; superfamília de Ig; Monócitos, macrófagos, Receptor Fcg de alta a nidade; papel na fagocitose,
associado de forma não neutró los ativados CCDA, ativação de macrófagos
covalente à cadeia g
comum do FcR
CD66e (antígeno 180 a 220 kDa; superfamília Células epiteliais colônicas e ? Adesão, marcador clínico da carga do carcinoma
carcinoembriônico de Ig; família do CEA outras
[CEA; do inglês,
carcinoembryonic
antigen])
CD69 23 kDa; lectina tipo C Células B ativadas, células T, Liga-se a S1 PR1 e diminui sua expressão na
células NK, neutró los superfície, dessa forma promovendo a retenção
de linfócitos recém-ativados nos tecidos linfoides
CD74 (cadeia invariante Isoformas de 33, 35 e 41 Células B, células dendríticas, Liga-se a moléculas do MHC de classe II recém-
do MHC de classe II kDa monócitos, macrófagos; sintetizadas e direciona sua segregação
[Ii]) outras células expressando intracelular
MHC de classe II
CD79a (Iga) 33 e 45 kDa; forma dímeros Células B maduras Necessário para a expressão na superfície celular e
com CD79b; transdução de sinal pelo complexo receptor
superfamília de Ig; ITAM antigênico das células B
na cauda citoplasmática
CD79b (Igb) 37 a 39 kDa; forma dímeros Células B maduras Necessário para a expressão na superfície celular e
com CD79a; transdução de sinal pelo complexo receptor
superfamília de Ig; ITAM antigênico das células B
na cauda citoplasmática
CD80 (B7-1) 60 kDa; superfamília de Ig Células dendríticas, células B Coestimulador para ativação de linfócitos T; ligante
e macrófagos ativados para CD28 e CD152 (CTLA-4)
CD81 (TAPA 1; do 26 kDa; tetraspan (TM4SF) Células T, células B, células Ativação de células B; forma um complexo
inglês, target for NK, células dendríticas, correceptor com CD19 e CD21 que de agra sinais
antiproliferative timócitos, células que sinergizam com sinais do complexo receptor
antigen 1) endoteliais antigênico das células B
CD86 (B7-2) 80 kDa; superfamília de Ig Células B, monócitos; células Coestimulador para ativação de linfócitos T; ligante
dendríticas; algumas para CD28 e CD152 (CTLA-4)
células T
CD88 (receptor de C5a) 43 kDa; família de Granulócitos, monócitos, Receptor para o fragmento C5a do complemento;
receptores de sete células dendríticas, papel na in amação induzida pelo complemento
domínios mastócitos
transmembrana
acoplados à proteína G
CD89 (receptor de Fca 55 a 75 kDa; superfamília Granulócitos, monócitos, Liga-se à IgA; medeia citoxicidade celular
[FcaR]) de Ig; associado de macrófagos, dependente de IgA
forma não covalente à subpopulações de células
cadeia g comum do FcR T, subpopulações de
células B
CD90 (Thy-1) 25 a 35 kDa; ligado a GPI; Timócitos, células T Marcadores para células T; função desconhecida
superfamília de Ig periféricas
(camundongos), células
progenitoras
hematopoéticas CD34+,
neurônios
CD94 43 kDa; lectina tipo C; nas células NK, Células NK, subpopulação de Complexo CD94/NKG2 atua como um receptor
associa-se de forma covalente a + de inibição das células NK; liga-se à
células T CD8
outras moléculas de lectina tipo C molécula do MHC de classe I HLA-E (do
(NKG2) inglês, human leukocyte antigen E)
CD95 (Fas) Homotrímero com cadeias de 45 kDa; Ampla Liga-se ao Fas-ligante; de agra sinais que
superfamília do TNFR induzem morte apoptótica
CD102 (ICAM-2) 55 a 65 kDa; superfamília de Ig Células endoteliais, Ligante para CD11aCD18 (LFA-1); adesão
linfócitos, monócitos, célula-célula
plaquetas
CD103 (subunidade Dímeros com subunidades de 150 e Linfócitos intraepiteliais, Papel no homing de células T e sua retenção na
de integrina aE) 25 kDa; ligado de forma não outros tipos celulares mucosa; liga-se à E-caderina
covalente à subunidade de
integrina b7 para formar a
integrina aEb7
CD106 (VCAM-1) 100 a 110 kDa; superfamília de Ig Células endoteliais, Adesão das células ao endotélio; receptor para
macrófagos, células integrina CD49 dCD29 (VLA-4); papel no
dendríticas foliculares, tráfego e ativação de linfócitos
células estromais da
medula
CD134 (OX40, 29 kDa; superfamília do TNFR Células T ativadas Receptor para CD252 de células T;
TNFRSF4) coestimulação de células T
CD141 (BDCA-3, 60 kDa, domínios do tipo EGF Apresentação cruzada por Liga-se à trombina e impede a coagulação
trombomodulina) células dendríticas, sanguínea
monócitos, células
endoteliais
CD150 (SLAM; do 37 kDa; superfamília de Ig Timócitos, linfócitos Regulação das interações célula B-célula T e
inglês, signaling ativados, células ativação de linfócitos
lymphocyte dendríticas, células
activation endoteliais
molecule)
CD152 (CTLA-4; do 33, 50 kDa; superfamília de Ig Linfócitos T ativados; células Medeia a função supressora de células T
inglês, cytotoxic T T reguladoras reguladoras; inibe as respostas das células T;
lymphocyte- liga-se a CD80 e (B7-1) e CD86 (B7-2) nas
associated protein células apresentadoras de antígenos
4)
CD154 (CD40-ligante Homotrímeros com cadeias de 32 a Células T CD4+ ativadas Ativação de células B, macrófagos e células
[CD40 l]) 39 kDa; superfamília do TNFR endoteliais; ligante para CD40
Principal
Número CD (outros Estrutura
nomes)
expressão Função(ões) conhecida(s) ou proposta(s)
molecular, família
celular
CD158 (KIR; do inglês, 50 e 58 kDa; superfamília Células NK, Inibição ou ativação de células NK durante interação com
killer Ig-like receptor) de Ig; família KIR; ITIMs subpopulação moléculas apropriadas de HLA de classe I
ou ITAMs na cauda de células T
citoplasmática
CD159a (NKG2A) 43 kDa; lectina tipo C; Células NK, Inibição ou ativação de células NK durante interação com
forma heterodímero subpopulação moléculas de HLA de classe I
com CD94 de células T
CD159c (NKG2C) 40 kDa; lectina tipo C; Células NK Ativação de células NK durante interação com moléculas
forma heterodímero apropriadas de HLA de classe I
com CD94
CD162 (PSGL-1; do Homodímero com cadeias Células T, Ligante para selectinas (CD62 P, CD62 l); adesão de leucócitos ao
inglês, P-selectin de 120 kDa; sialomucina monócitos, endotélio
glycoprotein ligand 1) granulócitos,
algumas
células B
CD178 (Fas-ligante Homotrímero com Células T ativadas Ligante para CD95 (Fas); dispara morte apoptótica
[FasL]) subunidades de 31 kDa;
superfamília do TNF
CD206 (receptor de 166 kDa; lectina tipo C Macrófagos Liga-se a glicoproteínas contendo altas quantidades de manose
manose) em patógenos; medeia endocitose de glicoproteínas pelos
macrófagos e fagocitose de bactérias, fungos e outros
patógenos
CD223 (LAG3; do inglês, 57,4 kDa; superfamília de Células T, células Liga-se ao MHC de classe II; inibe ativação de células T
lymphocyteactivation Ig NK, células B,
gene 3]) DCs
plasmocitoides
CD244 (2B4) 41 kDa; superfamília de Ig; Células NK, Receptor para CD148; modula a atividade citotóxica de células
família CD2/CD48/ Células T NK
CD58; família SLAM CD8+, células T
gd
CD247 (cadeia z do TCR 18 kDa; ITAMs na cauda Células T; células Cadeia de sinalização do complexo TCR e dos receptores de
citoplasma NK ativação de células NK
CD252 (OX40ligante) 21 kDa; superfamília do Células Ligante para CD134 (OX40, TNFRSF4); coestimula células T
TNF dendríticas,
macrófagos e
células B
CD267 (TACI) 31 kDa; superfamília do Células B Receptor das citocinas BAFF e APRIL; medeia respostas T-
TNFR independente de células B e a sobrevivência de células B
CD268 (receptor de 19 kDa; superfamília do Células B Receptor de BAFF; medeia a sobrevivência de células B
BAFF) TNFR
Principal
Número CD (outros Estrutura molecular,
nomes)
expressão Função(ões) conhecida(s) ou proposta(s)
família
celular
CD269 (BCMA; do inglês, B 20 kDa; superfamília do TNFR Células B Receptor de BAFF e APRIL, medeia a
cell maturation sobrevivência de plasmócitos
antigen)
CD273 (PD-L2) 25 kDa; superfamília de Ig; Células dendríticas, Ligante para PD-1; inibe a ativação de células T
estruturalmente homólogo ao B7 monócito
macrófagos
CD274 (PD-L1) 33 kDa; superfamília de Ig; Leucócitos, outras Ligante para PD-1; inibe a ativação de células T
estruturalmente homólogo ao B7 células
CD275 (ICOS-ligante) 60 kDa; superfamília de Ig; Células B, células Liga-se ao ICOS (CD278); coestimulação de
estruturalmente homólogo ao B7 dendríticas células T
monócitos
CD278 (ICOS; do inglês, 55 a 60 kDa; superfamília de Ig; Células T ativadas Liga-se ao ICOS-L (CD275); coestimulação de
inducible costimulator) estruturalmente homólogo ao células T e diferenciação de Tfh
CD28
CD279 (PD1) 55 kDa; superfamília de Ig; Células T e B ativadas Liga-se a PD-L1 e PD-L2; inibe a ativação de
estruturalmente homólogo ao células T
CD28; ITIM e ITSM na cauda
citoplasmática
CD303 (BDCA2, CLEC4C; do 25 kDa; superfamília de lectinas tipo Células dendríticas Liga-se a carboidratos microbianos; inibe a
inglês, C-type lectin C plasmocitoides ativação de células dendríticas
domain Family 4
member C)
CD304 (BDCA4, 103 kDa; ligante do complemento; Células dendríticas Receptor do fator A de crescimento do
Neuropilina) fator de coagulação V/VIII e plasmocitoides, endotélio vascular
domínios de meprina muitos outros tipos
celulares
CD314 (NKG2D) 42 kDa; lectina tipo C Células NK, células T Liga-se ao MHC de classe I, e às moléculas MIC-
+ A, MIC-B classe I-símiles, Rae1 e ULBP4;
CD8 ; células NK-T,
algumas células papel na ativação de células NK e CTL
mieloides
CD357 (GITR, TNFRSF18) 26 kDa; superfamília do TNFR Células T CD4+ e CD8+, ? Papel na tolerância de células T/função Treg
Treg
CD363 (S1 PR1; do inglês, 42,8 kDa; família de receptores de Linfócitos, células Liga-se à es ngosina 1-fosfato e medeia a
type 1 sphingosine-1- sete domínios transmembrana endoteliais quimiotaxia de linfócitos para fora dos
phosphate receptor 1]) acoplados à proteína G órgãos linfoides
CD365 (HAVCR1; do inglês, 38,7 kDa; superfamília de Ig, Células T, rim e Receptor para diversos vírus
hepatitis A virus cellular transmembrana nas células T, testículos
receptor 1, TIM-1) imunoglobulina e família de
mucinas
Principal
Número CD (outros Função(ões) conhecida(s) ou
nomes)
Estrutura molecular, família expressão proposta(s)
celular
CD366 (HAVCR2; do inglês, 33,4 kDa; superfamília de Ig, Células T, Receptor para diversos vírus; liga-se à
hepatitis A virus cellular transmembrana nas células T, macrófagos, fosfatidilserina das células apoptóticas;
receptor 2, TIM-3) imunoglobulina e família das células inibe a resposta de células T
mucinas dendríticas e
células NK
CD369 (CLEC7A, DECTINA 1) 27,6 kDa; lectina tipo C Células dendríticas, Receptor de reconhecimento de padrão
monócitos especí co para glicanas da parede celular
macrófagos, fúngica e bacteriana
células B
As letras minúsculas, associadas a alguns números de CD, referem-se a moléculas CD
que são codificadas por múltiplos genes ou pertencem a famílias de proteínas
estruturalmente relacionadas. CCDA, Citoxicidade celular dependente de anticorpo;
APRIL, ligante indutor de proliferação; BAFF, fator ativador de célula B pertencente à
família do TNF; CTL, linfócito T citotóxico; gp, glicoproteína; GITR, indutor de glicorticoide
relacionado ao TNFR; GPI, glicofosfatidilinosiltol; ICAM, molécula de adesão intercelular;
Ig, imunoglobulina; IL, interleucina; ITAM, motivo de ativação baseado na tirosina do
imunorreceptor; ITIM, motivo de inibição baseado na tirosina do imunorreceptor; LFA,
antígeno associado à função do linfócito; LPS, lipopolissacarídeo; MadCAM, molécula de
adesão celular adressina de mucosa; MHC, complexo principal de histocompatibilidade;
células NK, células natural killer; TACI, ativador transmembrana que interage com CAML;
TCR, receptor de células T; TLR, receptor do tipo Toll; TNF, fator de necrose tumoral; TNFR,
receptor de TNF; VCAM, molécula de adesão de células vasculares; VLA, ativação muito
tardia.
Apêndice 2
Citocinas
Receptor de
Citocina e Principal
subunidades
citocina e Principais alvos celulares e efeitos biológicos
fonte celular
subunidades*
Interleucina-2 Células T CD25 (IL-2Ra) Células T: proliferação e diferenciação em células efetoras e de memória;
(IL-2) CD122 (IL-2Rb) promove desenvolvimento, sobrevivência e função da célula T reguladora
CD132(gc) Células NK: proliferação, ativação
Interleucina-3 Células T CD123 (IL-3Ra) Progenitores hematopoéticos imaturos: maturação de todas as linhagens
(IL-3) CD131 (bc) hematopoéticas
Interleucina-4 Células T CD4+ CD124 (IL-4Ra) Células B: troca de isótipo para IgE, IgG4 (em seres humanos; IgG1 em
(IL-4) (Th2, Tfh), CD132(gc) camundongos)
mastócitos Células T: diferenciação em Th2, proliferação Macrófagos: ativação alternativa e
inibição de ativação clássica IFN-g-mediada
Interleucina-5 Células T CD4+ CD125 (IL-5Ra) Eosinó los: ativação, geração aumentada
(IL-5) (Th2), ILCs CD131 (bc)
grupo 2
Interleucina-6 Macrófagos, CD126 (IL-6Ra) Fígado: síntese de proteína de fase aguda Células B: proliferação de células
(IL-6) células CD130 (gp130) produtoras de anticorpo Células T: diferenciação em Th17
endoteliais,
células T
Interleucina-7 Fibroblastos, CD127 (IL-7R) Progenitores linfoides imaturos: proliferação dos progenitores iniciais de células
(IL-7) células CD132(gc) T e B Linfócitos T: sobrevivência de células naive e de memória
estromais da
medula óssea
Interleucina-9 Células T CD4+ CD129 (IL-9R) Mastócitos, células B, células T e células teciduais: sobrevivência e ativação
(IL-9) CD132(gc)
Interleucina-11 Células estromais IL-11Ra CD130 Produção de plaquetas
(IL-11) da medula (gp130)
óssea
Interleucina-12 Macrófagos, CD212 (IL-12Rb1) Células T: diferenciação em Th1 Células NK e células T: síntese de IFN-g,
(IL-12) IL- células IL-12Rb2 atividade citotóxica aumentada
12A (p35) dendríticas
IL-12B (p40)
Receptor de
Citocina e
subunidades
Principal fonte celular citocina e Principais alvos celulares e efeitos biológicos
subunidades*
Interleucina-13 Células T CD4+ (Th2), células CD213a1 (IL-13Ra1) Células B: troca de isótipo para IgE Células epiteliais: produção
(IL-13) NKT, ILCs grupo 2, mastócitos CD213a2 (IL- aumentada de muco Macrófagos: ativação alternativa
13Ra2) CD132 (gc)
Interleucina-15 Macrófagos, outros tipos IL-15Ra CD122 (IL- Células NK: proliferação Células T: sobrevivência e proliferação
(IL-15) celulares 2Rb) CD132(gc) de células CD8+ de memória
Interleucina-17A Células T CD4+ (Th17), ILCs CD217 (IL-17RA) IL- Células epiteliais, macrófagos e outros tipos celulares:
(IL-17A) grupo 3 17RC produção aumentada de quimiocinas e citocinas; produção
Interleucina-17F de GM-CSF e G-CSF
(IL-17F)
Interleucina-23 Macrófagos, células dendríticas IL-23R CD212 (IL- Células T: diferenciação e proliferação de células Th17
(IL-23): IL-23A 12Rb1)
(p19)
IL-12B (p40)
Interleucina-25 Células T, mastócitos, eosinó los, IL-17RB Células T e vários outros tipos celulares: expressão de IL-4, IL-
(IL-25; IL-17E) macrófago células epiteliais 5, IL-13
de mucosa
Interleucina-27 Macrófagos, células dendríticas IL-27Ra CD130 Células T: intensi cação da diferenciação em Th1; inibição da
(IL-27): IL-27 (gp130) diferenciação em Th17 Células NK: síntese de IFN-g?
(p28)
EBI-3
Fator da célula- Células estromais da medula CD117 (KIT) Células-tronco hematopoéticas pluripotentes: maturação de
tronco óssea todas as linhagens hematopoéticas
(ligante de c-
Kit)
CSF de Células T, macrófagos, células CD116 (GM-CSFRa) Progenitores imaturos e comprometidos, macrófagos
granulócitos e endoteliais, broblastos CD131 (bc) maduros: maturação de granulócitos e monócitos,
monócitos ativação de macrófagos
(GM-CSF)
CSF de monócitos Macrófagos, células endoteliais, CD115 (CSF1R) Progenitores hematopoéticos comprometidos: maturação de
(M-CSF, CSF1) células da medula óssea, monócitos
broblastos
CSF de Macrófagos, broblastos, células CD114 (CSF3R) Progenitores hematopoéticos comprometidos: maturação de
granulócitos endoteliais granulócitos
(G-CSF, CSF3)
Receptor de
Citocina e Principais alvos celulares e efeitos
subunidades
Principal fonte celular citocina e biológicos
subunidades*
Linfopoietina Queratinócitos, células epiteliais brônquicas, Receptor de TSLP Células dendríticas: ativação Eosinó los: ativação
estromal broblastos, células musculares lisas, células CD127 (IL-7R) Mastócitos: produção de citocinas Células T:
tímica (TSLP) endoteliais, mastócitos, macrófagos, diferenciação em Th2
granulócitos e células dendríticas
Interferona-a Células dendríticas plasmocitoides, macrófagos IFNAR1 CD118 Todas as células: estado antiviral, expressão
(IFN-a) (IFNAR2) aumentada do MHC de classe I Células NK:
(múltiplas ativação
proteínas)
Interferona-b Fibroblastos, células dendríticas plasmocitoides IFNAR1 CD118 Todas as células: estado antiviral, expressão
(IFN-b) (IFNAR2) aumentada do MHC de classe I Células NK:
ativação
Interferona-g Células T (Th1, células T CD8+), células NK, ILCs CD119 (IFNGR1) Macrófagos: ativação clássica (funções
(IFN-g) grupo 1 IFNGR2 microbicidas aumentadas)
Células B: troca de isótipo para subclasses de IgG
opsonizadoras e xadoras de complemento
(estabelecido em camundongos e não em
seres humanos)
Células T: diferenciação em Th1 Várias células:
expressão aumentada de moléculas do MHC
de classes I e II, aumento do processamento e
apresentação antigênica para células T
Interleucina-10 Macrófagos, células T (principalmente células T CD210 (IL-10Ra) IL- Macrófagos, células dendríticas: inibição da
(IL-10) regulatórias) 10Rb expressão de IL-12, coestimuladores e MHC
de classe II
Fator inibidor de Trofoectoderme embrionária, células estromais da CD118 (LIFR) Células-tronco: bloqueio na diferenciação
leucemia medula óssea CD130 (gp130)
(LIF)
Oncostatina M Células estromais da medula óssea OSMR CD130 Células endoteliais: regulação da produção de
(gp130) citocinas hematopoéticas Células cancerosas:
inibição de proliferação
Receptor de
Citocina e Principais alvos celulares e efeitos
subunidades
Principal fonte celular citocina e biológicos
subunidades*
APRIL (CD256, Células T, células dendríticas, monócitos, células TACI (TNFRSF13B) Células B: sobrevivência, proliferação
TNFSF13) dendríticas foliculares ou
BCMA (TNFRSF17)
BAFF (CD257, Células dendríticas, monócitos, células BAFF-R Células B: sobrevivência, proliferação
TNFSF13B) dendríticas foliculares, células B (TNFRSF13C) ou
TACI (TNFRSF13B)
ou BCMA
(TNFRSF17)
Linfotoxina-ab Células T, células NK, células B foliculares, células LTbR Células estromais do tecido linfoide e células
(LTab) indutoras linfoides dendríticas foliculares: expressão de
quimiocina e organogênese linfoide
Fator de necrose Macrófagos, células NK, células T CD120a (TNFRSF1) Células endoteliais: ativação (in amação,
tumoral (TNF, ou CD120b coagulação)
TNFSF1) (TNFRSF2) Neutró los: ativação Hipotálamo: febre
Músculo, gordura: catabolismo (caquexia)
Interleucina-1a (IL- Macrófagos, células dendríticas, broblastos, CD121a (IL-1R1) Células endoteliais: ativação (in amação,
1a) células endoteliais, queratinócitos, IL-1RAP ou CD121b coagulação)
hepatócitos (IL-1R2) Hipotálamo: febre
Interleucina-1b (IL- Macrófagos, células dendríticas, broblastos, CD121a (IL-1R1) Células endoteliais: ativação (in amação,
1b) células endoteliais, queratinócitos IL-1RAP ou CD121b coagulação)
(IL-1R2) Hipotálamo: febre Fígado: síntese de
proteínas de fase aguda Células T:
diferenciação em Th17
Antagonista de Macrófagos CD121a (IL-1R1) IL- Várias células: antagonista competitivo de IL-1
recepto de 1RAP
interleucina-1
(IL-1RA)
Interleucina-18 (IL- Monócitos, macrófagos, células dendríticas, CD218a (IL-18Ra) Células NK e células T: síntese de IFN-g
18) células de Kupffer, queratinócitos, CD218b (IL- Monócitos: expressão de GM-CSF, TNF, IL-
condrócitos, broblastos sinoviais, 18Rb) 1b Neutró los: ativação, liberação de
osteoblastos citocinas
Interleucina-33 (IL-33) Células endoteliais, células ST2 (IL1RL1) proteína Células T: desenvolvimento de Th2 ILCs:
musculares lisas, queratinócitos, acessória do receptor de ativação de ILCs grupo 2
broblastos IL-1 (IL1RAP)
Outras citocinas
Casos Clínicos
Este apêndice apresenta cinco casos clínicos que ilustram várias doenças
envolvendo o sistema imune. Estes casos não se destinam a ensinar
habilidades clínicas e sim mostrar como a ciência básica da Imunologia
contribui para o nosso conhecimento sobre as doenças humanas. Cada caso
ilustra as formas de manifestação típicas de uma doença, os testes usados no
diagnóstico e os modos de tratamento comuns. O apêndice foi compilado
com o auxílio dos seguintes colaboradores: Dr. Richard Mitchell e Dr. Jon
Aster, Department of Pathology, Brigham and Women’s Hospital, Boston;
Dr. Robin Colgrove, Harvard Medical School, Boston; Dr. George Tsokos,
Department of Medicine, Beth Israel-Deaconess Hospital, Boston; Dr. David
Erle e Dr. Laurence Cheng, Department of Medicine, University of
California San Francisco; e Dr. James Faix, Department of Pathology,
Stanford University School of Medicine, Palo Alto.
CASO 1: LINFOMA
E.B. era um engenheiro químico de 58 anos de idade que sempre viveu bem.
Até que um dia, de manhã, durante o banho, ele notou um caroço em sua
virilha esquerda. Não era macio e a pele sobrejacente parecia normal.
Algumas semanas depois, ele começou a se preocupar com o caroço que não
desaparecia e acabou agendando uma consulta com o médico, após dois
meses. Durante o exame físico, o médico notou um nódulo subcutâneo firme
e móvel, medindo cerca de 3 cm de diâmetro, localizado na região inguinal
esquerda. O médico perguntou a E.B. se ele tinha percebido recentemente
alguma infecção no pé ou na perna esquerda; E.B. disse que não. Ele se
queixou de estar acordando com frequência durante a noite, encharcado de
suor. O médico também notou que alguns linfonodos estavam discretamente
aumentados no lado direito do pescoço de E.B. Os outros achados do exame
médico foram normais. O médico explicou que a massa inguinal
provavelmente era um linfonodo, que estava aumentado devido a uma
reação a alguma infecção. Entretanto, ele coletou amostras de sangue para
realizar testes e encaminhou E.B. a um cirurgião, que realizou uma aspiração
de células do linfonodo por agulha fina. O exame de esfregaços preparados
com as células aspiradas revelou principalmente linfócitos pequenos
irregulares. A avaliação por citometria de fluxo destas células mostrou que
havia dez vezes mais células B expressando cadeia leve l de imunoglobulina
(Ig), em comparação ao número de células B expressando cadeia leve k de
Ig.
Devido à suspeita de linfoma de célula B, um tumor maligno de células
da linhagem dos linfócitos B, o cirurgião optou pela remoção total do
linfonodo. O exame histológico revelou uma expansão do linfonodo por
estruturas foliculares compostas principalmente por linfócitos de tamanhos
pequeno a intermediário, apresentando contornos nucleares irregulares ou
“clivados”, misturados com números menores de linfócitos grandes
contendo nucléolos proeminentes (Figura A.1). A análise por citometria de
fluxo destas células mostrou uma população predominante de células B
expressando IgM, cadeia leve l, CD10 e CD20, enquanto as colorações
imuno--histoquímicas das lâminas mostraram uma forte coloração
citoplasmática para BCL-2. Com base nestes achados, foi estabelecido o
diagnóstico de linfoma folicular de baixo grau histológico.
Figura A.4 Resultado positivo no teste cutâneo (prick test) para antígenos
ambientais. Pequenas quantidades dos antígenos são aplicadas nas
camadas superficiais da pele usando uma agulha fina para perfurar a pele.
Se houver mastócitos contendo imunoglobulina E ligada específica para o
antígeno testado, esse antígeno fará reação cruzada dos receptores Fc
com essa IgE ligada. Isto induz desgranulação dos mastócitos e liberação
de mediadores que levam à reação de pápula e eritema.