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Ficha 111

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A Experimentação Investigativa no Ensino de Ciências na

Educação Básica.
Raquel P. Neves Gonçalves 1(PG), Mara E. Jappe Goi 2(PQ). pnegonraquel@gmail.com
1
Aluna da Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Universidade Federal do
Pampa – Campus Caçapava do Sul/RS.
Professor Dr. da Universidade Federal do Pampa – Campus Caçapava do Sul/RS
2

Palavras-chave: Experimento Investigativo, Ensino Médio, Misturas.

Área temática: Experimentação.

Resumo: O PRESENTE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO RELATAR AS ATIVIDADES


REALIZADAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE VILA NOVA DO SUL/RS, EM DUAS
TURMAS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO. AS ATIVIDADES FORAM DE CUNHO EXPERIMENTAL,
CUJA PROPOSTA FOI CONTEXTUALIZAR E RELACIONAR O CONTEÚDO DE MISTURAS
HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS. NESSA PERSPECTIVA, FOI REALIZADA UMA BREVE
INTRODUÇÃO DO ASSUNTO E, DESENVOLVIDAS ATIVIDADES NO LABORATÓRIO DIDÁTICO.
DESTACA-SE ATRAVÉS DOS RESULTADOS QUE OS ALUNOS CONSEGUIRAM
COMPREENDER AS DIFERENÇAS ENTRE MISTURAS HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS E
QUE OS ESTUDANTES DEMONSTRARAM MOTIVAÇÃO PARA REALIZAR O EXPERIMENTO,
OBSERVAR OS RESULTADOS E DESCREVER O QUE OBSERVARAM, CONSTITUINDO-SE
COMO SUJEITOS ATIVOS, PARTICIPANTES E CRÍTICOS NO PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM, FORMULANDO HIPÓTESES E RESOLVENDO OS PROBLEMAS QUE
SURGIRAM DURANTE O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE.

Introdução
A educação em Ciências ao longo dos anos tem dedicado tempo e atenção
para os estudos relacionados ao processo de ensino aprendizagem, pois muitos
alunos apresentam dificuldades de aprendizagem nesta área. Atualmente existe um
desinteresse dos alunos pelo estudo das Ciências da Natureza, que pode estar
relacionado com o fato de eles não conseguirem fazer a relação entre o que se
aprende na escola com as atividades relacionadas ao seu cotidiano. Nesse sentido,
as atividades experimentais investigativas podem auxiliar a fazer essa correlação.
As atividades experimentais se configuram em uma estratégia didática, uma
vez que propiciam um ambiente favorável às abordagens das dimensões teórica,
representacional e, sobretudo, fenomenológica do conhecimento científico
(OLIVEIRA, 2010).
Para Giordan (1999), tanto alunos quanto professores costumam atribuir às
atividades experimentais um caráter motivador. A atividade experimental usada
como motivadora por alguns autores também é criticada por outros, como Hodson
(1994) afirma que as atividades práticas não são vistas de forma positiva por todos
os alunos.
Araújo e Abib (2003) classificam as atividades experimentais em três tipos:
atividades de demonstração, de verificação e de investigação. Nas atividades de
demonstração, o professor faz toda a atividade e os alunos apenas observam, as
atividades de verificação são realizados para comprovar uma teoria ou uma lei e
somente nas atividades investigativas os alunos participam do processo,
interpretando o problema e apresentando possíveis soluções para o mesmo.
Gonçalves e Marques (2006) relatam que com frequência os professores
justificam o não desenvolvimento das atividades experimentais devido à falta de
condições infraestruturais. Falta de laboratório ou de equipamentos e,
principalmente, pela falta de tempo para a preparação de aulas práticas. Segundo
Laburú (2009), outros docentes justificam a não realização dessas atividades em
função da carência de condições para tal, ao quantitativo de alunos por turma,
inadequação de infraestrutura física e material e carga horária reduzida.
Borges (2002) e Laburú (1999), sinalizam que o aspecto central na promoção de
aprendizagem através de atividades práticas, não é onde, mas como e para que elas
são realizadas, pois mais importante que um aparato experimental sofisticado e
específico, é a definição de objetivos a serem alcançados com esse tipo de aula,
bem como a clareza em relação ao papel da experimentação na aprendizagem dos
alunos.
Segundo Bassoli (2014), quando se estuda as deficiências na educação
científica, logo se remete à ausência de aulas experimentais na Educação Básica,
de modo que as atividades práticas investigativas são vistas como sinônimo de
inovação no ensino. Mas, por outro lado, deve-se entender que usar uma prática
tradicional com resultados programados não vai fazer com que o aluno tenha
interesse pela investigação e tampouco se preocupe com a formação de novos
conhecimentos, pois ele já sabe que tem um procedimento e que se realizar passo a
passo vai chegar à determinada resposta.
Um dos desafios do Ensino de Ciências é usar o senso comum, relacionando
ao que é ensinado com o cotidiano dos alunos. A experimentação sendo usada em
sala de aula como método de investigação da natureza, pode encontrar algumas
respostas e despertar nos estudantes o interesse pelo aprender, pelo construir
conhecimento científico a partir do seu cotidiano.
As aulas experimentais são favoráveis à motivação da aprendizagem dos
alunos, a formação de conceitos podem despertar o interesse pela observação,
investigação da natureza e até para a resolução de problemas, mas para que isso
ocorra, o papel do professor é fundamental como agente motivador e mediador
instigando o aluno na construção do conhecimento.
Oliveira (2010) ressalta que o professor deve cuidar para que as atividades
experimentais não se limitem apenas à visualização de fenômenos, fazendo com
que os alunos fiquem ainda mais presos à realidade concreta, ao que é visível. Cita
ainda que, nas aulas experimentais é essencial que os alunos sejam desafiados a
pensar sobre os fenômenos observados e a tentar relacioná-los com os conceitos
que já conhecem que fazem parte de seu nível de desenvolvimento real, para que
possam avançar no processo de aprendizagens de novos conceitos.
Segundo Gonçalves e Marques (2012), a experimentação nas escolas foram
influenciadas pelo lançamento de projetos de Ensino nos Estados Unidos e segundo
De Jong (1998), há uma descrença em estudos baseados somente em manuais,
compêndios, leis e conceitos, sinalizando-se também a incorporação de trabalhos
empíricos nas escolas, pois estes são inerentes às Ciências. No Brasil foi chamado
CHEMS Química: uma ciência experimental. Foi citado em CHEMS, 1967, sem
paginação:

- O título Química – uma ciência experimental, revela o tema


deste curso. Procurou-se apresentar e usar repetidamente um
quadro válido dos passos pelos quais um cientista avança.
Observações e medidas levam ao desenvolvimento de
princípios unificadores e, a seguir, esses princípios são usados
para inter-relacionar esses fenômenos. Confiou-se muito no
trabalho de laboratório para que os princípios da Química
pudessem ser obtidos diretamente das experiências realizadas
pelos estudantes. Este método além de dar uma visão correta e
não autoritária da origem dos princípios da Química dá ao
estudante o máximo de possibilidade para ele mesmo fazer as
descobertas; e estas constituem a parte mais excitante da
atividade científica (CHEMS, 1967, sem paginação).

A citação acima sinaliza que o aluno consegue fazer descobertas usando as


atividades experimentais, mas não leva em conta que para fazer essa descoberta
ele precisa saber os conceitos, como se o aluno, pela simples observação
aprenderia conceitos científicos. Apesar de o projeto Inglês ter sido criticado, não se
pode negar que ele influenciou no Brasil o uso da experimentação nas escolas.
A experimentação é relevante para a educação em Ciências, porque através
dela o aluno explora sua criatividade, seu senso crítico, se bem explorado pelo
professor, melhora seu processo de ensino-aprendizagem e sua alto-estima. O papel
do professor é importante, pois através da sua mediação vai criar espaços,
disponibilizar materiais e fazer a mediação na construção do conhecimento.
Para Azevedo (2004), a utilização de atividades investigativas pode conduzir
o aluno a refletir, discutir, explicar, relatar e, não apenas ficar restrito ao
favorecimento de manipulação de objetos e a observação de fenômenos.
Na perspectiva em trabalhar com atividades experimentais investigativas nas
aulas de Química da Educação Básica, implementou-se em turmas de primeiro Ano
do Ensino Médio a atividade “Identificar Misturas Homogêneas e Heterogêneas”,
trabalhando o conteúdo de misturas, mais especificamente a diferença entre elas,
relacionando a prática com a teoria estudada em sala, utilizando materiais
alternativos e de baixo custo. Esta proposta tem como objetivo trabalhar com as
Misturas Homogêneas e Heterogêneas oportunizando ao aluno construir conceitos
científicos através da experimentação investigativa.

Metodologia e Contexto da Pesquisa

A metodologia é de cunho qualitativo que para Ludke e André (1986), tem o


ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrument. Os dados coletados são predominantemente descritivos, sendo a
preocupação com o processo maior do que com o produto. O significado que as
pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador
e a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo, a observação é um dos
instrumentos básicos para reunir os dados durante este tipo de investigação. Como
uma das vantagens para esta técnica, pode-se referir o fato de a observação permitir
chegar mais perto da “perspectiva dos sujeitos” e a experiência direta serem melhor
para verificar as ocorrências. Segundo Minayo (1996,p.10), o método qualitativo é
aqueles capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como
inerente aos atos, as relações, e as estruturas sociais, sendo, essas últimas,
tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções
humanas significativas.
O Experimento Investigativo para reconhecer e diferenciar Misturas
Homogêneas e Heterogêneas tem objetivo observar e analisar que pode-se
visualmente identificar as misturas heterogêneas diferenciando-as, assim, das
homogêneas, bem como identificar o número de fases das misturas heterogêneas, e
desse modo, construir uma série de conceitos científicos.
Para Russel (1994), o conceito de mistura consiste em duas ou mais
substâncias fisicamente misturadas. As misturas são classificadas em homogêneas
e heterogêneas. A mistura homogênea apresenta uma única fase e a mistura
heterogênea duas ou mais fases.
O Experimento de identificação de misturas homogêneas e heterogêneas foi
realizado em duas turmas de 1º Ano de Ensino Médio, do turno matutino, em uma
escola estadual pertencente ao município de Vila Nova do Sul.
Para a realização da atividade os materiais foram preparados no laboratório
de Ciências da Natureza na escola em que foi implementada a experiência.
O primeiro passo para a realização do experimento foi a separação dos
materiais no laboratório da escola. Os materiais utilizados na experimentação foram:
béquer, proveta, pisseta, funil, bastão de vidro, colher, álcool, vinagre, água, gelo,
areia, açúcar (sacarose), sal (cloreto de sódio), óleo de soja, xarope de groselha,
querosene.
A aplicação das atividades ocorreu durante o primeiro trimestre letivo de
2017. Os alunos foram separados em três grupos no Laboratório de Ciências, cada
grupo recebeu material impresso contendo orientações sobre a realização da
atividade, os materiais que poderiam utilizar e algumas sugestões de misturas, mas
não foi descrito a quantidade e a ordem que deveria usar, deixando cada grupo
propor suas escolhas. Os materiais foram dispostos em cima de uma das bancadas
do laboratório onde os alunos puderam manusear, sendo incentivados a observar e
fazer questionamentos das misturas realizadas.
Como atividade final os alunos elaboraram um relatório dos experimentos
desenvolvidos a partir das discussões dos resultados obtidos. Esses relatórios foram
utilizados para análise e qualificação desse trabalho.

Resultados e Discussões

A partir da observação das aulas experimentais, dos relatórios elaborados


pelos alunos, emergiram as seguintes categorias de análises: levantamentos de
hipóteses, tipos de estratégias para desenvolver os experimentos e dificuldades
encontradas durante o processo.

Levantamento de Hipóteses

Lakatos e Marconi (2003) definem a hipótese como um enunciado geral de


relações entre variáveis (fatos ou fenômenos). Considera-se que a formulação de
hipóteses é relevante no processo investigativo.
Para que os alunos se tornem parte do processo de aprendizagem é
necessário que os mesmos participem ativamente no desenvolvimento das
atividades experimentais, e, com isso, formulem hipóteses que devem ser
investigadas.
A professora que implementou esse trabalho investigativo levantou uma
questão problema: “Quais misturas são homogêneas e quais são heterogêneas?”
A partir do problema levantado, os alunos elaboraram algumas hipóteses, isso
pode ser verificado no excerto abaixo:

Quando misturamos sal e água observamos que com aquela quantidade de


água não ficou bem definido se era uma mistura homogênea ou
heterogênea, pois ficou um pouco de sal no fundo do béquer.
Acrescentamos mais 10 mL de água e chegamos à conclusão que a mistura
era homogênea, monofásica e tinha dois components (Grupo B).

Analisando a descrição do grupo sobre a mistura de água e sal, pode-se


verificar que misturaram uma determinada quantidade de soluto e solvente, mas que
para eles não foi suficiente para verificar o tipo de mistura, e, que, o que eles
visualizavam não estava de acordo com a teoria estudada. Formularam a hipótese
de se adicionar mais água, pois achavam que poderia mudar. Quando foi adicionado
mais 10mL de água verificaram que a mistura era homogênea e tinha uma única
fase. Isso comprova que através de um processo de experimentação investigativa os
alunos fizeram o experimento, levantaram hipóteses, adicionaram mais água e,
assim, chegaram a conclusão de que mistura era homogênea, como sinalizava a
teoria.
No segundo excerto analisado, relacionado à mistura de água e sal de
cozinha um outro grupo concluiu:

Inicialmente foi adicionado 40mL de água e meia colher de sal, com o


tempo, deixando a mistura em repouso, notamos que o sal se depositou no
fundo. Portanto, 40 mL de água, não diluiu meia colher de sal, então foi
adicionado mais 60mL. Com 100 mL notamos que o sal começou a ser
diluído, formando assim uma mistura homogênea (Grupo C).

Com a descrição realizada pelo grupo, pode-se observar que os estudantes


foram realizando o experimento e, ao mesmo tempo, levantando hipóteses do que
teria que ser feito para que todo o sal ficasse diluído na água.
Baseado nos argumentos dos grupos, pode-se verificar que, como eles não
receberam os experimentos prontos, eles tinham que observar, levantar uma
hipótese e verificar se era verdadeira ou não e, então, concluir o experimento.
Nessa visão, Zompero e Laburu (2011, p. 68) argumentam que: “A
perspectiva do ensino com base na investigação possibilita o aprimoramento do
raciocínio e das habilidades cognitivas dos alunos, e também a cooperação entre
eles, além de possibilitar que compreendam a natureza do trabalho científico”. O que
é relatado pelos autores citados acima pode ser observado durante as aulas de
atividades investigativas, pois os alunos trocam ideias, formulam hipóteses e
conseguem em grupo, formular suas próprias conclusões.

Tipos de estratégias que usaram para desenvolver o experimento

Como já foi sinalizado, para Azevedo (2004) a utilização de atividades


investigativas pode conduzir o aluno a refletir, discutir, explicar, relatar e não apenas
ficar restrito ao favorecimento de manipulação de objetos e a observação de
fenômenos. Os alunos quando desenvolvem uma atividade investigativa podem
participar de todo o processo, desde determinar as quantidades de produtos que
devem utilizer, quais devem ser adicionados, sempre discutindo com os colegas as
possíveis possibilidades para a chegar em uma determinada conclusão.
Para desenvolver as atividades propostas, foi disponibilizado para os grupos
uma lista de materiais que poderiam ser misturados e vidrarias de laboratório em
que as misturas poderiam ser feitas, bem como sugestões de misturas.
A partir da leitura do material e observando e o que tinha disponível, os
alunos fizeram as misturas. Percebe-se que durante o processo foi questionando
pela professor a quantidade que deveriam usar, o que deveria ser adicionado
primeiro, como proceder para diluir determinadas misturas, bem como a importância
de levar em consideração as estratégias desenvolvidas pelo prório grupo.
Na medida em que as misturam foram sendo realizadas, os alunos de cada
grupo faziam suas observações, levando em consideração as estratégias que
elaboraram. Abaixo há a descrição de uma estratégia utilizada para resolver a
atividade.

Quando misturamos água, areia e sal primeiramente adicionamos uma


colher de sal, depois uma colher de areia e por último 25mL de água, que
foram medidos em uma proveta. Misturamos tudo usando uma colher e
facilmente notamos a mistura como heterogênea com duas fases (bifásica),
água e o sal formando uma única fase e a areia a outra fase. A areia se
depositou no fundo do béquer (Grupo A).

Com o relato do grupo A, após realizar a mistura de água, areia e sal pode-se
observar que o grupo foi criando estratégias para misturar os compnentes. Primeiro
o grupo adicionou o sal, depois a areia e, por último a água, deixando bem explícito
a quantidade que foi misturada. Para o grupo, essa sequência de mistura foi a
melhor estratégia utilizada para a verificação dos resultados. Por outro lado, um
outro grupo utilizou a seguinte estratégia:

Misturamos querosene, açúcar, óleo de cozinha e xarope de groselha:


primeiramente adicionamos 70 mL de querosene, depois 30 mL de óleo de
cozinha, notamos que eles não se misturaram, quando olhamos para o
béquer conseguimos identificar as duas substâncias. Em seguida
adicionamos meia colher de açúcar, percebemos que ele se depositou no
fundo e logo em seguida, se embolou, não entendemos direito o porquê isso
ocorreu. Por fim, adicionamos 20 mL de xarope de groselha, que se separou
em duas fases, uma no fundo e outra na superfície, ao observarmos
notamos que é uma mistura heterogênea com cinco fases (Grupo C).

Percebeu-se que o uso de atividades experimentais investigativas podem


possibilitar ao aluno, uma maior autonomia para fazer seu experimento e, auxilia na
compreensão dos conceitos científicos. Com a leitura do excerto acima, pode-se
observar que o grupo foi criando estratégias para fazer a mistura e fazendo suas
observações e chegando as conclusões e alcançando os objetivos da aula.

Dificuldades encontradas durante o processo

A experimentação investigativa é uma estratégia didática em que as


atividades são observadas e solucionadas pelos alunos através do levantamento de
hipóteses, a formulação de estratégias, tomadas de atitudes, elaboração de
experimentos e construção de conceitos científicos.
Durante o desenvolvimento dos experimentos investigativos algumas
dificuldades foram sendo apontadas pelos alunos, uma delas está relacionado ao
fato de que quando chegam ao laboratório tem a certeza que tudo dará certo
balizados na teoria estudada. Porém, eles têm problemas para resolver: “Quais
quantidades de materiais devem serem misturadas?”; “Qual é a ordem da mistura de
materiais?” Todos esses questionamentos começam a surgir quando os alunos
entram no laboratório e tem acesso aos materiais disponibilizados para fazer a
prática.
As maiores dificuldades encontradas foram a de identificar o tipo de misturas,
quais eram homogêneas e quais eram heterogêneas. Isso está argumentado no
excerto abaixo:
Quando misturamos areia e sal tivemos um pouco de dificuldade para definir
a mistura, pois para nós que sabíamos o que tinha sido misturado não
parecia ser homogênea, mas para quem estava observando sim. Com isso
concluímos que a mistura era homogênea, monofásica e que tinha dois
tipos de componentes (Grupo A).

Pode-se observar que o grupo A misturou sal e areia e ficou em dúvida


quanto ao tipo de mistura, tendo em vista que a teoria aponta ser heterogênea, mas
na prática, para o grupo a mistura areia e sal era homogênea, tendo em vista que,
para eles quando foi misturado o sal na areia, esse se confundia com grãos de areia
e, então, a conclusão do grupo foi de que a mistura pode ser classificada como
homogênea e monofásica.
Durante um processo de investigação, para o qual não se tem certeza dos
resultados encontrados, deve-se permitir ao aluno que o mesmo repita o
experimento, observe novamente, mude as quantidades para concluir a atividade,
pois nesse caso, a quantidade de materiais utilizada pode deixar o aluno confuso na
identificação quanto ao tipo de mistura
Na descrição abaixo, pode-se observar que a dificuldade encontrada pelos
grupos está relacionada às quantidades usadas para fazer as misturas, pois quando
os grupos adicionaram uma quantidade maior de água chegavam no concenso de
que tipo de mistura pertencia.

Mistura de água, sal e açúcar: adicionamos 50mL de água, 1 colher rasa de sal
e 1 colher rasa de açúcar. Mesmo com os 50 mL de água restaram cristais de
açúcar no fundo do béquer. Tivemos dificuldades para perceber qual era o tipo
de mistura, já que sabíamos que o sal e água juntos eram uma mistura
homogênea, mas o que nos deixou com dúvida foi o açúcar. No final
concluímos que água, sal e açúcar formam uma mistura homogênea, com uma
fase, três components (Grupo C).

Os experimentos investigativos possibilitam a interação do sujeito e a sua


participação no processo de construção do conhecimento.
Através dos relatos realizados pelos alunos após a atividade experimental, foi
possível observar uma maior participação no processo de aprendizagem, pois as
descrições confirmam uma maior formulação de hipóteses, para desenvolver
determinado problema.

Considerações Finais

Para trabalhar Ciências é preciso que o aluno consiga fazer a ligação entre a
teoria e a prática, relacionando com seu dia a dia. Nesse sentido, a experimentação
possibilita fazer essa relação. Segundo Guimarães “a experimentação pode ser uma
estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a
contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação” (2009, p.198),
ou seja, desenvolver nos alunos o senso crítico de pessoas que conseguem
observar, formular hipóteses e resolver problemas.
Com base nos dados e resultados dessa invenstigação pode-se perceber que
os objetivos da aula foram alcançados, pois trabalhar de forma experimental, como
por exemplo com os diferentes tipos de misturas, despertou nos alunos o interesse,
a motivação de questionar, problematizar e encontrar soluções para o problema
investigativo proposto.
Assim, durante a realização das atividades foi possível verificar a interação
dos alunos, trocando ideias, conhecimentos, discutindo e formulando explicações.
Nessa perspectiva, a experimentação pode ser usada como importante estratégia
metodológica nas aulas de ciências, sendo que esses momentos são indispensáveis
para a aprendizagem dos alunos se tornarem mais críticos, criativos e com maior
autonomia.

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