Ficha 111
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Ficha 111
Educação Básica.
Raquel P. Neves Gonçalves 1(PG), Mara E. Jappe Goi 2(PQ). pnegonraquel@gmail.com
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Aluna da Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Universidade Federal do
Pampa – Campus Caçapava do Sul/RS.
Professor Dr. da Universidade Federal do Pampa – Campus Caçapava do Sul/RS
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Introdução
A educação em Ciências ao longo dos anos tem dedicado tempo e atenção
para os estudos relacionados ao processo de ensino aprendizagem, pois muitos
alunos apresentam dificuldades de aprendizagem nesta área. Atualmente existe um
desinteresse dos alunos pelo estudo das Ciências da Natureza, que pode estar
relacionado com o fato de eles não conseguirem fazer a relação entre o que se
aprende na escola com as atividades relacionadas ao seu cotidiano. Nesse sentido,
as atividades experimentais investigativas podem auxiliar a fazer essa correlação.
As atividades experimentais se configuram em uma estratégia didática, uma
vez que propiciam um ambiente favorável às abordagens das dimensões teórica,
representacional e, sobretudo, fenomenológica do conhecimento científico
(OLIVEIRA, 2010).
Para Giordan (1999), tanto alunos quanto professores costumam atribuir às
atividades experimentais um caráter motivador. A atividade experimental usada
como motivadora por alguns autores também é criticada por outros, como Hodson
(1994) afirma que as atividades práticas não são vistas de forma positiva por todos
os alunos.
Araújo e Abib (2003) classificam as atividades experimentais em três tipos:
atividades de demonstração, de verificação e de investigação. Nas atividades de
demonstração, o professor faz toda a atividade e os alunos apenas observam, as
atividades de verificação são realizados para comprovar uma teoria ou uma lei e
somente nas atividades investigativas os alunos participam do processo,
interpretando o problema e apresentando possíveis soluções para o mesmo.
Gonçalves e Marques (2006) relatam que com frequência os professores
justificam o não desenvolvimento das atividades experimentais devido à falta de
condições infraestruturais. Falta de laboratório ou de equipamentos e,
principalmente, pela falta de tempo para a preparação de aulas práticas. Segundo
Laburú (2009), outros docentes justificam a não realização dessas atividades em
função da carência de condições para tal, ao quantitativo de alunos por turma,
inadequação de infraestrutura física e material e carga horária reduzida.
Borges (2002) e Laburú (1999), sinalizam que o aspecto central na promoção de
aprendizagem através de atividades práticas, não é onde, mas como e para que elas
são realizadas, pois mais importante que um aparato experimental sofisticado e
específico, é a definição de objetivos a serem alcançados com esse tipo de aula,
bem como a clareza em relação ao papel da experimentação na aprendizagem dos
alunos.
Segundo Bassoli (2014), quando se estuda as deficiências na educação
científica, logo se remete à ausência de aulas experimentais na Educação Básica,
de modo que as atividades práticas investigativas são vistas como sinônimo de
inovação no ensino. Mas, por outro lado, deve-se entender que usar uma prática
tradicional com resultados programados não vai fazer com que o aluno tenha
interesse pela investigação e tampouco se preocupe com a formação de novos
conhecimentos, pois ele já sabe que tem um procedimento e que se realizar passo a
passo vai chegar à determinada resposta.
Um dos desafios do Ensino de Ciências é usar o senso comum, relacionando
ao que é ensinado com o cotidiano dos alunos. A experimentação sendo usada em
sala de aula como método de investigação da natureza, pode encontrar algumas
respostas e despertar nos estudantes o interesse pelo aprender, pelo construir
conhecimento científico a partir do seu cotidiano.
As aulas experimentais são favoráveis à motivação da aprendizagem dos
alunos, a formação de conceitos podem despertar o interesse pela observação,
investigação da natureza e até para a resolução de problemas, mas para que isso
ocorra, o papel do professor é fundamental como agente motivador e mediador
instigando o aluno na construção do conhecimento.
Oliveira (2010) ressalta que o professor deve cuidar para que as atividades
experimentais não se limitem apenas à visualização de fenômenos, fazendo com
que os alunos fiquem ainda mais presos à realidade concreta, ao que é visível. Cita
ainda que, nas aulas experimentais é essencial que os alunos sejam desafiados a
pensar sobre os fenômenos observados e a tentar relacioná-los com os conceitos
que já conhecem que fazem parte de seu nível de desenvolvimento real, para que
possam avançar no processo de aprendizagens de novos conceitos.
Segundo Gonçalves e Marques (2012), a experimentação nas escolas foram
influenciadas pelo lançamento de projetos de Ensino nos Estados Unidos e segundo
De Jong (1998), há uma descrença em estudos baseados somente em manuais,
compêndios, leis e conceitos, sinalizando-se também a incorporação de trabalhos
empíricos nas escolas, pois estes são inerentes às Ciências. No Brasil foi chamado
CHEMS Química: uma ciência experimental. Foi citado em CHEMS, 1967, sem
paginação:
Resultados e Discussões
Levantamento de Hipóteses
Com o relato do grupo A, após realizar a mistura de água, areia e sal pode-se
observar que o grupo foi criando estratégias para misturar os compnentes. Primeiro
o grupo adicionou o sal, depois a areia e, por último a água, deixando bem explícito
a quantidade que foi misturada. Para o grupo, essa sequência de mistura foi a
melhor estratégia utilizada para a verificação dos resultados. Por outro lado, um
outro grupo utilizou a seguinte estratégia:
Mistura de água, sal e açúcar: adicionamos 50mL de água, 1 colher rasa de sal
e 1 colher rasa de açúcar. Mesmo com os 50 mL de água restaram cristais de
açúcar no fundo do béquer. Tivemos dificuldades para perceber qual era o tipo
de mistura, já que sabíamos que o sal e água juntos eram uma mistura
homogênea, mas o que nos deixou com dúvida foi o açúcar. No final
concluímos que água, sal e açúcar formam uma mistura homogênea, com uma
fase, três components (Grupo C).
Considerações Finais
Para trabalhar Ciências é preciso que o aluno consiga fazer a ligação entre a
teoria e a prática, relacionando com seu dia a dia. Nesse sentido, a experimentação
possibilita fazer essa relação. Segundo Guimarães “a experimentação pode ser uma
estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a
contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação” (2009, p.198),
ou seja, desenvolver nos alunos o senso crítico de pessoas que conseguem
observar, formular hipóteses e resolver problemas.
Com base nos dados e resultados dessa invenstigação pode-se perceber que
os objetivos da aula foram alcançados, pois trabalhar de forma experimental, como
por exemplo com os diferentes tipos de misturas, despertou nos alunos o interesse,
a motivação de questionar, problematizar e encontrar soluções para o problema
investigativo proposto.
Assim, durante a realização das atividades foi possível verificar a interação
dos alunos, trocando ideias, conhecimentos, discutindo e formulando explicações.
Nessa perspectiva, a experimentação pode ser usada como importante estratégia
metodológica nas aulas de ciências, sendo que esses momentos são indispensáveis
para a aprendizagem dos alunos se tornarem mais críticos, criativos e com maior
autonomia.
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