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Parceria com
a igreja local
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Rachel Blackman
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Conteúdo
Introdução 5
Seção 1 Definição de igreja local e seu papel 7
A missão da igreja: Missão integral 10
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Introdução
Este livro está voltado para as organizações cristãs que procuram transformar as comunidades
através do trabalho de desenvolvimento, assistência em situações de desastre e defesa e
promoção de direitos. Estas organizações podem ser denominações eclesiásticas, departa-
mentos de desenvolvimento de denominações, redes cristãs, seminários ou organizações não
governamentais (ONGs) cristãs. Reconhecemos que, em alguns aspectos, estes tipos de
organização são diferentes. Entretanto, como este livro é baseado na idéia de que a igreja local
é essencial para a transformação comunitária, reunimos todas estas organizações cristãs num
só grupo, porque achamos que elas podem desempenhar um papel semelhante no
empoderamento das igrejas locais. Mencionamos tipos específicos de organização cristã
quando elas desempenham um papel diferente das outras.
Neste livro, descrevemos o que queremos dizer com missão integral e mostramos o papel
essencial da igreja local nela. Afirmamos que, através do empoderamento da igreja local para
praticar a missão integral, as organizações cristãs podem influenciar muito mais a trans-
formação comunitária do que trabalhando diretamente na comunidade e isoladamente da
igreja local.
Para isto, as organizações cristãs podem ter de mudar a sua forma de pensar e o seu papel.
Uma das questões principais é libertar-se da idéia de implementar somente projetos
compactos e limitados por prazos no âmbito comunitário. Como a missão integral consiste no
trabalho das igrejas locais de chegarem até as comunidades em todos os aspectos da vida,
achamos útil usarmos a palavra “iniciativa” ao invés de “projeto” ao nos referirmos às
atividades das igrejas. O motivo disto é que muitas atividades de missão integral podem ser de
pequena escala e contínuas, a tal ponto, que se tornam parte da vida comunitária. Na verdade,
com freqüência, as pessoas pobres querem participar mais na comunidade do que nos
projetos. A melhor coisa que a igreja local pode fazer é oferecer às pessoas pobres um lugar na
comunidade, em que se sintam bem-vindas. Uma pequena iniciativa comunitária pode ser
uma maneira de fazer isto.
Algumas atividades de missão integral realizadas pela igreja local podem precisar ser apoiadas
por organizações cristãs, devido à necessidade de especialistas ou equipamento. Assim, estas
atividades podem se parecer mais com projetos tradicionais. Entretanto, neste livro, fazemos
uma distinção entre projetos e iniciativas, com base em quem assume a liderança. Usamos a
palavra “projeto” para descrever o trabalho feito na comunidade liderado por uma organização
cristã. Usamos a palavra “iniciativa” para descrever uma atividade que é iniciada pela igreja
local e pertence a ela, mesmo que receba algum insumo de uma organização cristã.
Um dos maiores desafios para as organizações cristãs, inclusive a Tearfund, no empodera-
mento da igreja local para a missão integral é largar mão do poder que temos sobre as igrejas
locais e comunidades no que diz respeito aos nossos recursos, contatos e capacidade técnica. É
tentador usarmos a igreja local para os nossos próprios fins. Esperamos que este livro seja útil
para encontrarmos a melhor maneira de servir à igreja local e, através dela, aos propósitos de
Deus no mundo.
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O objetivo deste livro é ser prático e fazer com que as pessoas pensem. Portanto, não há
espaço suficiente para torná-lo um manual completo, que permita a uma organização cristã
mobilizar uma igreja local sem consultar outros recursos. Entretanto, levantamos questões
importantes, damos algumas idéias práticas para provocar uma maior discussão e oferecemos
uma lista de outros recursos úteis.
Este livro começa por definir igreja local e missão integral. Na Seção 2, examinamos diferentes
modelos de interação entre igrejas locais e organizações cristãs. Na Seção 3, examinamos três
abordagens para o trabalho com as igrejas locais. A Seção 4 traz questões-chave a serem
consideradas ao se trabalhar numa estratégia visando a uma interação maior com as igrejas
locais.
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igreja local e
seu papel
Apesar de reconhecer que as igrejas locais precisam de líderes, o Novo Testamento não
determina uma forma específica de relacionamento mútuo para os líderes (tais como os
presbíteros, bispos ou diáconos) e as igrejas que lideram. Como resultado, não é de
surpreender que uma variedade de estruturas eclesiásticas ou denominações tenham se
formado com o passar dos séculos. As denominações e as redes podem ser úteis para a
prestação de contas pastoral, para compartilhar o aprendizado, recursos e dons, e úteis para
permitir que as igrejas locais sejam ouvidas no âmbito nacional.
Os líderes cristãos discutem se as diferentes estruturas são certas ou erradas, mas a história
mostra que Deus pode abençoar as pessoas através de qualquer estrutura cristã e que a
devoção do líder é muito mais importante do que o cargo que possui. A história também
mostra o fato de que as estruturas eclesiásticas podem, às vezes, passar a existir para os seus
próprios fins. Quando isto acontece, é necessário voltar a focar a estrutura no seu verdadeiro
propósito, que é criar congregações locais de cristãos.
A igreja é chamada para mostrar o reino de Deus como um sinal visível do seu reino no
mundo. A igreja é chamada para ser o sal e a luz (Mateus 5:13-16). A igreja deve influenciar
as situações de forma a melhorá-las, preservar as boas coisas e trazer a restauração.
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igreja local e
seu papel
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igreja local e
seu papel
1 Esta seção baseia-se principalmente no trabalho de Tim Chester em seu livro Good news to the poor.
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Definição de ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
igreja local e
seu papel
Explicação dos Proclamação significa contar às pessoas sobre o evangelho, o que é chamado, às vezes, de
termos usados “evangelismo”.
nesta seção
Demonstração significa mostrar às pessoas o que significa fazer parte do reino de Deus, como, por
exemplo, ajudando fisicamente os outros a reduzirem a pobreza, como a pobreza física ou política. Isto
é chamado, às vezes, de “ação social” ou “envolvimento social”, pois consiste em atender às
necessidades na sociedade.
O termo missão integral vem do espanhol “misión integral” e pode também ser chamada de
“ministério integral”, “desenvolvimento integral”, “desenvolvimento cristão” ou “desenvolvimento
transformacional”.
Quando a ACEV começou a estabelecer uma igreja no local, ela viu que as
pessoas precisavam de acesso à água segura. Construir um poço era um
O envolvimento Deus preocupa-se com as necessidades básicas das pessoas, sejam elas espirituais ou materiais.
social está O envolvimento social faz parte do seu caráter (por exemplo, veja Salmos 146:7-9). Ele se
fundamentado no opõe às pessoas responsáveis pela injustiça e coloca-se ao lado das vítimas da opressão. Isto
caráter de Deus não significa que Deus favoreça as pessoas pobres, tratando-as com preferência. Todas as
pessoas são importantes para Deus, o que é visto na sua graça para todas as pessoas, sejam elas
ricas ou pobres. Entretanto, num mundo que favorece os ricos e os poderosos, as ações de
Deus sempre serão vistas como favorecendo o contrário.
O caráter de Deus revela-se mais completamente na pessoa de Jesus Cristo, que mostrou e
pregou a preocupação pelos pobres (Lucas 4:18-19; Mateus 4:23; Mateus 9:35-38; Mateus
14:14; Lucas 12:33).
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Definição de ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
igreja local e
seu papel
Somos chamados Deus espera que tenhamos a mesma preocupação pelos oprimidos (veja Provérbios 31:8-9 e
para cuidarmos Isaías 1:10-17). Devemos cuidar das pessoas à nossa volta (Marcos 12:28-34). Jesus contou a
das pessoas à parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37), que mostra que devemos cuidar das pessoas
nossa volta independentemente das diferenças sociais e culturais.
Isto ajudou a aumentar a auto-estima e a autoconfiança das pessoas idosas. Uma pessoa disse, “Eu
passo o resto do dia sozinho. Então, é bom ter alguém para conversar … para me alegrar.” Uma outra
pessoa, que sofria de depressão, viu que as visitas lhe proporcionavam um novo interesse em viver e
começou a perguntar ao voluntário sobre a sua fé cristã.
Devemos sempre estar cientes da nossa motivação e do que estamos testemunhando e garantir
que estes sejam comunicados às pessoas à nossa volta. O envolvimento social tem de ser uma
parte integral da missão da igreja, mas é importante que ele seja posto em prática juntamente
com a proclamação do evangelho. Conforme mostra o quadro ao lado, o envolvimento social
complementa a proclamação, e a proclamação complementa o envolvimento social. Os cristãos
são incentivados a fazer as duas coisas. Não podemos fazer uma isoladamente da outra.
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Definição de ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
igreja local e
seu papel
Às vezes, há uma tendência para separar a morte e a ressurreição de Jesus desta vida terrena.
Embora a sua morte e a sua ressurreição sejam de importância fundamental, podemos
aprender muito com a vida e o ministério de Jesus na Terra. Seu estilo de vida e suas ações são
um exemplo para a missão da igreja, assim como o que ele pregou. A Declaração Miquéias
sobre a Missão Integral diz2: “Assim como foi na vida de Jesus, ser, fazer e dizer são essenciais
para a nossa tarefa integral”.
A proclamação e a A proclamação é reforçada pelo nosso envolvimento social O evangelho é interpretado no contexto
demonstração são da vida e das ações das pessoas que o compartilham e das relações que mantêm entre si. Se um
inseparáveis cristão falar do evangelho a outra pessoa, mas não mostrar provas de que é cristão, cuidando dos
outros, o valor do evangelho percebido pela pessoa que escuta será menor. O envolvimento social é
uma propaganda do reino de Deus, em que as relações com Deus e entre as pessoas são restauradas
(Mateus 5:14-16).
O envolvimento social age como uma placa de sinalização Porém, se ele for colocado em prática
sem comunicar o evangelho, poderá indicar o caminho errado para as pessoas:
■ Ao invés de apontar para Deus, ele poderá apontar para nós mesmos.
■ Ele poderá comunicar erroneamente que a salvação consiste em praticar boas ações.
■ Ele poderá negar a importância da reconciliação com Deus, por indicar que a melhoria da situação
econômica e social é tudo que importa.
O envolvimento social ajuda as pessoas na sua vida terrena, mas sua bênção não vai além disso.
NOTA: Embora seja importante proclamar o evangelho assim como demonstrá-lo, as pessoas não
devem nunca ser forçadas a se converterem. Alguns grupos religiosos podem querer que as pessoas
se convertam para a sua religião para que, só então, possam receber ajuda. Acreditamos que isto é
completamente errado. É vital que os cristãos compartilhem o amor incondicional com todos, através
das palavras e das ações. A relutância em ajudar as pessoas de uma religião diferente significa
negarmos, a nós mesmos e a elas, a graça de Deus.
2 A Declaração Miquéias foi escrita em 2001, num encontro organizado pela Rede Miquéias, uma coalizão de igrejas e agências evangélicas de
todas as partes do mundo, comprometidas com a missão integral. Para obter mais informações, consulte o site www.micahnetwork.org
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igreja local e
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Definição de ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
igreja local e
seu papel
REFLEXÃO ■ Você concorda com a definição de igreja local dada neste livro? Ela reflete a nossa própria
percepção do que é a “igreja local” na nossa comunidade? Se não, o que é diferente?
■ A missão integral é praticada pelas igrejas na nossa comunidade? Se não, a proclamação é
feita sem a demonstração ou a demonstração é feita sem a proclamação?
Resumo
■ Definimos a igreja local como uma “comunidade sustentável de cristãos locais, acessível a
todos, onde o louvor, o discipulado, o cuidado e a missão são colocados em prática”.
■ Discutimos sobre o que é a missão integral: falar sobre a nossa fé e vivê-la de forma não
dividida, em todos os aspectos da vida.
■ Identificamos a missão integral como uma parte importante do papel da igreja local.
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Seção ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
2 Relação entre as
organizações cristãs
e as igrejas locais
Conforme discutido na Seção 1, as igrejas locais desempenham um papel na proclamação e na
demonstração do evangelho. Entretanto, com muita freqüência, o papel da igreja limita-se a
proclamar o evangelho. Isto poderia ocorrer porque:
■ a liderança da igreja acredita que o papel principal da igreja é proclamar o evangelho e
pode não ter ouvido falar na missão integral ou pode não acreditar nela
■ algumas organizações cristãs não reconhecem o papel da igreja local na demonstração do
evangelho. Ao invés disso, elas trabalham diretamente com a comunidade. Como
resultado, a igreja local não assume a sua responsabilidade de cuidar das pessoas, porque vê
as organizações cristãs fazendo isto em seu lugar. A igreja local pode até ver a si própria
como beneficiária.
Pontos fortes da PRINCIPAL AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO DE DEUS A igreja local é um posto avançado do reino de
igreja local Deus e é usada por Deus para transformar comunidades.
PRÓXIMA DAS PESSOAS POBRES A igreja local existe na base da comunidade. Ela está presente
entre as pessoas pobres e, muitas vezes, consiste em pessoas pobres. A igreja local é, portanto,
um contato direto com o conhecimento local. Ela também se beneficia com as relações com
outras pessoas e organizações na comunidade, porque os membros da igreja local geralmente
representam uma seção transversal da comunidade. A igreja local faz parte da comunidade,
enquanto que uma organização cristã pode ser vista como um “intruso”.
PRESENÇA PERMANENTE Enquanto que uma organização cristã pode deixar a comunidade, a
igreja existe para as pessoas da comunidade e provavelmente permanecerá ali por muito mais
tempo que uma organização cristã.
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TRABALHO CRISTÃO SUSTENTÁVEL Para que o trabalho cristão seja sustentável, é necessária uma
presença cristã permanente. É isto que a igreja local oferece. Sem isto, quando uma
organização cristã segue adiante, o trabalho deixado para trás pode começar a perder a sua
distinção cristã.
CONTEXTO NATURAL NO QUAL A FÉ PODE SER EXPLORADA As organizações cristãs concentram-se no
trabalho de assistência em situações de desastres, desenvolvimento e defesa e promoção de
direitos, enquanto que a igreja local tem uma agenda mais ampla, inclusive a provisão de um
espaço para os que investigam a fé cristã.
REDES A igreja local é, com freqüência, membro de várias redes. Há vínculos com outros
grupos de base da comunidade, através dos membros da igreja e do trabalho com outros
grupos para a realização de iniciativas comunitárias. Há vínculos também com a igreja mais
ampla, através de denominações e alianças cristãs. A participação em outras redes facilita a
aprendizagem.
RECURSOS A igreja local possui muitos membros que podem ser mobilizados. Isto é especial-
mente útil para as iniciativas que exigem mão-de-obra intensiva. Além disso, algumas igrejas
locais possuem prédios que servem de local para que os membros da comunidade se
encontrem para discutir questões locais. Em tempos de crise, os prédios das igrejas podem
oferecer um refúgio seguro.
Pontos fortes das ESPECIALISTAS TÉCNICOS As organizações cristãs possuem funcionários com uma boa
organizações compreensão sobre questões de pobreza e metodologia. Elas podem ter conhecimento
cristãs especializado, que ninguém mais na comunidade possui, como, por exemplo, conhecimento
sobre engenharia hidráulica ou nutrição.
EQUIPAMENTO Algumas organizações podem possuir tecnologia que geralmente não existe
dentro da comunidade, como, por exemplo, equipamento de perfuração de poços ou
equipamento e suprimentos médicos.
EXPERIÊNCIAAs organizações cristãs podem trabalhar em várias comunidades e, com o tempo,
adquirir uma idéia geral das questões locais, regionais e nacionais. Elas também aprendem o
que funciona e o que não funciona na região e na cultura local.
OS FUNCIONÁRIOS das organizações cristãs são dedicados ao trabalho de assistência em situações
de desastres, desenvolvimento e defesa e promoção de direitos, sem a competição entre as
prioridades, que os funcionários das igrejas locais podem enfrentar.
ACESSO A FINANCIAMENTO E À CAPACIDADE DE LIDAR COM ELEEmbora as igrejas locais e as comuni-
dades devam ser incentivadas a usar os seus próprios recursos para financiar suas atividades,
algumas destas iniciativas exigem financiamento externo, tais como a perfuração de poços e a
construção de prédios comunitários resistentes às ameaças de desastres naturais. As organi-
zações cristãs podem ter acesso a financiamento que não pode ser diretamente acessado pela
igreja local. Por exemplo, uma ONG ou um departamento de desenvolvimento de uma
denominação tem mais chances de conseguir um financiamento de um doador institucional
do que uma igreja local. Isto ocorre porque as ONGs geralmente estão registradas como
organizações e possuem especialistas para elaborar propostas, gerir financiamentos e escrever
relatórios.
Tanto as organizações cristãs quanto as igrejas locais têm muito a oferecer e podem se
beneficiar muito com o trabalho conjunto. Elas podem interagir de muitas formas diferentes,
conforme mostram os diagramas ao lado.
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Igreja
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cristãs e as
igrejas locais
A ACT reuniu membros de diferentes igrejas da região e deu-lhes cerca de três horas de treinamento.
Isto permitiu que as igrejas locais fizessem um levantamento das necessidades das suas comuni-
dades. Foram dados vales às famílias que se qualificavam para receber auxílio. No dia seguinte, os
membros da igreja participaram da distribuição do auxílio, certificando-se de que apenas as pessoas
com vales o recebessem.
Um mês mais tarde, as igrejas locais fizeram visitas de acompanhamento às famílias que haviam
recebido o auxílio. Muitas das pessoas estavam impressionadas com a forma como a igreja havia
respondido às suas necessidades, com amor e compaixão, num momento de crise. Como resultado
das visitas de acompanhamento, foi estabelecida uma nova igreja local de língua hindi.
REFLEXÃO ■ Concordamos com os pontos fortes das organizações cristãs e das igrejas locais arroladas
nesta seção? Podemos lembrar de algum outro ponto forte?
■ Que pontos fracos das organizações cristãs ou das igrejas locais podem obstruir o seu
trabalho conjunto?
■ Sabemos de outros modelos de interação entre organizações cristãs e igrejas locais que
não foram mencionados na página 19? Se a resposta for sim, quais são eles?
■ Que modelo mais se parece com o nosso estilo de trabalho?
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igrejas locais
Foi visto, por experiência, que a igreja local precisa estar disposta a:
■ estar aberta para aprender sobre a missão integral
■ incentivar os membros a descobrirem ou redescobrirem seus dons e recursos e usá-los
■ ter coragem ao sair para servir à comunidade, especialmente se a igreja normalmente for
introspectiva
■ reconhecer que não é uma especialista em assistência em situações de desastres,
desenvolvimento e defesa e promoção de direitos e, portanto, estar disposta a pedir
ajuda às organizações cristãs quando necessário.
A tabela da página 22 mostra diferentes tipos de organizações cristãs e como os seus papéis
específicos podem precisar mudar para que as igrejas locais sejam empoderadas para praticar a
missão integral.
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cristãs e as
igrejas locais
mudança específica Departamento de Tentação de implementar • Envisionar e treinar os pastores e os membros da igreja em
de papel se elas desenvolvimento projetos sem nenhum ou missão integral
seguirem o modelo da denominação com pouco contato com as
• Treinar os pastores em desenvolvimento de liderança
igrejas locais ou envolvi-
de empoderamento
mento por parte delas • Oferecer aconselhamento sobre a idealização e a implementação
de iniciativas comunitárias
• Facilitar a aprendizagem entre as igrejas locais e entre estas e
outros agentes de desenvolvimento
• Assistir com financiamento para grandes iniciativas
comunitárias. Isto pode consistir em facilitar a transferência de
verbas de igrejas ricas para igrejas pobres, ou de doadores do
Hemisfério Norte
• Usar redes para oferecer apoio em defesa e promoção de
direitos para as igrejas locais
ONG cristã Tendência a implementar • Treinar os líderes e os membros da igreja local a atuarem como
projetos sem nenhum ou facilitadores de mudança
com pouco contato com as
• Treinar os pastores das igrejas em desenvolvimento de liderança
igrejas locais
• Oferecer aconselhamento e especialistas para apoiar as
iniciativas das igrejas, se solicitado pela igreja e pela
comunidade, inclusive sobre levantamentos de necessidades,
aconselhamento técnico específico e boa prática
• Oferecer estágios para os estudantes de teologia
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cristãs e as
igrejas locais
DESAFIO A igreja local pode não compreender o que é missão integral Muitas igrejas separam os aspectos
espirituais e físicos da vida. Isto pode ocorrer, em parte, por causa da influência dos
missionários do Hemisfério Norte, que, anos atrás, freqüentemente adotavam uma visão
dualista da vida. Poucas escolas teológicas ensinam sobre a missão integral. Muitos pastores,
portanto, não possuem a estrutura teológica ou o conhecimento prático para responder com
eficácia às necessidades dos pobres nas suas comunidades.
SUGESTÃO DE Invista tempo envisionando os líderes da igreja local sobre a missão integral. Use estudos
RESPOSTA bíblicos e encontre exemplos locais da missão integral na prática que possam ser visitados.
DESAFIO As igrejas locais podem pensar que o governo deve fazer tudo e que não é função da igreja lidar
com questões sociais ou políticas.
SUGESTÃO DE Invista tempo envisionando os líderes da igreja local sobre a missão integral para mostrar que
RESPOSTA a igreja deve tentar influenciar os poderosos. O Kit de ferramentas para a defesa de direitos
(ROOTS 1 e 2) pode ser útil.
DESAFIO O discipulado pode ser fraco O envolvimento social é importante, porque mostra que o
evangelho vale a pena. Entretanto, se os membros da igreja não estiverem tentando levar
vidas distintivas, o impacto do trabalho da igreja pode enfraquecer.
SUGESTÃO DE Identifique outras organizações que possam apoiar as igrejas locais no discipulado dos
RESPOSTA membros.
DESAFIO Muitas igrejas locais que não respondem às necessidades da comunidade usam uma abordagem de
assistência social Muitas vezes, isto pode ser paternalista e feito de uma forma que faz com
que as pessoas dependam da assistência da igreja. Uma abordagem de assistência social pode
ser útil para lidar com as necessidades imediatas e de curto prazo, especialmente em tempos
de crise. Entretanto, são preferíveis abordagens que lidem com questões de desenvolvimento
e empoderamento de longo prazo, pois as abordagens de assistência social, no final, acabam
criando a dependência.
SUGESTÃO DE Invista tempo envisionando os pastores e os membros da igreja local sobre os benefícios do
RESPOSTA empoderamento da comunidade para responder aos seus próprios problemas. Ofereça
treinamento no uso de ferramentas participativas.
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cristãs e as
igrejas locais
DESAFIO Algumas igrejas podem usar mal o auxílio, tentando coagir as pessoas a se converterem ao
cristianismo Por exemplo, elas podem incluir como beneficiários somente as pessoas que
freqüentam os cultos da igreja regularmente.
SUGESTÃO DE Confronte as igrejas locais sobre esta questão ou não trabalhe com elas.
RESPOSTA
DESAFIO Os estilos de liderança das igrejas podem restringir a missão integral Se a liderança das igrejas
não seguir o exemplo de Cristo, de liderança servil, o sucesso da missão integral pode ser
limitado. Por exemplo, alguns líderes acham que somentes eles podem ter um vínculo direto
com Deus e, portanto, acreditam que devem tomar todas as decisões relativas à igreja local.
Isto pode ter muitas conseqüências:
• Pode retardar a implementação de iniciativas e até interromper totalmente algumas delas.
O fato de todas as decisões terem de passar pelo pastor pode atrasar o processo.
• As decisões podem ser tomadas por um líder sem qualquer treinamento ou conhecimento
adequado. Assim, as iniciativas da igreja podem acabar sendo irrelevantes ou fracassar.
• Haverá pouca prestação de contas, porque todas as decisões são tomadas apenas por uma
pessoa, que não tem interesse em prestar contas a ninguém mais. Se o líder controlar as
verbas, pode ser tentador usá-las para o próprio benefício e para aumentar o seu poder.
• O líder pode achar que o seu papel é estar no controle, ao invés de empoderar os outros.
Isto pode torná-lo menos aberto a abordagens sustentáveis, que enfatizem a participação e
o empoderamento.
• Alguns membros da igreja podem ficar frustrados, resultando em tensão e desunião.
• Uma liderança como esta pode ter um impacto negativo na maturidade espiritual dos
membros da igreja, pois eles talvez nunca tenham a oportunidade de usar os seus dons.
SUGESTÃO DE Ofereça treinamento sobre a boa liderança. Já que a boa liderança tem mais a ver com o
RESPOSTA coração e o caráter do que com outras habilidades, o ensinamento deve se concentrar na
graça de Deus e no exemplo da cruz.
DESAFIO As igrejas podem não ter a capacidade de trabalhar com a missão integral Por exemplo:
• Elas podem não ter pessoal habilitado ou achar difícil treinar seus membros devido ao
baixo nível de alfabetização ou à falta de instrução.
• Elas podem ter sistemas financeiros precários e uma governança ineficaz. Isto causa um
impacto na capacidade da igreja de usar o financiamento externo e prestar contas e
produzir relatórios sobre eles com eficácia.
• As igrejas não são agências de assistência em situações de desastres e desenvolvimento.
O trabalho de assistência em situações de desastres e desenvolvimento é apenas um aspecto
do seu ministério e, portanto, pode, nem sempre, ser prioritário.
• Quando os cristãos são a minoria num país, eles podem não ter conexões com a
comunidade mais ampla. A perseguição e o medo da violência podem desencorajar
algumas igrejas a se tornarem mais evidentes dentro da comunidade.
SUGESTÃO DE Ofereça-lhes treinamento para desenvolver sua capacidade e autoconfiança. Por exemplo, a
RESPOSTA Seção 4.6 deste livro, sobre como usar os recursos locais, pode ajudar a resolver questões de
financiamento.
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cristãs e as
igrejas locais
As organizações cristãs devem estar cientes de que a sua forma de trabalhar pode não ser
apropriada para o trabalho com as igrejas locais. Isto inclui:
■ procurar ser profissional
■ prazos curtos para os projetos
■ estruturas e processos inflexíveis
■ tendência a impor a sua própria agenda ou a agenda dos doadores
■ exigência de produção excessiva de relatórios ou mecanismos de prestação de contas não
realistas
■ funcionários que podem não estar comprometidos com a igreja local.
As organizações cristãs devem resolver estas questões para que o seu trabalho com as igrejas
locais seja eficaz. As Seções 4.1 e 4.2 dão uma idéia melhor de como estas questões poderiam
ser resolvidas.
Resumo
■ Examinamos os pontos fortes das organizações cristãs e das igrejas locais.
■ Consideramos modelos diferentes de relações entre as organizações cristãs, as igrejas locais
e a comunidade.
■ Exploramos os obstáculos para as relações entre as organizações cristãs e as igrejas locais e
como estes podem ser superados.
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Estas abordagens não são opções separadas. As organizações podem usar diferentes abordagens
com diferentes igrejas locais, de acordo com o contexto local. Com o tempo, pode ser bom
que as organizações desenvolvam seu trabalho com a igreja local. Por exemplo, elas podem
começar com uma abordagem de mobilização da igreja em resposta a uma crise e passar para
uma mobilização da igreja e da comunidade. O empoderamento da igreja para a defesa e a
promoção de direitos poderia ser a única abordagem usada com uma determinada igreja local
ou poderia ser usado juntamente com outras abordagens.
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para o trabalho
com as igrejas
locais
A ZOE responde aos pedidos de ajuda dos líderes das igrejas locais para atender às necessidades das
suas comunidades. A ZOE reúne todos os líderes de igrejas da região para um encontro de um dia, a
fim de envisioná-los. Os estudos bíblicos desempenham um papel importante, porque ajudam os
líderes a compreenderem a responsabilidade da igreja local. Quando os pastores retornam às suas
congregações para compartilhar a visão, geralmente, muitas pessoas apresentam-se como voluntárias
para cuidar de órfãos na comunidade em nome das igrejas locais.
Cada voluntário cuida de cinco famílias no máximo. Os voluntários procuram visitar cada uma delas
uma vez por mês pelo menos. O fato de os voluntários retornarem regularmente tem um impacto
positivo nas famílias, especialmente se o lar foi abandonado pela família extensa. Quando os
voluntários fazem visitas, eles procuram identificar as necessidades, procuram sinais de abuso,
escutam, ajudam de forma prática, compartilham recursos, compartilham algo da Bíblia e oram com
as famílias. Uma das atividades comuns praticadas pelos voluntários é o aconselhamento sobre a
alimentação e sobre como procurar ajuda médica. Os voluntários mantém registros das suas visitas e
apresentam relatórios sobre elas num encontro mensal de voluntários e líderes da igreja local. Isto
ajuda a assegurar que o trabalho com os órfãos pertença à igreja local e assegura também que os
voluntários sejam apoiados no seu trabalho.
Desde o início do processo, a ZOE esclarece que não fornecerá outros recursos além de treinamento,
uma vez que este trabalho é uma atividade e uma responsabilidade da igreja. As igrejas locais,
portanto, assumem a responsabilidade pelos voluntários e ajudam-nos a apoiar as famílias através de
contribuições regulares ou ajuda prática. Por exemplo, um voluntário poderia chamar outros
membros da igreja para ajudar a reparar um telhado ou preparar a terra para uma família aos seus
cuidados.
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para o trabalho
com as igrejas
locais
ALVOS ■ Conscientizar as igrejas locais sobre a importância de se ministrar aos órfãos de forma integral e
treiná-las para fazerem isto com eficácia.
■ Fortalecer o trabalho das igrejas já envolvidas no trabalho de cuidado dos órfãos através de
treinamento e apoio.
ETAPAS DO 1 Encontro de treinamento para envisionamento, oferecido a todos os líderes de igrejas locais após
PROCESSO um pedido inicial de algumas delas. O encontro de treinamento:
• usa estudos bíblicos e abordagens de treinamento participativo para examinar o papel e a
responsabilidade da igreja e as necessidades dos órfãos locais.
• transmite a mensagem de que a primeira necessidade dos órfãos não é de recursos físicos,
tais como alimento ou moradia, mas sim, de amor, interesse, apoio e cuidado. Estas
necessidades podem ser atendidas somente por pessoas locais que as amem.
2 Os pastores compartilham a visão com suas congregações e fazem uma lista de voluntários e
outra de órfãos no local.
3 Encontro de treinamento de voluntários, facilitado pelos funcionários da ZOE ou por um
coordenador de área voluntário, com o local e a logística organizados pela igreja local. As
questões vistas são: encontrar órfãos, fazer visitas, manter registros, identificar necessidades e
envolver as estruturas comunitárias existentes.
4 Visita aos programas implementados pelos voluntários.
5 Encontro mensal dos líderes das igrejas locais e voluntários para compartilharem suas
experiências, o que aprenderam e problemas.
IMPACTO O impacto do trabalho da ZOE é extraordinário. Sete anos após o seu início, o programa já tinha levado
as igrejas locais a cuidar de 15.000 órfãos. Então, houve um crescimento repentino. No ano seguinte, o
número de órfãos cuidados cresceu para mais de 40.000. Isto ocorreu, em parte, devido ao número de
famílias necessitadas, por causa da seca e do desemprego, mas também porque o número de igrejas
participantes do programa aumentou. O número de voluntários cresceu de 550 para 1.013, e o número
de igrejas participantes aumentou de 121 para 191 no mesmo ano. Três anos mais tarde, havia 600
igrejas trabalhando no programa e 2.000 voluntários apoiando quase 100.000 crianças.
A freqüência à igreja aumentou na maioria das áreas que começaram programas de assistência a
órfãos. Como o programa mostra a igreja local como uma comunidade interessada, ela passou a ser
respeitada.
LIÇÕES O FATO DE A ZOE CONCENTRAR-SE NO TREINAMENTO SIGNIFICA QUE, PARA EXPANDIR O SEU TRABALHO,
APRENDIDAS SÃO NECESSÁRIOS MAIS TREINADORES O trabalho foi tão bem-sucedido, que agora há uma grande
demanda de outros líderes de igrejas locais para receber treinamento. Assim, foram escolhidos alguns
voluntários para se tornarem “coordenadores de áreas voluntários”, que podem facilitar alguns dos
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encontros de treinamento da ZOE. Esta abordagem mostrou ser mais empoderadora e sustentável do
que adquirir novos funcionários.
PODEM SER NECESSÁRIOS ALGUNS RECURSOS EXTERNOS O grau de necessidade e o número de órfãos
são tão altos que as igrejas locais freqüentemente têm dificuldade para prestar os cuidados mais
básicos. São necessários recursos externos para suplementar os recursos com que as igrejas e os
voluntários já contribuem. Entretanto, os recursos precisam ser geridos de uma maneira que não
desempodere a iniciativa local e cause dependência. O foco precisa ser aumentar a independência,
como, por exemplo, através de iniciativas de geração de renda.
COMO O PROCESSO É SIMPLES, É FÁCIL REPLICÁ-LO EM OUTROS LUGARES Pode levar apenas de 3 a 6
meses a partir do pedido de ajuda inicial do pastor para que os voluntários comecem a visitar os
órfãos.
ALVOS Incentivar e capacitar as igrejas evangélicas para que possam desenvolver ações de transformação
nas suas comunidades com uma perspectiva de missão integral.
4 Identificação de cinco questões principais que as igrejas locais tinham interesse em resolver.
5 Encontros de treinamento para todos os pastores e membros das igrejas. No final do treinamento,
os participantes pegaram as idéias e aplicaram-nas nas suas próprias igrejas.
Os funcionários do Projeto Transforma procuraram criar relações com os líderes das igrejas locais.
Eles convidaram pastores-chave para formar um grupo consultivo. Eles também convidaram os
pastores para liderar as devocionais dos seus funcionários e compilaram e distribuíram um guia
mensal de orações escrito pelos pastores. Uma vez que as relações estavam mais profundas, o
Projeto Transforma fez uma pesquisa com os pastores para ver o que eles compreendiam por missão
integral dentro das igrejas locais e até que ponto eles a praticavam.
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LIÇÕES O COMPROMISSO DOS LÍDERES COM A MISSÃO INTEGRAL É ESSENCIAL Foi mais difícil mobilizar as
APRENDIDAS igrejas cujos líderes não tinham nenhuma experiência de trabalho com as pessoas pobres.
AS QUESTÕES DE GÊNERO DEVEM SER CONSIDERADAS No início, alguns dos encontros de treinamento
eram realizados nos sábados de manhã. Este não era um horário adequado para as mulheres. No
futuro, o treinamento será programado para horários mais viáveis para elas, assim como para os
homens.
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orações. Se uma organização cristã fosse realizar um projeto semelhante por si mesma, o
projeto seria mais caro por causa dos custos com os funcionários e o escritório. Ele também
poderia ter menos impacto. Por exemplo, poderia haver menos apoio em forma de oração
para o projeto.
Esta abordagem é mais sustentável do que a realização de projetos individuais. Cada vez que
uma organização realiza um projeto, há custos específicos para aquele projeto, tais como o
tempo dos funcionários, materiais e assim por diante. Sempre que é realizado um novo projeto
lá fora, há uma nova série de custos. Entretanto, uma vez que a igreja local é mobilizada, ela
pode atender a uma variedade de necessidades comunitárias naquele momento e no futuro. As
verbas iniciais investidas na mobilização da igreja, portanto, têm um efeito multiplicador e
podem resultar num impacto maior na comunidade.
A abordagem pode ajudar as igrejas locais a se concentrarem numa questão específica, que
pode ter sido óbvia na comunidade antes do início do processo. Depois de mobilizada, a
igreja torna-se mais capaz de responder a uma crise, se esta ocorrer, ou realizar novas
iniciativas.
Esta abordagem pode mostrar resultados tangíveis num curto espaço de tempo.
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Os pastores e as igrejas têm uma agenda mais ampla do que atender às necessidades da sua
comunidade. As demandas da vida da igreja podem fazer com que, às vezes, a resposta às
necessidades fora da igreja não seja o seu foco principal e receba menos atenção.
Mobilizar a igreja Envisionar os pastores e os membros para Envisionar os pastores e os membros para
praticarem a missão integral praticarem a missão integral
Treinar a igreja Treinar a igreja para identificar as Treinar a igreja para envisionar e mobilizar a
necessidades e oferecer treinamento técnico comunidade
na resposta a uma necessidade identificada
específica
Ação da igreja na A igreja atende a uma necessidade na A igreja envisiona e mobiliza a comunidade
comunidade comunidade para atender às suas próprias necessidades
Ação comunitária Nenhuma ou, talvez, trabalho com a igreja A comunidade identifica as necessidades e
local de forma limitada responde a elas com os seus próprios
recursos sempre que possível
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A Wholistic Development Organisation (WDO), uma organização cristã, queria desafiar a dependência
e servir de facilitadora junto às igrejas locais para que estas empoderassem as comunidades para agir.
Eles treinaram facilitadores cristãos, os quais envisionaram as igrejas locais. As igrejas locais
escolheram seis membros para formar um grupo cristão central, que trabalhou com a comunidade
para identificar problemas e possíveis soluções. Os facilitadores e o grupo cristão central apoiaram as
comunidades à medida que elas resolviam os seus próprios problemas.
ALVOS Estabelecer grupos cristãos centrais com a capacidade de implementar a missão integral através da
facilitação de iniciativas comunitárias que contribuam com a segurança alimentar, a geração de renda
e a saúde.
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IMPACTO A Trapeang Keh era uma comunidade pobre, com terra seca, migração para fora da área, saúde
precária e dívida. Havia pouca confiança ou cooperação entre os membros da comunidade. A igreja
tinha quatro membros, e estes eram perseguidos e marginalizados pelo resto da comunidade. Após o
processo de mobilização, os membros da comunidade começaram a trabalhar juntos para resolver
seus problemas, como, por exemplo, cavando poços aperfeiçoados e estabelecendo sistemas de
irrigação.
As atitudes em relação à igreja também mudaram. A autoconfiança dos cristãos para cuidar do
próximo e compartilhar sua fé aumentou. Há menos perseguição e todas as famílias, com exceção de
duas, agora freqüentam a igreja local.
LIÇÕES AS PESSOAS QUE PASSARAM PELA POBREZA TENDEM A SER OS MELHORES FACILITADORES
APRENDIDAS Os facilitadores não precisam ter qualquer qualificação ou experiência em desenvolvimento. Na
verdade, as pessoas com qualificações formais tendem a estar menos dispostas a permanecer nas
comunidades ou viajar para áreas remotas e não ficaram na WDO por muito tempo. Os facilitadores
estavam dispostos a passar tempo na comunidade, inclusive passar a noite, o que muitos agentes de
desenvolvimento não queriam fazer. Isto levou à formação de relações profundas, que aumentaram o
sucesso do processo de mobilização.
AS PESSOAS PODEM ACHAR QUE AS ESTRUTURAS DE PODER EXISTENTES SÃO AMEAÇADAS PELO
PROCESSO Às vezes, as pessoas acham que as estruturas de poder locais, tais como os comitês de
desenvolvimento dos povoados, são ameaçados, porque o processo empodera as pessoas pobres,
dando-lhes uma voz. O processo freqüentemente alcança mais numa comunidade em alguns meses
do que os comitês de desenvolvimento em anos.
O PROCESSO FUNCIONA MELHOR COM IGREJAS LOCAIS BEM ESTABELECIDAS Quando as igrejas eram
jovens e imaturas demais, elas não eram capazes de assumir a responsabilidade por atuarem como
catalisadoras para o processo de mobilização. Elas viam o processo como uma oportunidade para
crescer e ofereciam assistência como incentivo para que as pessoas se convertessem, ao invés de
uma oportunidade para mostrar que a igreja local se interessa pela comunidade.
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O processo de avaliação participativa (PAP) foi realizado em vários lugares na África Oriental. Ele foi
usado por vários motivos. Por exemplo:
■ Em Soroti, Uganda, os funcionários da Pentecostal Assemblies of God (PAG) ficaram frustrados
com o fato de que os programas existentes tinham batalhado pela apropriação local e que a
energia e os recursos locais haviam sido pouco usados.
■ A Diocese de Ruaha, na Tanzânia, tinha ficado insatisfeita com as abordagens de desenvolvimento
tradicionais.
■ No norte do Sudão, a Fellowship for Africa Relief queria desenvolver a capacidade da igreja local e
da comunidade.
■ No sul do Sudão, a ACROSS queria construir uma igreja local ao invés de implementar projetos.
O PAP consiste em envisionar e mobilizar igrejas locais para capacitar as comunidades para
responderem às suas necessidades. Depois de envisionar os líderes da igreja local e os funcionários
da denominação, os líderes das igrejas são equipados para compartilhar a visão sobre a missão
integral com suas congregações. Os estudos bíblicos desempenham um papel-chave no processo de
envisionamento, sendo realizados, às vezes, por três ou quatro dias. Um outro aspecto importante é a
necessidade de que as igrejas locais vejam que possuem a capacidade de catalisar a mudança nas
suas comunidades. Isto consiste, em parte, em reconhecer os recursos locais que a igreja e a
comunidade possuem e, em parte, em ter confiança nas próprias capacidades.
Uma vez que a igreja local tiver sido envisionada, é feito contato com os líderes comunitários, e a
possibilidade de um trabalho conjunto para mobilizar a comunidade é discutida. A comunidade é,
então, envisionada e conduzida por vários estágios, que consistem em identificar questões locais que
precisem ser resolvidas e os recursos que a comunidade pode usar para resolvê-las. São escolhidos
vários membros da igreja e da comunidade para ajudar a facilitar o processo, o que aumenta a
apropriação local.
ALVOS Colocar a igreja local em contato com a teologia e a prática da missão integral em todos os âmbitos,
de maneira a envisioná-la e mobilizá-la para agir como agente de mobilização comunitária, auxiliando
as comunidades a identificarem e atenderem às suas necessidades.
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encontros, são selecionadas três pessoas da igreja local e três pessoas da comunidade para
liderar e moldar o processo de mobilização. Os membros das comunidades decidem como estas
pessoas serão chamadas. Em Soroti, elas eram conhecidas como “Agentes de Recursos da Igreja
e da Comunidade”. No sul do Sudão, elas eram chamadas de “Despertadores”.
6 Coleta de informações sobre a comunidade. Os Facilitadores e os Despertadores são treinados na
coleta de informações e, então, trabalham com a comunidade e uma Equipe de Coleta de
Informações nomeada por ela para descobrir informações detalhadas sobre a comunidade.
7 Análise das necessidades da comunidade. Após treinamento, os facilitadores trabalham com a
comunidade para analisar as informações coletadas e decidir que questões devem resolver.
8 Estabelecimento da meta comunitária e planejamento da ação. Após treinamento, os facilitadores
ajudam a comunidade a elaborar metas realistas e planos de ação.
9 Implementação e monitoramento da comunidade. Após treinamento, os facilitadores equipam os
líderes comunitários e os Despertadores para criarem comitês de desenvolvimento comunitários,
implementar os planos de ação e monitorar o progresso.
10 Renovação da apropriação do processo por parte da denominação. É realizado um novo encontro
para os participantes do encontro de treinamento para envisionamento realizado no início do
processo. O aprendizado e os resultados do processo até então são compartilhados com eles para
incentivar a apropriação e o apoio para as próximas etapas do processo. Eles são incentivados a
planejarem a replicação do processo em outras partes da região.
11 Treinamento e apoio contínuos para os comitês de desenvolvimento comunitário. Os funcionários
da organização cristã encontram-se com os comitês de desenvolvimento comunitário para
identificar necessidades contínuas de treinamento. Estas podem ser: treinamento em gestão
financeira, supervisão, monitoramento e avaliação, gestão do ciclo de projetos, planejamento de
ação comunitária e gestão de desastres.
12 Replicação. O processo inteiro é repetido com mais igrejas locais e comunidades. Os encontros de
treinamento são organizados pelos facilitadores do primeiro processo, ao invés de um consultor
externo ou funcionário da organização cristã.
“Estávamos adormecidos antes, mas agora “Deveríamos nos unir para enfrentar os
temos uma visão.” Membro da comunidade no problemas; o meu problema hoje será o
Norte do Sudão problema de outra pessoa amanhã.” Pastor
Membro da igreja no Sul do Sudão “Antes de o nosso pastor ouvir falar do PAP,
“Se nos deixassem sozinhos agora, e todos conhecíamos a palavra “cooperação”, mas não
continuar até o fim.” Pastor no Sul do Sudão Membro da comunidade, Sul do Sudão
“Nossos olhos foram abertos e todos são mais “A maior mudança que o processo me trouxe
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LIÇÕES O PROCESSO PODE SER CARO E PODE LEVAR MUITO TEMPO Este processo exige alto insumo, porque
APRENDIDAS precisa de muitos encontros de treinamento, e, nos intervalos entre eles, o treinador precisa servir de
mentor. Este processo pode ser afetado pela possibilidade de as pessoas irem embora e por
influências externas. Ele pode ser lento demais para ser eficaz em áreas de instabilidade e nas áreas
urbanas, em que as pessoas se mudam com maior freqüência.
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AS PESSOAS NÃO SÃO PAGAS PELO SEU TEMPO E PELAS SUAS DESPESAS, TAIS COMO OS CUSTOS DE
VIAGEM O fato de que o processo foi realizado com sucesso em diferentes lugares mostra que há um
comprometimento considerável com o processo por parte de todas as pessoas envolvidas. Pode ser
necessário que a organização cristã financie os custos com os facilitadores nas etapas iniciais do
processo, para que eles não fiquem sem dinheiro.
Porém, uma vez que o processo começar a mobilizar
as pessoas, a igreja ou a comunidade pode começar a
valorizar a contribuição dos facilitadores ou
Despertadores e angariar dinheiro para pagar os
custos de alimentação, hospedagem e transporte. Por
exemplo, uma comunidade no sul do Sudão construiu
DEVE-SE INVESTIR TEMPO SUFICIENTE NO TRABALHO COM OS LÍDERES COMUNITÁRIOS, pois o seu apoio
é fundamental para assegurar que uma grande proporção da comunidade compareça aos encontros e
seja mobilizada.
PODE SER DIFÍCIL REALIZAR O PROCESSO NAS ÁREAS RURAIS REMOTAS Os funcionários da
organização cristã têm de ser capazes de viajar até a comunidade regularmente, é necessário um local
para o treinamento, os facilitadores precisam ser capazes de viajar até as comunidades-piloto, e é
necessário que haja pessoas instruídas suficientes para atuarem como Despertadores.
PODE SER MUITO DIFÍCIL USAR O PROCESSO NUMA COMUNIDADE EM QUE JÁ HAJA PROGRAMAS DE
ONGS, porque é difícil romper a síndrome da dependência. ONGs podem vir à comunidade durante o
processo e oferecer soluções rápidas.
O ATAQUE ESPIRITUAL É VISTO COMO DESAFIO PARA O PROCESSO Isto não é de surpreender, já que o
processo desenvolve e equipa a igreja local. Portanto, o apoio em forma de oração para o processo
é vital.
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Esta abordagem incentiva a replicação. Uma vez que uma igreja local mobilizou uma
comunidade, ela pode compartilhar o que aprendeu com outras igrejas locais à sua volta,
para que elas possam mobilizar suas comunidades. Se houver apoio de funcionários da
denominação no estágio inicial, é mais provável que a abordagem seja replicada além das
igrejas e comunidades-piloto, porque haverá apropriação num nível mais alto. Há evidência de
que, uma vez que as pessoas vêem mudanças positivas numa comunidade, elas se inspiram e
se envisionam para fazer mudanças na sua própria comunidade também.
Esta abordagem pode resultar numa liderança melhor da comunidade. Como a mobilização
da comunidade incentiva as pessoas a se envolverem mais na tomada de decisões sobre
questões comunitárias, a liderança da comunidade passa a prestar mais contas e torna-se mais
transparente. O processo pode fazer com que os líderes corruptos sejam confrontados ou
retirados. Além disso, o processo pode produzir novos líderes comunitários, pois ele geral-
mente consiste em treinar facilitadores locais, os quais adquirem habilidades, autoconfiança e
experiência para se tornarem líderes capazes.
Como é a igreja local que mobiliza a comunidade, a comunidade começa a ver a igreja de
uma forma mais positiva. Como resultado, a igreja local pode crescer em número. Já que esta
abordagem deve trazer união para dentro da comunidade, as pessoas passam a ter menos
medo de serem vistas indo à igreja, e esta torna-se um local de encontro natural. Esta
abordagem também incentiva o discipulado, pois os membros da igreja são incentivados a
estudar a Bíblia e recebem responsabilidade pelo trabalho. O uso de estudos bíblicos para
mobilizar a igreja local ajuda a fazer desta abordagem um estilo de vida, ao invés de um
processo individual.
O trabalho de desenvolvimento tradicional resume-se em organizações oferecendo recursos à
comunidade e, talvez, pedindo a ela que faça uma pequena contribuição. Os processos da
mobilização da igreja e da comunidade são diferentes. As comunidades e as igrejas locais são
incentivadas a considerarem os seus próprios recursos primeiro e, depois, abordarem as
organizações cristãs para obter o que estiver faltando. Esta abordagem é mais sustentável e
empoderadora do que as outras.
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para o trabalho
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A organização cristã aproveitou a oportunidade para mobilizar as igrejas locais para falarem em nome
das pessoas deslocadas. Os líderes das igrejas reuniram-se e recusaram-se a permitir que as autori-
dades mudassem as famílias para campos de detenção até que as instalações dos campos fossem
aceitáveis. Eles também se certificaram de que o impacto da “operação limpeza” fosse claramente
documentado, para que as Nações Unidas e a mídia por todo o mundo pudessem ser informadas.
O resultado foi que este grupo de defensores e promotores de direitos de igrejas locais cresceu e
passou a ter mais voz na defesa dos pobres. Um ano depois dos despejos forçados, as congregações
locais fizeram uma passeata para protestar contra o fato de que o governo não estava tentando
encontrar novas moradias para as pessoas que haviam sido deslocadas e garantir que elas não
fossem esquecidas.
O número de igrejas envolvidas no trabalho com a defesa e promoção de direitos agora aumentou,
formando um grupo nacional para este tipo de trabalho. A organização cristã oferece treinamento a
grupos de igrejas locais por todo o país. Uma vez treinadas, as igrejas locais trabalham individual-
mente, juntas em âmbito comunitário e em âmbito nacional para defender e promover várias questões
que causam preocupação.
Métodos de defesa e promoção de direitos que as igrejas locais poderiam ser incentivadas a
usar:
TRABALHO EM REDE – incentivar as igrejas locais a interagirem com mais contatos e redes para
criar novas alianças e um movimento para a mudança. Estas redes podem ser de igrejas locais,
nacionais ou internacionais ou redes com agências seculares.
LOBBY– incentivar as pessoas a falarem diretamente com as pessoas que têm influência para
melhorar a situação. Os membros da igreja podem realizar este tipo de trabalho de defesa e
promoção de direitos em nome da comunidade.
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para o trabalho
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Para obter mais informações sobre como realizar o trabalho de defesa e promoção de direitos,
consulte o Kit de ferramentas para a defesa de direitos (ROOTS 1 e 2).
Alguns métodos da defesa e promoção de direitos podem não ser adequados para serem
usados pelas igrejas em certas situações:
■ Em países governados por regimes opressivos ou corruptos, as igrejas podem decidir que os
métodos abertos de defesa e promoção de direitos não são adequados. Entretanto, o
trabalho de defesa e promoção de direitos sutil e não confrontador poderia ser uma opção.
Por exemplo, os bispos e os líderes de igrejas locais bem conhecidos poderiam criar relações
pessoais com membros do governo a fim de persuadi-los a mudar as políticas. Em alguns
lugares, a igreja pode ter um certo grau de proteção para falar, que outros grupos talvez
não tenham. Entretanto, a igreja precisa ter cuidado para não se associar demais com as
pessoas no poder, especialmente se estas forem injustas. Um outro exemplo do trabalho
não confrontador de defesa e promoção de direitos é educar os habitantes locais sobre os
seus direitos como cidadãos para que possam se manifestar. Poderia ser útil para as igrejas
locais criar vínculos com organizações cristãs internacionais que possam, em seu nome,
fazer lobby internacionalmente contra os regimes opressivos.
■ Em países em que a igreja é a minoria ou é perseguida, as igrejas precisam ser muito
cuidadosas sobre até que ponto se engajar na defesa e na promoção de direitos. Há o
perigo de que elas possam criar ainda mais antagonismo com o Estado e colocar sua
situação em risco. Entretanto, criar alianças com outros grupos minoritários poderia ser
benéfico e proporcionar mais força devido ao número maior de pessoas envolvidas.
■ Embora as igrejas locais possam ser uma força propulsora para a mudança, devido à sua
capacidade de representar as comunidades de base e pela força resultante do grande
número de pessoas envolvidas, elas podem não ter o conhecimento especializado para
realizar a defesa e promoção de direitos de forma eficaz. Se as igrejas não mostrarem que
compreendem totalmente questões complexas, elas podem perder a credibilidade com as
pessoas que tomam as decisões. As igrejas geralmente são melhores falando de questões de
princípio geral do que propondo soluções para questões relativas a políticas. O trabalho em
rede e o apoio de organizações especializadas em defesa e promoção de direitos podem
melhorar a capacidade das igrejas locais para realizar este trabalho de forma eficaz.
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para o trabalho
com as igrejas
locais
Estudo de caso Mobilização da igreja local para a defesa e a promoção de direitos em Honduras
Como parte do programa Deborah, que visa a
reduzir a violência doméstica na zona central de
Honduras, a organização cristã Proyecto Aldea
Global mobilizou igrejas locais para realizar a
defesa e a promoção de direitos. Os principais
alvos do trabalho de defesa e promoção de
Foram organizados uma passeata e um rali para promover a “Paz na família”, aos quais pediu-se que
os membros das igrejas e os pastores comparecessem. Quatrocentas pessoas participaram da
passeata pela cidade de Siguatepeque para conscientizar os outros sobre a violência doméstica, para
mostrar aos habitantes locais que esta é inaceitável e para que as pessoas que a sofrem pudessem
descobrir onde conseguir ajuda. A passeata saiu no rádio e na televisão cristãos. Como resultado, o
número de mulheres que agora se apresentam para fazer queixas de violência doméstica e procurar
ajuda aumentou dramaticamente.
REFLEXÃO ■ Quais destas abordagens seriam mais adequadas para a nossa situação?
■ Que estruturas precisariam ser estabelecidas para que pudéssemos realizar este tipo de
trabalho?
■ Que pesquisas precisariam ser feitas?
Resumo
Nesta seção, examinamos três maneiras de se trabalhar com as igrejas locais:
■ Mobilização da igreja
■ Mobilização da igreja e da comunidade
■ Empoderamento da igreja para a defesa e a promoção de direitos.
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Seção ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
4 Questões-chave a serem
consideradas
Examinamos a igreja local e o seu papel central na missão integral. Examinamos também
formas como as organizações cristãs podem trabalhar com as igrejas locais para libertar este
potencial.
Esta seção examina questões-chave que devem ser consideradas pelas organizações cristãs, se
desejarem trabalhar mais diretamente com as igrejas locais.
Para começar, pode ser útil que a organização cristã se pergunte se precisará mudar
fundamentalmente sua visão, seu foco e sua estrutura para ter uma parceria mais eficaz com as
igrejas locais. A Seção 4.1 explora esta questão e oferece algumas diretrizes úteis.
Em segundo lugar, a organização cristã pode achar útil pensar sobre o que “parceria”
realmente significa antes de começar a trabalhar mais diretamente com as igrejas locais. A
Seção 4.2 oferece alguma orientação sobre isto.
Em terceiro lugar, no estágio inicial da mobilização da igreja, a organização cristã precisa
pensar sobre como influenciará os líderes das igrejas, pois estes são essenciais para o processo.
Os bons líderes podem fazer uma grande diferença para o resultado. A Seção 4.3 traz modelos
e ferramentas para ajudar as organizações cristãs a contribuírem para o desenvolvimento de
bons líderes.
Em quarto lugar, uma organização que quiser entrar em parceria com as igrejas locais
precisará pensar sobre como envisionará essas igrejas para a tarefa da missão integral. A Seção
4.4 oferece orientação, estudos de caso e ferramentas sobre isto.
Uma quinta área-chave, que deve ser considerada pela organização cristã, é como facilitar a
mobilização da igreja e da comunidade. A Seção 4.5 traz idéias e ferramentas importantes para
isto.
Uma sexta área, crucial para a sustentabilidade e o empoderamento, é como a organização
cristã poderá incentivar as igrejas locais e as comunidades a usarem os recursos locais para
financiar suas atividades. A Seção 4.6 dá orientação sobre isto.
Finalmente, para fins de prestação de contas e qualidade das iniciativas, a organização cristã
precisará pensar sobre como irá monitorar e avaliar o seu trabalho e as parcerias com as igrejas
locais. A Seção 4.7 traz algumas idéias sobre isto.
Não há espaço suficiente neste livro para uma discussão detalhada destas questões. Cada uma
delas merece um livro inteiro só para si. Porém, achamos que pode ser útil apresentar algumas
idéias iniciais e algumas ferramentas. A Seção 5 dá exemplos de outros recursos, caso as
organizações desejem considerar estas questões de forma mais detalhada.
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consideradas
■ Revisão da organização.
■ Revisão e reelaboração da visão e da missão.
■ Revisão da estratégia da organização e reelaboração do plano estratégico. A análise FFOA
(pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) é uma ferramenta que pode ser
usada para esta revisão.
■ Treinamento para funcionários em diferentes níveis da organização.
■ Habilidades específicas para os funcionários que implementarão o trabalho com as igrejas
locais. Este treinamento pode incluir habilidades de envisionamento e facilitação e como
envisionar e trabalhar com pastores de igrejas.
Os processos de mudança organizacional nas organizações grandes geralmente exigem pelo
menos dois facilitadores. Uma vez que o processo leva muito tempo, não é realista pensar que
apenas um facilitador será capaz de conduzir a organização ao longo do processo inteiro. Em
certos momentos do processo, serão necessárias habilidades diferentes, desde habilidades para
lidar com questões estruturais e de capacidade de alto nível até habilidades em mobilização da
comunidade nas bases. Assim, faz sentido ter uma equipe de facilitação, cujos membros
possam ser trazidos para facilitar o processo em momentos específicos.
Os facilitadores devem ser independentes e, portanto, neutros. Esta neutralidade é
importante, pois a mudança organizacional pode ser um processo delicado e doloroso para os
funcionários e pode revelar ou causar conflitos. Um facilitador de fora da organização deve ser
imparcial. Há mais chances de os funcionários se abrirem sobre seus sentimentos e suas
opiniões com alguém que não esteja envolvido nas operações da organização. Os facilitadores
independentes também podem melhorar a qualidade da revisão, uma vez que têm um ponto
de vista novo sobre a organização e permissão para confrontar. Eles podem fazer perguntas
adequadas relacionadas com a organização como um todo. Uma pessoa já envolvida na
organização pode simplesmente estar preocupada com as questões relacionadas com o seu
próprio trabalho e, assim, não seria um facilitador apropriado para um processo como este.
Por outro lado, os facilitadores de fora podem não ter uma compreensão da organização e
podem ter valores diferentes. Portanto, os facilitadores devem ser selecionados
cuidadosamente.
O compromisso dos líderes seniores com o processo de mudança é vital. Sem o compromisso, a
facilitação torna-se inútil, por maior que seja.
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Embora caros, os processos de mudança são rentáveis, pois lidam com questões no centro da
organização e asseguram que todos os funcionários estejam trabalhando para alcançar a
mesma meta. Uma vez que as questões centrais foram resolvidas, o impacto positivo do
processo pode chegar, aos poucos, às comunidades de base.
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Foi decidido que era necessário um processo de mudança organizacional para unificar a denominação
e assegurar que as igrejas locais fossem melhor representadas dentro das estruturas da KHC e
melhor apoiadas por elas. Esperava-se que o processo resultasse em igrejas locais mais envolvidas
no atendimento às necessidades das pessoas pobres nas suas comunidades.
Depois de uma revisão dos ministérios da KHC nos âmbitos nacional e regional, foi trazido um
consultor para trabalhar com os principais representantes da KHC para desenvolver um Plano de
Mudança Estratégica. O principal aspecto deste Plano era envisionar e treinar todos os membros da
denominação sobre questões tais como trabalho em equipe, tomada de decisões e planejamento de
projetos. Para assegurar que todos recebessem treinamento, foi usado um modelo “cascata”. Quatro
treinadores treinaram 300 líderes de região, os quais, por sua vez, treinaram dois treinadores em cada
igreja. Os dois treinadores de cada igreja, então, treinaram as suas congregações. Um outro aspecto
do Plano foi o treinamento de funcionários em gestão da mudança organizacional.
IMPACTO Este processo durou seis anos e continua em andamento. Ele usou grandes quantias de verbas para
pagar o trabalho de consultoria, a contratação de quatro funcionários de tempo integral e a produção
de materiais de treinamento. Entretanto, há alguns sinais promissores do impacto:
Impacto sobre a ■ As atitudes e o estilo de muitos líderes que trabalham na sede da KHC melhoraram. Agora, as
liderança da KHC pessoas sentem-se capazes de dar suas idéias e opiniões nos debates e nas discussões, sem se
sentirem constrangidas ou atacadas.
■ Nas regiões, os líderes usam um estilo de liderança em que há mais facilitação. A prestação de
contas financeira melhorou.
■ Nos distritos, há um cuidado maior com a seleção de líderes e mais disposição para o trabalho
em equipe.
■ Nas igrejas locais, os líderes estão mais comprometidos com a missão integral, melhores no
planejamento estratégico, mais preocupados com o bem-estar e os pontos de vista dos membros
das igrejas, inclusive das mulheres e dos jovens, e prestam mais contas às suas congregações.
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Impacto na estrutura Houve mudanças significativas na estrutura organizacional da KHC. Por exemplo, foi formado um
organizacional Programa de Empoderamento da Comunidade e Desenvolvimento de Capacidades. Foram iniciados
outros programas para resolver questões como a prevenção e o tratamento do HIV (VIH) e promover
a alfabetização e a educação.
Impacto nas As igrejas estão começando iniciativas sem esperar pela permissão dos seus superiores hierárquicos.
igrejas locais
Impacto na Foram começadas muitas iniciativas, as quais tiveram um impacto positivo nas comunidades locais.
comunidade Por exemplo, houve uma diminuição de 40 por cento nos índices de tifo, malária e mortalidade infantil
em quatro comunidades onde foram construídas farmácias.
Impacto no Numa comunidade, formada por uma tribo marginalizada, a maioria dos 5.000 membros tornaram-se
crescimento da igreja cristãos, como resultado de um trabalho de reconciliação inspirado pelo processo.
LIÇÕES A APROPRIAÇÃO DO PROCESSO POR PARTE DA LIDERANÇA SÊNIOR É VITAL Embora a liderança sênior
APRENDIDAS tenha dado início ao processo, à medida que este foi adiante, tornou-se mais difícil para alguns dos
líderes interagirem com ele. Em todos os estágios, é necessário que haja uma liderança e uma visão
clara para o processo.
O PROCESSO PRECISA SER FLEXÍVEL para lidar com as igrejas locais que começam a implementar seu
treinamento antes que todas as estruturas de apoio estejam estabelecidas. Caso contrário, as
iniciativas da igreja local podem ser mal projetadas ou mal geridas.
PENSE SOBRE COMO CONTINUAR O TREINAMENTO DE ALTO PADRÃO Isto consiste em motivar e apoiar
os treinadores e evitar que se dependa demais dos materiais escritos.
AS QUESTÕES DE GÊNERO PRECISAM SER RESOLVIDAS ABERTAMENTE Não é suficiente pressupor que
as mulheres participarão do treinamento. Elas podem não participar por falta de verbas, índices baixos
de alfabetização ou por não serem normalmente incentivadas a participar na liderança ou nas
atividades das igrejas por toda a denominação.
■ Nossa organização precisaria mudar consideravelmente para assumir este novo papel?
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O pastor procurou a ACT, porque queria trabalhar em parceria. A ACT pediu ao pastor que reservasse
algum tempo durante os cultos de domingo para que ela falasse sobre o seu trabalho. A ACT usou
este tempo para envisionar os membros da igreja sobre a necessidade de que eles assumissem a
responsabilidade pela sua comunidade. As pessoas que entenderam a visão, então, fizeram uma
pesquisa na comunidade para descobrir quais eram as necessidades.
A igreja local e a ACT fizeram um memorando de entendimento verbal, em que discutiram questões
financeiras e técnicas.
A ACT facilitou encontros de treinamento para pessoas da igreja local, as quais atuariam como
“animadores”. Estes encontros de treinamento consistiam em treinamento numa série de questões de
desenvolvimento e ofereciam uma oportunidade para que os animadores compartilhassem suas
experiências e aprendessem uns com os outros. A ACT também facilitou quatro encontros por ano,
em que os pastores de várias igrejas locais podiam discutir êxitos e fracassos e, então, orar por eles.
A igreja local foi envolvida na educação da comunidade sobre o HIV (VIH) e a AIDS (SIDA). Como
resultado, as atitudes e o comportamento das pessoas mudaram. Foi aberta uma pré-escola, sendo
que 90 por cento das crianças passaram para a escolarização formal. Foram criadas relações entre a
igreja local e a comunidade. Muitas pessoas de língua hindi começaram a freqüentar a igreja de língua
tamil, e, desde então, estabeleceram uma igreja de língua hindi.
Algumas A parceria é uma relação entre duas pessoas ou dois grupos, que existe para um propósito
observações comum. Os grupos entram em parceria porque podem alcançar mais juntos e concretizar um
sobre a parceria propósito de forma mais eficaz.
A verdadeira parceria não consiste em exploração. Ambos os parceiros têm algo a oferecer à
relação e algo a ganhar com ela. Às vezes, a parceria consiste em compartilhar recursos, tais
como especialistas, conhecimento, equipamento, conexões, oração ou voluntários.
Infelizmente, quando há troca de dinheiro, o doador é, às vezes, visto como mais poderoso do
que o que recebe. Na parceria verdadeira, é necessário que ambos os parceiros participem da
tomada de decisões. Se somente um dos parceiros tomar decisões, o outro parceiro será mais
como alguém que foi contratado para realizar uma determinada tarefa, mas não tem nenhuma
responsabilidade pelo rumo do trabalho como um todo. Isto não é parceria.
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Os parceiros não realizam as mesmas tarefas juntos o tempo todo. As melhores parcerias
ocorrem, porque os parceiros possuem pontos fortes diferentes em termos do que podem
fazer. Eles desempenham papéis que se complementam. Talvez eles só trabalhem naquilo em
que são bons e, assim, não realizem muitas tarefas juntos.
As parcerias exigem transparência. As intenções e as ações de cada parceiro devem ser
esclarecidas ao outro parceiro. Os parceiros, portanto, devem prestar contas um ao outro.
Contudo, as parcerias também exigem confiança, para que cada parceiro possa ter certeza de
que o outro estará usando seus pontos fortes com responsabilidade, para o benefício do
propósito que a parceria está tentando alcançar. Como os parceiros precisam estar comprome-
tidos em trabalhar juntos, a parceria geralmente se baseia em valores comuns, e isto pode
durar muito tempo. A relação é tão importante quanto o propósito que os parceiros querem
alcançar. Caso contrário, a parceria poderia fracassar antes de se alcançar o propósito.
Alan Fowler estuda as ONGs há muitos anos e identificou algumas questões muito
importantes, que devem ser consideradas para que as parcerias sejam bem sucedidas3. Embora
o conselho dele esteja voltado para parcerias entre ONGs dos Hemisférios Norte e Sul, ele
também se aplica a parcerias entre as ONGs do Sul e as igrejas locais:
■ Saiba claramente o porquê da existência da relação. Cada parceiro deve saber claramente
por que quer a parceria e ser realista quanto àquilo com que pode ou não contribuir.
■ Aplique o princípio da interdependência. Se cada parceiro não for dependente do outro de
alguma forma, eles não estarão realmente em parceria.
■ Concentre-se na relação, ao invés de no projeto. Um projeto é um veículo para explorar as
relações, mas não é a base para uma parceria.
■ Crie um processo para o controle compartilhado. Evite o desequilíbrio de poder que
freqüentemente ocorre nas relações, especialmente nas que envolvem a transferência de
verbas. Estabeleça processos e estruturas conjuntas, que resultem num controle
compartilhado.
■ Invista na sua própria reforma. Para que a parceria funcione bem, pode ser necessário que
um dos parceiros invista no desenvolvimento do outro no início da relação. Caso
contrário, pode haver um desequilíbrio de poder na relação, porque um dos parceiros
depende demais do outro.
REFLEXÃO ■ Que parcerias já temos, tais como com outras organizações cristãs, departamentos
governamentais, etc.?
■ O que aprendemos com estas parcerias que pode ser útil para formar parcerias com as
igrejas locais?
■ Se já estivermos em parceria com as igrejas locais, consideramos esta relação uma parceria
verdadeira? O que funciona bem nestas parcerias no momento? O que não funciona bem?
3 Fonte: A. Fowler (2002) “Beyond partnerships: getting real about NGO relationships in the aid system”,
em Fowler, A e Edwards, M (Editores) The Earthscan Reader on NGO Management, Londres, 2002
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Formação de parcerias
Diferentes organizações cristãs têm diferentes tipos e profundidades de relações com as igrejas
locais:
■ Elas podem não ter nenhum contato com as igrejas locais.
■ Elas podem ter algum contato com a igrejas locais, mas, talvez, apenas para angariar
dinheiro entre os membros das igrejas.
■ Elas podem envolver as igrejas locais no seu trabalho, pedindo-lhes que orem.
■ Elas podem consultar as igrejas locais sobre várias questões relacionadas com a
comunidade.
■ Elas podem convidar as igrejas a fornecerem voluntários para projetos.
■ Elas podem apoiar a igreja local na prática da missão integral na comunidade.
REFLEXÃO ■ Que tipos de relação mencionados acima poderiam ser descritos como parceria? Por quê?
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Dicas sobre a ■ Parceria não significa apenas trabalhar em conjunto para mudar o mundo lá fora. A parceria
parceria com as também muda as pessoas que a formaram. Esteja preparado para isto, e aprendam um com o
igrejas locais outro. Assegure-se de que a igreja local compreenda as implicações do trabalho com a
comunidade: que o processo transformará a forma de pensar e o comportamento da própria igreja
e não apenas da comunidade.
■ Esteja preparado para que o processo leve muito tempo. Podem ser necessários meses para que a
igreja local esteja pronta para trabalhar com a comunidade, e algum tempo depois disto, para que
haja mudança na comunidade.
■ Procure compreender a cultura, a estrutura, o etos e a forma de pensar de cada igreja local.
■ Evite trabalhar com apenas um grupo dentro de uma igreja local, se houver risco de que isto cause
divisões. Sempre que possível, procure trabalhar com a igreja local como um todo.
■ Evite trabalhar com igrejas com uma liderança fraca ou com lutas pelo poder. A liderança é
considerada um fator-chave para que as igrejas pratiquem a missão integral com sucesso (veja a
Seção 4.3).
■ Reconheça que a agenda da igreja local abrange outras coisas além do trabalho de assistência em
situações de desastres e desenvolvimento.
■ Assegure-se de que o foco seja a igreja local e não a organização cristã. As organizações cristãs
devem cuidar para não impor a sua própria agenda. A igreja local geralmente conhece a
comunidade melhor do que a organização cristã.
■ Esteja preparado para prestar apoio financeiro quando necessário. Embora a igreja e a comunidade
devam ser incentivadas a atender às suas necessidades com os próprios recursos, algumas
necessidades podem exigir mais verbas do que a comunidade pode mobilizar.
Idéias práticas Aqui estão algumas idéias práticas de como as organizações cristãs podem começar parcerias
com as igrejas locais:
■ Para começar, pode ser melhor descobrir que igrejas locais da área já estão praticando a
missão integral. Isto ajudará a organização cristã a observar como as igrejas praticam a
missão integral, descobrir que tipos de apoio ela pode oferecer e aprender sobre parceria.
Mais tarde, quando a organização tiver criado autoconfiança neste novo estilo de trabalho,
ela poderá procurar envisionar outras igrejas locais para que pratiquem a missão integral.
■ As parcerias devem basear-se nos mesmos valores centrais e num propósito comum.
Através de discussões iniciais com o pastor e possivelmente com outras pessoas na liderança
da igreja local, pode-se ver se os valores são os mesmos e se o propósito é comum.
■ Vejam os benefícios da possível parceria para a missão de cada parceiro. O principal foco
deve ser o reino de Deus.
■ Considerem juntos os pontos fortes e fracos de cada parceiro. Se um parceiro tiver um
ponto fraco, que possa limitar o que a parceria quer alcançar, veja como podem trabalhar
juntos para superá-lo.
■ Conversem sobre como cada parceiro pode contribuir para a parceria e o que cada parceiro
espera do outro. Pode ser útil, então, escrever tudo isto num acordo de parceria.
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■ A parceria pode ser uma relação simples no início, baseada numa tarefa específica, mas,
com o passar do tempo, a parceria deve se desenvolver. Como a parceria consiste em
relações, ambos os parceiros devem estar preparados para uma relação de longo prazo
desde o início, mesmo que estejam trabalhando inicialmente para alcançar uma meta
simples.
■ Comecem com uma iniciativa-piloto para criar autoconfiança nos novos papéis e na
parceria.
■ Comuniquem-se freqüentemente. Estejam abertos para aprender um com o outro.
Uma vez que a Inter-mission Cares encontra um pastor que esteja interessado em entrar em parceria,
ela lhe pede que escreva uma carta solicitando que ela venha trabalhar com a sua igreja. O motivo de
se pedir esta carta é ter certeza de que o comitê da igreja tenha discutido a possibilidade e
concordado em trabalhar junto com a Inter-mission Cares, formalizar a relação, garantir a apropriação
do trabalho por parte da igreja e assegurar a prestação de contas da Inter-mission Cares.
O envolvimento mínimo que a Inter-mission Cares pede da igreja local é que ela forneça um prédio e
ore pelo trabalho. Porém, o envolvimento da igreja é geralmente muito maior do que isto.
Quando a Inter-mission Cares começa o seu trabalho na comunidade com a igreja local, ela sempre
procura passar o seu trabalho para a igreja local com que está em parceria. Isto faz com que a igreja
local se mantenha numa posição mais alta na comunidade que a Inter-mission Cares. Numa avaliação
do trabalho comunitário da Inter-mission Cares, foi visto que as pessoas de uma comunidade não
tinham sequer ouvido falar da organização. Elas só sabiam do envolvimento da igreja local no projeto.
■ Se a resposta for sim, que igrejas locais da nossa região seriam boas parceiras?
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resto da Bíblia mostra-nos que Deus deseja que todos os cristãos tenham estas qualidades –
não apenas os líderes. Porém, Paulo menciona essas qualidades na sua carta sobre os líderes
para Timóteo, porque ele reconhece que os líderes inspiram as pessoas que lideram.
CAPACIDADE PARA ENSINAR (versículo 2) Os bons líderes devem ser capazes de ensinar clara e
fielmente a Bíblia às pessoas.
HUMILDADE (versículos 3 e 6) Um bom líder serve às pessoas à sua volta, inclusive as pessoas
que lidera. Ele reconhece a responsabilidade da sua liderança, mas a sua motivação é servir,
não o benefício pessoal.
FÉ EM DEUS (versículo 9) Os bons líderes devem manter-se fiéis à verdade.
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Jesus é o modelo do bom líder. Ele tinha mais poder, sabedoria e compreensão do que
qualquer líder poderia desejar. Contudo, o seu ministério foi sempre servir e incentivar.
Embora seus discípulos tenham cometido muitos enganos e o tenham deixado desapontado,
ele continuou a incentivá-los, apoiá-los e desafiá-los. Entre outras coisas, Jesus:
■ tinha um conhecimento e uma compreensão profunda das Escrituras
■ passava parte do seu tempo em oração, porque queria ser guiado por Deus
■ compartilhava o fardo da liderança através da delegação e do treinamento de outros para
assumirem responsabilidades da liderança.
Os líderes cristãos mais eficazes reservam tempo para identificar dons e potencial nas pessoas e
incentivá-las a se desenvolverem como cristãos individuais e porem sua fé em ação. Um bom
líder assegura-se de que todos tenham a oportunidade de participar, sejam eles do sexo
masculino ou feminino, jovens ou velhos.
Líderes devotos ■ Os líderes devotos influenciam as pessoas para que sigam Cristo, ao invés de seguirem a eles
(1 Coríntios 11:1).
■ Os líderes devotos influenciam as pessoas para que usem seus dons, ao invés de admirarem os
dons do seu líder (Efésios 4:11-13).
■ Os líderes devotos sabem que é Deus que influencia as pessoas, e não as suas próprias
capacidades (2 Coríntios 12:7-10).
■ Os líderes devotos influenciam os seus seguidores para servirem aos outros (Marcos 10:42-45).
A liderança nem sempre é fácil e não é um dom que todos possuem. As pessoas na liderança
estão numa posição de poder, fácil de ser abusada. Com o poder, vem a responsabilidade para
usá-la com sabedoria, para o bem de todos. Os líderes correm o risco de assumir responsabili-
dade demais, sem delegar algumas delas aos outros, o que pode torná-los menos eficazes em
decorrência do cansaço ou de doenças.
Só porque uma pessoa é um bom líder, não quer dizer que ela seja a pessoa certa para liderar
uma iniciativa em particular:
■ Diferentes líderes têm diferentes estilos de liderança. Por exemplo, alguns podem envolver
as pessoas quando toma decisões, enquanto outros podem consultar as pessoas e, então,
tomar a decisão eles mesmos. Alguns líderes estabelecem limites para guiar as pessoas que
lideram, enquanto outros lhes dão liberdade para agir. Alguns líderes podem ter muita voz,
enquanto outros são quietos e lideram através das ações. Diferentes situações exigem
diferentes estilos de liderança. Os líderes podem ter de adaptar o seu estilo ou encontrar
outra pessoa para liderar.
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■ Um líder pode ter compromissos que o impeçam de assumir novas funções de liderança.
Por exemplo, ele pode já ter uma função de liderança noutro lugar e não ter tempo ou
energia para assumir outras responsabilidades como líder. Ou, num determinado
momento, ele pode estar com problemas pessoais, tais como questões familiares que
precise priorizar.
Para superar algumas destas questões de liderança, pode ser útil que a pessoa que está
liderando um trabalho tenha uma equipe de pessoas para ajudá-la. Isto tem as seguintes
vantagens:
MELHOR TOMADA DE DECISÕES por meio da discussão em grupo das questões, mesmo que o líder
seja o responsável por tomar a decisão.
MELHOR GESTÃO DAS ATIVIDADES O líder pode não ter habilidades de gestão, mas outros membros
da equipe talvez as tenham. Os membros da equipe também podem ter outros conhecimentos
e habilidades úteis para o trabalho.
APOIO PARA O LÍDER Como a liderança não é fácil, a equipe poderia oferecer apoio emocional,
espiritual e prático para o líder. A presença da equipe dá uma oportunidade para que o líder
delegue responsabilidades para pessoas em quem confia.
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APÓIE AS PESSOAS QUE LIDERAM INICIATIVAS Seja o pastor ou um outro membro da igreja o líder de
uma iniciativa, esta pessoa precisará de treinamento e apoio consideráveis. O treinamento
poderia abranger habilidades relacionadas com a liderança, tais como o trabalho em equipe
eficaz, motivação de pessoas e delegação de responsabilidades. Pode ser necessário treinamento
em questões relacionadas com as iniciativas, tais como captação de recursos, levantamento de
necessidades e monitoramento e avaliação. Quando oferecerem treinamento, as organizações
cristãs devem evitar ser técnicas demais, pois alguns membros de igrejas podem ter tido pouca
escolarização. O conteúdo do treinamento deve estar baseado numa estrutura bíblica e ser
acompanhado por materiais relevantes para os que estão fazendo o treinamento. Por exemplo,
os materiais escritos podem não ser apropriados se as pessoas não forem alfabetizadas. Os
materiais devem ser produzidos no idioma local. O treinamento deve dar oportunidades para a
reflexão pessoal e para que a pessoa aprenda vendo e fazendo. Isto poderia ser feito através de
visitas a outras igrejas locais que estejam praticando a missão integral. A organização cristã e o
pastor da igreja devem atuar como mentores continuamente para os líderes conforme o caso.
O Union Biblical Seminary queria ajudar os estudantes a compreender o que era a missão integral.
Para fazer isto, foi criado um programa para oferecer aos estudantes um estágio de sete meses numa
organização cristã. Estes estágios visam a desenvolver as habilidades, a visão e a compreensão dos
estudantes. Os estudantes podem acabar trabalhando com pessoas como trabalhadores sexuais
comerciais, crianças de rua ou comunidades faveladas. As atividades realizadas pelos estudantes
podem ser: dar uma educação básica às crianças de rua, aconselhar pessoas com HIV (VIH) e AIDS
(SIDA) e trabalho administrativo básico nos postos de saúde de favelas.
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ALVOS Dar aos estudantes de teologia a oportunidade de trabalhar em comunidades pobres para incentivá-
los a usar uma abordagem de missão integral no seu futuro ministério cristão.
IMPACTO Os estudantes que participaram do programa disseram ter havido mudança nas suas atitudes e na sua
forma de pensar. Na graduação, muitos queriam motivar sua igreja a se engajarem na missão integral.
Um estudante foi trabalhar para a organização em que havia feito o seu estágio, num cargo
especialmente criado para incentivar as igrejas em Mumbai a colocarem em prática a missão integral.
Um outro estudante participa ativamente de uma rede de igrejas de Mumbai que responde ao HIV
(VIH) e à AIDS (SIDA).
Após o estágio, a influência dos estudantes sobre o corpo docente e outros estudantes também foi
positiva.
As organizações que ofereceram estágios também se beneficiaram com o programa. Ter voluntários
por sete meses permitiu-lhes expandir seu trabalho e elas se beneficiaram com o conhecimento
teológico dos estudantes.
LIÇÕES OS ESTÁGIOS DEVEM SER SELECIONADOS CUIDADOSAMENTE, DE ACORDO COM CADA ESTUDANTE
APRENDIDAS Às vezes, os estudantes não possuem as habilidades adequadas para trabalhar com a organização em
que conseguiram estágio. Para que o estágio traga benefícios tanto para o estudante quanto para a
organização que o recebeu, deve-se fazer uma consulta completa com os estudantes e as
organizações antes de designar as vagas para estágios. Antes do estágio, o estudante deve ser
orientado pela faculdade e pela organização.
O PAPEL DO MENTOR É VITAL Alguns mentores querem ensinar demais nas sessões. Os estudantes
precisam de um bom apoio e espaço para falar de preocupações pessoais e identificar questões
importantes que precisarão ser exploradas ao retornarem à faculdade.
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DEVEM-SE DAR OPORTUNIDADES AOS FUNCIONÁRIOS PARA QUE ELES PRÓPRIOS ADQUIRAM
EXPERIÊNCIA DE TRABALHO COM AS PESSOAS POBRES, como, por exemplo, trabalhando lado a lado
com os estudantes nos estágios por uma ou duas semanas. Isto pode aumentar muito a capacidade
dos funcionários para apoiar os estudantes antes, durante e após os estágios.
REFLEXÃO ■ Podemos pensar em líderes de igrejas locais que sejam um bom exemplo da boa liderança?
De que forma eles são bons líderes?
■ Que aspectos da liderança precisam ser desenvolvidos nas igrejas da nossa região?
■ Os líderes das igrejas locais estão comprometidos com a missão integral? De que forma
poderíamos envisioná-los e treiná-los?
Diferença entre Envisionamento significa mudar o coração e a mentalidade dos outros através da motivação e da
envisionamento e inspiração.
mobilização
A mobilização geralmente vem depois do envisionamento e consiste nas pessoas colocando a visão
em prática e concretizando-a.
As organizações cristãs que procuram trabalhar com as igrejas locais geralmente percebem que
as igrejas locais estão em estágios diferentes na sua atitude para com a missão integral e na
prática desta. Algumas igrejas locais podem já estar praticando a missão integral com sucesso e
talvez não achem que precisem trabalhar com uma organização cristã. Entretanto, a maioria
das igrejas ainda têm de considerar a necessidade de missão integral, e as que compreendem
esta necessidade podem não ter a autoconfiança para praticá-la. Portanto, para que as relações
com as igrejas locais valham a pena, as organizações cristãs podem precisar envisioná-las.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
Perguntas-chave 1 Como queremos que a nossa igreja seja daqui a cinco, dez ou vinte e cinco anos? Considere
questões como: pessoas (número, sexo, idade), louvor, união, missão (o que a igreja faz) e
maturidade espiritual.
2 Como queremos que a nossa comunidade seja daqui a cinco, dez ou vinte e cinco anos?
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
Se as respostas para as perguntas 1 e 2 estiverem de acordo com a missão integral, ainda pode
ser útil dar uma olhada nela como parte do processo de envisionamento, pois é importante
que todos os membros da igreja estejam comprometidos com a visão. Entretanto, este
provavelmente não será o foco do processo de envisionamento. Neste momento, identifique
até que ponto a igreja local colocou em prática sua visão para a missão integral.
• Se a igreja identificar obstáculos para a ação, tais como a falta percebida de recursos e
capacidade, o processo de envisionamento deverá incentivar a igreja a descobrir dons e
potencial existentes entre os membros da igreja.
• Se a igreja já estiver praticando a missão integral, o processo de envisionamento deverá ajudar
os membros a identificarem os êxitos e os fracassos, os pontos fortes e os pontos fracos.
Descubra se a igreja poderia se beneficiar trabalhando com uma organização cristã. O
envisionamento pode não ser necessário neste caso, mas o trabalho conjunto pode ser útil.
O envisionamento não consiste apenas em ajudar os membros da igreja local a considerarem a
necessidade de missão integral a fim de motivá-los a agir. Ele consiste também em inspirar a
igreja sobre as abordagens que usará ao praticar a missão integral. O processo de
envisionamento pode, portanto, incentivar a igreja local a considerar os valores bíblicos que
podem melhorar a qualidade do seu trabalho na comunidade. Estes valores podem ser:
■ Valorizar as pessoas como tendo sido criadas à imagem de Deus, independentemente de
sexo, idade, capacidade, etnia, etc. Isto resulta em iniciativas inclusivas, que podem ter
um forte impacto nas pessoas que não costumavam ser tratadas como iguais na
comunidade antes.
■ Comunicação com Deus. A oração deve dar apoio ao processo inteiro. Precisamos pedir a
Deus sua graça, sua força e sua orientação. É também importante escutar a Deus através
do estudo da sua Palavra e da reflexão sobre o que estamos aprendendo sobre Ele e como
Ele trabalha na vida dos membros da igreja e da comunidade ao longo do processo.
■ Libertar as pessoas para que usem seus dons. Isto está relacionado com a descoberta de
dons entre os membros da igreja. Está relacionado, também, com a libertação de potencial
na comunidade. Caso contrário, corre-se o risco de que as pessoas se tornem dependentes
da ajuda externa e não tenham oportunidades de concretizar o potencial que lhes foi dado
por Deus.
■ Unidade. Chegar até a comunidade é muito difícil. Se houver divisões dentro da igreja,
estas poderão tornar-se ainda maiores durante a implementação das iniciativas na
comunidade. Contudo, para que o trabalho cause um impacto positivo, a igreja precisa ser
vista como modelo. Portanto, as igrejas devem ser unidas, tanto dentro de cada igreja
individual quanto entre as igrejas de uma região.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Métodos de envisionamento
Primeiro, é necessário decidir quem precisa ser envisionado e quem deve facilitar o processo
de envisionamento.
■ Ao invés de começar o processo pela igreja local, se esta fizer parte da denominação, pode
ser bom, primeiro, envisionar os líderes no distrito, na diocese ou mesmo no âmbito
nacional. A menos que a missão integral conte com o apoio destes líderes, as igrejas locais
podem não ser capazes ou relutar em agir depois de envisionadas. Este envisionamento
poderia ser realizado por uma organização cristã.
■ No que diz respeito à igreja local, pode ser útil envisionar os pastores primeiro, já que, sem
o seu compromisso, os membros da igreja podem fracassar na tentativa de praticar a
missão integral. Os pastores de uma região poderiam ser reunidos para um encontro de
treinamento para envisionamento facilitado por uma organização cristã ou funcionários e
líderes seniores comprometidos da denominação.
■ É importante que todos os membros da igreja sejam envisionados, pois todos eles devem
ser incentivados a se apropriarem da missão integral e se envolverem nela. A ação social
precisa fazer parte da razão de ser das igrejas. Este envisionamento poderia ser facilitado
por líderes da denominação, pelo pastor ou pela organização cristã.
A Tearfund produziu um Guia PILARES chamado Mobilização da igreja. Este Guia contém
materiais baseados em discussões para grupos de igrejas e poderia desempenhar um papel
importante no envisionamento das igrejas locais e na sua mobilização para a ação. O Guia
cobre 23 tópicos, tais como o papel da igreja, liderança servil, o valor dos pequenos grupos de
estudo bíblico, habilidades de facilitação e planejamento para o crescimento. Não são
necessários líderes treinados para se usar o Guia. Veja a Seção 5 para obter mais informações
sobre como a acessar esse Guia.
É vital que o processo de envisionamento com a igreja local inclua o estudo bíblico. Para que
o trabalho realizado pela igreja seja benéfico, ele precisa ser motivado pela Palavra de Deus e
baseado nela. Os estudos bíblicos da Seção 1 deste livro podem ser úteis. As seguintes
passagens bíblicas também podem ajudar a atender a várias necessidades de envisionamento:
Unidade (1 Coríntios 12:12-31); Dons (Romanos 12:3-8); Valorização das pessoas (João
4:1-26); Comunicação com Deus (Lucas 11:1-13).
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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O (Centro de Iniciativas) Suiuu Bulagy, uma organização cristã, incentiva e equipa igrejas locais para
desempenharem um papel maior na sociedade. Seu trabalho consiste em envisionar as igrejas locais
e oferecer treinamento, informação e oportunidades de trabalho em rede.
No início, foi difícil formar vínculos com as igrejas locais. Elas não estavam interessadas em interagir
umas com as outras, porque não confiavam no ensinamento das outras igrejas. No primeiro encontro
de treinamento, havia somente dez pessoas, de diferentes igrejas. Quando os participantes voltaram
para as suas igrejas, os pastores e os membros das igrejas não apoiaram o seu desejo de realizar
iniciativas na comunidade. Os pastores só queriam que eles prestassem atenção ao crescimento
espiritual.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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O Suiuu Bulagy decidiu que os pastores das igrejas locais precisavam ser envisionados sobre a
missão integral. Eles fizeram uma conferência para os pastores e convidaram uma pessoa conhecida
para falar. Esta pessoa sabia falar com autoridade, e a sua presença na conferência incentivou os
pastores a comparecerem. Os pastores começaram a compreender o trabalho do Suiuu Bulagy e
quiseram cooperar com ele.
No ano seguinte, foi realizada uma conferência para pastores sobre o papel da igreja na proteção dos
direitos humanos. Um palestrante conhecido veio à conferência e ajudou o Suiuu Bulagy a fazer um
treinamento na defesa e na promoção de direitos com os pastores. Os pastores ficaram tão entusias-
mados, que formaram uma aliança. Há planos de uma nova conferência, e o Suiuu Bulagy agora
consegue mobilizar as igrejas locais para participar de eventos, tais como a limpeza das ruas da cidade.
Como resultado do trabalho da Kubatsirana, muitas igrejas agora estão trabalhando juntas para
resolver questões relacionadas com o HIV e a AIDS. As igrejas locais estão cuidando das pessoas
doentes. Há menos discriminação por parte das igrejas locais contra as pessoas que vivem com o HIV
e a AIDS. Há mais membros da igreja fazendo testes e aconselhamento voluntário. As igrejas estão
prestando cuidados domiciliares aos doentes e encontrando famílias substitutas para cuidar das
crianças órfãs. Algumas igrejas estão oferecendo aulas profissionalizantes para as pessoas afetadas
pelo HIV e pela AIDS, tais como carpintaria, costura e alfabetização.
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Envisionamento da comunidade
O processo de mobilização da igreja e da comunidade consiste no envisionamento e na
mobilização da comunidade pela igreja. Para que ocorra uma mudança sustentável, a comuni-
dade precisa se apropriar do processo e contribuir para ele. Portanto, o envisionamento é muito
importante. As comunidades geralmente precisam ser envisionadas em duas áreas-chave:
■ ajudar os membros da comunidade a compreender que eles próprios são agentes de
mudança
■ ajudar os membros da comunidade a compreender que eles têm a capacidade e os recursos
para transformar sua comunidade.
O exercício das páginas 70 e 71 pode ser usado para envisionar membros da comunidade em
relação a estas questões.
Um segredo ALVO Incentivar os membros da comunidade a perceberem que têm o melhor conhecimento sobre a
numa caixa sua região.
Pegue uma caixa de papelão sem buracos. Coloque nela vários objetos encontrados no local. Estes
podem ser: um saco de sementes, algumas pedras, um martelo e alguns pregos. Feche a caixa, para
que ninguém possa ver o que há dentro dela.
Num encontro com os moradores locais, divida os participantes em quatro grupos e dê a cada um
deles um método diferente para descobrir o que há dentro da caixa (veja abaixo). Comece com o grupo
A e termine com o grupo D. Eles têm de ser específicos sobre os detalhes, tais como a cor, o formato
e o tamanho. Cada grupo deve fazer a atividade que lhe foi dada na frente dos outros. Eles devem
decidir em grupo o que acham que há dentro da caixa e compartilhar suas idéias com todos.
■ Os membros do grupo A só podem caminhar ao redor da caixa antes de decidirem o que acham
que há dentro dela.
■ Os membros do grupo C podem vendar uma pessoa, e esta pode colocar a mão dentro da caixa e
tocar nos objetos, sem tirá-los. Os outros não podem olhar dentro da caixa.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Pode-se consultar o desenho durante todo o resto do processo de mobilização, para que as pessoas se
incentivem ou para identificar as questões que precisam ser resolvidas a seguir. Uma alternativa é
pedir aos membros da comunidade para que façam uma lista das questões principais levantadas no
desenho. Esta lista pode ser usada durante o planejamento.
REFLEXÃO ■ Quais das idéias de envisionamento desta seção nos deixaram entusiasmados e por quê?
■ Experimente, em grupo, algumas das ferramentas desta seção. Elas poderiam ser usadas
com eficácia com pastores e igrejas locais na nossa região?
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Na igreja local:
■ envisionamento de pastores sobre a importância da missão integral
■ envisionamento de membros da igreja sobre a importância da missão integral
■ treinamento de membros da igreja em metodologias de assistência em situações de
desastres
■ desenvolvimento e defesa e promoção de direitos
■ treinamento de membros da igreja em habilidades de facilitação
■ criação de relações entre as igrejas locais e a comunidade
■ provisão de facilitação e apoio contínuo.
Na comunidade:
■ envisionamento de membros da comunidade
■ facilitação da mobilização da comunidade.
Os facilitadores podem pertencer a uma organização cristã, podem ser consultores externos ou
podem ser membros de igrejas locais.
Papel do facilitador
O papel do facilitador é diferente do papel do professor. O professor explica novos conceitos e
idéias, enquanto que o facilitador é um capacitador e não sabe todas as respostas.
O facilitador pode ser comparado a uma parteira, que ajuda a trazer algo novo e maravilhoso para fora.
Ele não cria a vida, mas oferece apoio e auxílio num momento crucial.
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Identificação de facilitadores
A boa facilitação depende tanto das atitudes e do caráter do facilitador quanto das suas
habilidades.
CARÁTER HABILIDADES
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Habilidades de facilitação
Pode-se oferecer treinamento nas habilidades mencionadas na tabela acima. Não há espaço
neste livro para examiná-las detalhadamente, mas damos algumas dicas para os facilitadores e
procuramos lidar com alguns dos desafios que os facilitadores podem enfrentar. Para obter
mais informações, veja o Manual de habilidades de facilitação da Tearfund.
Dicas para os ESTEJA PREPARADO Quando os bons facilitadores estão trabalhando, parece que eles fazem o seu
facilitadores trabalho sem nenhum esforço ou preparação. Porém, eles passaram um tempo considerável
planejando, pesquisando e praticando. Eles têm de pensar sobre o tópico que será introdu-
zido, que perguntas fazer para guiar as discussões em grupo, como as discussões serão
registradas e como incentivar as pessoas a aplicarem o que discutiram e aprenderam nas
discussões.
SEJA FLEXÍVEL Embora os facilitadores precisem estar preparados, eles também precisam estar
abertos para a mudança de planos, se necessário. As necessidades e os interesses dos membros
do grupo devem guiar a discussão para que ela seja relevante.
SEJA ANIMADO Se os facilitadores quiserem que os outros se entusiasmem, eles mesmos terão de
ter entusiasmo.
INCENTIVE O HUMOR O humor pode ajudar a criar um ambiente descontraído e produtivo.
SEJA CLARO Se o facilitador for confuso, o grupo poderá também ficar confuso e rapidamente
perderá o interesse. O facilitador precisa se comunicar claramente e verificar se os membros
do grupo entenderam tudo.
ACEITE SEUS PRÓPRIOS ENGANOS E LIMITAÇÕES Os facilitadores cometem enganos e fazem
suposições erradas. Se o facilitador reconhecer isso, tais enganos poderão ser transformados em
oportunidades valiosas para a aprendizagem.
SEJA PERSPICAZ O facilitador precisa observar o humor e os sentimentos das pessoas. Observe
como as pessoas se comportam entre si e a sua comunicação verbal e não verbal. Se necessário,
converse individualmente e em particular com as pessoas que parecem chateadas ou distraídas
ou com as que não estão respeitando os outros.
Cada pessoa tem um estilo de
USE UMA VARIEDADE DE TÉCNICAS, MÉTODOS E ATIVIDADES
aprendizagem diferente. A variedade mantém todos envolvidos e reforça a aprendizagem.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
Como lidar com os Perguntas difíceis • Sugira onde obter informações para
desafios responder à pergunta, como, por exemplo,
• Durante a preparação, procure prever que
Adaptado do Manual de
perguntas as pessoas poderão fazer e pense publicações e departamentos do governo ou
habilidades de facilitação, de ONGs.
Tearfund
sobre possíveis respostas. Porém, não é
possível prever todas as perguntas. • Não tenha medo de dizer que não sabe todas
membros do grupo, ou podem surgir como discordam. Depois, incentive o respeito mútuo e
Para fazer com que alguém pare de dominar a • Introduza um sistema de quotas, em que cada
discussão, as seguintes técnicas podem ser pessoa só pode contribuir com um determinado
usadas: número de argumentos para uma discussão.
• Convide outras pessoas para falar, • Introduza um objeto fácil de segurar. A única
chamando-as pelo nome. pessoa que poderá falar é a pessoa que o estiver
segurando. Certifique-se de que o objeto seja
passado adiante com freqüência.
• Coloque-as em grupos menores, onde pois, para esta função, pode ser preciso fazer
• Peça ao grupo para discutirem as perguntas para descobrir os motivos do seu silêncio.
em duplas primeiro.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
ARA
TICA TICA E IGUAL P
PRÁ MENTOR PRÁ MENTOR IS ÃO D M O MENTOR
RIA V O RIA
TEO M O
EM
O RE UAL C TEO
CO S IG
Por exemplo, foi oferecido treinamento aos facilitadores em envisionamento de igrejas locais.
Eles, então, envisionaram duas igrejas locais-piloto sob a orientação e a supervisão de um
mentor. Depois, eles envisionaram mais igrejas locais sozinhos. Todos os facilitadores, então,
reuniram-se com o mentor para refletir sobre o seu progresso e receber um novo treinamento.
REFLEXÃO ■ Podemos pensar em facilitadores em potencial na nossa organização ou nas igrejas locais?
■ Poderíamos usar as informações contidas nesta seção para treiná-los para envisionar e
mobilizar as igrejas locais?
■ Que outra forma de apoio lhes poderíamos dar?
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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consideradas
fazer com que elas achem que o “desenvolvimento” vem de fora da comunidade e que há
pouco que elas possam fazer, exceto esperar pela ajuda. Mesmo em tempos de crise, a
participação da comunidade é extremamente importante.
OS
as pessoas a compreender e valorizar
HU
IR
MA
estes recursos, os quais podem ser
CE
AN
NO
ignorados às vezes. Se os membros da
FIN
S
comunidade estiverem cientes da
abundância de recursos que possuem, eles
SO
S
talvez possam ser capazes de lidar com os
CO
CI
SI
problemas da comunidade com uma nova
AI
FÍ
S
confiança.
ESPIRITUAIS
Existem seis tipos principais de recursos:
SOCIAIS Estes recursos incluem a cultura, as tradições, as organizações, os grupos locais, a família
extensa, o acesso a contatos externos e as redes.
ESPIRITUAIS Estes recursos são a força e o ânimo que as pessoas adquirem com a sua fé. Para os
cristãos, os recursos espirituais são: pertencer a uma igreja local, ter acesso a uma Bíblia e a liberdade
para orar.
Explique os diferentes tipos de recursos aos membros da comunidade. Depois, para cada tipo, peça às
pessoas para identificarem os recursos específicos que existem na sua própria comunidade.
■ em que recursos a comunidade é pobre. Muitas comunidades são pobres em recursos financeiros,
mas podem ser ricas em termos de recursos humanos, sociais e espirituais. Às vezes, um tipo de
recurso pode ser usado no lugar de um outro que esteja faltando.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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As pessoas pobres podem não ter dinheiro para contribuir. Porém, geralmente há algo com
que podem contribuir, como materiais, mão-de-obra ou tempo. As contribuições não
precisam cobrir todos os custos de uma iniciativa. Ao invés disso, elas devem ser adequadas à
capacidade de contribuir das pessoas:
■ Não adianta nada que as pessoas contribuam com muitos dias de trabalho para uma
iniciativa, se sua vida acabar sendo afetada de forma negativa como resultado. Da mesma
forma, se as pessoas forem contribuir financeiramente, não se deve esperar que elas usem
todas as suas economias. Caso contrário, se houver uma crise, a comunidade pode não ser
capaz de lidar com a situação, e as pessoas podem ser levadas a uma pobreza ainda maior.
■ Por outro lado, se as pessoas não forem incentivadas a contribuir suficientemente, pode
não haver apropriação da iniciativa, e o trabalho poderá não ser sustentável.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
É importante ter cuidado para não transformar as igrejas locais em organizações cristãs. As igrejas
locais e as organizações cristãs não são a mesma coisa. Conforme vimos na Seção 2, elas possuem
pontos fortes, pontos fracos e papéis diferentes. Mesmo que possam acontecer coisas maravilhosas
quando as igrejas locais e as organizações cristãs trabalham juntas, estes papéis diferentes são
importantes por si mesmos. Sempre haverá a necessidade de uma igreja local, com a missão integral
no topo da sua agenda. Sempre haverá a necessidade de organizações cristãs para apoiar as igrejas
locais na prática da missão integral. As organizações cristãs também serão necessárias para trabalhar
diretamente na comunidade, se não houver nenhuma igreja local.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Linhas de prestação
de contas
Pessoas que Pessoas que contribuem
contribuem com materiais
com dinheiro
Beneficiários
Organizações Igreja
cristãs local
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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precisará prestar ainda não foram determinados. Alguns doadores podem estar preparados para
atender a estas necessidades financeiras através de uma extensão da proposta mais tarde.
A tabela a seguir examina dois níveis de objetivos para uma organização cristã que deseja
incentivar a mobilização da igreja e da comunidade. Os resultados a médio e longo prazo são
os objetivos de nível mais alto. Os resultados a curto prazo são os objetivos mais específicos,
que devem levar à realização dos resultados a médio e longo prazo.
mobilização da igreja 1 Desenvolvimento da capacidade • Maior conhecimento sobre o mandato bíblico para o engajamento da
e da comunidade da organização cristã de apoiar as igreja local na missão integral dentro da organização cristã.
igrejas locais que estão praticando
• Formação de estruturas e processos adequados para o
a missão integral.
desenvolvimento da capacidade das igrejas locais para realizarem a
missão integral.
2 Envisionamento e preparação das • Formação, por parte da liderança da igreja local, de estruturas e
igrejas locais para se engajarem processos para o desenvolvimento da capacidade para a missão
na missão integral. integral dentro da igreja local.
• Mais conhecimento sobre o mandato bíblico para o engajamento da
igreja local na missão integral na congregação local.
• Mais habilidades e conhecimentos para engajar-se na missão integral
na congregação local.
• Mais conhecimento sobre as causas e conseqüências da pobreza
dentro da comunidade (inclusive as necessidades, vulnerabilidades e
capacidades da comunidade) na congregação local.
3 Mobilização das igrejas locais (e • Formação, por parte da liderança da igreja local e da comunidade, de
comunidades) para identificar e estruturas e processos para o engajamento na missão integral para
lidar com as causas e conse- lidar com as causas e conseqüências específicas da pobreza na
qüências específicas da pobreza e comunidade.
responder a uma crise.
• Elaboração de um plano de ação para lidar com as causas e
conseqüências específicas da pobreza identificadas na comunidade.
• Elaboração de um plano de ação para desastres, que possa ser
implementado antes ou quando uma ameaça de desastre atingir uma
comunidade.
• Mobilização, por parte da igreja local e da comunidade, de recursos
para implementar o plano de ação.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
UMA IGREJA LOCAL MONITORANDO E AVALIANDO O SEU TRABALHO DE MISSÃO INTEGRAL As igrejas locais
devem monitorar e avaliar seu trabalho pelas seguintes razões:
■ Se uma organização obtiver financiamento de um doador para envisionar a igreja local, o
doador pode exigir relatórios das iniciativas que a igreja realizar na comunidade ou com
ela, para mostrar que cada fase do envisionamento causou um impacto.
■ Se o doador financiar insumos para a iniciativa na comunidade, será exigido que a
organização cristã e a igreja local avaliem o seu desempenho.
■ Se uma igreja for adiante, após o processo de envisionamento, e praticar a missão integral
sem nenhum apoio externo, ela deverá ser incentivada a monitorar e avaliar seu trabalho.
Sempre haverá pessoas a quem a igreja local deverá prestar contas, mesmo que estas não
peçam à igreja para fazer relatórios sobre o seu trabalho. Por exemplo:
• os membros da igreja altamente envolvidos em iniciativas devem prestar contas à igreja
mais ampla e a outras igrejas que estejam prestando apoio financeiro e em forma de
oração. Isto os ajuda a se sentirem envolvidos no que está acontecendo e sentir que Deus
está trabalhando na vida das pessoas da comunidade.
• as igrejas locais que fazem parte de uma denominação poderiam fazer relatórios sobre o
progresso e o impacto para a liderança e nas conferências anuais. Isto pode ajudar a
envisionar e incentivar outras igrejas locais para que se engajem na missão integral.
É importante lembrar que as igrejas locais não são organizações. Elas têm uma agenda mais
ampla. As organizações cristãs, portanto, precisam pensar cuidadosamente sobre até que ponto
devem esperar que os membros da igreja se tornem “profissionais da área do desenvolvimento”
em termos de monitoramento e avaliação. Elas devem pensar sobre as áreas em que têm mais
vantagem e podem ser mais eficientes que as igrejas locais. Há três opções principais:
■ A organização cristã poderia assumir a maior parte da responsabilidade pela avaliação do
desempenho. Esta opção poderia ser boa, se a organização cristã prestar contas a doadores
institucionais e, assim, tiver interesse em que haja uma boa produção de relatórios. Ela
pode ser adequada também para o trabalho com uma igreja que estiver realizando o
trabalho de missão integral pela primeira vez.
■ A organização cristã poderia trabalhar com a igreja local para monitorar e avaliar o
impacto. Elas poderiam ter uma apropriação conjunta e trabalhar juntas, dividindo as
tarefas conforme o caso.
■ A igreja local poderia ser treinada para avaliar o desempenho por si mesma. Ela poderia
treinar dois ou três dos seus membros ou, talvez, alguns membros da comunidade, em
monitoramento e avaliação do desempenho. Assim, ela teria a capacidade para realizar
iniciativas no futuro, sem o apoio técnico da organização cristã. Isto pode ser benéfico para
as igrejas que mostram potencial para praticar a missão integral sem apoio externo. Porém,
há o risco de que as pessoas treinadas deixem a igreja no futuro. É importante que o
treinamento que receberam seja transmitido a outros membros da igreja.
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Questões-chave ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
a serem
consideradas
O futuro
■ Há alguma maneira como a organização cristã e a igreja local poderiam expandir seu
trabalho conjunto e, assim, aumentar o seu impacto?
■ Há alguma habilidade ou conhecimento relevante para o sucesso do trabalho que nem a
organização nem a igreja possuem? Se houver, a sua capacidade poderia ser desenvolvida?
■ De que maneira a relação poderia ser aprofundada no futuro, se for o caso?
■ Há algum ponto forte que a organização ou a igreja local poderia oferecer para o trabalho?
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Seção ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
5 Recursos e contatos
Leitura ■ Blackman R (2003) ROOTS 5: Gestão do ciclo de projetos Tearfund Reino Unido
recomendada ■ Clarke S, Blackman R e Carter I (2004) Manual de habilidades de facilitação
Tearfund Reino Unido
■ Carter I (2004) Guia PILARES: Mobilização da igreja Tearfund Reino Unido
■ Carter I (2003) Guia PILARES: Mobilização da comunidade Tearfund Reino Unido
■ Chester T (2004) Good news to the poor: sharing the gospel through social involvement
Inter-Varsity Press
■ Chester T (2002) Justice, mercy and humility: integral mission and the poor Paternoster Press
■ Evans D (2004) Creating space for strangers Inter-Varsity Press
■ Gordon G (2002) ROOTS 1 e 2: Kit de ferramentas para a defesa de direitos
Tearfund Reino Unido
■ Hughes D com Bennett M (1998) God of the poor Operation Mobilization
■ Myers B (1999) Walking with the poor: principles and practices of transformational
development Orbis Books
■ Padilla R e Yamamori T (Editores) (2004) The local church, agent of transformation
Ediciones Kairos
■ O Church, Community and Change é um programa de treinamento liderado por
facilitadores, que ajuda as igrejas do Reino Unido e da Irlanda a responderem às necessidades
das suas comunidades. Para obter mais informações, envie um e-mail para:
CCC@tearfund.org. Há uma versão em espanhol dos livros, com adaptação do contexto
para a América Latina, a qual pode ser obtida através de Ediciones Kairos, José Mármol
1734, B1602EAF Florida, Prov Bs As, Argentina. E-mail: edicion@kairos.org.ar
Sites ■ www.integral-mission.org/blog
Fórum de discussão on-line para a missão integral.
■ http://tilz.tearfund.org/Topics/Church+and+Development.htm
Seção sobre igreja e desenvolvimento do site tilz da Tearfund.
■ www.micahnetwork.org
A Rede Miquéias é um grupo de organizações cristãs de assistência em situações de desastres,
desenvolvimento e justiça de 75 países. Seu objetivo é desenvolver a capacidade dos seus
membros para responder às necessidades dos pobres, praticar a missão integral e realizar o
trabalho de defesa e promoção de direitos.
■ www.lareddelcamino.net
A Rede Del Camino é uma comunidade de líderes de igrejas e organizações cristãs
comprometidos com a missão integral na América Latina.
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Resources and ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
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Glossário
Este glossário explica o significado de certas palavras conforme foram usadas neste livro.
ação social / processo em que uma igreja local atende às necessidades materiais da sociedade. Também
envolvimento social chamado de “demonstração”
ameaça de evento ou situação natural ou causada pelo homem, que poderia causar perigo, perdas
desastre ou danos
assistência social provisão de auxílio para pessoas necessitadas, muitas vezes, sem a sua participação
coagir usar a pressão para fazer com que as pessoas façam coisas que não querem fazer
defesa e promoção ajudar as pessoas a resolver as causas fundamentais da pobreza, trazer justiça e apoiar o bom
de direitos desenvolvimento, através da influência das políticas e das práticas dos poderosos
demonstração mostrar às pessoas o que significa fazer parte do reino de Deus, como, por exemplo, através
do interesse pelos outros. Também chamado de “ação social” ou “envolvimento social”.
desertificação processo através do qual a terra se torna seca, e quase nada pode ser cultivado, tornando-a um
deserto
empoderamento processo através do qual as pessoas adquirem autoconfiança e se tornam agentes de mudança
facilitador alguém que ajuda um processo a acontecer, incentivando as pessoas a encontrarem suas
próprias soluções para os problemas
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Glossário ROOTS 11 PA R C E R I A C O M A I G R E J A L O C A L
igreja local comunidade sustentável de cristãos locais, acessível a todos, onde o louvor, o discipulado, o
cuidado e a missão são colocados em prática
iniciativa atividade ou série de atividades realizadas pela igreja local ou comunidade para lidar com uma
questão comunitária
mão-de-obra descreve uma atividade que exige uma grande quantidade de insumo humano
intensiva
Memorando de documento que estabelece as intenções e as responsabilidades de duas ou mais partes, que
Entendimento concordaram em trabalhar juntas numa questão específica
missão integral falar sobre a nossa fé e vivê-la de maneira completa em todos os aspectos da vida
mobilização da ato de mobilizar a igreja local para atuar como facilitadora na mobilização da comunidade
igreja e da inteira para atender às suas próprias necessidades
comunidade
mobilizar ajudar as pessoas a colocarem uma visão em prática e fazerem com que ela se concretize
organização cristã organização cristã que procura transformar as comunidades através do desenvolvimento, da
assistência em situações de desastres e do trabalho de defesa e promoção de direitos. Não é o
mesmo que igreja local.
pobre / pobreza que não tem as necessidades básicas, tais como alimento, roupas, abrigo, redes sociais, voz
política, fé em Deus
projeto atividade realizada por uma organização cristã diretamente numa comunidade
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Parceria com a igreja local
Escrito par Rachel Blackman
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