Acos Inoxidaveis Aplicacoes e Especifica
Acos Inoxidaveis Aplicacoes e Especifica
Acos Inoxidaveis Aplicacoes e Especifica
Aços Inoxidáveis:
aplicações e especificações
Janeiro / 2008
Índice
7 Os aços inoxidáveis.
52 Considerações finais.
6 7
Os aços inoxidáveis.
Os aços inoxidáveis são ligas de ferro (Fe), carbono (C) e cromo (Cr) com um
mínimo de 10,50% de Cr. Outros elementos metálicos também integram estas
ligas, mas o Cr é considerado o elemento mais importante porque é o que dá aos
aços inoxidáveis uma elevada resistência à corrosão.
Anteriormente, na primeira metade do século XIX, foram feitas ligas Fe-Cr. Nessa
época, o conceito predominante considerava que um material era resistente à
corrosão se resistia ao mais popular e conhecido dos ácidos inorgânicos: o ácido
sulfúrico. Esse fato e a incapacidade das aciarias daquela época de reduzir a
quantidade de carbono (C) fizeram abandonar, durante muitos anos, o estudo
destas ligas.
/-6
@tldmsncdodrn'f.onkdf`c`1(
/-5 41ldrdr
/-4
/-3
/-2
/-1
/-0
/
/ 1 3 5 7 0/ 01 03 05 07
Bqnln+$'m`rkhf`rEd,Bq(
Ehf-0
8 9
Devemos destacar que a natureza, de acordo com o que foi comentado,
A resistência à corrosão transformapermanentementeosmetaisemcompostosdosmesmos,por
meiodereaçõesespontâneasondeseliberaenergia.Por isso, encontramos os
e a passividade. metais na natureza na forma de óxidos, hidróxidos e sais desses metais.Asiderurgia
tem uma missão oposta: transformar esses minérios em metais mais ou
menospurosouemligasdosmesmos.Asreaçõesnasiderurgiasãoopostas
às que ocorrem na natureza e, por esse motivo, não são espontâneas e
De forma geral, todos os metais (salvo raras exceções) tem uma grande tendência precisamdeenergiaparaquepossamserrealizadas(ver figura 3).
a reagir em presença do meio ambiente, formando óxidos, hidróxidos e outros
compostos químicos. Naturalmente, esses metais e ligas obtidos na siderurgia tendem, com o tempo,
a se transformarem de maneira natural em compostos dos mesmos, e este
Asreaçõesquímicasocorremquandoavariaçãodeenergialivredasmesmas processo é conhecido como corrosão.
énegativa.Por exemplo, consideremos a reação de alguns metais com o oxigênio
do ar e a água (seja das chuvas ou da umidade), para formar hidróxidos: Devido ao custo da corrosão, que em alguns países é considerado cerca de 3% do
PIB, os homens trabalham há muito tempo com a intenção de diminuir os custos,
2 Au + 3/2 O2 + 3 H2O = 2 Au (OH)3 ∆G = + 15.700 cal através da criação de barreiras contra a corrosão para, pelo menos, minimizar
Mg + 1/2 O2 + H2O = Mg(OH)2 ∆G = -142.600 cal estes problemas ( já que é impossível eliminá-los).
No primeiro caso, a variação de energia livre é positiva e o ouro (Au) não reage Pintar uma superfície metálica, utilizar revestimentos, fazer metalizações, são
com o oxigênio e com a água para formar o hidróxido. A reação ocorre com o algumas das formas encontradas. Outra maneira é desenvolver ligas que, por
magnésio (Mg), pois a variação de energia livre é negativa. algum motivo, sejam mais resistentes à corrosão. Nessa última tentativa de
combate à corrosão, participam os aços inoxidáveis.
Se comparamos com a física, podemos pensar em um corpo de massa m a uma
determinada altura h (ver figura 2). Na posição (1), sua energia potencial é Ep(1) = Os aços inoxidáveis não são como Au e Pt, metais nobres que não reagem com o
m.g.h. Se o empurramos, o corpo cai. Na nova posição (2), sua energia potencial meio ambiente. Osmetaisqueconstituemosaçosinoxidáveisreagemcom
é Ep(2) = 0 (porque h=0). A variação de energia é a diferença entre a energia na bastantefacilidade.Umdeles,emparticularoCr,possibilitaaformação
posição final e na posição inicial, ∆G = Ep(2)-Ep(1), que neste caso é um valor de filmes que protegem essas ligas de ataques subseqüentes. Este
negativo. O movimento é espontâneo porque a variação de energia é negativa. fenômeno, pelo qual o metal ou a liga deixam de ser corroídos, quando
termodinamicamentedeveríamosesperarocontrário,éconhecidocomo
O movimento contrário, que leva esse corpo da posição (2) à posição(1), terá passividade.
uma variação de energia positiva, ∆G =
Ep(1)-Ep(2) = Ep(1)-0 = Ep(1), e não
será espontâneo (será necessário gastar 0
energia para realizar este movimento). Na Bnmrtlncd
dmdqfh`
química, ocorre o mesmo que na física.
Chqdn
dronmsmd` LHMDQ@HR
Infelizmente, quase todos os metais se LDS@HR
ÅF
comportam como o Mg. Casos como o
U`qh`n
Au ou a platina (Pt), são exceções (são os cd
Khadq`n
cddmdqfh`
chamados metais nobres). Os elementos dmdqfh`
khuqd
Fe e Cr e todos os encontrados nos aços
inoxidáveis, como o Ni, molibdênio (Mo),
1 Qd`ndronmsmd`
titânio (Ti), nióbio (Nb), alumínio (Al), cobre
(Cu) e outros têm um comportamento
semelhante ao do Mg e reagem em Ehf-1
Ehf-2
presença do meio ambiente.
10 11
Mas existem objeções a este ponto de vista. Uma barra de aço-carbono, colocada
em um deserto, em uma atmosfera sem umidade e com temperaturas elevadas,
A formação de filmes passivos. não se oxida. No entanto, a mesma barra, submersa em água previamente
desoxigenada por adição de nitrogênio (N), se oxida.
O fenômeno da passividade é estudado faz muitos anos e houve (e há) diversas Aparentemente,nosaçosinoxidáveis,ofilmepassivoseformapelareação
interpretações sobre o mesmo. entreaáguaeometalbase,eestáconstituídoporumoxihidróxidodos
metais Cr e Fe. Duas regiões poderiam ser consideradas dentro deste filme
Os filmes passivos são extraordinariamente finos (nos aços inoxidáveis são filmes passivo: uma, mais próxima ao metal, onde predominam os óxidos, e outra, mais
de uma espessura aproximada de 30 a 50 angströns, sendo um angström o próxima do meio ambiente, onde predominam os hidróxidos. Este filme não seria
resultado da divisão de 1mm por dez milhões) e isso cria grandes dificuldades para estático: com a passagem do tempo, existiria uma tendência ao crescimento dos
uma interpretação definitiva sobre a forma e a natureza dos mesmos. óxidos (não dos hidróxidos) e também um enriquecimento de Cr.
Sabe-se que aformaçãodestesfilmeséfavorecidapelapresençademeios O filme passivo dos aços inoxidáveis é muito fino e aderente. Os filmes formados
oxidantes. em meios oxidantes (como é o caso do ácido nítrico, freqüentemente utilizado
em banhos de decapagem) são mais resistentes. Os aços inoxidáveis formam e
A primeira experiência, realizada aproximadamente há 160 anos, foi feita com aço- conservam filmes passivos em uma grande variedade de meios, o que explica
carbono (nessa época não havia aços inoxidáveis) em meios nítricos. Uma amostra a elevada resistência à corrosão destes materiais e a grande quantidade de
de aço-carbono, colocada em um bécher com ácido nítrico diluído, era atacada alternativas que existem para a utilização dos mesmos.
rapidamente, o que se manifestava através da produção de vapores nitrosos. Outra
amostra, idêntica, colocada em outro bécher com ácido nítrico concentrado (que Em geral, os aços inoxidáveis apresentam uma boa resistência à corrosão em
é mais oxidante que o nítrico diluído), não era atacada. Se neste mesmo bécher, meios oxidantes (que facilitam a formação e a conservação dos filmes passivos).
era adicionada água diluindo o ácido nítrico concentrado até que ficasse com a A resistência destes materiais à corrosão é fraca em meios redutores (que não
mesma concentração do ácido nítrico diluído do primeiro bécher, o aço-carbono possibilitam a formação destes filmes ou os destroem).
continuava sem ser atacado.
A diferença de comportamento entre um aço inoxidável e outro material, que
A única diferença que existia entre a primeira amostra (que foi atacada pelo ácido não tenha a capacidade de formar filmes passivos em um determinado meio, se
nítrico diluído) e esta última (que não foi), era que a última havia permanecido manifesta com o traçado de curvas “velocidade da corrosão x concentração de
durante um certo tempo em ácido nítrico concentrado. Assim, chegou-se à oxidante no meio”.
conclusão que, provavelmente, o ácido nítrico concentrado havia formado um
filme sobre a superfície do aço e que este o protegia de um ataque posterior Consideremos um meio redutor como o ácido sulfúrico, por exemplo com 50%
com ácido nítrico diluído. Para demonstrar que era um filme, a amostra foi riscada de concentração, e adicionemos lentamente um oxidante, por exemplo cátion
e imediatamente o desprendimento de vapores nitrosos provenientes da parte férrico, Fe(+3).
riscada mostrou novamente a existência do ataque com ácido nítrico diluído.
Em um material que não apresenta
A passividade, como pode ser notada através desta experiência, não é um
Oncdqnwhc`msdc`rnktn
o fenômeno da passividade (ver
fenômeno exclusivo dos aços inoxidáveis. A maioria dos metais forma filmes figura 4), observamos que, quanto
passivos e, de uma maneira geral, podemos dizer que quanto mais oxidável é um mais aumentamos a concentração
metal, tanto maior é a tendência do mesmo para formar tais filmes. de oxidante, maior é a velocidade de
corrosão (pequenos aumentos na A
Até poucos anos atrás, predominou a idéia de que estes filmes eram óxidos dos concentração de oxidante provocam
metais (ou óxidos hidratados), sendo que, no caso dos aços inoxidáveis, o filme era grandes aumentos na velocidade de
constituído por um óxido (ou óxido hidratado) de Cr, o elemento mais facilmente corrosão. Notar que nas abscissas são 0 0/ 0// 0-/// 0/-///
oxidável das ligas Fe-Cr. O filme passivo poderia se formar inclusive, para muitos utilizadas potências de 10). Udknbhc`cdcdbnqqnrn
estudiosos deste assunto, pela reação espontânea entre o Cr e o oxigênio do ar.
Ehf-3
12 13
O fato de que uma grande quantidade de meios “agressivos” atuem no domínio Mesmo existindo diferentes classificações, algumas mais completas da que aqui
da passividade explica a elevada resistência à corrosão dos aços inoxidáveis e as será apresentada, podemos, em princípio, dividir os aços inoxidáveis em dois
amplas possibilidades de utilização dos mesmos em diversas aplicações. grandes grupos: asérie400easérie300.
O`rrhuhc`cd Em todos os aços inoxidáveis, estão também sempre presentes o carbono e outros
elementos que se encontram em todos os aços, como o silício (Si), manganês
(Mn), fósforo (P) e enxofre(S).
A
@
@shuhc`cd
Os aços inoxidáveis da série 400 podem ser divididos em dois grupos: os ferríticos
propriamente ditos, que em geral apresentam o cromo mais alto e o carbono
mais baixo, e os martensitícos, nos quais predomina um cromo mais baixo e um
0 0/ 0// 0-/// 0/-///
carbono mais alto (em comparação com os ferríticos).
Udknbhc`cdcdbnqqnrn
Ehf-4
14 15
Outros aços inoxidáveis martensíticos são variantes do aço 420. O aço 410possui
uma quantidade máxima de carbono de 0,15%. Sendo a martensita uma fase rica
em carbono, é evidente que este aço, ao ser temperado, atingirá uma dureza
Os martensíticos menor que a do 420.
46GQb
*Ln
* B 31/
Assim, o aço inoxidável 420 (como todos os martensíticos) tem que sofrer a ,B *Bq
32/
* Bq
operação da têmpera, que transforma a ferrita em austenita e esta última em 33/B
*Ln
CHM0-34/8
5/GQb *Sh 328
martensita durante o resfriamento. Com o temperamento, o carbono forma parte ,B ,Bq *@k
,B
*Ma
da fase martensítica e não está disponível para ser precipitado como carboneto 3/4 ,Bq ,B
*Sh ,Bq
de cromo. Somente depois de temperados, estes materiais passam a ser *B
*Ln ,B
resistentesàcorrosão. 3/8
DM0-3005
30/
A alta dureza do material temperado (estrutura martensítica) faz com que estes
DM0-3//2
materiais sejam muito utilizados na fabricação de facas. A resistência ao desgaste
é muito forte.
E hf- 5
16 17
precipita como sulfeto de titânio e não como sulfeto de manganês, inclusões estas
últimas que são preferencialmente atacadas na corrosão por pites).
Os ferríticos O aço 444 possui uma excelente resistência à corrosão graças à presença de 2%
de molibdênio na liga. O 441, semelhante ao 439, possui uma melhor resistência à
fluência em altas temperaturas devido à maior quantidade de nióbio.
Os aços inoxidáveis ferríticos (também na figura 6) contêm, em geral, uma quantidade O aço 409, com somente 11% de cromo (no limite, portanto, do que é definido
de cromo superior a dos martensíticos. Isso melhora a resistência à corrosão, mas como aço inoxidável) é o ferrítico estabilizado mais popular e é muito utilizado no
em parte sacrifica outras propriedades, como a resistência ao impacto. sistema de escapamento de automóveis.
O mais popular dos aços ferríticos é o 430. Com cromo superior a 16%, é um Os aços inoxidáveis ferríticos podem também conter alumínio, um estabilizador da
material com ótimaresistênciaàcorrosão.Suacapacidadedeestampagem ferrita. O aço 405 tem aproximadamente 0,20% de alumínio e é utilizado na fabricação
tambéméboa, mas estampagens muito profundas não podem ser conseguidas de estruturas que não podem ser recozidas depois da operação de soldagem. A
com esse tipo de aço. resistência à corrosão (o material tem 12% de cromo) é semelhante a do 409.
A maior limitação para a utilização do aço 430 é a soldabilidade do mesmo. O aço 434 é um 430 com 1% de molibdênio, para melhorar a resistência à corrosão.
As soldas nesse aço são frágeis e de menor resistência à corrosão. O aço 436 é a versão estabilizada do 434. Com 26% de cromo, o aço 446 é
A formação parcial da martensita (mesmo com o baixo conteúdo de carbono), a um material com boas características para aplicações em altas temperaturas. A
precipitação de carbonitretos de cromo e o crescimento excessivo do tamanho do fragilidade do material, no entanto, é maior, devido ao alto conteúdo de cromo.
grão nas regiões soldadas são as principais causas que acarretam o mal desempenho No aço 430F, fabricado em algumas empresas siderúrgicas somente como produto
deste material na soldagem. As aplicações do 430 se restringem àquelas que não não plano, o conteúdo mais alto de enxofre melhora a usinagem do mesmo.
precisam de soldagem, ou quando as soldas não são consideradas operações de alta @nrhmnwhcudhrc`Rqhd2//
responsabilidade. Por exemplo, uma pia de cozinha pode ser soldada com a mesa, @nrhmnwhcudhrc`Rqhd2//
mas não se pode construir um tanque para estocar ácido nítrico (mesmo que o 430
RQHD1// @trsdmshbnr
resista muito bem a este ácido). Uma solução para este problema de soldabilidade RQHD1//
*Lm @trsdmshbnr
*Lm
*M
seria fazer o recozimento depois de soldar. Porém, isto aumenta os custos e, muitas
*M 205G
,Mh 2/3G
vezes, pelas características da estrutura soldada, um recozimento não é possível. ,Mh 2/3G
205G
@NRHMNW 2/0 Mh
@NRHMNW
@TRSDMNEDQQèSHBNR
2/0 ,Bq
Mh
Outra alternativa (que é utilizada na prática) é a de adicionar, como elementos de @TRSDMNEDQQèSHBNR ,Bq
liga, estabilizadores como o titânio e o nióbio. Os elementos estabilizadores têm
*B *B
uma grande afinidade química com o carbono, formando então carbonetos destes ,Mh *Bq
*B *B
,Mh *Bq
elementos. Ataca-se desta maneira, principalmente, a formação de martensita (fase 205 206 8/3K
KHF@R 20/R 2/3 *Mh
KHF@R *Mh 20/R *Mh 2/3
*Ln 205
*Ln 206
*Bq
*Mh
8/3K
rica em carbono) e a precipitação de carbonitretos de cromo. O crescimento de grão
*Mh *Mh
*Bq *Ln
*Ln *Ln
*Bq
das regiões soldadas é também, em parte, limitado pela presença de elementos *Bq
*Bt
*Ln
*Bt
estabilizadores.
,B ,B ,B
,B ,B ,B
Entre os aços inoxidáveis ferríticos estabilizados, podemos mencionar o 439 (com 2/3K 205K 206K
*Mh *R 'ntRd(
2/3K 205K
206K
aproximadamente 17% de cromo), o 441 (semelhante em cromo ao anterior mas *Mh *R 'ntRd(
2/4 2/2
com um excesso de nióbio), o 409 (com 11% de cromo) e o 444 (com 18% de 2/2
2/4
cromo e aproximadamente 2% de molibdênio).
210
*Sh 210
236
*Sh 236
Todos eles podem ser soldados pelo fato de serem aços inoxidáveis ferríticos
estabilizados. O aço 439 também apresenta um melhor comportamento que o *Ma
430 na estampagem e uma melhor resistência à corrosão (devido ao Ti, o enxofre *S`
*Ma
*S`
E hf- 6
E hf- 6
18 19
Os aços inoxidáveis austeníticos (figura 7), dos quais o 304 (18%Cr-8%Ni) é o A corrosão por pites e a corrosão por
mais popular, têm excelente resistência à corrosão, excelente ductilidade frestas, que mencionamos, são formas
(existe aqui uma grande mudança nas propriedades mecânicas se os comparamos de corrosão extraordinariamente
com os ferríticos) eexcelentesoldabilidade. localizadas e são bastante parecidas,
Os inoxidáveis austeníticos são utilizados em aplicações em temperatura ambiente, pelo menos em seus mecanismos de
em altas o temperaturas (até 1.150º C) e em baixíssimas temperaturas (condições propagação. Como o próprio nome
criogênicas), uma série de alternativas que dificilmente são conseguidas com indica, na corrosão por frestas é
Fig. 9 - Corrosão por frestas em um aço inoxidável.
outros materiais. necessário que exista um interstício.
O interstício pode ter sido criado
O aço 304 é um material com grandes possibilidades em suas aplicações, a tal na construção do equipamento (um
ponto que podemos encontrá-lo em nossas casas (em um garfo ou em uma panela, problema de projeto) ou pode ser
por exemplo) e também na indústria, em aplicações de grande responsabilidade. conseqüência do próprio processo,
como por exemplo uma incrustação ou
Dependendo do meio ambiente, o 304 não é o austenítico mais utilizado. um depósito nas paredes do mesmo.
Um dos problemas enfrentado pelo 304 (e o mesmo ocorre com outros O 316 é um pouco melhor que
aços inoxidáveis) é o da ação corrosiva provocada pelo ânion cloreto, Cl(-). o 304 na corrosão sob tensão (a
Dependendo da concentração de cloretos no meio, da temperatura e do pH, três corrosão que envolve normalmente
formas de corrosão podem ocorrer: porpites (figura 8), porfrestas(figura 9) três fatores: meio agressivo, em nosso
esobtensão (figura 10). Dessas três formas de corrosão, os ferríticos também caso, cloretos, temperatura e, como
são propensos às duas primeiras e podemos dizer que, em geral, os austeníticos o nome indica, tensões, sejam estas
possuem melhor resistência que os ferríticos aplicadas ou residuais do processo
às corrosões por pites e em frestas (devido à de fabricação). Mas as vantagens
ação do níquel, que favorece a repassivação do 316 sobre o 304, nesta forma
do material nas regiões onde o filme passivo de corrosão, são muito limitadas. A
foi quebrado por estas formas de corrosão). corrosão sob tensão é conhecida Fig. 10 - Corrosão sob tensão em uma autoclave de aço 304.
como o calcanhar de Aquiles dos aços
A adição de molibdênio (cerca de 2%) inoxidáveis austeníticos. Um grande aumento no teor de níquel diminui o risco
transforma o 304 no aço inoxidável 316, de corrosão sob tensão. É muito importante observar que osaçosinoxidáveis
um material muito mais resistente à corrosão ferríticossãoimunesaestaformadecorrosão (figura 11).
por pites e por frestas. Podemos mencionar,
como exemplo, que o 304 é recomendado A quantidade máxima de carbono nos aços 304, 316 e 317 é de 0,08%. Quando
Fig. 8 - Corrosão por pites em aço 304 (provocada para trabalhar, em temperatura ambiente, esses materiais são submetidos a temperaturas entre 425 e 850 C, o carbono
por uma solução ácida com presença de cloretos). com águas que contêm, no máximo, 200 e o cromo se combinam e se precipitam como carboneto de cromo (Cr23C6).
20 21
0/// Esta precipitação ocorre preferencialmente com carbono máximo 0,02%, que entra na categoria dos superausteníticos possui
nos contornos de grão do material, o que tal composição química por motivos definidos, para ser utilizada em aplicações
provoca um empobrecimento de cromo específicas, em condições muito agressivas. Através da composição química deste
nas regiões adjacentes dos mesmos. O material, podemos esperar: garantia de que o material não será sensitizado em um
fenômeno é conhecido como sensitização processo de soldagem (baixos valores de carbono), ótima resistência às corrosões
e um material sensitizado (dependendo da por pites e em frestas (altos valores de cromo e principalmente de molibdênio),
0//
intensidade da precipitação de carbonetos melhor resistência à corrosão sob tensão que o 304 e o 316 (alto conteúdo de
n
cd bno`q` `
qqnr
de cromo) pode ficar com quantidades de níquel). Além disso, os valores elevados de níquel e molibdênio (e também a
cromo em solução sólida, nas adjacências presença de cobre), melhoram a resistência à corrosão em meios ácidos.
dwhr s n lmhln
Sdlon+ g
essas regiões já não terão a resistência à Para evitar problemas de corrosão associados a sensitização do material, como já
Sdlo
0/ corrosão dos aços inoxidáveis. Os materiais foi visto, é reduzida a quantidade de carbono, mas, às vezes, quando a corrosão
sensitizados, quando estão em contato não é uma ameaça, teores mais altos de carbono podem desempenhar um papel
com determinados meios, em particular benéfico. Os aços 304H e 316H são semelhantes aos tipos 304 e 316, com a
meios ácidos, sofrerão corrosão. Como diferença que, nos tipos “H”, o carbono mínimo é de 0,04%. São aços utilizados em
Mn nbnqqdt bnqqnrn o empobrecimento do cromo ocorre nas altas temperaturas nas quais ocorre precipitação de carbonetos de cromo. Uma
dl 2/ ch`r
adjacências dos contornos de grão, esse tipo fina rede de carbonetos de cromo precipitados ajudará estes aços a conservarem
0 de corrosão, que acaba destacando os grãos melhor as propriedades mecânicas em altas temperaturas.
/ 1/ 3/ 5/ 7/
Mptdk+ $ do material, é conhecida como corrosão
intergranular. Os materiais sensitizados Aumentos significativos de cromo e níquel, como no aço 310 (25%Cr-20%Ni),
Fig. 11 - Corrosão sob tensão nas ligas Fe-Cr-Ni
em cloreto de magnésio 42% em ebulição são também mais propensos às formas de aumentam consideravelmente a resistência à oxidação em altas temperaturas
corrosão anteriormente mencionadas. porque a temperatura de descamação passa a ser maior. Trabalhando em contato
com o ar, o 304 é recomendado em serviços contínuos até temperaturas de 925ºC
Como o cromo precipita como carboneto, porque, para temperaturas maiores, os óxidos formados começam a se desprender
uma solução óbvia é reduzir a quantidade provocando novas oxidações do material ficando sem uma barreira de óxidos que o
de carbono nestes materiais. Os aços defenda. Eventos sucessivos de formação de uma camada de óxidos e descamação
inoxidáveis 304L (ver figura 12), 316L da mesma vão reduzindo a espessura do material. Nas mesmas condições, o 310
e 317L, com carbono máximo de 0,03% resiste a temperaturas de até 1.150ºC. É um dos aços inoxidáveis refratários, dos
são as versões extra baixo carbono para quais podemos mencionar também o 314 que, além de altos valores de cromo e
os aços 304, 316 e 317 e são utilizados na níquel, possui também um elevado conteúdo de silício.
fabricação de equipamentos que trabalham
com meios capazes de provocar corrosão O aço 304 é um material com excelente ductilidade. Em alguns casos de
em materiais sensitizados. estampagem muito profunda, um aumento no níquel permite melhorar ainda mais
esta característica. Com esta finalidade tem sido desenvolvido o aço 305.
Fig. 12 - Eliminação de problemas de corrosão nas
Elementos estabilizadores, como titânio
regiões afetadas pelo calor em uma soldagem com a
utilização do 304 L. e nióbio, podem ser adicionados com o Mesmo que os aços austeníticos não sejam magnéticos, depois de um processo de
objetivo de evitar a sensitização, pois esses estampagem, ou em uma conformação a frio, como na laminação, nas partes que
elementos têm, como já foi comentado, uma afinidade química com o carbono sofreram maior deformação, pode ser observado um certo caráter magnético. Isso
superior àquela que tem o cromo. Carbonetos desses metais são precipitados, é conseqüência da transformação parcial da austenita em martensita, que ocorre
impedindo desta maneira a precipitação de carbonetos de cromo. Exemplos por deformação a frio. Reduções nos valores de níquel (quando comparamos com
destes tipos de aço são o 321 e o 347, basicamente aços 304 estabilizados. O o 304), diminuem a estabilidade da austenita, permitindo uma maior formação
316Ti é a versão estabilizada do 316. de martensita na laminação a frio. Isso é utilizado para a fabricação de aços
inoxidáveis para aplicações estruturais, como é o caso do aço 301 (com valores
A adição de elementos de liga ou o controle dos mesmos em determinados valores aproximados de 17% de cromo e 7% de níquel), que é fabricado e vendido na
é sempre feita com objetivos previamente determinados. Um aço inoxidável como condição de laminado (sem tratamento térmico posterior) com diversos graus de
o 904L, com 20% de cromo, 25% de níquel, 4,5% de molibdênio, 1,5% de cobre e dureza e propriedades mecânicas.
PaisagismoEvani
Kuperman
22 23
Nos austeníticos, há também uma versão do 304 com alto enxofre, para Quando se específica um aço inoxidável, o acabamento é um dos aspectos
melhorar a usinagem: o aço 303. É fabricado somente como produto não plano. relevantes que devem ser considerados. O acabamento possui uma importante
influência em algumas características do material como, por exemplo, na
Grandes aumentos de níquel nos levam às ligas Ni-Fe-Cr, onde o elemento em facilidade da limpeza e na resistência à corrosão. Em determinadas aplicações,
maior porcentagem já não é o ferro e sim o níquel. São conhecidas como ligas à uma superfície polida transmitirá a idéia de que os aços inoxidáveis são materiais
base de níquel (não são classificadas como aços inoxidáveis) e possuem excelente “limpos” e de que são limpados com facilidade. Em outras, um acabamento com
resistência à corrosão em muitos meios em altas temperaturas. maior rugosidade poderá ter um impacto estético que favorecerá as vendas de
um determinado produto.
Superfícies com baixa rugosidade terão, na maioria dos casos, um efeito favorável
na resistência à corrosão, mas tratando-se de corrosão sob tensão, um jateamento
da superfície poderá ser uma grande ajuda na resistência do material. Operações
de embutimento profundo também são influenciadas pelo acabamento do aço
inoxidável.
A norma ASTM A-480 define os acabamentos mais utilizados nos aços inoxidáveis.
Dentro dessa norma encontramos os seguintes acabamentos:
Nº 2D: Laminado a frio, recozido e decapado. Acabamento TR: Acabamento obtido por laminação a frio ou por
Muito menos rugoso que o acabamento Nº 1, mas mesmo assim apresenta uma laminação a frio com recozimento e decapagem de maneira que o
superfície fosca, mate. Esse acabamento não é utilizado, por exemplo, no aço 430, material tenha propriedades mecânicas especiais.
já que com este acabamento, durante a conformação, estes materiais dão lugar ao Geralmente as propriedades mecânicas são mais elevadas que as dos outros
aparecimento de linhas de Lüder. acabamentos e a principal utilização é em aplicações estruturais.
Não são mencionados na norma ASTM A-480, mas são incluídos aqui, os
Nº 2B: Laminado a frio recozido e decapado acabamentos Nº 0 e Nº 5.
seguido de um ligeiro passe de laminação
em laminador com cilindros brilhantes (skin pass). Nº O: Laminado a quente e recozido.
Apresenta um brilho superior ao acabamento 2D e é o mais utilizado entre os Apresenta a cor preta dos óxidos produzidos durante o recozimento. Não é
acabamentos da laminação a frio. Como a superfície é mais lisa, o polimento realizada decapagem. Às vezes, são vendidas desta forma chapas de grande
resulta mais fácil que nos acabamentos Nº 1 e 2D. espessura e particularmente de aços inoxidáveis refratários que serão utilizados
em altas temperaturas.
BA: Laminado a frio com cilindros polidos
e recozido em forno de atmosfera inerte. Nº 5: O material do acabamento Nº 4 submetido a um ligeiro passe
Superfície lisa, brilhante e refletiva, características que são mais evidentes na de laminação com cilindros brilhantes (skin pass).
medida em que a espessura é mais fina. A atmosfera do forno pode ser de Apresenta um brilho maior que o acabamento Nº 4.
hidrogênio ou misturas de hidrogênio e nitrogênio.
IL (rolled on)
Nº 3: Material lixado em uma direção. A ArcelorMittal Inox Brasil não fabrica aços inoxidáveis com o acabamento BA. No
Normalmente o lixamento é feito com abrasivos de grana aproximadamente 100 centro de serviços da ArcelorMittal Inox Brasil, existe uma grande variedade de
mesh. acabamentos lixados e polidos, entre os quais podemos destacar:
Nº 4: Material lixado em uma direção RF (RUGGED FINISH): Obtido com lixas, com grana entre 60 e 100 mesh.
com abrasivos de grana de 120 a 150 mesh. A aparência é de um lixamento com alta rugosidade. A rugosidade varia de 2,00
É um acabamento com rugosidade menor que a do Nº 3. a 2,50 microns Ra.
Nº 6: O material com acabamento Nº4, é tratado depois SF (SUPER FINISH): Acabamento do material
com panos embebidos com pastas abrasivas e óleos. com lixas com grana de 220 a 320 mesh.
O aspecto é fosco, satinado, com refletividade inferior a do acabamento Nº 4. O É um lixamento de baixa rugosidade, variando entre 0,70 e 1,00 microns Ra.
acabamento não é dado em uma única direção e o aspecto varia um pouco porque
depende do tipo de pano utilizado. ST (SATIN FINISH): Acabamento com Scoth Brite,
sem uso de pastas abrasivas.
Nº 7: Acabamento com alto brilho. O material possui uma rugosidade que varia entre 0,10 e 0,15 microns Ra, mesmo
A superfície é finalmente polida, mas conserva algumas linhas de polido. É um que sua aparência seja fosca.
material com alto grau de refletividade obtido com polimentos progressivos cada
vez mais finos. HL (Hair Line): Material com acabamento em linhas contínuas,
realizado com lixas com grana de até 80 mesh.
Nº 8: Acabamento espelho. É também um lixamento de alta rugosidade (2,00 a 2,50 microns Ra).
A superfície é polida com abrasivos cada vez mais finos até que todas as linhas de
polimento desapareçam. É o acabamento mais fino que existe e permite que os
aços inoxidáveis sejam usados como espelhos. Também é utilizado em refletores.
26 27
De maneira bastante esquemática, os processos para a obtenção dos acabamentos TIPO DUREZA HRc
ST e BB (da ArcelorMittal Inox Brasil) podem ser vistos nas figuras 13 e 14.
1/16 duro 20/25
O`rs` @aq`rhu`
Qnknr cd @n
Ehf-02
28 29
E hf- 04
30 31
e celulose, petroquímica, têxtil, frigorífica, hospitalar, utilizam esse material. “agressividade do ácido nítrico”. No entanto, o ácido nítrico é um meio muito oxidante
Também é muito utilizado em caminhões, em tanques para transporte de e, nos meios com estas características, o 304L é mais resistente que o 316L. O
produtos (alimentos e produtos químicos). exemplo é bom para chamar a atenção sobre um problema que encontramos na
prática com muita freqüência: não existem “meios muito agressivos” ou “materiais
O aço 304L tem uso específico em aplicações industriais, as mesmas que foram muito resistentes”. Quando falamos de corrosão, nos referimos sempre a um
mencionadas para o aço 304, e somente é escolhido quando a precipitação material em um determinado meio e em determinadas condições. O material resiste
de carbonetos de cromo, que ocorre nas operações de soldagem no aço 304, ou não ao meio, é adequado ou não para uma determinada utilização.
possa provocar problemas de corrosão. Ou,emoutraspalavras,seomeioé
capazdeatacarregiõesempobrecidassemcromodevidoaoproblemade Em aplicações em altas temperaturas, todos os materiais metálicos têm tendência
sensitização,omaterialrecomendadonãoseráo304esimo304L. a sofrer uma diminuição em suas propriedades mecânicas. O 304L sofre mais
com essa perda que o 304. Por isso, em equipamentos que trabalham em altas
O
E O
B temperaturas, quando não existe perigo de corrosão associada a precipitação de
Btqu`r sdlon,sdlodq`stq`,rdmrhshy`n o`q` n `n 2/3 carbonetos de cromo, o material recomendado é o 304H, que é igual ao 304, com
8//
05// /-/7/ /-/51
/-/45 a diferença de que as normas não fixam um valor mínimo de carbono para o 304 e
/-/47
7// sim para o 304H (carbono mínimo 0,04%). Uma fina rede de carbonetos de cromo
03// precipitados nos contornos de grão faz com que o material conserve melhor suas
/-/41
6// propriedades mecânicas em altas temperaturas. Em contato com o ar, como já foi
01// comentado, esta temperatura não pode exceder os 925ºC.
/-/31
/-/2/
5//
/-/08$
0///
b`qanmn O aço 316/316L tem aplicação no mesmo tipo de indústrias em que são
4// usados o 304 e o 304L. Se esses dois últimos materiais, em determinados meios
(principalmente com cloretos) possuem tendência à corrosão por pites e em
7//
frestas, o 316/316L pode ser uma solução. Não é só a concentração de cloretos
0/r 0lhm- 0/lhm- 0g 0/g 0//g 0-///g 0/-///g
que determina a possibilidade de ocorrer estas formas de corrosão. A temperatura
Ehf-06
e o pH também possuem uma influência considerável nos dois casos. As corrosões
por pites e em frestas, em meios com cloretos, são favorecidas pelo aumento
A figura 17, mostra uma curva tempo-temperatura-sensitização para os aços da temperatura e pela acidez do meio. Em cada caso, a determinação real das
304 com diferentes conteúdos de carbono. Qualquer combinação de tempo e condições em que o equipamento deve trabalhar define o aço que será utilizado.
temperatura que fique dentro do nariz da curva representa uma condição em que Por exemplo, nas destilarias de álcool, na primeira coluna de destilação, com
o material será sensitizado. Nota-se que, à medida que diminuímos a quantidade de alta temperatura e com maiores teores de cloretos, o 316/316L é necessário.
carbono, a curva se desloca para a direita, ou seja, é preciso mais tempo em uma Mas a segunda coluna (álcool hidratado) e a terceira (álcool anidro), onde as
determinada temperatura crítica para provocar a sensitização. Um material como o concentrações de cloretos são muito baixas, são construídas com aço 304. Em
304L, com máximo de carbono 0,03% precisará de muito tempo na temperatura meios ácidos, em geral, o 316/316L apresenta melhor comportamento que os
crítica para ficar sensitizado. aços 304 e 304L. O molibdênio, como elemento de liga, é o responsável pela
diferença de comportamento entre esse material e o 304. O filme passivo do aço
Devemos observar que as propriedades mecânicas (os valores mínimos 316/316L parece ser muito mais resistente às duas formas localizadas de corrosão
estabelecidos pela norma ASTM A-420) são menores no 304L que no 304. Como mencionadas anteriormente.
o projeto de equipamentos é sempre feito utilizando o valor mínimo estabelecido
pela norma, um equipamento em 304L terá que ter uma espessura maior que a O aço 321, que na história do desenvolvimento dos aços inoxidáveis apareceu uns
utilizada se o material de construção for o 304. 25 anos antes que o 304L (nos anos 40 era mais fácil adicionar titânio que reduzir
carbono), perdeu um significativo campo de aplicações quando apareceram os
Uma importante utilização do 304L é nos tanques para conter ácido nítrico. Essa aços extrabaixo carbono. Mesmo assim, para aplicações em altas temperaturas,
escolha é feita porque o ácido nítrico é capaz de provocar corrosão intergranular em o 321 é o aço recomendado, por conservar melhor suas propriedades mecânicas.
regiões soldadas e sensitizadas do aço 304. Alguns poderão pensar que a utilização Em tubos para resistências elétricas, por exemplo, é sempre o material indicado.
de um “material mais resistente”, como o 316L, é mais segura, considerando a De forma geral, com temperaturas maiores que 250ºC, trabalha-se quase sempre
34 35
com o 321 (e raramente com o 304 e 304L). Isso desde que o 321 tenha este aço possui resistência à corrosão equivalente ao 316. Entre as principais
condições de resistir ao meio que se encontra nessas temperaturas. aplicações, temos caixas de água e tanques residenciais para aquecimento de água.
O 444 pode também ser utilizado em revestimentos internos de equipamentos
Dos aços inoxidáveis ferríticos, o mais utilizado é o 430. A ArcelorMittal Inox fabricados em aço-carbono. Devemos lembrar que, se estes equipamentos
Brasil fabrica dois aços 430, um estabilizado com nióbio e outro sem estabilização trabalham em altas temperaturas, o revestimento não pode ser feito com
(que corresponde ao aço 430 típico das indústrias siderúrgicas). O estabilizado inoxidáveis austeníticos porque a dilatação térmica dos inoxidáveis austeníticos
com nióbio, mesmo não atendendo em algumas propriedades mecânicas às é muito diferente do aço-carbono. Não é o caso dos inoxidáveis ferríticos que
exigências da norma ASTM A-240, possui melhor comportamento em operações possuem coeficientes de dilatação muito parecidos com os do aço-carbono.
de estampagem.
Tubos de 439 e de 444 constituem também uma alternativa interessante para
O 430 é um material com ótima resistência à corrosão (devemos lembrar que a trocadores de calor e condensadores, já que a troca de calor com tubos ferríticos
definição dada aos aços inoxidáveis é a de ligas Fe-Cr com, pelo menos, 10,50% é melhor que com tubos austeníticos. Por outro lado, como já foi mencionado, os
de Cr). O 430 possui um cromo muito mais elevado que o mínimo exigido. A inoxidáveis ferríticos são imunes à corrosão sob tensão. A utilização, em chapas e
capacidade de repassivação (iniciada uma corrosão por pites, ter a capacidade de tubos, dos aços inoxidáveis 439 e 444 nas usinas de açúcar é hoje uma realidade
regenerar o filme passivo) do 430 é inferior a do 304 (provavelmente o níquel no Brasil.
tem um papel decisivo neste aspecto). Por isso, o 430 é muito mais utilizado,
na construção civil, em regiões internas. Geralmente, em grandes cidades, onde O aço P410D, com teor de Cr aproximadamente de 11% é uma boa alternativa
existe bastante contaminação ambiental, na construção civil, o 430 é utilizado para enfrentar problemas de abrasão.
no interior de edifícios e o 304 em regiões externas. Se a cidade se encontra no
litoral, devido a presença de cloretos na atmosfera, é preferido o 316. Nos martensíticos, as duas variedades de 420 indicadas são utilizadas na fabricação
de facas e discos para corte. Naturalmente, o 420 com teores mais altos de
Em nosso cotidiano, encontramos o 430 em muitas aplicações: talheres, baixelas, carbono atinge durezas mais elevadas na têmpera. O 420 tem também aplicação
pias de cozinha, fogões, tanques de máquinas de lavar roupa, lava-pratos, fornos em peças que precisam ter ótima resistência ao desgaste, como por exemplo os
microondas, cunhagem de moedas. É muito usado também em revestimentos discos de freio das motos. O P498V (ou EN 1.4116) possui uso exclusivo em facas
de balcões e em gabinetes de telefonia. A utilização industrial é, como já foi de corte profissional, por ter dureza mais alta depois da têmpera.
comentado, limitada pelo problema da fragilização na soldagem.
Os ferríticos estabilizados, como o 409 têm uso quase que exclusivo na indústria
automobilística, no sistema de escapamento dos gases de combustão. Em algumas
partes onde exige-se maior resistência à corrosão, o preferido é o 439 e também
o 441, materiais com maior quantidade de cromo. O 441, com excesso de nióbio,
possui também maior resistência à fluência em altas temperaturas e por esse
motivo é utilizado em partes mais quentes do sistema de escapamento (perto
da saída de gases do motor). Esses materiais não são somente utilizados como
tubos, mas também em outras peças do sistema, como o corpo do catalisador
e do silencioso. O 439, devido as suas boas propriedades para estampagem e
boa resistência à corrosão, é encontrado também em aplicações fora da indústria
automobilística, em tanques de máquinas de lavar roupa, em fornos microondas
e no revestimento interno de equipamentos de aço-carbono na indústria
açucareira.
0// 8/3K
Os aços inoxidáveis, seus diferentes acabamentos, suas principais características e
Sdlodq`stq`+ oB
aplicações já foram apresentados. Tentaremos agora dar informações, resumidas, 7/
06,01,1-4
'205(
07,0/
de alguns aspectos que não podem ser ignorados tanto na especificação dos '2/3(
mesmos como na fabricação de equipamentos e outros objetos com estes 5/
materiais. 3/
07,1 '333(
especial. Falhas na utilização dos aços inoxidáveis são, muitas vezes, conseqüência uqhnr `nr hmnw dl bhcn enreqhbn
Ehf-08
direta da falta de conhecimentos específicos sobre os mesmos. Às vezes, o
conhecimento existe, mas não recebe a importância que merece. Um exemplo
típico é o da contaminação dos aços inoxidáveis com aço-carbono, um assunto Em ácido sulfúrico, um ácido bastante redutor, aços inoxidáveis como o 304 e o
amplamente conhecido, mas que continua sendo o responsável por um grande 316 resistem somente em soluções muito diluídas ou muito concentradas e em
número de problemas de corrosão. baixas temperaturas (figura 20).
Sdlodq`stq` nB
Nos meios ácidos, existe uma diferença fundamental no comportamento dos 7/
aços inoxidáveis. Por um lado, os meios ácidos oxidantes ajudam a formar (ou
06,01,1-4
a conservar) o filme passivo, como é o caso dos ácidos nítrico e fosfórico, este 5/ 8/3K
06,01,1-4
último com algumas limitações que dependem da concentração e da temperatura 07,0/
3/
(ver figuras 18 e 19). Por outro lado, os meios ácidos redutores não permitem 07,0/
24/
1//
Rtodqhnq ` 1// lox
2//
4/
A corrosão dos aços inoxidáveis nos meios ácidos redutores apresenta sempre um
1/
caráter generalizado, uniforme. Se o aço inoxidável já possuía um filme passivo,
Sdlodq`stq`+ oE
4/
/ 0/ 1/ 2/ 3/ 4/ 5/ 6/ 7/ 8/ 0//
Btqu`r cd hrnbnqqnrn o`q` $ cd GMN2
`n 2/3dl bhcn msqhbn-
Ehf-07
38 39
OS AÇOS INOXIDÁVEIS E O POTENCIAL DE PITE:
M O
O M
Em uma solução com cloretos, o potencial que é necessário atingir para que o
metal colocado nessa solução apresente corrosão por pites é conhecido como
M O
O M potencial de pite.
1G*
M O
Quanto mais nobre é o potencial de pite, mais alto é seu valor e melhor é a
O M
resistência do material à corrosão por pites no meio considerado. Logicamente, a
,
L*1 * 1Bk acidificação do meio (diminuição do pH), o aumento da temperatura e o aumento
M
O M
da concentração de cloretos, favorecem a corrosão por pites (o potencial de pite
passa a ser menor, mais ativo).
O
O M G1N
K`btm` K`btm` Na figura 24, apresentamos os potenciais de pite de vários aços inoxidáveis
ldskhb`
cd nwhfmhn medidos em uma solução de cloreto de sódio 0,02M, pH=6,6.
,
M O 1Bk O M
OS AÇOS INOXIDÁVEIS E OS MEIOS ÁCIDOS REDUTORES QUE CONTÊM No aço 441 (17 Cr-Ti-Nb) vemos que um excesso de nióbio não muda muito a
CLORETOS:
A combinação entre os dois assuntos tratados anteriormente, nos leva a elaborar
o quadro da figura 23, que pode ser considerado auto-explicativo. Onsdmbh`k cd ohsd /-/1LM`Bk oG<5-5
6//
5//
Qhrbncd Rnktdr åbhcnr
bnqqnrn mdtsq`r qdctsnqdr 4//
Onrrudk 3//
@trmbh`cd Mn bnqqnrn
bknqdsnr tmhenqld .
2//
Onrrudk
Oqdrdm`cd bnqqnrn ODQHFN
bknqdsnr knb`khy`c` 1//
Ehf-12 0//
ÍÓÒ ÍÌÓ ÍÌÒ ÍÌÍ ÍÌÏ ÍÍÊ ÌÓÍ ÌÊÏ ÍÍÍ
/
Ehf-13
40 situação (comparar com o 439). O salto no sentido nobre no potencial de pite
41
que vemos no 304 (18 Cr-8 Ni) pode ser explicado pela mudança de estrutura OS ACABAMENTOS E A RESISTÊNCIA À CORROSÃO:
(de ferrítica para austenítica) e pela maior capacidade de repassivação das ligas
inoxidáveis que contêm níquel. O 316 (16 Cr-10 Ni-2 Mo), mostra novamente o O mesmo aço inoxidável, em um determinado meio, pode se comportar de
efeito do molibdênio (o potencial de pite do 316 é bem mais nobre que o do 304). diferentes maneiras em função do acabamento que foi dado ao mesmo.
Por último, o 444 (18 Cr-2 Mo-Ti-Nb) parece surpreender ao superar o potencial Entre os aços lixados, o que tem menor rugosidade é mais resistente à corrosão,
de pite do 316 (no meio em que foi realizado o teste). principalmente se considerarmos a corrosão por pites (figura 26). As medições
de potenciais de pite em aços inoxidáveis com diferentes acabamentos lixados
O conhecimento do potencial de pite de diversos materiais é de grande utilidade (granas de 120 e 600 mesh) demonstram grandes diferenças, que podem levar
na escolha e especificação de um aço inoxidável quando se corre o risco de um deles (o mais rugoso) a não resistir, enquanto o outro resiste.
corrosão por pites.
Do 'lU.dbr(
O pH DE DEPASSIVAÇÃO NOS AÇOS INOXIDÁVEIS:
2//
M` Bk /+0L 2/3 khw `cn
Na corrosão por frestas, no interstício provocado por um erro de projeto ou pelo 1//
bn l chud qr ` r fq`mtknl d sqh`r
depósito de sólidos nas paredes de um equipamento de aço inoxidável, ocorre
uma forte e localizada mudança do meio agressivo. Uma vez começado um 0//
D o 'lU.dbr (
oGc
7// Khw` fq`m` 5//
2+4
5//
2+/ oGc dl M`Bk1L
3// GMN2 04$ 5/nB
2/3 Khw`
1+4 fq`m` 01/
1//
1+/ / 0/ 1/ 2/
Sdlon 'lhm-(
0+4
Ehf-16
0+/
/+4
@nr Hmnwhcudhr Em uma operação de lixamento, o filme passivo é removido. Considerando que
Ehf-14
este filme é formado pela reação entre a liga e a água, entendemos que o mesmo
volta a se formar pela condensação da umidade do ar sobre a superfície metálica
que é sempre considerada uma superfície fria onde ocorre a condensação. Mas o
Pelo que foi visto nestes últimos dois assuntos tratados, na corrosão por filme é formado se as condições ambientais o permitem. A água ataca a superfície
pite, o conhecimento do potencial de pite é fundamental para quem faz uma metálica e dois mecanismos diferentes podem ocorrer: formação do filme passivo
especificação do material. E na corrosão por frestas, além do potencial de pite, é ou (dependendo do meio ambiente e dos contaminantes) dissolução pela água,
também importante o pH de depassivação. com corrosão.
42 43
diversas ligas metálicas. Nos aços comuns, a perda nas propriedades
O jateamento, por exercer um efeito de compressão, melhora a resistência à mecânicas é mais significativa que nos aços inoxidáveis austeníticos o que
corrosão sob tensão dos aços inoxidáveis austeníticos mas, ao mesmo tempo, ao explica a preferência na escolha destes materiais para aplicações em altas
aumentar a rugosidade da superfície, faz com que a resistência à corrosão por temperaturas. O projeto de equipamentos tem que considerar este aspecto,
pites diminua. que nunca pode ser esquecido no momento de se fazer uma especificação.
Os materiais lixados e também alguns acabamentos polidos possuem uma maior Jrh
tendência à oxidação que os materiais com acabamento 2B, particularmente em LO` 1/
05
lixas adequadas mas que foram usadas antes para lixar aços comuns, o corte e a 07Bq,7Mh '2/3(
06Bq,'32/(
conformação de aços inoxidáveis em equipamentos que são também utilizados 4/
7
ainda: elas estão em contato com um material mais nobre (o aço inoxidável) e ºC / 1// 3// 5// 7// 0///
Sdlodq`stq` cn lds`k
estão formando um par galvânico. Por isso, tendem a corroer mais rapidamente
Ehf-17
(se estivessem sós, demorariam mais para corroer).
De fato, uma superfície de aço inoxidável contaminado apresentará pontos Na figura 28, podemos comparar os diferentes comportamentos dos aços
com ferrugem. Não é o aço inoxidável o que está sofrendo a corrosão, mas inoxidáveis 304 e o 430 e do aço-carbono, especialmente quando trabalham em
a imagem transmitida é a de uma superfície com corrosão. Como o produto temperaturas superiores a 425 C. As vantagens do aço 304 são evidentes.
da corrosão do aço-carbono contém cátion férrico, Fe(+3), um cátion muito
oxidante, o problema pode passar para o aço inoxidável, começando a corroer. A partir dessa temperatura, os materiais sofrem uma deformação plástica gradual
e permanente quando está aplicada uma certa carga ou tensão nos mesmos. A
Do que foi comentado, depreende-se que a contaminação é um problema que deformação que ocorre com o tempo (e que depende do mesmo) é conhecida
deve ser evitado. No caso da contaminação ser inevitável, a solução é tratar o aço como “creep”. As figuras 29 e 30 mostram as temperaturas e tensões necessárias
inoxidável com um produto que dissolva as partículas de aço comum e que não para provocar a ruptura de vários aços inoxidáveis em tempos de 10.000 e
ataque o aço inoxidável. Ou, em outras palavras, um tratamento com uma solução 100.000 horas. As temperaturas e tensões, que provocam “creep” com uma taxa
de ácido nítrico elimina a contaminação (além de reforçar o filme passivo). de 1% em 10.000 e 100.000 horas, são mostradas nas figuras 31 e 32.
Sdmr n
34
Q t o st q` d l
0/-/// g 04
2// 0//
01B q 210
3/
0/
210 205 2/8
Sdmrn cd qtostq`
4/
24 22/
4
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14
»B 4// 5// 6// 7//
1/
Sdlodq`stq`
20/
0/
2/8 20/
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2/
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»E 7// 8// 0/// 00// 01// 02// 03// 04// 05// 06// 07//
14
»B 4// 5// 6// 7// 8//
Sdlodq`stq` 04/ S ` w ` c d b qd d o
1/ c d 0$ d l
Ehf-18 20/ 0//-/// g
Sdmr n
04
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3// 01B q 210
4/
44
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34
»B 4// 5// 6// 7//
2//
R uptura em Sdlodq`stq`
3/ 100.000 h
Ehf-21
24
Sdmrn cd qtostq`
347
2/
Em altas temperaturas, a resistência à oxidação é, normalmente, o aspecto mais
1//
importante na escolha de um material (e o comportamento dos aços inoxidáveis
14
316
em altas temperaturas já foi comentado neste texto). Os aços inoxidáveis
são superiores ao aço-carbono em altas temperaturas considerando tanto a
1/
resistência à oxidação como as propriedades mecânicas.
12C r
0// 04
304 310
309
0/
321
310 309
4
330
/ /
»E 7// 8// 0/// 00// 01// 02// 03// 04// 05// 06// 07//
Sdlodq`stq`
Ehf-2/
46 47
RqhdF`kumhb`dlft`cdl`q
Isso pode ser notado na figura 33 onde o aço 430 e vários inoxidáveis austeníticos Ok`shm`
são comparados com o aço-carbono e com outros aços ligados (mas não Mnaqd Ntqn
nt Fq`ehsd
inoxidáveis). b`schbn Shsmhn
Oq`s`
Bgknqhlds2'51Mh+07Bq+07Ln(
G`rsdkknxB'51Mh+06Bq+04Ln(
lf.bl1
205'o`rrhun(
3//
2/3'o`rrhun(
@nrhmnwhcudhr0 0,2/$Bq'o`rhun(
Hmbnmdk'o`rrhun('7/Mh+02Bq+6Ed(
24/ Mptdk'o`rrhun(
@t ldmsn cd odrn- Rnkc`cdoq`s`
Ln
D m r`hnr cd 0-///g Lnmdk'6/Mh+2/Bt(
+ 4$
2// cd ctq`n- Btoqnmptdk'5/,8/Bt+3/,0/Mh(
Bq
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Aqnmydr'Bt,Rm(
01$
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K`sdr'Bt,Ym(
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1//
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Ln
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B
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L`fmrhndkhf`rcdl`fmrhn
Sdlodq`stq`
Ehf-22 Ehf-23
OS PARES GALVÂNICOS E OS AÇOS INOXIDÁVEIS: A RESISTÊNCIA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS À CORROSÃO NA ÁGUA:
Entre os metais (ou ligas) diferentes que estão em contato em um determinado A figura 35 relaciona as temperaturas e as concentrações de cloreto aceitáveis
electrólito, existe sempre uma diferença de potencial que provoca uma migração para o uso dos aços 304 e 316. Como em todos os gráficos sobre corrosão,
de elétrons desde o mais ativo dos metais até o mais nobre. A corrosão ocorre devemos comentar que os mesmos podem mudar (e muito) em função de
sempre no mais ativo (chamado ânodo) dos elementos do par galvânico, ficando outros contaminantes presentes no meio. A adição de oxidantes para controlar as
o elemento mais nobre (cátodo) protegido. bactérias deve ser feita sempre com muito cuidado. Para soluções que possuem
uma quantidade de cloro livre entre 3 e 5 ppm, recomenda-se o 316/316L, para
Na figura 34, mostra-se uma Série Galvânica de diferentes metais e ligas em água que seja evitada a corrosão por frestas.
do mar. Para evitar problemas de corrosão galvânica, sempre que for necessário
utilizar materiais diferentes em um determinado projeto, os materiais devem ser A adição de hipoclorito de cálcio pode provocar corrosão por pites devido à
escolhidos de maneira que fiquem muito perto uns dos outros na série galvânica lenta dissolução deste sal na água e ao depósito da mesma como um sólido na
mostrada. Na figura, os materiais que se encontram dentro do mesmo colchete superfície do aço inoxidável. Por isso, a dissolução do hipoclorito de cálcio deve ser
não formam pares galvânicos capazes de provocar corrosão galvânica (ou muito feita antes. Outra forma de evitar este problema é usar uma solução de hipoclorito
dificilmente a provocarão). Particularmente, aços inoxidáveis diferentes, como os de sódio. Mas sempre é bom lembrar que existem limites para a utilização de
indicados na série galvânica, se estão em contato, não provocam problemas de hipocloritos, um ânion que, como o cloreto, pode provocar corrosão por pites e
corrosão galvânica. A importância da passividade está também destacada nessa por frestas.
figura (ver as diferentes posições dos aços inoxidáveis nas condições de passivos
e ativos na figura 34). O ozônio é também um oxidante poderoso e sua utilização não cria compostos
agressivos para os aços inoxidáveis. O aço 316 é o material utilizado na fabricação
de ozônio.
48 49
Na figura 36, podem ser notadas algumas formas não adequadas (a) e outras
s'nB.E(
0// adequadas (b) de recipientes que contêm líquidos, soluções ou líquidos com sólidos
'10/(
em suspensão. A facilidade de drenagem, a forma dos cantos dos recipientes e os
7/
'064(
BNQQNRÊN
ONQ OHSDR
espaços mortos são aspectos que merecem atenção. Nos recipientes com a forma
@HRH 205 indicada por (a), depósitos podem provocar corrosão em frestas.
5/
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3/
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ONQ OHSDR ptdmsd ptdmsd
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Ehf-24 kpthcn kpthcn
ptdmsd ptdmsd
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'`( 'a(
Ehf-25
Ehf-28
50 51
A forma de aquecer uma solução dentro de um recipiente possui também Na figura 43, em (b), são mostrados desenhos mais adequados que os mostrados
importância. Na figura 39, a maneira como foram colocados os dispositivos para em (a) para que seja evitada uma turbulência excessiva.
aquecimento pode produzir ebulição na parte inferior do recipiente (a), o que não
ocorre em (b).
'`( 'a(
'`( 'a(
Ehf-3/
Ehf-32
Na figura 40, são mostradas formas incorretas (a) e corretas (b) de colocar os
tubos em um trocador de calor. A forma (a) favorece a formação de depósitos.
itms`
'`( 'a(
Ehf-30
Algumas vezes, são utilizadas juntas dieléctricas (teflon, neopreno) para separar
dois materiais metálicos diferentes. Na figura 41, em (a), o dieléctrico cria
condições que favorecem a corrosão em frestas, situação bem diferente da
mostrada em (b), que é a correta.
'`( 'a(
Ehf-31
As últimas figuras que estamos mostrando estão relacionadas com tubos e fluidos
em movimento. Na figura 42, em (a), a rápida redução do diâmetro de um tubo ou
o ângulo de dobramento provocam turbulência, o que pode ocasionar um maior
desgaste do material. Também em (a), a forma de transportar o fluido por um
tubo até um tanque não é adequada porque ele chega diretamente em uma das
paredes favorecendo a erosão. Nas mesmas situações, em (b), temos as formas
mais corretas para evitar os problemas mencionados.
52 53
Considerações finais.
Os temas tratados nestes texto merecem discussões específicas que não
pertencem ao objetivo do mesmo.
Por este motivo deixamos uma recomendação final: em cada caso é sempre
conveniente consultar um especialista.
Figuras 21, 22 e 23: Bernard Baroux. Corrosion and passivity. Fifth Seminar on
StainlessSteels. USINOR
Bibliografia e materiais consultados: Figuras 24 e 25: Eric Chauveau, Grégory Berthomé. Methods. Fifth Seminar on
StainlessSteels. USINOR
• ASM Specialty Handbook. Stainless Steels. Ed. J.R. Davis. Figuras 26 e 27: Héctor Mario Carbó. Corrosão por pites. Seminário Inox 2000.
• Corrosion Engineering. Mars G. Fontana and Norbert D. Greene. Ed. McGraw- ACESITA
Hill Book Company.
• Corrosion and Corrosion Control. Herbert H. Uhlig. Ed. John Wiley and Sons Figuras 36, 37, 39, 40 e 43: ASM Especialty Handbook. Stainless Steels.
Inc.
• Corrosion and Passivity. Bernard Baroux. Fifth Seminar on Stainless Steels.
USINOR.
• Methods. Eric Chauveau and Grégory Berthomé. Fifth Seminar on Stainless
Steels. USINOR.
• The role of Stainless Steels in Petroleum Refining. American Iron and Steel
Institute. Committee of Stainless Steel Producers.
• Corrosion Handbook. Stainless Steels. Sandvik Steel.
• Stainless Steels and their use in Water Treatment and Distribution. Carol Powell
and Steve Lamb. Stainless Steel World.
• Acabamento Superficial em Aço Inoxidável: Processo, Caracterização e Aplicação.
Isabel Noemi Gonçalves. Seminário Inox 2000. ACESITA.
• Catálogo de Produtos Inox da Acesita. Marco Antônio Nunes. Seminário Inox
2000. ACESITA.
• Aços Inox. Características e Propriedades de Uso. José Antonio Nunes de
Carvalho.Seminário Inox 2000. ACESITA.
• Aços Inoxidáveis. Acabamentos. Valdir Luís Fodra Filho. ACESITA.
• Aços Inoxidáveis: Desenvolvimento e Aplicações. Héctor Mario Carbó.
ACESITA.
• O Acabamento nos Aços Inox.
As informações contidas nesta publicação foram obtidas de
Figura 1: José Antonio Nunes de Carvalho. Aços Inox - Características e resultados de ensaios de laboratórios e de referências bibliográficas
propriedades de uso. Seminário Inox 2000. ACESITA tradicionais e respeitáveis.
Figuras 2, 4, 5, 8, 9, 10, 11, 12, 18 e 34: Fontana & Greene. Corrosion Engineering. O comportamento dos aços inoxidáveis pode sofrer alterações devido
McGraw-Hill Book Company. a mudanças de temperatura, pH, teores de contaminantes e também
devido ao estado de conservação de equipamentos utilizados na
Figuras 13 e 14: Isabel Noemi Gonçalves. Acabamento superficial em aço soldagem e na conformação.
inoxidável:processo, caracterização e aplicação. Seminário Inox 2000. ACESITA
Por estas razões, as informações desta publicação devem ser
Figuras 17, 28, 29, 30, 31, 32 e 33: American Iron and Steel Institute. Committee utilizadas como uma referência inicial para ensaios ou para uma
of StainlessSteel Producers. The role of stainless steels in petroleum refining. especificação final por parte do comprador. O Núcleo Inox, a
ArcelorMittal Inox Brasil e o autor do presente trabalho não se
Figuras 19, 20 e 35: Sandvik Steel Corrosion Handbook. Stainless Steels. responsabilizam por perdas ou prejuízos que sejam conseqüência
do uso não adequado das informações apresentadas.
ArcelorMittal Inox Brasil
Escritório Comercial
www.arcelormittalinoxbrasil.com.br