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Cap I 4 Parte

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20/03/2023

I . Introdução. Mercados e Eficiência.


Intervenção do Estado
(Cont.)

• Mata, J. (2000). Economia da Empresa. Lisboa: F. Calouste Gulbenkian


(ou 9ª ed., 2016, capítulo 21).
• Cabral, L. (1994). Economia Industrial. McGraw-Hill (ou de 2001)
(capítulo 10)

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Mecanismos de intervenção do Estado: Política de


Concorrência e Regulação

Objetivo: corrigir as falhas do mercado e promover o bem-estar social


(limitação do exercício do poder de mercado, melhor funcionamento
dos mercados e das empresas)

Objeção social ao poder de mercado:


“…as decisões que uma empresa com poder de mercado livremente
tomaria são, de alguma forma, prejudiciais para a economia como um
todo.” (Mata, 2016)

“… mercados em que as empresas têm poder são menos eficientes do


ponto de vista da afetação de recursos do que mercados onde as
empresas não têm esse poder.” (Mata, 2016)

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Política de Concorrência
 Uma das formas mais antigas de supervisão do abuso do poder de
mercado das empresas.
 Pretende a manutenção de mercados concorrenciais, estimulando:
 a alocação eficiente dos recursos

 o progresso técnico

 o maior benefício para os consumidores.

 Determina as regras de funcionamento de mercado, de modo a


promover a concorrência e evitar abusos monopolísticos. Regras para
toda a economia e não para setores específicos.
 As autoridades tentam impedir que os agentes económicos dificultem
a concorrência.
 As intervenções não estão relacionadas com imposição de preços ou
de qualidade dos serviços, mas sim proibição de certos
comportamentos e penalização dos mesmos por violarem as regras.
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 Para limitar a aplicação do poder de mercado, existem instrumentos


da política da concorrência:
 Controlo de concentrações
 Proibição de Práticas Anticoncorrenciais
 Combate aos cartéis e proibição de práticas restritivas da
concorrência por atuação coordenada entre empresas (práticas
de colusão)
 Proibição do abuso de posição dominante através de práticas
exclusionárias de outras empresas ou de exploração dos
consumidores (práticas de abuso)
 Relativamente a práticas de abuso, existe ainda a proibição do
abuso de dependência económica

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Instrumentos da Política da concorrência:

Controlo de concentrações
A partir de determinados limiares as fusões e aquisições têm de ser
autorizadas pela Autoridade da Concorrência.

Objetivo: prevenir a concentração para além de níveis que contrariem o


bem-estar social e reduzam significativamente o excedente do
consumidor.

(O monopolista vende a um preço mais alto e menos quantidade que a


empresa em concorrência perfeita)

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Proibição de Práticas Anticoncorrenciais

Combate aos cartéis e proibição de práticas restritivas da


concorrência por atuação coordenada entre empresas.
Proibir a formação de cartéis ou acordos entre empresas que fixem
preços, quantidades, investimentos, dividam mercados…

Exemplos de práticas de colusão :


• Acordos (horizontais e verticais). Acordos horizontais realizam-se entre
empresas concorrentes no mesmo setor (por exemplo os cartéis). Acordos
verticais realizam-se entre empresas não-concorrentes, que estão em
diferentes níveis da cadeia produtiva.
• Decisões de associações de empresas (quando as decisões condicionam o
comportamento dos associados)
• Acordos de não-contratação (No poach) (acordos horizontais, as empresas
comprometem-se a não contratarem nem realizarem propostas aos
trabalhadores das empresas que estabelecem acordo)
• Prática Hub-and-spoke, (fixação de preços realizada de forma indireta,
distribuidores recorrem a fornecedor comum para garantir uma concertação
do preço de venda ao público)
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Proibição do abuso de posição dominante através de práticas


exclusionárias de outras empresas ou de exploração dos
consumidores.
Não se proíbe a existência de grandes empresas mas o abuso do poder
da posição dominante.
(Proibir práticas que criam ou reforçam o poder de monopólio)
Exemplos:
abuso por exploração: preços excessivos;
abuso por exclusão: preços predatórios

Existe ainda a proibição do abuso de dependência económica


(abuso do poder relativamente a empresas dependentes, que afete a
estrutura de concorrência)

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Política de Concorrência (Em Portugal)


 Com tradições mais antigas nos EUA, a Política da Concorrência foi
introduzida na Europa pelo Tratado de Roma (1957).

 A União Europeia estabeleceu princípios de defesa da concorrência a


nível comunitário e exigiu aos Estados Membros legislação compatível
a nível nacional.

 O Tratado de Roma inclui nos artigos 85º e 86º as principais normas


respeitantes à politica de concorrência:
 O artigo 85º proíbe acordos entre empresas que distorçam a
concorrência entre as empresas.
 O artigo 86º proíbe os abusos de empresas em posição
dominante que possam restringir a concorrência, levando
sobretudo à eliminação de rivais.

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 Primeira lei da concorrência em Portugal data de 1983.

 Lei n.º 19/2012 de 8 de maio - Aprova o novo regime jurídico da


concorrência.

 O respeito pelas regras de promoção e defesa da concorrência é


assegurado pela Autoridade da Concorrência (criada em 2003)
“… garantir a aplicação das regras da promoção e defesa da
concorrência nos setores público e privado, cooperativo e
social, respeitando o princípio da economia de mercado e de livre
concorrência, no interesse das pessoas.
Defender a concorrência em prol do cidadão é o seu propósito.”
(http://www.concorrencia.pt)

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A lei portuguesa da concorrência proíbe práticas restritivas da


concorrência:
 Práticas Colusivas (artigo 9º da Lei n.º 19/2012 de 8 de maio ):
os acordos e as práticas concertadas entre empresas (cartéis) e as
decisões de associação de empresas.

 Abuso de Posição Dominante (artigo 11º da Lei n.º 19/2012 de


8 de maio): utilização ilícita do poder de que dispõem; exploração
de outros agentes ou exclusão de concorrentes do mercado.

 Abuso de Dependência Económica (artigo 12º da Lei n.º


19/2012 de 8 de maio ): utilização ilícita do poder de que dispõe
em relação a outra empresa (fornecedora ou cliente)

“Uma concorrência eficaz no fornecimento de bens e na prestação de


serviços reduz os preços, aumenta a qualidade e permite uma escolha
mais vasta para os consumidores.” (http://www.concorrencia.pt)

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Regulação
 Conjunto de regras ou incentivos ao mercado estabelecidos para
controlar as decisões de preço, de venda ou de produção das
empresas.
 Quando o mercado não conduz a resultados satisfatórios, a regulação
pode conduzir ao aumento do bem-estar social.
 As decisões do Estado ao se sobreporem às decisões do mercado livre,
limitam o livre poder de mercado das empresas.
 Interesse público da regulação económica: devem ser tomadas
medidas para reduzir o excessivo poder de mercado.
 Uma das fontes de ineficiência dos mercados: divergência entre o
preço e o custo marginal.

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Regulação do monopólio natural


Apesar das vantagens da concorrência sobre o monopólio, por vezes o
Estado entrega a exploração de uma atividade económica a uma única
empresa:
Convicção: presença de monopólio natural
 Situação em que a exploração por uma única empresa pode ser
feita com custos mais baixos que exploração por várias empresas.
A forma mais eficiente de organizar a produção é através de uma
única empresa:
 Custos médios decrescentes e superiores ao custo marginal.
P
D

CMe
Cmg

Q 70

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 Argumento económico a favor da regulação: evitar a fixação de preços


de monopólio pelos monopólios naturais.
 O Estado deve regular setores onde se verifica monopólio natural:
 Um monopolista natural pode aumentar muito o preço e obter
lucros exagerados, dado que usufrui de vantagens de custos face a
potenciais concorrentes e a procura pode ser rígida face ao preço.
 Na ausência de intervenção, a empresa pode praticar um preço
muito elevado e prejudicar o bem-estar social.

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Como regular o monopólio natural:

PM

CMe
PR
P* Cmg

D
Rmg
Q
QM QR Q*

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 Uma empresa monopolista que atue livremente gostaria de praticar


PM, que é ineficiente do ponto de vista social. O preço mais eficiente é
P = Cmg, que implica produzir Q* e praticar P*. Mas o monopolista
terá prejuízos (CMe acima da curva da procura). O Estado pode
assumir este prejuízo e financiá-lo através de impostos.

 Alternativa: regular com P = Cme: permitir cobrar um preço que cubra


os custos médios. A quantidade transacionada aumenta, o preço
praticado será mais reduzido, comparativamente à ausência de
regulação. Melhora a eficiência económica.

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Métodos de regulação

 Regulação dos mercados


 Regulação de preços: uma possível estratégia pode ser fixar preços
que se aproximem mais do custo marginal
Problemas: qual o valor correto para o P (não é fácil ter informação
detalhada da procura e dos custos que as empresas enfrentam);
controlar o preço pode implicar as empresas compensarem com
alterações de outras variáveis.

 Regulação da entrada

 Regulação inerente a informação imperfeita: onde se verificam


assimetrias de informação (as empresas nem sempre têm perfeito
conhecimento do comportamento dos consumidores; os
consumidores podem ter informações inadequadas).
Exemplos: seguro automóvel obrigatório; permite apenas a venda de
produtos não prejudiciais à saúde; proíbe publicidade enganosa.

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 Regulação de empresas

 Regulação por taxa de rentabilidade

• Estabelecer uma dada taxa de rentabilidade permitida para a empresa.


• É garantida uma determinada rentabilidade mínima destinada a
remunerar os capitais investidos.
• Todos os lucros acima desse limiar serão para o Estado, evitando assim
o incentivo em explorar o poder de mercado.

Problema: as empresas podem deixar de ter incentivo para controlar os


custos. Se a empresa reduzir os custos pode apresentar uma
rentabilidade superior à permitida e ser-lhe-á pedido que reduza os
preços.

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 Regulação de empresas

 Regulação por preços

• Estabelecer limites para a evolução dos preços: a empresa é autorizada


a subir os preços numa % igual a (I – P), onde I é a taxa de inflação e
P tem em conta os previsíveis ganhos de produtividade. Exemplo: se I
= 3% e se for estabelecido um P = 2%, então a empresa pode subir
os preços 1% nesse ano.
• A empresa tem um incentivo para ser eficiente (existe incentivo para
minimizar os custos). A empresa pode apropriar-se dos ganhos da
produtividade que vão além dos ganhos padrão estabelecidos.

Problemas: Definir o horizonte temporal de regulação.


Se o horizonte da regulação for curto, reduzem-se os incentivos para a
empresa ser eficiente (se a empresa tiver ganhos de produtividade
elevados sabe que vão ser refletidos nos novos parâmetros da regulação)

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