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Bombas

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UTFPR – CAMPUS DE CAMPO MOURÃO


CURSO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS

BOMBAS

DEFINIÇÃO E APLICAÇÃO
Bombas são máquinas geratrizes, cuja finalidade é deslocar líquidos (puros,
misturas, pastas e suspensões) por escoamento. Sendo uma máquina geratriz, transforma
o trabalho mecânico que recebe de um motor em energia hidráulica sob as formas que o
líquido é capaz de absorver, isto é, energia potencial, de pressão e energia cinética.
Uma das operações unitárias mais comuns na indústria de alimentos é o fluxo de
transporte de líquidos e sólidos através de tubulações de um local de processo para
outro, efetuado por meio de bombas. O transporte de produtos através de bombeamento
em processos industriais é uma operação unitária constantemente necessária nas
diversas fases do processamento. As necessidades de transportar de um nível a outro
mais elevado ou mesmo alimentar um equipamento ou tanques de mistura que se
encontram sob pressão mais elevada que o ambiente, é normalmente realizado por
bombas. Na seleção de bombas para qualquer tipo de serviço, é necessário conhecer o
tipo de produto que se deseja transportar, pois cada produto tem suas características
físicas e químicas tais como viscosidade, consistências, temperatura de processo,
concentração que irá influenciar no processo de sucção e descarregamento da bomba.

CLASSIFICAÇÃO DAS BOMBAS


É comum a classificação das bombas segundo o modo pelo qual é realizada a
transformação do trabalho mecânico em energia hidráulica, assim como o modo de
cedê-la ao líquido, aumentando sua pressão e/ou sua velocidade. Dessa forma, são
classificadas como:
- Bombas de deslocamento positivo ou volumétricas, que transportam uma
quantidade definida de produto em cada golpe ou volta;
- Turbobombas ou hidrodinâmicas ou rotodinâmicas ou bombas de fluxo
ou centrífugas, que transportam um volume que depende da pressão de descarga.
Para termos uma ideia mais geral sobre a classificação das bombas, o diagrama
apresentado na Figura 1 mostra resumidamente os principais tipos.
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Figura 1 – Diagrama ilustrando a classificação dos principais tipos de bombas


comerciais.

Bombas de Deslocamento Positivo


Impelem uma quantidade definida de fluido em cada golpe ou volta do
dispositivo. Uma porção de fluido é presa numa câmara, e pela ação de um pistão ou
peças rotativas é impulsionado para fora. Desse modo, a energia do elemento rotativo
ou pistão é transferida para o fluido. A característica principal dessa classe de bombas é
que uma partícula líquida em contato com o órgão que transfere a energia tem
aproximadamente a mesma trajetória que a do ponto do órgão com o qual está em
contato. Podem ser alternativas, em que o escoamento é intermitente e rotativas, de
escoamento contínuo.

Bombas Alternativas: o líquido recebe a ação das forças diretamente de um


pistão ou êmbolo ou de uma membrana flexível (diafragma). Elas podem ser acionadas
pela ação do vapor ou por meio de motores elétricos ou também por motores de
combustão interna. São usadas com suspensões abrasivas e líquidos muito viscosos,
embora operem com líquidos de qualquer viscosidade.
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Figura 2 – Bomba de pistão simplex de duplo efeito.

Figura 3 – Bomba de êmbolo duplex.


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Figura 4 – Bomba diafragma.

A vazão de descarga do líquido numa bomba alternativa varia com o tempo, em


virtude da natureza periódica do movimento do pistão, conforme a Figura 5.

Estas podem ser:


Duplex, triplex, etc  representam o número de cilindros.
Simples ou duplo efeito  quando se utiliza um ou dois lados de seu
volume para impelir o fluido.
Através dos gráficos apresentados na Figura 5-(b), temos três representações:
- Primeira: simplex, simples efeito;
- Segunda: simplex, duplo efeito;
- Terceira: duplex, duplo efeito.
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(a) (b)
Figura 5 – Gráficos representando (a) número de cilindros e (b) curvas de descarga das
bombas alternativas.

As aplicações das bombas alternativas envolvem:


- bombeamento de água de alimentação de caldeiras, óleos e de lamas;
- imprimem as pressões mais elevadas dentre as bombas;
- pequena capacidade;
- podem ser usadas para vazões moderadas.

As principais vantagens das bombas alternativas são:


- podem operar com líquidos voláteis e muito viscosos;
- capaz de produzir pressão muito alta.

As principais desvantagens das bombas alternativas são:


- produz fluxo pulsante;
- capacidade: intervalo limitado;
- opera com baixa velocidade;
- precisa de mais manutenção.
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Bombas rotativas (ou rotatórias): o motor da bomba provoca uma pressão


reduzida no lado da entrada, o que possibilita a admissão do líquido à bomba, pelo
efeito da pressão externa. À medida que o elemento gira, o líquido fica retido entre os
componentes do rotor e a carcaça da bomba. Há diversos tipos: i) de engrenagem, ii)
helicoidal, iii) de palhetas deslizantes, iv) excêntricos. São usadas para bombear
líquidos como óleos vegetais, catchup, vinagre, maionese, glicose, melaço e gorduras.

Estas dependem de um movimento de rotação, o qual, resulta em um


escoamento contínuo.

As principais características das bombas rotativas são:


- Provocam uma pressão reduzida na entrada (efeito da pressão
atmosférica) e com a rotação, o fluido escoa pela saída;
- Vazão do fluido: função do tamanho da bomba e velocidade de rotação,
ligeiramente dependente da pressão de descarga;
- Fornecem vazões quase constantes;
- Eficientes para fluidos viscosos, graxas, melados e tintas;
- Operam em faixas moderadas de pressão;
- Capacidade pequena e média;
- Utilizadas para medir "volumes líquidos".

Na Figura 6 são apresentados os tipos de bombas rotativas comercialmente


utilizadas.

(a) (b) (c)


Figura 6 – Ilustração das bombas rotativas (a) de engrenagens; (b) helicoidal e (c) de
palhetas.

Turbobombas
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Este tipo de bomba tem por princípio de funcionamento a transferência de


energia mecânica para o fluido por meio de um rotor ou impulsor com pás, montado
num eixo girando no interior de uma carcaça (Figura 7).

Figura 7 – Ilustração de uma turbobomba.

O rotor é o coração da bomba. O líquido chega ao centro do rotor através de um


bocal de sucção, é forçado através das lâminas do rotor até a periferia, onde chega com
velocidade elevada. Saindo da ponta das lâminas o líquido passa para uma câmara
periférica onde ocorre a transformação da carga cinética que recebeu no impulsor em
carga piezométrica, para finalmente sair pelo bocal de recalque. Conforme as posições
relativas do movimento geral do líquido e do eixo de rotação do rotor, pode-se
classificar as turbobombas em:
(a) centrífugas puras (ou radiais): toda a energia cinética é obtida
através do desenvolvimento de forças puramente centrífugas na massa líquida. A
movimentação do fluido dá-se do centro para a periferia do rotor, no sentido
perpendicular ao eixo de rotação.
(b) axiais (ou propulsoras ou helicoidais): toda a energia cinética é
transferida à massa líquida por forças puramente de arrasto. O movimento do fluido
ocorre paralelo ao eixo de rotação.
(c) fluxo misto (hélico-centrífugas): parte da energia é fornecida devido
à força centrífuga e parte devido ao arrasto. Esta relação entre força e ângulo de fluxo
na bomba pode ser melhor visualizado na Figura 8.
FC

 FA = Energia fornecida devido à força de arrasto;


FC Entrada
= Energia fornecida devido à força centrífuga.
FA
8

Figura 8 – Relação força e ângulo de fluxo na bomba.

O movimento do fluido como apresentado na Figura 8, ocorre na direção


inclinada (diagonal) ao eixo de rotação (entre 90º e 180º).

Estes sistemas (turbobombas) são caracterizados por possuírem um órgão


rotatório dotado de pás (rotores) que exerce forças sobre o líquido, as quais resultam da
aceleração que lhe imprime. A finalidade do rotor (impelidor ou impulsor) é comunicar
à massa líquida, uma aceleração, para que esta adquira energia cinética e se realize
assim a transformação da energia mecânica de que é dotado. Os principais tipos de
rotores são apresentados na Figura 9.

(a) (b) (c)


Figura 9 – Principais tipos de rotores: (a) rotor fechado; (b) semi-aberto e (c) abeto.

Os rotores fechados (palhetas cobertas), geralmente são os mais eficientes. Os do


tipo semi-aberto ou aberto (palhetas descobertas) são usados para líquidos viscosos ou
líquidos que contêm materiais sólidos e em bombas pequenas para serviços gerais.

Carcaças
A carcaça é o componente responsável pela contenção do fluido bombeado, bem
como, sob certo aspecto, provê as condições para a conversão de energia cinética do
fluido em energia de pressão, passo fundamental ao bombeamento. Na sequência são
apresentados alguns tipos de carcaças mais comuns.
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(a) (b)

(c) (d)
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(e)
Figura 10 – Ilustração dos principais tipos de carcaça das turbobombas: (a) carcaça em
voluta; (b) carcaça com pás difusoras; (c) carcaça em dupla voluta; (d) carcaça
concêntrica e (e) carcaça mista.

Têm-se que a carcaça em voluta (Figura 10-(a)) é a mais utilizada para bombas
de simples estágio, devido à sua boa eficiência, baixo custo e simplicidade mecânica.
A carcaça com pás difusoras (Figura 10-(b)) são as preferidas para as bombas de
multiestágio. Possuem eficiência ligeiramente superior, mas são mais caras e de
mecânica mais complexa.
A carcaça em dupla voluta (Figura 10-(c)) eventualmente é utilizada em bombas
de grande porte, particularmente no que concerne à vazão, utiliza-se esta, como artifício
para atenuar o empuxo radial. Este projeto consiste da simulação de duas volutas
simples, defasadas de 180º mediante uma chicana intermediária. Neste caso, parte do
líquido flui pelo canal interno e parte pelo canal externo, numa tentativa de
balanceamento do empuxo radial.
A carcaça concêntrica (Figura 10-(d)) apresenta formato circular. Apesar do seu
baixo custo de fabricação, tem aplicação reduzida em virtude de possibilitarem menor
eficiência que as carcaças em voluta.
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A carcaça mista (Figura 10-(e)) eventualmente pode ser encontrada em bombas


que usam uma combinação de pás difusoras e voluta.

Comparação entre as Turbobombas e as Bombas Volumétricas


a) Quanto à vazão:
Bombas Volumétricas
- Há uma proporcionalidade entre a descarga e a velocidade da bomba (que
por sua vez é proporcional ao órgão mecânico que impulsiona o fluido);
- Além disso, a vazão bombeada praticamente independe da altura e/ou
pressões a serem vencidas;
- As Bombas Volumétricas alternativas possuem vazão de bombeamento
variável com o tempo, as rotativas não.
Turbobombas
- A vazão bombeada depende das características de projeto da bomba,
rotação e das características do sistema que está operando;
- A vazão de bombeamento é constante com o tempo.

b) Quanto ao movimento do fluido e do impelidor


Bombas Volumétricas
- O movimento do líquido dentro da bomba e o movimento do órgão
impulsionador são exatamente os mesmos, mesma natureza, mesma velocidade em
grandeza, direção e sentido.
Turbobombas
- Embora os dois movimentos sejam relacionados entre si, não são
absolutamente iguais.

c) Quanto ao órgão mecânico


Bombas Volumétricas
- O órgão mecânico transmite energia ao líquido sob a forma
exclusivamente de pressão, isto é, só aumenta a pressão e não a velocidade.
Turbobombas
- A energia transmitida pelo órgão mecânico (rotor) sob a velocidade de
pressão.
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d) Quanto ao funcionamento
Bombas Volumétricas
- Podem iniciar o seu funcionamento com a presença de ar no seu interior.
Turbobombas
- O início do funcionamento deve ser feito sem a presença de ar na bomba
e no sistema de sucção, isto é, deve ser cheia de líquido.

SELEÇÃO DO TIPO E TAMANHO DA BOMBA

A escolha do tipo de bomba para preencher os requisitos operacionais do sistema


requer a análise das características de funcionamento de cada uma dessas máquinas
geratrizes. Quando mais de um tipo preencher esses requisitos, um estudo técnico
econômico se faz necessário.

Figura 11 – Faixas operacionais de uma série de bombas centrífugas. Cada área com um
número representa uma região de combinação de carga total e de capacidade onde um
certo modelo de bomba pode operar. O número do modelo é dado para cada tamanho: o
primeiro número é o diâmetro da linha de descarga, o segundo é o diâmetro da linha de
sucção e o terceiro é o diâmetro máximo do rotor que pode ser usado na carcaça. Todos
os diâmetros estão em polegadas.

A Tabela 1 é útil para a primeira seleção do tipo de bomba a ser empregado.


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Tabela 1 – Características das principais bombas comerciais.


Turbobombas Deslocamento Positivo
Tipos
Centrífugas Axiais Rotativas Alternativas
Vazão Uniforme Uniforme Uniforme Pulsante
Altura Máxima de 4,5 4,5 6,5 6,5
Sucção usual (m)
Líquidos Operados Limpos; Limpos; Viscosos e não Limpos e
abrasivos; abrasivos; abrasivos puros
com partículas com partículas
sólidas sólidas
Carga ou pressão de Baixa a altura Baixa a média Média até 41 Baixa a muito
descarga até 5.000 ft.. até 25 ft atm alta. Mais de
2163 psi para 6.800 atm
água
Faixa usual de vazões Pequena a Média a muito Pequena a Pequena, até
altura até alta, mais de média. Até 114m3/h
3.000 gal/min 22.700 m3/h 227m3/h
Com o aumento da Decresce Decresce Não Altera Não Altera
pressão a vazão
Auto-aspirante Não Não Sim Sim
Usos típicos Instalações Circulação em Transporte de Alimentação
prediais; circuito óleos minerais; de caldeira;
irrigação; fechado; fluidos transporte de
resfriamento; grandes tixotrópicos óleos e lamas;
suprimento de sistemas de como gorduras, muito usadas
água; esgotos irrigação. melaços, colas, como bombas
pré-tratados; compostos de dosadoras e de
alimentação celulose, tintas colhedoras de
de caldeira e e vernizes; amostras.
extinção de fluidos
incêndio. dilatantes como
argamassas de
argila e amido.

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