2018 Valeriano ZincoChumbo
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2018 Valeriano ZincoChumbo
Monica Heilbron
TEKTOS-Grupo de Pesquisas em Geotectônica - UERJ
Professor Titular da Faculdade de Geologia
monica.heilbron@gmail.com
RECURSOS MINERAIS DE MINAS GERAIS – ZINCO E CHUMBO
SUMÁRIO
1. O ZINCO, SEUS MINERAIS E UTILIZAÇÃO INDUSTRIAL ......................................................................................................... 1
1.1. MINERAIS DE ZINCO ........................................................................................................................................................................... 1
1.2. UTILIZAÇÃO INDUSTRIAL DO ZINCO ................................................................................................................................................. 1
2. O CHUMBO, SEUS MINERAIS E UTILIZAÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................................... 3
2.1. MINERAIS DE CHUMBO ...................................................................................................................................................................... 3
2.2. APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DO CHUMBO ........................................................................................................................................... 3
3. GEOLOGIA DOS DEPÓSITOS DE ZINCO E CHUMBO EM MINAS GERAIS ....................................................................... 4
3.1. O GRUPO VAZANTE NA ZONA EXTERNA NO ORÓGENO BRASÍLIA ................................................................................................ 6
3.2. O GRUPO VAZANTE E SEUS DEPÓSITOS DE ZINCO E CHUMBO ...................................................................................................... 8
4. PRODUÇÃO NACIONAL E MUNDIAL DE ZINCO E CHUMBO ............................................................................................13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................................................................15
Figura 1. Cristal do sulfeto de zinco esfalerita, da Mina de Morro Agudo, MG (foto: Paulo Henrique Amorim
Dias).
O zinco metálico vem sendo produzido e utilizado pela humanidade há pelo menos 5
mil anos, com difusão inicial a partir do Oriente Médio e o Cáucaso. O zinco é utilizado
Figura 3. Distribuição de ocorrências de zinco e chumbo no estado de Minas Gerais. Além da faixa das
rochas do Grupo Vazante, que contém os depósitos e minas de zinco e chumbo, ocorrências menos
expressivas se localizam na região Montalvânia, no norte do estado, e na região metropolitana de Belo
Horizonte, ambos em rochas carbonáticas do Grupo Bambuí (adaptado de Valeriano 2017).
Figura 4. Principais ocorrências de chumbo e zinco no estado de Minas Gerais. A numeração se refere aos
itens da Tabela 1. Mapa geológico modificado de Pinto & Silva 2014.
Tabela 1 Principais ocorrências de chumbo e zinco no estado de Minas Gerais
SUBSTÂNCIA TOPONÍMIA MUNICÍPIO Latitude Longitude
Figura 5. Os sistemas de cavalgamento tectônico da Faixa Brasília meridional, no Estado de Minas Gerais. As
rochas do Grupo Vazante distribuem-se em uma faixa entre Coromandel, Vazante, Paracatu e Unaí,
tectonicamente empurradas sobre as rochas Grupo Bambuí (adaptado de Valeriano 2017).
Figura 6. Distribuição das rochas do Grupo Vazante e localização das principais áreas de mineralizações de
zinco e chumbo (adaptado de Monteiro et al. 2006).
Vazante e seus vários acessos, e um conjunto de cavas atualmente inativas, com destaque
para as frentes de lavra denominadas MASA Norte e Sul, Cercado e Lapa Nova.
Esses depósitos ocorrem ao longo de zonas de falha (Falha de Vazante) com pervasiva
brechação de rochas, via de regra dolomíticas, geralmente apresentando enriquecimento
em hematita e willemita (Figuras 8 e 9).
As zonas de brechação, mineralizadas em zinco (Figuras 8 e 9), ocorrem
acompanhando falhas normais discordantes ao empilhamento tectono-estratigráfico (Figura
10), como no caso da Falha de Vazante (Pinho 1990, Lemos 2011, Slezak et al. 2014). Zonas
brechadas mineralizadas também podem se desenvolver ao longo de falhas de
cavalgamento de baixo ângulo, como em vários depósitos subordinados que ocorrem no
contato tectônico das rochas da Formação Serra da Lapa sobre as da Formação Serra do
Poço Verde (Baia 2013, Dias et al. 2015). As zonas mineralizadas têm geometria filoniana, na
forma de lentes descontínuas.
Figura 8. Foto de brecha hidrotermal com enriquecimento de hematita com willemita no dolomito, Mina de
Vazante (Dias et al. 2015).
Figura 9. Foto da zona de brecha hidrotermal com enriquecimento de hematita com willemita no dolomito,
ocorrência nos arredores da cidade de Vazante (Dias et al. 2015).
Figura 10. Seção esquemática da Mina de Vazante mostrando a falha normal controladora e a interação de
fluidos meteóricos e hidrotermais (Oliveira 2013).
A Mina de Morro Agudo apresenta seus principais corpos de minério encaixados nos
dolomitos e dolarenitos da Formação Morro do Calcário. Essa mineralização é formada por
corpos estratiformes, sendo o minério geralmente composto por esfalerita e galena
disseminadas, além de corpos de sulfeto maciço compostos de galena, esfalerita e pirita
(Figura 11).
Figura 11. Amostra da Mina de Morro Agudo mostrando corpo de minério estratiforme formado por
esfalerita disseminada (pintas amarelas). Foto: Marcus Paulo Sotero.
Figura 12. Perfil esquemático da Mina de Morro Agudo (adaptado de Neves 2011).
Figura 13. Amostra da Mina de Morro Agudo mostrando corpo de minério estratiforme formado por
esfalerita disseminada (pintas amarelas). (Foto: Francisco Vilela).
Figura 14. Reservas de zinco nas unidades da federação nacionais. O Estado de Minas Gerais contém cerca
de 30% das reservas conhecidas (Misi 2016).
Figura 15. Os dez países maiores produtores de zinco em 2017, segundo dados do USGS (2018), e a
produção do Brasil (em vermelho) no mesmo ano, segundo o Relatório Anual da Votorantim Metais (2016).
O consumo mundial de chumbo, pela sua fácil refusão e recuperação, vem sendo
majoritariamente utilizando chumbo reciclado, em contraposição à produção primária,
tendência que vem sendo observada tanto no Brasil como na maioria dos países
industrializados e em industrialização.
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