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Resenha Da Obra

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Universidade Federal de Rondônia

Curso: Direito
Disciplina: Criminologia
Docente: Dr. Sérgio William
Discente: Ian Gabriel Almeida Matias
Data: 04/07/2023

Resenha da Obra: O Caso dos Exploradores de Caverna

Lon Louis Fuller (1902-1972) foi um jurista estadunidense, professor de


direito na Universidade de Harvard e filósofo do direito. Escreveu diversas
obras abordando várias questões que dizem a respeito a essa disciplina, e
entre elas, a sua mais famosa: O Caso dos Exploradores de Caverna, que foi
escrita em 1949, com objetivo de apresentar, através de uma narrativa fictícia,
os variados pontos de vista sobre um mesmo caso. Nesse livro, Louis conta a
história de quatro acusados por homicídio, que após serem condenados por
um Tribunal de 1° instância recorrem da decisão para o Tribunal Superior de
Newgarth, alegando as dúvidas foram ignoradas. Dessa forma, o manuscrito
desenvolve-se nas justificativas do juízes do Tribunal Superior para o seus
votos.
O episódio fictício ocorreu com cinco membros de uma sociedade de
espeleologia, que ao adentrarem uma caverna ficaram presos nela, pois a
única abertura da cavidade havia sido bloqueado por um deslizamento de
terra. Após não retornarem as suas casas, a secretária associação de
espeleologia, que sabia o local da exploração, enviou uma equipe de resgate
para o lugar; no vigésimo dia a equipe conseguiu estabelecer contanto com
os espeleólogos, e logo descobriram que não havia, dentro da gruta, nenhum
tipo de coisa do qual pudessem alimentar-se apenas escassos suprimentos
que eles haviam levado para a exploração, por isso, o grupo de resgate
temeu a morte deles por inanição. Quando foi estabelecido o contanto, um
dos membros pediu para conversar com um médico a respeito de quanto
tempo aguentariam até a libertação, dado que as provisões haviam terminado;
o médico respondeu-lhes que não mais que dez dias. Sendo assim, ele
perguntou ao doutor se havia chance de sobrevivência para os exploradores
se comessem carne humana ao que o clínico retorquiu favoravelmente.
Portanto, Roger Whetmore, o contactante, propôs aos outros membros que
sacrificam-se um deles, a fim aumentar a chance de sobrevivência do maior
número possível até o resgate, o que todos concordaram. Em seguida,
decidiram que a escolha seria mediante a um sorteio de dados, a qual
Whetmore tinha em seu bolso; feito o sorteio o escolhido foi: Roger
Whetmore. Após serem resgatados e recuperados das enfermidades, os
sobreviventes foram indiciados pelo assassinato de Whetmore e julgados em
Tribunal de 1° instância, no qual foram condenados, na justificativa de
cumprimento da lei. Entretanto, o próprio juiz e os jurados enviaram petições
ao chefe do Executivo pedindo clemência aos processados, que também
recorreram da decisão do juiz da 1° instância. Isto posto, observar-se-a os
votos dos juízes e suas razões.
O julgamento inicia-se com o Juiz Truepenny, presidente do Tribunal, que
votou pela absolvição dos réus; porém, observou ele que ia assim contra a
norma, mas também que não poderia condenar os homens devido sua
trágica situação; dessa maneira, a única forma que encontrou para não
descumprir a lei, e ao mesmo tempo absolvê-los foi o perdão do chefe do
Poder Executivo, sendo assim, clamou ao Executivo como os outros. O voto
seguinte, do Juiz Foster, foi também favorável aos réus e sua justificativa
baseou-se em duas premissas: a primeira, que os indiciados encontravam-se
não sobre as normas da legislação estatal, ou direito positivo, mas sim sobre
a lei natural, ou direito natural, pois o direito positivo fundamenta-se na
coexistência dos homens pacificamente, contundo, nesse caso a jurisdição
estatal perde a sua eficácia, devido os acusados encontrarem-se à face da
morte, logo o direito natural entra em vigor. Além disso, todos dentro da
caverna decidiram conscientemente participar do sorteio, estabelecendo
assim regras próprias, ou seja criaram um contrato válido para a situação em
que estavam; a segunda premissa ampara-se na interpretação do dispositivo
legal ao caso concreto. O subsequente a votar foi o Juiz Tatting, que isentou-
se de dar um veredito sobre o caso alegando que diversas dúvidas legais
assolavam-o: primeiro, apontando as lacunas do argumento do juiz Forster,
pois se os acusados encontravam-se em estado natural, de onde viria
autoridade dos ministros do Tribunal para julgar tal incidente, além disso o
Juiz Tatting considera odiosa tal direito natural, pois põem o valor do contrato
acima da vida humana ; Ademais, ele também considera que diversos
trabalhadores foram mortos ao tentar resgatar os indiciados, portanto seria
injusta a condenação. O próximo a votar foi o Juiz Keen, que decidiu
desfavoravelmente ao acusados, declarando que código afirma que qualquer
um que prive intencionalmente a vida de outro é culpado, em vista disso ele
considera que os acusados deliberaram intencionalmente retirar a vida de
Roger Whetmore, desse modo devem ser sentenciados; porém, também
concorda com os outros que eles encontravam-se em trágica situação, ainda
assim não é função dos juízes decidir, a partir de sua moralidade, mas sim da
legislação vigente, diz ele. O juiz Handy votou a favor dos acusados,
argumentando que era necessário, nesse caso, seguir a opinião pública e
senso comum que era adepto da absolvição. Portanto, percebe-se que
ocorreu um empate no julgamento e os acusados foram condenados à forca,
mantendo a decisão do Tribunal de Stowfield.
Conclui-se, dessa forma, que Louis Fuller apresenta-nos, através de um
manuscrito, como o direito têm diversas concepções filosóficas, e que no
embate dessas visões formam-se discussões que remontam as dúvidas mais
humanas. Por isso, imagina-se que nunca cessará os debates, enquanto
houver humanidade.

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