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Recurso Extraordinario

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EXCELENTÍSSIMO(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL PRESIDENTE DA ...

ª
TURMA RECURSAL DO ESTADO DE ...

Processo nº.

A PARTE AUTORA, já qualificada nos autos do processo em


epígrafe, na ação movida em face da CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL – CEF, igualmente qualificado, vem, por seus
advogados, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com
fundamento nos artigos. 102, III, “a” e “b” da Constituição Federal,
interpor

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, requerendo seja


admitido e remetido, com as razões anexas, diante da divergência
entre a decisão ora recorrida e dispositivo da Constituição da
República Federativa do Brasil.

Termos em que, requer deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

1
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RAZÕES RECURSAIS

Processo:

Recorrente:

Recorrido: Caixa Econômica Federal

Colenda Turma,

Eminente Relator,

Preparo
Não há que se falar em preparo do presente recurso, eis
que se trata de pessoa pobre na acepção jurídica da palavra, de
modo que a mesma se encontra protegida pela gratuidade da
justiça, na forma da Lei 1.060/50, deferida em 1º grau.

Tempestividade
O presente recurso é tempestivo, uma vez que, conforme
eventos do processo eletrônico, a publicação do acórdão se deu em
..., portanto a contagem de prazo teve início em ..., encerrando-se
em ....

Além disso, conforme consta dos autos, as partes são


legitimas e estão devidamente representadas, restando
preenchidos portanto, os pressupostos extrínsecos.

2
Interesse Recursal
Presente o interesse recursal, bem como a utilidade e
necessidade do presente recurso extraordinário. Em relação ao
cabimento do recurso, entende a Recorrente que as decisões
anteriores ao v. acórdão recorrido e o próprio acórdão em questão,
incidem no disposto do artigo 102, III, alínea “a” e “b” da
Constituição Federal, posto que, violada diretamente os artigos 1º,
III, artigo 5º, caput e incisos XXII e XXXVI e ainda art. 37 da
Constituição Federal, bem como a inconstitucionalidade de lei
federal do artigo 13 da Lei 8.036/90 e artigo 7º da Lei
8.660/1993. Tendo em vista ser o único recurso possível na
espécie, já que decisão de última instância. E finalmente, presente
os demais pressupostos de admissibilidade.

Prequestionamento
O prequestionamento é desnecessário no âmbito dos
Juizados Especiais Federais. Isso porque o artigo 46 da Lei
9.099/95 dispensa a fundamentação do acórdão. Com isso, nos
pedidos de uniformização de jurisprudência não há qualquer
exigência de que a matéria tenha sido prequestionada. Para o
recebimento de Recurso Extraordinário, igualmente, não se há de
exigir, tendo em vista a expressa dispensa pela lei de regência dos
Juizados Especiais, o que diferencia do processo comum
ordinário.

Todavia, eis que requerido durante o Recurso Inominado,


no voto julgador foram dados por prequestionados todos os
dispositivos presentes nos autos.

3
Repercussão Geral
Preliminarmente, o Recorrente vem demonstrar que a
questão discutida nos autos possui repercussão geral apta a
ensejar a admissibilidade do apelo extraordinário por esse colendo
Supremo Tribunal Federal.

Com relação à abrangência da repercussão geral, cabe


colacionar o entendimento de autores de renome sobre o
significado da referida expressão. Antes de tudo pode se inferir
que tem repercussão geral aquilo que tem transcendência, aquilo
que terá o sentido de relevância e que transcende o interesse
subjetivo das partes na solução da questão.

Uma causa é provida de repercussão geral quando há


interesse geral pelo seu desfecho, ou seja, interesse público e não
somente dos envolvidos naquele litígio. No momento em que o
julgamento daquele recurso deixar de afetar apenas as partes do
processo, mas também uma gama de pessoas fora dele,
despertando interesse público, tem aquela causa repercussão
geral. Numa única palavra, quando houver transcendência.

No presente feito é mais do que evidente a repercussão


geral, percebe-se facilmente o clamor popular envolvido, a
quantidade de ações que diariamente adentram o judiciário
buscando o mesmo provimento jurisdicional, como até mesmo as
inúmeras reportagens de televisão tratando do tema de modo
quase diário.

É evidente que a presente matéria afeta um grupo de


grande relevância, ou seja, todos os trabalhadores do Brasil, sem
mencionar a relevância social e econômica, que conforme estudo
do DIEESE teria impacto de R$ 128 bilhões a mais no bolso dos
trabalhadores e saindo dos cofres públicos.
4
Com esse o requisito, o que se destaca é o papel do STF
para, ao lado de primar pela correta aplicação dos preceitos
constitucionais, discutir tão-somente as causas recursais com
aspecto macro (supra, superior, diferenciado), não sendo mais
órgão com competência para solucionar as demais amarguras
recursais (sem qualquer reflexo coletivo diferenciado) mesmo nos
casos de interpretação equivocada da própria Constituição.

Ora, mesmo tendo o recurso paradigma presunção de


presença do requisito da repercussão geral (que apenas pode ser
derrubada por deliberação de 2/3 dos membros do STF), ainda
assim o legislador imputou àquele que detém a presunção o ônus
de demonstrá-la. Essa demonstração, numa análise preliminar,
tende apenas a ratificar a presença do requisito, eis que a
presunção está em favor do recorrente.

Porém, de toda forma, quer o Recorrente no presente


recurso, eis que sabido da relevância da questão, que em havendo
ação com repercussão geral já reconhecida no STF, ou seja,
processo paradigma para a questão, seja o presente feito
sobrestado para fins de aguardar a decisão única que decidirá a
questão de uma vez por todas na forma do artigo 14 §5º da Lei
10.259/2001.

Nestes termos, em razão de transcender o direito


subjetivo das partes nela envolvidas e por estar demonstrada a
repercussão geral no caso concreto, o presente Recurso
Extraordinário merece ser conhecido.

Síntese dos Autos


Trata-se de processo que visa obter a correção dos
valores constantes em conta do FGTS em nome do Recorrente, em
razão do mesmo atualmente ser corrigido, de forma
5
inconstitucional, pela TR. O Recorrente requer seja a mesma
corrigida pelo INPC ou IPCA, na forma de encontrar justiça e não
se ver tendo prejuízos em seus valores depositados face a inflação.

Ajuizada a ação, foi julgada improcedente. Houve recurso


inominado, onde a Turma Recursal entendeu por acertada a
decisão de 1º grau, mantendo-a por seus próprios fundamentos.

Tendo em vista não haver jurisprudência tratando da


matéria a nível de Turmas Recursais não há espaço para o recurso
de uniformização de jurisprudência, razão esta pela qual não há
outra alternativa ao Recorrente senão se socorrer através deste
recurso excepcional a fim de ver a justiça sendo feita e seu direito
protegido.

Este é o resumo dos autos.

Do Mérito
Da violação dos artigos 1º, III, artigo 5º caput, XXII e
XXXVI e 37º da Constituição Federal e da
inconstitucionalidade do artigo 13 da Lei 8.036/90
Inicialmente, impera demonstrar a inconstitucionalidade
dos referidos artigos que embasaram a sentença de 1º grau e o
acórdão ora recorrido. O FGTS foi instituído com o objetivo de
proteger o trabalhador, é um depósito compulsório o qual deve ser
corrigido e remunerado com juros.

Ocorre que o critério estabelecido para tanto foi o do uso


da TR como correção monetária e 3% de juros ao ano como
remuneração do capital “investido” compulsoriamente.

De fato, o que ocorre, como demonstrado na peça


exordial, é que houve uma significativa perda do poder financeiro

6
do dinheiro lá depositado. A correção monetária e juros aplicados
ao montante sequer empataram com a inflação do período, razão
pela qual, quem tem seu dinheiro lá aprisionado está perdendo
dinheiro e não ganhando conforme era a expectativa do legislador
com a criação do fundo.

Tal inconstitucionalidade é latente, o referido artigo 13 da


Lei 8.036/90 e artigo 7º da Lei 8.660/1993 desobedecem aos
limites materiais de inúmeros fundamentos e princípios
constitucionais, como o Estado Democrático de Direito, atentando
contra a dignidade da pessoa humana (art. 1º e inciso III da
Constituição Federal), bem como aos princípios da igualdade,
segurança jurídica (art. 5º caput da Constituição Federal), da
proteção ao direito de propriedade, ao direito adquirido (art. 5º,
XXII e XXXVI da Constituição Federal) e moralidade (art. 37 da
Constituição Federal).

O próprio Estado faz com que o trabalhador tenha seu


poder de compra reduzido, agindo de tal maneira incorre em grave
ataque ao direito de propriedade. O montante lá “aplicado” é
propriedade do trabalhador, apesar de não poder dispor no
momento em que deseja. Enquanto o Estado não permite que o
mesmo retire o dinheiro lá aplicado para investir em algo que no
mínimo lhe preste a proteção contra a inflação, está causando
grave prejuízo ao mesmo.

Enquanto fica coagido a manter parte de seu salário lá,


vê seu patrimônio sendo dilapidado sem o menor pudor. Onde
sem os novos aportes mensais, veria sua propriedade se esvair,
perdendo o poder de compra e não trazendo nenhuma proteção
conforme a expectativa do fundo.

7
Não há qualquer legalidade em aprisionar o fruto do
trabalho e consumir seu poder de compra, referida circunstância
ataca diversos dispositivos constitucionais. Logo, a Turma
Recursal, apesar de não obrigado a analisar as questões
constitucionais inerentes à questão, deixou de observar a matéria
de forma razoável.

Com uma análise mais profunda da questão, tanto pelo


viés social quanto pelo legal, percebe-se decisão equivocada na
sentença atacada. O trabalhador é ser hipossuficiente em relação
ao Estado e por tanto deve ser protegido pelo mesmo e não
pisoteado. Além de toda a carga tributária existente nesta nação,
ainda, o Estado “democrático de direito” deixa de repassar ao
trabalhador o que lhe é de direito.

Todos se perguntam como um índice de correção


monetária pode ter seu valor igual a ZERO por 6 meses no ano de
2012 enquanto a inflação beira os 6,5% a.a.. Aplicar tal valor
como correção é um deboche na cara do cidadão.

Conforme o presente quadro, que já estava presente na peça inicial da presente


ação, o FGTS foi remunerado com o valor presente nas contas do FGTS em valor muito
superior ao repassado aos cotistas, mesmo que repassado o valor corrigido pelo INPC
conforme se requer, tal fundo ainda traria lucro ao próprio fundo. Bem sabemos que o FGTS
tem como objetivo o amparo ao trabalhador e não para o custeio da Máquina Pública.

ANO TR INPC IPCA


1997 9,7849% 4,34% 5,22%
1998 7,7938% 2,49% 1,65%
1999 5,7295% 8,43% 8,94%
2000 2,0962% 5,27% 5,97%
2001 2,2852% 9,44% 7,67%
2002 2,8023% 14,74% 12,53%
2003 4,6485% 10,38% 9,30%
8
2004 1,8184% 6,13% 7,60%
2005 2,8335% 5,05% 5,69%
2006 2,0377% 2,81% 3,14%
2007 1,4452% 5,15% 4,46%
2008 1,6348% 6,48% 5,90%
2009 0,7090% 4,11% 4,31%
2010 0,6887% 6,46% 5,91%
2011 1,2079% 6,07% 6,50%
2012 0,2897% 6,17% 5,84%
2013 0,1910% 5,56% 5,91%
2014 0,8592% 6,23% 6,41%
2015 1,7954 11,2762 10,67%

Ainda, a decisão objeto do presente recurso vai de


encontro a própria jurisprudência do STF, conforme é evidente no
Recurso Extraordinário 747706 de relatoria da Ministra Carmem
Lúcia julgado em 13/06/2013 e publicado no dia 28/06/2013,
onde afirma que a posição da Corte de que a Taxa Referencial (TR)
- que remunera a poupança - não serve para recompor a perda
inflacionária da moeda.

DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONSTITUCIONAL. “ÍNDICE OFICIAL DE
REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA DE
POUPANÇA”: INCONSTITUCIONALIDADE DA
EXPRESSÃO. ACÓRDÃO RECORRIDO DISSONANTE DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA: OFENSA
CONSTITUCIONAL INDIRETA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. Relatório 1. Recurso
extraordinário interposto com base na alínea a do inc. III
do art. 102 da Constituição da República contra julgado
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que decidiu:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO.
EXECUÇÃO. PRECATÓRIO/RPV COMPLEMENTAR. EC
N. 62/2009. ART. 100, § 12, DA CF.
CONSTITUCIONALIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA. 1. O §
9
12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido
pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em
10/12/2009), tem aplicação imediata aos feitos de
natureza previdenciária, sendo constitucional. 2.
Entendimento firmado no sentido de que a TR mostra-se
válida como índice de correção monetária. 3. Nada
impede o legislador constitucional ou infraconstitucional
de dispor sobre correção monetária e taxa de juros e, em
se tratando de relação de direito público, não há óbice a
incidência imediata da lei, desde que respeitado período
anterior à vigência da nova norma (vedação à
retroatividade), pois não existe direito adquirido a regime
jurídico” (fl. 68). 2. O Agravante alega que o Tribunal a
quo teria contrariado os arts. 1º, inc. III, 5º, caput e incs.
XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da República.
Argumenta que: “A EC n. 62/2009, em seu art. 1º, § 12,
instituiu que ‘A partir da promulgação desta Emenda
Constitucional, a atualização de valores de requisitórios ,
após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo
índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança, e, para fins de compensação da mora,
incidirão juros simples no mesmo percentual de juros
indecentes sobre a caderneta de poupança, ficando
excluída a incidência de juros compensatórios’. Como se
sabe, o índice de remuneração básico da poupança é a
Taxa Referencial – TR, índice controlado pelo Estado, e
utilizado como instrumento de controle da economia –
vide os sucessivos índices mensais zerados, a fim de
controle de aporte de capital nas poupanças. Tanto a TR
não se presta como índice de correção monetária, que o
STF já decidiu nesse sentido: ‘A taxa referencial (TR)
não é índice de correção monetária (...) não constitui
índice que reflita a variação do poder aquisitivo da
moeda’ (ADI 493-0/DF, Relator Min. Moreira Alves,
Plenário, DJ 4.9.1992). (...) Assim sendo, texto tão
danoso ao cidadão não poderá ser tolerado pelo
Judiciário, merecendo a declaração de
inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da
Constituição Federal, adicionado pela EC n. 62/2009. (...)
Assim, declarada a inconstitucionalidade do índice
aplicado ao precatório pago nos autos, deve ser tomado
como vigente e aplicado ao caso concreto o índice IPCA-
E” (fls. 72-73). Apreciada a matéria trazida na espécie,
DECIDO. 3. Razão jurídica assiste, em parte, ao
Recorrente. O Desembargador Relator no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região afirmou: “Quando da
análise do pedido de efeito suspensivo, foi proferida a
seguinte decisão: ‘(...) Firmou-se na 3ª Seção deste
Tribunal o entendimento de que a Lei n. 11.960, de
29/06/2009 (publicada em 30/06/2009), que alterou o
art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, determinando a incidência
nos débitos da Fazenda Pública, para fins de atualização
10
monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros da
caderneta de poupança, aplica-se imediatamente aos
feitos de natureza previdenciária, sendo constitucional.
Não há razão para tratamento diferenciado em relação ao
§ 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido
pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em
10/12/2009), que trata especificamente da situação a
atualização de valores de requisitórios, após sua
expedição, até o efetivo pagamento. A Taxa Referencial,
segundo entendeu o Superior Tribunal de Justiça, pode
ser utilizada como índice de correção monetária. O que
não se mostra possível é sua substituição em pactos já
firmados, de modo a violar o direito adquirido e o ato
jurídico perfeito. A Súmula n. 295 do Superior Tribunal
de Justiça, a propósito, enuncia: A Taxa Referencial (TR)
é indexador válido para contratos posteriores à Lei n.
8.177/91, desde que pactuada. Colhe-se da
jurisprudência desta Corte: (...). A situação dos autos é
um pouco diversa, pois se discute sobre a incidência
imediata de norma que dispôs sobre os acréscimos
aplicáveis aos débitos previdenciários. Apropriada,
contudo, a aplicação do entendimento de que a TR
mostra-se válida como índice de correção monetária. Por
outro lado, nada impede o legislador constitucional ou
infraconstitucional de dispor sobre correção monetária e
taxa de juros. Em se tratando de relação de direito
público, nada obsta a incidência imediata da lei, desde
que respeitado período anterior à vigência da nova norma
(vedação à retroatividade), pois não existe direito
adquirido a regime jurídico. Assim, tratando-se de norma
nova que dispôs, para o futuro, sobre os acréscimos
aplicáveis a créditos previdenciários, não se cogita de
violação à cláusula constitucional que assegura o direito
de propriedade (art. 5º, XXII, CF), ou mesmo àquela que
protege o direito adquirido e o ato jurídico perfeito (art.
5º, XXXVI, CF). Como não se cogita de violação do
princípio da isonomia, certo que situações díspares
podem receber tratamento diferenciado, de modo que a
utilização de indexadores diversos, mas idôneos, para
atualização de créditos de naturezas diversas, não
contraria o artigo 5º, caput, da Constituição Federal. Da
mesma forma, como a norma produz efeitos para o
futuro, não está a ofender a coisa julgada (art. 5º, inciso
XXXVI CF), certo que a coisa julgada somente incide em
relação às situações especificamente na decisão judicial,
de modo que a definição do índice de correção monetária
referente a período posterior não está forrada ao advento
de mudança normativa. Consigno, por fim, que a norma
que validamente dispõe sobre os acréscimos aplicáveis a
débito do poder público evidentemente não está a violar
os princípios da moralidade e da eficiência (art. 37 da
11
CF). Oportuna a referência a precedentes do Superior
Tribunal de Justiça: (...). Segue em sentido assemelhado
precedente do Supremo Tribunal Federal que espelha a
posição daquela Corte: ‘Agravo regimental em agravo de
instrumento. 2. Execução contra a Fazenda Pública.
Juros de mora. Art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação
dada pela MP n. 2.180. 3. Entendimento pacífico desta
Corte no sentido de que a MP n. 2.18035/2001 tem
natureza processual. Aplicação imediata aos processos
em curso. 4. Agravo regimental a que se nega provimento’
(AgR no AI n. 776.497. Relator: Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 15/02/2011. Órgão Julgador: Segunda
Turma STF). Diante de todo o exposto, defiro o pedido de
efeito suspensivo’. Não havendo novos elementos a
ensejar a alteração do entendimento acima esboçado,
deve o mesmo ser mantido por seus próprios
fundamentos, dada a sua adequação ao caso concreto”
(fls. 66-67 v. - grifos nossos). O acórdão recorrido destoa
da jurisprudência deste Supremo Tribunal, que declarou
a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança”,
constante do § 12 do art. 100 da Constituição da
República (acrescentado pela Emenda Constitucional n.
62/2009): “o Tribunal julgou procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade da expressão ‘na data de
expedição do precatório’, contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e
das expressões ‘índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança’ e ‘independentemente de sua
natureza’, constantes do § 12, todos dispositivos do art.
100 da CF, com a redação dada pela EC n. 62/2009,
vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e
Dias Toffoli. Votou o Presidente, Ministro Joaquim
Barbosa” (ADI 4.357, Relator o Ministro Luiz Fux,
Plenário, DJe n. 59/2013, de 2.4.2013 – grifos nossos). 4.
Quanto à determinação do índice a ser aplicado na
correção monetária do precatório, trata-se de matéria a
ser decidida com base em norma infralegal (Resolução n.
122/2010 do Conselho da Justiça Federal), não afeta a
este Supremo Tribunal: “AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO.
PRECATÓRIO. ATUALIZAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO.
A REPERCUSSÃO GERAL NÃO DISPENSA O
PREENCHIMENTO DOS DEMAIS REQUISITOS DE
ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. ART. 323 DO
RISTF C.C. ART. 102, III, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA
REFLEXA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 279 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. (...). 3. Deveras,
entendimento diverso do adotado pelo acórdão recorrido –
como deseja o recorrente – quanto ao índice de correção
monetária adequado para a atualização do valor do
12
presente precatório, demandaria a análise da legislação
infraconstitucional que disciplina a espécie (Resolução n.
115/2010, do CNJ), bem como o reexame do contexto
fático-probatório engendrado nos autos, o que inviabiliza
o extraordinário, a teor do Enunciado da Súmula n. 279
do Supremo Tribunal Federal, que interdita a esta Corte,
em sede de recurso extraordinário, sindicar matéria
fática, ‘verbis’: (...). (Precedentes: RE n 404.801-AgR,
Relator o Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, Dj de
04.03.05; AI n. 466.584-AgR, Relator o Ministro Nelson
Jobim, 2ª Turma, DJ de 21.05.04, entre outros). 4. ‘In
casu’, o acórdão originariamente recorrido assentou:
‘AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRECATÓRIO – NÃO
INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA – INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA 17, DO STF – ATUALIZAÇÃO – ÍNDICE DE
REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA –
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1) É vedada a
incidência de juros no cálculo da atualização dos valores
de precatórios, exceto se houver mora no seu pagamento
(STF: Súmula Vinculante n. 17). 2) Após o advento da
emenda Constitucional n. 62/2009, a atualização de
valores de precatórios, após sua expedição, até o efetivo
pagamento, independentemente de sua natureza, passou
a ser feita pelo índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança (CF/88: art. 100, § 12º). 3)
Recurso conhecido e parcialmente provido’. 5. Agravo
regimental a que se nega provimento” (RE 684.571-AgR,
Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
30.10.2012 – grifos nossos). 5. Pelo exposto, dou parcial
provimento a este recurso extraordinário (art. 557, § 1º-
A, do Código de Processo Civil e art. 21, § 2º, do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal) para
reafirmar a inconstitucionalidade da expressão “índice
oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança”, constante do § 12 do art. 100 da Constituição
da República e determinar que o Tribunal de origem
julgue como de direito quanto à aplicação de outro índice
que não a taxa referencial (TR). Publique-se. Brasília, 13
de junho de 2013. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora

Ainda neste sentido, no dia 27 de maio de 2013, o


ministro Castro Meira, do STJ, proferiu decisão semelhante,
favorável a uma credora da União que teve a indenização
reconhecida pela Justiça por violação de direitos fundamentais. E
foi além: determinou a aplicação do IPCA para atualizar o valor
dos precatórios. A União recorreu da decisão alegando que a
decisão do Supremo ainda não havia sido publicada. No dia 26 de
junho, a 1ª Seção do STJ rejeitou o recurso.
13
EXECUÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 11.761 -
DF (2008/0132683-2) RELATOR : MINISTRO
PRESIDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO EXEQUENTE :
HELIANA CALMON DOS REIS INÁCIO DE SOUZA
ADVOGADO : MARCELO PIRES TORREÃO E OUTRO(S)
EXECUTADO : UNIÃO DECISÃO A Coordenadoria de
Execução Judicial-CEJU prestou a seguinte informação:
Transitada em julgado a decisão que homologou os
cálculos apresentados pela União nos embargos à
execução e remetidos os autos a esta Unidade, conforme
decisão de fl. 124 dos embargos, procedeu-se atualização
da conta de liquidação. Apurou-se como devido à
exequente, em abril/2013, o valor de R$ 971.061,57
(novecentos e setenta e um mil, sessenta e um reais e
cinquenta e sete centavos), conforme demonstrado na
planilha anexa. No cálculo do quantum debeatur foram
mantidos os critérios empregados na conta elaborada
pela União e homologada na decisão de fls. 40-43 dos
embargos, quais sejam: " Incidência de juros de mora no
percentual de 0,5% ao mês, até o trânsito em julgado dos
embargos, ocorrido em agosto/2011; " Correção
monetária pelo IPCA-E/IBGE. Destaque-se que estendeu-
se a utilização do IPCA-E para atualização da conta até a
data corrente, tendo em vista ter sido esse o índice
empregado na conta homologada e, ainda, porque o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4357,
acórdão pendente de publicação, julgou parcialmente
inconstitucional o § 12 no tocante às expressões "índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança"
e "independentemente de sua natureza" e, por
arrastamento, essas mesmas expressões constantes no
art. 1°-F da lei n. 9.494/1997, alterado pelo art. 5° da lei
n. 11.960/2009 (Ata n° 5, de 14/3/2013, publicada no
DJe n. 59, de 1/4/2013), excluindo, desse modo, a Taxa
Referencial - TR como fator de atualização das
condenações impostas à Fazenda Pública. Registre-se,
14
ainda, que nessa ADI também foi declarada a
inconstitucionalidade dos §§ 9° e 10 do art. 100 da
Constituição Federal, que tratam da compensação de
débitos dos beneficiários de precatórios junto á Fazenda
Pública devedora. Diante do exposto, submetemos estes
autos à consideração de Vossa Excelência com a
proposição de que sejam intimadas as partes para se
manifestarem sobre o cálculo atualizado por esta
Unidade para expedição do respectivo precatório (e-STJ
fl. 343). Instadas, as partes manifestaram-se. A
exequente aprovou os cálculos (e-STJ fl. 352), enquanto a
União discordou no ponto em que "foi considerada a
variação do IPCA-e para correção monetária para todo o
período quanto o correto seria aplicar a variação da TR a
partir de julho de 2009, nos termos da Lei 11.960/2009 e
Manual de Cálculos da Justiça Federal" (e-STJ fl. 355). É
o relatório. Decido. Corretos são os cálculos apresentados
pela CEJU, porquanto, além de ter sido o IPCAE o índice
empregado na conta homologada, olvida-se a União de
que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.357/DF, em
14.3.2013, declarou a inconstitucionalidade, por arrasto,
das expressões "independentemente de sua natureza"
(para efeito de correção monetária) e "índices oficiais de
remuneração básica", contidos no art. 1º F da Lei
9.494/97, com a redação da Lei 11.960/2009. Significa
dizer que, no tocante à correção monetária, mesmo a
partir de julho/2009, continuará sendo adotado o IPCA-
E/IBGE, e não mais o índice previsto no Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça
Federal. Ante o exposto, expeça o precatório nos termos
da planilha de cálculos elaborada pela CEJU às e-STJ fls.
343-344. Publique-se. Intime-se. Brasília, 27 de maio de
2013. Ministro Castro Meira Presidente da Seção
(Ministro CASTRO MEIRA, 31/05/2013)

15
Razão pela qual o acordão deve ser reformado, de modo
que seja concedido ao Recorrente a correção do seu FGTS com a
aplicação do índice requerido na exordial e ainda seja declarado
inconstitucional o artigo 13 da Lei 8.036/90 e artigo 7º da Lei
8.660/1993, eis que é pacífico nos Tribunais Superiores que não
se aplica a TR como índice de correção.

Desta forma, fica plenamente demonstrado que a


correção dos valores aplicados na conta do FGTS corrigidos pela
TR é uma afronta aos dispositivos e princípios presentes em nossa
Constituição Federal, tal situação fere a dignidade da pessoa
humana ao lhe trazer prejuízos de ordem econômica por confiar
em seu governo, ainda fere os princípios da igualdade, segurança
jurídica, direito de propriedade e ao direito adquirido eis que há
uma grande perda do valor patrimonial causado única e
exclusivamente por tal forma de correção. Por fim, ainda é vexado
o princípio da moralidade como vemos:

“O princípio da moralidade impõe que o administrador


público não dispense os preceitos éticos que devem estar
presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os
critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas
ações, mas também distinguir o que é honesto do que é
desonesto.” (José dos Santos Carvalho Filho, Manual de
Direito Administrativo, 16ª Ed. pág. 20)

Logo, seguindo tais preceitos, o administrador público


devia manter a ética, ver o que é honesto e justo ao trabalhador,
não permitindo que o mesmo trabalhe e pague para ter seu
patrimônio dilapidado.

Quanto ao artigo 13 da Lei 8.036/90 e artigo 7º da Lei


8.660/1993, os mesmos atacam frontalmente a Constituição
Federal, pois permitem que a atualização das contas do FGTS seja
realizada pela discutida TR que remunera em valor menor que o

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da inflação. Ou seja, os inconstitucionais artigos são os únicos
reais causadores de toda a presente discussão.

Se os mesmos não forem declarados, pelo controle difuso


de constitucionalidade, como inconstitucionais, estar-se-á
permitindo que se rasgue e pise em cima da nossa Carta Magna,
eis que se estará declarando a legalidade de inúmeros abusos
contra os trabalhadores.

Por fim, cumpre lembrar que o entendimento, que até


então era unanime pela improcedência da presente ação começa a
mudar, surgindo os primeiros entendimentos razoáveis sobre a
questão, ainda que em primeiro grau de jurisdição, como se vê a
seguir em uma decisão na cidade de Foz do Iguaçu (4ª Região):

“[...] Pois bem. Verificada a desigualdade/desproporção


entre a TR e de outra banda, o IPCA-E e o INPC, passa-se
a analisar a real função da correção monetária em cotejo
com o princípio constitucional do direito à propriedade
(art. 5º, XXII, da Carta Magna). Embora em tal julgado o
STF não tenha declarado que haveria impossibilidade de
utilização de tal índice aos contratos firmados após essa
data, nele ficou reconhecido, de maneira cristalina que
aquele Tribunal não reconhecia a TR como índice hábil a
promover a atualização monetária. Processo: 5009533-
35.2013.404.7002/PR.”

Ainda, nesse sentido, na cidade de Pouso Alegre, Minas


Gerais (1ª região), também houve procedência da ação de revisão
do FGTS, neste caso para substituição da Taxa Referencial (TR)
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Neste caso o
magistrado demonstrou a evolução do FGTS ao longo de 47 anos
de história, desde que foi criado pela Lei 5.107/66. In Verbis:

“[...]Como se viu no tópico anterior, a metodologia


iniciada pela Resolução CMN 2.604, de 23/04/1999, com
efeitos a partir de 01/06/1999, deu início ao
descolamento da TR dos índices de inflação, sendo esse o
momento que se deve fixar para a recomposição das
contas do FGTS. Diante do exposto, tendo em vista o que
já decidido pelo E. STF no caso da lei 11.960/09 e o fato
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de o FGTS ser um pecúlio constitucional obrigatório, não
portável e de longo prazo, cuja garantia de recomposição
das perdas inflacionárias está implícita na disposição do
art. 7º, III, da CR/88, que assegura esse direito
trabalhista fundamental a todos os trabalhadores, é de se
declarar inconstitucional, pelo menos desde a
superveniência dos efeitos da Resolução CMN 2.604, de
23/04/1999, a vinculação da correção monetária do
FGTS à TR, conforme art. 13 da lei 8.036/90 c/c arts. 1º
e 17 da lei 8.177/91. Processo:3279-88.2013.4.01.3810,
JUSTIÇA FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA - SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE POUSO ALEGRE/MG.”

Diante de todo o exposto, já estão presentes todos os


requisitos de admissibilidade do presente recurso, bem como as
razões que justificam a modificação do acórdão, de modo que o
Recorrente só pede e espera que seja feita Justiça com o honrado
e sofrido trabalhador.

Requerimentos
Frente a todas as considerações até então apresentadas,
requer seja admitido e provido o presente recurso, para que seja
reformado o acórdão, a fim de emitir provimento jurisdicional que
declare seu direito de ver repercutido em seu montante aplicado
no FGTS o índice de correção requerido na peça Exordial, qual
seja, INPC ou, alternativamente, o IPCA, repercutindo nos valores
que constaram em sua conta até os dias atuais, e ainda, arcando,
a parte recorrida com os ônus da sucumbência.

Respeitando-se os princípios a quais foram afrontados na


Constituição Federal e declarando inconstitucionais por meio do
controle difuso de constitucionalidade o artigo 13 da Lei 8.036/90
e artigo 7º da Lei 8.660/1993. Fazendo isso, esse Colendo

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Tribunal estará renovando seus propósitos de distribuir a tão
almejada Justiça!

Termos em que, requer deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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