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Trabalho de Conclusão de Curso UFSC

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Trabalho de Conclusão de Curso

Thiago Resin Niero

PREVALÊNCIA DE MASTITE BOVINA CLÍNICA E SUBCLÍNICA NO MUNICÍPIO


DE CURITIBANOS/SC

Curitibanos
2018

Universidade Federal de Santa Catarina


Centro de Ciências Rurais
Curso de Medicina Veterinária
Thiago Resin Niero

PREVALÊNCIA DE MASTITE BOVINA CLÍNICA E SUBCLÍNICA NO MUNICÍPIO


DE CURITIBANOS/SC

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em


Medicina Veterinária, do Centro de Ciências Rurais
da Universidade Federal de Santa Catarina, como
requisito para a obtenção do Título de Bacharel em
Medicina Veterinária.
Orientador: Profª. Drª. Carine Lisete Glienke

Curitibanos
2018
Thiago Resin Niero

PREVALÊNCIA DE MASTITE BOVINA CLÍNICA E SUBCLÍNICA NO MUNICÍPIO


DE CURITIBANOS/SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
Bacharel em Medicina Veterinária e aprovado em sua forma final pelo Programa.

Curitibanos, 30 de novembro de 2018.

________________________
Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela
Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof.ª Dr.ª Carine Lisete Glienke
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof. Dr. Álvaro Menin
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Méd. Vet. Mailton Rafael Wolfart
Médico Veterinário Autônomo
Dedico este trabalho à minha família, aos meus amigos, aos meus
mestres, ao meu amor e a todos que me auxiliaram de alguma
forma para a concretização deste sonho.
AGRADECIMENTOS

Após cinco anos de faculdade em busca do sonho de ser médico veterinário muitas
pessoas passaram pela minha vida e é importante lembrá-las. Antes de tudo, gostaria de
agradecer a Deus por estar sempre ao meu lado, me guiando e mostrando o melhor caminho a
seguir.
Gostaria de agradecer à minha família, especialmente aos meus pais, Cleder Niero e
Sirli Resin, à minha irmã, Thainá Resin Niero e aos meus avós, Teobaldo Niero, Maria Moro
Niero, Tobias Resin e Sueli Medianeira Garcia Resin que mesmo longe, sempre me deram
forças e amparo para que esse sonho se tornasse possível. Amo vocês!
Quero agradecer ao meu amor, Gabriela Dick, por ser minha parceira para todas as
horas, me auxiliando nos estudos e projetos extraclasse, e principalmente, por me dar amor e
carinho para que eu não desistisse deste meu objetivo. Hoje, só penso em te agradecer. Sem
você tudo seria mais difícil. Te amo!
Quero agradecer a todos os meus amigos que construí nestes anos. Em especial à
família Taipa, por todos os momentos divertidos que tivemos, seja em festas ou em aulões que
acabavam em risos. Sempre lembrarei de vocês com carinho, amigos.
Gostaria de agradecer a todos os nossos professores que se esforçaram, ao máximo,
para nos proporcionar um ensino de qualidade e nos formar bons profissionais. Em especial,
quero agradecer a minha orientadora, Carine Lisete Glienke, pelo exemplo de profissional e
por, desde o início, confiar em mim e me proporcionar oportunidades dentro da UFSC. Muito
obrigado pela parceria Profe! Ainda gostaria de agradecer a professora Heloisa Maria de
Oliveira pelo apoio e realização da parte estatística do trabalho. Sem dúvidas sua ajuda foi
fundamental.
“O segredo do sucesso é a constância do propósito” (Benjamin Disraeli)
RESUMO
A mastite bovina é altamente distribuída entre os rebanhos e causa grandes perdas econômicas
aos produtores. A região de Curitibanos - Santa Catarina, produziu cerca de 35,1 milhões de
litros de leite em 2014. Porém, os órgãos públicos apresentam informações vagas e incompletas
sobre a realidade dos produtores e a saúde dos rebanhos, não havendo dados sobre a ocorrência
e a distribuição de doença no município. Desta forma, o objetivo do estudo foi identificar a
prevalência de mastite clínica e subclínica em rebanhos de bovinos leiteiros em Curitibanos/SC.
Foram visitados 44 produtores de leite, sendo que estes foram divididos em grupos, em razão
do histórico e características da propriedade: 9 produtores locais, 14 produtores em
assentamentos e 22 em reassentamentos. Inicialmente foi aplicado um questionário
semiestruturado para caracterizar as diferentes propriedades. Em outra visita, previamente
agendada, foram efetuados os testes rotineiros de diagnóstico de mastite em todos os animais
em lactação do rebanho. Para identificação de mastite clínica foi realizado o teste da caneca de
fundo preto, enquanto para mastite subclínica foi realizado o CMT (California Mastitis Test).
As informações foram organizadas em planilha Excel e posteriormente processadas no
programa estatístico R, onde foi calculada a prevalência. Através do teste Qui-quadrado, estes
resultados foram relacionados com os grupos de produtores e com alguns manejos de ordenha
(uso de pré e pós-dipping e papel toalha), dados individuais dos animais (Número e estágio de
lactação) e Escore de Limpeza de Úbere (ELU). Ainda foram calculadas através do resultado
do CMT, as perdas produtivas decorrentes da mastite subclínica. De forma geral, observou-se
um perfil familiar das propriedades, contudo verificou-se um menor nível tecnológico nos
assentamentos em relação ao demais locais. No entanto, não houve diferença significativa na
ocorrência da doença em cada grupo de produtores. Cerca de 98% das propriedades possuem a
doença no rebanho. A prevalência média da mastite clínica foi de 4,29% e 1,08% para os
animais e quartos mamários testados, respectivamente. Em relação a mastite subclínica os
valores foram maiores, sendo que 76,92% das fêmeas e 45,51% dos quartos mamários dos
animais avaliados foram diagnosticados como positivos no teste CMT. Não se verificou a
relação entre as prevalências encontradas e o manejo de ordenha, número e estágio de lactação
e ELU. As perdas produtivas foram importantes, sendo que mais de 15.000 litros de leite deixam
de ser produzidos por mês, devido à presença de mastite subclínica no rebanho. Assim, as
prevalências encontradas são preocupantes, visto a importância da atividade como fonte de
renda a estes produtores. Órgãos públicos devem investir na conscientização e em medidas de
controle e prevenção da doença para que a melhore a rentabilidade destes produtores e a
atividade cresça no município.

Palavras-chave: Produtores familiares. Teste da caneca de fundo preto. CMT. Mastite bovina.
ABSTRACT
Bovine mastitis is highly distributed among herds and causes large economic losses to farmers.
The Curitibanos - Santa Catarina region, produced around 35.1 million liters of milk in 2014.
However, the public agencies present vague and incomplete information about the reality of the
producers and the health of the herds, with no data on the occurrence and the distribution of
disease in the municipality. Thus, the objective of this study was to identify the prevalence of
clinical and subclinical mastitis in dairy herds in Curitibanos / SC. Were visited 44 farmers and
these was divided into groups, due to the history and characteristics of the property: 9 local
farmers, 14 farmers in settlements and 22 in resettlements. Initially a semi-structured
questionnaire was applied to characterize the different properties. At another visit, previously
scheduled, the routine mastitis diagnosis tests were carried out on all animals lactating from the
herd. For the identification of clinical mastitis, the test of the mug of black background was
performed, while CMT (California Mastitis Test) was performed for subclinical mastitis. The
information was organized in Excel spreadsheet and later processed in statistical program R,
where the prevalence was calculated. Through chi-square test, these results were related to the
producer groups and with some milking maneuvers (use of pre- and post-dipping and paper
towel), individual animal data (Number and stage of lactation) and Uber Cleaning Score (ELU).
The production losses resulting from subclinical mastitis were also calculated through the CMT
result. In general, a familiar profile of the farmers was observed, but a lower level of technology
was observed in the settlements in relation to the other sites. However, there was no significant
difference in the occurrence of the disease in each group of producers. About 98% of the
properties have the disease in the herd. The mean prevalence of clinical mastitis was 4.29% and
1.08% for the animals and mammary quarters tested, respectively. In relation to subclinical
mastitis, the values were higher, and 76.92% of the females and 45.51% of the mammary
quarters of the evaluated animals were diagnosed as positive in the CMT test. There was no
correlation between the prevalence found and the management of milking, number and stage of
lactation and ELU. Productive losses were significant, with more than 15.000 liters of milk
being stopped every month, due to the presence of subclinical mastitis in the herd. Thus, the
prevalence found are worrisome, given the importance of the activity as a source of income for
these producers. Public entities should invest in awareness and in measures of control and
prevention of the disease so that the profitability of these producers improves and the activity
grows in the municipality.

Keywords: Family producers. Black background mug test. CMT. Bovine mastitis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapeamento das propriedades visitadas.................................................................. 22


Figura 2 - Avaliador com os EPIs adequados........................................................................... 23
Figura 3 - Caneca de fundo preto (A) e a realização deste mesmo teste (B). ........................... 24
Figura 4 - Presença de grumos da caneca. Quarto mamário considerado positivo para mastite
clínica. ...................................................................................................................................... 24
Figura 5 - Raquete utilizada para o CMT (A) e solução de CMT (B). ..................................... 24
Figura 6 - Coleta de leite na raquete (1), retirada do excesso de leite (2), adição da solução CMT
(3), homogeneização (4), interpretação do resultado (5). ......................................................... 25
Figura 7 - Animal positivo (++) no quarto anterior direito (AD) e fortemente positivo (+++) no
quarto anterior esquerdo (AE). No posterior direito (PD) e esquerdo (PE) sem alterações. .... 26
Figura 8 - Proporção de produtores que têm a bovinocultura de leite como a principal atividade
econômica, em cada grupo. ...................................................................................................... 28
Figura 9 - Sala de ordenha com piso de alvenaria e contensão de madeira. Presença de cochos
para alimentação durante a ordenha. ........................................................................................ 31
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Padrões de resultados do CMT. ............................................................................. 25


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Redução na produção de leite do quarto mamário afetado pela mastite subclínica, de
acordo com o CMT. .................................................................................................................. 27
Tabela 2 - Perfil tecnológico de produtores leiteiros, nos grupos de assentados, reassentados e
locais, no município de Curitibanos. ........................................................................................ 29
Tabela 3 - Prevalência de mastite clínica e subclínica por animais e quartos, nos rebanhos
leiteiros dos grupos de produtores assentados, reassentados e locais, no município de
Curitibanos-SC. ........................................................................................................................ 32
Tabela 4 - ELU nos rebanhos leiteiros dos grupos de produtores assentados, reassentados e
locais, no munícipio de Curitibanos-SC. .................................................................................. 34
Tabela 5 - Percentual de redução da produção, perdas mensais em produção de leite e prejuízo
econômico mensal estimado para as propriedades estudadas. ................................................. 35
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD – Quarto mamário anterior direito


AE – Quarto mamário anterior esquerdo
CBT – Contagem Bacterina Total
CCS – Contagem de Células Somáticas
CECS – Contagem Eletrônica de Células Somáticas
cél/ml – células por militro
CEPSH/UFSC – Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal
de Santa Catarina
CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais
CMT – California Mastitis Test
ECS – Escore de Células Somáticas
ELU – Escore de Limpeza de Úbere
EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual
IN 62 – Instrução Normativa 62
PD – Quarto mamário posterior direito
PE – Quarto mamário posterior esquerdo
PP – Produção de leite perdida mensalmente
PQP – Percentual de quartos positivos para determinado escore do CMT
PR – Percentual de redução na produção de leite
SIGPEX/UFSC – Sistema Integrado de Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e Extensão da
Universidade Federal de Santa Catarina;
SPC – Staphylococcus coagulase positiva
UFC/ml – Unidades formadoras de colônia por mililitro
WMT – Wisconsin Mastitis Test
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 14
1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 14
2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA MASTITE .......................................................... 14
2.2 MASTITE CLÍNICA .......................................................................................................... 15
2.3 MASTITE SUBCLÍNICA .................................................................................................. 16
2.4 IMPACTO ECONÔMICO E PREVALÊNCIA DE MASTITE ........................................ 17
2.5 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO ........................................................ 19
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37
APÊNDICE A – Questionário para Caracterização do Sistema de Produção ................. 41
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido ........................................... 42
APÊNDICE C – Ficha de Levantamento de Mastite .......................................................... 45
ANEXO A – Escore de Higiene de Úbere - ELU ................................................................. 46
13

1 INTRODUÇÃO
Segundo a Epagri (2016), no estado de Santa Catarina foram produzidos mais de três
bilhões de litros de leite em 2015, com crescimento da produção de aproximadamente 25,3%
entre 2010 e 2014, bem acima do crescimento de 12,5% da produção nacional (EPAGRI, 2016).
Na microrregião de Curitibanos, no Planalto Serrano, foram produzidos 35,1 milhões de litros
em 2014 (EPAGRI, 2016), valor significativo para uma região essencialmente agrícola e com
cultura voltada à produção de carne.
A adesão à produção de leite, e mesmo a permanência na atividade, são influenciadas
por diferentes fatores, como a economicidade e a gestão do sistema de produção. Dentre os
diversos gargalos da produção de leite, podem-se destacar os aspectos sanitários, especialmente
a ocorrência a mastite nos animais. Segundo Carvalho, Beuron e Santos (2012), a mastite tem
impacto direto na quantidade de leite produzido, nos custos de produção e na qualidade do
produto.
Algumas consequências importantes da mastite são: gasto com medicamentos,
descarte de leite, perda permanente de quartos mamários, morte do animal em alguns casos e o
mais importante, redução na produção de leite (SIMÕES & DE OLIVIERA, 2012). Segundo
Fonseca e Santos (2000), o Brasil deixou de produzir 2,8 milhões de litros de leite, no ano de
2000, devido à presença de mastite nos rebanhos, sendo que houve um prejuízo de US$
184,00/vaca/ano. Dados mais recentes sobre o impacto econômico da mastite são escassos,
justificando a realização de novos estudos na área.
Em Curitibanos, os produtores de leite possuem um perfil familiar, sendo a maioria
caracterizada por pessoas com mais de meia idade e baixo grau de escolaridade (NIERO et al.,
2018). Associado a isso, DICK et al. (2018) constataram que há pequenas e médias
propriedades no município, e, em sua totalidade, possuem sistema de produção extensivo com
baixa produtividade por animal.
Em relação ao manejo de ordenha, NIERO et al. (2018) enfatizam que a maioria dos
produtores curitibanenses realizam as práticas de pré-dipping e pós-dipping. Em contra-partida,
menos da metade dos produtores realizam com regularidade os testes de triagem para mastite
(teste da caneca de fundo preto e California Mastitis Test - CMT). Ainda neste estudo, os
autores relatam que mais de 80% dos produtores afirmam ter uma baixa ocorrência de mastite
no rebanho, sugerindo que tal enfermidade pode ser negligenciada nas propriedades do
município. Por parte dos órgãos públicos, não há estudos ou levantamento de dados acerca da
prevalência de mastite em Curitibanos/SC.
14

Dessa forma, o objetivo do estudo foi identificar a prevalência da mastite clínica e


subclínica nos rebanhos leiteiros de Curitibanos/SC. Além disso, pretende-se associar os
resultados ao nível tecnológico encontrado nas propriedades e estimar o impacto econômico
das perdas produtivas decorrentes da presença da enfermidade nos rebanhos.

1.1OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Identificar a prevalência de mastite clínica e subclínica em rebanhos de bovinos
leiteiros em Curitibanos/SC.

1.1.2 Objetivos Específicos


• Caracterizar as propriedades leiteiras, localizadas em assentamentos, reassentamos
e comunidades locais de Curitibanos, quanto ao seu nível tecnológico a partir de variáveis de
manejo e infraestrutura;
• Estimar a prevalência da mastite clínica e subclínica, por quarto mamário e por
animal, no rebanho de propriedades leiteiras localizadas em assentamentos, reassentamos e
comunidades locais de Curitibanos;
• Associar o nível tecnológico das propriedades leiteiras com a prevalência de mastite
clínica e subclínica;
• Estimar a redução na produção de leite de acordo com a presença de mastite
subclínica no rebanho de propriedades leiteiras localizadas em assentamentos, reassentamos e
comunidades locais de Curitibanos;

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA MASTITE
A Mastite é a inflamação da glândula mamária causada por microrganismos,
principalmente bactérias, que levam a alterações físicas, químicas e organolépticas do leite.
Esta inflamação é a mais frequente em animais destinados a produção leiteira e a que mais leva
a prejuízos na cadeia produtiva de lácteos, pois reduz a quantidade e a qualidade do leite
produzido (ACOSTA et al., 2016; FONSECA; SANTOS, 2000).
Segundo o Boletim Técnico n° 93 (UFLA, 2012), a mastite é mais comumente causada
por infecções microbiológicas, porém injúrias químicas ou mecânicas ao parênquima glandular
podem acarretar em processos inflamatórios no úbere.
15

Os agentes etiológicos da mastite podem ser ambientais e contagiosos. Os ambientais


estão presentes no habitat da vaca, ou seja, em locais com fezes, urina e barro, sendo os
coliformes (Escherichia coli, Klebsiella sp. e Enterobacter sp.) e os Streptococcus ambientais
(S. uberis e S. dysgalactiae) os principais representantes. Já os contagiosos estão vinculados ao
próprio animal, sendo encontrados no interior da glândula mamária e na superfície dos tetos.
Neste grupo, pode-se destacar o Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae.
(FONSECA; SANTOS, 2000). Ainda há microrganismos oportunistas que podem,
ocasionalmente, causar sérios problemas em alguns rebanhos, pois causam geralmente mastites
de difícil tratamento. Estão incluídas, neste grupo, as bactérias do gênero Nocardia sp.,
Pseudomonas auruginosa, Arcanobacterium pyogenes, algas do gênero Prototheca e várias
espécies de leveduras (UFLA, 2012).
Quanto à forma de manifestação da doença, a mastite pode ser dividida em mastite
clínica e subclínica. A mastite clínica é caracterizada por apresentar sinais típicos de inflamação
na glândula mamária enquanto na subclínica observa-se apenas alterações na composição do
leite (RIBEIRO et al., 2003).

2.2 MASTITE CLÍNICA


A mastite clínica é causada, em sua maior parte, por agentes ambientais. É
caracterizada por apresentar sintomatologia clínica, ou seja, alterações no úbere que podem ser
facilmente identificadas, como: aumento de temperatura, endurecimento, dor, edema e
alteração de cor. Presença de grumos, pus, sangue e outras alterações no leite também são
observadas a olho nu (ACOSTA et al., 2016; FONSECA; SANTOS, 2000).
As mastites clínicas podem ser classificadas em superagudas, agudas, subagudas e
crônicas. Em casos superagudos, sinais sistêmicos como febre, depressão e anorexia são
observados acompanhados de intensos sinais inflamatórios da glândula mamária e alterações
no leite. Já em casos subagudos não há alterações sistêmicas e as alterações da glândula
mamária são menos acentuadas, porém há significativas alterações na composição do leite.
Casos crônicos são semelhantes a casos subagudos, contudo pode ocorrer mudanças
intermitentes na excreção do leite (SILVA, 2014).
O diagnóstico da mastite clínica é simples (SILVA, 2014). O exame físico úbere traz
informações relevantes acerca dos quadros clínicos, pois através da palpação pode-se detectar
sinais inflamatórios, tais como dor, calor, rubor e edema (FONSECA; SANTOS, 2000; SILVA,
2014).
16

O exame das características físicas do leite, através do teste da caneca de fundo preto
ou escuro, permite identificar alterações macroscópicas no leite. O teste consiste na retirada dos
primeiros jatos de cada quarto em uma caneca de fundo preto. Devido ao contraste, a detecção
de alterações no leite, tais como grumos, pus, sangue ou leite aquoso são facilmente
visualizados e, nestes casos, o quarto mamário é considerado positivo para mastite clínica
(FONSECA; SANTOS, 2000; SILVA, 2014; UFLA, 2012). Segundo a UFLA (2012), o teste
da caneca de fundo preto deve ser executado antes de todas as ordenhas, desta forma, o teste
torna-se um bom método para monitoramento da mastite clínica.

2.3 MASTITE SUBCLÍNICA


A mastite subclínica é causada, principalmente, por agentes contagiosos e não
ocasiona alterações evidentes da doença no animal levando apenas a modificações na
composição do leite, como por exemplo, aumento na contagem de células somáticas (CCS) e
diminuição nos teores de caseína, lactose e gordura do leite (FONSECA; SANTOS, 2000).
Desta forma, problemas tecnológicos são observados na indústria, como menor rendimentos
dos derivados lácteos e menor vida útil do produto (TRONCO, 2013).
Quando há um processo infeccioso no úbere as células de defesa, principalmente
leucócitos, presente na circulação migram para o interior da glândula mamária com o objetivo
de debelar a infecção. Estas células de defesa juntamente com células provenientes da
descamação do epitélio secretor de leite são denominadas de células somáticas. Portanto,
quando há processos infeciosos na glândula mamária, geralmente, a CCS aumenta,
caracterizando um processo de mastite subclínica (FONSECA; SANTOS, 2000; RIBEIRO,
2003; UFLA, 2012).
Segundo o Boletim Técnico n° 93 (UFLA, 2012) só é possível diagnosticar a mastite
subclínica com o uso de testes que quantificam de forma direta ou indireta as células somáticas.
Fonseca e Santos (2000), relatam que os testes mais comumente utilizados para este fim são o
California Mastitis Test (CMT), Wisconsin Mastitis Test (WMT) e a contagem eletrônica de
células somáticas (CECS).
O California Mastitis Test (CMT) pode ser realizado a campo (ACOSTA et al., 2016),
devido a isso é um dos testes mais populares e práticos para diagnóstico de mastite subclínica
(FONSECA; SANTOS, 2000; RIBEIRO, 2003; SILVA, 2014). O CMT consiste na coleta
individual de leite de cada quarto mamário em uma bandeja apropriada. Em seguida,
acrescenta-se um detergente aniônico que rompe as membranas das células presentes no leite e
17

libera o material nuclear dos leucócitos que altera a viscosidade da mistura (FONSECA;
SANTOS, 2000; RIBEIRO, 2003; TRONCO, 2013). A intensidade da reação prediz o número
de células somáticas através de 5 escores: negativo (100.000 cél./ml), traços (300.000 cél./ml),
fracamente positivo (900.000 cél./ml), positivo (2.700.000 cél./ml) e fortemente positivo
(Acima de 5.000.000 cél./ml) (TRONCO, 2013).

2.4 IMPACTO ECONÔMICO E PREVALÊNCIA DE MASTITE


A diminuição na produção e perdas de qualidade do leite são impactos econômicos
comumente relacionados à mastite. Porém, o aumento dos custos com a mão-de-obra,
medicamentos e serviços veterinários além do descarte precoce dos animais decorrentes da
mastite estão diretamente ligados ao aumento dos custos de produção. O descarte elevado de
leite devido aos usos de antibióticos e a perda funcional da glândula mamária são relacionados
a mastite clínica. No entanto, os maiores prejuízos são causados pela mastite subclínica, pelo
fato de ter caráter silencioso e passar despercebida pelos produtores (SILVA, 2014; UFLA,
2012). Segundo Carvalho, Beuron e Santos (2012), estudos sobre gastos e perdas totais com
mastite são incomuns no Brasil, devido à complexidade na avaliação de todos os custos de
produção. Os mesmos autores estimam que a redução na produção varia de 12% a 15% no país,
o que representa 2,4 bilhões de litros de leite/ano.
A mastite subclínica, segundo Fonseca e Santos (2000), é responsável por 70% das
perdas econômicas, contra 30% da mastite clínica. Resultados semelhantes são demostrados
por Costa (1998), onde a redução na produção de leite devido a mastite subclínica corresponde
a 70% do total de prejuízos causado pela doença. Enquanto o descarte do leite, gastos com
tratamentos e morte ou descarte precoce do animal são responsáveis, respectivamente, por 8%,
8% e 14% dos prejuízos. Costa et al. (2015), em um estudo longitudinal com vacas mestiças
Holandês/Zebu verificaram que animais com mastite subclínica (CCS superior a 200.000
cél./ml) na primeira cria apresentaram significativa redução na produção de leite quando
comparadas com primíparas saudáveis (CCS menor que 200.000 cél./ml).
Em uma revisão bibliográfica sistemática dos últimos 10 anos acerca da mastite em
ruminantes no Brasil, Acosta et al. (2016) salientam que a prevalência de mastite subclínica
chega a 48,64%, 30,7%, 31,45% e 42,2% nas espécies bovina, caprina, ovina e bubalina,
respectivamente. Em relação a mastite clínica, no estudo são apontadas prevalências bem
menores, com frequências que variam, na espécie bovina, de 0,73% no Sudeste a 2,6% no
Nordeste.
18

De forma geral, estima-se que para cada caso de mastite clínica devem existir entre 15
e 40 casos de mastite subclínica no rebanho (SIMÕES e OLIVEIRA, 2012). Em um estudo
feito em seis fazendas de bovinos de leite, durante 12 meses, estimaram-se as prevalências de
86% para mastite subclínica e 10% para mastite clínica. As perdas devido à redução na
produção e descarte de leite representaram 18.729 litros de leite por fazenda e 75% do prejuízo
total era devido as perdas produtivas decorrentes na mastite subclínica (CARVALHO;
BEURON; SANTOS, 2012).
Ao comparar raças, constata-se que animais da raça Jersey possuem uma maior
predisposição ao aumento de células somáticas em relação a animais da raça holandesa
(FERNANDES, 2012). No entanto Washburn et al. (2002), em um estudo com animais
confinados e a pasto nos Estados Unidos, constaram que a prevalência de mastite clínica foi
inferior na raça Jersey em comparação à holandesa. Foi observado um percentual de vacas com
pelo menos um caso clínico de 25,8% e 41,2% para vacas Jersey e holandesa, respectivamente.
Neste mesmo estudo, verificou-se que vacas em confinamento tiveram 1,8 vezes mais mastite
clínica e oito vezes mais descarte quando comparadas a vacas a pasto.
Nóbrega e Langoni (2011), estudaram sobre a influência das raças e da estação do ano
na ocorrência de mastite. Entre a estação chuvosa e a seca, a maior frequência de infecções
intramamárias foi observado na estação chuvosa. Em relação as raças, as vacas Jersey
apresentaram uma contagem de células somáticas menor, bem como uma menor chance de
desenvolver sinais clínicos da infecção em relação a vacas holandesas. Segundo os autores,
estes fatos podem estar relacionados às diferenças da resposta imune entre as raças.
De acordo com Knob (2015), vacas mestiças, de forma geral, possuem uma menor
escore de células somáticas (ECS) e são mais resistentes a mastite. O estudo demostrou que
entre vacas mestiças simental leiteiro x holandês e vacas holandesas puras, as mestiças
apresentaram ECS significativamente menor, com melhor sanidade de úbere e maior
longevidade produtiva.
Ao comparar diferentes sistemas de produção, Pasinato et al. (2015), observaram
prevalência médias de tetos infectados de 5,88%, 5,72%, 8,03%, e 50%, respectivamente, para
animais criados em sistema compost barn, sistema free-stall, criação a pasto com suplementação
no cocho e criação extensiva com ordenha manual. Desta forma, constata-se que em sistemas
mais controlados, onde o animal tem menor contato com o ambiente natural, há menores
prevalências de mastite, resultando em maior produção e qualidade do leite ao produtor.
19

Todas as variáveis que interferem na prevalência da mastite devem estar devidamente


esclarecidas aos técnicos a campo. Isto porque a assistência técnica deve investigar a
prevalência e estimar os custos ocasionados pela mastite, pois esta é uma ferramenta
fundamental para que o produtor conheça os impactos econômicos e a partir disso, medidas de
controle sejam providenciadas e postas em prática (CARVALHO; BEURON; SANTOS, 2012).

2.5 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO


Por definição considera-se impossível eliminar todas as perdas causadas pela mastite
em uma fazenda, desta forma, medidas de controle e prevenção podem minimizar a ocorrência
da doença e resultar em relações custo-benefício favoráveis aos produtores (CARVALHO;
BEURON; SANTOS, 2012). Em um programa de controle baseado na conscientização dos
produtores, na correção de práticas errôneas de manejo, na realização de testes diagnóstico e no
tratamento apropriado para cada caso clínico observou-se um decréscimo do percentual de
redução da produção leite de 7,6% para 3,1% (VEIGA, 1996 apud BUENO, 2002).
A determinação do agente causador da mastite, através da cultura microbiológica do
leite, determina a origem contagiosa ou ambiental da infecção e direciona o tratamento e as
medidas específicas de controle. A coleta leite deve ser feita em tubo esterilizados e de forma
asséptica para evitar contaminação da amostra. Sob forma resfriada ou congelada, as amostras
são enviadas a laboratórios especializados para o isolamento e identificação do agente
(FONSECA; SANTOS, 2000; RIBEIRO, 2003).
Segundo Reis e Santos (2008), há três princípios básicos no controle eficiente da
mastite, são eles:
• Eliminação de infecções existentes: por meio do tratamento de vaca seca para mastite
subclínica, tratamento durante a lactação para mastite clínica e descarte de vacas com quadros
crônicos.
• Prevenção de novas infecções: por meio do manejo de ordenha correto (uso de pré-
dipping e pós-dipping, ou seja, desinfecção dos tetos antes e após a ordenha, teste da caneca de
fundo preto e CMT) e adequada manutenção e uso dos equipamentos de ordenha.
• Monitoramento da saúde glândula mamária: por meio da constante coleta de dados
do rebanho para assim avaliar se as medidas de controle implementadas estão sendo eficientes
ou não.
No Segundo o Boletim Técnico n° 93 (UFLA, 2012), as medidas de controle estão
divididas entre as mastites de origem contagiosa e ambiental, porém reforça as propostas
20

descritas por Reis e Santos (2008). Segundo ele, o controle da mastite contagiosa baseia-se na
diminuição da taxa de colonização dos patógenos presentes nos tetos por meio de medidas
higiênico-sanitárias durante a ordenha, no aumento da resistência imunológica da vaca, através
de dietas balanceadas e na antibioticoterapia. Já a mastite ambiental é controlada evitando
acúmulo de fezes ou lama nos pastos, estábulos e sala de ordenha e afastando do rebanho
animais com alguma infecção (metrites e feridas abertas) que possam contaminar o ambiente.
Na revisão sistemática de Acosta et al. (2016), observa-se que os principais fatores de
risco associados a mastite no Brasil são: a não segregação de animais doentes, a falta de limpeza
das instalações e/ou equipamentos, a não realização dos pré-dipping e pós-dipping e também a
falta de tratamento intramamário em animais secos. A respeito da mastite bovina, a pouca
instrução dos ordenhadores e a não realização da lavagem das mãos são os fatores mais
comumente observados nas fazendas.
As medidas profiláticas, quando executadas de maneira correta, trazem melhorias a
qualidade do leite a curto prazo. No estudo de Guerreiro et al. (2005), foi implementado práticas
de higiene e limpeza de utensílios e equipamentos, dos ordenhadores, do ambiente de ordenha
e do manejo dos animais. Como resultado observou-se diminuições significativas na contagem
de bactérias psicrotróficas do leite em todas as quatro propriedades rurais estudadas,
comprovando a importância das práticas preventivas de higiene e limpeza sobre a qualidade
microbiológica do leite. Vallin et al. (2009), aplicaram boas práticas de higiene em 46
propriedade de 19 municípios da região central do Paraná. Foi verificado reduções médias de
33,94% e 51,85% na CCS de propriedades com ordenha manual e mecânica, respectivamente.
Em relação a contagem bacterina total (CBT), tanto propriedades com ordenha manual quanto
àquelas com ordenha mecânica a redução média foi em torno de 87%.
Visto que medidas profiláticas são realmente eficientes e, segundo Lopes et al. (2012),
as despesas com tratamentos preventivos resultam em apenas 19,7% dos impactos econômicos
da mastite, investimentos nestas práticas podem contribuir significativamente para a diminuição
dos custos de produção provenientes da mastite.

3 MATERIAL E MÉTODOS
O projeto de pesquisa foi registrado, sob protocolo 201803258, pelo SIGPEX/UFSC
(Sistema Integrado de Gerenciamento de Projetos de Pesquisa e Extensão da UFSC). Foram
visitadas, no período de maio a julho de 2018, 44 propriedades produtoras de leite no município
de Curitibanos, SC. Este número amostral foi calculado a partir da fórmula descrita por Andrade
21

& Ogliare (2013), onde se utilizou o intervalo de confiança de 95%, erro máximo de 8% e valor
médio de prevalência de 70%, estimado a partir de dados da literatura.
𝑍 2
𝑛=( ) 𝜋(1 − 𝜋)
𝑒𝑚𝑎𝑥
Em que:
n = Tamanho da amostra; emax = Erro máximo pretendido;
Z = Valor do intervalo de π = Prevalência esperada a partir
confiança segundo a tabela Z; de estudos semelhantes;

A partir de informações preliminares obtidas junto à Secretaria da Agricultura do


município, foram identificados cerca de 70 produtores de leite em Curitibanos. Estes produtores
encontravam-se, principalmente, em comunidades originadas a partir de programas de
assentamento e reassentamento de produtores rurais. A minoria de produtores de leite
encontrava-se em localidades fora de assentamentos e reassentamentos. Dessa maneira,
executou-se uma amostragem estratificada, na qual os produtores foram agrupados como:
produtores localizados em assentamentos; produtores localizados em reassentamentos e
produtores localizados em outras comunidades do município, sendo estes denominados, então,
de produtores locais. Esse agrupamento de produtores foi proposto a partir da hipótese de que
o nível tecnológico e gerencial das propriedades divergia de acordo com o histórico de formação
da propriedade, o que poderia influenciar a prevalência da mastite nos rebanhos. Dessa forma,
entre as 44 propriedades que integraram o estudo, foram visitados: 14 produtores assentados,
21 produtores reassentados e 9 produtores locais.
Por se tratar de um estudo de prevalência, não há tratamentos ou grupos e, desta forma,
foram de todos os animais em lactação existentes em cada estabelecimento. Os produtores
foram localizados de forma aleatória (Figura 1), na qual sua participação foi voluntária, sendo
que os mesmos puderam optar por não participar da pesquisa ou retirar os animais do estudo a
qualquer momento.
22

Figura 1 - Mapeamento das propriedades visitadas.

Fonte: GoogleMaps

Para realização de uma primeira entrevista com o produtor, agendou-se uma visita em
cada propriedade. Em formulário específico (Apêndice A), foram registradas informações
pertinentes ao manejo dos animais e às características do sistema de produção, com tópicos
relacionados à caracterização do rebanho, dos equipamentos, das instalações e do manejo, bem
como informações pessoais (idade e escolaridade) usadas para o cadastro de dados gerais do
produtor. Essas informações categorizadas foram usadas para determinação do nível
tecnológico de cada local. Por ser tratar de um questionário, o projeto foi devidamente aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH/UFSC; Certificado de
Apresentação para Apreciação Ética - 89153118.0.0000.0121). Os dados, obtidos através da
entrevista em cada propriedade, foram sistematizados em planilha Excel.
Ainda nesta primeira visita foram explicadas as próximas etapas do projeto, a fim de
verificar o interesse do produtor e obter seu consentimento para inclusão dos seus animais no
estudo, conforme Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), aprovado pela
Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Santa Catarina,
protocolo nº 4027210318. A partir da autorização do produtor, foi agendada uma segunda visita
para realização dos testes diagnósticos de mastite, onde realizaram-se os testes da caneca de
fundo preto e CMT (California Mastitis Test).
23

A equipe que realizou os testes estava devidamente treinada para interpretar os


resultados encontrados. O avaliador responsável pelas coletas, obrigatoriamente, possuía o
curso de manejo ético no uso de animais em experimentos, exigido pela CEUA. Além disso, o
mesmo deveria estar munido dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) apropriados, tais
como: macacão ou jaleco, botas limpas e luvas descartáveis (Figura 2).

Figura 2 - Avaliador com os EPIs adequados.

Fonte: Arquivo Pessoal.

As coletas de leite para os testes de mastite foram realizadas no horário costumeiro da


ordenha, visando aproveitar a estrutura disponível e manter a rotina à qual os animais estão
adaptados. Todo o procedimento foi acompanhando pelo proprietário e/ou algum funcionário
responsável por tal função. A sequência para a coleta do leite para os testes seguiu as
recomendações de Boas Práticas no Manejo de Ordenha (ROSA et al., 2009).
Após a contenção do animal, anotava-se o seu número de identificação e, se necessário,
em caso da presença de terra ou sujidades aderidas, o ordenhador realizava a limpeza dos tetos
com água limpa e secagem com papel toalha. O teste da caneca telada ou teste da caneca do
fundo preto (Figura 3) foi realizado com a coleta dos três primeiros jatos de cada quarto
mamário na caneca específica, sendo o contraste do leite com o fundo escuro importante para
detecção da presença de alterações no leite, como grumos, pus ou sangue (Figura 4). Em caso
de alterações em algum dos tetos, a caneca era devidamente lavada para evitar a contaminação
dos demais quartos sadios. O resultado poderia ser positivo ou negativo para animais que,
respectivamente, possuíam ou não alterações características de mastite clínica no leite.
24

Figura 3 - Caneca de fundo preto (A) e a realização deste mesmo teste (B).

Fonte: Ordemax (A) e UNESP (B).

Figura 4 - Presença de grumos da caneca. Quarto mamário considerado positivo para mastite clínica.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Para o CMT, utilizou-se uma raquete com quatro poços, um para cada teto, e um
reagente, conhecido como solução de CMT (Figura 5).

Figura 5 - Raquete utilizada para o CMT (A) e solução de CMT (B).

Fonte: GEPEC (A) e ABARAUJO (B).

O CMT foi feito após o teste da caneca de fundo preto, respeitando os seguintes passos
(Figura 6), descritos por Souza (2017):
25

1. Na raquete de CMT ordenhou-se uma pequena quantidade de leite de cada quarto


mamário no poço correspondente. Nos casos de contaminação com leite de outro quarto, todo
o conteúdo foi descartado, a raquete lavada e a coleta repetida.
2. Retirou-se o excesso de leite, deixando-o no nível do primeiro traço indicado na
placa (que corresponde a aproximadamente 2 ml de leite);
3. Adicionou-se a solução CMT até o segundo traço da raquete (que corresponde a
aproximadamente 2 ml de solução);
4. Movimentos leves foram feitos para homogeneizar o leite e a solução;
5. Após 10 segundos de homogeneização fez-se a leitura. A interpretação da
viscosidade foi realizada de acordo com as informações dispostas no Quadro 1, ilustradas na
Figura 7.

Figura 6 - Coleta de leite na raquete (1), retirada do excesso de leite (2), adição da solução CMT (3),
homogeneização (4), interpretação do resultado (5).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Quadro 1 - Padrões de resultados do CMT.


Escore CMT CCS (cél./ml) Descrição da reação
N (negativo) 100.000 A mistura permanece líquida e homogênea.
Leve engrossamento, melhor visto através da inclinação
T (traços) 300.000
da raquete, desaparece antes de 10 segundos.
Nítido engrossamento, que desaparece em seguida. Sem
Fracamente
900.000 a formação de gel, porém há uma leve alteração na
positivo (+)
consistência da solução.
Engrossa imediatamente, há a formação de gel que
Positivo (++) 2.700.000
tende a diminuir com o movimento contínuo.
Fortemente Gel é formado, não desaparecendo mesmo após um
Acima de 5.000.000
positivo (+++) tempo.
Fonte: Adaptado de Menezes et al. (2012) e Souza (2017).
26

Figura 7 - Animal positivo (++) no quarto anterior direito (AD) e fortemente positivo (+++) no quarto
anterior esquerdo (AE). No posterior direito (PD) e esquerdo (PE) sem alterações.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Neste estudo, assim como descrito por Bueno et al. (2002), foi considerado como
mastite subclínica somente resultados maiores ou iguais a fracamente positivo (+), pois há
dificuldades na interpretação da reação traço, devido à grande subjetividade do teste.
Na totalidade de propriedades avaliadas, foram testados 442 animais, o que
correspondeu a 1760 quartos mamários. Os resultados foram anotados em um formulário
(Apêndice C) e em seguida listados em planilha Excel e organizados de acordo com o número
de animais positivos e do total de quartos mamários infectados para ambos os testes.
A prevalência de mastites clínica e subclínica nos rebanhos de produtores assentados,
reassentados e locais foram calculadas pela razão entre o número de animais e de quartos
infectados pelo número total de animais e de quartos nos diferentes grupos (assentados,
reassentados e locais), respectivamente. Já a prevalência da mastite clínica e subclínica para o
rebanho do município de Curitibanos foi calculada da mesma forma, porém considerando o
número total de animais e quartos.
Por ocasião dos testes, foram anotadas no formulário específico (Apêndice C) algumas
informações relacionadas aos animais (número de crias, estágio de lactação) e ao manejo de
ordenha (uso e princípio ativo do pré-dipping e pós-dipping, e uso de papel toalha). Ainda, foi
feita avaliação do Escore de Limpeza de Úbere (ELU; Anexo A), com escala variando de 1 a 4
(1 = limpo; 4 = sujo).
27

Para a estimativa do impacto econômico da mastite, Bueno et al. (2002) propuseram


um cálculo para predizer, de forma simples, a perda econômica em litros de leite por meio do
escore resultante do teste CMT, em cada quarto mamário (Tabela 1).

Tabela 1 - Redução na produção de leite do quarto mamário afetado pela mastite subclínica, de acordo
com o CMT.
Redução na produção de Média na redução da
Escore CMT
leite (%) produção de leite (%)
Fracamente positivo (+) 10 – 18 14
Positivo (++) 19 – 25 22
Fortemente positivo (+++) 26 – 46 36
Fonte: Bueno (2002).

O índice de redução na produção de leite foi calculado para o rebanho de cada


propriedade, com auxílio da planilha Excel. Utilizando-se o princípio básico de Bueno et al.
(2002), para cada um dos escores (+, ++, +++) somou-se o número de quartos que apresentaram
resultado positivo no teste CMT. Com este somatório, foi calculado o valor percentual de
quartos com resultado positivo, para cada um dos escores, em relação ao número total de quartos
avaliados, resultando no Percentual de Quartos Positivos (PQP). Assim, para determinado
escore, obteve-se a Porcentagem de Redução da Produção (PR) e a Produção Perdida
mensalmente (PP), conforme equações a seguir:

𝑃𝑄𝑃 × 𝑅 𝑃𝑅 × 𝑃
𝑃𝑅 = 𝑃𝑃 =
100 100
Em que:
PR = Percentual de Redução de Produção, conforme o escore do CMT;
PQP = Percentual de Quartos Positivos para determinado escore;
R = Percentual Médio de Redução de determinado escore;
PP = Produção Perdida diariamente para determinado escore, em litros;
P = Produção Mensal do Rebanho, em litros;
A produção total de leite perdida mensalmente (em litros) foi igual à soma da Produção
Perdida (PP) para cada escore. Desta forma, soube-se a quantidade, em litros de leite, que
deixou de ser produzida em determinada propriedade, pelo fato de haver mastite subclínica no
rebanho.
Foi realizada análise descritiva e teste do Qui-quadrado, ao nível de 5% de
significância, para as variáveis obtidas em cada grupo de produtores (assentados, reassentados
e locais), com uso do programa estatístico R. Ainda foi investigada a associação entre as
28

prevalências encontradas e fatores associados com o manejo de ordenha (uso de pré e pós-
dipping e papel toalha), dados individuais dos animais (número e estágio de lactação) e ELU.
Após identificação do perfil das propriedades, da prevalência de mastite clínica e
subclínica e do impacto econômico destas, foram revistos alguns métodos de controle e
prevenção, com objetivo auxiliar na melhoria da qualidade do leite produzido em
Curitibanos/SC.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O perfil dos produtores de leite visitados durante a realização do estudo pode ser
definido a partir de informações socioculturais e econômicas. A idade média dos produtores era
de 46 anos, sendo que a faixa etária estava entre 22 e 67 anos. Quanto à escolaridade, 62,96%
possuía ensino fundamental incompleto, enquanto que 9,26% concluíram o ensino fundamental,
e 20,37%, o ensino médio. Uma minoria de 3,7% finalizou o ensino superior, sendo estes, em
sua totalidade, produtores locais, ou seja, fora de assentamentos e reassentamentos.
A mão-de-obra era predominantemente familiar, correspondendo a 94,45% das
propriedades visitadas. Os demais 5,55% compreendiam produtores locais que terceirizavam a
mão-de-obra. A bovinocultura de leite era a principal atividade econômica para a maioria dos
produtores (Figura 8). Nos assentamentos, a maior parte das propriedades possuíam a
comercialização do leite como uma fonte essencial de renda, pois eram pequenas áreas, e a
atividade leiteira representava uma ótima alternativa de renda. As outras atividades que também
geravam renda aos produtores eram a produção de grãos, horticultura, fruticultura, além de
emprego assalariado nos centros urbanos.

Figura 8 - Proporção de produtores que têm a bovinocultura de leite como a principal atividade
econômica, em cada grupo.
100% 94,4%
83,3%
80%
68%

60%

40%

20%

0%
Produtores Locais Produtores Reassentados Produtores Assentados
29

Observou-se no rebanho leiteiro do município, uma importante participação de raças de


origem europeia, sendo as raças predominantes: holandês (37,04%), Jersey (33,33%) e animais
mestiços com ambas as raças (25,93%). Os demais animais eram mestiços com raças de corte,
como Charolês e Devon. De forma geral, haviam 11 ± 6 animais em lactação por propriedade,
e uma produção média por animal de 12 ± 4 litros.
As demais características usadas para compor o perfil tecnológico das propriedades
leiteiras, conforme os diferentes grupos de produtores (assentados, reassentados e locais), no
município de Curitibanos (Tabela 2), correspondem às categorias: manejos de ordenha – adoção
regular do pré e pós-dipping, secagem com papel toalha, realização regular do teste da caneca
de fundo preto e CMT; equipamentos e instalações – uso de ordenha canalizada e resfriador de
expansão direta; comercialização – venda do produto in natura, ou seja, sem beneficiamento
na propriedade; manejo reprodutivo: uso de inseminação artificial e touro de raças
especializadas na produção de leite; assistência técnica – presença. acompanhamento e
orientação técnica regular.

Tabela 2 - Perfil tecnológico de produtores leiteiros, nos grupos de assentados, reassentados e locais, no
município de Curitibanos.
Frequência de Utilização (%)
Especificação Produtores Produtores Produtores
Assentados Reassentados Locais
Pré-dipping 57,14 66,67 66,67
Pós-dipping 50,00 57,17 100,00
Secagem com papel toalha 21,43 57,14 55,56
Teste da caneca de fundo
61,11 72,73 72,73
preto/telada*
California Mastitis Test* 72,73 54,55 54,55
Ordenha mecânica canalizada 5,56 12,00 45,45
Resfriador de expansão direta 52,94 100,00 100,00
Comercialização do leite in natura 77,78 100,00 90,91
Inseminação artificial 27,78 32,00 72,73
Touro com aptidão leiteira 83,33 60,00 54,55
Assistência técnica 5,56 36,00 36,36
* Uso regular.

O manejo de ordenha requer uma rotina de cuidados e procedimentos específicos a fim


de garantir a higiene no processo de retirada do leite e evitar a disseminação de doenças entre
os animais. Os procedimentos de desinfecção dos tetos antes e após a ordenha (pré de pós-
dipping) são utilizados exatamente neste sentido, sendo importantes aliados na prevenção da
mastite (MEDEIROS et al., 2009). Porém, mesmo assim, pouco mais da metade dos produtores
30

usa o pré-dipping. Já o pós-dipping, de forma geral, foi empregado com mais frequência, no
entanto, apenas a totalidade de produtores locais utilizavam-o regularmente (Tabela 2).
O perfil familiar das propriedades visitadas na serra catarinense corrobora com estudos
de caracterização no oeste, meio-oeste e vale do Itajaí, onde observou-se pequenas propriedades
com agricultura familiar e produtores com baixa escolaridade e mais de meia idade (MANSKE;
RIGO; SCHOGOR, 2017; WINCK; THALER NETO, 2012). Manske, Rigo e Schogor (2017)
no oeste catarinense, constaram um maior nível tecnológico e melhor produtividade nas
propriedades visitadas, porém, assim como no presente estudo, evidenciaram que nem todos os
produtores adotam as práticas recomendadas no manejo de ordenha (pré-dipping, pós-dipping,
secagem dos tetos e testes rotineiros de mastite).
O sistema de ordenha utilizado na propriedade é outro fator que afeta a ocorrência da
mastite, bem como pode influenciar na qualidade do produto obtido, já que os sistemas abertos,
do tipo balde-ao-pé, exigem maior manipulação do leite antes do seu resfriamento (SANTOS,
2004). Esse sistema de ordenha era usado por 83,3 e 84% dos produtores assentados e
reassentados, respectivamente. Apenas um produtor assentado realizava a ordenha manual.
Dessa forma, o sistema de ordenha canalizado, era mais representativo entre os produtores
locais (Tabela 2). Em relação a refrigeração do leite, pode-se destacar que resfriadores de
imersão eram encontrados somente em produtores assentados, pois havia baixa produção e a
comercialização era a laticínios que aceitavam o produto armazenado sob tal sistema de
refrigeração.
Nas instalações de ordenha, cerca de 28% dos produtores locais possuíam sistema de
contenção espinha-de-peixe com fosso para o operador, sendo estes os produtores com maior
modernidade em instalações de ordenha. De forma geral, a maioria das salas de ordenha
(66,67%) eram com piso de alvenaria e contenções feita de madeira (Figura 9). Nestas mesmas
instalações, em 67,35% das propriedades, os animais eram alimentados durante a ordenha. Essa
situação pode comprometer a higiene e desinfecção do local após a ordenha. As salas de espera,
na maior parte dos estabelecimentos (70,59%), caracterizavam-se por serem de chão batido e
sem cobertura por telhado, o que pode representar uma limitação especialmente em períodos
chuvosos prolongados, muito comuns no município.
31

Figura 9 - Sala de ordenha com piso de alvenaria e contensão de madeira. Presença de cochos para
alimentação durante a ordenha.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Todos os produtores reassentados comercializavam o leite in natura. Havia apenas um


produtor local que beneficiava o produto em laticínio próprio, tendo uma marca registrada.
Alguns produtores assentados produziam derivados lácteos, principalmente queijo e doce de
leite, para a comercialização em feiras de produtos coloniais de Curitibanos.
As propriedades dos produtores locais e reassentados possuíam características
semelhantes, entretanto, nestes últimos, uma minoria possuía ordenha canalizada, além de
realizarem com menor frequência o pós-dipping e utilizarem a monta natural como método de
reprodução. Quanto aos produtores assentados, observou-se um perfil tecnológico mais
precário, visto que quase metade dos produtores possuíam resfriadores de imersão em água e
uma minoria detinha de sistema de ordenha canalizado, e menos de 5% recebiam assistência
técnica. Desta forma, estes produtores certamente carecem de atenção especial por meio de
programas públicos de extensão rural para melhorarem suas condições produtivas. Segundo
Makatu (2015), a produção de leite nos assentamentos rurais possui uma importância
socioeconômica relevante, mas muitos produtores enfrentam dificuldade em permanecer na
atividade, devido a problemas na eficiência produtiva que comprometem a qualidade do leite.
Em relação à mastite, observou-se que entre as 44 propriedades avaliadas, 12 delas
(27,27%) apresentaram mastite clínica, enquanto a subclínica foi diagnosticada em 43
propriedades (97,73%).
Apesar das diferenças de manejo de ordenha e equipamentos entre os grupos de
produtores, não houve diferenças estatísticas entre os locais e as prevalências de mastite clínica
32

e subclínica por animais e quartos mamários (Tabela 3). Desta forma, valores médios foram
utilizados como parâmetro na discussão dos resultados.

Tabela 3 - Prevalência de mastite clínica e subclínica por animais e quartos, nos rebanhos leiteiros dos
grupos de produtores assentados, reassentados e locais, no município de Curitibanos-SC.
Mastite Clínica Mastite Subclínica
Produtores Animais Quartos Animais Quartos
Positivos Positivos Positivos Positivos
Assentados 5(4,35%) 5 (1,09%) 95 (82,61%) 226 (49,35%)
Reassentados 7 (3,53%) 7 (0,89%) 149 (75,25%) 344 (45,05%)
Locais 7 (5,43%) 7 (1,36%) 96 (74,42%) 231 (44,94%)
TOTAL 19 (4,29%) 19 (1,08%) 340 (76,92%) 801 (45,51%)

As prevalências de mastite clínica, por grupos de propriedades e, principalmente, de


mastite subclínica, foram bastante elevadas. Oliveira et al. (2010), realizou um estudo
semelhante em 10 propriedades leiteiras na Bahia e concluiu que 90% das propriedades
possuíam a enfermidade na forma clínica e/ou subclínica no rebanho. No entanto, a prevalência
em animais foi de 39,57%, sendo este resultado mais baixo que o desse estudo (76,92%).
Martins, Marques e Cunha Neto (2006) em Nossa Senhora do Livramento (MT), obtiveram
resultados bem próximos aos do presente trabalho, sendo a prevalência da mastite subclínica,
em animais, de 74,2%, e por quartos, de 44,3%. Na microrregião de Cuiabá (MT), Martins et
al. (2010), observaram prevalência de 85,2% para ambas as mastites em relação ao número de
animais. Já em relação aos quartos mamários, os resultados foram maiores, na qual observou-
se prevalência de 5,8% para mastite clínica e 65% para subclínica.
Bueno et al. (2002), em cinco propriedades na região de Pirassununga, obtiveram, em
animais, a prevalência de mastite clínica (7,46%) superior à dos presentes resultados, por outro
lado a mastite subclínica foi inferior (63,68%). Em relação aos quartos mamários, os autores
observaram resultados menores, sendo de 2,25% para mastite clínica e 34,31% para subclínica.
Na ilha de São Luís, Maranhão, Brito et al (2014), em 217 vacas de 14 propriedades, obtiveram
prevalência de 7,37% e 3,12% e 48,38% e 25,08%, respectivamente, para mastite clínica e
subclínica em animais e quartos. Assim, com exceção da forma clínica da doença em relação
ao número de animais (4,29%), os demais valores foram menores aos observados no presente
estudo.
A mastite subclínica tende a ser mais elevada nos rebanhos devido a origem contagiosa
da doença e a não observação de alterações visuais no leite (FONSECA; SANTOS, 2000).
Contudo, Saab et al. (2014) verificaram frequência baixa desta enfermidade na região de Novas
33

Tebas, Paraná. No estudo, os autores realizaram o CMT em 1.324 quartos mamários e


observaram apenas 204 positivos (15,4%). Castro, Souza e Bittencourt (2012), também
obtiveram prevalências baixas em 10 propriedades do sul do Rio de Janeiro, sendo que não
verificaram mastite clínica e apenas 20,63% dos quartos eram positivos no CMT. Segundo os
autores, a baixa ocorrência de mastite pode estar relacionada a predominância de animais
mestiços com raças zebuínas, que os tornam mais resistentes à doença.
A proporção de mastite clínica em relação a subclínica variou bastante entre os estudos.
Martins et al. (2010), observou que a ocorrência de mastite subclínica nos rebanhos testados foi
11,2 vezes maior quando comparado com a clínica. Bueno et al. (2002), concluiu que a
proporção de mastite clínica e a subclínica era, respectivamente, de 1:8 em animais e de 1:15
em relação aos quartos mamários. Neste estudo a proporção foi maior, visto a baixa prevalência
de mastite clínica e a alta ocorrência de mastite subclínica. Desta forma, a proporção foi de 1:18
em animais e de 1:42 quando se refere aos quartos.
Na classificação dos escores do teste CMT para avaliação da mastite subclínica,
observou-se que dentre 801 quartos mamários diagnosticados como positivos, 287 (35,83%)
foram classificados como +, 244 (30,46%) como ++, e 270 (33,71%) como +++. Ferreira et al.
(2007), analisaram 852 amostras de leite, provenientes de oito propriedades produtoras de leite
tipo C no município de Teresina, Piauí. Verificou-se no estudo que, segundo o CMT, 41,10%
dos quartos mamários estavam acometidos. Destes, 9,24% eram +, 29,20% ++ e 61,56% +++.
Os valores obtidos no presente trabalho foram mais equilibrados, ao passo que os de Ferreira et
al. (2007) demonstraram um valor crescente à medida que aumenta a intensidade da reação no
CMT. Já no estudo de Brito et al. (2014), o escore mais observado foi o ++, onde dos 857
quartos testados, 69, 103 e 43 eram +, ++ e +++, respectivamente. Desta forma, pode-se
perceber que não há uma tendência, e a prevalência dos diferentes escores está ligada a
gravidade da doença no rebanho.
Segundo Beneti et al. (2015), a sujeira encontrada no úbere e tetos é a principal fonte de
microrganismos ambientais causadores de mastite. Esses autores, em seu estudo com 48 vacas,
evidenciaram que a maioria dos animais testados apresentavam boas condições, contudo os
poucos animais com úbere sujo (escore 4) tiveram predomínio de +++ no CMT. Com relação à
essa variável, observou-se que o ELU apresentou diferenças significativas (p<0,05) entre os
rebanhos dos distintos grupos de produtores. Nos animais dos reassentamentos, observou-se os
úberes mais sujos, seguido pelos animais nas propriedades em assentamentos e produtores
locais (Tabela 4).
34

Tabela 4 - ELU nos rebanhos leiteiros dos grupos de produtores assentados, reassentados e locais, no
munícipio de Curitibanos-SC.
ELU
Produtores
1 2 3 4 Total
69 42 4 0 115
Assentados
(60,00%) (36,52%) (3,48%) (0,00%) (100,00%)
114 49 33 2 198
Reassentados
(57,58%) (25,75%) (16,67%) (1,01%) (100,00%)
117 7 5 0 129
Locais
(90,70%) (5,43%) (3,88%) (0,00%) (100,00%)

Os ELU observados nos animais dos distintos grupos de produtores não demonstraram
associação com as prevalências encontradas. No entanto, a maioria dos animais possuíam
úberes limpos (Escores 1 e 2), semelhante ao encontrado por Beneti et al. (2015). Isso pode
estar relacionado ao tipo de sistema de produção empregado, onde a totalidade dos animais
eram a pasto e, desta forma, a presença de sujidades no exterior glândula mamária estava
relacionada às condições ambientais. Assim, em dias de chuva observava-se animais com
úberes e tetos sujos, independentemente do tipo de produtor que estava sendo visitado.
Não houve associação significativa (P>0,05) entre a mastite clínica e subclínica com a
realização do pré e pós-dipping e uso de papel toalha. Apesar disso, sabe-se que esses métodos
empregados no manejo de ordenha são importantes no controle da doença, pois estão ligados
com a diminuição da carga microbiana externa ao teto (RAMALHO et al., 2012). Locatelli e
Nardi Junior (2016), realizaram um estudo em uma pequena propriedade na região de
Botucatu/SP, e perceberam que a adoção das práticas de limpeza e desinfecção dos tetos antes
e após a ordenha levaram a quedas bruscas nos casos de mastite do rebanho.
Segundo Fonseca e Santos (2000), há uma tendência de aumento no nível de mastite em
vacas com estágio avançado de lactação e maior número de crias, porém, nesse trabalho não foi
verificado alterações significativas entre essas variáveis e as prevalências encontradas. Isto
indica que a mastite estava presente em todas as idades e fases de lactação, representando,
assim, que a doença estava disseminada no rebanho. Outro ponto a ser salientado era a falta de
controle zootécnico nas propriedades, o que resultava, muitas vezes, em informações vagas e
pouco confiáveis.
Em relação as perdas produtivas decorrentes da mastite subclínica, constatou-se que as
44 propriedades deixaram de produzir cerca de 15.032,7 litros de leite por mês, acarretando em
quase R$ 25.500,00 de prejuízo aos produtores (Tabela 5).
35

Tabela 5 - Percentual de redução da produção, perdas mensais em produção de leite e prejuízo


econômico mensal estimado para as propriedades estudadas.
Posição Percentual de Perdas Prejuízo Econômico
Redução (%)* Mensais (L) Mensal (R$)*
1º 27,29 818,6 R$ 1.113,26
2º 19,00 131,1 R$ 178,30
3º 18,00 91,8 R$ 124,85
10º 14,95 560,6 R$ 762,45
20º 10,81 258,9 R$ 352,04
30º 8,23 247,0 R$ 335,89
40º 4,09 92,0 R$ 125,06
44º 0,00 - -
Média 10,65 - -
Total - 15.032,7 R$ 20.444,46
* Considerando o preço do leite de R$ 1,36/litro, segundo a cotação do mês de outubro fornecida pelo
CEPEA/ESALQ.

O Percentual de Redução (PR) variou de 0 a 27,29%, sendo a média 10,65%. Analisando


isoladamente as propriedades com maior e menor PR, percebe-se que os resultados estão em
acordo com a afirmação de Fonseca e Santos (2000), de que animais no fim da vida produtiva
e da lactação são mais predispostos a infecção. Ressalta-se que a propriedade livre de mastite
subclínica possuía apenas animais no início da vida produtiva e da lactação, ao passo que a
propriedade com maior PR estava encerrando com a atividade e, na ocasião, possuía apenas
animais mais velhos e em fim de lactação.
Em um estudo similar de Bueno et al. (2002), a média do PR das cinco propriedades
estudadas foi de 7,69%, sendo o maior e menor percentual de 10,79% e 3,82%, respectivamente.
No estudo, os autores testaram de 21 a 84 animais por propriedade. Desta forma, a ampla
variação encontrada no neste trabalho, pode estar relacionada ao número maior de produtores
visitados e também ao menor número de animais testados por propriedade.
Considerando o total estimado de quase R$ 25.500,00 de prejuízo aos produtores
visitados, pode-se perceber que tal perda é significativa, visto que as propriedades são pequenas
e com baixa produtividade. Assim, medidas que melhorem o status da mastite no rebanho são
necessárias em todos os grupos de produtores, afim de minimizar a perdas e aumentar a
rentabilidade da atividade.
Medidas de controle podem ser implementadas baseando-se nos três princípios básicos,
já descritos, por Reis e Santos (2008). Segundo os autores deve-se: eliminar as infecções
existentes, através do descarte de animais crônicos, tratamento durante a lactação para animais
com mastite clínica e tratamento vaca seca para aqueles com mastite subclínica; prevenir novas
infecção, utilizando as boas práticas de ordenha e a adequada regulagem dos equipamentos;
36

monitorar a saúde da glândula mamária, com base nos testes rotineiros para mastite explicitados
neste trabalho.

5 CONCLUSÃO
Pôde-se perceber um perfil familiar de produtores e um nível tecnológico intermediário
entre as propriedades produtoras de leite no munícipio de Curitibanos-SC. Quase todas as
propriedades possuem a mastite clínica e/ou subclínica no rebanho. As prevalências
encontradas são altas, principalmente na forma subclínica, no entanto estão em conformidade
com estudos semelhantes, o que leva a concluir que a doença está disseminada nos rebanhos.
Todavia, as perdas produtivas e econômicas devem ser consideradas, visto a importância
da atividade leiteria aos pequenos produtores. Estas perdas associadas a alta prevalência,
chamam a atenção para a necessidade de ações que auxiliem no controle e prevenção da doença.
Desta forma, identifica-se a demanda de acompanhamento técnico aos produtores, pelos órgãos
públicos que fomentam a atividade, e de estudos que visem identificar os principais agentes
causadores da doença, para que tratamentos estratégicos possam ser implementados
Certamente, após a estruturação de um programa de controle efetivo, com treinamento
dos produtores, estas prevalências serão diminuídas e permitirão a ascensão da bovinocultura
de leite no município.
37

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41

APÊNDICE A – Questionário para Caracterização do Sistema de Produção


42

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: Prevalência de Mastite Bovina Clínica e Subclínica no município de


Curitibanos/SC.
Pesquisador Principal (coordenador): Prof.ª Dr.ª Carine Lisete Glienke
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina/Campus de Curitibanos.
Objetivo da atividade: Estimar a prevalência de mastite bovina clínica e subclínica
nos rebanhos leiteiros de Curitibanos/SC, através do teste da caneca de fundo preto e do CMT
(California Mastitis Test).
Procedimentos a serem realizados com os animais: Um estudante, sob supervisão
do professor responsável, fará um conjunto de perguntas breves (anamnese), diretamente ao
Sr.(ª) (ou responsável pelos animais) a fim de caracterizar o rebanho, os equipamentos, as
instalações e o manejo adotado. Após o seu consentimento, será realizado o diagnóstico de
mastite clínica e subclínica a partir do teste da caneca de fundo preto e do California Mastitis
Test (CMT). Os testes serão realizados pelo estudante, após treinamento prévio com o professor
responsável, em todos os animais em lactação momentos antes da ordenha. O procedimento
será basicamente ordenhar cerca de três jatos de cada quarto mamário para cada um dos dois
testes, e coleta de uma amostra de sangue. Não será executado nenhum outro manejo com os
animais.
Potenciais riscos: Trata-se de um projeto de pesquisa, previamente autorizado pela
Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, e pela Comissão de Ética e
Uso dos Animais (CEUA) desta instituição (Protocolo nº 4027210318). O número de
propriedades e contato dos produtores foi disponibilizado pela Secretaria de Agricultura de
Curitibanos, a qual coopera com o projeto. De forma aleatória, o Sr.(ª) foi selecionado a
participar do estudo de prevalência de mastite. São previstos riscos mínimos, considerados
como estresse dos animais pela presença de pessoas estranhas na instalação de ordenha e,
também, pela manipulação dos tetos ao realizar os testes, e pela coleta de sangue. Qualquer
dano ou prejuízo ocasionado por essa visita, é de responsabilidade do pesquisador responsável,
que deve atuar sob supervisão do proprietário e/ou responsável pelos animais. Como benefícios
da participação nesse estudo, vale ressaltar que o Sr.(ª) terá acesso aos resultados dos testes,
desta forma, caso haja necessidade, receberá orientação técnica da equipe executora do projeto
para estabelecer métodos de controle de mastite juntamente com um técnico de sua confiança.
Benefícios: O Sr.(ª) terá acesso aos resultados dos testes a fim de estabelecendo a
prevalência da mastite clínica e subclínica no seu rebanho de animais em lactação. Desta forma,
caso haja necessidade, receberá orientação técnica da equipe executora do projeto para
estabelecer métodos de controle de mastite juntamente com um técnico de sua confiança. Essas
informações contribuirão para a promoção e/ou manutenção da saúde do rebanho de forma
geral, o que irá favorecer, indiretamente, a produtividade dos animais.
Esclarecimentos ao proprietário sobre a participação dos animais neste projeto:
- Sua autorização para inclusão dos seus animais neste estudo é voluntária. Seus
animais poderão ser retirados do estudo a qualquer momento, sem que isso cause qualquer
prejuízo a eles.
- A confidencialidade dos seus dados pessoais será preservada.
43

- Os membros da CEUA ou as autoridades regulatórias poderão solicitar suas


informações e, nesse caso, elas serão dirigidas especificamente para fins de inspeções regulares.
- O Médico Veterinário responsável pelos seus animais será a Prof.ª Dr.ª Sandra
Arenhart, inscrita no CRMV-SC sob o nº 05804. Além dela, e a equipe do Pesquisador
Principal, a Prof.ª Dr.ª Carine Lisete Glienke, também se responsabilizará pelo bem-estar dos
seus animais durante todo o estudo e ao final dele. Quando for necessário, durante ou após o
período do estudo, o Sr.(ª) poderá entrar em contato com o Pesquisador Principal ou com sua
equipe pelos contato:

Telefone de emergência: (49) 9 9972 9255 (Prof.ª Dr.ª Carine Lisete Glienke)

Equipe:
Pesquisador Principal: Prof.ª Dr.ª Carine Lisete Glienke SIAPE nº: 1695417
Endereço: Rod. Ulysses Gaboardi, km 3, UFSC/Campus de Curitibanos/CCR, Curitibanos,
SC. Email: c.glienke@ufsc.brTel.: (48) 3721 6274
Pesquisador: Prof.ª Dr.ª Sandra Arenhart SIAPE nº: 2072751
Email: s.arenhart@ufsc.brTel.: (48) 3721 2176
Estudante (executor): Thiago Resin Niero Matrícula: 14102886
Curso: Med. Veterinária Email: thiagoresinniero@gmail.com Tel.: (48) 9 9603 4303
Estudante (executor): Gabriela Dick Matrícula: 15150113
Curso: Medicina Veterinária Email: gabrieladickvet@gmail.comTel.: (49) 9 9829 3258
44

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Fui devidamente esclarecido(a) sobre todos os procedimentos deste estudo, seus riscos e
benefícios aos animais pelos quais sou responsável. Fui também informado que posso retirar
meus animais do estudo a qualquer momento. Ao assinar este Termo de Consentimento, declaro
que autorizo a participação dos meus a, identificados a seguir, neste projeto.

Este documento será assinado em duas vias, sendo que uma via ficará comigo e a outra com o
professor responsável.

Curitibanos, ____ de __________________ de _______.

_________________________________ _________________________________
Assinatura do responsável Assinatura do Pesquisador

Responsável:
Nome:_______________________________________________________________
Documento de identidade: ____________________ Contato: ___________________

Identificação dos animais:


N° de animais: __________ Espécie:___________ Raça:_______________________
Observações:_________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
45

APÊNDICE C – Ficha de Levantamento de Mastite


46

ANEXO A – Escore de Higiene de Úbere - ELU

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