LOPES Alex Stefano
LOPES Alex Stefano
LOPES Alex Stefano
Londrina
2019
ALEX STÉFANO LOPES
Londrina
2019
ALEX STÉFANO LOPES
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Orientadora Prof.a Dr.a Fabiele Cristiane
Dias Broietti
Universidade Estadual de Londrina
_________________________________
Coorientador Prof. Dr. Sergio de Mello
Arruda
Universidade Estadual de Londrina
_________________________________
Prof. Dr. Enio de Lorena Stanzani
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná
_________________________________
Prof.a Dr.a Angela Meneghello Passos
Instituto Federal do Paraná
RESUMO
ABSTRACT
The present study comprises the evasion and permanence phenomena in Chemistry
Bachelor’s Degree Course, which was guided by the following research question:
What are the elements that characterize student’s evasion and permanence in
Chemistry Bachelor’s Degree Course from UEL? Data were collected from semi-
structured interviews with evaded and graduated individuals, from 2010 to 2014. The
interviews were transcribed in order to obtain the corpus, which consists of the
analysis object. It was used methodological assumptions of Content Analysis (CA)
and an analytical instrument, called Student Matrix M (E), enabling to understand the
investigated phenomena through a qualitative interpretation. When the interviewed
subjects' statements could not be related to the didactic system, these were
classified as “external contexts”. Our results indicated that the evaders group mostly
addressed an epistemic bias related to their apprenticeship. In other words, the
elements that motivated their evasion are associated with comprehension difficulties
in Chemistry topics/content. Regarding the statements that transcend specific
aspects of the didactic system, classified as “external contexts”, the following
highlighted: distance from their family; interest in another course/subjects;
institutional support; the institution physical structure; job market. For the graduated
group, there was a higher incidence of statements related to senses that students
attributed to their own apprenticeship. Essentially, their statements were referred to
their feelings, senses related to teaching and/or learning. In this case, other
statements also classified as “external contexts”, were: esteem for teaching;
institutional training support programs; future perspective.
Quadro 1 - Relações epistêmicas, pessoais e sociais com o mundo escolar (R3) ...28
Quadro 2 - Matriz do Estudante .................................................................................30
Quadro 3 - Descritores da Matriz 3x3 do Estudante ..................................................30
Quadro 4 - Número de ingressantes e evadidos até junho de 2018..........................37
Quadro 5 - Categorias de evasão e suas descrições ................................................37
Quadro 6 - Relação evadidos versus tipo de evasão ................................................38
Quadro 7 - Questões norteadoras da entrevista para os evadidos ...........................39
Quadro 8 - Questões norteadoras da entrevista para os formados ...........................39
Quadro 9 - Codificação dos evadidos e seus respectivos anos de ingresso .............39
Quadro 10 - Número de formados até junho do ano de 2018 ...................................39
Quadro 11 - Codificação dos formados e seus respectivos anos de ingresso ..........40
Quadro 12 - Ano de ingresso e codificação do evadido ............................................40
Quadro 13 - Ano de ingresso e codificação do formado entrevistado .......................41
Quadro 14 - Unidades de análise com justificativas (setor 1a Matriz Evasão) ..........43
Quadro 15 - Unidades de análise com justificativas (setor 1b da Matriz Evasão) .....43
Quadro 16 - Unidades de análise com justificativas (setor 1c Matriz Evasão) ..........44
Quadro 17 - Unidades de análise com justificativas (setor 2a Matriz Evasão) ..........45
Quadro 18 - Unidades de análise com justificativas (setor 2b Matriz Evasão) ..........45
Quadro 19 - Unidades de análise com justificativas (setor 2c Matriz Evasão) ..........46
Quadro 20 - Unidades de análise com justificativas (setor 3a Matriz Evasão) ..........47
Quadro 21 - Unidades de análise com justificativas (setor 3c Matriz Evasão) ..........47
Quadro 22 - Alocação das UA na M(E) do curso de Licenciatura em Química para
Evasão .......................................................................................................................48
Quadro 23 - Subcategorias com trechos e justificativas (setor E-C – pessoal) Evasão
– fatores externos ......................................................................................................51
Quadro 24 - Subcategorias com trechos e justificativas (setor E-C – social) Evasão –
fatores externos..........................................................................................................52
Quadro 25 - Alocação das UA no Modelo do Contexto Externo para Evasão (CEE) 54
Quadro 26 - Unidades de análise com justificativas (setor 1a Matriz Permanência) .57
Quadro 27 - Unidades de análise com justificativas (setor 1b Matriz Permanência) .57
Quadro 28 - Unidades de análise com justificativas (setor 1c Matriz Permanência) .58
Quadro 29 - Unidades de análise com justificativas (setor 2a Matriz Permanência) .58
Quadro 30 - Unidades de análise com justificativas (setor 2b Matriz Permanência) .59
Quadro 31 - Unidades de análise com justificativas (setor 2c Matriz Permanência) .60
Quadro 32 - Unidades de análise com justificativas (setor 3a Matriz Permanência) .61
Quadro 33 - Alocação das UA na M(E) do curso de Licenciatura em Química para
Permanência ..............................................................................................................62
Quadro 34 - Subcategorias com trechos e justificativas (setor E-C – pessoal)
Permanência – fatores externos ................................................................................64
Quadro 35 - Subcategorias com trechos e justificativas (setor E-C – social)
Permanência – fatores externos ................................................................................65
Quadro 36 - Alocação das UA no Modelo do Contexto Externo para Permanência
(CEP)..........................................................................................................................68
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Análise de Conteúdo
EDUCIM Grupo de Pesquisa em Educação em Ciências e Matemática
IES Instituições de Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
M(CEE) Modelo do Contexto Externo para Evasão
M(CEP) Modelo do Contexto Externo para Permanência
M(E) Matriz do Estudante
M(P) Matriz do Professor
M(S) Matriz do Saber
PECEM Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação
Matemática
PET Programa Especial de Treinamento
UA Unidade(s) de Análise(s)
UEL Universidade Estadual de Londrina
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.............................................................................................11
INTRODUÇÃO ..................................................................................................13
3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO.........................................................33
3.1 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................33
3.2 CONTEXTO DA PESQUISA E A COLETA DE DADOS ...................................................36
REFERÊNCIAS .................................................................................................75
APÊNDICES......................................................................................................80
APÊNDICE A - Transcrição das entrevistas dos evadidos................................81
APÊNDICE B - Transcrição das entrevistas dos formados ...............................87
ANEXO ..............................................................................................................92
ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................93
11
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Brasil, mas o mundo e acarreta muitos prejuízos, tanto para o estudante quanto para
as instituições. Os autores supracitados ainda afirmam que tais fenômenos podem
ocasionar para o estudante um sentimento de bloqueio, fracasso, que pode ser difícil
de ser transposto. Mencionam ainda que os altos índices desse fenômeno, podem
representar alguma “falha” em relação ao funcionamento do sistema de ensino, o
que gera certa frustração por quem aplica seus recursos a esse sistema.
Os cursos de Licenciatura em Química das Universidades brasileiras
demonstram há décadas altos índices de retenção e evasão, que são identificados
como insucesso escolar (JESUS, 2015). Diante do exposto, o fenômeno da evasão
torna-se ainda mais preocupante para os cursos de licenciatura, uma vez que tais
cursos ainda apresentam baixa procura (GATTI; BARRETO, 2009).
Na década de 90, Gatti (1997) salientou que tanto as Universidades
públicas quanto as privadas não estimulavam os cursos de licenciatura, seja por
meio de projetos e/ou outras políticas públicas. A autora afirmou que a
potencialização da evasão nestes cursos se dava com a junção de dois fatores:
baixa remuneração e pouca valorização social. A falta de prestígio social, a baixa
remuneração e as condições precárias de trabalho podem contribuir para o número
reduzido de ingressantes nestes cursos (GATTI; BARRETO, 2009; RANGEL et al.,
2015).
Em outra pesquisa realizada, Gatti (2014) constatou que os sujeitos
que buscam os cursos de licenciatura apresentam características sócio educacionais
e culturais, que merecem ser enfatizadas para a permanência no curso e formação
profissional. Foi percebido também que esses sujeitos são, em sua maioria, oriundos
de escola pública e que apresentam idade mais avançada quando comparado a
sujeitos de outros cursos. Sendo que essas escolas, das quais os sujeitos vieram,
apresentam problemas na formação que oferecem. Se considerarmos os indicadores
existentes e por essa razão:
é embasado nos jornais de pesquisa, sendo usado por muitos pesquisadores como
um modo diferente para coleta de dados. Como método de coleta de dados pode ser
considerado um diário, pelo fato de nele registrar-se o cotidiano de modo livre,
espontâneo: é uma ferramenta na qual o pesquisador anota suas observações e
reflexões com liberdade quanto às regras e as exigências ortográficas (PASSOS et
al., 2008).
Na continuidade apresentamos e discutimos a M(E), que é
constituída de três linhas e três colunas, sendo que cada linha representa uma das
relações com o saber, sendo elas: a relação epistêmica, a pessoal e a social. As três
colunas são representadas pelas arestas do triângulo didático-pedagógico, que são
as relações com o ensino, a aprendizagem e o conteúdo.
valorizo, devo/não devo (fazer), posso/não posso (sou ou não autorizado a fazer) etc.
Fonte: Arruda e Passos (2017, p. 99)
Figura 5 - Matrizes
sala de aula, objetivando focar nos documentos, objetos e atividades que influem de
algum modo no mecanismo de seu funcionamento, como explicam os autores.
Nesta pesquisa faremos uso da Matriz do Estudante M(E), elaborada
por Arruda, Benício e Passos (2017), que possibilita categorizar o discurso e ações
dos estudantes. No Quadro 2 apresentamos a Matriz do Estudante, instrumento que
possibilitou a alocação das falas dos sujeitos entrevistados. Foi possível alocar as
falas tanto dos formados quanto dos evadidos, pois ambos deram seus relatos
considerando o contexto no qual ainda eram estudantes.
Célula 1b. Diz respeito ao sentido que o estudante atribui ao ensino praticado pelo professor. Ao seu
envolvimento e interesse quanto aos procedimentos didático-pedagógicos que o professor adota e
seu estilo de ensino. Como o estudante sente o modo como o professor se relaciona com ele e com
os demais estudantes. O quanto o estudante gosta ou não gosta da aula e do professor; o quanto
quer ou não permanecer neste ensino. Trata-se do sentido que o estudante atribui à sala de aula e às
relações interpessoais que nela ocorrem.
Célula 1c. Diz respeito ao valor que o estudante atribui ao ensino praticado pelo professor. Inclui suas
crenças a respeito do papel do professor e do ensino, enquanto atividade social e interativa; o quanto
partilha de discursos, procedimentos e valores que o aproximam ou o afastam do ensino, do
professor e da escola.
Descritores da Coluna 2 – Percepções/ações dos estudantes a respeito de sua aprendizagem
(segmento E-S).
Célula 2a. Diz respeito ao pensamento do estudante sobre o conteúdo ou, de uma forma mais geral,
aos saberes profissionais, que está aprendendo e à sua própria aprendizagem. Como ele
compreende e utiliza os principais conceitos, explicações, argumentos, modelos, teorias e fatos
científicos criados para a compreensão do mundo natural. Como percebe e reflete sobre seu próprio
desenvolvimento cognitivo, sobre sua aprendizagem das disciplinas. Inclui as maneiras como realiza
e avalia sua aprendizagem; que ações e estratégias o estudante adota para aprender mais e resolver
suas dificuldades de aprendizagem seja recorrendo aos livros, ao professor ou a colegas; a sua
relação com os materiais instrucionais, livros, experimentos, instrumentos e outras fontes de saber; as
maneiras como realiza o planejamento de sua aprendizagem e seu desenvolvimento escolar.
Célula 2b. Diz respeito ao sentido que o estudante atribui ao conteúdo que está aprendendo e à sua
própria aprendizagem. O quanto gosta ou não gosta dos saberes escolares e quanto se identifica
como aprendiz. Relaciona-se ao desejo de saber e aprender; ao seu interesse, envolvimento
emocional e curiosidade para aprender sobre fenômenos do mundo natural e sobre o mundo escolar;
a como se auto avalia como estudante e como sua aprendizagem o afeta emocionalmente; como
trabalha suas inseguranças em relação às suas dificuldades de aprendizagem; ao sentido pessoal
que atribui ao ato de aprender e quanto isso influi em sua identidade como aprendiz.
Célula 2c. Diz respeito ao valor que o estudante atribui ao conteúdo que está aprendendo, ao
aprendizado enquanto um valor em si, que o induz e o mobiliza para aprender mais. Inclui seus
sentimentos em relação à aprendizagem, enquanto atividade social e interativa; às dificuldades e
inseguranças pessoais em relação à própria aprendizagem, produzidas em decorrência da interação
com os outros (colegas, pais, professores, administradores etc.). Inclui suas crenças a respeito do
papel da escola e da aprendizagem em sua vida profissional futura; o quanto partilha de discursos,
procedimentos e valores que o aproximam ou o afastam de uma aprendizagem real e duradoura.
Descritores da Coluna 3 – Percepções/ações dos estudantes sobre a relação do professor com os
saberes profissionais (segmento P-S).
Descritores da Coluna 3 – Percepções/ações dos estudantes a respeito de sua aprendizagem
(segmento P-S).
Célula 3a. Diz respeito ao pensamento do estudante sobre a relação do professor com o conteúdo.
Se o professor demonstra conhecimento a respeito dos principais conceitos, explicações,
argumentos, modelos, teorias e fatos científicos da disciplina que ensina, nas aulas e nas avaliações.
Se o professor transmite domínio e segurança pessoal em relação ao conteúdo. Se o professor
demonstra ter conhecimento dos locais em que o conteúdo pode ser encontrado, como livros,
bibliotecas, mídias, internet etc.
Célula 3b. Diz respeito ao sentido que o estudante atribui à relação pessoal do professor com o
conteúdo. Se o professor gosta/não gosta e demonstra envolvimento e interesse com a disciplina que
ministra. Ao sentido que o conteúdo adquire para o professor e o quanto determina sua identidade
profissional. Se o professor busca aprender sempre mais sobre o conteúdo que ministra.
Célula 3c. Diz respeito ao valor que o estudante atribui à relação do professor com o conteúdo. Se o
professor dá valor à sua formação, se procura melhorá-la. Se o professor partilha de uma
comunidade de educadores e dos eventos que esta realiza. Se ele mantém relação com as pessoas
e instituições que detêm o conhecimento (outros professores, escolas, Universidades). O quanto ele
partilha de discursos, procedimentos e valores que o aproximam ou o afastam do conteúdo e de sua
profissão. A relação do professor com o conteúdo e com a profissão pode apontar valores e
influenciar o estudante.
Fonte: Arruda, Benício e Passos (2017)
32
3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
suscetível o esclarecimento das características do texto para o analista, que por fim
podem ser usados como índices.
Nesta investigação os sujeitos foram codificados da seguinte forma:
a letra E refere-se ao sujeito evadido; o número seguinte refere-se à classificação
sequencial de acordo com o ano de ingresso.
Os formados foram codificados pela letra F, também seguido por
uma numeração sequencial de acordo com seu ano de ingresso.
Os fragmentos presentes nas falas dos sujeitos, quando possível,
foram alocadas em categorias a priori da M(E), em que cada setor é definido como
no Quadro 2. Quando não foi possível fazer a alocação, foram estabelecidas
categorias a posteriori, que surgiram do processo de análise, que são denominadas
de categorias emergentes e que nesta pesquisa fazem parte do contexto externo.
A última etapa da análise é referente ao tratamento dos resultados e
interpretação. Segundo Bardin (2016), o pesquisador pode inferir sobre suas
interpretações de acordo com os dados obtidos, sendo que é nesta etapa que textos
são produzidos no intento de justificar as características contidas nas UA e justificar
a alocação das unidades para cada categoria a priori ou a posteriori/emergentes.
Na sequência apresentamos o contexto da pesquisa e os
procedimentos para a coleta de dados.
2 Optamos por esse intervalo de anos, uma vez que teríamos dados representativos de 5 turmas
formadas.
37
3 Art. 43. A matrícula será cancelada ou recusada, conforme o caso, quando: I. o estudante solicitar
por escrito; II. o estudante tiver sido, em processo disciplinar, condenado à pena de exclusão; III. o
estudante não tiver renovado a matrícula dentro dos prazos previstos, salvo motivo justificado e
comprovado, a critério da Pró-Reitoria de Graduação, quando houver vagas ou possibilidade de sua
absorção no curso, ouvido o respectivo Colegiado; IV. o estudante não tiver concluído o curso de
graduação no prazo máximo fixado para a integralização do respectivo currículo; V. apresentar
irregularidade na documentação inerente ao ensino médio ou equivalente ou quanto à identificação
utilizada no processo seletivo de ingresso; VI. for constatada a infringência dos artigos 39 e 40 deste
Regimento. VII. O estudante que for reprovado em todas as atividades acadêmicas por nota e
freqüência durante 1 (um) ano letivo ou por 2 (dois) semestres consecutivos, desde que não esteja
amparado legalmente. (inciso incluso através da resolução CU nº 133/2008) Parágrafo único. Nos
casos previstos nos incisos IV e V, o cancelamento ou recusa da matrícula só poderá dar-se após a
apreciação da manifestação do estudante em processo administrativo próprio.
38
2014 38 1
Fonte: o próprio autor
Primeiramente não era o curso que eu gostaria. E81.1 estudante e como sua aprendizagem
[...] Cálculo e física, odiava. E84.1 o afeta emocionalmente.
No decorrer das aulas, percebi que não gostava tanto assim O quanto gosta ou não gosta dos
de química quanto imaginava, das três disciplinas que saberes escolares e quanto se
cursei, Cálculo, Física e Química, eu só gostava de Cálculo. identifica
Com isso, vi que estava no curso errado, na Universidade
errada, no lugar errado. E92.11
Fonte: o próprio autor
adequam ao comentado por Jesus (2015), que explica que um dos motivos
causadores seriam as dificuldades enfrentadas pelo discente, que muitas vezes se
relaciona a retenção no curso, definida como o atraso e ao alto índice de
reprovação.
O setor 2b com 7 UA (18,91%) foi o segundo setor com maior
incidência de falas, refletindo a percepção do estudante a respeito do quanto não
gosta dos saberes escolares, não se interessa, tem baixo envolvimento emocional e
pouca curiosidade em aprendê-los, é também um fator que precisa ser enfatizado
como motivador da decisão de evadir e que é enfatizado por Jesus (2015). Tais
fatores podem estar associados também ao explicado por Arruda et al. (2006), que o
sujeito evade por falta de informações em relação ao curso, logo ao
desconhecimento de como funciona, o que traria à tona a seguinte questão: o
quanto o sujeito conhece sobre o curso de ingresso para saber se realmente gosta?
E se possível por meio de analogias comparativas, levantar outra questão: o quanto
realmente gosta do curso?
Em uma análise por linhas destacamos maior incidência na linha
epistêmica (40,54%) que ressalta a percepção do estudante ao fazer uso de
discursos mais intelectuais ou cognitivos a respeito do ensino, da aprendizagem.
Em uma análise por coluna há destaque para a coluna 2 (59,45%) –
segmento E-S – que diz respeito a relação do estudante com sua aprendizagem.
Salientamos que nas entrevistas com os sujeitos evadidos
encontramos unidades de análise que não puderam ser alocadas na Matriz, uma vez
que transcendem aspectos específicos do sistema didático e que foram por nós
elencadas como contexto externo, tal como representado na Figura 4. Esse contexto
externo foi por nós interpretado em dois níveis: contexto externo ao curso, no
entanto, interno à universidade e o contexto externo à universidade. A seguir
trazemos algumas análises que realizamos com tais fragmentos.
Evadi para cursar ciências contábeis, pois têm o outro curso e o quão
grande área de atuação, facilidade para encontrar escasso está de
um emprego. E84.3 profissionais. Faz
Não tinha feito psicologia desde de o início por comparações do tipo:
falta de conhecimento na época, ouvi muitas remuneração, status
opiniões dizendo que era um curso de gente louca social, área de atuação.
e que seria pobre, deixei isso levar e acabei Compara o mercado de
deixando o sonho de lado, porém dentro da Uel eu trabalho do curso de
tinha muitos amigos dentro da psicologia, que me ingresso com o de outras
mostraram a realidade da coisa. E100.10 áreas de formação.
Eu não terminei porque morava longe da
universidade, [...] aí comecei a faltar demais nas
aulas, logo não acompanhava, não me dedicava,
até que acabei saindo da UEL. E5.6
Eu não terminei porquê [...], e tinha meu filho
bebê... aí comecei a faltar demais nas aulas, logo
não acompanhava, não me dedicava, até que
acabei saindo da UEL. E5.7
Apesar de ter apoio do meu pai eu tinha apenas a
ajuda de custo e o estágio pagava pouco. E20.2
No ano seguinte transferi para Licenciatura para
conciliar o emprego com o estudo, porém acabei
casando no início das aulas e minha esposa
engravidou na mesma época, como foi uma
Se utiliza de discursos
gravidez de risco eu ia para a aula e ela me ligava
que remetem a relação
chorando que estava com sangramento e eu tive
de estudo, com a família,
que sair durante duas semanas das aulas pelo
o trabalho, entre outros
mesmo motivo, e por isso tive que abandonar as
afazeres que interferem
aulas para ficar com ela a noite. E48.3
diretamente no tempo
Problemas familiares, morava com meus pais, e necessário para estudo
Aspectos apenas meu pai trabalhava e sustentava a casa, do curso tratado.
familiares e/ou eu fazia química bacharel inicialmente, meus pais Reflete sobre as
financeiros se separaram e meu pai saiu fugido da cidade, tive dificuldades para ter
(C6Es) que procurar emprego para sustentar minha casa, acesso físico à instituição
e bem na época a UEL entrou em greve, arrumei de ensino, dificuldades
um serviço onde não ganhava mal, as aulas da como: transporte, trafego,
UEL voltaram e eu tranquei a matricula preferi distância.
continuar trabalhando. E48.2 Relatos que remetem a
Foram vários problemas, eu moro um pouco problemas de saúde de
distante de londrina e o trajeto diário era um tanto familiares e problemas
cansativo, porém nada impossível. [...] E71.2 financeiros.
[...], mas não encontrei no curso e na universidade
um ambiente acolhedor, muito menos voltado para
todos, tendo em vista que os alunos que tinha uma
melhor condição financeira e não necessitavam de
trabalho para poder estudar, eram os que
conseguiam ir bem no curso devido a tantos
afazeres, já os alunos que tinham que trabalhar na
grande maioria ficavam em dependência e
acabavam por desistir do curso. E71.3
Meu curso pretendido naquele ano era medicina,
mas não passei no vestibular, como química é uma
das específicas de medicina achei que iniciar o
curso de química me traria vantagens, mas por
questões de trabalho abandonei o curso. E75.1
Fonte: o próprio autor
54
Total 28 UA (100%)
Fonte: o próprio autor
(65,71%)
(F38.3);
c (F38.4); (F47.3)
Social (F47.1) 0 (11,42%)
(Valor) (2,85%)
(8,57%)
35 UA
Total (%) (14,28%) (82,85%) (2,85%)
(100%)
Fonte: o próprio autor
o número “3” é para situar o leitor que se trata da terceira subcategoria; a letra “P” é
para situar o leitor que se trata do contexto externo para permanência; e a letra “p” é
para situar o leitor que a subcategoria pertence à dimensão pessoal.
Foram realizadas as alocações das UA em subcategorias
emergentes, ou seja, subcategorias a posteriori. Tais subcategorias surgiram por
meio da análise de alguns aspectos presentes nas entrevistas ou por meio da
análise comparativa de aspectos semelhantes entre duas ou mais UA. A seguir,
apresentamos as UA alocadas em cada dimensão, junto das respectivas categorias
e subcategorias emergentes ao qual pertencem.
Na linha epistêmica não foram alocadas UA. Nesta linha são
alocadas falas em que os sujeitos utilizam discursos intelectuais ou cognitivos a
respeito de um contexto externo à sala de aula, ou ao seu curso de ingresso que
justificam a permanência.
Na linha pessoal foram alocadas 7 UA, como é apresentado no
Quadro 34. Na linha pessoal foram alocadas falas em que os sujeitos utilizam
discursos que remetem a sentimentos, emoções, sentidos, desejos e interesses a
respeito de um contexto externo a sala de aula, ou ao seu curso de ingresso que o
motivaram a permanecer no curso. Nesta dimensão são apresentadas 3
subcategorias com as respectivas UA e justificativas para alocação das mesmas.
(C5Ps) uma melhor perspectiva de vida. F2. 6 mantendo-se no curso, sua vida
[...] pensei que seria mais rápido para melhorará em pouco tempo.
melhorar minha qualidade de vida se Percepção quanto ao futuro do
me formasse em algo que já havia mercado de trabalho da área.
iniciado do que começar um novo Pressão familiar para obtenção
curso. Sendo que, levaria mais tempo de um diploma de curso superior.
e seria improvável se melhoraria Manter-se no curso para garantir
minha qualidade de vida ou não o emprego na empresa que já
rapidamente após formado em outro trabalha.
curso. F2.8
Durante a graduação, trabalhava num
colégio particular como monitora de
química, sendo assim o curso me
possibilitaria a tornar professora de
química desse mesmo colégio,
portanto, o meu motivo à permanência
do curso foi principalmente devido à
essa futura oportunidade. F4.2
O motivo principal foi porque eu me
pressionava para ter uma graduação o
quanto antes e a cada ano que se
passava eu não cogitava em momento
algum abandonar, pois todo início de
ano letivo passava pela minha cabeça:
“Não irei jogar esse ano fora, vou até o
final“. F17.3
Acho que a cobrança que você tem
que ter uma perspectiva muita rápida
de futuro, essa foi uma. F34.4
Basicamente a oportunidade que tive
Percepção do sujeito de que
ao passar no vestibular. Como uma
abandonar o curso de ingresso
pessoa de baixa renda, não iria
para tentar qualquer outro curso,
desistir de um curso em uma
seria arriscado, visto que, estava
universidade pública, onde sei que
inserido(a) em uma universidade
poucos tem a oportunidade de cursar.
pública de renome, e abandonar
F7.8
essa oportunidade poderia trazer-
Aproveitar a [...] acreditar que o ensino superior é o
lhe grandes consequências.
oportunidade básico que uma pessoa deva ter para
O sujeito demonstra sua
(C6Ps) conseguir ter uma melhor perspectiva
percepção sobre o valor do
de vida. F7.11
ensino superior (de ter uma
Também, na verdade assim, já no
graduação).
começo do curso o Brasil já entrou
O sujeito avalia o contexto
numa crise. Hoje para quem tem uma
econômico enfrentado pelo país
graduação já é difícil, imagina pra
e pensa ser melhor manter-se no
quem não tem né, então me
curso.
influenciou a continuar. F15.7
No primeiro ano eu trabalhava o dia o Utiliza-se de discursos que
inteiro, só que aí no segundo ficou remetem a relação de estudo,
Aspectos familiares e
mais difícil, porque estudar, sabe com família, trabalho, entre
financeiros
como é mais difícil, daí eu fui para o outros afazeres que interferem
(C7Ps)
PIBID, parei de trabalhar e fiquei só no diretamente no tempo necessário
curso. F33.1 para estudo do referido curso.
67
(4,54%)
Programas
institucionais de apoio
à formação
b
(C2Pp)
Pessoal (31,81%)
(34.2); (F40.7)
(Sentido)
(9,09%)
Superação
(C3Pp)
(F7.10); (F21.2); (F40.6);
(F43.4)
(18,18%)
Superação
(C4Ps)
(F2.3); (F2.5)
(9,09%)
Perspectiva futura
(C5Ps)
(F2.6); (F2.8); (F4.2); (F17.3);
(F34.4)
(22,72%)
Aproveitar a oportunidade
(C6Ps)
c
(F7.8); (F7.11); (F15.7)
Social (68,18%)
(Valor)
(13,63%)
Aspectos familiares e
financeiros
(C7Ps)
(F33.1); (F34.5); (F21.3);
(F38.2);
(18,18%)
Participação em uma
comunidade
(C8Ps)
(F43.7)
(4,54%)
Total (%) 22 UA (100%)
Fonte: o próprio autor
69
Porém, ressaltamos que muitas falas não puderam ser alocadas neste instrumento,
uma vez que transcenderam as relações que permeiam o sistema didático, ou seja,
versavam sobre fatores que iam além da relação ensino, aprendizagem e conteúdo.
Dessa forma, acabamos por nomear tais fragmentos de fatores externos e os
alocamos em um modelo no qual estabelecemos as relações do estudante com esse
contexto externo, também nas dimensões epistêmica, pessoal e social.
Para avançarmos nas discussões em relação à caracterização de
ambos os fenômenos, pensamos ser útil realizar uma comparação entre as
Matrizes(E) para Evasão e para Permanência com o intuito de destacarmos e
diferenciarmos os aspectos/elementos que caracterizaram cada fenômeno. Como a
preocupação é sobre aprofundar a compreensão sobre elementos presentes nas
duas Matrizes(E), cabe a ressalva que se tratam de elementos internos ao curso.
Para ambos os fenômenos, evidencia-se que o segmento do
triângulo didático-pedagógico que comportou mais UA foi o segmento E-S, que é
representado pela coluna 2 da M(E). Deste modo, entende-se que os elementos
internos ao curso, que caracterizaram ambos os fenômenos, estão relacionados em
sua maior parte na relação que o estudante faz com os saberes que precisam ser
aprendidos por ele.
Já para as dimensões (linhas), os elementos que caracterizaram os
fenômenos nas Matrizes, diferiram, pois para a evasão foi constatado que os relatos
envolvem aspectos epistêmicos, relatos totalmente relacionados a um viés
intelectual ou cognitivo a respeito do ensino, da aprendizagem e do conteúdo. Já
para a permanência, os relatos estiveram em sua maior parte presentes na
dimensão pessoal, com relatos envolvendo uma relação pessoal com o ambiente de
ensino, que remeteram a sentimentos, emoções, demonstrando o gosto por
aprender tal disciplina ou conteúdo.
Em uma comparação por células, a M(E) para evasão teve suas UA
presentes em maior quantidade na célula 2a, que retratam as reflexões dos sujeitos
quanto às dificuldades enfrentadas nas disciplinas e/ou conteúdos, diferindo assim
da M(E) para permanência, que teve maior quantidade de UA presentes na célula
2b, que retratam sentimentos dos sujeitos relacionados à sua aprendizagem.
De maneira análoga, fizemos a comparação entre os modelos do
contexto externo da evasão e permanência. Cabe ressaltar que estes modelos
72
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/viewFile/%2018027/16976>.
Acesso em: 05 nov. 2018.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
JESUS, F. A. de. Em busca de soluções para evitar a evasão nos cursos de Exatas
da Universidade Federal de Sergipe: relatos de uma proposta da Química. Debates
em Educação, v. 7, n. 14, p. 33–55, 2015. Disponível em:
<http://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/974>. Acesso em:
20 jan. 2018.
APÊNDICES
81
EVADIDO E2
EVADIDO E5
Então, eu escolhi fazer o curso porque adorava a disciplina no colégio, tive uma professora
maravilhosa no primeiro ano do ensino médio e me apaixonei por química. Porém nos últimos dois
anos o professor foi péssimo, não aprendi muita coisa, mas ainda gostava e queria fazer licenciatura
em química por gostar da disciplina e gostar da educação também e tinha ainda a possibilidade de
ingressar no mercado de trabalho, além das escolas.
Eu não terminei porque morava longe da universidade, aí comecei a faltar demais nas aulas, logo não
acompanhava, não me dedicava, até que acabei saindo da UEL... e tinha meu filho bebê... Aí
comecei a faltar demais nas aulas, logo não acompanhava, não me dedicava, até que acabei saindo
da UEL.
Quando saí da graduação em química resolvi iniciar um curso EAD, não queria ficar parada e optei
por pedagogia já que gosto da área e teria a facilidade de ser semipresencial.
EVADIDO E7
O curso de Licenciatura foi minha escolha, pois eu fiz o Curso de Formação de Docentes (antigo
magistério) junto com o Ensino Médio, e gostaria de continuar atuando na carreira acadêmica. E
Química, porque entre todas as opções de cursos de licenciatura, era o que na época o que eu mais
me identificava.
O desgaste físico e psicológico que curso traz. E também porque fui aprovada em matérias como
Física I e II, Calculo I, outras disciplinas específicas da Licenciatura, mas não era aprovada em
matérias base como Química Geral II.
Sim.
Estética e Cosmética. O que me levou a esse curso foi por eu ser autodidata o que no se diz a
respeito a várias áreas desse curso. Aprendi muita coisa sozinha e quis então fazer a graduação
nessa área.
EVADIDO E20
Era o curso que eu tinha mais afinidade e interesse durante o ensino médio.
Apesar de ter apoio do meu pai eu tinha apenas a ajuda de custo e o estágio pagava pouco. Entrei
em desespero achando que não conseguiria iria me endividar e por isso abandonei o curso e voltei
para minha cidade.
Depois comecei a trabalhar não retomei os estudos por falta de vontade, me sentia desiludido por ter
deixado o curso que eu gostava.
A correria do dia a dia e minha desistência acabou influenciando a falta de interesse em me graduar.
Por mais vontade e necessidade eu me acomodei e desisti destes planos por enquanto.
EVADIDO E31
Sempre gostei muito da matéria, e esperava que o curso pudesse contribuir com conhecimento. O
que foi totalmente por água baixo, logo que nos primeiros 6 meses, 20 colegas de sala saíram do
curso, eu ainda insisti por 3 anos, mas tive dificuldade em 3 ou 4 matérias que estão com os mesmos
professores há muito tempo e que não estimulam o aprendizado.
Insatisfação por alguns professores, dificuldade em algumas matérias, que levaram a reprovação e
posteriormente o desinteresse.
Não.
Tenho minha própria empresa, e devido à perda de meu pai e compromissos familiares e no trabalho
não consegui me dedicar mais aos estudos.
82
EVADIDO E36
Cursei Licenciatura, pois em minha família a maioria são da área da educação, professores, vice-
diretora, administrativo do núcleo, entre outras funções, eu gostava de ensinar e aprender, por isso
decidi que também queria ser professor.
Problemas familiares, morava com meus pais, e apenas meu pai trabalhava e sustentava a casa, eu
fazia química bacharel inicialmente, meus pais se separaram e meu pai saiu fugido da cidade, tive
que procurar emprego para sustentar minha casa, e bem na época e UEL entrou em greve, arrumei
um serviço onde não ganhava mal as aulas da UEL voltaram e eu tranquei a matricula preferi
continuar trabalhando.
No ano seguinte transferi para Licenciatura para conciliar o emprego com o estudo, porém acabei
casando no início das aulas e minha esposa engravidou na mesma época, como foi uma gravidez de
risco eu ia para a aula e ela me ligava chorando que estava com sangramento e eu tive que sair
durante duas semanas das aulas pelo mesmo motivo, e por isso tive que abandonar as aulas para
ficar com ela a noite.
Não cursei por falta de tempo em conciliar trabalho com meu filho e estudos.
Mas pretendo voltar a estudar assim que conseguir pôr tudo em ordem.
EVADIDO E45
Cara, eu escolhi Licenciatura em química, porque eu tava no segundo ano do colegial e meu
professor de química ele era assim apaixonante sabe, em relação à matéria. Ele fez eu gostar muito
da matéria e a forma como ele tratava todos os alunos tudo, eu fiquei assim apaixonado mesmo.
Eu falei, cara, eu quero ser essa pessoa. Eu queria ser alguém como ele. E aí como eu gostava muito
de química eu pensava já em dar aula porque tá em contato com outras pessoas, acabei escolhendo
a licenciatura em química mesmo.
Eu ainda gosto da matéria química e de ensinar pessoas, mas eu não vejo mais isso como algo que
eu faria todo dia, faria algo mais como algo assim um Hobby, não trabalharia com isso.
Durante o curso eu comecei a ver onde que ia me levar, o que que ia ser da minha vida daqui para a
frente.
Eu vi que não é o que eu queria fazer para o resto da minha vida, eu gostava disso. Eu gostava de
química, gostava de ensinar as pessoas, mas eu não me via fazendo isso sempre sabe, aí eu pensei
refleti muito e decidi largar o curso né, fiquei um tempo mesmo pensando e daí qualquer coisa eu
volto e faço, mas daí acabou que eu fui para outro caminho mesmo.
Sim. Eu sai da licenciatura e fui fazer engenharia da computação na Unopar. Eu sempre gostei de
informática, eu sempre ficava muito na internet para saber um pouco de programação, por
curiosidade mesmo, eu acho essa área fantástica, então daí eu fui fazendo, fui estudando, gostando
mais e acabei seguindo a carreira mesmo.
EVADIDO E47
Optei em fazer Química por que havia me formado no Técnico em Química Industrial e os professores
do curso me incentivaram a fazer a graduação de química na UEL por que acreditavam que eu tinha
perfil para a área. Por gostar da Química em si eu achei que deveria seguir na área, e assim eu fiz.
Escolhi a Licenciatura em Química e não o Bacharel por que sempre quis ser professora.
Tive muitas dificuldades com a disciplina Cálculo I, em que precisei refazê-las por 4 anos que
permaneci na UEL. Tentei fazer o reforço de matemática básica para que eu conseguisse superar
essa dificuldade, mas como esse reforço acontecia no período da tarde e eu precisei trabalhar, não
conseguia ir no reforço e nem me dedicar para os exercícios.
Houve um momento que parei com todos os compromissos e decidi me dedicar somente à Química,
mas por mais que eu estudava para as provas (especialmente a de cálculo) não conseguia obter nem
a média.
Houve um acontecido em uma prova de exame de Cálculo me deixou revoltada e que foi o estopim
para a minha desistência, pois passei dias estudando e fazendo a lista de exercício que
supostamente ia cair no exame. A professora de Cálculo I fez uma prova de exame injusta, pois
cobrou vários exercícios que não havia sequer explicado nas aulas, essa mesma professora em sala
quando queríamos tirar as dúvidas da lista de exercício ela se irritava com as perguntas e nos tratava
mal, e muitas vezes não resolvia os exercícios com a gente. Ela durante o exame falava frases tipo
"esses alunos não estudam"; "dou zero mesmo"; "ninguém tira 10 comigo". O que isso para mim é
uma atitude absurda por parte de um professor, que nos deixou apavorados!
83
Saí do curso por vários motivos. O reprovar várias vezes no Cálculo foi um deles, percebi minha
dificuldade com a exatas, mas principalmente por perceber que por mais que estudássemos para as
provas, passasse madrugada estudando, fazia listas de exercícios ,não tinha êxito nas provas, mas
não por que não sabia nada, mas por que os professores (não todos, claro) cobravam totalmente
diferente do que havia nos ensinado, e saí muitas vezes chorando da sala por falta de flexibilidade
dos professores na correção da prova, que zerava exercício todo por um erro de sinal por exemplo,
mas não considerava nada do que havia feito, que de certa forma mostrava que havia entendido o
contexto geral.
Saí do curso por ter a sensação de "patinar, patinar e não sair do lugar", mesmo eu estando engajada
na área, levaria mais 4 anos para me formar. Havia parado minha vida para me dedicar ao curso e
mesmo assim não via resultado, ao invés de levar 8 anos para me formar em Química optei em
desistir e fazer outro curso.
Muitas vezes não tinha resultado por despreparo de alguns professores, que não explicava direito a
matéria e cobrava rigidamente na prova. Ouvir de uma professora "ninguém tira 10 comigo por que
ninguém é melhor que eu” foi revoltante. Alguns professores na Química não são licenciados, ou seja,
não tiveram formação para serem professores! Muitos infelizmente não têm perfil de professor, o que
reflete na sua metodologia de aula, se ensinar, de avaliar que reflete no nosso aprender. A Química
Licenciatura para mim tinha mais perfil de bacharel, e pouco voltado ao ensino.
Desisti do curso ao assistir aula de Psicologia da Educação, pois me encantei pela área, e decidi
mudar de curso, já que estava insatisfeita com a Química foi uma saída para continuar estudando e
me formar.
Sim.
Pedagogia - UEL. Ao assistir uma aula de Psicologia da Educação na Química, me identifiquei com a
disciplina, o que me despertou interesse em estudar mais na área da Educação e percebi que tenho
mais habilidade e afinidade com a área de humanas, e também o fato de querer ser docente.
EVADIDO E61
EVADIDO E66
Minha vontade era cursar o curso de química, optei pela licenciatura, pois era a única modalidade de
química que era oferecida pelo sistema adicional de preenchimento de vagas (cujo nome do sistema
eu não me lembro).
Eu acabei desistindo, pois eu moro longe e fui chamado na lista de espera de uma universidade mais
próxima de casa.
Sim, estou cursando bacharelado em química na Unesp - Araraquara.
EVADIDO E70
Sempre gostei de dar aula, inclusive já dava aula particular quando estava no ensino médio, alinhado
a isso comecei a fazer curso técnico de química, o qual eu também gostava bastante. Quando
chegou o momento de prestar vestibular, não tive dúvidas, uni os dois e prestei licenciatura em
química na UEL. Algumas questões prejudicaram de maneira extrema minha saúde mental e optei
por sair. Entre elas relacionamento com os professores, falta de programas que motivassem a
permanência do aluno naquele ambiente (de maneira emocional e financeira), uma competitividade
entre os próprios alunos que foge do saudável, para isso existe mais uma questão, como entrei muito
nova deveria ser algo fácil de lidar, mas não estava preparada ainda pra isso, ou seja, mais um fator
foi ter entrado na universidade por pressão social e enquanto lá dentro compreendi que talvez não
fosse o que realmente queria.
Não cursei.
Me encontrei na área na qual trabalho hoje e estudo diariamente, diria que estudo duas vezes mais e
aprendo três vezes mais do que quando estava na faculdade. Compreendi que a graduação pode até
ser um caminho interessante, mas no meu caso não é o melhor. Aprendo mais, com mais qualidade,
mais rápido e muito mais motivada em casa. Se em algum momento ter um diploma for algo
84
necessário, conseguirei um, até lá vejo como muito mais benéfico profissionalmente e até
psicologicamente continuar meus estudos em casa.
EVADIDO E71
Sempre gostei de química, no início gostaria de fazer farmácia, como não poderia participar de um
curso no período integral, procurei alternativas e vi na química uma porta de entrada para alcançar o
objetivo.
Foram vários problemas, eu moro um pouco distante de londrina e o trajeto diário era um tanto
cansativo, porem nada impossível, mas não encontrei no curso e na universidade um ambiente
acolhedor, muito menos voltado para todos, tendo em vista que os alunos que tinham uma melhor
condição financeira e não necessitavam de trabalho para poder estudar, eram os que conseguiam ir
bem no curso devido a tantos afazeres, já os alunos que tinham que trabalhar na grande maioria
ficavam em dependência e acabavam por desistir do curso, infelizmente há uma grande rivalidade
entre os discentes, uma competição desnecessária, professores que não te motivam a buscar
melhoras, não existe contato professor aluno, onde quem devia te apoiar e te ajudar a crescer era na
realidade quem te derruba, esnoba, ignora.
Sim.
Estou cursando Licenciatura em Química na UTFPR.
EVADIDO E75
Meu curso pretendido naquele ano era foi medicina, mas não passei no vestibular, como química é
uma das específicas de medicina achei que iniciar o curso de química me traria vantagens, mas por
questões de trabalho abandonei o curso.
Lembro que logo no inicio falaram sobre estágios obrigatórios do curso e não seria possível realizá-
los pela carga de trabalho.
Não.
Estudo nos tempos livres e a noite que não trabalho frequento o cursinho. Ainda estou tentando uma
vaga de medicina nas universidades públicas.
EVADIDO E81
Entrei em química porque eu conseguiria dispensa de disciplinas em medicina veterinária, que era o
curso que eu queria fazer.
Primeiramente não era o curso que eu gostaria, então tive bastante dificuldade em aprender e
segundo os professores.
Sim.
Faço graduação em Comunicação social - Publicidade e propaganda. Conheci a grade curricular e
percebi que tem mais coisas que gosto e acabei me apaixonando pelo curso.
EVADIDO E83
Porque na época eu queria medicina, já tentava há uns três anos então gostava muito de química. Eu
não tinha passado no vestibular da UEL naquele ano, mas como tinha feito Enem eu resolvi me
inscrever para o curso de química.
Eu fui uma semana nas aulas para ver como era. Eu ainda queria medicina então estudava muito e
matérias diferentes! Não permaneci por saber que não conseguiria levar as duas coisas, as matérias
do cursinho e as matérias do curso de química!
No outro ano aconteceu a mesma coisa, não passei em medicina, mas usei a nota do Enem para a
língua inglesa.
O que me levou a optar pelo curso foi a possibilidade de melhorar meu inglês. Mas deu no mesmo, eu
não iria conseguir levar o curso de inglês e o cursinho!!!
EVADIDO E84
Na verdade, sobrou vaga pelo Enem e resolvi fazer por gostar da matéria.
O que me levou a optar pelo curso foi a possibilidade de melhorar meu inglês. Mas deu no mesmo, eu
não iria conseguir levar o curso de inglês e o cursinho!!!
Cálculo e física, odiava.
85
Sim!
Ciências contábeis. Grande área de atuação, facilidade para encontrar um emprego.
EVADIDO E92
Química era uma das disciplinas que eu gostava no ensino médio, imaginava que a graduação em
química, mesmo sendo licenciatura, me daria várias opções de qual carreira ou área seguir, já que eu
não tinha interesse em atuar como professora, por isso acabei optando em fazer química.
Foi o conjunto de vários fatores, como não moro próximo a UEL, tive que me mudar para a casa de
meus tios que moram em Cambé, para poder estudar, e assim, fiquei a uma distância de 323
quilômetros da minha família. Desde o primeiro dia de aula me senti muito perdida lá dentro. Tinha
criado toda uma expectativa positiva sobre a universidade, que se tornou decepção. A impressão que
tive com relação a maioria dos professores, era de que devíamos nos virar para dar conta dos
estudos, ou até mesmo para encontrar onde eram suas salas (o que não deu tempo de descobrir),
como se seus alunos naquela turma fossem apenas mais um, alguns professores não apareciam para
a aula e nem sequer se justificavam. Claro que não estou generalizando, tive ótimos professores, mas
foi a minoria, infelizmente. Achei o espaço físico da UEL muito escuro e sombrio, mal iluminado a
noite, tinha medo de andar sozinha por lá, não me sentia nada segura.
No decorrer das aulas, percebi que não gostava tanto assim de química quanto imaginava, das três
disciplinas que cursei, Cálculo, Física e Química, eu só gostava de Cálculo. Com isso, vi que estava
no curso errado, na Universidade errada, no lugar errado. Fiz apenas o primeiro semestre, entrei de
férias, e fiz inscrição no Sisu para outro curso, em outro lugar, onde eu pudesse ficar perto da minha
família.
Sim, assim que entrei de férias da UEL, em julho, me inscrevi no Sisu e passei, para o curso de
Licenciatura em Matemática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Toledo.
Licenciatura em Matemática. Optei por matemática, pois sempre foi a disciplina que mais me
interessava, e também por ser em uma Universidade Federal, próximo da minha casa, com relação a
licenciatura, ainda não tenho tanta certeza se quero dar aula no ensino regular, mas as disciplinas
que cursei e estou cursando sobre educação, são muito bem trabalhadas, gosto muito.
Desde o primeiro dia de aula a diferença foi gritante, na época, segundo semestre de 2014, havia um
projeto onde cada aluno calouro tinha um professor mentor, que o ajudava na adaptação, hoje em dia
o projeto se modificou um pouco, chama-se mentor voluntário, eu mesma sou voluntária, no início das
aulas cada mentor voluntário (veterano) “adota” um calouro, para que estes não fiquem perdidos,
minha função é trocar experiências e auxiliar no que for preciso. Antes do início das aulas o
coordenador do curso, convida todos os calouros a uma recepção, onde é feito um tour pela
universidade. E, além disso, nas primeiras semanas de aula, é feita uma confraternização/integração
com os calouros, é realizado na Universidade, com a presença de todos os alunos e professores,
inclusive a presença do próprio diretor do Campus, que é professor da Matemática.
Os professores estão sempre à disposição para nos auxiliar nas dúvidas sobre a disciplina, sobre o
curso e etc.
EVADIDO E95
EVADIDO E99
EVADIDO E100
Eu cursei biotecnologia no Senai entre início de 2011 a final de 2012, então quando terminei o curso
de biotecnologia eu queria entrar em um curso que seguisse a área que eu tinha acabado de
86
escolher, imaginei que o curso de química seria uma boa forma de aumentar os conhecimentos que
adquiri no curso, tendo em vista que queria seguir para áreas laboratórios porém não tão específicas
quanto biomedicina e também tinha interesse em dar aula (ainda tenho) , no ano em questão eu tinha
tirado uma boa nota no Enem e como já tinha noção que todos os anos o curso de licenciatura sobra
vagas remanescentes (por ter tentado entrar em anos anteriores também pelo Enem mas não
consegui pela nota) apenas uni o útil ao agradável, porém dentro do curso eu tinha interesse em
cursar o bacharelado junto, o que pelo que me recordo era possível na minha época não sei hoje, e
isso aumentava apenas um ano, então poderia dar aula e ainda trabalhar em laboratórios.
Durante o curso entrei no PIBID e foi o que me manteve no curso de química durante os meses que
fiquei, no PIBID conseguia colocar de certa forma minha vontade de ensinar e desenvolvemos alguns
projetos interessantes, porém as aulas iniciais que nós tivéssemos me desmotivaram bastante,
tivemos química geral se não me engano com duas professoras que não sabiam a matéria, tinham
acabado de entrar na Uel, os alunos em sala de aula (não eu pois não era um dos mais
conhecedores em química) tinham que ajudar a corrigir os erros que a mesma fazia sem ao menos
perceber, este fator, a falta de interesse após descobrir como era realmente a vida de um profissional
de química me fizeram repensar e procurar por sonhos antigos que eu tinha de certa forma desistido.
Como disse eu havia tirado uma boa nota no Enem, o suficiente para prestar o sisu do meio do ano e
conseguir uma bolsa pelo Prouni no curso do meu interesse desde de antes de eu cursar o técnico
em biotecnologia, no caso psicologia, eu só saí do curso de química pois a vaga do curso em
psicologia já estava garantida, hoje estou finalizando o sétimo semestre do curso de Psico na
faculdade Pitágoras e muito satisfeito com a minha escolha. Não tinha feito Psico desde de o início
por falta de conhecimento na época, ouvi muitas opiniões dizendo que era um curso de gente louca e
que seria pobre, deixei isso levar e acabei deixando o sonho de lado, porém dentro da Uel eu tinha
muitos amigos dentro da psicologia, que me mostraram a realidade da coisa.
Sem resposta.
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FORMADO F2
Sempre gostei muito de química no ensino médio. Meu sonho era trabalhar em laboratório com
tecnologia para a criação de produtos novos.
Então eu queria fazer bacharelado, mas optei por licenciatura porque precisaria trabalhar para me
manter na faculdade já que não tinha ajuda financeira da minha família e pelo curso ser noturno,
aumentaria minha chance de conseguir emprego na área, independente se fosse indústria ou para
dar aula.
O que me levou a permanecer foi o orgulho, pois queria terminar o que comecei.
Então essa graduação tão difícil e que em alguns momentos parecia impossível de se formar devido a
ter uma formação básica ruim na área de matemática e professores que foram muito injustos, que
não sabiam dar aula mesmo sabendo do conteúdo e que tudo que faziam era para se engrandecer.
Veio como um desafio para própria superação e final crescimento pessoal. E também tem a parte de
almejar uma melhor perspectiva de vida, mesmo considerando que a remuneração de professores de
escolas públicas é ridícula se comparada com o sofrimento para se formar (Sofrimento que não se vê
em cursos que não são da exatas e que o mercado de trabalha remunera igual ou melhor), mas que
pensei que seria mais rápido para melhorar minha qualidade de vida se me formasse em algo que já
havia iniciado do que começar um novo curso, levaria mais tempo e que seria um pouco ou mais
improvável também se melhoraria minha qualidade de vida ou não rapidamente após formado em
outro curso.
FORMADO F4
Durante o ensino médio tinha facilidade com as disciplinas de ciências exatas, matemática, física e
química, e sempre pretendi ser professora, por isso a escolha do curso de licenciatura em química.
Durante a graduação, trabalhava num colégio particular como monitora de química, sendo assim o
curso me possibilitaria a tornar professora de química desse mesmo colégio, portanto o meu motivo à
permanência do curso foi principalmente devido a essa futura oportunidade.
FORMADO F7
A escolha do curso teve basicamente dois critérios, minha afinidade com a área de exatas e a
facilidade de frequentar o curso. Considerando que o curso é noturno e eu conseguiria cursá-lo. Um
outro fator que me fez escolher química foi a proximidade com alguém que já fazia esse curso e pude
me orientar mais para esse lado. Não foi na escola que tive o incentivo, não foi de professor, não foi
de salário, pois eu mal sabia do que se tratava. Como aluna de escola pública em cidade pequena,
cursando o período noturno, não se tinha o estímulo para que os estudantes pensem em ensino
superior.
Basicamente a oportunidade que tive ao passar no vestibular. Como uma pessoa de baixa renda, não
iria desistir de um curso em uma universidade pública, onde sei que poucos têm a oportunidade de
cursar. Outro fator foi de ter mantido a afinidade na área, apesar de considerar a graduação difícil
para quem não entra preparado pelo ensino básico. O que me levou a permanecer e concluir foi
minha persistência e força de vontade e acreditar que o ensino superior é o básico que uma pessoa
deva ter para conseguir ter uma melhor perspectiva de vida. E sim, a romantização de ter curso
superior, de ser química já acabou, considerando como o mercado de trabalho te engole por você
não ter experiência ou contatos.
FORMADO F10
A ideia de fazer o curso de química surgiu quando comecei a trabalhar na indústria de alimentos, no
setor de controle de qualidade. Inicialmente eu queria fazer o curso de bacharel em química, mas, ao
me inscrever no vestibular, vi que no período noturno só tinha o curso de licenciatura. Na época eu
precisava de um curso noturno, pois teria que arrumar algum trabalho ou estágio para ajudar nos
custos de morar sozinha em uma nova cidade. Desta forma, acabei optando por fazer a licenciatura
em química, para futuramente fazer o bacharelado.
O que me fez permanecer no curso foi o gosto pela química. Eu comecei o curso e queria terminá-lo.
No curso de licenciatura tomei gosto pela área do ensino de química e, por fim, desisti de fazer o
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bacharel. Mesmo após a conclusão do curso, fiz uma pós-graduação e um curso de Mestrado, todos
na área de ensino.
FORMADO F15
Assim, eu não sou aqui de londrina, eu sou de Ivaiporã, lá na minha cidade não tem indústria, ou algo
que eu poderia trabalhar como bacharel, e também porque eu não sei, eu não me vejo em algum
lugar como indústria, e eu sempre gostei de estudar e eu não me via longe desse mundo, ou de no
caso tá aprendendo ou sei lá, se um dia eu puder ensinar alguém, ai por isso eu escolhi licenciatura
mesmo. Isso, não fui aqueles uns que passaram no bacharel e fizeram depois a licenciatura, e foi por
isso mesmo que queria dar aula em química porque era uma disciplina que eu gostava bastante e
que também teria campo na minha cidade, que lá não tem nenhuma indústria e nem curso de
química. Já no segundo ano não peguei mais dependência e consegui passar, aí vi que eu ia
conseguir me formar,
Aí eu vim, fiz vestibular, passei, e falar bem a verdade, no começo eu não gostei, foi meio choque de
realidade, sai de casa. Tinha que estudar muito, peguei umas dependências no primeiro ano. Primeiro
ano pensei em desistir, porque no começo não estava me encontrando, por isso eu fui mal e tal,
porque no primeiro ano achei que nem ia conseguir me formar um dia. Aí quando comecei a me
encontrar, comecei a ver bem as disciplinas, aí eu vi que ia. Nos primeiros meses eu quase desisti,
mas no final do primeiro ano e durante o segundo eu já não pensava em desistir, foi mais no começo
mesmo, mesmo com as dependências no final do primeiro ano, eu não pensava já, porque daí eu
comecei a enxergar de um outro jeito, que era difícil, mas que era possível, também era uma coisa
que eu gostava mesmo com as minhas dependências no começo.
A e também depois, a licenciatura é de boa, porque se fosse só a química em si, seria bem
complicado né, como você vê em outras áreas, em outras disciplinas né, tipo mineralogia, bioquímica,
que gostei bastante, também dá uma quebrada assim, porque não é um curso fácil né.
Eu não era tão esforçada assim, fez eu me esforçar. Talvez faltou esse esforço no começo. Não tive
uma base boa no ensino médio. Por causa da didática do professor (principalmente minha maior
dificuldade no primeiro ano foi cálculo e física, o professor não tinha didática nenhuma, nenhuma, e
nas disciplinas de química, é bem tradicional, não tem o que falar e também faltou mais dedicação, a
gente acha que era suficiente o que estudava né (risos), mas não era né (risos).
Também, na verdade assim, já no começo do curso o Brasil já entrou numa crise. Hoje para quem
tem uma graduação já é difícil, imagina para quem não tem né, então me influenciou a continuar.
FORMADOF17
Primeiramente irei responder por que eu escolhi o curso de Química. Os fatores predominantes
foram: baixa concorrência do curso ofertado pela UEL e minha melhor relação com a área de exatas.
Aliás, no ensino médio era uma das disciplinas que mais gostava, além de Física e Matemática. O
motivo pela Licenciatura foi o fato do curso ser noturno, sendo assim, eu teria uma facilidade maior de
conseguir um estágio na área.
O motivo principal foi porque eu me pressionava para ter uma graduação o quanto antes. Após
concluir o ensino médio fiquei quase 2 anos fazendo cursinho pré-vestibular para passar em
Engenharia Civil ou Ambiental. Foi então que resolvi fazer o curso de Química (motivo explicado na
questão anterior). E a cada ano que se passava eu não cogitava em momento algum abandonar, pois
todo início de ano letivo passava pela minha cabeça: “Não irei jogar esse ano fora, vou até o final”.
Outro fator importante para permanecer no curso foram os estágios. Desde o segundo ano da
graduação até sua conclusão sempre estive fazendo estágio. Isso fez com que eu me interessasse
mais pelo curso.
FORMADO F21
Optei pela química, porque eu gostava da área da docência e também da química. Logo queria dar
aula, por isso optei por Licenciatura.
O que me levou a permanecer no curso foi que, queria ter um curso superior na área da qual eu
gostava, sendo que jamais deixaria de terminar algo que havia começado. Em tudo na vida sou
assim.
Minha família me incentivou sim. Na época em que iniciei os estudos, eu trabalhava, e por ser um
curso que precisa estudar bastante, meu pai achou melhor eu parar de trabalhar, pois ele estava com
melhores condições financeiras, e falou para eu focar nos estudos e me formar.
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FORMADO F25
Inicialmente pelo curso ser noturno e o bacharel ser integral, uma vez que teria necessidade de
trabalhar para me manter na cidade.
Por ter me identificado com o curso, uma vez que o mesmo me proporcionou conhecimentos tanto
específicos (químicos) quanto os conhecimentos relacionados a licenciatura. Apesar de inicialmente
não ter ingressado em um curso de licenciatura com o intuito de lecionar, o curso me despertou um
interesse muito grande em seguir esta profissão, principalmente após a vivência em sala de aula.
FORMADO F33
Porque um professor do ensino médio chamou muito a atenção, e aí eu fiquei em dúvida entre
biologia e química. Só que na época eu estava tendo um conteúdo de biologia muito chato, parte de
reino, e foi desencantando, enquanto isso química fui me apaixonando, e esse professor chamou
muito a atenção sabe?! Era muita aula de experimental, querendo ou não no ensino médio chamava
muito a atenção e isso fez com que eu seguisse, e aí ficou entre bacharel e Licenciatura e aí como
era noturno e eu gostava da parte de dar aula, daí escolhi fazer Licenciatura.
No primeiro ano eu trabalhava o dia o inteiro, só que aí no segundo ficou mais difícil, porque estudar,
sabe como é mais difícil, daí eu fui para o PIBID, parei de trabalhar e fiquei só no curso, só que daí eu
comecei a fazer bacharel no segundo ano porque eu peguei dependência.
Até hoje mesmo eu gosto da parte de dar aula, sempre procura dar aula particular, aí me inscrevi no
PSS, só que nunca assumi mesmo tendo sido chamada, porque eu já estava aqui no mestrado e
fiquei com medo de ficar muito sobrecarregada.
A porque é que gostava mesmo, por mais que é difícil, não me vejo fazendo outra cosia, e eu não
quis seguir na área do mestrado em educação, porque não era o que eu queria, porque eu gosto da
área de química mesmo. Nunca pensei em desistir, a não ser pelo primeiro ano que você sente a
diferença entre o ensino médio. Sempre tem aqueles momentos de raiva do que eu tô fazendo da
minha vida, mas não para falar assim "se eu reprovar eu vou desistir".
FORMADOF34
Na verdade, eu não queria fazer licenciatura. Eu entrei no curso, porque eu não fui aprovada no
vestibular para o bacharel, então como tinham as vagas remanescentes, eu me inscrevi, tanto aqui
quanto na UTFPR e fui chamada, aí comecei a fazer o curso, por causa da química, não porque
queria dar aula.
No primeiro ano, acho que eu entrei, final de fevereiro, acho que aquele ano começou e em maio
entrei no PIBID, foi quando decidi virar professora, que me encantei pela licenciatura e tudo mais.
Mas a princípio quando eu optei por fazer química não queria ser professora.
Acho que a cobrança que você tem que ter uma perspectiva muita rápida de futuro, essa foi uma. Eu
gostei sempre de ciências no ensino fundamental, e no ensino médio me apaixonei pela química,
essa foi uma, então eu pensava que teria que terminar, até a vontade de desistir veio no quarto ano
né, e não foi fácil, e todo mundo tem isso. Acho que tipo assim, eu não trabalhava, só tinha que me
dedicar aos estudos, se precisasse trabalhar eu acredito que a situação teria sido totalmente
diferente, eu provavelmente teria feito outra coisa, dado outro jeito, ou eu não teria terminado a
graduação. Acho que a gente vive um regime paulera né, estudar dia e noite.
Ó, dependendo da cobrança da disciplina que você tem. Tem gente que trabalha das 8 às 6 da tarde,
vem direto pra UEL, não tem como gente. Igual a Misefa no primeiro ano passou uma lista de 250
exercícios para a gente, quem conseguia fazer? E nosso curso é uma área muito abrangente, tem
gente de toda faixas etárias, eu entrei com 17 anos, mas na minha turma entrou um cara casado com
mais de 40 anos e tinha que sustentar a família, tinha que dar atenção para os filhos, é muito
destoante, não é tipo assim, um grupo fechado, em que entram apenas pessoas de 18 a 25 anos. E
hoje em dia a gente conversando com as pessoas, vê que muita gente escolhe a Licenciatura por ser
um curso noturno para ter a opção de trabalhar durante o dia, porque não tem condições.
FORMADO F38
Bom, porque eu sempre quis dar aula né, sempre foi meu enfoque. Mas assim, eu queria alguma
coisa voltada para alguma área que me permitisse pesquisa em si, não só a Licenciatura em si como
humanas, humanas só teria a possibilidade se eu fosse fazer história por exemplo, é só aquilo e
pronto, mas a química, possibilidade a abertura a área da pesquisa e eu queria dar continuidade. Eu
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entrei na graduação já visando um mestrado um doutorado ou algo do tipo, então foi aí que eu decidi
pela química mesmo e pela Licenciatura, porque eu nunca tive interesse em trabalhar em indústria,
mas eu sempre tive interesse em dar aula assim, mas mais voltado para o ensino superior, por isso
que eu escolhi exatas né. Não conclui o bacharel.
Não me espelhei em ninguém, porque na maioria da minha família ninguém tem ensino superior, não
tenho espelhos, na minha casa eu fui a primeira a me formar.
Me espelho no Dionísio.
O que me levou foi essa certeza, de que eu queria isso, não só isso, foi como eu falei, no segundo
ano já estava aqui com o Dionísio. Ele me possibilitou crescimento, tanto na área de pesquisa quanto
profissional assim, tipo, ele me ensinou a escrever artigo, me levou para congresso, então ele foi uma
peça fundamental para que eu continuasse. Eu gostava muito do curso, sempre gostei, só que tinha
muitos aspectos que não me agradavam muito, querendo ou não a parte da Licenciatura tem muitas
falhas, tanto na questão de cumprir estágio curricular, eu não gostei dos estágios, achei que foi muito
difícil, achei que foi uma parte assim, foi uma provação mesmo. O que me fez continuar foram
disciplinas como a política da educação, psicologia da educação, a parte de exatas também foi muito
boa, mas com certeza o que me fez assim, vamos, foi o Dionísio. Sempre me levou para dentro da
sala de aula, sempre me motivou a ser professora.
FORMADOF40
Inicialmente a minha vontade era fazer o Bacharelado em Química, pois essa era a disciplina que eu
mais me identificava no Ensino Médio, e eu tinha muita afinidade como professor que a ministrava,
além do fato de eu gostar muito de laboratório, porém eu também gostava de ajudar meus amigos a
estudarem Química. Contudo, no terceiro anodo Ensino Médio eu prestei o vestibular para
Bacharelado em Química e não passei. Fui fazer cursinho em outra escola, e conversando com a
professora de Química ela me instruiu a fazer a licenciatura, pois eu teria o dia inteiro livre e poderia
fazer estágio em indústrias, laboratórios e afins. Prestei o vestibular para Licenciatura em Química e
passei, e ao longo do primeiro ano eu já sabia que por mais que fosse um “acaso”, eu tinha feito à
escolha certa.
A resposta dessa pergunta tem uma série de fatores envolvidos. O primeiro deles é que dificilmente
quando eu começo algo eu desisto, procuro sempre pensar muito nas escolhas que vou fazer. Um
segundo fator foi por eu gostar muito de Química, sempre achei interessante tudo o que estudamos.
Posso apontar como um dos fatores mais importantes a minha participação no PIBID, pois eu
comecei a fazer parte do programa desde o meu primeiro ano da graduação, e logo no primeiro
semestre eu já estava tendo o contato com a sala de aula, que foi uma das melhores sensações que
eu já senti, estar na sala de aula pela primeira vez foi a resposta de muitas perguntas que eu tinha
sobre aminha escolha, e que talvez elas fossem respondidas apenas no terceiro e quarto ano, o que
poderia causar um desanimo em relação ao curso. Após esse contato, a vontade determinar o curso
e poder lecionar foi algo que sempre me motivou a buscar o meu objetivo. Outro fator foi o contato
com alguns professores da área do ensino, que sempre me incentivaram, e às vezes quando eu
pensava em desistir desta área, eles me ajudavam a permanecer.
FORMADOF43
Sempre gostei bastante de ciências, ao longo do ensino médio me apaixonei por química e física, e
por temas relacionados a tecnologia. Tinha bastante facilidade nessas disciplinas, então ajudava
meus colegas. Na hora de escolher o curso, optei por química licenciatura por ter no curso duas
coisas que eu gosto muito, ciência e parte da docência.
Sou persistente e não gosto de desistir. Se não fosse isso, teria desistido. O curso tem professores
muito bons, mas também tem professores péssimos e quando ia para aula deles sempre pensava em
desistir (hehehe você deve entender). Mas o fato de participar de outras atividades na universidade,
jogos, movimento estudantil, conselhos, organização de eventos me deu um animo extra para
permanecer no curso, pois é nesses momentos em que consegui conhecer mais pessoas que gostam
e tem esperança na universidade, nas licenciaturas, na química.
FORMADOF47
Eu escolhi cursar a graduação em Licenciatura em Química, pois uma das profissões que eu mais
valorizo, é a de ser um professor. Pois saber que você será o instrumento de transmissão de
conhecimento é algo muito gratificante. E o fato de ser Licenciatura em Química, foi em razão de eu
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me identificar com essa área do conhecimento desde o meu primeiro ano do ensino médio. Sendo
assim, o fator mais importante que fez com que eu escolhesse fazer a graduação em Licenciatura em
Química, foi o fato de eu querer saber mais a fundo os conhecimentos de química para poder
transmitir esses conhecimentos adquiridos durante a graduação para outras pessoas.
Como eu já disse na primeira pergunta, eu já estava decidido que essa seria a minha profissão desde
o primeiro ano do ensino médio. Porém, alguns fatores como ótimos professores, as didáticas e/ou
técnicas utilizadas e ensinadas no decorrer do curso, e o nível de aprofundamento dos conteúdos
abordados favoreceram para que eu permanecesse e concluísse o curso.
FORMADOF48
ANEXO
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Prezado (a):
Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido refere-se aos dados
coletados vinculado ao projeto de pesquisa intitulado, provisoriamente, “Um estudo
acerca da evasão e da permanência de estudantes no curso de Licenciatura em
Química da UEL” de responsabilidade do pesquisador ALEX STÉFANO LOPES,
referente à dissertação de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina/PR, sob
orientação da Dra. Fabiele Cristiane Dias Broietti. O objetivo desta pesquisa é
“Levantar a quantidade e o perfil dos estudantes que desistiram/permaneceram no
curso de Química Licenciatura da UEL nos últimos 4 anos; identificar os fatores que
contribuem para o fenômeno da evasão e da permanência”.
Para participar da pesquisa, é preciso que você participe de uma entrevista,
bem como, a autorização para a publicação das respostas e suas respectivas
análises. Ao autorizá-lo, estará contribuindo com a pesquisa e concordando com
futuras publicações dos dados fornecidos.
Sua decisão de participar é voluntária e você pode se recusar a participar, ou
mesmo desistir a qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer ônus ou
prejuízo à sua pessoa. Esclarecemos que os dados pessoais coletados serão
utilizados somente para fins de pesquisa e serão tratados com sigilo e
confidencialidade, por meio de códigos, de modo a preservar sua identidade.
_________________________________________________
ASSINATURA