HPE - Artigo HPE 33688-106649-1-PB
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Resumo
O objetivo desse trabalho é a apresentação de possíveis pontos em comum
entre keynesianos e institucionalistas. Desde a década de 1970 a heterodoxia tem
contribuído criticamente para o debate em Economia com pelo menos cinco
escolas de pensamento: economia pós-keynesiana, economia institucional,
economia austríaca, escola da regulação e abordagens marxistas. Utilizo o conceito
de programa de pesquisa científico (PPC) lakatosiano, com algumas modificações,
bem como a ideia kuhniana de paradigma como forma de distinguir as diversas
vertentes teóricas existentes tanto no âmbito do institucionalismo quanto no
campo do keynesianismo. Esse debate metodológico será importante para a
caracterização das escolas de pensamento que constituem o objeto desse trabalho
– a escola keynesiana e a institucionalista. Tais escolas de pensamento não são
homogêneas, e apesar de compartilharem temáticas comuns no âmbito da
Macroeconomia e do Institucionalismo, pós-keynesianos e novos-keynesianos/
novo-clássicos, e velhos institucionalistas e novos institucionalistas,
respectivamente, possuem visões de mundo diferentes, compartilhando
programas de pesquisa distintos. Pós-keynesianos e velhos institucionalistas
partilham um PPC heterodoxo, enquanto novos-keynesianos, novo-clássicos e
novos institucionalistas fazem parte do PPC neoclássico. Nesse sentido, seria
incomum unir novo-clássicos e velhos institucionalistas. A compatibilização que se
busca aqui é, portanto, entre pós-keynesianos e velhos institucionalistas.
Resumen
El objetivo de este trabajo es la presentación de posibles puntos en común
entre keynesianos y institucionalistas. Desde la década de 1970 la heterodoxia ha
contribuido al debate crítico en economía con al menos 5 escuelas de pensamiento:
economía postkeynesianas, la economía institucional, la economía austriaca,
escuela de la regulación y enfoques marxistas. Uso el concepto de programa de
investigación científica (PIC) lakatosiano, con algunas modificaciones, así como la
idea de Kuhn de paradigma como una forma de distinguir las diversas fuentes
teóricas existentes tanto dentro del institucionalismo como del keynesianismo.
Este debate metodológico será importante para la caracterización de las escuelas
de pensamiento que son objeto de este trabajo. Estas escuelas de pensamiento no
son homogéneas, ya pesar de que comparten temas comunes dentro de la
macroeconomía y el institucionalismo, post-keynesianos y neokeynesianos /
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nuevos clásicos, y los institucionalistas viejos y nuevos institucionalistas,
respectivamente, tienen diferentes visiones del mundo, el intercambio diversos
programas de investigación. Poskeynesianos y viejos institucionalistas comparten
un PIC heterodoxo, mientras que los nuevos keynesianos, nuevos clásicos y nuevos
institucionalistas son parte del PIC neoclásico. En este sentido, sería inusual para
unirse a la nueva-institucionalistas clásica y antigua. La compatibilidad que se
busca en este caso es, por lo tanto, entre los poskeynesianos y viejos
institucionalistas.
Abstract
The aim of this work is the presentation of possible commonalities between
Keynesians and institutionalists. Since the 1970s heterodoxy has contributed
critically to the debate in economics with at least five schools of thought: post-
Keynesian economics, institutional economics, Austrian economics, regulation
school and Marxist approaches. I use the concept of Lakatosian scientific research
program (SRP), with some modifications, as well as Kuhn's idea of paradigm as a
way to distinguish the various existing theoretical sources both within the
institutionalism and the Keynesianism. This methodological debate will be
important for the characterization of the schools of thought that are the subject of
this work - the Keynesian economics and institutionalism. These schools of thought
are not homogeneous, and even though they share common themes within the
Macroeconomics and institutionalism, post-Keynesians and new Keynesians /
new-classics, and old institutionalists and new institutionalists, respectively, have
different world views, sharing various research programs. Post Keynesians and old
institutionalists share a heterodox SRP, while new Keynesians, new classics and
new institutionalists are part of the neoclassical SRP. In this sense, it would be
unusual to join new-classical and institutionalists old. The compatibility that is
sought here is, therefore, between Post Keynesians and old institutionalists.
1. Introdução: do escopo do trabalho e algumas noções metodológicas
iniciais
O objetivo desse trabalho é a apresentação de possíveis pontos em comum entre
keynesianos e institucionalistas. Desde a década de 1970 a heterodoxia tem contribuído
criticamente para o debate em Economia com pelo menos cinco escolas de pensamento:
economia pós-keynesiana, economia institucional, economia austríaca, escola da regulação
e abordagens marxistas (Hodgson, 1999a, p.11-12). Diante da diversidade no campo
heterodoxo Lawson (2003a, 2005b) assinala que essa pluralidade refere-se aos diferentes
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focos analíticos das mencionadas escolas de pensamento, não havendo entre elas uma
distinção ontológica7.
Contudo, não adoto o critério preditivo de escolha entre PPC’s de Lakatos, a qual
sustenta que PPC’s progressivos devem ser teórica e empiricamente progressivos, o que
significa que esses PPC’s produzem teorias capazes de prever fatos novos e esses fatos
novos previstos devem ser corroborados empiricamente. A previsão não parece ser um
critério legítimo de avaliação teórica, pois, primeiro, o futuro é imprevisível, segundo, tal
critério envolve uma circularidade entre o conjunto de dados que fundamentam as
previsões e a evidência empírica que serve de instância de teste9. Acredito ser a noção de
crítica explanatória a mais adequada à avaliação de duas ou mais tradições de pensamento
(ou PPC’s)10. De forma sintética, dada uma realidade intransitiva – que independe, ao
menos relativamente, de sua descrição e/ou identificação pelo sujeito cognoscente – e
teorias ontologicamente fundamentadas, é possível avaliar diferentes teorias ou tradições
de pensamento a partir da visão de mundo que produzem. Portanto, o simples fato de duas
teorias tratarem de temáticas próximas não as torna ontologicamente compatíveis, e
apesar de produzirem visões de mundo diferentes isso não implica que tais teorias sejam
incomensuráveis, pois a intransitividade do objeto permite que elas sejam comparadas.
7 Lawson (1994, 1999, 2003a, 2003b, 2005a, 2005b) realiza uma série de leituras do pensamento
pós-keynesiano e do institucionalismo americano a partir do realismo crítico.
8 Para as discussões relativas às metodologias de Kuhn e Lakatos ver Caldwell (1982).
(1997).
86
Esses conceitos metodológicos serão importantes para a caracterização das escolas
de pensamento que constituem o objeto desse trabalho, a economia keynesiana e a
institucionalista. Tais escolas de pensamento não são homogêneas, e apesar de
compartilharem temáticas comuns no âmbito da Macroeconomia e do Institucionalismo,
pós-keynesianos e novos-keynesianos/ novo-clássicos, e velhos institucionalistas e novos
institucionalistas, respectivamente, possuem visões de mundo diferentes, compartilhando
programas de pesquisa distintos. Pós-keynesianos e velhos institucionalistas partilham
um PPC heterodoxo, enquanto novos-keynesianos, novo-clássicos e novos
institucionalistas fazem parte do PPC neoclássico. Nesse sentido, seria incomum unir
novo-clássicos e velhos institucionalistas. A compatibilização que se busca aqui é,
portanto, entre pós-keynesianos e velhos institucionalistas.
2. Economia Institucional
A economia institucional não é uma escola de pensamento homogênea,
comportando pelo menos duas vertentes: a velha economia institucional (VEI),
fundada por Veblen, Commons e Mitchell, e a nova economia institucional (NEI),
fundada por Coase, North e Williamson. Rutherford assinala ainda subdivisões
tanto no interior da VEI quanto da NEI. De acordo com o autor, uma corrente da
VEI, liderada por Veblen e Ayres, enfatizava uma dicotomia entre os modos
cerimonial (instituições, estáticas) e instrumental (tecnologia, dinâmica) de pensar
e fazer coisas, enquanto outra, liderada por Commons, se concentrava em questões
relativas a direitos de propriedade e organizações (Rutherford, 1994, p.1-2). Essa
última corrente está mais próxima da NEI, que, por sua vez, pode ser subdividida
em um core neoclássico e um core austríaco, o último baseado no trabalho de
Hayek concernente às instituições, bem como nos recentes desenvolvimentos de
Langlois e Nelson e Winter (Rutherford, 1994, p.3). Dentre os autores que
compartilham o core neoclássico da NEI existe também uma certa diversidade,
Théret (2003) identifica pelo menos três vertentes: (i) Coase e Williamson, teoria
da firma e custos de transação; (ii) North e Matthews, mudança institucional e
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história econômica; (iii) Schelling, Schotter e Shubik, teoria dos jogos e equilíbrio
num contexto de interações estratégicas.
11 Hodgson (2001) e Rutherford (2001) destacam a disputa entre o método indutivo da Escola
Histórica Alemã e o método dedutivo da Escola Austríaca. Aparentemente essa batalha dos métodos
encontrou uma trégua na proposta conciliadora de Neville Keynes, em que o método apropriado –
indutivo ou dedutivo – deve ser escolhido de acordo com o objeto que se pretende investigar. No
entanto, Lawson (1997) desenvolve um argumento, fundamentado nos debates em filosofia da
ciência, sugerindo que nem o método dedutivo nem o indutivo são capazes de proporcionar uma
objetividade científica, a alternativa seria o método retrodutivo. Hodgson (1994, p.61) propõe uma
distinção semelhante entre o método dedutivo e/ou indutivo do mainstream e o método abdutivo
da velha economia institucional.
88
A objeção ao animismo refere-se às avaliações ortodoxas do processo
econômico, que nele incutem uma teleologia imanente. Inicialmente Veblen atribui
uma determinada modalidade de teleologia aos fisiocratas, a saber, uma visão
animista do processo econômico, em que é identificada uma intencionalidade nos
processos naturais. Outra modalidade de teleologia é identificada por Veblen no
homem econômico, em que num ambiente competitivo, todos os fenômenos
econômicos passam a encontrar explicação a partir dos propósitos desse homem
econômico, normalmente já imbuído de todos os atributos necessários para a
realização de uma escolha perfeitamente racional (agente como um lightning
calculator).
Veblen refuta o método dedutivo pelo fato deste não fazer referência à
evidência empírica, e o método indutivo por não produzir qualquer teoria
(Backhouse, 1985, p.227). Ou seja, de um lado são obtidas teorias sem referência
ao mundo real – método dedutivo –, e por outro lado são capturadas evidências
empíricas sem qualquer teoria a elas subjacente – método indutivo. Essa dicotomia
entre esses dois métodos era a razão mesma do Methodenstreit, conforme
assinalado acima.
89
teorias ortodoxas, a proposta de Veblen de consideração das instituições como
hábitos mentais inclui a instância na qual os sujeitos absorvem regras e normas de
conduta sociais. Backhouse (1985) chama a atenção para o fato de que uma idéia
de endogeneidade das preferências já estava presente em Veblen12. Nesse sentido,
as instituições, entendidas como regras e normas de comportamento, assumem o
papel de possibilitar a ação dos sujeitos em sociedade. As instituições possuem,
por conseguinte, uma dimensão de condicionamento e uma dimensão de liberdade,
uma vez que a intencionalidade inerente à ação humana não é negada. Existe,
nesse esquema conceitual, a possibilidade de mudança do comportamento
individual através da transformação institucional. Todavia, tal transformação
institucional encontra limites na própria ação individual, pois é somente através da
ação dos sujeitos que as instituições se mantém, por conseguinte, eventualmente
se transformam13.
12 Hodgson fala em uma “causação reconstitutiva de cima para baixo”, em que as instituições são
capazes de moldar as preferências dos indivíduos (Hodgson, 2001, p.100).
13 O problema metodológico quanto à prioridade da ação ou da estrutura advém, em última análise,
do não reconhecimento de que ação humana e estruturas sociais são ontologicamente distintas. As
estruturas sociais possuem uma modalidade de movimento casual, assumindo uma relativa
durabilidade e autonomia em relação à ação humana. A categoria da intencionalidade está restrita à
ação humana, apenas indivíduos agem intencionalmente orientados por projetos, estruturas sociais
não possuem uma finalidade inerente, nesse sentido, não se movem teleologicamente ao encontro
de resultados pré-estabelecidos. Esse ponto é destacado por filósofos como Bhaskar e Lukács
(Cavalcante, 2005).
90
procurava construir um programa de pesquisa alternativo, mas contribuir com o
desenvolvimento da tradição de pensamento dominante à sua época, a tradição
neoclássica. A contribuição da NEI compreende, em termos gerais, a inserção das
instituições na análise econômica a partir do instrumental teórico neoclássico (Rutherford,
2001, p.187). Douglass North, um dos autores fundadores da NEI, é ilustrativo a esse
respeito.
O artigo de Coase, The Nature of the Firm, é considerado a obra inaugural da NEI.
Nesse artigo de 1937 o autor insere a idéia de custos de transação na análise econômica
(Coase, 1998, p.72), posteriormente desenvolvida por Williamson. Coase (1937) afirma
que nem sempre o mecanismo de preços funciona plenamente, existindo custos de
transação inerentes à atividade econômica. O papel da firma é justamente a redução de
tais custos de transação, que seriam maiores caso não existissem essas organizações, que
operam como mecanismos alternativos de alocação de recursos14. Coase atribui a
denominação nova economia institucional a Williamson, que assim a denomina como
forma de diferenciá-la da velha economia institucional (Coase, 1998, p.72).
14 Coase reconhece pelo menos três mecanismos de alocação de recursos: o mercado, a firma e o
Estado. A escolha do mecanismo de alocação é realizada com base no custo marginal da
incorporação de um contrato a mais no interior da firma, caso seja positivo decide-se pela alocação
no mercado. Ver Coase (1937, 1960, 1991).
15 Um exemplo de diálogo interdisciplinar é a reabertura do debate entre Sociologia e Economia,
que pode ser visto tanto sob a ótica da Nova Sociologia Econômica, que busca ampliar os aspectos
envolvidos na ação humana para além do comportamento racional maximizador, quanto sob a ótica
do imperialismo econômico, liderado por Gary Becker, no qual propõe-se a aplicação do arcabouço
utilitarista a todas as ciências sociais (Raud-Mattedi, 2005).
91
se estabelece como uma ampliação do conjunto de problemas analisados pelo
instrumental teórico neoclássico. Embora a NEI tenha uma posição de destaque no âmbito
da economia institucional moderna, a tradição vebleniana encontrou sua continuidade
através do trabalho de institucionalistas contemporâneos, ou pós-veblenianos, como
Geoffrey Hodgson, Warren Samuels e William Dugger16.
3. Economia Keynesiana
Assim como existe uma heterogeneidade no âmbito do pensamento
institucionalistas, a obra de Keynes suscitou diversas leituras e controvérsias17. Os
velhos-keynesianos lançam o debate em torno da velocidade da mão invisível, idéia
que somente seria abandonada com o advento da economia pós-keynesiana na
década de 1970.
Uma nova versão do monetarismo surge com Robert Lucas, que inaugura a
corrente novo-clássica. Os novo-clássicos criticam os velhos-keynesianos no que
concerne à ausência de uma análise dos microfundamentos explicativos da
existência de uma rigidez de preços e salários. Lucas é responsável ainda pelo
conceito de expectativas racionais, em que é suposto de que os indivíduos, ao
formarem suas expectativas, usam toda a informação disponível e conhecem o
funcionamento da economia. Num mundo onde os indivíduos são dotados de
expectativas racionais a política econômica é inócua, pois os indivíduos são
capazes de se antecipar a tais políticas tornando-as ineficazes. Os novo-clássicos
retomam a idéia de ajuste automático do mercado via preços e salários.
16Ver Ferrari e Conceição (2001, p.9) e Conceição (2001, 2004).
17A menos que seja feita referência em contrário, a exposição das subseções seguinte se baseia em
Lima; Sicsú; Paula (1999).
92
Na década de 1980 surgem os novos-keynesianos, cujos principais autores
são Joseph Stiglitz, Gregory Mankiw e David Romer. Os novos-keynesianos
propõem um retorno aos novo-clássicos, desenvolvendo modelos no intuito de
provar que a mão invisível existe e opera de forma ineficiente. Adicionam à idéia
de expectativas racionais a idéia de imperfeições de mercado, afirmando a
possibilidade de equilíbrio com desemprego por conta da rigidez de salários e
preços. Ademais, os novos-keynesianos avançam a partir da crítica novo-clássica
aos velhos-keynesianos, fornecendo microfundamentos para a existência das
rigidezes através das noções de custos de menu e de salário eficiência.
94
demanda. Ao contrário dos clássicos, e em oposição direta à lei de Say, Keynes
afirma que é a demanda efetiva que determina a oferta, posto que os empresários
pautarão suas decisões acerca de quanto produzir a partir da expectativa de
demanda futura por seus produtos, comparando-a com os custos envolvidos em
sua produção, caso o retorno seja satisfatório os empresários decidirão investir. Ao
decidir pelo investimento, o empresário contratará trabalhadores, que uma vez
empregados receberão um salário, em parte convertido em consumo, o que
representa um aumento na demanda efetiva. Tal aumento na demanda poderá
gerar expectativas otimistas quanto à demanda futura, fazendo com que os
empresários façam novos investimentos, contratando mais trabalhadores,
aumentando a demanda efetiva e assim por diante. Gera-se, portanto, um ciclo
virtuoso de crescimento econômico, em que a demanda é o input que dispara esse
ciclo através da influência positiva que exerce sobre as decisões de investimento.
mas a partir de escolas de pensamento mais alinhadas com o programa de pesquisa neoclássico, a
saber, os novos-keynesianos e a NEI.
19 A menos que seja feita referência em contrário, os comentários acerca da compatibilidade do
pensamento de Sraffa, Simon e Shackle com Keynes e a economia pós-keynesiana são realizadas
com base em Hodgson (1989).
96
resultados intencionados e não intencionados da ação humana. Nesse sentido, os
economistas behaviouralistas como Simon seriam deficientes na consideração das
conseqüências não intencionadas que resultam das interações dos agentes
(Hodgson, 1989, p.101). Ademais, é possível acrescentar, a informação necessária
para a tomada de decisão pode não estar disponível, dada a presença de incerteza
no ambiente econômico. Talvez o foco exclusivo na tomada de decisão, o que
caracteriza uma perspectiva essencialmente microeconômica, tenha impedido
Simon de considerar a incerteza ligada à inexistência de determinadas
informações.
97
propósitos da consideração teórica, completamente não causadas, e a esse respeito
difere de Keynes” (Hodgson, 1989, p.102). De acordo com Hodgson, não se deve
passar da idéia de que a ação humana possui causas não causadas para a afirmação
de que não existe qualquer fator responsável pelo molde das decisões e ações
humanas. Keynes teria, mesmo que de forma vaga, mencionado a idéia de que as
expectativas sobre o futuro de baseiam na psicologia dos indivíduos (Hodgson,
1989, p.102). Hodgson propõe em seguida um fundamento institucionalista para a
formação das expectativas.
Desta maneira, pode-se observar que num ambiente no qual os agentes decidem sob
incerteza, as instituições assumem um importante papel de fundamentação das ações e
decisões dos agentes econômicos. Vejamos na seqüência como instituições especiais como
moeda e firmas se integram organicamente ao sistema econômico20.
20 Seria possível inserir o Estado nessas instituições especiais. Conforme assinala Chang (2002,
p.546), o Estado é uma instituição responsável pela criação e regulação de determinadas
instituições. Todavia, o Estado não será objeto da subseção seguinte.
21 No artigo The Preconceptions of Economic Science, Veblen (1961[1899], p. 124-125) assinala que,
para os pedestres (plain man), a moeda não é meramente uma “great wheel of circulation”, visto que
estamos numa Geldwirtschaft (economia monetária).
99
de incerteza, os agentes decidem com base em expectativas fundamentadas em
instituições, num conjunto de regras e normas historicamente moldadas. Ademais,
numa economia monetária de produção, a instituição da moeda possui um papel
central nesse processo de tomada de decisão, cujo resultado será a configuração
efetiva da realidade econômica. De modo mais específico, como o futuro é incerto e
desconhecido os indivíduos preferem reter moeda (preferência pela liquidez), o
que influenciará as decisões de gastos (consumo ou investimento) que, por sua vez,
provocarão flutuações na demanda efetiva e no nível de emprego. Nesse sentido, a
moeda aproxima, através de contratos monetários, passado, presente e futuro,
coordenando a atividade econômica; tais contratos, denominados em unidades
monetárias, representam a instituição de uma economia monetária (Ferrari e
Conceição, 2001, p.3).
22 Essa questão ilustra a noção de que a negatividade [absence] é real, ou seja, tanto a ação quanto a
ausência de ação são responsáveis pela configuração efetiva da realidade. “Falta de chuva em
regiões de plantio, não intervenção governamental numa esfera específica da economia, e greves no
transporte público são tão causalmente eficazes e a fortiori reais, do que, respectivamente, chuva,
ativa regulação governamental e trens e ônibus funcionando todo o tempo” (Lawson, 1997, p.63).
100
Existe uma complexa interconexão entre os níveis micro e macro de
análise neste ponto: as firmas formam, ao nível micro, expectativas de
vendas para obter os lucros almejados; a confirmação dessas
expectativas depende, por outro lado, das próprias firmas gastarem o
montante necessário para validar suas expectativas de vendas (Feijó,
2006, p.6).
Deste modo, mesmo que a configuração macro seja resultado das decisões
micro, a dimensão macroeconômica, enquanto estrato emergente, guarda uma
autonomia relativa no que concerne às interações microeconômicas. Assim
justifica-se uma Macroeconomia enquanto disciplina destacada da Microeconomia,
o que somente pode ser sustentado caso as dimensões macro e micro possuam
propriedades ontológicas irredutíveis umas às outras.
Nesse sentido, é possível falar em dois objetos que demandam não apenas um
arcabouço teórico diferenciado, mas também uma perspectiva metodológica
distinta. Em primeiro lugar, não é possível reduzir o resultado macro às interações
micro, dada a existência de propriedades emergentes no domínio macro. Em
segundo lugar, investigar o resultado macro sem que se incorra num reducionismo
demanda uma perspectiva holista e uma ontologia organicista. Uma perspectiva
holista remete à análise dos agregados macroeconômicos. Adotar uma ontologia
organicista significa considerar relações internas, em vez de externas, entre as
entidades componentes do sistema econômico, além do reconhecimento de que a
realidade é composta de níveis hierárquicos interligados (Hodgson, 1999b, p.8).
Essas noções remetem aos conceitos de relacionalidade interna, realidade
estratificada24 e totalidade, desenvolvidos por Bhaskar (1997, 1998) e difundidos
24Bhaskar (1997) propõe que a realidade consiste em três esferas (ou estratos): empírico, efetivo e
real. Na esfera empírica estão os objetos identificáveis através da experiência sensível, a esfera
efetiva comporta o curso de eventos observados, por fim, na esfera real residem leis e mecanismos
102
na Economia por Lawson (1997, 2003a). O conceito de totalidade refere-se a
sistemas cujos elementos guardam entre si uma relacionalidade interna.
Uma relação Rab pode ser definida como interna se e somente se A não
fosse o que essencialmente é a menos que B esteja relacionado com este
do modo como está. Rab é simetricamente interna se o mesmo se aplica a
B. (‘A’ e ‘B’ podem designar universais ou particulares, conceitos ou
coisas, incluindo relações.) A relação burguês-proletariado é
simetricamente interna; guarda de trânsito-Estado assimetricamente
interna; motorista que passa-policial não (em geral) interna (Bhaskar,
1998, p.222).
causais responsáveis pelo curso efetivo dos eventos. Bhaskar (1997) ilustra essa distinção entre
esses três estratos da realidade com o exemplo da atração de pregos por um ímã. O ímã e os pregos
representam os objetos empíricos, pertencem, portanto, à esfera do empírico. O evento em si, os
pregos sendo atraídos pelo ímã, constitui a esfera do efetivo. O mecanismo que causa a atração dos
pregos pelo ímã, no caso o magnetismo, encontra-se na esfera do real. A despeito da apresentação
seqüencial, e um pouco esquemática, dos estratos da realidade, estes são irredutíveis uns aos
outros e dessincronizados, de modo que o real não pode ser reduzido ao efetivo, nem o efetivo pode
ser reduzido ao empírico.
25 Ver Coase (1937, 1991).
26 Pode-se, no máximo, dizer que a firma é assimetricamente relacionada com os custos de
transação, visto que são conceitos que emergem juntos, o que não implica que a firma sempre será
a alternativa para a redução dos custos de transação.
27 Poderíamos acrescentar, não há sistema capitalista na ausência da moeda como uma mercadoria
especial e do Estado.
103
propriedades. Firmas, moeda e Estado são instituições, mas com poderes e funções
que os diferenciam. Tais instituições geram, através de sua inter-relação, um
ambiente econômico complexo e não previsível. A indeterminação do futuro, ou
incerteza, não implica que tudo é possível, apenas sinaliza que apesar dos
condicionamentos institucionais postos por decisões pretéritas, novidades podem
ocorrer, o que é característico de sistemas abertos, históricos, como é o caso do
ambiente econômico.
capturar a realidade, a questão significativa é como essas abstrações são produzidas. O mainstream
econômico sustenta a cientificidade de seus modelos “abstratos” a partir do argumento de que toda
abstração produz um corte na realidade, não podendo reproduzi-la teoricamente em sua
completude, portanto, fica justificada a produção de modelos baseados em hipóteses irrealistas.
Como a realidade jamais pode ser conhecida em sua completude (nem objetivamente, pode-se
acrescentar), as teorias não podem ser julgadas com base na objetividade de suas formulações
conceituais, o único critério de avaliação disponível é, conseqüentemente, a capacidade preditiva
das teorias (Friedman, 1981). O que Sayer está propondo é que não existe um único método de
abstração, não existe um único modo de construção teórica. Um exemplo são as distintas
concepções de firma entretidas por pós-keynesianos e Coase. Naturalmente, distintos métodos de
abstração estão fundamentados em ontologias diferentes; métodos dedutivo e/ou indutivo são
próprios de ontologias planas (realidade empírico-efetiva) e o método retrodutivo é próprio de
uma ontologia estratificada nos domínios empírico, efetivo e real (Cavalcante, 2005).
29 Interessante notar que também a NEI sofre críticas no que concerne às dificuldades de
30 Como aponta Ménard (2001), em defesa da NEI, nem todos os modelos são matemáticos.
106
Seguindo o argumento de Lawson, o desenvolvimento da ciência econômica
não pode estar subordinado às técnicas matemáticas, o que significa que
determinados elementos componentes da realidade econômica não podem ser
desconsiderados apenas pelo fato de que não são formalizáveis. Isso constituiria,
nos termos dos realistas críticos, uma falácia epistêmica, ou uma redução de
questões ontológicas a questões epistemológicas, ou a subordinação do objeto aos
instrumentos teóricos utilizados para conhecê-lo. Conforme assinala Hodgson
(1993), não é comum à ciência se definir a partir do seu conjunto de instrumentos
teóricos, em lugar do seu objeto de estudo. Isso não significa que a matemática não
possa ser utilizada em Economia, o que não é negado por nenhum dos autores
acima referidos, todavia, a matemática permanece um instrumento, não o objetivo
último da construção teórica. Essa é a diferença básica entre uma metodologia
instrumental e a crítico-realista proposta por Lawson31. Nesse ponto os mais
diversos tipos de realistas estariam de acordo.
5. Conclusão
Nas seções 2 e 3 foram apresentadas as várias ramificações tanto da
economia institucional quanto da economia keynesiana, dentre as quais foram
destacados os velhos institucionalistas e os pós-keynesianos para uma
aproximação teórica. O que nos permitiu compatibilizar essas duas escolas de
pensamento foi um compartilhamento de princípios ontológicos, que colocou pós-
keynesianos e velhos institucionalistas num mesmo programa de pesquisa
científico. A negação do funcionamento da economia como algo estático e regulado
pelo mercado na busca de estados de equilíbrio, e a proposta de teorização da
economia enquanto processo dinâmico, em que as decisões são tomadas sob
incerteza, são pontos que representam uma visão de mundo comum à pós-
keynesianos e velhos institucionalistas. Nesse sentido, a compatibilização proposta
não significa apenas o reconhecimento da importância de determinados elementos
teóricos, o que pode ser verificado entre autores da VEI e da NEI em relação às
instituições e entre pós-keynesianos e novos-keynesianos no que concerne à
moeda, mas fundamentalmente representa uma concepção comum referente à
108
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