Trabalho Keila
Trabalho Keila
Trabalho Keila
E Irmã Charlita
Consciência Negra
Prof° Keila
2023
Consciência negra
A consciência negra é, basicamente, o orgulho da cor da pele negra. A ideia foi extraída dos
movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade racial.
Muitas pessoas, erroneamente, dizem que não se deve celebrar a consciência negra, e sim
a consciência humana. Isso, no entanto, é uma ideia que pode até ter surgido com boas
intenções, mas acabou prestando um desserviço à luta contra o racismo e a favor da
igualdade racial. Historicamente a sociedade sustentou-se por meio de uma relação
desigual entre pessoas por vários fatores. Os principais fatores de desigualdade são:
● gênero;
● cor da pele;
● sexualidade;
● condição socioeconômica.
Para levar a riqueza da cultura africana ao povo afrodescendente de países colonizados por
europeus (e também para os próprios povos africanos, que ainda sofrem as consequências
do colonialismo de exploração em seu continente), o poeta e escritor martinicano Aimé
Césaire criou o termo negritude, que se tornou uma corrente literária e um movimento
cultural. A ideia é a de que há uma essência cultural (a negritude) em todos os
descendentes de africanos que sofreram a diáspora forçada por europeus. A ideia de uma
consciência negra não surge, exatamente, a partir do conceito de negritude, mas tem muito
a ver.
Para unificar o povo preto em torno de sua luta contra séculos de escravização e após a
abolição da escravatura no Brasil, passou-se a pensar em uma forma de unir a população
preta e conscientizá-la de sua cultura, da luta diária das pessoas pretas e do valor de ser
preto. O objetivo é ainda parecido com o da negritude, mas vai além, pois indica às pessoas
pretas que, apesar de elas não ocuparem muitos lugares de destaque na sociedade
dominada por pessoas brancas, elas merecem destaque por sua intensa luta.
Para filósofos existencialistas, a nossa existência precede a nossa essência. Isso significa
que é ao viver que nos criamos. Também é nesse movimento vital que criamos a nossa
consciência, que é aquela capacidade de pensar na existência e se perceber como um ser
no mundo e capaz de modificar o mundo. Tudo isso compõe uma complexa rede de
significações que nos molda enquanto seres e não é simples de ser percebida.
Para que um indivíduo que sofre a exploração contra a sua classe social, a exploração de
seu trabalho, perceba-se enquanto um ser explorado, ele precisa tomar consciência de que
o que é feito com ele não está certo. O mesmo vale para a mulher, que, para perceber que
a cultura que a colocou como um ser inferior, frágil (até mesmo um objeto dos homens) é
errada, precisa tomar consciência de que é a cultura que está errada, e não ela mesma.
Isso também se aplica para o preto: o racismo estrutural é internalizado pelas pessoas que
o sofrem, o que faz parecer normal ser historicamente discriminado. No entanto, a criação
da consciência negra na pessoa faz com que ela perceba que ela não está errada por ser
quem ela é, mas é a sociedade que está errada por discriminá-la.
Quando a pessoa preta (assim como a mulher, a população LGBTQ+, deficientes e outras
minorias historicamente discriminadas) toma consciência de seu valor e sua importância,
ela se empodera. O movimento causal contrário também acontece: quanto mais a pessoa
negra é empoderada, mais ela toma consciência de seu valor. No entanto, essa consciência
negra não é criada a partir do nada no indivíduo. É necessário que as pessoas
empoderadas mostrem para as outras pessoas que elas também podem criar essa
consciência. É necessário que a educação oferecida nas escolas seja de igualdade e que
seja ensinada a valorização da cultura negra. É necessário que sejam mostradas pessoas
negras em espaços de poder e de representatividade, como o herói preto e a heroína preta,
o presidente preto e a presidenta preta, etc.
A trajetória dos ex-escravos libertos não foi fácil. Eles não tiveram direito à terra nem a
qualquer tipo de indenização. Começaram a viver à margem da sociedade, iniciando a difícil
trajetória da população preta após a abolição em nosso país. Mesmo compondo uma
comunidade em sua maioria pobre e marginalizada, a cultura negra, com suas ricas raízes
africanas, continuou se desenvolvendo.
O grupo sofreu certa perseguição, pois, na ocasião de seu nascimento, o Brasil vivia o auge
dos chamados anos de chumbo da Ditadura Militar. No entanto, os movimentos sociais que
atuavam em defesa da população negra cresciam cada vez mais em nosso país. Em 1978,
inclusive, foi criado no Brasil o Movimento Negro Unido (MNU).
Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal de nosso país, apelidada pelo
deputado Ulysses Guimarães como Constituição Cidadã. Ela recebeu esse carinhoso
apelido por ser resultado de uma intensa consulta popular de vários setores da sociedade,
representados por deputados e por movimentos sociais que puderam participar das sessões
de criação e votação do texto constitucional. Um dos princípios estabelecidos na
constituição é a igualdade e o veto à discriminação por qualquer motivo, inclusive racial.
Em 1989 foi promulgada a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que dispõe contra o
preconceito racial, tornando a discriminação racial, de cor, de religião ou nacionalidade um
crime passível de punição penal.
Zumbi dos Palmares é tido como uma das maiores personalidades representativas da força
e da luta da população negra
em nosso país. Muito pouco se
sabe sobre a história de
Zumbi, inclusive muitos dados
são apontados como lendas.
No entanto, a
representatividade de Zumbi
coloca-o como um herói e une
a comunidade negra em prol
da defesa de seus valores e de
sua cultura.
Zumbi teria liderado por anos o Quilombo dos Palmares, um complexo de quilombos na
região da Serra da Barriga. Na época, a região pertencia à Capitania de Pernambuco,
sendo atualmente o estado de Alagoas.
brasilescola.uol.com.br