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Este estudo se propôs a verificar a avaliação da governança de TI que é realizada nas empresas
da administração pública pelo Tribunal de Contas da União (TCU), sob a ótica dos princípios da
transparência, da equidade, da prestação de contas e da responsabilidade corporativa. Esses
princípios são definidos pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) para reger
os códigos de governança corporativa das organizações. Sendo a governança de TI parte da
governança corporativa, buscou-se obter uma medida comum a ambas. Para realizar a análise, o
estudo utiliza a fundamentação teórica que subsidia os itens do levantamento identificados pelo
TCU como itens que avaliam a governança de TI. Para cada fundamentação, de cada item do
levantamento, é feita uma análise qualitativa, na busca da identificação de conceitos que os
associe com um ou mais princípios da governança corporativa definidos pelo IBGC. Os dados
utilizados são os do levantamento realizado em 2018 pelo TCU e que resultaram no Índice
Geral de Governança (iGG) de 2018 e, como parte desse, o iGovTI. Como resultado, foi
possível elaborar um mapeamento dos itens de avaliação de governança de TI que geraram o
iGovTI de 2018, por princípios de governança corporativa. O estudo identificou haver poucos
itens de verificação no levantamento relativos ao iGovTI que se relacionam aos princípios de
governança corporativa; e assim, conclui que pouco se avalia a governança de tecnologia sob a
ótica dos princípios da governança corporativa definidos pelo IBGC.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
Este estudio tuvo como objetivo verificar la evaluación de la gobernanza de TI que se realiza en
las empresas de la administración pública por el Tribunal Federal de Cuentas (TCU), desde la
perspectiva de los principios de transparencia, equidad, rendición de cuentas y responsabilidad
corporativa. Estos principios son definidos por el Instituto Brasileño de Gobierno Corporativo
(IBGC) para regir los códigos de gobierno corporativo de las organizaciones. Dado que el
gobierno de TI es parte del gobierno corporativo, buscamos obtener una medida común para
ambos. Para realizar el análisis, el estudio utiliza la base teórica que subsidia los ítems de la
encuesta identificados por TCU como ítems que evalúan la gobernanza de TI. Para cada
razonamiento, para cada ítem de la encuesta, se realiza un análisis cualitativo, buscando
identificar conceptos que los asocien con uno o más principios de gobierno corporativo
definidos por el IBGC. Los datos utilizados son los de la encuesta realizada en 2018 por TCU y
que dio como resultado el Índice de Gobernanza General (iGG) 2018 y, como parte de este,
iGovTI. Como resultado, fue posible elaborar un mapeo de los elementos de evaluación del
gobierno de TI que generaron iGovTI en 2018, basado en los principios de gobierno
corporativo. El estudio identificó que hay pocos elementos de verificación de la encuesta
relacionados con iGovTI que estén relacionados con los principios de gobierno corporativo. Por
tanto, concluye que poco se evalúa sobre la gobernanza tecnológica desde la perspectiva de los
principios de gobernanza corporativa definidos por la IBGC.
This study aimed to verify the assessment of IT governance that is carried out in public
administration companies by the Federal Court of Accounts (TCU) from the perspective of the
principles of transparency, equity, accountability and corporate responsibility. These principles
are defined by the Brazilian Institute of Corporate Governance (IBGC) to govern the
organizations' corporate governance codes. Since IT governance is part of corporate
governance, we sought to obtain a measure common to both. To carry out the analysis, the study
uses the theoretical foundation that subsidizes the survey items identified by TCU as items that
evaluate IT governance. Thus, for each survey item, a qualitative analysis was carried out,
seeking to identify concepts that associate them with one or more principles of corporate
governance defined by the IBGC. The data used are those of the survey carried out in 2018 by
TCU and which resulted in the 2018 General Governance Index (iGG) and, as part of this,
iGovTI. As a result, it was possible to elaborate a mapping of the IT governance assessment
items that generated iGovTI in 2018, based on corporate governance principles. The study
identified that there are few survey verification items related to iGovTI that are related to
corporate governance principles. Hence, it was concluded that little is evaluated about
technology governance from the perspective of the corporate governance principles defined by
the IBGC.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
1. Introdução
2. Referencial Teórico
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
Corporativa, Correa e Bortoluzzi (2015) citam que é fato que os escândalos financeiros
e a necessidade da separação de controle e propriedade motivaram o estabelecimento de
práticas, códigos, legislações por diversas organizações e governos que tem como
finalidade preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital
e contribuindo para sua longevidade (IBGC, 2009).
Centenas de estudos foram realizados nas duas últimas décadas buscando as
evidências que corroboram a ideia de que os investimentos em governança realmente
criam valor (SILVEIRA, 2014) e, segundo Silveira (2014, p.14):
A maioria dos trabalhos constata uma forte relação positiva entre a adoção de
práticas recomendadas de governança e indicadores de valor comumente
empregados pelo mercado. Em outras palavras, observa-se que empresas com
práticas superiores de governança tendem a ser negociadas a um prêmio em
relação aos seus pares.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
O iGovTI, todavia, não deve ser percebido como uma medida precisa da
capacidade de governança e de gestão de TI de uma dada organização, haja
vista que o questionário, apesar de abrangente, não é capaz de contemplar
todas as variáveis que influenciam nessa avaliação (BRASIL, 2017a, p.8).
Tendo como um dos pilares o modelo de boas práticas COBIT, a partir de 2012
as questões do levantamento objetivaram deixar mais clara a distinção entre governança
e gestão de TI (BRASIL, 2017b).
A partir de 2017, é realizado pelo TCU o levantamento da governança pública
(órgãos e entidades integrantes da APF) com o objetivo de “obter e sistematizar
informações sobre a situação de governança pública e gestão de tecnologia da
informação (TI), contratações, pessoas e resultados” (BRASIL, 2017b, p. 1). É instituído
assim o Índice Integrado de Governança e Gestão (iGG), formado pelos índices de:
governança pública; gestão de pessoas; gestão de TI; e gestão de contratações (BRASIL,
2017b). O levantamento contemplou 488 organizações, como apresenta a Figura 1.
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70%
60%
Total 488 organizações Inicial
50% 58%
40%
Intermediário
30% 39%
20%
Aprimorado
10%
3%
0%
iGG ano 2017
3. Procedimentos Metodológicos
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
propõem neste estudo, ou seja, cada um dos princípios da governança corporativa, tal
como definido pelo IBGC, a saber: a transparência, a equidade, a prestação de contas e a
responsabilidade corporativa. A classificação, com base no referencial teórico de cada
item do levantamento, tendo isolado os elementos- chave desta pesquisa, está assim de
acordo com as atividades propostas por Bardin (2011) para a categorização escolhida.
Assim, para cada item do levantamento foram relacionadas e analisadas todas as
referências indicadas pelo TCU, na busca de identificar se e qual princípio da
governança corporativa subsidia o item. As referências foram agrupadas em referências
Cobit e não-Cobit. A justificativa para essa divisão deve-se ao fato que o modelo de
boas práticas Cobit possui uma estrutura bem definida que inclui a identificação do
princípio para cada prática descrita no modelo. Assim, a partir da documentação do
Cobit para cada prática, extrai-se a referência da mesma. Espera-se, dessa maneira, com
o princípio associado a cada prática, obter o princípio que fundamentou cada item do
levantamento do iGovTI por derivação, e, assim, ter condições para a análise. Para os
itens do levantamento que estão subsidiados em legislações ou em um conjunto amplo
de referências, foi feita análise de conteúdo das descrições de cada referência e, quando
possível, associados às categorias predefinidas. A Figura 2 abaixo vem esquematizar
essa explicação.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
4. Análise
O iGG de 2018 foi composto por 30 questões e, dentro delas, 100 itens de
verificação. As perguntas são fundamentadas em boas práticas citadas na literatura e
compõem uma fórmula que contabiliza, por agregador, os itens de verificação. As
fundamentações teóricas de cada item de verificação, assim como as fórmulas, estão
disponíveis para consulta de forma organizada e de fácil acesso no site do TCU.
Em relação à governança de TI, o levantamento de 2018 abrangeu itens de
verificação que resultaram nas medições de governança de TI, de gestão de TI e pela
composição dos dois, no índice de governança de TI - iGovTI. A fórmula apresentada
pelo TCU incorporou componentes do modelo de gestão de TI, monitoramento e
avaliação da gestão da TI e os resultados da TI (BRASIL, 2019). Ou seja, o iGovTI é
parte do iGG. O agregador GovernancaTI e o agregador GestãoTI compõem o iGovTI,
que é tratado como o índice de governança de TI.
O TCU, então, adota em todo o trabalho o termo AGREGADOR, que vem
designar um conjunto de questões ou itens de verificação agrupados para mensurar uma
prática (BRASIL, 2019c). Os agregadores que são observados nesse estudo são os
relacionados ao índice, distribuídos conforme o Quadro 3, com o seguinte significado:
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
GovernancaTI
ModeloTI MonitorAvaliaTI ResultadoTI
Alta administração Capacidade em Capacidade em
AGREGADOR estabelece modelo de gestão monitoramento do resultados de TI
de tecnologia da informação desempenho de TI
5121. A organização assegura que os serviços acessíveis via internet atendam aos padrões de
interoperabilidade, usabilidade e acessibilidade aplicáveis à organização.
5122. A organização realiza pesquisas de satisfação dos usuários dos serviços públicos prestados em
meio digital, propiciando a avaliação desses serviços.
a) a organização utiliza os resultados dessas pesquisas de satisfação como subsídio para promover
melhoria na prestação dos serviços;
b) a organização assegura que os resultados dessas pesquisas de satisfação sejam amplamente
divulgados aos usuários;
5123. A organização definiu metas para a ampliação da oferta de serviços públicos prestados em meio
digital.
5124. A organização assegura que os novos serviços sejam concebidos para serem prestados
prioritariamente em meio digital.
5125. A organização definiu metas para simplificação do atendimento prestado aos usuários dos
serviços públicos digitais.
Fonte: Brasil (2018).
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
O Quadro 4 é uma extração resumida das referências citadas pelo TCU para os
itens do levantamento relativo ao agregador GovernançaTI.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
LEVANTAMENTO
FUNDAMENTAÇÃO
IGG/GOVTI
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
Análise:
Essa lei vem ao encontro do princípio da transparência, definido pelo IBGC como a prática
das organizações em informar de maneira clara e completa as suas atividades, resultados, ações,
comprometimentos e todos os atos, tal que esses permitam amplo, completo e único entendimento de
seus atos de gestão e resultados, indo além do que preconiza a legislação.
Análise:
Observa-se que essa lei está relacionada à possibilidade de acesso e reinvindicações de
direitos dos usuários de serviços públicos, a ser garantidos por meio de ouvidorias. Na definição do
IBGC, alinhado à definição da OCDE, a equidade é provida pela proteção dos direitos dos usuários ou
acionistas, de forma equitativa, independente de condições econômicas.
A obrigatoriedade de publicitar, por meio da carta de serviços ao cidadão, as informações
dos serviços das organizações públicas, além de seus dados numéricos, é pertinente ao princípio da
transparência. A transparência é definida pelo IBGC como a prática das organizações em informar de
maneira clara e completa, as suas atividades, resultados, ações, comprometimentos e todos os atos, tal
que esses permitam amplo, completo e único entendimento de seus atos de gestão e resultados, indo
além do que preconiza a legislação.
O TCU baseia-se nessa lei para formular sua verificação em relação aos resultados da
organização. A possibilidade de uniformidade de serviço, de forma indistinta, possibilita o acesso de
forma equitativa aos recursos de cada órgão, conforme o que se depreende do seu Artigo 4.
Análise:
A carta de serviços ao cidadão é um instrumento que visa informar de forma ampla os
serviços prestados por uma empresa ou organização pública. Está diretamente ligada à transparência de
que atividades deve realizar. A transparência é definida pelo IBGC como a prática das organizações em
informar de maneira clara e completa, as suas atividades, resultados, ações, comprometimentos e todos
os atos, tal que esses permitam amplo, completo e único entendimento de seus atos de gestão e
resultados, indo além do que preconiza a legislação.
O princípio da transparência foi atribuído devido à obrigatoriedade de publicitar, por meio
da carta de serviços ao cidadão, as informações dos serviços das organizações públicas, além de seus
dados numéricos.
No entanto, observa-se que o decreto foi revogado pelo Decreto nº 9.094, de 2017.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
PRINCÍPIO 1- Responsabilidade
Análise:
O princípio da responsabilidade corporativa se refere à forma de atuar na organização, de
maneira a manter e melhorar as condições sustentáveis da organização, em termos financeiros,
mitigando os riscos representados pelos fatores adversos, com vistas ao curto e médio e longo período
(IBGC, 2018, p.20-21). O princípio estabelecido na ISO 38500:2018 encontra, na definição do IBGC,
um alinhamento conceitual, tendo como interseção preconizar o comportamento responsável de acordo
com as atividades na organização.
PRINCÍPIO 2–Estratégia
Análise:
As metas organizacionais são realizadas por meio de planos, onde a presença ou ausência
das capacidades da TI irá influenciar no alcance dos resultados. Governar recursos estratégicos exige
direção e supervisão de alto nível, posto implicar nos resultados da empresa. O princípio da
responsabilidade corporativa se refere à forma de atuar na organização, de maneira a manter e melhorar
as condições sustentáveis da organização, em termos financeiros, mitigando os riscos representados
pelos fatores adversos, com vistas ao curto e médio e longo período (IBGC, 2018). Observa-se o
alinhamento conceitual preconizado nesse princípio da ISO38500:2018 com o princípio da
responsabilidade corporativa.
PRINCÍPIO 3-Aquisições
Análise:
A norma ISO, no seu princípio Aquisições, estabelece de forma mais específica a
necessidade de um comportamento responsável e sustentável perante a organização, e assim encontra,
na definição do IBGC, um alinhamento conceitual, tendo como interseção preconizar o comportamento
responsável de acordo com as atividades, na organização.
PRINCÍPIO 4-Desempenho
Análise:
Na especificação do princípio 4-Desempenho, da norma ISO 38500, não foi identificada
uma associação com os princípios da governança corporativa, definidos pelo IBGC.
PRINCÍPIO 5-Conformidade
Análise:
Estar em conformidade legal é uma atividade de eliminar um risco organizacional. As
práticas que levem à mitigação de riscos estão associadas ao princípio da responsabilidade corporativa,
alinhado ao conceito definido pelo IBGC, quando esse preconiza o comportamento responsável de
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
Análise:
A fundamentação informada pelo TCU destaca a página 136, que preconiza a existência de
instâncias dentro da organização a fim de realizar auditoria interna para examinar, avaliar e reportar as
situações encontradas, além de realizar recomendações. A atividade de análise de riscos é essencial
para as organizações, sendo associada ao princípio de responsabilidade corporativa. Mitigar riscos
organizacionais está associado ao princípio da responsabilidade corporativa, quando o IBGC preconiza
o comportamento responsável de acordo com as atividades na organização.
Análise:
O artigo 1º desse decreto vem explicitar as finalidades do mesmo. Alguns dos demais
artigos, que continham as diretrizes e regras de como a política deveria ser implantada no âmbito do
Governo Federal, foram revogados posteriormente. No entanto, com alguns artigos ainda em vigor,
com base na declaração de finalidade, identifica-se o alinhamento conceitual do seu item III com o
princípio da transparência, quando o IBGC a define como a prática das organizações em informar, de
maneira clara e completa, as suas atividades, resultados, ações, comprometimentos e todos os atos, tal
que esses permitam amplo, completo e único entendimento de seus atos de gestão e resultados, indo
além do que preconiza a legislação.
Análise:
O conjunto de recomendações, que foram elaboradas com base em um documento
internacional, tem o foco na acessibilidade digital, como uma iniciativa para redução da desigualdade.
Encontra-se nessa premissa o alinhamento conceitual com o princípio da equidade, quando o IBGC a
define como provedora de proteção dos direitos dos usuários ou acionistas, de forma equitativa,
independente de condições econômicas (ou sociais).
Análise:
Organizada no grupo accountability, no guia de referência do TCU, essa recomendação
específica do COSO vem tratar de definição de comitês e auditoria. Encontra-se nessa premissa o
alinhamento conceitual com o princípio da responsabilidade corporativa, quando o IBGC preconiza o
comportamento responsável de acordo com as atividades na organização
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
Análise:
Organizadas no grupo accountability, no guia de referência do TCU, essas recomendações
vêm tratar de definição de comitês e auditoria. Encontra-se nessas premissas o alinhamento conceitual
com o princípio da responsabilidade corporativa, quando o IBGC preconiza o comportamento
responsável de acordo com as atividades na organização.
Com base nas referências das questões e seus respectivos itens do levantamento
de governança e gestão públicas para o ano de 2018 e apresentados no Quadro 4, nas
análises de conteúdo das referências não-Cobit elaboradas no Quadro 5 e na
documentação do Cobit que indica o princípio de cada objetivo, foi elaborado o Quadro
6. Este quadro vem apresentar e organizar, de forma resumida, as referências de cada
item do levantamento do iGG de 2018 relativas a questões de GovernancaTI, agrupadas
por cada um dos princípios da governança corporativa adotados no presente estudo.
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A avaliação da governança de TI da administração pública sob a ótica dos princípios da governança corporativa
LEVANTA PRINCÍPIOS
MENTO PRESTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
TRANSPARÊNCIA EQUIDADE
IGG/GOVTI CONTAS CORPORATIVA
Lei nº
13.460/2017
5121 Lei nº Lei nº 13.460/2017
12.527/2011
ePing
Decreto nº 8.414
Lei nº13460/2017
Decreto
5122 nº6.932/2009 Lei nº 13.460/2017
Decreto nº
8.638/2016
5123 Lei nº
Lei nº 13.460/2017
13.460/2017
eMag
Lei nº
5124 13.460/2017 Lei nº 13.460/2017
Decreto nº
8.638/2016
5125 -x- -x- -x- -x-
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5. Considerações Finais
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