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Economia - 11 Classe

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TEXTO DE APOIO PARA OS ALUNOS

2º Ciclo

ECONOMIA
ECONOMIA 11
TEXTO DE APOIO PARA OS ALUNOS
11ª Classe - 2º Ciclo
Índice
Pág
1. Os Agentes Económicos e o Circuito Económico 4
1.1. O Circuito Económico 4
1.2. Equilíbrio entre Recursos e Empregos 8
Exercícios 8

2. A Contabilidade Nacional 9
2.1. Sectores Institucionais e os Ramos de Actividade 9
2.2. A Conta da Produção do Sector Empresas 12
2.3. Cálculo do Valor da Produção 13
2.4. Cálculo da Produção pela Óptica do Produto 14
2.5. Cálculo da Produção pela Óptica do Rendimento 17
2.6. Cálculo da Produção pela Óptica da Despesa 18
2.7. Limitações à Contabilidade Nacional 19
Exercícios 21

3. Relações económicas com o Resto do Mundo 22


3.1. A Necessidade e a Diversidade das Relações Internacionais 22
3.2. O Registo das Relações com o Resto do Mundo
– A Balança de Pagamentos 23
(os dados aqui apresentados do Banco de São Tomé e Príncipe
são fictícios e apenas servem como demonstração) 23
3.3. A Balança Corrente 24
3.4. A Balança de Capital 28
3.5. A Balança Financeira 29
3.6. Balança de Pagamentos 30
3.7. As políticas comerciais e a Organização do Comércio Mundial (OCM) 31
3.8. As relações de São Tomé e Príncipe com o Resto do Mundo 32
Exercícios 33

4. Funções e organização do Estado 34


4.1. A Intervenção do Estado na Actividade Económica 36
4.2. Instrumentos de Intervenção Económica e Social do Estado 38
4.3. Políticas Económicas e Sociais 41
4.4. Algumas das Políticas Económicas e Sociais do Estado 42
4.5. As políticas Económicas e Sociais do Estado Santomense 46
Exercícios 46

5. Empreendedorismo e Inovação 47
5.1. Empreendedorismo e Inovação - Introdução 47
5.2. Empreendedorismo, noções e conceitos 48
5.3. Inovação, noção e conceitos 50
Tipologias e classificações de inovação 52
5.4. Plano de Negócios 53
1. OS AGENTES ECONÓMICOS E O CIRCUITO
ECONÓMICO
1.1. O CIRCUITO ECONÓMICO
 A actividade económica e os agentes económicos
Actividade económica – conjunto das funções de produção,
consumo, distribuição, acumulação, repartição e troca.
É possível caracterizar a actividade económica como o conjunto das tarefas que asseguram a existência de uma
população, nomeadamente através da produção de bens e serviços, da repartição do rendimento criado nessa
produção, da utilização de parte desse rendimento em consumo e na aplicação da parte do rendimento não
utilizado – a poupança – em investimento, para garantir, no futuro, nova produção.

 Agentes económicos e funções / operações económicas


Agentes económicos – são todos os que intervêm na actividade económica.
Os agentes económicos, no exercício das suas funções, dão origem a interacções que correspondem a
operações económicas.

EXEMPLOS DE FUNÇÕES ECONÓMICAS OPERAÇÕES ECONÓMICAS

Produção, troca e utilização de bens e serviços:


 Produção Operações sobre bens e serviços
 Distribuição
 Consumo
Distribuição do valor criado:
 Distribuição/recebimento de salário Operações de repartição
 Pagamento/recebimento de impostos
 Distribuição/recebimento de subsídios
Alteração do valor detido:
 Depósitos bancários Operações financeiras
 Empréstimos
 Aplicações financeiras
 Investimento

Agente económico é uma entidade com autonomia e capacidade para:


 Realizar operações económicas, tomando decisões;
 Deter valor económico (ter a propriedade de património liquido, activos reais, activos financeiros e
passivos.

 Principais agentes económicos


Agentes económicos e funções desempenhadas
4
Agentes Principais funções

Famílias Consumir

Empresas não Financeiras Produzir bens e serviços não financeiros

Satisfazer as necessidades colectivas e redistribuir o


Estado/Administração Pública rendimento

Instituições Financeiras Prestar serviços Financeiros

Resto do Mundo Trocar bens, serviços e capitais

Quando nos referimos a um agente económico em particular, estamos a falar de um micro-agente, ou agente
económico elementar (ex: Banco Equador); já quando nos referimos ao conjunto de agentes que desempenham
a mesma função, estamos a falar de macro-agentes , ou agentes agregados (ex: instituições financeiras de uma
economia).

 Fluxos reais e fluxos monetários


Às relações entre agentes económicos chamamos fluxos que, consoante a sua natureza, podem classificar-se em
fluxos reais ou fluxos monetários.
→ Fluxos Reais
Fluxos reais - Representam as interacções materiais realizadas entre os agentes económicos (as Famílias cedem
trabalho e capital às Empresas e estas disponibilizam bens e serviços às Famílias).
Os fluxos reais representam as entregas e recebimentos que se processam entre os agentes económicos de
forma material ou “palpável”.
Estes fluxos têm o inconveniente de terem uma escassa utilidade, pela impossibilidade de se proceder a
qualquer comparação quando estes não se encontram expressos numa mesma unidade.
→ Fluxos monetários
Fluxos monetários - Os fluxos monetários representam a contrapartida em valor monetário dos respectivos
fluxos reais (x milhões de euros para salários e x milhões de euros em bens e serviços produzidos).

5
 O circuito económico
Circuito económico – é um quadro descritivo do conjunto das operações económicas que têm lugar entre
agentes económicos, durante um certo período.
As operações realizadas traduzem-se em fluxos que representam os diferentes tipos de interacções a que os
agentes económicos dão origem.
Para conseguir uma mais fácil apreensão do significado dos fluxos existentes, é possível proceder à sua
representação gráfica num esquema que designamos por circuito económico e que corresponde a uma forma
simplificada de representação da actividade económica de uma região ou país.
No circuito económico são, assim representadas as relações económicas que se estabelecem entre os vários
agentes económicos: Famílias, Empresas não Financeiras, Instituições Financeiras, Estado (Administração
Pública) e o Resto do Mundo.

A – As Famílias e os outros agentes económicos

 As Famílias e as Empresas não Financeiras


- As Famílias recebem das Empresas não Financeiras ordenados ou salários, como renumeração pelo trabalho
prestado; rendas, pela cedência de prédios urbanos ou rústicos e lucros resultantes de investimentos
anteriormente feitos;
- As Famílias entregam às Empresas não Financeiras os valores monetários equivalentes às despesas de
consumo que realizam, com vista à aquisição de bens e ao investimento nessas Empresas.
 As Famílias e as Instituições Financeiras
- Um fluxo que dá entrada nas Instituições Financeiras e que representa, fundamentalmente depósitos
bancários, prémios respeitantes a seguros e juros dos empréstimos;
- Outro fluxo, em sentido inverso, que representa as indemnizações devidas pela ocorrência dos
acontecimentos que foram objecto dos seguros, os juros pagos às Famílias pelos depósitos feitos, os ordenados
pela prestação de trabalho e os empréstimos pedidos.
 As Famílias e o Estado
O Estado tem como principal função a satisfação das necessidades colectivas, precisando, para tanto, de obter
meios financeiros que sirvam de suporte às actividades que tem de desenvolver. Estes meios conseguem-se
através de impostos.
- O fluxo que dá entrada nas Famílias, relativo aos vencimentos pagos aos funcionários públicos e aos subsídios
concedidos (pensões, abonos de família, etc.);
- O fluxo saído das Famílias que respeita os impostos e às contribuições para a Segurança Social.

B – As Empresas não Financeiras e os outros agentes económicos

 As Empresas não Financeiras e as Instituições Financeiras


- As Empresas não Financeiras recebem das Instituições Financeiras os fluxos monetários relativos a
investimentos, juros dos depósitos, empréstimos e indemnizações pelos valores segurados;
- As Empresas não Financeiras efectuam depósitos nas Instituições Financeiras, entregando-lhes também juros e
os valores correspondentes à amortização dos empréstimos contraídos, lucros e prémios de seguros.

6
 As Empresas não Financeiras e o Estado
As Empresas não Financeiras são o principal agente económico produtor de bens e serviços e, por isso,
estabelecem-se importantes relações entre elas e o Estado.
- As Empresas não Financeiras recebem valores monetários do Estado correspondentes não só às compras
efectuadas (consumo), mas também a subsídios concedidos à produção de bens e serviços considerados
essenciais e que, por isso, devem ser acessíveis a toda a população.
- As Empresas não Financeiras entregam volumosos meios financeiros ao Estado, sob a forma de impostos e de
contribuições para a Segurança Social.

C – As Instituições Financeiras e os outros agentes económicos

 As Instituições Financeiras e o Estado


As relações entre esses agentes são decisivas para o desenvolvimento da actividade económica, pois as
Instituições Financeiras podem funcionar como motor ou travão de todo o processo produtivo, através da
mobilização mais ou menos eficiente das poupanças, das políticas de crédito e de investimento, etc.
- A entrada nas Instituições Financeiras de depósitos feitos pelo Estado, de prémios de seguros pagos e de juros
e amortizações de empréstimos recebidos;
- A saída das Instituições Financeiras de valores relativos a impostos, juros, indemnizações e empréstimos, etc.

D – O Resto do Mundo e os outros agentes económicos


Economia fechada – economia sem relações económicas com o Resto do Mundo.
Economia aberta – economia com relações económicas com o Resto do Mundo.
 O Resto do Mundo e as Empresas não Financeiras
- A entrada, neste agente económico, de um fluxo monetário correspondente ao valor das exportações feitas;
- A saída para o Resto do Mundo de outro fluxo monetário, correspondente ao valor das importações
realizadas.
 O Resto do Mundo e as Instituições Financeiras
Mercado de Factores Produtivos – procura e oferta de Trabalho e Capital.
Mercado de Bens e Serviços – procura e oferta de Bens e Serviços.
Mercado Financeiro – procura e oferta de recursos financeiros.

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1.2. EQUILÍBRIO ENTRE RECURSOS E EMPREGOS
 O equilíbrio macroeconómico
Podemos identificar numa economia os fluxos que representam os recursos dessa economia e a forma como
são utilizados – os empregos. Se monetarizarmos esses recursos e empregos, obteremos o valor do produto
nacional, do rendimento do país e dos seus empregos – a despesa.
Estaremos agora aptos a compreender que este circuito traduz uma situação de equilíbrio económico entre
recursos e empregos.
As unidades de consumo adquirem o que as unidades de produção produzem, havendo assim, uma entidade
entre o valor do produto nacional e o valor da sua utilização.
Produto = Despesa
Da mesma forma, os rendimentos que são entregues pelas unidades de produção às unidades de consumo não
poderão deixar de ter um valor idêntico às despesas efectuadas pelas unidades de consumo.
Rendimento = Despesa
Assim,
Rendimento = Despesa = Produto
O equilíbrio económico deve traduzir-se no facto de os fluxos monetários que dão entrada em qualquer agente
deverem apresentar, em conjunto, um valor igual ao dos fluxos monetários que dele saem.

 O equilíbrio entre os agentes económicos num sistema de contas


Equilíbrio económico – Igualdade entre os recursos e empregos, em cada agente e no conjunto da economia.

EXERCÍCIOS:
1. O que são agentes económicos?
2. Quais são as categorias homogéneas de agentes económicos, respectivos recursos e funções.
3. Diferencie circuito de Fluxos Reais do de Fluxos Monetários e dê exemplos.
4. Elabore um circuito completo entre FAMÍLIAS e EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS, com os seguintes dados:
Famílias prestaram trabalho às empresas no valor de l0 000 000 Dbs e investiram nelas capital no valor de
5 000 000 Dbs e depois receberam salários (3 000 000 Dbs), Juros (l 000 000 Dbs), e fizeram despesas em
compras de bens (2 000 000 Dbs), que tinham sido disponibilizados pelas empresas no Valor (3 000 000
Dbs).
5. Uma família recebeu de ordenados (800 000 Dbs), vencimentos (500 000 Dbs) e reformas (400 000 Dbs).
Fez os seguintes gastos: compras de bens e serviços (1 300 000 Dbs) e pagou Impostos (200 000 Dbs). Faça
a respectiva conta e que conclusões obteve.

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2. A CONTABILIDADE NACIONAL
Diariamente ouvimos expressões como “o crescimento do PIB”, a
“despesa interna” ou o “rendimento nacional” e questionamo-
nos acerca da sua proveniência. Para responder a estas dúvidas
recorre-se à Contabilidade Nacional.
A Contabilidade Nacional é um conjunto de técnicas e operações
que procuram fornecer, de uma forma simplificada e quantificada,
a representação da actividade económica de determinado país,
durante um determinado período de tempo, em regra, um ano.
Este instrumento estatístico procura fornecer uma representação
sintética da realidade económica do país em causa, o que se torna
indispensável a todos os responsáveis das decisões económicas.

Os objectivos da contabilidade nacional são os seguintes:


- Proporcionar informação para comparação entre economias
- Efectuar comparações no tempo e no espaço
- Fornecer dados necessários à previsão económica e à tomada de decisão
- Analisar circuitos económicos e prever as suas consequências

2.1. SECTORES INSTITUCIONAIS E OS RAMOS DE ACTIVIDADE


As unidades institucionais são os centros de decisão económica que dispõem de autonomia
de decisão relativamente à sua função principal de contabilidade, isto é, de documentos relativos às operações
realizadas. Esta autonomia relaciona-se com o exercício da sua actividade e com a percepção e distribuição do
seu rendimento. Assim, as famílias, por exemplo, não dispõem de contabilidade completa, mas constituem
centros de decisão, são autónomas relativamente às suas decisões sobre o consumo. As unidades institucionais
caracterizam-se, pois, pela autonomia de decisão e gestão.

Os sectores institucionais agrupam unidades institucionais que têm comportamentos análogos,


tendo em conta a sua função principal. Com efeito, podemos analisar decisões de consumo, de
poupança, de acumulação, etc.
Deste modo, é com base na função principal, na natureza e na origem dos recursos que se faz a afectação
dessas unidades institucionais a um determinado sector institucional.

Os sectores institucionais são sete:


→ Sociedades e quase sociedades não financeiras
Neste sector agrupamos as unidades residentes cuja função económica principal é produzir bens e serviços não
financeiros. Os seus recursos têm origem na venda da produção efectuada. Este sector pode dividir-se em dois:
as sociedades e quase sociedades públicas e as sociedades e quase sociedades privadas.

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→ Instituições de Crédito
Este sector é constituído por unidades institucionais residentes cuja função principal é financiar, ou seja,
conceder crédito através da captação de poupanças. Este sector divide-se em dois subsectores: as Instituições
de crédito monetário e Instituições de crédito monetário. Os seus principais recursos são os depósitos e os
fundos provenientes dos empréstimos.
→ Empresas de Seguros
Este sector agrupa as unidades cuja função principal é segurar, isto é, transformar os riscos individuais em riscos
colectivos. Os seus recursos são constituídos, principalmente, por prémios de seguros.
→ Administração Pública
Neste sector, agrupam-se as unidades cuja função económica principal consiste quer na produção de serviços
não mercantis, quer na repartição do rendimento ou do património nacional. Os seus recursos provêm dos
impostos ou de quotizações obrigatórias pagas pelas outras unidades institucionais. Este sector decompõem-se
em três subsectores: Administração Pública Central, que compreende o Estado e todos os organismos que dele
dependem, como por exemplo os Ministérios, a Administração Pública Local, que tem por função receber
quotizações sociais e distribuir prestações sociais.
→ Administrações Privadas
Neste sector, agrupam-se unidades muito diversas, como por exemplo, sindicatos, partidos políticos,
associações de consumidores, associações culturais e desportivas, etc.
Estas associações têm por função produzir serviços, mas o seu objectivo não é lucrativo. Os seus recursos têm
origem nas contribuições voluntárias dos seus associados ou nos seus recursos próprios, provenientes, por
exemplo, de doações. Todas estas instituições têm personalidade jurídica.
→ Famílias (e empresas individuais)
Este sector, como já vimos, tem por função principal o consumo. Contudo, também a produção pode ser,
eventualmente, a sua função principal quando se trata de empresas em nome individual. Este sector agrupa
tanto os indivíduos que pertencem aos agregados familiares, como aqueles que se encontram em instituições,
como, por exemplo, os internatos, os lares de 3ª idade, etc. Do mesmo modo se integram neste sector as
empresas em nome individual. Os seus recursos resultam das remunerações pagas pelos outros sectores
institucionais. Quando organizadas em empresas individuais, os seus recursos são os provenientes das receitas
das vendas.
→ Resto do Mundo
Não se trata de um sector institucional no verdadeiro sentido do termo, mas inclui todos os fluxos entre
unidades institucionais residentes e não residentes.

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11
Ramos de actividade
As actividades económicas podem ser repartidas pelos sectores de actividade: primário, secundário e terciário.
No domínio da Contabilidade Nacional, as actividades produtivas agrupam-se, de acordo com as características
dos bens e serviços produzidos, segundo os diversos ramos de actividade. Assim, os ramos de actividade são
constituídos por unidades de produção homogéneas, isto é, unidades que produzem bens e serviços com as
mesmas características e através de processos de produção análogos. Em Portugal existem 49 ramos de
actividade definidos pelas contas nacionais.

2.2. A CONTA DA PRODUÇÃO DO SECTOR EMPRESAS


Esta conta tem como recursos o valor da produção ao preço de mercado e como empregos os consumos
intermédios necessários para realizar essa produção. Assim, mostra-nos a ligação que existe entre a produção e
o consumo intermédio de bens e serviços necessários para obter essa produção.
Deste modo, esta conta é estabelecida por ramos de actividade.

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Assim, o saldo desta conta é o Valor Acrescentado Bruto (V.A.B.) que é constituído pela contribuição das
unidades produtivas para o Produto Interno Bruto (P.I.B.).

2.3. CÁLCULO DO VALOR DA PRODUÇÃO


O valor da produção realizada num país, num determinado período de tempo, é um indicador da maior
importância, pois é a partir da produção que se inicia o processo de criação da riqueza.
O cálculo do valor da produção pode ser efectuado a partir de três ópticas diferentes:
- óptica do produto; - óptica do rendimento; - óptica da despesa.
O valor da produção é sempre o mesmo, qualquer que seja a óptica utilizada para o seu cálculo.

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2.4. CÁLCULO DA PRODUÇÃO PELA ÓPTICA DO PRODUTO
Ao realizar o cálculo da produção pela óptica do produto ficamos a conhecer o contributo de cada ramo para o
conjunto da economia.
O cálculo do valor da produção pela óptica do produto apresenta uma dificuldade: o problema da múltipla
contagem, que resulta do facto do valor de produção de um determinado bem poder ser registado duas ou
mais vezes.
Para ilustrar este problema, consideremos o seguinte exemplo:
A produção de pão do país X está concentrada em três empresas:
- cooperativa agrícola, que vendeu o trigo à empresa de moagem por 1500 euros
- empresa de moagens que vendeu a farinha à pastelaria por 2200 euros
- pastelaria que produziu e comercializou o pão ao consumidor final por 3000 euros
Ao contabilizarmos o valor total das várias produções (1500+2200+3000) estamos a cometer o erro da múltipla
contagem. O valor da produção do pão é de 3000 euros já que a farinha destinada ao fabrico do pão é um bem
intermédio, cujo valor será incorporado no valor do queijo.
Para evitar este erro de duplicação na determinação do valor da produção podem ser utilizados dois métodos:
- método dos valores acrescentados
- método dos produtos finais

Método dos valores acrescentados:


Através deste método só se contabiliza o valor acrescentado de cada unidade produtiva, ou seja, a diferença
entre os valores das vendas e os valores das compras que foram necessários efectuar para conseguir realizar a
produção.
Comecemos então por construir um conjunto de contas onde são registados os respectivos empregos e recursos
para cada unidade produtiva.

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O valor do produto resulta da soma dos valores acrescentados de todas as unidades produtivas.
No caso deste exemplo teríamos:
- Valor acrescentado pela cooperativa agrícola = 1500 euros (admitindo consumos intermédios nulos)
- Valor acrescentado pela empresa de moagens = 700 euros (2200-1500)
- Valor acrescentado pela pastelaria = 800 euros (3000-2200)
O valor do produto corresponderia ao somatório dos valores acrescentados => 1500+700+800 = 3000 euros

Método dos produtos finais:


Através deste método só se contabiliza o valor dos bens que não voltam a ser transaccionados, ou seja, não são
considerados os bens de consumo intermédio. Para tal é necessário identificar todos os bens de consumo final
produzidos num país durante determinado período de tempo.
Posteriormente somam-se todos os bens de consumo final.
No caso do exemplo apresentado o único produto final é o pão, cujo valor é de 3000 euros.
Qualquer que seja o método utilizado, o valor final será o mesmo. Assim pode concluir-se que o somatório dos
valores acrescentados de todos os ramos de actividade é igual ao valor do conjunto de todos os bens finais
produzidos num país.

Produto a Custo de Factores e Produto a Preços de Mercado


A contabilização do valor do produto varia com o preço a que esse valor é calculado. Assim, podemos considerar
os seguintes preços:
- preços a custo de factores
- preços de mercado
No primeiro caso calcula-se o valor da produção com base nos custos de produção. No segundo caso, a
produção é calculada com base nos preços de venda. De facto, para além do preço dos custos de produção, o
Estado lança impostos sobre este preço (preço de custo): é o caso dos impostos indirectos. No entanto, também
pode conceder subsídios a determinadas produções que considera essenciais, para que o preço de venda desses
bens se torne acessível à população mais carenciada.
Assim, o produto a preços de mercado (Ppm) traduz-se pela igualdade seguinte:

Ti – impostos indirectos ou sobre o consumo


Por outro lado, o produto a custo de factores pode ser explicitado através da igualdade que se segue:

Neste caso, os valores da produção (a custo de factores), não podem incluir os impostos indirectos. Por outro
lado, no caso de existirem subsídios à produção, estes terão de ser adicionados de forma a obtermos o valor do
custo real da produção.

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Produto Interno e Produto Nacional
O Produto Interno corresponde ao valor da produção realizada no território económico nacional, isto é, tem por
base um critério espacial. Deste modo, o Produto Interno de um país engloba a produção realizada a partir dos
factores produtivos quer nacionais, quer estrangeiros, desde que a produção tenha lugar no território
económico nacional. Assim o Produto Interno não inclui o saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo. Este
saldo resulta da diferença entre rendimentos dos factores produtivos vindos do exterior (Rendimentos do Resto
do Mundo) e os rendimentos dos factores produtivos pagos ao exterior (Rendimentos para o Resto do Mundo).

O Produto Nacional corresponde à produção realizada pelas unidades institucionais residentes, qualquer que
seja o espaço económico em que essa produção seja efectuada. O Produto Nacional tem por base, pois, o
critério de residente.
Tomemos agora como exemplos as seguintes situações, para ilustrar estes dois conceitos:
- Uma empresa de construção civil residente em São Tomé e Príncipe que esteja a operar em Angola. O valor
acrescentado por esta empresa inclui-se no Produto Interno Angolano, uma vez que a produção se realiza no
território económico Angolano. Mas, por outro lado, inclui-se no Produto Nacional de São Tomé e Príncipe o
correspondente aos rendimentos que vêm para São Tomé e Príncipe.
- Uma empresa estrangeira não residente que explora uma roça em São Tomé e Príncipe. O valor acrescentado
por esta empresa inclui-se no Produto Interno santomense; contudo, os rendimentos provenientes dos factores
produtivos são enviados para o país de origem, logo fazem parte do Produto Nacional desse país e têm que ser
subtraídos ao Produto Nacional santomense.
De facto, o Produto Nacional tem origem nas unidades institucionais residentes e nele inclui-se o saldo dos
rendimentos do Resto do Mundo.
Assim, podemos traduzir o Produto Nacional pela igualdade que se segue:

Produto Bruto e Produto líquido


O cálculo do valor da produção pode ainda ser realizado tendo em conta o valor líquido, ou seja, o valor bruto
menos o montante que se tem de por de lado em cada ano para repor a capacidade produtiva
Assim, podemos traduzir o Produto líquido pela igualdade seguinte:

Produto a preços correntes e produto a preços constantes


Quando se pretende efectuar comparações sobre a evolução do valor do produto em vários anos, põe-se o
problema dos preços através dos quais é efectuado o cálculo do valor da produção. De facto, as comparações
temporais podem induzir-nos em erro na avaliação dos níveis de produção. Com efeito, se considerarmos para
cálculo do produto os preços correntes, isto é, os que vigoram no mercado, podemos verificar neste período
variações nos preços motivadas, nomeadamente, pela inflação. Neste caso, os valores calculados podem dar-
nos a ilusão de que houve uma variação do volume da produção sem que esta tenha existência real.
Vejamos um exemplo que ilustre este problema:

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Vamos supor que a produção de canetas esferográficas, num dado país e num determinado ano, é igual a 1
milhão e que o seu preço no mercado é de 20 euros cada. Então, o valor da produção total nesse ano será de 20
milhões de euros. Se no ano seguinte, se verificar um aumento de preço de 10% relativamente ao do ano
anterior, cada caneta passará a custar 22 euros. No caso da produção anual se manter, o valor da produção será
de 22 milhões de euros. Portanto ao aumento do valor da produção, neste exemplo, não correspondeu um
aumento efectivo da produção visto que ela se manteve, mas sim um aumento dos preços.
Para evitar esta situação e podermos fazer comparações temporais, o produto terá de ser calculado a preços
constantes. Assim, o valor dos bens e serviços produzidos calculados a preços constantes tem como referência
os preços de um dado ano considerado como ano base.
Na prática, utilizam-se os números-índice para deflacionar os preços relativamente ao ano base.
Só deste modo será possível uma comparação eficaz, eliminando os efeitos da inflação e avaliando se existiu, de
facto, um aumento real da quantidade produzida.

2.5. CÁLCULO DA PRODUÇÃO PELA ÓPTICA DO RENDIMENTO


Através do cálculo da produção pela óptica do rendimento ficamos a conhecer quanto coube ao factor trabalho
e quanto coube ao factor capital. Pela óptica do rendimento, o valor da produção de um país é igual à soma dos
rendimentos alcançados pelos factores de produção
intervenientes no processo produtivo.

Componentes do Rendimento
As classes de rendimento consideradas na Contabilidade Nacional são as seguintes:
- Remunerações do trabalho
- Excedente Bruto de Exploração
As remunerações constituem o conjunto de todos os valores recebidos pelos trabalhadores por conta de
outrem, incluindo os trabalhadores da função pública, e também as contribuições sociais que financiam a
maioria das prestações sociais.
O excedente bruto de exploração corresponde ao saldo da conta de exploração e engloba os rendimentos
provenientes do factor capital (renda+juro+lucro)
O valor dos impostos indirectos, depois de deduzidos os subsídios à produção pagos pelo Estado às empresas
também fazem parte do Rendimento Nacional.

Assim, o Rendimento Nacional corresponde ao PNBpm.


Rendimento Disponível Bruto
Outros rendimentos poderão aumentar as disponibilidades do país e das famílias. É o caso das transferências do
resto do mundo, como as remessas de emigrantes, que vêm afinal aumentar as disponibilidades monetárias.

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2.6. CÁLCULO DA PRODUÇÃO PELA ÓPTICA DA DESPESA
Através do cálculo da produção pela óptica da despesa ficamos a saber como foi utilizada a produção em
consumo e em investimento. Pela óptica da despesa, o valor da produção de um país é igual à soma dos gastos
efectuados pelos agentes económicos desse país.

Componentes da Despesa
Na Despesa integram-se todas as aquisições de bens e serviços produzidos. Estes bens e
serviços podem ser destinados quer ao consumo, quer ao investimento. Vamos então analisar as duas grandes
componentes da despesa:
- consumo
- investimento
O Consumo Total subdivide-se em consumo público (administração pública) e consumo privado (famílias). O
investimento subdivide-se entre Formação Bruta do Capital Fixo e Variação de Existências, isto é:

Para a formação bruta do capital fixo podem contribuir quer as empresas, quer a Administração Pública através
da aquisição de bens de equipamento. A variação de existências corresponde a um saldo, isto é, à diferença
entre os valores calculados no início e no fim do ano, relativos às matérias-primas, produtos semi-acabados e
produtos acabados que se encontrem em armazém.
Por este motivo, pode apresentar valores positivos, negativos ou ser nulo.

Procura Interna e Procura Global


A procura interna corresponde aos gastos realizados por residentes em relação à produção efectuada dentro de
determinado território económico:

Quando à procura interna acrescentamos a procura efectuada pelo resto do mundo obtemos a
Procura Global:

Despesa Interna e Despesa Nacional


Para calcular o valor da Despesa de um país, teremos que retirar ao valor da procura global o valor dos bens e
serviços que foram adquiridos e utilizados nesse país, mas produzidos noutros países – importações. De facto,
esta despesa em importações não corresponde a uma produção realizada no país em questão. Assim, podemos
obter o valor da Despesa Interna:

Para o cálculo da Despesa Interna apenas consideramos o critério espacial, isto é, as despesas efectuadas na
aquisição de bens e serviços produzidos no território económico do país em análise. A Despesa Interna
corresponde, desta forma, ao valor do produto interno.

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Por outro lado a despesa é sempre calculada a preços de mercado, uma vez que se tem em conta as despesas
efectuadas na aquisição de bens e serviços. Além disso, também não se entra em linha de conta, para o cálculo
da despesa, com a despesa de consumo de capital fixo (amortizações). Quer isto dizer que a despesa se exprime
a preços de mercado e em valor bruto.
Por este motivo podemos afirmar que a Despesa Interna é igual ao PIBpm:

Se considerarmos o critério das unidades institucionais residentes, então teremos que ter em conta o Saldo
dos Rendimentos do Resto do Mundo.
Se ao valor da Despesa Interna adicionarmos o saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo obtemos o valor da
Despesa Nacional que corresponde ao PNBpm. Assim:

2.7. LIMITAÇÕES À CONTABILIDADE NACIONAL


Ao longo deste capítulo verificámos que a Contabilidade Nacional revela várias vantagens, nomeadamente
como instrumento de análise da actividade económica, permitindo:
- recolher informações relativas a situações presentes e passadas;
- conhecer e ter informações completas sobre a actividade económica de um país;
- fazer comparações no tempo e no espaço;
- medir os resultados das acções dos poderes públicos;
- prever as reacções dos agentes económicos perante novas situações, como, por exemplo, aumento ou
diminuição de lucros, da procura, do poder de compra, etc.
De facto, a Contabilidade Nacional constitui uma fonte de informação para os poderes públicos, parceiros
sociais e economistas. Mas ela é também um instrumento de previsão e planificação. Com efeito, o estudo dos
resultados passados e dos comportamentos verificados permite estabelecer previsões e fazer projecções a curto
e a médio prazo. Estas projecções permitem aos poderes públicos tomar decisões. Contudo, apesar de todas
estas vantagens, existem limitações à utilização da Contabilidade Nacional, nomeadamente ao nível da
utilização de estatísticas. Por outro lado, a Contabilidade Nacional não pode abranger toda a actividade
económica, uma vez que existem actividades não remuneradas, como por exemplo:
- os bens produzidos pelas famílias nos seus lares;
- o trabalho voluntário realizado em certas instituições não lucrativas;
Colocam-se, assim, as seguintes questões
- Será a Contabilidade Nacional capaz de avaliar o bem-estar das populações?
- Será o produto de um país um qualificador rigoroso da produção efectuada pela sociedade?
Com efeito, existem actividades que são efectuadas à margem da legislação social e fiscal, por exemplo, o
trabalho clandestino, o trabalho infantil, o tráfico de droga, o contrabando, etc. É a chamada economia
subterrânea.

19
A contabilidade, por outro lado, não é feita para medir o bem-estar ou o progresso social, pois o PIB tanto
aumenta quando aumenta a produção de armas, como a de produtos alimentares ou os gastos em saúde.
Também a poluição provocada por algumas produções não é registada na Contabilidade Nacional, bem como a
delapidação dos recursos naturais não renováveis, a destruição do património natural e cultural ou dos
ecossistemas.
Deste modo, não restam dúvidas de que a Contabilidade Nacional presta muitos serviços e o alargamento do
seu campo tem boas perspectivas. Todavia, existem limitações. Com efeito, tanto em relação ao bem-estar e
progresso de uma sociedade como no domínio social e ecológico uma grande parte da informação é qualitativa,
não pode ser quantificada.
Em conclusão, a Contabilidade Nacional, ao medir a utilidade económica, está apenas a medir o que é rentável
do ponto de vista empresarial. Mas, poder-se-á medir tudo o que é essencial à vida?
Os benefícios e os prejuízos indirectos resultantes do processo produtivo não são registados no cálculo do
produto. Estes benefícios e prejuízos recebem o nome de externalidades que podem classificar-se como:
- Positivas – Quando existem benefícios indirectos em resultado de um processo produtivo (ex. novas técnicas
de produção)
- Negativas – Quando existem efeitos negativos para a sociedade em resultado de um processo produtivo. (ex.
poluição causada por algumas fábricas)
Existem novos caminhos no cálculo económico que estão a conduzir ao aparecimento de novos termos como o
de eco fiscalidade, obrigando a rever algumas ideias feitas sobre contabilidade nacional.

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EXERCÍCIOS:
1. O que entende por Contabilidade Nacional (C.N.).
2. É através da C.N. que se pode analisar a economia de um país. Em que termos o pode fazer ou quais os
seus objectivos.
3. O que entende por Sector Institucional e Unidade Institucional.
4. Diga para os 7 Sectores Institucionais quais as suas funções e recursos principais, referindo algumas das
particularidades existentes.
5. Qual o território Económico de São Tomé e Príncipe.
6. Por que ópticas pode ser determinado o valor do Produto de um país e como se procede em cada.
7. Para evitar a múltipla contagem, o cálculo do valor da produção pode ser pelo Método do Valores
Acrescentados e pelo Método dos Consumos Finais. Calcule o valor do Produto por cada um deles de
acordo com os seguintes movimentos: Temos as Empresas A, B, C e D e o Público "P": A comprou a D
mercadoria no valor de 600 e depois vendeu a P por 500 e a B por 600, que por sua vez vendeu a C por 800
e ao P por 700. A Empresa C vendeu 1000 a De 1000 a P. A Empresa D vendeu a A 600 (como já foi dito) e
vendeu 600 a P.
8. O que é o Produto Interno e o Produto Nacional.
9. Como se obtém o Saldo do Rendimento do Resto do Mundo (SRRM)?
10. O que significa Preços de Mercado (pm) e ao Custo de Factores (cf)?
11. Para se calcular o Produto de um ano valorizado aos preços de um ano passado (ano base), divide-se o
Produto a preços correntes pelo I.P.C./ Deflator do PIB/PNB, multiplicando por 100. O Índice de Preços ao
Consumidor (I. P. C.) obtém-se dividindo o valor a preços correntes do ano que se pretende pelos preços do
ano base e multiplicando por 100. Exemplo: Ano de 2000 (11000 Euros), ano de 2006 (12000 Euros). Assim
temos o Índice de 109. E a Taxa de Inflação e 109-100= 9%. Se se considerar os valores respectivamente de
11500 e 12800, qual será o IPC e o respectivo Preço Constante?
12. Que conclusões se obtém do cálculo do valor da Produção pelas 3 ópticas.

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3. RELAÇÕES ECONÓMICAS COM O RESTO DO MUNDO
3.1. A NECESSIDADE E A DIVERSIDADE DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A quase totalidade dos países actuais são países com economias abertas, ou seja, são países que estabelecem
relações entre si. Estas relações tomam múltiplos aspectos e estabelecem-se, quer entre Estados, quer entre
empresas, quer ainda a nível dos indivíduos.
Os Estados estabelecem relações políticas, culturais, sociais e económicas; as empresas importam e
exportam, abrem filiais ou criam novas empresas no estrangeiro; os indivíduos saem para outros países para
passear ou para trabalhar. Entre si, os países trocam produtos, serviços e capitais.
É esta teia de relações que se estabelecem entre os países, ou entre os seus residentes, que dão corpo às
relações internacionais.
Já sabemos que a produção dos bens constitui o fundamento da vida social. Na sociedade moderna, que produz
não simplesmente produtos, mas mercadorias, isto é, produtos destinados à troca, o processo de troca exprime
a divisão do trabalho entre as empresas que produzem mercadorias.
Cada indivíduo, cada empresa, cada unidade de produção especializa-se na produção de uma determinada
mercadoria, desenvolvendo capacidades que lhes permitam obter essa produção nas melhores condições
possíveis e, depois, pelo sistema de trocas, compram os outros produtos de que necessitam para satisfazerem
as suas necessidades.
Ao conjunto das relações de trocas estabelecidas entre as unidades residentes no mesmo território nacional dá-
se o nome de comércio interno.
Tal como acontece com os indivíduos e as empresas, também entre os diferentes países acaba por ocorrer uma
certa especialização das suas produções derivadas das condições naturais de cada nação, da riqueza dos seus
recursos, da sua situação geográfica, da capacidade de obter custos de produção inferiores aos dos outros
produtores ou produtos de qualidade superior. Estamos, neste caso, perante a Divisão Internacional do
Trabalho, que é o fundamento do comércio externo.
Foi sobretudo a partir do século dezanove que se verificou um grande salto no comércio mundial. Com alguns
altos e baixos, a tendência mantém-se: o comércio mundial cresce mais depressa que a produção mundial.
Inicialmente dominado pela Grã-Bretanha, posteriormente pelos Estados Unidos, hoje o comércio mundial
desenrola-se, em cerca de oitenta por cento, entre a Europa, os Estados Unidos e o Japão.
O comércio internacional está, pois, na base do desenvolvimento económico do mundo moderno, uma vez que
permite uma melhor utilização dos recursos mundiais. Na lógica do comércio internacional, os países
especializam-se na produção de bens e serviços para os quais tenham maiores aptidões. Fala-se então, na
Divisão Internacional do Trabalho.
Associada a esta Divisão Internacional do Trabalho, está a noção de vantagem comparativa, que se traduz no
seguinte:” um país com abundância numa determinada matéria-prima, petróleo, por exemplo, terá vantagens
em exportar petróleo; mas se um país tiver mão-de-obra abundante poderá especializar-se em bens e serviços
que requeiram muita mão-de-obra.”
De referir, ainda, que as vantagens comparativas e a especialização que dai advêm não são rígidas, pois evoluem
com o tempo. A evolução tecnológica, a inovação, a evolução dos salários e o nível de desenvolvimento
explicam porque certos países não tenham que se confinar em determinadas especializações.
Para melhor ilustrar esta situação, vejamos o exemplo do caso português. Com efeito, a indústria
portuguesa baseou-se durante décadas nas chamadas indústrias tradicionais (calçado, vestuário, têxteis,
cortiça…) que eram competitivas no mercado externo, em virtude dos baixos salários praticados na altura. Mas,

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actualmente, perante a concorrência imbatível dos produtos asiáticos, especialmente chineses, Portugal
tem que fatalmente se virar para produções que contenham um maior valor acrescentado e com tecnologia
mais evoluída.
Portanto, se analisarmos o comércio internacional de qualquer país, por mais industrializado e rico que
seja, podemos tirar duas conclusões: todos os países importam e exportam grandes quantidades de bens e
mesmo em relação a bens em que o país é especializado, se verificam importações de outros países. É o caso,
por exemplo dos Estados Unidos, que sendo um grande produtor de automóveis, é também um grande
importador quer de marcas europeias quer de marcas japonesas.
É, pois, indiscutível que as possibilidades de consumo dos residentes de um país são alargadas pelo
comércio internacional, permitindo o acesso a certos produtos que não seria possível numa situação contrária
de auto-suficiência.
Actualmente, a par dos grandes movimentos de mercadorias e capitais que se verificam entre os países, assiste-
se também a fortes movimentações de pessoas. As pessoas deslocam-se de um país para o outro em viagens de
turismo ou de negócios, ou porque exercem a sua profissão em país diferente daquele onde residem, ou porque
emigram, temporária ou definitivamente, na procura de melhores condições de vida.
Os novos protagonistas dos fluxos migratórios internacionais, em crescente ascensão, movem-se não apenas
por questões de sobrevivência (casos dos migrantes e dos refugiados políticos), como também, e cada vez mais,
por motivos de negócios e de lazer.
A globalização e a circulação de informação são factores decisivos no aumento das migrações de negócios e de
lazer. A internacionalização dos negócios possui evidentes consequências a nível dos movimentos dos
agentes económicos. Mesmo o crescimento das comunicações virtuais não evita os contactos personalizados,
as reuniões de trabalho, os seminários e conferências internacionais que tendem a multiplicar-se.
Todas estas movimentações dão origem a relações económicas entre os países, quer ao nível da troca
de serviços, quer gerando fluxos de rendimentos, dos quais um dos mais significativos é constituído pelas
remessas dos emigrantes.

3.2. O REGISTO DAS RELAÇÕES COM O RESTO DO MUNDO – A BALANÇA DE PAGAMENTOS


(OS DADOS AQUI APRESENTADOS DO BANCO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE SÃO FICTÍCIOS E APENAS SERVEM COMO DEMONSTRAÇÃO)

Tal como as relações entre os residentes de um país ou de uma empresa são registadas em instrumentos
apropriados, como a contabilidade nacional ou a contabilidade das empresas, também as relações económicas
entre os diversos países são objecto de registo.
O comércio internacional de mercadorias e serviços, as transferências de capitais, ou outras relações que dêem
lugar a fluxos monetários entre os diferentes países são registadas em documentos próprios constituídos por
um sistema de contas onde se registam todos os fluxos monetários que entram e saem de um país – a Balança
de Pagamentos.
Os fluxos monetários podem ter origens diversas, e podem ser registadas nas diversas balanças em que se
subdivide a Balança de Pagamentos:
operações que dão origem a pagamentos ao exterior ( débitos):
- compra de mercadorias ao estrangeiro (importações);
- pagamento de serviços prestado de turismo, de transportes, etc.
- remessas para o exterior de rendimentos de capitais;

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- donativos ou transferências sem contrapartida como as remessas de imigrantes;
- despesas governamentais com embaixadas ou vistas de governantes.
operações que dão origem a recebimentos ao exterior ( créditos):
- venda de mercadorias ao estrangeiro (exportações);
- pagamento de serviços de turismo, de transportes prestados ao exterior;
- remessas do exterior de rendimentos de capitais;
- donativos ou transferências sem contrapartida como as remessas de emigrantes;
- despesas de governantes estrangeiros no território nacional.

As operações descritas são registadas nas diversas balanças que se subdivide a Balança de Pagamentos.
Esta Balança de Pagamentos divide-se nas seguintes componentes, que estudaremos de seguida:
- Balança Corrente
- Balança de Capital
- Balança Financeira

3.3. A BALANÇA CORRENTE


É sem dúvida a componente mais importante da Balança de Pagamentos pelas informações que proporciona
sobre o estado da economia de um país. A Balança Corrente, por sua vez, também se divide em quatro outras
balanças:
( 1 ) - Balança de Mercadorias;
( 2 ) - Balança de Serviços;
( 3 ) - Balança de Rendimentos;
( 4 ) - Balança de Transferências Correntes.

( 1 ) – Balança de Mercadorias
Nesta balança são registados os fluxos monetários resultantes das trocas de mercadorias do país com o exterior.
Quando um país compra mercadorias a outro país, esta a efectuar uma importação, a que corresponde,
em termos monetários, a uma saída de moeda do seu país, e por isso, registada nesta balança de Mercadorias a
débito.
O registo a crédito verifica-se quando o país vende mercadorias ao exterior, está a efectuar uma exportação, o
que corresponde uma entrada de moeda.
Ora, como todos nós sabemos, as moedas divergem de país para país. Como se processam, então, os
pagamentos internacionais correspondentes às trocas de mercadorias?
Normalmente, as trocas de mercadorias entre países de moedas diferentes são pagas através do recurso às
divisas, ou seja, moedas com aceitação internacional, como sejam, o euro, o dólar.
O valor de uma moeda não é, contudo, algo de imutável. As moedas, tal como qualquer outra mercadoria, são
objecto de transacção. Por isso, a taxa de câmbio pode ter dois movimentos:

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 Quando a taxa de câmbio duma moeda desce, dizemos que se verificou uma desvalorização ou
depreciação da moeda. Nesta situação, a moeda nacional passa, em termos internacionais, a ter
menos valor, porque a mesma quantidade de moeda permite comprar no estrangeiro menos bens
que anteriormente.
 Quando o movimento é no sentido de aumento da taxa de câmbio dessa moeda, dizemos que
se verificou uma valorização ou apreciação da moeda, e, nessa situação, a moeda ganha valor, em
termos internacionais, porque a mesma quantidade de moeda permite comprar mais bens que
anteriormente.
Como facilmente se compreenderá, o saldo da Balança de Mercadorias resulta da diferença entre o valor do
crédito (exportações) e o valor do débito (importações), ou seja:

BALANÇA DE MERCADORIAS = VALOR DAS EXPORTAÇÕES – VALOR DAS IMPORTAÇÕES

Vejamos, agora, como se calcula o saldo da Balança de Mercadorias. Baseando-nos em dados extraídos
do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe.
BALANÇA DÉBITO CRÉDITO SALDO
BALANÇA de MERCADORIAS 41.462 28.630 - 12.832

Como podemos observar, o saldo desta balança, neste caso, é negativo, já que o país importa
mercadorias num valor superior ao das exportações.
Quando o saldo é negativo, dizemos que se trata dum saldo deficitário ou desfavorável.
Se o saldo é positivo, já falamos em saldo superavit ou favorável.
O saldo já será nulo ou equilibrado, se o valor das exportações for igual ao valor das importações.
Frequentemente, os governos intervêm na cotação da sua moeda, desvalorizando-a, com o objectivo de
melhorarem o saldo da sua Balança de Mercadorias.
Na realidade, quando a moeda de um país desvaloriza, isso tem como consequência que os produtos por ele
exportados se tornem mais baratos em moeda estrangeira, logo o valor das exportações desse país tem
tendência a aumentar. Simultaneamente, os produtos importados tornam-se mais caros em moeda
nacional, logo a tendência será para que o valor das importações diminua.
A conjugação destes dois efeitos contribui para a melhoria do saldo da Balança de Mercadorias.
Verificar-se-ão os efeitos contrários, ou seja, diminuição do valor das exportações e aumento do valor das
importações, logo, agravamento do saldo, quando a moeda de um país sofre uma apreciação.
Mas a importância da Balança de Mercadorias, enquanto instrumento de análise da situação económica
de um país, não se esgota no cálculo do seu saldo.
Dela podemos retirar outros instrumentos, habitualmente designados como Indicadores do Comércio
Externo, dos quais se salientam, a Taxa de Cobertura e a Estrutura das Importações e das Exportações.
Comecemos pela Taxa de Cobertura, que se calcula da seguinte forma:

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Calculemos, então, o valor da Taxa de Cobertura relativa ao exercício dado:

26.830,0
TAXA DE COBERTURA =  100  69,06%
41.462,2

Este valor significa que as nossas exportações no referido ano de 2002, cobriram, apenas cerca de 69% das
nossas importações.
Relacionemos, então, o saldo da Balança de Mercadorias com a Taxa de Cobertura:
- quando esta Balança é deficitária, ou seja, o seu saldo é negativo, a taxa de cobertura tem um valor inferior a
100, porque isto significa que o valor das exportações é inferior ao das importações;
- quando o saldo é nulo, ou seja, quando a Balança de Mercadorias está equilibrada, a taxa de
cobertura é igual a 100, porque as exportações são, necessariamente, iguais às importações;
- quando o saldo da Balança de Mercadorias é superavit, a taxa de cobertura é superior a 100, porque as
exportações são superiores, em valor, às importações
Vejamos, agora a estrutura das importações e exportações, esta implica uma análise mais aprofundada do tipo
de bens sujeitos a importação e a exportação:
- quando um país importa essencialmente bens que incorporam uma elevada transformação industrial e,
simultaneamente, exporta bens com fraca ou nenhuma transformação, isto é, bens agrícolas, estamos perante
um país necessariamente pouco desenvolvido;
- a situação contraria, é aquela que mostra as exportações de um país essencialmente constituídas por
bens industriais de alto valor acrescentado, resultantes da utilização de tecnologias mais avançadas, e
normalmente acompanhadas de importações constituídas por bens de natureza primaria, é reveladora de um
país bastante desenvolvido.

( 2 ) - Balança de Serviços
Nesta Balança são registados os fluxos monetários resultantes da troca de serviços com o exterior.
Vejamos alguns exemplos de serviços com o exterior:

 Turismo: os serviços de turismo prestados a estrangeiros que visitam o nosso país originam movimentos
de entrada de divisas, assim como, o turismo efectuado pelos portugueses no estrangeiro dá origem a
saída de divisas;
 Transportes: o transporte internacional de mercadorias pode ser efectuado por empresas nacionais ou
estrangeiras e, por isso, dá origem a entradas e saídas de divisas;
 Seguros: o mesmo acontece com os seguros, que também podem ser efectuados por empresas
nacionais ou estrangeiras, com a consequente entrada e saída de divisas;
 Outros serviços: compreende diversos tipos de serviços, entre os quais, por exemplo, as remunerações
de artistas estrangeiros que actuam em São Tomé e Príncipe e dão origem a saída de divisas, ou
o contrário, quando são os nossos artistas que actuam no estrangeiro;
 Operações governamentais: serviços prestados por organismos governamentais que dão origem a
entrada e saída de divisas, consoante o tipo de serviços prestados.

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BALANÇA DE SERVIÇOS = TURISMO + TRANSPORTES + SEGUROS + OUTROS SERVIÇOS + OPERAÇÕES
GOVERNAMENTAIS

De acordo com os valores do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe, o saldo da Balança de Serviços é:
SERVIÇOS DÉBITO CRÉDITO SALDO
TURISMO 2.407 6.259 3.852
TRANSPORTE 2.304 1.915 -389
SEGUROS 149 78 -71
OUTROS SERVIÇOS 1.793 1.939 145
OPERAÇÕES GOVERNAMENTAIS 165 1.142 -23
BALANÇA DE SERVIÇOS 6.818 10.332 3.514

( 3 ) - Balança de Rendimentos
Nesta Balança são registados os fluxos monetários resultantes da movimentação de rendimentos, que
são de dois tipos:
- Rendimentos do Trabalho;
- Rendimentos de Investimento.

BALANÇA DE RENDIMENTOS = RENDIMENTOS DE TRABALHO + RENDIMENTOS DE INVESTIMENTO

De acordo com os valores do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe, o saldo da Balança de Rendimentos é:
RENDIMENTOS DÉBITO CRÉDITO SALDO
RENDIMENTOS DE TRABALHO 174 138 -36
RENDIMENTOS DE INVESTIMENTO 8.927 5.635 -3.291
BALANÇA DE RENDIMENTOS 9.101 5.773 3.327

( 4 ) - Balança de Transacções Correntes


Nesta Balança registam-se os fluxos monetários que não têm contrapartida ao nível dos fluxos reais, daí a
designação de transferências unilaterais e podem ser:
- Remessas de emigrantes e de imigrantes;
- Transferências correntes com a União Europeia e Africana;
- Fluxos financeiros associados à cooperação com outros Estados
- Dádivas e indemnizações de guerra.
Estas transferências são classificadas como:
- Transferências públicas – quando envolvem o Estado santomense.
- Transferências privadas – quando o Estado português não intervém, mesmo que provenientes de outro Estado
ou organização estatal.
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BALANÇA DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES = TRANSFERÊNCIAS PÚBLICAS + TRANSFERÊNCIAS PRIVADAS
De acordo com os valores do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe, o saldo desta Balança é:
TRANSFERÊNCIAS CRÉDITO DÉBITO SALDO
TRANSFERÊNCIAS PÚBLICAS 1.632 1.975 343
TRANSFERÊNCIAS PRIVADAS 1.266 4.406 3.140
BALANÇA DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 2.898 6.381 3.483

- BALANÇA CORRENTE –
Como já foi estudado, a Balança Corrente é o somatório da Balança de Mercadorias, com a Balança de Serviços,
com a Balança de Rendimentos e com a Balança de Transferências Correntes.
Por isso, para calcular o saldo da Balança Corrente basta adicionar algebricamente os saldos das balanças que a
compõem. Assim sendo:

BALANÇA CORRENTE = BALANÇA MERCADORIAS + BALANÇA SERVIÇOS + BALANÇA RENDIMENTOS +


BALANÇA TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

BALANÇAS CRÉDITO DÉBITO SALDO


BALANÇA DE MERCADORIAS 41.462 28.630 -1.382
BALANÇA DE SERVIÇOS 6.818 10.332 3.514
BALANÇA DE RENDIMENTOS 9.101 5.773 3.328
BALANÇA DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 2.898 6.381 3.483
BALANÇA CORRENTE 60.279 51.116 9.163

O saldo da Balança Corrente indica, de certa forma, se uma economia está a viver dentro dos limites do seu
rendimento:
- se apresenta valores positivos, significa que a Poupança Interna é excedentária face às necessidades nacionais
e que uma parte dessa poupança está a dirigir-se para o exterior;
- se, pelo contrário, o saldo é negativo, isso mostra que o nível da actividade económica interna está a
ser apoiado através da entrada da Poupança externa.

3.4. A BALANÇA DE CAPITAL


Esta balança é composta por duas componentes importantes
- transferências de capital – como os fundos financeiros provenientes do Resto do Mundo;
- aquisição/cedências de activos não produzidos e não financeiros, isto é, a compras e venda de
patentes, marcas, franchising, bem como, a compra de terrenos para embaixadas.

BALANÇA DE CAPITAL = TRANSFERÊNCIAS INTERNAS + ACTIVOS NÃO PRODUZIDOS E NÃO FINANCEIROS

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De acordo com os valores do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe, o saldo da Balança de Capital é:
BALANÇA CRÉDITO DÉBITO SALDO
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 183 2.157 1.974
ACTIVOS NÃO PRODUZIDOS 23 28 5
BALANÇA DE CAPITAL 206 2.185 1.979

3.5. A BALANÇA FINANCEIRA


Esta balança financeira regista todos os fluxos que envolvem mudanças de titularidade entre residentes
e não residentes de activos financeiros. Esta balança comporta cinco rubricas:
- investimento directo – inclui as transacções de empresas efectuadas entre residentes e não residentes, como a
compra de uma empresa estrangeira por um português;
- investimento em carteira – compreende a compra e a venda, de produtos financeiros entre residentes e
não residentes de um país;
- outro investimento – engloba os depósitos bancários bem como os empréstimos realizados entre agentes
económicos de diferentes países;
- derivados financeiros – compreende a compra e a venda, por parte de residentes e não residentes, de
produtos financeiros cotados na Bolsa de Derivados de um país;
- activos de reserva – integra as transacções de moeda estrangeira efectuadas pelas autoridades monetárias e
que, em virtude disso, fazem variar as suas reservas.

BALANÇA FINANCEIRA = INVESTIMENTO DIRECTO+ INVESTIMENTO EM CARTEIRA + OUTRO INVESTIMENTO+


DERIVADOS FINANCEIROS + ACTIVOS

De acordo com os valores do Relatório do Banco de São Tomé e Príncipe, o saldo da Balança Financeira é:
RÚBRICAS CRÉDITO DÉBITO SALDO
INVESTIMENTO DIRECTO 25.553 26.350 796
INVESTIMENTO EM CARTEIRA 181.967 181.185 3.128
DERIVADOS FINANCEIROS 4.019 4.007 -118
OUTRO INVESTIMENTO 360.345 366.252 5.907
ACTIVOS DE RESERVAS 48.180 47.084 -1.096
BALANÇA FINANCEIRA 620.065 628.880 8.814

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3.6. BALANÇA DE PAGAMENTOS
Esta balança define-se como sendo a balança somatória de todas as balanças existentes.
( + ) BALANÇA DE MERCADORIAS
( + ) BALANÇA DE SERVIÇOS
( + ) BALANÇA DE RENDIMENTOS
( + ) BALANÇA DE TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
( + ) BALANÇA CORRENTE
( + ) BALANÇA DE CAPITAL
( + ) BALANÇA FINANCEIRA
( = ) BALANÇA DE PAGAMENTOS

RÚBRICAS CRÉDITO DÉBITO SALDO


MERCADORIAS 41.462 28.630 -12.832
TRANSPORTES 2.304 1.915 -389
TURISMO 2.407 6.259 3.852
SEGUROS 149 78 -71
OUTROS SERVIÇOS 1.973 1.939 145
OPERAÇÕES GOVERNAMENTAIS 165 1.142 -23
RENDIMENTOS DO TRABALHO 174 138 -36
RENDIMENTOS DE INVESTIMENTO 8.927 5.635 -3.291
TRANSFERÊNCIAS PÚBLICAS 1.632 1.975 343
TRANSFERÊNCIAS PRIVADAS 1.266 4.406 3.140
BALANÇA CORRENTE 60.279 51.116 -9.163
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 183 2.157 1.974
AQUISIÇÕES DE ACTIVOS 23 28 5
BALANÇA DE CAPITAL 206 2.157 -1.979
INVESTIMENTO DIRECTO 25.553 26.350 796
INVESTIMENTO EM CARTEIRA 181.967 181.185 3.128
DERIVADOS FINANCEIROS 4.019 4.007 -118
OUTRO INVESTIMENTO 360.345 366.252 5.907
ACTIVOS DE RESERVAS 48.180 47.084 -1.096
BALANÇA FINANCEIRA 620.065 628.880 8.814
BALANÇA DE PAGAMENTOS 620.065 628.880 8.814

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3.7. AS POLÍTICAS COMERCIAIS E A ORGANIZAÇÃO DO COMÉRCIO MUNDIAL (OCM)
O comércio externo proporciona um melhor bem-estar às populações, do que a falta desse comércio externo.
Mas, então, porque razão os países aplicam medidas de protecção ao seu comércio externo?
A questão está em saber qual a melhor solução para um país: o livre-cambismo ou o proteccionismo?
Os defensores do livre-cambismo, consideram que é preciso deixar circular livremente as mercadorias
entre os países, pois a especialização que daí resulta será vantajosa para todos.
Já os defensores do proteccionismo, defendem a limitação das importações, preconizando a adopção de
diversas instrumentos: fixação de direitos aduaneiros, contingentaçao, regulamentos especiais.
Apesar de reconhecidas as vantagens do comércio internacional no desenvolvimento económico do
mundo, ainda hoje persiste uma questão que tem preocupado a política económica: deve ou não deve um país
proteger a sua produção interna da concorrência das importações, através de barreiras ao comércio externo? As
opiniões dividem-se.
Os economistas dirão que não. Eles estudaram que o comércio internacional promove a divisão
internacional do trabalho e que o comércio livre permite a cada país expandir as suas possibilidades de
produção e de consumo, e consequentemente, aumentar o nível de vida mundial.
Os industriais e governantes contestam esta posição, argumentando que devem proteger as indústrias contra a
concorrência estrangeira. Sobretudo as indústrias novas, que se não forem protegidas, não conseguirão
sobreviver à concorrência das indústrias estrangeiras mais antigas.
Então, como é que as taxas alfandegárias e a contingentação podem proteger as produções nacionais?
- as taxas alfandegárias, são taxas que recaem sobre as importações. Assim, qualquer produto que
entre num país sofre um agravamento no seu custo igual à taxa alfandegária que lhe é aplicada. As taxas
aduaneiras fazem subir os preços dos bens importados, logo fazem baixar o consumo dos mesmos, permitindo a
expansão da produção nacional.
- a contingentação traduz-se numa restrição das importações através da fixação de valores máximos autorizados
para as importações de determinado produto de um país. O seu efeito é idêntico ao das taxas aduaneiras, só
que actua directamente sobre a quantidade procurada e não sobre o preço.
Existem ainda, outras formas de impedir um país tem de impedir um verdadeiro comércio livre, como são o
caso dos subsídios à exportação.
- os subsídios à exportação, é outra forma que um país tem de impedir um verdadeiro comércio livre, pois,
através destes subsídios, consegue-se tornar os produtos nacionais mais baratos e mais competitivos no
comércio internacional.
Há também quem defenda uma outra forma de protecção, com a condição de ser temporária, como
instrumento de estratégia comercial para forçar os países adeptos da protecção a abrirem os seus mercados, ou
quando exista dumping ou contrafacção, que são práticas ilegais.
- o dumping traduz-se em vender um produto abaixo do seu custo de produção, como forma de
conquistar o mercado, destruindo a concorrência. Um país que pratique o dumping, em regra vende mais
barato ao estrangeiro do que no seu território.
- a contrafacção é a comercialização de produtos “falsos” a que são abusivamente postas marcas conhecidas, as
falsas “camisas Lacoste”, por exemplo.

31
- Organização Mundial do Comércio (OMC) –
A Organização Mundial do Comércio, instituição internacional entrou em funções em Janeiro de 1955, e
vela pelo respeito dos acordos comerciais internacionais e pela resolução dos diferendos que possam surgir
nesse domínio.
Os objectivos da Organização Mundial do Comércio (OMC) são os seguintes:
- aumentar as trocas internacionais;
- estimular o crescimento económico e o emprego, tendo em conta o desenvolvimento;
- promover a participação dos países menos desenvolvidos no comércio internacional.
Globalmente o comércio internacional aumentou imenso após a criação do GATT. A verdade, porém, é
que nem todos os países beneficiaram igualmente das vantagens. Os mais beneficiados foram os países
desenvolvidos, que viram as suas trocas comerciais aumentarem imenso, beneficiando de um largo período de
crescimento económico. O mesmo não se pode dizer dos países subdesenvolvidos, pois estes apresentam-se,
com razão, excluídos do sistema de comércio.
Nas últimas reuniões da Organização Mundial do Comércio (OMC) vários países subdesenvolvidos têm vindo a
reivindicar a revisão e clarificação de muitas regras e a anulação daquilo que eles consideram como obstáculos
práticos a uma efectiva liberalização do comércio mundial.
Muitos dos actuais conflitos ou do passado estão associados à política de ajudas à produção agrícola. No
passado e à medida que a União Europeia foi garantindo a sua auto-suficiência alimentar, passou a
exportadora, competindo com os Estados Unidos. Esta mudança contribuiu para agudizar o conflito agrícola.
Actualmente, no centro do diferendo continua o comércio mundial de produtos agrícolas, as ajudas aos
agricultores europeus e americanos, a par dos subsídios à exportação que são contestados pelos grandes
produtores agrícolas dos países subdesenvolvidos.

3.8. AS RELAÇÕES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE COM O RESTO DO MUNDO


De acordo com os dados da balança comercial, em 2009 observou-se uma modesta diminuição de importação e
um aumento de exportação face ao igual período do ano anterior.
As exportações cresceram 22% em 2009, devido essencialmente, ao aumento dos preços de cacau nos
mercados internacionais e da quantidade exportada. A exportação do cacau registou um incremento nominal na
ordem dos 20%, o que contribuiu para a redução do défice comercial em cerca de 4,46 milhões de dobras.
Embora a quantidade importada aumentou (15% ) em 2009, ainda assim, as importações caíram em termos
nominais, 0,24% face período homólogo, em virtude da queda dos preços de
alguns produtos importados nos mercados internacionais. Este desempenho da
balança comercial contribui para uma ligeira melhoria da taxa de cobertura de
exportação pela importação, que passou de 4,9% em 2008 para 6% em 2009. O
défice da balança comercial reduziu em cerca de 22,3 milhões de dobras em
2009.
No corrente ano a posição externa líquida teve também nos primeiros seis
meses uma boa performance, isto é, as reservas internacionais líquidas foram
suficientes para cobrir 5 meses de importação de bens e serviços.

32
EXERCÍCIOS
1. Diga se considera Verdadeiras ou Falsas as seguintes afirmações, justificando:
1.1. O comércio internacional engloba o comércio interno e o comércio externo.
1.2. Sempre que dois cidadãos de países diferentes realizam uma transacção comercial, esta faz parte do
comércio internacional.
1.3. As receitas externas do turismo, bem como as remessas dos emigrantes contribuem para reduzir o défice
da balança corrente santomense.
1.4. Uma taxa de cobertura de 70% significa que as importações representam 70% das exportações.
2. Os eventos de grande monta atraem para São Tomé e Príncipe atrai um grande número de estrangeiros.
Explique o impacto que essa vinda de estrangeiros irá ter na balança pagamentos santomense.
3. Refira os objectivos da OMC.
4. Analise o seguinte quadro:

Países Peso do comércio externo


País A 55,1
País B 65,4
País C 34,2

4.1. Explique o significado da expressão "peso do comércio externo".


4.2. Caracterize cada um dos países representados, no que respeita ao seu comércio externo.
4.3. Suponha que num determinado ano, o País A registou 147 milhões de euros de importações e 123 milhões
de euros de exportações. Calcule a respectiva taxa de cobertura desse ano.
5. O comércio internacional é contra o Ambiente?
6. Explique em que consiste o princípio da "não discriminação".

33
4. FUNÇÕES E ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Quando uma comunidade deseja promover “interesses colectivos comuns, escolhe alguém a quem atribui o
encargo de orientar as acções a desenvolver com vista a alcançar esses interesses colectivos. Ora, com o Estado
passa-se o mesmo. O Estado é assim uma autoridade social que toma decisões concretas relativamente aos
interesses colectivos e à resolução de conflitos e, ainda, impõe o respeito pelas regras em vigor. Ao Estado
compete, portanto, a defesa dos “interesses colectivos”. Independentemente da sua definição em concreto, os
fins de Estado serão sempre a promoção do bem-estar económico e social, a realização da justiça social e a
garantia da segurança.
Com a finalidade de cumprir o seu principal objectivo, a satisfação das necessidades colectivas, o Estado
desenvolve todo um conjunto de actividades que se designam por funções. Assim, temos:
⇒ Função política: consiste na escolha de medidas de vária ordem (económica, social, cultural, ambiental,
etc.), consideradas como as melhores para prossecução dos interesses colectivos.
⇒ Função legislativa: consiste na elaboração das leis que, de acordo com as opções políticas tomadas, vão
regular a vida em sociedade.
⇒ Função executiva: consiste na necessidade do cumprimento da leis e na satisfação das necessidades
colectivas, de acordo com as opções políticas e legislativas tomadas.
⇒ Função judicial: tem por fim administrar a justiça, assegurar a defesa dos direitos e interesses públicos e
privados e punindo a violação da Constituição e das leis.
Mas esta classificação já não se coaduna com as funções que são atribuídas ao Estado contemporâneo,
solicitado a intervir em múltiplos aspectos da vida social. Daí que hoje se adopte a seguinte classificação das
funções de Estado.
⇒ Função política: através da qual o Estado garante os superiores interesses da Nação, promovendo a paz
social, gerindo a administração pública e aplicando os recursos na satisfação das necessidades colectivas. Para
isso, o Estado dispõe de diversas instituições, tais como as polícias, os tribunais ou o exército.
⇒ Função social: através da qual o Estado cria as condições necessárias ao bem-estar da população, garantindo
padrões mínimos de vida aos cidadãos. A adopção de medidas efectivas de aumento dos rendimentos dos mais
pobres, como a fixação do salário mínimo, a atribuição de um rendimento mínimo garantido às famílias mais
carenciadas e a atribuição de subsídios aos desempregados, fazem parte da política social do Estado.
⇒ Função económica: através da qual o Estado promove o desenvolvimento económico, criando infra-
estruturas, como a construção de estradas; apoiando a ciência e a investigação; promovendo a saúde e a
educação; preservando os recursos naturais e o ambiente para garantir a satisfação das necessidades não só do
presente, como das gerações vindouras.
Para levar a cabo cada uma destas funções o Estado dispõe de entidades próprias, designadas por órgãos de
soberania e cujas competências se encontram constitucionalmente estabelecidas.
É oportuno referir que os órgãos não se confundem com os respectivos titulares: o órgão permanece sempre o
mesmo, embora variem os seus titulares, que são cidadãos eleitos.
Pela mesma razão, quando acontece um órgão estar desprovido do seu titular, tal não origina o
desaparecimento desse órgão de soberania.
Segundo a Constituição da República Santomense, são considerados órgãos de soberania: Presidente da
República, Assembleia da República, Governo e Tribunais.
1 - Presidente da República - eleito de cinco em cinco anos, por sufrágio universal directo e secreto, detém
várias competências que vêem definidas na Constituição da República Santomense.
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2 - Assembleia da República - eleita de quatro em quatro anos, representativa de todos os cidadãos
portugueses; as suas competências vêem estabelecidas na Constituição da República Santomense.
3 - Governo - órgão de condução da política geral do país; os seus elementos são eleitos por períodos de quatro
anos e as suas competências vêem definidas na Constituição da República Santomense.
4 - Tribunais - são os órgãos de soberania com competências para administrar a justiça em nome do povo.
Compete aos tribunais assegurar, com independência, a defesa dos direitos dos cidadãos, resolver os conflitos
de interesses públicos e privados.
Para levar a cabo as suas múltiplas tarefas, o Estado cria uma estrutura relativamente pesada a que se dá a
designação de Sector Público.
O Sector Público abrange duas categorias muito diferentes, quer no aspecto jurídico, quer nas suas
componentes económicas: - Sector Público Administrativo;
- Sector Empresarial do Estado.
O Sector Público Administrativo (Administração Pública) engloba o conjunto de serviços aos quais compete
desempenhar as actividades tradicionais do Estado. Tratam-se de matérias de interesse geral, que não visam o
lucro mas a satisfação de necessidades colectivas, como a saúde, a educação, a defesa, a segurança, etc. Assim
sendo, incluem-se neste sector toda a orgânica do aparelho de Estado que suporta a gestão administrativa:
ministérios, autarquias locais.
Entre nós, o Sector Público Administrativo abrange três subsectores:
- Administração Central, que inclui os órgãos e entidades estaduais com os seus serviços e
departamentos directamente dependentes do Estado: Ministérios, Secretarias de Estado, Direcções-gerais,
Institutos Públicos, etc.
- Administração Local, que engloba as autarquias locais (Municípios e Freguesias), visa
satisfazer de forma eficiente as necessidades específicas das diversas comunidades locais.
- Segurança Social, que engloba todas as unidades institucionais, Centrais ou locais, cuja função
principal se traduz no financiamento de prestações sociais a determinadas camadas da população.
O Sector Empresarial do Estado, é a designação dada ao sector produtivo do Estado que intervém directamente
na produção de bens e serviços comercializáveis entrando, por vezes, em concorrência com o sector privado.
A sua intervenção enquanto empresário tem-se verificado, em muitos países, sobretudo nos sectores mais
importantes da economia como, por exemplo, a siderurgia, os cimentos, as refinarias de petróleo, a banca, os
transportes, etc., substituindo-se assim aos empresários privados.
Considera-se Sector Empresarial do Estado o conjunto de empresas em que o Estado detém o total ou a maioria
do seu capital social. O carácter de empresa pública determina-se, portanto, pela propriedade, podendo
distinguir-se:
- empresas públicas: são as empresas cuja propriedade é do Estado, ou seja, cuja totalidade do
capital pertence ao Estado e que são criadas de raiz pelo próprio Estado;
- empresas mistas: são as empresas cuja propriedade é do Estado e de particulares, mas em
que a maioria do capital pertence ao Estado, directa ou indirectamente, isto é, ou por seu próprio intermédio ou
por intermédio de outras entidades públicas;
- empresas intervencionadas: são as empresas privadas em que, perante uma situação crítica, o
Estado resolve intervir na sua gestão de forma a apoiar a sua recuperação.
Actualmente assiste-se ao evoluir da tendência no sentido de diminuir a intervenção do Estado na economia,
reduzindo ao mínimo o Sector Empresarial do Estado e passando para o sector particular muitos serviços
35
essenciais que competem ao Estado, como é o caso da saúde ou da educação. Contudo, esta tendência não é
aceite pacificamente por todas as correntes de opinião da sociedade santomense.
Os defensores de uma política de Estado menos intervencionista defendem uma intervenção do Estado na
economia ao mínimo possível.
Argumentam que o Estado é um mau gestor e que as suas decisões são muito morosas. Para eles, o sector
privado teria condições para fazer melhor e de forma mais produtiva aquilo que o Estado faz mal.
Já para os defensores de um Estado mais intervencionista defendem a manutenção dos serviços sociais e dos
sectores chave da economia nas mãos do Estado.
Argumentam que os serviços públicos têm em vista a satisfação das necessidades colectivas, sobretudos das
populações mais carenciadas, tendo que garantir serviços a preços baixos. Para eles, o sector privado, que
funciona numa lógica de lucro, deixaria de cumprir essa função social, o que iria prejudicar os mais carenciados,
agravando as fortes desigualdades sociais.

4.1. A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ACTIVIDADE ECONÓMICA


As funções económicas e sociais do Estado
Dissemos que os fins do Estado estão inter-relacionados e interdependentes, mas destacámos o bem – estar
económico e social como aquele que se prende directamente com o nosso estudo.
Efectivamente, se a actividade económica – objecto de estudo da Economia – é todo o esforço desenvolvido
pelo Homem com vista à obtenção de bens para satisfazer as suas necessidades e aumentar o seu bem-estar,
então, é fácil perceber que o Estado desempenha um papel importante na economia
Vimos que a função política consiste na múltipla escolha de medidas de carácter económico, social, cultural,
etc., consideradas como as melhores para a prossecução dos interesses colectivos
Ora, os interesses colectivos revestem-se de aspectos tão diferentes como o mercado do trabalho e as
condições de execução do mesmo, o nível de preços, a qualidade dos bens alimentares, da atmosfera, a
qualidade e condições de ensino, dos cuidados de saúde prestados. Enfim, múltiplos aspectos, mas que podem
ser reconduzidos a dois grandes grupos: um de carácter económico, o outro de carácter social.
Assim, falamos em funções económicas e sociais do Estado, que visam garantir a eficiência, a equidade e a
estabilidade da vida económica e social.
Com efeito, na actualidade face à incerteza e à complexidade da vida económica, caracterizada por uma inflação
constante, por um elevado desemprego, por uma pobreza e exclusão social cada vez maior, o Estado no
desempenho das suas funções económicas e sociais deve procurar garantir uma eficiência nos seus recursos,
uma equidade no acesso de toda a população aos bens e serviços essenciais, bem como, um a estabilidade,
nomeadamente dão nível dos preços e ao nível do emprego.
- eficiência -
Nas economias modernas pressupõe-se que o mercado funcione, de acordo com a lógica de mercado, como um
elemento equilibrado, isto é, os agentes económicos devem efectuar escolhas racionais e eficientes que lhes
permitam um elevado grau de satisfação a um baixo custo.
Contudo, a realidade é bem diferente, pois o funcionamento do mercado nessas economias modernas, nem
sempre funciona como a solução mais eficiente para os agentes económicos. Com efeito, verificam-se, muitas
vezes falhas de mercado, como a poluição provocada pelas fábricas, nos rios ou nos solos, a existência de
monopólios, etc.

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Assim, quando o mercado se mostra incapaz de responder de uma forma eficiente às necessidades da
economia, o Estado tem que intervir para corrigir essas falhas de mercado e assim poder garantir a eficiência da
economia.
- equidade -
A distribuição dos rendimentos pelos Estado diversos agentes económicos geram desigualdades económicas
que também se traduzem em desigualdades sociais.
Esta desigualdade na distribuição do rendimento provoca, em geral, um fosso cada vez maior entre os grupos de
rendimentos elevados e os grupos de rendimentos de mais baixos. Com efeito, enquanto umas pessoas vivem
na opulência, outras pessoas não conseguem ter acesso à satisfação das necessidades mais elementares.
Para evitar a existência destas situações de grandes desigualdades económicas e sociais entre os cidadãos, o
Estado deverá garantir uma maior equidade entre as pessoas, efectuando assim uma redistribuição dos
rendimentos.
- estabilidade -
Com alguma frequência, verificam-se nas economias reguladas pela livre iniciativa e pelo mecanismo do
mercado, a existência de situações de instabilidade, caracterizadas por forte desemprego, por aumentos de
preços, por falências de empresas, por quebras de produção.
Efectivamente, se podemos observar períodos em que se verificam aumentos de produção, em que há mais
empregos e um melhor nível de vida, também, podemos observar outros períodos em que existem falências de
empresas, aumento do desemprego e um pior nível de vida.
É para prevenir situações de instabilidade que o Estado deve intervir na economia de um país. Neste sentido, o
Estado põe em marcha um conjunto de medidas que protejam os trabalhadores afectados pelo desemprego ou
medidas que levem os empresários a fixarem-se em zonas mais carenciadas, ou a produzirem certos bens em
que é necessário aumentar sua oferta. Pode ainda o Estado, com o objectivo de garantir a estabilidade da
economia, pôr em marcha um conjunto de medidas de combate à inflação e assim garantir a estabilidade dois
preços e da moeda.
A complexidade das sociedades actuais exige que o Estado intervenha cada vez mais na actividade económica
de um país, para corrigir as chamadas falhas de mercado. São consideradas falhas de mercado, a concorrência
imperfeita, as externalidades e os bens públicos.
- concorrência imperfeita -
As economias actuais são caracterizadas por serem mercados de concorrência imperfeita, dominados
por monopólios, oligopólios e concorrência monopolista.
Com efeito, as grandes empresas não utilizam, muitas vezes, as técnicas que minimizem os seus custos de
produção, porque ao dominarem o mercado, conseguem impor preços mais elevados a par de uma oferta
também elevada.
Por outro lado, o conceito de eficiência de uma empresa pode não coincidir com o do país, isto é, o interesse
privado pode não se encontrar em sintonia com o interesse social.
É o que se passa quando as empresas colocam no mercado bens prejudiciais à saúde dos consumidores, porque
pouparam recursos para atingir o máximo lucro, que é a finalidade dessas empresas. A crise das vacas loucas, os
frangos com excesso de dioxinas, são exemplos reveladores de que os mercados não são eficientes, pois
existem falhas de mercado.

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- externalidades -
A ocorrência de externalidades justifica a intervenção do Estado na economia, no sentido de as minimizar, ou
até, de as resolver.
Como já estudámos, uma externalidade, seja ela negativa ou positiva, está sempre associada à ideia de um
custo ou de um benefício, que certa produção ou certo consumo teve a nível de toda a economia. Portanto, é
também um custo social ou um benefício social e não apenas um custo económico, pelo que se justifica a
intervenção do Estado.
- bens públicos -
Como facilmente se compreende, existem certos bens, os bens públicos, que devido às características que
apresentam, não podem ser produzidos empresas. Com efeito, os bens públicos não são atractivos para a
iniciativa privada, existindo assim uma falha de mercado relativamente à sua oferta. Por esta razão, o Estado
tem que intervir para assegurar a sua produção.
O exemplo mais comum de bem público é a defesa nacional de um país. Com efeito, o Estado assegura a
manutenção da defesa do país, o que para a iniciativa priva se tornaria pouco lucrativa, pois as pessoas que não
pagassem para este serviço, no caso de um ataque, beneficiariam também deste serviço.

4.2. INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL DO ESTADO


Planeamento
Para levar a cabo a as suas tarefas, o Estado tem que elaborar um Plano de actuação. O Plano tem por finalidade
estruturar a sua actuação de modo a conseguir:
- o desenvolvimento articulado de toda a economia;
- o aumento do bem-estar económico e social.
- adequar os recursos existentes às necessidades colectivas, de modo a alcançar-se a melhor
utilização possível da capacidade produtiva da economia;
Por isso o Plano pode e dever resultar de um consenso alargado entre os parceiros sociais (associações
patronais e sindicatos), pois a adesão e a cooperação dos agentes económicos particulares é fundamental para
o cumprimento dos objectivos traçados. De facto, o Estado não tem meios para impor os objectivos definidos
no Plano ao sector privado, mas somente ao sector público.
Daí que, para o sector público o Plano é imperativo, sendo os directores-gerais e os administradores das
empresas públicas, obrigados a cumprir o Plano, isto é, são obrigados a orientarem a actuação dos seus serviços
e das suas empresas com o que está determinado no referido Plano.
Mas para o sector privado o Plano já é meramente indicativo. Então, para levar os particulares a adoptarem os
comportamentos desejados, o Estado lança mão de certas estratégias, nomeadamente, de política fiscal
(concedendo isenções ou benefícios fiscais às actividades que pretende incentivar, ou, pelo contrário,
tributando mais ou impondo restrições às actividades que pretende desincentivar); e de política financeira
(concedendo subsídios, aumentando / diminuindo as taxas de juro).
Orçamento de Estado
A actuação do Estado exige um documento onde possa inscrever uma previsão das despesas que vai realizar e
das receitas necessárias para as satisfazer. Esse documentando chama-se Orçamento de Estado. Trata-se de
um documento de previsão e com uma duração limitada, geralmente de um ano, apresentando as seguintes
características:
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- documento de previsão, porque prevê as despesas a realizar e as receitas a obter num ano;
- documento politico, porque contém a autorização parlamentar para realizar as actividades inscritas;
- documento jurídico, porque traduz uma limitação de poderes do Estado no domínio financeiro;
- documento económico, porque revela a previsão da actividade económica do Estado.
Por isso, o Orçamento constitui um elemento essencial na actuação do Estado. A prestação de serviços de
utilidade pública (educação, saúde, justiça, segurança, …) bem como, os abonos, os subsídios, implicam
despesas, para as quais é necessário angariar receitas. Ora, através da análise das receitas e das despesas do
Estado, podemos avaliar o grau da sua intervenção económica e social e das opções que presidem a essa
actuação.
Por exemplo, a percentagem de despesas gasta em educação, saúde e defesa revelam as opções do Estado face
a estes aspectos. Por outro lado, as suas fontes de financiamento revelam a situação económica do país.
O Orçamento é, assim, um instrumento de intervenção económica e social, pois através dele o Estado
condiciona, de facto, a actividade económica. Por exemplo, o aumento generalizado de receitas pela cobrança
de impostos, tem como consequência a redução do consumo privado e do investimento.
- receitas e despesas públicas -
As receitas públicas são os recursos do Estado para fazer face às despesas, podendo ser:
- receitas tributárias – que provêm da cobrança dos impostos.
- receitas creditícias - provenientes dos empréstimos concedidos.
- receitas patrimoniais – rendimentos vindos do património do Estado, por exemplo com a venda de instalações,
com a venda de madeira das suas florestas.
É evidente, que dentro destas receitas do Estado, os impostos constituem, sem dúvida, a fatia mais importante.
Dentro dos impostos há que distinguir dois tipos:
- os impostos directos são os que incidem directamente sobre o rendimento ou sobre o património, sendo o
IRS e o IRC, os impostos directos mais conhecidos.
- os impostos indirectos são os que incidindo sobre o consumo e a despesa realizada, recaem indirectamente
sobre o rendimento, como é o caso, por exemplo do IVA.
Convém referir que, pese embora a necessidade de cobrança de impostos seja reconhecida por todos, os
impostos nunca foram populares e até sob o ponto de vista económico e social podem, por vezes, apresentar
inconvenientes, sobretudo quando o valor da sua taxa é desajustado.
Por exemplo, os impostos directos fortemente progressivos podem ser desencorajadores para quem pretende
obter rendimentos suplementares, e assim, constituírem-se elementos desincentivadores do crescimento
económico.
Por outro lado, os impostos indirectos são socialmente mais injustos, já que por exemplo uma taxa elevada do
IVA, embora seja igual parra todos, penaliza mais o cidadão pobre que o cidadão rico.
As despesas públicas são as despesas financiadas pelo Estado, sendo realizadas para a:
- pagamento de vencimentos aos funcionários públicos;
- pagamento das prestações sociais.
- compra de bens e serviços necessários ao bom funcionamento da Administração Pública. e demais serviços
dependentes do Estado;
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Quer as receitas quer as despesas, sob o ponto de vista económico, podem classificar-se em recitas e despesas
correntes e, assim como, receitas e despesas de capital.
As receitas correntes são as receitas que Estado obtém dentro do período orçamental, como é o caso dos
impostos, taxas.
Já são despesas correntes, as despesas que o Estado faz em bens de consumo, como o pagamento da energia, a
compra de papel, o pagamento aos seus funcionários públicos.
Por outro lado, as receitas de capital, são as receitas que o Estado obtém originadas de aplicações da poupança
do Estado, como empréstimos.
Por último, as despesas de capital são as despesas públicas em bens de capital, como a construção de estradas,
de edifícios públicos, etc.
Para além da exposição do plano financeiro para um determinado período de tempo, o Orçamento de Estado
constitui um instrumento de intervenção do Estado na esfera económica e social, já que, através das receitas
cobradas e das despesas que efectua, o Estado influencia o comportamento dos agentes económicos e de toda
a actividade económica em geral.
Ao nível das receitas, os impostos têm uma acção preponderante sobre o comportamento dos agentes
económicos e sobre a actividade económica.
Os impostos directos actuam directamente na repartição dos rendimentos dos factores produtivos, gerando de
certa forma um nivelamento dos rendimentos.
Os impostos indirectos, ao recaírem sobre os bens e serviços de consumo, podem estimular ou retrair o seu
consumo e igualmente a sua produção e a oferta.
Também a nível das despesas o Estado pode actuar quer ao nível económico, quer ao nível social. O aumento
das despesas correntes traduz-se geralmente num impacto positivo para os agentes económicos e para a
actividade económica. Por exemplo, o aumento das despesas correntes pode, traduzir-se num aumento dos
vencimentos da Função Pública, aumentando os seus rendimentos e naturalmente um maior consumo. Pode
traduzir-se num aumento das despesas em bens de consumo do Estado o que provocará um aumento da
produção de bens das empresas fornecedoras.
Do confronto entre o valor das receitas públicas e o valor das despesas públicas, resulta um saldo, o saldo do
Orçamento de Estado.
Este saldo do orçamento de Estado, pode apresentar um equilíbrio, um défice ou um superavit.
Quando o Estado não consegue arrecadar recitas públicas suficientes para cobrir as despesas públicas, estamos
perante um saldo orçamental negativo - défice orçamental.
Pelo contrário, quando o valor das receitas excede o valor das despesas públicas, estamos na presença de um
saldo orçamental positivo - superavit orçamental.
O saldo orçamental constitui um indicador muito utilizado na análise da situação económica de um país,
pois reflecte a evolução dos rendimentos dos agentes económicos.
Um saldo orçamental negativo, ou seja, o total das receitas a cobrar é menor do que o total das despesas a
realizar, corresponde a uma situação de abrandamento da economia, pois há uma descida dos lucros das
empresas, ou do consumo das famílias e, portanto, menos impostos pagos pelos contribuintes.
Um saldo orçamental positivo significa que as receitas públicas são superiores às despesas públicas. Assim, o
Estado contribui para a poupança nacional e para a redução da despesa global da economia.

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4.3. POLÍTICAS ECONÓMICAS E SOCIAIS
Já vimos, a economia de um país apresenta falhas de mercado, que justificam a intervenção do Estado na vida
económica e social do país; para corrigir essas falhas o Estado utiliza vários instrumentos nas áreas económica e
social.
Um dos instrumentos de intervenção a nível económico e social, utilizado pelo Estado, são as políticas
económicas e sociais.
Podemos definir políticas económicas e sociais como o conjunto de actuações desenvolvidas pelo Estado, ao
nível económico e social, com a finalidade de atingir objectivos previamente definidos.
Em termos gerais, o Estado ao definir políticas económicas e sócias, pretende garantir uma melhor utilização
dos recursos disponíveis, de forma a melhorar o nível e a qualidade de vida dos cidadãos; pretende também,
regulamentar a actividade económica, de forma a evitar situações de desemprego ou de inflação, e também
pretende intervir na redistribuição dos rendimentos, de forma a reduzir as desigualdades sociais e a garantir
uma justiça social.
- política económica -
Quando falamos em política económica, referimo-nos ao conjunto de acções levadas a cabo pelo Estado para
alcançar determinados objectivos que foram previamente definidos.
Embora algumas pessoas distingam política económica de política social, essa distinção, no entanto, é mais
aparente do que realidade.
Efectivamente, a realidade mostra que estas duas áreas, económicas e sociais, estão fortemente inter-
relacionadas e que qualquer actuação numa dessas áreas terá repercussões na outra.
Assim, é habitual as pessoas falarem em política económica para se referirem a todos os instrumentos que o
Estado utiliza para intervir na realidade económica e social, entendida esta como um todo.
- construção de uma política económica -
Em primeiro lugar, deve-se diagnosticar e caracterizar a situação económica e social do país naquele momento.
Só depois deste passo é possível fixar os objectivos que se pretendem atingir, isto é, aquilo que se pretende
modificar.
O passo seguinte será a escolha dos instrumentos mais adequados para alcançar os objectivos fixados, isto
é, definir as medidas concretas e precisas a tomar para que os objectivos sejam alcançados e não apenas meras
intenções inatingíveis.
Uma vez definidos os objectivos e escolhidos os instrumentos a utilizar, há que tomar decisões, ponderando os
meios e os fins que se pretendem alcançar, para se passar à fase de implementação, da politica económica.
O processo ficará concluído com a avaliação dos resultados através da medição do grau de realização dos
objectivos fixados. Nesta última fase, reinicia-se todo o processo, servindo o diagnóstico feito para apuramento
da situação, como ponto de partida para a definição de novas políticas económicas.
- políticas conjunturais e estruturais -
Um aspecto importante na definição das políticas do Estado é a definição do seu horizonte temporal, pois a sua
eficácia depende da oportunidade da sua aplicação no tempo certo. Desta forma, existem:
- políticas económicas conjunturais: tratam-se de políticas de curto prazo, destinadas a corrigir
desequilíbrios que se vão gerando na economia, como o desemprego ou a inflação;
- politicas estruturais: quando se esperam resultados num período de médio ou longo prazo. Tratam-se de
políticas em que se pretendem alterar as condições de funcionamento da economia
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4.4. ALGUMAS DAS POLÍTICAS ECONÓMICAS E SOCIAIS DO ESTADO
Como as finalidades implicam uma actuação em diversas áreas, as políticas do Estado perpassam todo o
domínio social, com especial incidência no campo económico. Daí podermos falar em políticas essencialmente
económicas e em politicas essencialmente sociais.
As políticas essencialmente económicas podem incidir ou sobre um sector específico da actividade económica,
políticas sectoriais, ou sobre áreas específicas – política monetária, política fiscal, política de emprego, etc.
As políticas essencialmente sociais, visam cumprir funções sociais, nomeadamente a satisfação das
necessidades colectivas, como a política da educação, da saúde, de redistribuição de rendimentos, etc.
Como já sabemos, os fenómenos sociais são fenómenos totais. Daí que, mesmo quando o Estado actua através
de políticas económicas, alcança também consequências sociais. Quando o Estado lança mão da política fiscal
para operar uma política de redistribuição de rendimentos, corrige, de alguma forma, as desigualdades sociais.
Vamos, de seguida, fazer uma breve referência às principais políticas económicas e sociais do Estado:
( 1 ) - Política orçamental ( 2 ) - Politica monetária
( 3 ) - Política fiscal ( 4 ) - Política de combate ao desemprego
( 5 ) - Política de redistribuição de rendimentos ( 6 ) - Política ambiental

( 1 ) - política orçamental
A política orçamental consiste na utilização do Orçamento de Estado, para atingir, fundamentalmente, os
seguintes objectivos:
- satisfação das necessidades colectivas, uma vez que cabe ao Estado assegurar a satisfação de
necessidades que, pela sua natureza, não podem ser produzidas ( na totalidade ou em parte) pelo sector
privado. É o caso, da educação, da saúde ou da justiça.
- redistribuição dos rendimentos, com vista a corrigir as desigualdades provocadas pela repartição dos
rendimentos efectuada aquando da produção. O Estado pode, utilizando o Orçamento de Estado, efectuar uma
redistribuição, pois ao aumentar a carga fiscal dos rendimentos mais elevados e a transferir rendimentos para
famílias mais carenciadas, está a redistribuir rendimentos.
- estabilização da economia, pode o Estado através da utilização do Orçamento de Estado, estabilizar a
actividade económica e promover o crescimento económico, sem fazer disparar a inflação. Assim, o
Estado pode aumentar as despesas públicas e/ou reduzir os impostos, provocando um efeito expansionista da
economia ou provocar um efeito contraccionista na situação contrária.
( 2 ) - política monetária
A política monetária tem como principal objectivo garantir a estabilidade dos preços, como forma de assegurar
o crescimento económico e o emprego.
Os principais instrumentos utilizados pela política monetária são, nomeadamente:
o enquadramento do crédito, ou seja, limitando ou aumentado o volume de crédito a conceder quer às
famílias quer às empresas. Também pode o Estado utilizar a taxa de juro para aumentar ou diminuir o recurso
ao crédito. Em qualquer desta duas situações, o objectivo é controlar a quantidade de moeda em circulação.
as operações de mercado aberto, que consistem na compra ou na venda de títulos da divida pública, por forma
a diminuir ou a aumentar a quantidade de moeda em circulação.

42
as reservas obrigatórias. O Estado pode aumentar ou diminuir a quantidade de moeda em circulação ao reduzir
ou aumentar a reserva monetária de caixa que os bancos são obrigados, por lei, a ter para poderem responder
às solicitações dos seus clientes.
( 3 ) - política fiscal
A política fiscal é uma das mais importantes políticas do Estado, senão mesmo a mais importante, visto que, se
os organismos públicos não tiverem os recursos financeiros necessários, não poderão executar nenhuma das
suas medidas.
Nesse sentido, a política fiscal tem como objectivos principais:
- a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas;
- a correcção da desigualdade na repartição dos rendimentos.
Como é sabido, a política fiscal incide sobre os impostos, que é a principal fonte de receitas públicas. Daí, que
uma variação nos impostos traz consequências para a economia, pois pode fazer aumentar ou diminuir o
rendimento disponível das famílias, o consumo privado e o investimento. Assim:
- aumento dos impostos - O aumento das receitas fiscais, através do aumento dos impostos, vai provocar a
diminuição do rendimento pessoal disponível das famílias e a diminuição dos investimentos das empresas.
- redução dos impostos - Mas, se a prioridade do Estado é promover o crescimento económico, então, deve
desenvolver uma política fiscal que estimule o consumo e o investimento. Deste modo, deve reduzir os
impostos de forma a aumentar o rendimento disponível das famílias e os lucros das empresas.
A utilização de qualquer destes instrumentos fiscais traz consequências para economia. Uma política fiscal que
estabeleça um aumento dos impostos, poderá estar a contribuir para reduzir o défice orçamental, mas também,
poderá estar a comprometer o crescimento económico e a aumentar o desemprego.
Por outro lado, uma política fiscal que estabeleça uma redução de impostos, poderá contribuir para um maior
crescimento económico, é certo, mas também, poderá estar a contribuir para o aumento da inflação devido ao
aumento da procura e da quantidade de moeda em circulação.
( 4 ) - política de combate ao desemprego
A atenção dada pelos Estados à política de combate ao desemprego é muito grande., O desemprego é o
principal factor de exclusão social, é considerado um dos problemas mais graves da actual sociedade.
As políticas de combate ao desemprego estão condicionadas e variam consoante as causas que em cada época
levam a esta situação. Uma verdadeira política de combate ao desemprego não deve só reduzir o desemprego
existente como também preveni-lo e evitá-lo.
As políticas de combate ao desemprego são, portanto, muito complexas e exigem uma actuação coordenada ao
nível do Estado, dos trabalhadores e das empresas.
Vejamos, então, algumas das medidas, que se podem adoptar para a prevenção ao desemprego, bem como,
alguns instrumentos utilizados pela política de combate ao desemprego.
- Adopção de medidas preventivas do desemprego devem assentar:
- na empregabilidade dos candidatos a emprego;
- na adaptação das empresas e dos trabalhadores às novas tecnologias;
- na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.
- Instrumentos das políticas de combate ao desemprego são de diversa ordem:

43
- aumento da escolaridade e sua adaptação às necessidades reais do país;
- incentivos às empresas, concessão de subsídios, isenções fiscais em acções que provam o emprego
- formação profissional contínua;
- diminuição da idade da reforma.
( 5 ) - política de redistribuição de rendimentos
A política de redistribuição de rendimentos actua sobre os rendimentos e tem como prioridade reduzir as
desigualdades sociais.
Esta política utiliza os instrumentos das políticas fiscal e orçamental, como sejam os impostos, a prestação de
serviços essenciais, a fim de promover um melhor nível e qualidade de vida dos cidadãos.
Assim sendo, a política de redistribuição de rendimentos pode utilizar as seguintes medidas:
- carga fiscal: através da utilização de impostos directos progressivos. Deste modo, as famílias e as empresas
com maiores rendimentos terão de pagar ao Estado um valor muito mais elevado. A receita obtida pode ser
canalizada para serviços de apoio às famílias mais necessitadas.
- transferências sociais: através do aumento das pensões de reforma, invalidez, subsídio de desemprego, para
as famílias mais desfavorecidas para que estas posam viver com mais dignidade.
- preços de alguns bens: através da prestação de serviços, na educação, na saúde, na habitação social, nos
transportes públicos, postos à disposição dos cidadãos.
- sistema de segurança social: através da taxa única que os trabalhadores e as empresas pagam para a
Segurança Social, o Estado recolhe receitas que depois são transferidas para as famílias sob a forma de subsídios
de invalidez, de desemprego, em pensões de reforma ou abono de família.
( 6) - política do ambiente
A preocupação com o ambiente passou a fazer parte do programa dos governos quando, pelos finais da
década de sessenta, se passou a falar na destruição em que a Natureza estava a caminhar: seja a poluição,
afectando a qualidade de vida das populações, seja, no esgotamento de recursos, que comprometia a satisfação
das necessidades para as gerações futuras.
O reconhecimento da gravidade da situação e urgência de soluções levou os governos dos Estados a incluírem
nos seus programas medidas de protecção ambiental.
Hoje, na maioria dos países, essa matéria já aparece como uma necessidade colectiva e considerada um direito
fundamental, pelo que constitui um campo de intervenção obrigatória do Estado, impondo a definição de uma
verdadeira política do ambiente. A actuação do Estado faz-se através:
- do poder legislativo, que usa para emitir normas de proibição ou de imposição, como:
- proibição de certas actividades poluentes, em determinadas áreas;
- imposição de limites para a emissão de poluentes, como o dióxido de carbono;
- exigência de instalações e equipamentos antipoluentes, como filtros;
- controlo do uso de recursos naturais por intermédio de cotas de extracção.
- de instrumentos económicos, como:
- taxas de poluição que devem ser calculadas segundo o grau de degradação ambiental causado
pelo poluidor;

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- subsídios para incentivar os poluidores a reduzirem os níveis de poluição e adoptarem
comportamentos antipoluidores;
- criação de mercados, consistindo na criação artificial de mercados para a poluição, que
permitam aos agentes comprar ou vender direitos (cotas de poluição / direito de poluir)
Na actualidade, a generalidade dos países industrializados já assumiram políticas ambientais. Mas, mais
importante do que autonomizar sectorialmente uma política ambiental, é assumir globalmente, uma verdadeira
atitude de defesa do ambiente.
Esta atitude deverá funcionar como uma espécie de consciência crítica de todas as outras políticas, passando a
constituir preocupação de todos os departamentos governamentais, tais como, obras públicas, indústria,
pescas, etc.
Por outro lado, controlar a poluição apenas através da lei não chega. Há que implementar medidas eficazes, tais
como a tributação e a responsabilização, princípio do utilizador/pagador e poluidor/pagador, em articulação
com uma pronta e eficaz fiscalização.
Isto até que a defesa do ambiente seja assumida por todos como uma questão vital para a sobrevivência da
Humanidade. Por se tratar de um problema global, impõem-se medidas concretas entre os países.
Depois de termos analisado algumas das principais políticas utilizadas pelo Estado, convém frisar que estas
políticas não devem ser vistas como políticas independentes e que funcionam de forma automática. Com efeito,
para atingir um determinado objectivo, o Estado pode optar por utilizar uma determinada política, embora
existam outras que poderiam ser utilizadas.
Por outro lado, não devemos esquecer que o objectivo de uma determinada política pode ser, também,
objectivo de outra política económica ou social.
Observemos o seguinte esquema, no qual se representam duas finalidades, o combate à inflação e o combate
ao desemprego e as respectivas políticas e instrumentos que é possível utilizar.

45
4.5. AS POLÍTICAS ECONÓMICAS E SOCIAIS DO ESTADO SANTOMENSE
Conforme escrito no Diário da República de São Tomé e Príncipe de 8 de Março de 2011 as Grandes Opções de
Plano Para o Ano Económico de 2011 são os Objectivos Centrais e estratégicos do Governo:
1. Objectivo Central
1.1. O combate à pobreza e a resolução dos problemas que mais afligem a população mais desfavorecida e cujas
soluções encontram se há décadas adiadas, constitui o objectivo central do Programa do Governo, e cujo
alcance só é possível, através de acções que visam travar a degradação das condições económicas e sociais dos
santomenses, como são as que serão aqui focalizadas nestas GOP.
1.2. Para que isto aconteça, o Governo agirá no sentido de melhorar a governação, revalorizar o sector primário
da economia, o sector do turismo e melhorar o ambiente de negócios, sendo estas as principais alavancas de
crescimento, criando para o efeito as bases para o desenvolvimento sustentável com a qualidade e promoção
de condições de atracção do investimento estrangeiro. As infra-estruturas socioeconómicas merecerão uma
atenção especial neste Programa.
2. Objectivos Estratégicos
2.1. As GOP têm em conta quadro objectivos estratégicos , a saber:
 Fazer uma boa governação que credibilize a classe dirigente;
 Promover o crescimento económico para mais e melhor emprego;
 Organizar e promover a coesão nacional;
 Reforçar a Autoridade do Estado.

EXERCÍCIOS
1. Diga se considera Verdadeiras ou Falsas as seguintes afirmações, justificando:
1.1. A política de redistribuição de rendimentos tanto pode ser realizada através de políticas sociais como de
políticas fiscais.
1.2. As empresas mistas pertencem todas ao sector empresarial do Estado.
1.3. O aumento das despesas públicas aumentando os rendimentos distribuídos, provoca o aumento da
produção.
1.4. As despesas públicas são um meio de intervenção do Estado nos planos económico e social.
2. Explique as circunstâncias que levaram o Estado a intervir na
actividade económica.
3. Através da análise de artigos imprensa, identifique a
tendência actual na sociedade santomense quanto à
intervenção do Estado na economia.
4. O que compreende o Orçamento de Estado.
5. Quais as principais fontes de receitas do Estado.
6. Distinga despesas correntes de despesas de capital.
7. Explique como, a partir da análise de um Orçamento de Estado, se pode tirar conclusões sobre a política e
social de um governo.
46
5. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
"Os tempos estão transformados, constatamos, e nações erguem-
se pela força e grandeza, outras falham e caem. Tróia uma vez era
grande na riqueza e em homens e deu por dez longos anos o seu
sangue vital; enfraquecida agora Ela mostra a sua antiga ruína,
das suas riquezas só as quebradas sepulturas dos antepassados."

Ovid - Metamorfoses
Há aproximadamente 2000 anos atrás , o peta romano Ovid escreveu um poema clássico chamado
Metamorfoses. Os 15 capítulos do poema descrevem a criação e a história do mundo em termos das mitologias
grega e romana, onde se verifica a permanente transformação dos deuses. Hoje, com a contínua e exponencial
transformação das economias mundiais, está a acontecer uma metamorfose similar. É a metamorfose das
economias e das actividades.
Nos dias de hoje, não passa um dia sem que algum comentador fale sobre a emergência da China, do Brasil, da
Índia, ou da Rússia, como potências económicas. Os estudos indicam que estas quatro economias irão alcançar
todos os outros países excepto os EUA e o Japão em 2050. Falando em dólares americanos, a China poderá
alcançar a Alemanha no próximo ano, o Japão em 2015 e os EUA em 2039. A economia da Índia poderá ser
maior que todas as outras exceptuando a dos EUA e a da China daqui a 30 anos e a Rússia irá alcançar a
Alemanha, a França, a Itália e o Reino Unido.
As metamorfoses da economia (que ocorrem em economias gigantes como a China e a Índia) e as
metamorfoses das actividades (os serviços não transaccionáveis tornando-se transaccionáveis) implicam que os
países não forem capazes de responder efectivamente a estas mudanças estão em perigo de perder o "barco" e
comprometerem toda a sua prosperidade.

5.1. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO - INTRODUÇÃO


Há uma fábula budista em que cinco cegos tocam num
elefante. Cada um toca numa parte do elefante e diz que
são coisas diferentes: uma corda, uma árvore, uma
parede... Tudo depende da parte do elefante em que
tocavam. Por vezes é o que acontece com os diagnósticos
dos problemas dos países...
"Empreendedorismo", "inovação", "internacionalização"...,
são palavras da moda. Corre-se o risco de passarem a clichés sem ter impacto no problema fundamental - o
espírito de criar, de inovar, de mexer... O problema está em usarmos e aplicarmos mal as palavras, e não os
conceitos em si!
Afinal o que é, e para que serve o empreendedorismo? O conceito de empreendedorismo existe há bastante
tempo e tem sido utilizado sob diferentes significados. Contudo, a sua popularidade renasceu nos últimos
tempos, como se tivesse sido uma "descoberta súbita" e viesse definitivamente alterar a economia. Mas será
que todos sabemos para que serve? Há uma coisa fundamental: o empreendedorismo, relacionado com a
criação de empresas, terá de ter a ver com empresas de inovação. Se pensarmos em lojas como
empreendedorismo, corremos o risco grave de cair na definição de empreendedorismo só com auto-emprego -
o engraxador de sapatos é um empreendedor?
A ideia de que existe uma forte ligação entre inovação e empreendedorismo é defendida por um dos mais
famosos especialistas nas áreas de Gestão - Peter Drucker:

47
"Inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio através do qual eles exploram a mudança
como uma oportunidade para uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. Pode ser apresentada
como uma disciplina, pode ser aprendida, pode ser praticada. Os empreendedores precisam de procurar
decididamente as fontes de inovação, as mudanças e os seus sintomas que indicam oportunidades para
inovações de sucesso."

5.2. EMPREENDEDORISMO, NOÇÕES E CONCEITOS


O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo e
tem sido utilizado com diferentes significados. Contudo, a sua
popularidade renasceu nos últimos tempos, como se tivesse
sido uma "descoberta súbita". A partir de determinado
momento foi como se se encontrasse a chave para abrir uma
porta com a lâmpada de Aladino, de forma a alterar
definitivamente o rumo da economia!
A palavra empreendedorismo deriva do francês "entre" e
"prendre" que significa qualquer coisa como "estar no mercado
entre o fornecedor e o consumidor". Muitas vezes é dada à palavra empreendedorismo uma conotação
diferente, devido à confusão de significados que têm sido utilizados desde há séculos. Curioso é o facto de que
ao escrever a palavra empreendedorismo, ela não é reconhecida no programa Microsoft Word, na língua
portuguesa!
O economista francês do século dezoito, Richard Cantillon, terá sido o primeiro responsável pelo aparecimento
desta noção, dando ao empreendedorismo uma conotação próxima da que tem hoje. Cantillon descreve um
empreendedor como sendo uma pessoa que paga um certo preço por um produto para o vender a um preço
incerto, tomando decisões sobre obter e usar recursos assumindo o risco empresarial. Também Adam Smith, faz
uma referência aos empreendedores como sendo pessoas que reagem às alterações das economias, sendo
agentes económicos que transformam a procura em oferta. Mas, talvez a definição mais próxima do conceito de
empreendedorismo utilizada hoje seja a de Joseph Schumpeter, que refere que o empreendedor é quem aplica
uma inovação no contexto dos negócios, que pode tomar várias formas:
 introdução de um novo produto
 introdução de um novo método de produção
 abertura de um novo mercado
 a aquisição de uma nova fonte de oferta de materiais
 a criação de uma nova empresa
É interessante notar que a definição histórica de inovação atribuída a Schumpeter significa o mesmo que hoje
entendemos por empreendedorismo!
Actualmente é dito que o empreendedorismo é a prossecução de uma oportunidade sem olhar para quem
controla os recursos, ou qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego
próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente por um indivíduo, equipa de
indivíduos, ou negócios estabelecidos.
Mas antes de ficarmos mais perdidos com definições, parece-nos importante adoptar uma definição de
empreendedorismo mais restrita: empreendedorismo é o processo de criação e/ou expansão de negócios que
são inovadores ou que nascem de a partir de oportunidades identificadas.

48
- Formas de empreendedorismo:
Com se um vasto leque de definições não fosse o suficiente, os investigadores ao longo dos anos descreveram
diferentes tipos de empreendedorismo. Um último estudo indica que alguns dos tipos de empreendedorismo
que podemos encontrar são:
 empreendedorismo por necessidade
 empreendedorismo ético
 empreendedorismo de capital
 empreendedorismo electrónico
 empreendedorismo familiar
 empreendedorismo comunitário
 empreendedorismo municipal
 empreendedorismo estatal
 empreendedorismo local
 empreendedorismo na terceira idade
 empreendedorismo em jovens
Não querendo alongar em explicações de todos estes empreendedorismo que me parecem óbvios, iremos
apenas comentar dois tipos de empreendedorismo que não consistem na criação de empresas.
Intra-empreendedorismo
Se o espírito empreendedor tivesse que ser dado focando-se num dos tipos de empreendedorismo, então
certamente o Intra-empreendedorismo tem um papel importante numa organização. Estes são os
empreendedores que operam com sucesso numa organização estabelecida ou em parceria com outros
empreendedores que abrangem os atributos e capacidades que eles não têm. Um empreendedor é uma pessoa
dentro de uma grande empresa que tem responsabilidade directa em tornar uma ideia num produto final
lucrativo após inovação.
Existe uma cultura nas grandes empresas de fomentar estes tipo de atitudes nos seus funcionários, traduzindo-
se em apoio tanto ao nível financeiro, como na facilidade de gestão de horário laboral.
Empreendedorismo Social
Os impactos mais alargados que o empreendedorismo pode ter na sociedade vêm na forma de
empreendedorismo social que pode ser definido como, empreendedorismo não apenas como um fenómeno
registável nas empresas, mas também nas instituições sem fins lucrativos, vulgo ONG´s.
Os empreendedores sociais são indivíduos que têm soluções de inovação para problemas sociais. São
ambiciosos e persistentes, enfrentam os maiores problemas sociais e oferecem alterações de larga escala.
Os empreendedores nos negócios transformam a economia ao deslocarem recursos para áreas que ainda não
estão servidas. Os empreendedores sociais partilham muitas das mesmas qualidades, mas o seu primeiro efeito
vai para actividades que geram mudanças sociais. Os sectores não lucrativos constituem um sector da sociedade
com forte crescimento.
Alguns exemplos de empreendedorismo social:
 Bill Drayton que criou a fundação Ashoka e definiu como alvo dos seus recursos financiar e apoiar
empreendedores em todo o mundo.
 Veronica Khosa que desenvolveu um modelo de cuidados ao domicílio para doentes com SIDA que
alterou a política governamental do seu país, África do Sul.
 J.B. Schramm que ajudou milhares de estudantes com baixos rendimentos a entrar na universidade, nos
EUA
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 Fábio Rosa que levou electricidade a milhares de pessoas em lugares isolados no Brasil
 Yunus que criou o micro crédito que permitiu a milhares de pessoas criarem o seu próprio negócio.
Poderemos ser todos empreendedores?
Poderemos ser todos empreendedores? Ou será que existe algum traço individual que torne uns indivíduos
mais empreendedores do que outros? Será que a personalidade determina o sucesso dum empreendedor?
Como em quase tudo na vida existem pessoas que nascem pré-dispostas a qualquer coisa, embora outras sem
essa pré-disposição, mas com muita força de vontade conseguem superar todos os outros.
Resta-nos a pergunta então de quais serão as capacidades necessárias para ser um bom empreendedor?
O que é necessário para ser empreendedor?
Houve uma altura que a motivação e a boa vontade eram suficientes, mas nos dias de hoje, com a concorrência
existente os empreendedores devem estar aptos a fazer cinco tarefas:
 identificar e analisar uma oportunidade
 definir um conceito de negócio
 identificar os recursos necessários
 adquirir os recursos necessários
 implementar o negócio
Para além das capacidades as áreas de capacidades/conhecimentos são cruciais para o sucesso do
empreendedor:
 liderança
 comunicação (oral e escrita)
 relações humanas
 gestão
 negociação
 raciocínio lógico e analítico
 tomada de decisão e definição de objectivos
 preparação de um plano de negócios

5.3. INOVAÇÃO, NOÇÃO E CONCEITOS


A palavra inovar deriva do Latim in+novare, que significa "fazer novo", renovar ou
alterar. De forma simples inovação significa ter uma ideia nova ou, por vezes, aplicar
ideias de outras pessoas em novidades ou de forma nova. A inovação é a criação de
coisas novas ou o rearranjar de coisas antigas mas de uma nova forma.
Então o que é a inovação? O processo e a busca de uma definição...
Sucintamente a inovação é a exploração de novas ideias que encontram aceitação
no mercado, usualmente incorporando novas tecnologias, processos, design e uma melhor prática. O processo
de inovação geralmente envolve as seguintes fases:
 ter uma nova ideia ou repensar umas ideia antiga
 reconhecer oportunidades que existem e podem ser promovidas
 escolher as melhores alternativas
 aplicação da ideia e do processo

50
Porquê inovar? Inovação e crescimento económico.
Qualquer negócio tem
duas exigências básicas:
deve executar as suas
capacidades correntes
para sobreviver aos
desafios dos dias de hoje
e deve adaptar essas
actividades para
sobreviver nos dias de
amanhã.
Numa economia do
conhecimento, as
empresas devem
desenvolver novos
produtos e serviços para
aumentar os resultados.
Hoje, dada a forte concorrência e instabilidade do mercado em geral, para se manter competitiva e lucrativa,
uma empresa deve desenvolver novas ideias e conceitos para se manter à frente da concorrência. É através da
inovação que as empresas podem criar valor e diferenciar os seus produtos e serviços da concorrência. Na
economia global de hoje a vantagem competitiva é alcançada pelo acesso aos melhores investigadores e aos
líderes da imaginação. A liberalização das trocas tanto ao nível das mercadorias como dos mercados financeiros
associada aos avanços das tecnologias de informação e comunicações, reduzem as barreiras geográficas da
troca, deixando as empresas e os países mais vulneráveis à competição internacional. Isto reforça a
necessidade das empresas inovarem continuamente, adaptarem e criarem novos produtos e serviços para
competir para além das fronteiras regionais. É daqui que se consegue retirar a importância dada por parte das
empresas ao "departamento" de I&D (Investigação e Desenvolvimento) ou R&D (Research and Development)

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TIPOLOGIAS E CLASSIFICAÇÕES DE INOVAÇÃO
Verificámos anteriormente os cinco tipos de inovação de Schumpeter. Essa classificação vem directamente da
sua definição de inovação. A tipologia diferencia a inovação conforme duas perspectivas: a perspectiva Macro e
a perspectiva Micro. Na perspectiva Macro, a inovação tem a ver com novidades para o mundo, para a indústria
e para o mercado. Esta sim, é uma inovação muito ligada à descontinuidade tecnológica, ao aumento da
produtividade e ao consequente aumento da competitividade das empresas, indo ao encontro de um
paradigma de mudança no estado da ciência e da tecnologia, procurando novos recursos em I&D e/ou novos
processos de produção. Por seu turno, a perspectiva Micro vê a inovação como novidades para a empresa e
para o consumidor.
Hoje, as empresas com padrão inovador, podem escolher trabalhar a partir de dois pontos de partida - criar por
completo novos produtos e serviços ou fazer melhoramentos em produtos ou serviços existentes.

Conceito de inovação e mercados - Um modelo de inovação estratégica : Matriz Ansoff


Um exemplo representativo do que é usualmente considerado um modelo de estratégia é a matriz de Ansoff.
Também chamada de grelha de expansão de produto/mercado de Ansoff, é um modelo que, apesar do meio
século de existência, ainda é popular no mundo dos negócios, para determinar as oportunidades de

52
crescimento dos mesmos. Duas dimensões determinam o espaço em causa, produtos e mercados. A ferramenta
Ansoff permite analisar quatro estratégias genéricas de crescimento:
1. Penetração no Mercado. Vender mais dos mesmos produtos ou serviços na actual combinação de
produto e mercado. A estratégia é normalmente para ser realizada via economias de escala,
aumentando a eficiência produtiva, da distribuição e aumentando o poder de compra.
2. Desenvolvimento do Mercado. Esta estratégia refere-se a vender mais dos produtos existentes em
novos mercados e canais. Estas estratégias implicam atrair clientes aos competidores ou introduzir
novas marcas no mercado. Novos mercados podem ser explorados internacionalmente.
3. Desenvolvimento do produto. Neste caso refere-se aos desenvolvimento de novos produtos para
substituir ou complementar os existentes. O foco é no desenvolvimento de produto a clientes regulares.
4. Diversificação. Este espaço refere-se a vender novos produtos ou serviços em novos mercados. As
estratégias de diversificação podem aumentar (devido à novidade) ou reduzir os riscos (ao diversificar o
risco). Dentro do espaço de diversificação, quatro vectores podem ser identificados:
 Diversificação horizontal - aquisição ou desenvolvimento de novos produtos introduzidos no
grupo de consumidores actual.
 Diversificação vertical - movimento ao longo dos negócios dos fornecedores ou consumidores
para assegurar fornecimentos ou fortalecer os consumos.
 Diversificação concêntrica - introdução de novas linhas de produtos ou serviços relacionados
proximamente com as já existentes, para um novo grupo de consumidores.
 Diversificação conglomeral - introdução de novos produtos que são completamente novos
tecnologicamente, procurando novos grupos de consumidores.

5.4. PLANO DE NEGÓCIOS


Um plano de negócios bem estruturado é fundamental para o sucesso do novo
empreendimento. Muitos empreendedores fracassam por não terem feito com a devida
atenção a lição de casa.
O plano do novo empreendimento não precisa ser sofisticado. Mas tem que tocar nos
aspectos certos, permitir as análises certas, induzir às decisões críticas para o sucesso do
empreendimento.

Segue-se um guia passo-a-passo para a montagem de um plano de negócios. Não é o único modelo de plano
que existe, mas é um modelo bom. Feito com a devida atenção vai ajudá-lo a ter mais segurança na implantação
de um novo empreendimento.

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Guia para montagem do plano
(Um plano tem que ser simples, não importando quanto estudo você tenha feito antes de formulá-lo. Note que
você não precisa se ter somente este plano. Você pode fazer estudos demorados e detalhados do negócio que
deseja montar. Mas, na hora de formular o plano, opte pela simplicidade.)
O presente roteiro compreende os quatros elementos fundamentais da montagem do plano:
1. Conceito de Negócio
2. Funções Fundamentais do Negócio
3. Planos de Acção
4. Orçamento
1. Conceito de Negócio
Antes de mais nada é necessário haver uma definição clara e objectiva das características do novo negócio. O
conjunto das características que resolvemos dar a um negócio chama-se conceito de negócio, isto é, deve-se ter
a ideia detalhada em toda a sua riqueza.
Para definir o conceito do negócio precisamos fazer algumas análises. A definição do conceito é basicamente a
decisão dos tópicos mais importantes de análise.
Alguns exemplos de ideias e conceitos:

Ideia Conceito
Lanchonete Pequena lanchonete situada perto de escola de segundo grau, com decoração descontraída
capaz de atrair os estudantes. Música ambiente de gosto juvenil. Podem ser oferecidos três
tipos de lanches, além de refrigerantes e sumos.
Livraria Livraria de pequeno porte especializada em bestsellers, mas que oferece serviço de busca de
qualquer livro para o cliente e entrega em 24h. Os bestsellers do momento sempre estarão
expostos. Terá cerca de mil títulos em stock.
Pastelaria Pastelaria que oferecerá 10 tipos de pastéis, sendo sete salgados e três doces. Oferecerá
também 10 tipos de sumos. Os pastéis serão comprados de terceiros e serão fritos na hora.
Como se vai definir o conceito?

Análises Decisões Observações


Mercado: Qual é o mercado Mercado a atender: Que parcela A questão fundamental é atender
existente para o negócio, como ele do mercado o negócio deve bem uma parcela seleccionada do
é, como se comporta? atender? A quem ele vai se mercado. Essa escolha é crítica.
destinar?
Concorrência: Quem são os Posição competitiva: Como vou É fundamental achar uma posição
concorrentes, o que eles tem de sobreviver à concorrência? O que para a nova empresa dentro da
bom e mau? vou oferecer aos meus clientes arena competitiva. Preço?
que permita minha Qualidade? Serviços? O
sobrevivência? empreendedor deve buscar sua
proposta.
Sistema produtivo: Como se Fórmula produtiva da empresa: Temos de ver como usualmente se
produz esse tipo de Como nós vamos produzir? faz e achar o nosso jeito particular
produto/serviço? de fazer.
Sistema de organização: Como os Fórmula de organização da Vendo a organização dos outros,
outros se organizam para operar empresa: Como vamos nos decidiremos como queremos nos
esse tipo de negócio? organizar? organizar.
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Sistema de divulgação e vendas: Fórmula de divulgação e vendas Aqui também observaremos forças
Como os outros fazem o seu da empresa: Como faremos a e fraquezas dos outros antes de
marketing, isto é, divulgam seu divulgação e a venda. decidir o que fazer.
negócio e vendem?
Outros aspectos: Outros aspectos Outras características: É importante não perder de vista
relevantes das empresas que Características da empresa que cada negócio tem suas
operam no ramo. quanto a esses aspectos. particularidades.

Com a elaboração das decisões sobre o mercado, posição competitiva e fórmula de produção, já estamos a
definir o conceito, ou seja, definindo o nosso negócio em detalhe.
2. Funções fundamentais do negócio
Em qualquer negócio, temos algumas funções essenciais, tais como:
Produção
- Onde se vai obter a matéria prima? A que custo? Em que condições?
- Que equipamento será necessário?
- Qual o nível de stock de matéria prima e de produtos acabados?
- Questões ligadas à qualidade, embalagem, transporte, etc.
Vendas (plano de marketing)
- Quem vai vender e como?
- Qual será a nossa proposta básica ao cliente?
- Qual a nossa oferta em termos de prazo, crédito e serviços?
- Como agiremos com distribuidores, representantes?
- Como faremos a divulgação dos produtos/serviços?
- Outras questões fundamentais de vendas: renumeração dos vendedores, ajudas de custo, movimentação no
território, etc.
Organizar e controlar
- Quantas pessoas são necessárias para o negócio funcionar?
- Quais as funções básicas?
- Como renumeraremos? Níveis e formas?
- Quem fará a supervisão?
- Quais são as actividades básicas de cada um e como se devem executar?
- Outras questões fundamentais como, arquivos, documentos, etc.
3. Planos de acção
Agora que já se sabem as características (conceito) e como será a organização que vai dar suporte ao seu
funcionamento (funções fundamentais) é necessário fazer um plano de acção. O plano deverá responder a três
questões fundamentais:
1. O que precisamos para implementar o novo negócio?
Actividades fundamentais.

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2. Quando faremos cada uma dessas actividades?
Cronograma.
3. Quem tomar conta?
Responsabilidades.

Estamos a fazer um plano de acção para a implantação de um novo negócio. Esse plano não precisa de ser
sofisticado, pode ser simples, mas deve obrigatoriamente ser objectivo e directo. Ele será um guia para orientar
as nossas acções de implementação do novo negócio.
O empreendedor pode fazer tantos planos quantos forem necessários, dependendo do estágio da implantação
e da complexidade do negócio.
4. Orçamento
Agora precisamos de por tudo em números. Precisamos fazer um orçamento bem feito, que nos oriente nos
gastos e nos ajude a mantê-los sobre controle.
Para fazer esse orçamento, três questões fundamentais:
1. Quanto vamos investir para implantar o novo negócio?
2. Quanto esse negócio vai facturar por mês e quanto vai gastar?
3. Quais serão as contas a pagar e a receber, desde a fase de implantação e prolongando-se para a
operação de negócio?

Quando respondemos a estas perguntas, já estamos a montar o orçamento. Na verdade teremos três
orçamentos:
Orçamento de Investimento:
É uma lista detalhada dos investimentos que teremos que fazer para montar o novo negócio. Para que serve?
Para reduzirmos investimentos, para pensarmos atentamente sobre cada item, para sabermos (no futuro)
quanto investimos e analisarmos se os resultados foram compensadores. Para simplificar pode utilizar o
seguinte roteiro:
1. Faça uma lista detalhada de todos os investimentos que serão feitos para por o negócio a funcionar. Essa lista
costuma incluir os seguintes itens:
- Despesas com o registo do novo negócio
- Despesas com os contadores
- Compra, ou reforma de um imóvel (se for aluguer colocamos mais à frente)
- Equipamentos e máquinas
- Material de escritório
- Matérias primas ou produtos para o stock inicial
- Dinheiro para reserva de caixa
- Móveis e utensílios
2. Coloque os valores em frente de cada um dos itens.
3. Analise bem essa lista, veja se o desembolso é realmente necessário, se não pode ser adiado ou reduzido.
4. Defina o que vai gastar.

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Orçamento Operacional
Agora é fundamental prever como o novo negócio vai comportar-se em termos de receitas (vendas,
facturamento) e despesas. Não é muito fácil fazer essa previsão e nem sempre teremos uma precisão elevada.
Porém, é importante fazê-la porque teremos um instrumento a mais de controle do negócio, que é de extrema
importância.
O orçamento operacional é isso: uma previsão de receitas e de despesas do novo negócio. Deve ser realizado
para um mês e depois extrapolado para um ano e por aí adiante. Para simplificar pode seguir o seguinte roteiro:
1. Estime quanto(quantidade e preço) se espera vender com o novo negócio. Para faze-lo, pergunte,
reflicta, analise outros negócios, peça ajuda a quem esteja dentro do assunto.
2. Estime quanto vai gastar para produzir/vender essa quantidade de produto/serviço. Inclua aqui apenas
os gastos directamente envolvidos com o produto/serviço, aqueles que variam de acordo com a
produção e vendas (Custos Variáveis). Os itens normalmente que aparecem aqui são:
- Matéria prima
- Embalagem
- Impostos directos
- Comissões sobre vendas
(Gastos como mão de obra directa de produção, luz, água não convém colocar aqui, porque nas
empresas pequenas ocorrem de modo independente da produção/vendas.)
3. Agora estime os gastos mensais que o negócio terá, aquelas contas inadiáveis e que não dependem da
produção/vendas (Custos Fixos). Os itens normalmente que aparecem aqui são:
- Prestação do empréstimo ou do aluguer
- Salários
- Contador
- Taxas e impostos fixos
- Telefone, água, luz
4. Agora faça a dedução: Vendas - Custos Variáveis - Custos Fixos = lucro/prejuízo

Orçamento de caixa
O orçamento de caixa, como o nome diz, é o que contempla a entrada e saída de dinheiro. No orçamento
operacional colocamos vendas, mas a venda não quer dizer recebimento, porque às vezes será feita a prazo.
Igualmente colocamos custos, mas não os pagamentos e suas datas. O orçamento de caixa lida exclusivamente
com dinheiro, entrando e saindo.

Para que serve o orçamento de caixa? Para que o empreendedor, olhando sempre para a frente, possa evitar
rombos de caixa. Se percebe que vai faltar dinheiro, ele tem de tomar providências antes que a falta se
manifeste concretamente. Igualmente serve para orientar os gastos. Se percebe que o dinheiro estará sobrando
no dia X, Y ou Z, poderá fazer uma compra para pagar naqueles dias. Como fazer:

1. Faça uma lista de todos os pagamentos e todos os recebimentos a serem feitos no decorrer, colocando
cada um no seu dia certo.
2. Veja o saldo de caixa antes do primeiro dia e daí em diante vá fazendo os cálculos: dinheiro que entra +
saldo do dia anterior - dinheiro que sai = saldo do dia.

Devemos admitir que montar um novo negócio não é uma tarefa simples. São muitas as actividades a serem
executadas pelo empreendedor e sua eventual equipe, muitas tarefas que se encadeiam. Porém, não é também
nada que não possa ser conduzido por uma pessoa de boa vontade e com bom senso, mas principalmente com
CORAGEM.

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