Papel Da Filosofia Na Formação Humana
Papel Da Filosofia Na Formação Humana
Papel Da Filosofia Na Formação Humana
Introdução
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Professor no PPGE da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – Brasil. Email: lorieri@sti.com.br
Formação tem a ver com forma e com processos que dão forma a algo. No
caso dos humanos pode-se pensar em formação como processo de “dar forma”
ou, de “dar-se uma forma”. Aqui alguns problemas: a forma humana nos é dada,
nós nos damos uma forma, ou ambas as coisas? Estar formado não é parar de
existir?
O que é forma? Questão que vem desde a ideia platônica de essência para
se referir à “figura latente e invisível”, “só captável pela mente” (FERRATER
MORA, verbete Forma), à qual Platão se refere com a palavra eidos. Ou da noção
aristotélica de forma como essência necessária que se distingue da matéria, e que,
com ela, configura algo. Há posições que afirmam ser a forma a essência já dada
aos seres, vinda de algum poder externo. Aos humanos competiria realizá-la na sua
temporalidade como conformações. A ideia de conformação gerou caminhos
indicativos de constituição das pessoas. Se a forma é dada a priori, resta
conformar-se ou ser conformado a ela. Entendimento diferente a vê como
resultante do conjunto de relações que se dão na e com a natureza, na e com a
sociedade e historicamente. Afirma-se a constituição histórica da maneira de ser
pessoa.
Savater diz algo semelhante: “Nascemos humanos, mas isso não basta:
temos também que chegar a sê-lo”, (1998, p. 29). E acrescenta: “A condição
humana é em parte espontaneidade natural, mas também deliberação artificial:
chegar a ser totalmente humano – seja humano bom ou humano mau – é sempre
uma arte”. (Idem, p. 31). Espontaneidade natural que carrega elementos dados,
como os germes de humanidade, mas atrelados a um projeto que se realiza nas
circunstâncias, como diz Kant. Marx e Engels (1979) indicam que a formação
humana é uma construção coletiva e histórica que ocorre a partir de elementos
naturais dados, mas que se realiza nas relações de produção da vida, pelo trabalho.
“O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua
produção” (MARX-ENGELS, 1979, p. 28). Os caminhos da realização humana se
dão nas condições históricas: o primeiro momento, o “primeiro ato histórico”
(1979, p. 39), é o da produção dos meios que permitem a satisfação das
necessidades de “comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais”
Para quê, poder-se-ia perguntar? Para ajudar a formar pessoas que sejam
capazes de deslocarem-se “ da apreensão imediatista da realidade para uma
posição esclarecida” (idem, p. 53). Aí estaria a sua “utilidade” na expressão de
Chauí (2003, p. 24) ao afirmar a este respeito:
José Auri Cunha (2011), aponta como uma das funções básicas formativas
do Ensino Médio, o desenvolvimento de uma cultura racional como a que está
presente nas ciências, nas tecnologias e na filosofia. Cultura que implica tanto o
desenvolvimento de atitudes, quanto de procedimentos lógico-metodológicos,
“sem os quais a aprendizagem e prática do pensamento conceitual não se
sustenta”. (CUNHA, 2011, p. 1) Este desenvolvimento encontra na filosofia “uma
condição particularmente privilegiada” pois é próprio do seu exercício, “questionar
a verdade das crenças e a sustentação argumentativa dos princípios e regras morais
ou políticas” (idem, p. 1). É próprio do seu discurso ser “reflexiva e crítica,
colocando sob o crivo da permanente refutabilidade as estruturas intelectuais e
cognitivas que lastreiam a compreensão, a explicação e o modelamento da
realidade, entendendo esta enquanto experiência comum vivida objetivada em
conceitos” (idem, p. 1). Diz que, para aceder a este tipo de pensamento conceitual,
não é possível “prescindir das técnicas, artifícios e métodos da reflexão e da crítica
filosófica” (idem, p. 1).
Possíveis conclusões
REFERÊNCIAS