Direito Fiscal 2 (Aulas)
Direito Fiscal 2 (Aulas)
Direito Fiscal 2 (Aulas)
Será que o IRC é muito importante para Portugal? Não, há autores que até defendem que se devia acabar com o IRC- a receita
que se obtém de IRC é muito inferior à receita que se obtém de IRS.
As empresas não são importantes por aquilo que pagam, elas são importantes porque a partir da reforma dos anos 80, elas
tornaram-se os principais “ajudantes” da administração tributária. Houve uma espécie de privatização da administração dos
impostos. As empresas hoje, mais do que contribuintes, elas são gestoras em matéria de impostos. As empresas têm um papel
muito importante no que diz respeito às retenções nas fontes: elas entregam aos trabalhadores o salário líquido e a empresa entrega
essa retenção na fonte diretamente nos cofres do Estado.
2. Administradores ou gestores de impostos: As empresas ainda ajudam na gestão e administração do imposto de 2 formas:
2.1. O IRC é um imposto de auto-liquidação: a empresa é que vai fazer as contas e liquidar, já entregar nos cofres do
estado aquilo que ela entende ser devido em sede de IRC nesse ano.
2.2. Por outro lado, mesmo quando a liquidação está nas mãos na AT, esta limita-se a apurar o imposto a pagar com base
exclusivamente nos dados fornecidos pelos contribuintes na declaração anual de rendimentos.
“Administração privada dos impostos” A AT pode sempre fazer as chamadas inspeções tributárias- averiguar
se houve rendimentos que foram ocultados e, com base nisso, fazer eventuais liquidações adicionais. Opondo-se ao que fazia
anteriormente, onde aplicava as normas de tributação com elementos que disponha ex ante passou a ser fiscalizadora ≠
“Administração Pública dos Impostos” (vigorou até finais anos oitenta).
3. Sujeitos passivos: não são eles que sofrem o desfalque patrimonial, mas são eles que retêm aos trabalhadores e entregam no
cofre do estado. Temos 2 situações:
3.1. IVA As empresas têm um papel muito importante em matéria de aplicação do IVA:
A NESTLÉ vende o seu produto a 100; entrega no estado 6% do IVA (isto não é IVA que ele vai suportar, ele cobra
os 6% ao Pingo Doce, pega neles e mete nos cofres do Estado; o pingo doce liquida 12% de IVA, os 6% que pagou à
NESTLÉ para reembolsar, mais x% que entrega nos cofres do Estado).
O consumidor final é que vai suportar o IVA porque já não pode fazer a repercussão legal do imposto a ninguém.
Cada empresa liquida IVA nas suas vendas e deduz o IVA que ela suportou.
As empresas têm um papel fundamental para que isto funcione. O IVA é dos impostos melhores pensados: não é
aqui fácil a evasão fiscal. O sistema da repercussão legal faz com que ele funcione. A determinação do IVA, o facto
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de os produtos essenciais terem menos IVA, está tudo pensado tendo em conta o suportador económico do IVA que
é o consumidor final.
3.2. Retenção na fonte As empresas têm um papel muito importante no que diz respeito às retenções nas fontes: elas
entregam aos trabalhadores o salário líquido e a empresa entrega essa retenção na fonte diretamente nos cofres do
Estado.
Artigo 28º da Lei Geral Tributária: O 28º/1 vale quer para os casos de substituição total ou parcial, quer para os
casos em que a retenção na fonte é definitiva (caso dos juros) ou retenção na fonte devido a imposto devido a final.
O 28º/2 vale apenas para as situações de substituição parcial. O 28º/3 vale apenas para as situações de substituição
total.
Nº1- sempre que o substituto retém e não entrega, só ela é responsável por esse imposto.
Nº2- não reteve ou reteve menos, primeiramente o responsável é o trabalhador, se ele não tiver património suficiente
para satisfazer o pagamento da dívida, subsidiariamente chama-se a entidade patronal. 1º responde o substituído, e
depois chamamos subsidiariamente o substituto.
Contudo, há uma situação em que apenas a entidade patronal é responsável: juros compensatórios. Porque é que a
entidade patronal fica responsável por juros compensatórios? Ora, os juros compensatórios visam compensar a
administração por ela ter tido um atraso na liquidação, não conseguiu liquidar o imposto mais cedo porque o sujeito
não lhe permitiu.
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real presumido. A avaliação indireta NUNCA é mais vantajosa para o contribuinte, parte sempre de presunções
extremamente subjetivas.
Rendimento normal (que não é o presumido) - foi aquele que vigorou entre nós durante muito tempo. Foi o ex
libris da reforma de Salazar- corresponde ao rendimento que o contribuinte PODERIA ter obtido. Verificam-se quais
eram os rendimentos que aquela empresa normalmente teria que ter. Compromete a justiça fiscal, a melhor forma de
alcançar a igualdade contributiva é através do rendimento real. Rendimento normal: fácil de aplicar, de gerir, e dá
receita, mas não é justo.
Mito do rendimento real- é mito porque há situações em que não é possível que isso aconteça. Por outro lado, para
apurar o rendimento real, o próprio rendimento real parte de presunções- o próprio cálculo parte de indícios, ele
próprio já não é real.
Há outra situação que também nos permite verificar de alguma certa se abdica do apuramento do rendimento real,
em prol da simplicidade- o regime simplificado. É o regime aplicado às empresas (desde 2014) - o regime
simplificado é baseado não no rendimento efetivo que a empresa tem, mas numa presunção, tem-se como aceite que
x% são receitas e outros x% são despesas. Isto interessa àqueles em que a percentagem de receitas seja superior à
presunção. Isto não é verdadeiramente uma apuração pelo rendimento real (aplica-se às PME).
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O problema é que a linha divisória entre o text planing e o text avoiding- usam esquemas que não são ilegais, mas
permitem-lhes obter os mesmos resultados que a lei pretende evitar.
Assim, o grande problema de as empresas terem liberdade de planeamento fiscal é percebermos até onde é
planeamento fiscal e depois temos a evitação fiscal- utilização de instrumentos legais para pagar a quantidade menor
de impostos possível; evasão ou fraude fiscal- utilização de instrumentos ilegais para se pagar a menor quantidade
possível de imposto.
Art. 81º CRP- uma das obrigações que se impõe ao estado é garantir o funcionamento do mercado, garantir a
equilibrada concorrência. Assim, apesar de estarmos aqui a referir o princípio da neutralidade fiscal, esta
neutralidade não é absoluta, podendo o Estado utilizar a visa fiscal para penalizar, beneficiar ou incentivar
comportamentos económicos e sociais- estas intervenções não podem é por o funcionamento da economia de
mercado, nem provocar distorções na concorrência de empresas.
Então, a liberdade de gestão fiscal comporta limites CLÁUSULAS DE ANTI-ABUSO
(3 exemplos no CIRC)
1. Artigo 63º CIRS- a AT não pode aceitar os preços declarados nas transações entre sociedades com
relações especiais.
Nos preços de transferência podemos ter uma utilização das faculdades legais do contribuinte com o
objetivo de falsear a quantificação/qualificação dos factos tributáveis para obter uma redução do imposto
– este método consiste em comparar os preços dos bens e serviços que ocorrem nas transações no
mercado, com aqueles que são praticados entre empresas relacionadas. Percebeu-se que as empresas com
relações especiais entre si, jogavam entre si. Por exemplo: transferiam lucros de empresas mãe para as
filiais estabelecidas em paraísos fiscais; ou havia uma empresa do grupo com muitos lucros e outra com
prejuízos e transferiam os lucros entre si.
2. Artigo 66º CIRC- que ocorre quando temos sociedades sediadas em paraísos fiscais e os seus sócios-
gerentes têm residência em PT. A AT pode imputar aos sócios residentes em território português os lucros
obtidos por sociedades sedeadas em paraísos fiscais.
Estas cláusulas podem ser aplicadas, mas elas não são presunções ilidíveis.
3. Artigo 49º/10 CIRC- a AT pode requalificar as operações com instrumentos financeiros derivados quando
se verifique desfasamento entre substância e a forma das mesmas.
Cláusula geral anti abuso de 1999 era excessivamente ampla; nesse sentido, alterou-se esta redação da clausula geral
anti abuso, sendo necessário adaptar a legislação portuguesa à OCDE. Para transpormos diretivas da EU,
tivemos de alterar a redação da nossa cláusula geral, que consta do 38º da LGT.
A redação atual tem 3 focos diferentes daqueles que tínhamos antigamente:
1) antes, a AT tinha de provar que a finalidade principal daquele esquema era a obtenção de vantagem fiscal; hoje, a AT
tem de demonstrar que aquele esquema não tem qualquer lógica, a não ser para obter uma poupança fiscal ilegítima.
Basta identificar como uma das finalidades, não tem de ser a finalidade única. Antes tinha de provar que tinha como
ÚNICA ou principal vantagem a elisão fiscal.
2) Passou-se a prever juros compensatórios além dos moratórios- porque se atrasou o pagamento e a liquidação. Estes
juros são majorados em 15 pontos percentuais.
3) Nos casos em que tenha resultado a não retenção na fonte com carácter definitivo- há aqui uma regra específica no
artigo 38º da LGT- vai ter de pagar quem retirou benefícios disto.
Vamos remeter este 38º para o 63º do CPPT. A aplicação da clausula geral anti abuso segue um procedimento
específico que está neste artigo 63º.
Ainda que este procedimento possa ser aberto no prazo de 3 anos após a realização do ato ou a celebração do
negócio jurídico objeto da aplicação da cláusula anti-abuso, exige-se:
1. Que o contribuinte seja ouvido no prazo de 30 dias após a sua notificação, por carta registada; - n.º 5
2. Que a aplicação da cláusula anti-abuso seja prévia e obrigatoriamente autorizada pelo dirigente máximo do
serviço ou pelo funcionário em quem ele tiver delegado essa competência, sendo que tal autorização é passível
de recurso contencioso autónomo; - n.º 7
3. Que a decisão de aplicação da cláusula anti-abuso seja especialmente fundamentada, devendo a mesma conter
os elementos constantes do n.º 3 do art. 63.º
ACÓRDÃO STA 12/1/2022- até onde vai o ónus da AT? A AT não tem de provar a intenção. Em direito, a
intenção é o dolo. A AT não tem de provar o dolo, que ele tinha o objetivo de prejudicar, enganar, provar o dolo
pode ser complicado, configurando uma prova diabólica. Basta que a AT faça prova de que a operação realizada
não tem um propósito racional à luz do OJ mobilizado e que por isso a sua intencionalidade se esgota no aforro
fiscal a que conduz. Se o objetivo não fosse o aforro fiscal, que outro objetivo poderia ter? Este esquema só
permite isto- feita esta prova, os pressupostos do art. 38º/2 LGT consideram-se preenchidos.
DUALISMO DA TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS (empresas tributadas em sede de IRC e das empresas que são tributadas
em sede de IRS)
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Já vimos que os empresários em nome individual são tributados em sede de IRS; e as empresas coletivas ou com forma societária
em sede de IRC.
Porque é que esta divisão da tributação das empresas entre IRC e IRS é artificial?
a. Nem todas as empresas coletivas são tributadas em sede de IRC, porque estão sujeitas à transparência fiscal.
b. Já vimos que o IRC não tributa apenas empresas, ou seja, tributa entidades coletivas que não exercem a título principal
uma atividade económica, industrial, agrícola ou comercial.
c. O IRC tributa entidades às quais não é reconhecida personalidade jurídica, tributa entidades que NÃO SÃO pessoas
coletivas.
EM SUMA: É então artificial a divisão entre IRS e IRC porque o IRC não tributa todas as pessoas coletivas (caso da transparência
fiscal); o IRC tributa entidades não empresariais; e porque o IRC tributa entidades sem personalidade jurídica.
Ser tributado em sede de IRS ou IRC é diferente: quer no que diz respeito aos gastos contabilísticos, taxa, pagamentos
por conta, derramas e tributações autónomas.
a) Os gastos contabilísticos apresentados em sede de IRC são diferentes dos em IRS – além de não se poderem apresentar
como gastos aqueles previstos em sede de IRC, há outra lista de gastos que não podem ser tidos em conta (33.º CIRS –
gastos não dedutíveis na categoria B). Para as empresas singulares existe uma dupla lista de gastos não dedutíveis para
efeitos fiscais.
b) Taxa aplicável (art. 87º CIRC): Enquanto o rendimento das empresas singulares está sujeito, segundo artigo 68.º do
Código do IRS, uma taxa progressiva, o rendimento das empresas coletivas está sujeito a uma taxa proporcional de 21%,
ou uma taxa progressiva em dois escalões de 17%, até aos €25.000, e de 21%, para os rendimentos superiores, quando se
trate de PME.
c) Quanto aos pagamentos por conta, o pagamento especial por conta aplica-se apenas às empresas coletivas, que não
tenha optado pelo regime simplificado.
d) Quanto às derramas e tributações autónomas, as derramas apenas incidem sobre os rendimentos das empresas
coletivas e as tributações autónomas não são totalmente idênticas em IRS e em IRC. E as tributações autónomas a que se
encontrem sujeitas as empresas singulares são menos do que aquelas que incidem sobre as empresas coletivas. Ora, a
lógica das tributações autónomas é a de que não apenas com rendimento se demonstra capacidade contributiva, podendo
ser demonstradas pela despesa –as tributações autónomas têm uma liquidação conjunta com o IRS ou o IRS (a obrigação
não desaparece mesmo que não se pague IRS ou IRC, ela cristaliza-se, tendo de ser pago um imposto relacionado com a
tributação autónoma).
CONCEITOS IMPORTANTES
1. RENDIMENTO noção de rendimento acréscimo e não rendimento produto (eu sou tributada por tudo aquilo que faz
q o meu rendimento aumento, sem ele ter que diminuir). Vou ser tributada, não pelo rendimento bruto, mas sim pelo
rendimento líquido. “A definição de rendimento encontra-se na lei em sentido amplo, pelo que se consideram
rendimentos os resultantes de operações de qualquer natureza e não apenas os provenientes da atividade normal do
sujeito passivo” - art. 20º/1 CIRC (dá-nos elenco taxativo).
2. GASTOS só consigo saber o rendimento efetivo, se subtrair os gastos- art. 23º/1 CIRC- “consideram-se gastos todos
os incorridos ou suportados pelo sujeito passivo, que sejam comprovadamente indispensáveis para a manutentenção dos
rendimentos sujeitos a IRC, ou para a manutenção da fonte produtora, nomeadamente os do nº 2 do art. 23º”.
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CUIDADO: “Todos os gatos e perdas”- NO ENTANTO HÁ LIMITES : art. 23º-A (encargos não dedutíveis para
efeitos fiscais)- nós partimos da contabilidade, no entanto, por vezes não há total correspondência entre o
balanço contabilístico e o fiscal, porque há gastos que são tidos como tal para efeitos de conta , mas que não são tidos
como tal para efeitos fiscais (até está lá o gasto para efeito contabilístico, mas para efeitos fiscais, o legislador não aceita
descontar esse gasto ao rendimento obtido, ou o contrário).
!!!!23º/2/d): artigo interessante- faz parecer que todos os custos administrativos são tidos em conta, mas não é assim
23/a/1/h) IRC: um daqueles casos que é excetuado. Não basta dizes que há um gasto na contabilidade, tem que ter
comprovativos, tem que comprovar que o gasto efetivamente ocorreu (art. 23º/3 IRC!!!!) - senão vão ser sujeitos a
tributação autónoma. Isto é importante para evitar fraude fiscal, movimentando aqui situações em que seria fácil
manipular para aumentar o passivo.
3. PERÍODO DE TRIBUTAÇÃOart. 8º CIRC: “o período de tributação coincide, em regra, com o ano civil. As
entidades residentes e não residentes com estabelecimento estável devem entregar declaração anual” - importância para
incidência temporal; O IRC e um imposto de FORMAÇÃO SUCESSIVA- inicia-se a 1 de Janeiro do ano e termina a 31 de
Dezembro desse mesmo ano (não é sempre assim- podemos ter períodos de tributação coincidente com o ano civil,
podemos ter per superior a 1 ano, ou ate mesmo inferior a 1 ano).
4. ESTABELECIMENTO ESTÁVEL “qualquer instalação fixa através da qual seja exercida uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola” (art. 5º CIRC).
Nº1/ART 5º: problema deste conceito- conceito em decadência por causa da digitalização da economia. Realmente a
tributação feita ao estabelecimento estável e fixo de uma empresa permite uma tributação justa do rendimento, no
entanto, a economia digital veio mudar isto. Uma empresa pode comercializar em qualquer parte do mundo sem ter
presença física- ou seja, aplicando os critérios da fonte e do território (critério tradicional) o rendimento não será
tributado nesse pais (se a Amazon vender produtos a Portugal, Portugal não conseguira tributar a Amazon, porque esta
empresa não tem estabelecimento estável em Portugal). Então hoje a discussão pauta-se a nível mundial, a necessidade
de se alterar o art. 5º da convenção do modelo da OCDE.
5. CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS “técnica contabilística que visa apresentar contas de um grupo empresarial como
se de uma sede única de tratasse” - é exigida isto quando se trata de um grupo empresarial, obrigando as empresas a
apresentar as contas como se fosse uma única conta, de forma agregada.
INCIDÊNCIA DO IRC
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1. IRC- INCIDÊNCIA PESSOAL OU SUBJETIVA (ART. 2º CIRC)
o O IRC não tributa apenas empresas, porque também tributa entidades que NÃO desenvolvam, a título principal, uma
atividade agrícola, industrial ou comercial. E vimos também que tributa até entidades SEM personalidade jurídica.
Assim, tributa entidades que têm personalidade jurídica, mas não tem função empresarial (ex: associações, fundações,
etc), mas também tributa entidades que não tem personalidade jurídica (ex: heranças jacentes, sociedades comerciais
irregularmente constituídas…).
o Quem são então os sujeitos obrigados ao pagamento do IRC? ART. 2º CIRC:
Alínea c) permite-nos avaliar que o IRC tributa tanto entidades residentes como entidades não residentes.
o Uma pessoa não residente em Portugal, como vimos no IRS, pode ser tributada através dos rendimentos obtidos em
Portugal, havendo 2 tipos de tributação:
1. Tributação pelo rendimento mundial (worldwide income): tributar a pessoa residente por todos os rendimentos-
internamente e no exterior;
2. Tributação pelo rendimento da fonte: tributar a pessoa não residente só pelos rendimentos obtidos em Portugal;
Logica do IRS que se aplica também se aplica ao IRC- o IRC pode tributar uma empresa residente em Portugal por todos
os rendimentos que obtenha internamente, ou no exterior; ou pode tributar pessoas coletivas que não são residentes em
Portugal, mas que obtém rendimentos em Portugal.
o ART. 2º/3 IRC: são consideradas residentes em Portugal, pessoas coletivas que tenham SEDE (local indicado como tal
no contrato de sociedade) ou DIREÇÃO EFETIVA (local onde são tomadas as decisões correntes da sua gestão) em
território português.
ATENÇÃO muitas vezes ocorre uma dualidade de critérios, podendo originar em que 2 Estados se arroguem da
residência do mesmo sujeito passivo. Solução: o melhor seria haver os mesmos critérios em todos os países, contudo
sabemos que tal não é possível visto cada país ter “soberania fiscal” (desde que, claro, respeitem os princípios basilares
do DI). Este problema será então “regra do desempate” - está prevista na convenção para eliminar a dupla tributação,
segundo o art. 4º/3 Modelo OCDE, é o critério da DIREÇÃO EFETIVA- olha-se para onde é que efetivamente a pessoa
coletiva tem a sua direção efetiva.
o São sujeitos do IRC:
1. PESSOAS COLETIVAS: “de direito público ou privado, com sede ou direção efetiva em território português”
(ex: sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativa, empresas públicas, etc..) - regra
2. ENTIDADES SEM PERSONALIDADE JURÍDICA: “com sede ou direção efetiva em território português,
OBRIGAÇÃO cujos rendimentos não sejam tributados diretamente nos seus titulares” (ex: sociedades civis sem personalidade
PESSOAL jurídica, sociedades irregulares, heranças jacentes, etc…). Não são pessoas jurídicas, mas a lei atribui-lhes
personalidade e capacidade tributária, desde que tenham sede ou direção efetiva em território nacional.
3. ENTIDADES COM OU SEM PERSONALIDADE JURÍDICA que não tenham sede nem direção efetiva em
território português, e cujos rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos a IRS.
AC. 06/12/2026- relativo a terrenos baldios; surge a questão de serem ou não tributáveis: “são sujeitos passivos do IRC as
entidades que, carecendo de personalidade jurídica, auferem de rendimentos não tributáveis em IRS ou IRC diretamente na
titularidade de pessoas singulares ou coletivas. Como é o caso do impugnante. Nem se vê porque que, sendo ele apto para gerar
rendimentos, ainda que desprovido de personalidade jurídica, não havia de ser capaz de contribuir para o esforço coletivo de
sustentação do erário público.” - justificação do STA para a tributação de entidades sem PJ.
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Como tal, tributa-se entidades com ou sem personalidade jurídica, não só as que têm sede/direção efetiva em Portugal, como
também as que não têm sede ou direção efetiva em Portugal, cujos rendimentos obtidos neste território não estejam sujeitos a IRS
- vamos pela OBRIGAÇÃO REAL.
Art. 4º/1 CIRC: as entidades com sede ou direção efetiva em Portugal são tributadas pelo critério worldwide income (pelos
rendimentos auferidos dentro e fora do território nacional);
Art. 4º/2 CIRC: as que não tenham sede nem direção efetiva em Portugal são tributadas pela OBRIGAÇÃO REAL (critério
da fonte- apenas pelos rendimentos obtidos em território português).
O nº 3 do art. 4 CIRC ajuda-nos, dizendo quais os rendimentos é que se consideram obtidos em Portugal.
o Pessoas coletivas não sujeitas a IRC- casos em que o legislador opta por mandar imputar no rendimento tributável dos
sócios, para efeitos de IRS (em sede categoria B- ART. 20º CIRS) se for pessoa singular ou IRC se for uma sociedade, a
matéria tributável determinada segundo as regras do CIRC – casos de TRANSPARÊNCIA FISCAL (ex: sociedades de
advogados, etc…).
Isto e assim porque nestas sociedades, o valor da sociedade deriva dos próprios sócios, e não tanto do capital investido, e
por isso o lucro mais não é do que a remuneração do respetivo trabalho desses sócios (Dra. Suzana Tavares da Silva) -
isto ajuda também a evitar a fraude/evasão fiscal.
PROBLEMA: muitas sociedades constituem sociedades interdisciplinares de modo a contornar a letra da lei, visto já não
se inserirem na categoria de sociedades profissionais, fugindo ao regime da transparência fiscal, não sendo possível
tributar em sede de IRS (no entanto, em algumas sociedades isto não e possível como nas sociedades de advogados).
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UMA SOCIEDADE UNIPESSOAL PODE SER SOCIEDADE PROFISSIONAL (essa única pessoa tem que
exercer a atividade), logo insere-se nos requisitos;
Em sede de IRS, vai ser tributado como? Visto que é não residente? Art. 72º/6 CIRC (taxa 25%); não tem que
declarar rendimentos no final do ano, visto tratar-se de um caso de retenção na fonte a título definitivo;
Se fosse residente englobava-se no rendimento de categoria B;
Ler artigos 71º,72º do CIRS;
2. IRC- INCIDÊNCIA REAL OU OBJETIVA (ART.3º) - sobre o que é que vai incidir o IRC?
o O art. 3º do IRC faz distinção clara entre residentes e não residentes. Dentro dos residentes faz distinção entre aquelas
sociedades que têm a titulo principal uma atividade empresarial, e aquelas que não o exercem. Nos não residentes faz-se
distinção entre aqueles que têm estabelecimento estável em Portugal, e aqueles que não têm estabelecimento estável em
Portugal.
Nota:
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4. IRC- INCIDÊNCIA TEMPORAL- ART. 8º
Regra- nº1 (PRINCÍPIO DA ANUALIDADE): para residentes ou não residentes com E.E
Exceções (são 3):
1. Menos de 1 ano: período de tributação pode ser inferior a um ano (art. 8º/4) - ex: abro um restaurante em fevereiro
(já não começou em janeiro); mas é um grande fiasco (fecha em maio): neste caso, o período de tributação terá que
ser inferior a 1 ano; ou pode acontecer insolvência a meio do ano.
2. Mais de 1 ano (art. 8º/8): se uma sociedade está em liquidação, muitas vezes esta não se faz num ano, de modo
que o período de tributação irá durar o mesmo que o período de liquidação (o período de liquidação conta com um
só exercício).
3. Períodos de tributação de 1 ano, mas não ano civil (art. 8º/2) – ex: clubes de futebol o período de tributação
coincide com a época desportiva1 de julho a 30 de junho
Art. 8º/9 “o facto gerador do imposto considera-se verificado no último dia do período de tributação” - será, por regra,
31 de dezembro.
ISENÇÕES AO IRC:
o Já vimos que o IRC tem uma aplicação ampla. No entanto, dentro do âmbito de incidência do IRC, existem isenções.
o Isenção: situação em que a lei, intencionalmente, exclui da tributação sujeitos ou situações que de outro modo estariam
abrangidos pela tributação- “quando a lei subtrai à tributação, através da previsão normativa de um facto impeditivo,
situações e sujeitos que, de outro modo, estariam abrangidos pelo âmbito da norma de incidência do imposto”.
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o Estas isenções justificam-se por razões extrafiscais (quando se quer atingir determinados objetivos de ordem social ou
económica).
o Art. 9º e ss. CIRC- 2 GRANDES GRUPOS DE ISENÇÕES:
1) ISENÇÕES DE CONCESSÃO AUTOMÁTICA- ou porque estão nos artigos 9.º, 10.º, n.º 1, als. a) e b), 14.º,
n.º 3 do CIRC ou porque estão inseridas nos paraísos fiscais (EBF);
2) ISENÇÕES DEPENDENTES DE RECONHECIMENTO
ART. 9º CIRC: isenção de natureza pessoal (subjetiva) e automática (que decorre diretamente da lei) - não faz muito
sentido que o Estado se tribute a si mesmo, por isso, as figuras do artigo estão isentas;
No entanto, isto não e sempre assim: no caso das empresas públicas justifica-se que sejam sujeitas a tributação, porque entram
em concorrência direta com as empresas privadas.
ART. 10/1/ B): isenção de natureza pessoal (subjetiva) e automática (que decorre diretamente da lei)- isenção das
instituições particulares de solidariedade social.
Grande questão aqui: estas entidades estão isentas de tributação. No entanto, esta todos os seus rendimentos isentos em sede de
IRC? Ou há alguns que devem ser tributados? Já vamos ver.
ART. 11: isenção de natureza MISTA-: é essencialmente real (objetiva), uma vez que a lei só exclui da tributação alguns
rendimentos, os diretamente derivados do exercício de tais atividades. Mas, é também pessoal porque esta isenção só está ao
alcance de entidades que reúnam determinados requisitos (art. 11.º, n.º 2)
ART 12: não é uma verdadeira isenção, mas sim uma exclusão tributária. A obrigação de pagamento de imposto existe, só que
ocorre em sede de IRS, na esfera jurídica dos sócios (não pagam IRC porque pagam IRS).
ART 13: dependente de autorização e em condições de reciprocidade (ser reconhecido às empresas residentes em território
nacional da mesma natureza) - isenção dos lucros realizados pelas pessoas coletivas e outras entidades de navegação marítima e
aérea não residentes provenientes da exploração de navios ou aeronaves.
ART. 14: isenções gerais resultantes de compromissos internacionais (tanto isenções subjetivas como objetivas).
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Outro exemplo: lares que tem máquinas de lavar roupa para uso do lar. Aproveitam esse material para passar e lavar roupa o
exterior- isso já teria que ser tributado pois esta fora do âmbito estatutário!!!!
Existem 2 métodos para a determinação de matéria coletável em sede de IRC- ART. 16º CIRC:
Art. 90/1/ b) se passar esta fase de 30 de novembro do ano seguinte e a empresa não fizer a liquidação pode a AT fazer? STA-
não caduca o direito de a AT exigir a divida e liquidar oficiosamente MC, pois o prazo de caducidade são 4 anos. Este limite de 30
de novembro é um mero guia.
NOTA- Há 2 prazos:
1. CADUCIDADE prazo para tornar a divida certa e exigível, sendo o prazo de que a AT dispõe para poder promover a
cobrança coerciva das dívidas. Prazo para liquidar a divida; (“fiz os cálculos, deves isto”): 4 anos (ART. 45º/4 LGT)
2. PRESCRICAÇÃO prazo para pagar. Prazo que a AT dispõe para tornar líquida e exigível a obrigação de imposto- (a AT
já tornou a divida certa e exigível, tendo eu conhecimento de que devo x; se eu n pagar em 8 anos e a AT não disser nada,
prescreve e eu não tenho que pagar): 8 anos (ART. 48º LGT)
A incidência real ou objetiva é importante para a determinação da MC. Para a determinar temos sempre que olhar para a
entidade e ver se ela esta sujeita a determinação da MC através do lucro ou através do rendimento o global.
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RESOLUÇÃO:
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REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO (ART. 86º-A E 86º-B) DIRECIONADO PARA MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS (PME)
ART. 87 LGT: o legislador inclui o regime simplificado no caso de avaliação indireta. Mas este é um verdadeiro caso de
avaliação indireta? NÃO
1) Qual e o objetivo de avaliar indireamente uma empresa? A determinação do rendimento real, visto que tal não foi
possivel por contabilidade,por exemplo. Quer -se, então, atraves de indícios e presunções do art. 90ºLGT chegar ao
rendimento real.
2) E no regime simplifcado? Não se quer chegar ao rendimento real, mas sim aceitar a um rendimento PRESUMIDO,
aceitando menos rigor na determinação da MC (por isso não podemos considerar um verdadeiro caso de avaliação
indireta).
O regime simplificado é uma OPÇÃO (quando que na avaliação indireta não é opção; é mesmo porque não havia meios
de realizar pela contabilidade organizada). Ao invés da MC ser determinada pela contabilidade organizada, pode ser
determinada pelas presunções que o próprio legislador estabelece. Ou seja, não de trata de um método subsidirario para
quantificação da MC, mas antes de uma opção do sujeito passivo.
De qualquer das formas, a empresa, mesmo optando pelo regime simplificado, tem que TER SEMPRE
CONTABILIDADE!!!- não e uma contibilidade como se fosse uma contabilidade organanizada, mas tem que ter uma
contabilidade simples. Mas porque? porque o patrimonio da empresa não se pode confunfir com o patrimonio dos socios!!!
ART. 86º-A/1: REQUISITOS PARA UMA SOCIEDADE PODER OPTAR POR REGIME SIMPLIFICADO (REQUISITOS
COMULATIVOS)
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS PELO RENDIMENTO REAL - não é absoluto , é
tendencial , temos o exemplo deste caso de regime simplificado.
ART. 86º-B/1- COEFICIENTES PARA EFEITO DE APLICAÇÃO DO REGIME SIMPLIFICADO
Os coeficientes aplicáveis às vendas e prestações de serviços (als. a) e c) do n.º 1 do art. 86.º-B) são reduzidos em 50% e
25% no primeiro e segundo períodos posteriores ao início da atividade, respetivamente- muito vantajoso para empresas
que estejam a começar.
As entidades que optarem pelo regime simplificado estão dispensadas de realizar o pagamento especial por conta e
determinados encargos não se encontram sujeitos a tributação autónoma (nomeadamente os referentes a despesas de
representação, ajudas de custo, compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador e os gastos relativos a
indemnizações, bónus e outras variáveis pagos a determinados membros dos órgãos sociais).
PROBLEMA: e se não houver rendimento por parte da empresa e for feito a presunção de acordo com o regime simplificado ?
mesmo assim terá a empresa que pagar? STA- não permite pleo pp do tributação das empresas pelo rendimento real; só
tributamos uma empresa que tem capacidade contributiva!. Seria violação do pp constitucional da igualdade ao tributar
identicamente empresas em atividade que geram lucro e empresas inativas, sem fundamento material bastante (art.13º CRP).
Assim esta não é uma presunção cega nem absoluta!!!
Estes regimes são diferentes quanto ao seu acesso, quanto aos requisitos a preencher, a nivel de coeficientes o regime
simplifcado de irc e mais vantajoso do que o regime de irs.
Umas das diferenças do regime simplificado em sede de IRC e em sede de IRS prende-se com a necessidade, ou ausência da
mesma, de aderir a esse regime. Ou seja, no regime simplificado em sede de IRS o legislador optou por incluir diretamente
neste regime todos aqueles que não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um montante anual
ilíquido de rendimentos dessa categoria de € 200.000,00. Contudo, os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado
podem optar pelo regime da contabilidade. Não significa isto que o regime simplificado em sede de IRS não é opcional. De
facto, continua a ser uma opção do sujeito passivo, mas aqui em se manter neste regime ou sair do mesmo
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No caso do regime simplificado em sede de IRC, verificamos que aqui o sujeito passivo, para ficar abrangido pelo regime
simplificado, já tem que optar pelo mesmo. Assim, ao contrário do IRS onde o sujeito passivo já está à partida dentro do
mesmo, tendo de declarar que pretende o regime de contabilidade se pretender sair daquele regime, no IRC o sujeito passivo,
mesmo que preencha os requisitos, não está dentro deste regime, tendo de optar, aqui, por entrar no mesmo.
No IRS (categoria B) o sujeito passivo opta por sair, esta automaticamente no regime de contabilidade organizada; no IRC o
sujeito passivo opta por entrar (mesmo preenchendo todos os requisitos, so fica sujeita se a empresa escolher).
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3º e 4º AULA FISCAL- 27/02/2023 e 06/03/2023
Pergunta que
Quer entidades residentes, quer não residente e com estabelecimento estável em Portugal, para além do pagamento do IRC
podemos ainda ter outros adicionais:
o Entidades que não são consideradas PME - para alem do IRC terão que pagar uma sobretaxa DERRAMA ESTADUAL
– para pagar isto a empresa tem que ter no mínimo de lucro tributável 1,5 milhão + ainda vão ter que pagar também
DERRAMA MUNICIPAL;
o As PME - vão ter que pagar DERRAMA MUNICIPAL (à partida não vão ter que pagar derrama estadual).
Os municípios deliberam em assembleia municipal a derrama municipal que so pode ir ao limite máximo estabelecido nos
artigos (1.5% sobre o lucro tributável);
Aplica-se a todas as empresas que gerem rendimentos na sua área geográfica - atendendo sobre a proporção de rendimentos
que são recebido na própria área geográfica (por exemplo o continente existe em várias zonas no pais, mas taxa só vai
incidir no rendimento gerado na área geográfica em questão).
Lógica: as empresas deixam pegadas nos municípios (utilizam infraestruturaras, estradas, por vezes o município tem que
fazer obras para acomodar aquela empresa, etc..); as empresas beneficiam de uma série de bens públicos fornecidos pelo
próprio município, portanto estes precisam de se financiar.
Imposto autónomo face ao IRC, até porque quem lança a taxa da derrama é a própria assembleia municipal.
Assim a derrama municipal e a estadual são muito diferentes: na estadual pretende-se sobretaxar a capacidade
contributiva expressa pelas empresas que tem um lucro superior a x; na municipal o objetivo não é taxar a capacidade
contributiva, mas sim criar uma fonte de financiamento para um município e compensar o desgaste que é deixada pelas
mesmas no município.
Derrama estadual e municipal tem em comum têm uma incidência objetiva igual: incidem sobre o lucro tributável das
entidades;
Esta possibilidade de uma assembleia municipal determinar o montante da derrama viola o pp. da legalidade fiscal (art.
165º CRP/1/i))???? Ora, como sabemos, a criação dos impostos é matéria de competência exclusiva, ou seja, é matéria
que a partida só a AR pode legislar, exceto dada autorização ao governo, que legisla através do DL, que a AR autoriza
através de uma lei de autorização.
Alínea i): “criação de impostos” - não se refere só a impostos, mas também de outros elementos essenciais (art. 103º-
TAXA, INCIDENCIA, BASENEFICIOS FISCAIS E GARANTIAS) - a taxa é um elemento essencial.
Assim pode a assembleia municipal definir um elemento essencial? Considera-se que sim; é um desvio do pp da
legalidade fiscal 238º/4 CRP (NÃO DEFINE através de lei, define através de regulamento)!!!
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Como sabemos, temos o princípio de Tributar as empresas pelo rendimento real, que é espelhado pela contabilidade. No entanto,
as vezes não é possível determinar o rendimento real- umas vezes por opção, como acontece no regime simplificado, e outros
porque não é mesmo possível determinar o rendimento real. Ora, quando não e possível determinar o rendimento real, temos que
seguir pelo rendimento normal e avaliar por métodos indiretos:
Avaliação Indireta: 83º/2 LGT- utiliza-se quando há uma impossibilidade de determinar a matéria coletável por métodos diretos,
sendo que é EXCECIONAL e SUBSIDIÁRIA, utilizado apenas nas situações previstas. Visa-se, deste modo, determinar o valor
real a partir de presunções e indícios. O que o legislador pretende é alcançar um rendimento que considera não estar
espelhado na contabilidade; ou então inverter o ónus da prova (se tu de facto tivestes este rendimentos, então prova-o).
ART. 82º LGT: nº1- a avaliação direta é feita pela AT (caso do IRS) e nos casos de autoliquidação, a competência é do sujeito
passivo (caso do IRC); Nº2- no caso da avaliação indireta, a competência é da AT- ex: faz normalmente no seguimento de uma
inspeção tributária.
Art. 90º LGT- elenco não taxativo de indícios e presunções que a AT pode lançar mão.
Nº1/art. 81º LGT- diz-nos este artigo que so pode haver avaliação indireta quando o legislador diz que isto é possível- “casos
expressamente previstos na lei” - 87º LGT:
1. Regime simplificado apesar do legislador colocar no art. 87º/1/a) este como caso de avaliação indireta, isto é
INCORRETO (iremos ver a frente).
2. Impossibilidade de comprovação e quantificação direta e exata dos elementos indispensáveis à correta determinação da
matéria tributável – para o Dr. Casalta Nabais é o único verdadeiro caso de av. Indireta; verdadeiramente só há motivo
para av. Indiretamente a MC de uma empresa, porque é impossível, não existindo elementos, para avaliar por métodos
diretos- remissão para 88º (elenco exemplificativo de situações de impossibilidade).
3. Declaração sistemática de prejuízos fiscais em (pelo menos) três anos consecutivos ou em três anos num período de
cinco (arts. 87.º/1/e e 90.º LGT)
4. Manifestações de fortuna (art. 87.º/1/d e 89.º-A LGT)
5. Acréscimos injustificados de património (arts. 87.º/1/f e 89.º-A/5 LGT)
Art. 91.LGT
O sujeito passivo tem que ser notificado que irá ser avaliado por meios indiretos;
Não se aplica aos casos de regime simplificado (demonstra falso caso de avaliação indireta), nem às situações de
manifestação de fortuna;
Prazo 30 dias para fazer um requerimento fundamentado às finanças da minha área fiscal;
O procedimento especial de revisão ocorre entre 2 peritos (do sujeito passivo/ do AT);
A liquidação, durante este pedido, fica suspensa, sendo a AT não pode vir liquidar o imposto, enquanto este pedido não for
decidido.
Os peritos vão discutir o montante fixado da matéria coletável, tentando chegar a um acordo:
I. 92º/3 LGT- Havendo acordo, o tributo é liquidado com base na matéria tributável acordada. O sujeito passivo só
poderá impugnar depois disto, se se provar que o perito extravasou os poderes de representação.
II. 92º/6 LGT- Na falta de acordo, a AT fixa o valor que entender adequado, já podendo o sujeito passivo impugnar
judicialmente.
++ pode haver nomeação de um perito independente (raro porque é caro). Vantagens: 1) 92º/7 LGT: quando há não há
acordo entre os peritos (AT e independente), a AT tem que fundamentar porque é que adere ou rejeita o parecer do perito
independente; 2) 92º/8 LGT: se houver acordo entre o contribuinte e perito independente, mas a AT fixar valor diferente, o
contribuinte pode impugnar esta decisão (tem boas razões para o fazer). A impugnação ou reclamação graciosa tem efeitos
suspensivos-desde o momento da notificação até ao momento da decisão final do procedimento do 91º.
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86º/5 LGT: O pedido de revisão é um preliminar indispensável para a posterior impugnação da liquidação com fundamento
nestes 2 argumentos (por isso é essencial quando uma empresa é avaliada por métodos indiretos, a primeira coisa que tem
que fazer é ver se deve ser lançado mão do mecanismo do art. 91º):
1. Erro na quantificação;
2. Pressupostos de determinação da avaliação indireta da matéria coletável (87º/1 LGT) não se verificam;
Quid iuris quando há reversão do processo de execução fiscal (ex: a empresa é notificada, não faz nada, há o ato final de
liquidação e ela não paga. O que acontece? Execução fiscal- no entanto, não tem património, o que acontece?
Subsidiariamente vai-se aos gerentes… (REVERSÃO DA DIVIDA) ART. 28º)? Dado que o art. 22º/5 LGT garante ao
responsável subsidiário as mesmas condições do devedor principal, permite-se que este impugne com base nos fundamentos
do art 86º/5 LGT, de modo a ter os mesmos meios de defesa que o responsável original (o anterior não tem culpa que o
subsidiário não tenha feito o pedido de revisão) ou seja, não só podem impugnar como fazer o próprio pedido de revisão
(mesmo tendo passado anos da primeira notificação).
SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO→ permite que o responsável subsidiário, a partir do momento em que o processo
de execução fiscal reverta para ele, no prazo de 30 dias, possa vir a lançar mão do pedido de revisão do art. 91º LGT. Porque?
pode conseguir resolver o problema ser ir a tribunal.
Correção quantitativa: correção da matéria coletável determinada com base em métodos indiretos;
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~
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MODALIDADES DE PAGAMENTO
Como é que se paga o IRC? Como sabemos, o montante do imposto não coincide com a coleta líquida apurada, uma vez que ainda
há deduções à coleta. Ora, dentro destas deduções que se reportam ao pagamento do IRC temos:
Art. 104º/1/a): Três pagamentos por conta, no próprio período de tributação a que respeita o lucro tributável, com vencimento
em julho, setembro e 15 de dezembro (ou no 7º, 9º e dia 15 do 12º mês do período de tributação, no caso de entidades cujo
período de tributação não corresponda ao ano civil).
Nº2- Há lugar a reembolso do sujeito passivo, há um acerto final;
Art. 107º a empresa pode não fazer o último pagamento: “se o pagamento por conta já efetuado for igual ou superior
(…) pode deixar de efetuar o terceiro pagamento por conta”. A EMPR ESA TEM QUE TER A CERTEZA DISTO
Nº2 : senão paga juros compensatórios;
Art. 114º/2 e 5 REGIT: Caso a empresa não pague, no prazo de 90 dias incorrem numa infração tributária;
105º/Nº1 CIRC: olho para aquilo que ganhei no ano anterior (porque ainda não sei o que vou ganhar este ano) e vou fazer os
cálculos com esse valor (se depois ganhar mais, pago o resto; caso contrário, terei reembolso); Os pagamentos por conta são
calculados com base no imposto liquidado relativamente ao período de tributação imediatamente anterior, deduzindo
retenções na fonte não suscetíveis de compensação ou reembolso (retenções na fonte a título definitivo).
105º/Nº2 CIRC: olhando para o ano anterior, deduzo retenções na fonte não suscetíveis de compensação ou reembolso, e dá-
me o valor: 1) se o valor foi igual ou inferior a 500000, tenho que pagar 80% (repartido por três montantes iguais) desse
valor a título de pagamento por conta; se for superior a 500000, então eu vou ter que pagar 95% (repartido por três
montantes iguais) desse montante (Nº3).
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LIQUIDAÇÃO DO IRC- 89º CIRC
o A regra é que o IRC é autoliquidado pelas próprias empresas até 31 de maio do ano seguinte àquele que os rendimentos dizem
respeito.
o No entanto, pode a AT fazer ela própria fazer uma liquidação administrativa se a empresa não o fizer;
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o Liquidação adicional- ocorre quando se suspeita que a empresa devia pagar mais do que pagou, sendo necessário fazer uma
liquidação por métodos indiretos.
3. OS AJUSTAMENTOS AO LUCRO
TRIBUTÁVEL
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4. RENDIMENTO:
1. Rendimento- produto: (TEORIA DA FONTE) - resultado obtido a partir da participação em uma atividade produtiva
(conceito que acabou por se tornar inoperativo perante a divulgação dos rendimentos de capitais – art. 5.º CIRS).
2. Rendimento acréscimo: (TEORIA DO RENDIMENTO-ACRÉSCIMO ou do INCREMENTO PATRIMONIAL) - para
englobar todas as manifestações de incremento líquido do património de um sujeito, que pode ser gasto sem diminuição
do património inicial. Inclui na noção de rendimentos ganhos de fontes não duráveis (ex: mais-valias, prémios de jogo,
subsídios, indemnizações, etc). Esta conceção extensiva de rendimento permite concretizar melhor a igualdade na
tributação, uma vez que todos os ganhos, independentemente da sua origem, ficam, tendencialmente, sujeitos a uma
mesma tributação.
5. RENDIMENTOS E GANHOS: Art. 20º os proveitos ou ganhos não são apenas os que derivem do normal prosseguimento
da atividade da empresa, da concretização do seu escopo social. São também proveitos os ganhos obtidos acessoriamente ao
exercício da atividade (ex: rendimentos de capitais = juros, mais-valias)
6. GASTOS E PERDAS :Art. 23º todos os gastos e perdas suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os
rendimentos sujeitos a IRC.
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As empresas so podem deduzir estas ajudas de custo se existir o mapa (documento através od qual seja possível
efetuar o controlo das deslocações) é ai que reside a diferença entre 23º/2/d) e 23º-A /1/h) muito provável que
saia!!!!!!
RETENÇÃO NA FONTE PARCIAL /IMPOSTO PAGO POR CONTA- o sujeito passivo (empresa) tem na mesma que
manter uma relação com a AT; o substituído não fica completamente desonerado para com a AT; vai na mesma ter que
fazer liquidação do IRC- é uma retenção na fonte por conta devido final (33º LGT)
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RETENÇÃO NA FONTE TOTAL/A TÍTULO DEFINITIVO-exonera o sujeito passivo de qualquer responsabilidade
para com a AT (interessa sobretudo a não residentes sem EE, o dinheiro fica logo retido)- 34º LGT.
Estão no art. 94º CIRC uma série de rendimentos das empresas que são retidas na fonte; lembrado sempre que a retenção na
fonte se aplica apenas para rendimentos obtidos em território português.
Quando uma empresa vai para receber, por exemplo os rendimentos referentes à alínea a) (royalties), a empresa que vai
pagar retém logo uma parte, ao invés de entregar o montante total ao sujeito passivo.
A retenção na fonte traduz-se na obrigação para uma terceira entidade, que não o Estado nem o sujeito passivo- será, em
regra, a entidade pagadora dos rendimentos, que irá proceder à retenção de uma percentagem desses rendimentos, a título de
imposto sobre o rendimento, neste caso, o IRC.
Vantagens: evita a fraude e evasão fiscal; antecipação da receita para o Estado; “anestesia fiscal”; aumenta a garantia de
pagamento do imposto (colocando o substituto em certos casos, no papel de responsável tributário).
Nº3/ art. 94º as retenções na fonte a título de IRC são feitas em sede de retenção na fonte a título parcial (“natureza de
imposto por conta”), exceto nos casos das alíneas do mesmo artigo!!!!!!
Nº6/art. 94º empresas que retém, têm que entregar ate dia 20 do mês seguintes o montante retido;
94/3/b) no que toca a não residente, sem EE, os seus rendimentos não têm sempre caráter definitivo, porque? “NÃO SE
TRATANDO DE RENDIMENTOS PREDIAIS”
**LGT
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Nº1: aplica-se tanto aos casos de retenção na fonte a título definitivo como parcial. Neste caso, houve retenção na fonte, que não
foi entregue aos cofres do estado pela entidade que procedeu a retenção. Então, só o substituto fica responsável pelo pagamento; o
substituído fica desonerado.
Nº2: aplica-se a casos de retenção na fonte a título parcial (residentes ou não residentes com EE). Casos em que não foi feita
retenção, ou foi feita retenção a uma taxa inferior a que devia ser feita. Neste caso, em primeira linha há e responsável o
substituído- porquê? Porquê era ele que tinha que ter o desfalque patrimonial. Subsidiariamente (em 2º linha, por exemplo se o
substituído não tiver rendimentos /património), então vai ser chamado o substituto: EXCETO relativamente aos juros
compensatórios, em que o substituto responde em primeira linha.
Nº3: caso de retenção total; o substituo não retém em, ou retém a uma taxa inferior, o substituto é o responsável principal, em 1º
linha; o substituído é responsável em 2 º linha. Porquê? porque e mais fácil irmos a residentes em Portugal exigir a divida, do que
a não residentes.
Nota:
Relacionada com a liquidação do IRC- concorrem para o lucro tributável, mas são tributadas autonomamente porque o IRC e
IRS tributam rendimentos, enquanto que estas tributam despesas porquê? porque ao fazer certas despesas se demonstra
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA;
Visa então tributar um conjunto de realidades que não tem nada a ver com o lucro real das empresas (exemplos: despesas de
representação, ajudas de custo, etcco…)
Visa evitar fraude e evasão fiscal ao camuflar os lucros + inegável o objetivo de obter também mais receita fiscal.
Ex: tenho uma empresa e compro uma rota de barcos- nasce ai uma obrigação de pagar TA (nascimento do facto tributário é
INSTANTANEO); no entanto, só pago quando fizer a liquidação do IRC. E se não tiver nada para pagar de IRC? Não liquido o
IRC mas liquido a TA - Liquida-se com o IRC para ser mais simples, mas e autónomo dele.
Há então um diferimento temporal da liquidação e do pagamento do imposto. Problema que isto coloca?
RETROATIVIDADE FISCAL- alteração da lei relativa a taxas entre o momento da despesa e liquidação, o que se faz? A nova
taxa aplica-se (STA).
88º/3,6,18
88º/7
88º/1,2
88º/8
88º/9
88º/13/a) 29
88º/13/b)
88º/11
Art.88º/18 taxa extrafiscal: busca que as pessoas sejam mais amigas do ambiente;
Art. 88º/6/b) excluem-se da tributação autónoma as viaturas que uma empresa adquira para dar aos trabalhadores para
utilizarem no exercícios e fora do seu exercícios de funções - porque o trabalhador já o vai pagar no IRS.
!!!!! Art. 88º/9 23-A/1/h): “deslocação em viatura própria do trabalhador a serviço da entidade patronal não faturado ao
cliente, NÃO HAVENDO MAPA” (havendo mapa, é dedutível para efeitos fiscais, não havendo, não é dedutível: 23º/d)º
23º-A/1/h))- sendo ou não dedutível, esse tipo de despesas, de deslocação…., quando não e faturado ao cliente é tributado
autonomamente- porque essas ajudas de custo eram feitas para colocar salários baixos e aumentá-los através destas ajudas de
custo, assim ao tributar-se autonomamente garante-se o pagamento- este encargo pode ou não ser dedutível de acordo com o art.
23-A;
Art. 88º/14 chegando ao final do período de tributação e a empresa tiver prejuízo fiscal, as taxas vistas anteriormente sobrem 10
pontos percentuais (se andaste a fazer essas despesas para lapidar o teu património, então essas despesas que fizeste vais ter que as
pagar ainda com agravamento- podes não pagar IRC mas pagas de forma agravada TA).
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Ver também se estas despesas
podem ser deduzidas 23º-A/1/h)
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Para resolver este caso pratico teríamos que saber se era substituição parcial ou total, como sabemos isso? Se é ou não residente e
com ou sem EE se a empresa for não residente e sem EE, a retenção seria a título definitivo; caso a empresa tenha sede em
Portugal ou não for residente mas com EE, então é uma retenção parcial.
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