Responsabilidade Profissional: Cinco Estrelas e Bandeira Azul. Dos Conceitos A Um Relanceio Ao Contexto de Enfermagem Perioperatória
Responsabilidade Profissional: Cinco Estrelas e Bandeira Azul. Dos Conceitos A Um Relanceio Ao Contexto de Enfermagem Perioperatória
Responsabilidade Profissional: Cinco Estrelas e Bandeira Azul. Dos Conceitos A Um Relanceio Ao Contexto de Enfermagem Perioperatória
1
Lucília Nunes
1 – DA RESPONSABILIDADE
1
Professora Coordenadora na Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Setúbal. Enfermeira
Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica. Mestre em Ciências de Enfermagem e em História Cultural
e Política. Licenciada e doutorada em Filosofia.
2
A escolha dos termos do título: cinco estrelas para reportar à excelência (utilizado no artigo «Cinco
estrelas»: acerca das competências morais no exercício de enfermagem. Revista Nursing, Novembro
2002) e a bandeira azul como símbolo de qualidade, que distingue o esforço de várias entidades no
sentido da melhoria do ambiente, da informação e da segurança dos cidadãos.
3
Cf. CABRAL, Roque – «Responsabilidade», in Logos, vol. 4: 724.
1
assumidos. Quando se evoca a responsabilidade, a ideia que surge é a de que se
pretende reconhecer como responsável aquele que é o autor dos seus actos – ou
seja, um acto pode ser atribuído a alguém. Mas a responsabilidade é também a
que se exerce no compromisso assumido ou perante uma missão que nos é
atribuída; quando a obrigação é de cumprir certos deveres ou de assumir certos
encargos ou compromissos; portanto, quando se trata de responder por algo que
nos foi confiada ou por alguém que temos ao nosso cuidado. A forma desta ideia,
na deontologia de enfermagem, é concretizada no dever de «responsabilizar-se
pelas decisões que toma e pelos actos que pratica ou delega»4.
4
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros (EOE), artº 79, alínea b).
5
Cf. Justiça, Poder e Responsabilidade: articulação e mediações nos cuidados de enfermagem. Loures:
Lusociência, 2005. Note-se que esta análise de conceito se baseia exactamente neste livro, Parte I,
capítulo 3, Responsabilidade.
6
AESCHLIMANN, J-C – Entretien. In Éthique et responsabilité. Paul Ricœur, p.25.
7
Idem, p.25.
8
Idem, p.25.
9
Ibid, p.31.
2
Ter a seu cargo “uma zona de eficácia”, de certa forma espacializa a missão,
fazendo-nos reencontrar a questão de delimitar, estabelecer fronteiras, dos
limites, e igualmente dos resultados. A noção de compromisso, retomada a partir
de uma ética da promessa10, filia-se à palavra dada e ao empenhar-se a si mesmo
por um Outro, que se confia11 ao cuidado, pelo qual se é responsável. Um Outro,
com implícita vulnerabilidade ou incapacidade, um Outro que pode pedir(-me)
contas, um Outro em relação ao qual me comprometi.
10
Ibid., p.31.
11
Na relação que o enfermeiro estabelece com o seu cliente, a confiança se estabelece a entrega e a
aceitação de encargo (por isso, confiado), pelo que estaremos na esfera da responsabilidade fiduciária,
exactamente assente sobre os vínculos que a confiança entretece. E esta e uma das bases da nossa
esfera profissional.
12
Cf. RANGEL, Rui Manuel de Freitas - A reparação judicial dos danos na responsabilidade civil : um olhar
sobre a jurisprudência. Coimbra: Almedina, 2002.
3
plano disciplinar está subjacente a identificação da falta e da consequente
punição, deixando de igual modo para o plano do direito civil a reparação.
4
que engloba o mal ou ofensa que uma pessoa cause a outra, aparece como
resultado de uma causa ou cadeia causal, tendo de existir um vínculo (o nexo
causal) entre ambas. Assim, para que seja exigível a responsabilidade civil não
basta que alguém tenha agido com culpa, nem que outro alguém tenha sofrido
um prejuízo; deve reunir-se a existência de um vínculo de causa-efeito entre a
culpa e o dano, isto é, considera-se necessário que o dano sofrido seja a
consequência da culpa cometida13. Do ponto de vista jurídico, o ponto nuclear da
culpa parece ser a previsibilidade, pois esta capacidade de previsão dos eventos
passíveis de ocorrerem, segundo as regras técnicas ou as da experiência,
condiciona a ilicitude (costuma ser definida como a censurabilidade) da acção
culposa.
13
MAZEAUD; TUNC - Tratado Teorico y Práctico de Ia Responsabilidade Civil, Delictual y Contractual.
Buenos Aires, EJEA, 1977, t. ll, v. 2, p.1.
14
Preâmbulo do Decreto-lei nº 104/98 de 21 de Abril.
15
Cf. Decreto-lei nº 104/98 de 21 de Abril (Estatutos da Ordem dos Enfermeiros), Artigo 3º, nº 1.
5
ética e deontologia profissional”. Assim, a profissão de enfermeiro é regulada, no
modelo de auto-regulação.
16
NUNES, Lucília – Da regulação profissional ou a missão das folhas. Revista Enfermagem em Foco, 2007.
17
EOE, alínea 1), 1/art.º 76.
18
EOE, 3/ art.º. 53.
19
EOE, 2/art.º 55. Considera-se infracção disciplinar “toda a acção ou omissão que viole, dolosa ou
negligentemente, os deveres” (Regimento Disciplinar, art.º 5º)
6
da Ordem são concretizadas através das competências dos diversos órgãos, no
respeito pela separação de poderes que a lei exige – assim, o poder disciplinar é
exercido pelo Conselho Jurisdicional20.
§ Ser responsável significa responder pelos nossos actos - pelas decisões, que os
antecedem, e pelas consequências, que se sucedem. Todavia, a partir do
momento em que a responsabilidade é assumida como função, também é
necessário responder pelos actos de outros, pelos quais somos responsáveis, em
virtude de pertencerem a um território sobre o qual exercemos poder - é o caso
do responsável hierárquico. Por isso, é sempre útil (para não dizer indispensável)
fixar as responsabilidade á-priori, esclarecê-las o melhor possível para que cada
20
EOE, artº 54. Sendo o poder disciplinar exercido relativamente a todos os membros da Ordem, reforce-
se que só os membros são enfermeiros e “estão sujeitos à jurisdição disciplinar da Ordem” (EOE, 1/ do
art.º 53), podendo a responsabilidade disciplinar perante a Ordem coexistir com quaisquer outras
previstas por lei. A responsabilidade disciplinar pode prescrever de duas formas: por decorrerem “três
anos após a finalização dos actos ou omissões que a constituíram” (EOE, artº 56, nº 1), se não houve
lugar a quaisquer diligências visando o respectivo apuramento ou se, tendo sido apresentada queixa à
Ordem, “não for desencadeado procedimento disciplinar ou de inquérito no prazo de quatro meses”
(EOE, artº 56, nº 2). Mesmo que o membro inscrito solicite o cancelamento da inscrição, tal não fará
“cessar a responsabilidade disciplinar por infracções anteriormente praticadas” (EOE, artº 56, nº3).
21
EOE, Artigo 79, alínea b).
7
um possa formular as suas obrigações num quadro definido. É por isto, também,
que é importante a descrição de funções atribuídas, do que cabe a cada um. O
encadeamento da responsabilidade é a base de toda a hierarquia, muito mais que
o ajustamento dos poderes.
22
Conforme Artigo 9.º do REPE - Intervenções dos enfermeiros – “1 - As intervenções dos enfermeiros
são autónomas e interdependentes. 2 - Consideram-se autónomas as acções realizadas pelos
enfermeiros, sob sua única e exclusiva iniciativa e responsabilidade, de acordo com as respectivas
qualificações profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão, no ensino, na formação ou na
assessoria, com os contributos na investigação em enfermagem. 3 - Consideram-se interdependentes as
acções realizadas pelos enfermeiros de acordo com as respectivas qualificações profissionais, em
conjunto com outros técnicos, para atingir um objectivo comum, decorrentes de planos de acção
previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão integrados e das prescrições ou
orientações previamente formalizadas.” (Decreto-lei n.º 161/96, de 4 de Setembro, alterado pelo
Decreto-lei n.º 104/98, de 21 de Abril)
8
e, sobretudo, no serviço público – pois que têm uma missão e uma identidade
de instituição pública. E o dever da instituição é responder perante o público
pela missão que tem e pelos modos como gere os meios e recursos de que
dispõe.
23
“The operating room is the functional location where a large group of individuals representing three
diverse groups—nursing, anesthesia, and surgery—deliver care to the common, unifying, and key
individual: the patient. These three disciplines have disparate training, goals, incentives, and cultures.
The ideal operating room environment would enhance collegial interactions and reward efficiency.
Unfortunately, this is rarely obtained or appreciated.” Robert Udelsman, The Operating Room: War
Results in Casualties. http://www.anesthesia-analgesia.org/cgi/content/full/97/4/936?ck=nck
(28.06.2007, 22h)
24
“Captain of the Ship” or Nusing Liability? Clinical Information, Hotline, Vol. 7, Fev. 2002.
http://www.valleylab.com/education/hotline/pdfs/hotline_0202.pdf (28.06.2007, 22h15).
25
Um dos sinais, seria, por exemplo, as barreiras que se levantam às trocas ou transacções com o
exterior, tanto ao nível das entradas como das saídas. Essas barreiras podem ser físicas (sob a forma de
muros altos, arame farpado, janelas gradeadas, guichets ou balcões de atendimento, biombos, pessoal e
sistemas mais ou menos sofisticados de vigilância e segurança, áreas de acesso interditas ao público,
etc.), culturais ou simbólicas (regulamentos, valores, práticas, ritos, vestuário, normas de acesso,
sistemas de sinalização). Servem fundamentalmente para demarcar as fronteiras do sistema de acção
interno e definir a identidade organizacional. Cf. Graça, L. - Evolução do Sistema Hospitalar: uma
Perspectiva Sociológica. 2000. http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos92.html (28.06.2007, 23h).
9
e o hospital foi claramente, durante séculos, uma instituição totalitária26, com
maior ou menor conivência dos profissionais de saúde. Não é por acaso que ainda
hoje se continua a falar tanto da humanização do hospital, o que não deixa de ser
sintomático da persistência histórica de certos traços ‘totalitários’ da sua
organização e funcionamento27 - “Pode-se mesmo dizer que o hospital de hoje
conserva certos traços do sistema tradicional e do sistema profissional liberal.”28
Mas, reforce-se, hoje as coisas não são assim. Não obstante o cirurgião ser o
responsável técnico pelo tratamento dos doentes, pela cirurgia, cada profissional
é responsável pelo exercício do seu trabalho. Muito mais tratando-se de
profissões auto-reguladas, como é o caso de enfermagem e da medicina. E tem
igual dignidade, bem como o dever de “trabalhar em articulação e
29
complementaridade” , para o objectivo comum.
26
Em síntese, as características, , da instituição totalitária são: 1) as pessoas estão colocadas sob uma
única e mesma autoridade (são exemplos o director do hospital psiquiátrico, o capitão do navio da
marinha mercante, o comandante do aquartelamento militar, a madre superiora do convento, o reitor do
seminário, o director do estabelecimento prisional); 2) cada fase da actividade quotidiana desenrola-se,
para cada indivíduo, numa relação de grande promiscuidade com um elevado número de outros
indivíduos, submetidos às mesmas regras, procedimentos, deveres e obrigações; 3) todos os períodos
de actividade são regulados segundo um programa estrito, isto é, todas as tarefas estão "encadeadas",
obedecem a um plano imposto "de cima" por um sistema explícito de regulamentos; 4) as diferentes
actividades assim impostas são reagrupadas segundo um plano único e racional, concebido
expressamente para responder ao fim ou missão oficial da instituição. O traço essencial destas
instituições é a aplicação ao indivíduo dum tratamento colectivo, de acordo com um sistema burocrático.
Vidé GRAÇA, Luis, Idem, http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos85.html (29.06.2007, 21h)
27
WALTON, E. - L'hôpital et le modèle théorique de l'institution totalitaire. Gestions Hospitalières, 276
(1998) 341-345.
28
GRAÇA, Luis. http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos92.html (29.06.2007, 21h30).
29
CF. Deveres para com outras profissões, EOE, Artigo 91.
10
construída nesse especial teatro de operações contando com os factores de
incerteza e de complexidade, parece certo que cada um sabe do seu papel e da
sua área de competência. De onde, a importância do trabalho em equipa
multiprofissional.
30
Cf. PINEL, Jean-Pierre - Ensinar e educar em instituições especializadas: abordagem clínica dos vínculos
de equipe. http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/epc/v23n4/v23n4a08.pdf (30.06.2007, 23h)
31
Cf. PINEL, idem.
32
Por exemplo, se o pólo do grupo predomina, a equipa é mais coesa, e os profissionais tendem a
libertar-se dos limites e das regras da instituição. Se o pólo institucional predomina, o conjunto tende a
um funcionamento ideológico de fechamento e, algumas vezes, um fanatismo de contorno sectário.
Quando o pólo organizacional predomina, a característica mais evidente é do desvio burocrático dos
papéis. Certas características institucionais aumentam os riscos de desvinculação profissional, ao
constituirem ou preferirem grupos ou profissionais com percursos aleatórios.
11
de enfermagem, adequados e individualizados, desde o período pré ao pós
operatório. O período pré-operatório inicia-se no momento em que o cliente é
informado da necessidade do procedimento cirúrgico e as acções de enfermagem
neste período visam objectivar as condições físicas e psicológicas mais adequadas
- a figura paradigmática deste período é a visita pré-operatória tendo, entre
outros objectivos, a finalidade de esclarecer dúvidas, com vista a evitar enganos
ou atrasos e a reduzir a ansiedade dos clientes. A base para a identificação dos
diagnósticos de enfermagem perioperatória centra-se nesta visita pré-operatória
realizada pelo enfermeiro. Todo o percurso da pessoa, desde a entrada à saída do
Bloco, é acompanhado pelos enfermeiros, e, hoje, realiza-se em alguns locais a
visita pós-operatória na lógica de avaliar o realizado e recolher elementos que
permitam melhorar a qualidade dos cuidados e da intervenção.
33
Orientações da Ordem (www.ordemenfermeiros.pt/images/contents/issues/13_sup13.pdf) e da AESOP,
nesta matéria.
34
Expressão que foi lema do Dia Internacional do Enfermeiro, ICN, 2007 -
www.ordemenfermeiros.pt/images/contents/issues/13_sup13.pdf. De acordo com o ICN, ambientes
desfavoráveis à prática afastam os enfermeiros, limitam o seu desempenho e prejudicam a qualidade
dos cuidados e, pelo contrário, "ambientes favoráveis à prática" promovem a excelência dos cuidados,
captam e retêm enfermeiros (daí, a designação de «hospitais-imân»). Na análise do ICN à crise na força
de trabalho na enfermagem - Global Nursing Review Initiative - os ambientes favoráveis à prática e o
desempenho organizacional emergiram, em conjunto, como uma das propostas globais para a acção. Ao
examinar os ambientes favoráveis à prática emergem duas considerações: a identidade profissional dos
enfermeiros e as características dos próprios ambientes. Os enfermeiros são profissionais que perfilham
uma filosofia holística de cuidados, característica esta que modela as suas expectativas e torna os
ambientes de trabalho desafiadores.
12
1 – o bloco operatório é uma unidade de prestação de cuidados de saúde onde, pela
especificidade da natureza dos cuidados aí desenvolvidos, se concentram riscos de
variada ordem, tornando a manutenção e segurança do ambiente cirúrgico em funções
centrais desenvolvidas pelos enfermeiros em contexto peri-operatório;
2 – por manutenção e segurança do ambiente cirúrgico entende-se o conjunto de
intervenções que se tornam a garantia da observância de todas as medidas ambientais
e de segurança:
– para o doente, que se submete a cirurgia invasiva e procedimentos anestésicos,
cujas necessidades estão devidamente identificadas;
– para os restantes profissionais da equipa, para quem o foco de atenção é o conjunto
dos procedimentos cirúrgicos e anestésicos que garantam ao doente cirúrgico o
usufruto do melhor que a cirurgia a que se submete pode proporcionar.
É neste escopo que assentam as atribuições do enfermeiro circulante, sendo este o
profissional que, no conjunto da equipa cirúrgica, tem como atribuições específicas
a redução dos riscos inerentes à natureza dos cuidados no bloco operatório,
pela promoção da segurança do doente e dos restantes profissionais e o
suporte necessário à qualidade do acto cirúrgico no que ao ambiente diz
respeito. O enfermeiro circulante é o profissional de enfermagem que, no
desempenho das suas competências, tem como foco de atenção as necessidades do
doente cirúrgico, e assenta a sua tomada de decisão nos conhecimentos científicos e
técnicos que lhe permitem conhecer e compreender a complexidade do ambiente em
que desenvolve as suas intervenções, incluindo em situações de emergência ou de
limite.”35
35
ORDEM DOS ENFERMEIROS – Orientações para as atribuições do enfermeiro circulante. Lisboa, 2004.
(negrito nosso)
13
– controlar e limitar a circulação de pessoas no decurso do acto cirúrgico;
– providenciar materiais adequados e o equipamento necessário ao tipo de cirurgia, e
verificar a correcta funcionalidade.”36
§ Num certo ambiente enquadrador, que existe para dar resposta às necessidades
da pessoa a ser submetida a intervenção ou a acto cirúrgico, toda uma equipa
age e interage, no sentido de assegurar a segurança. A segurança do acto
cirurgico, cabe ao cirurgião e a quem o ajuda. A segurança da assépsia na
técnica, cabe à enfermeira intrumentista. A segurança da pessoa, desde o
36
Idem.
14
acolhimento e identificação à administração de fármacos anestésicos, cabe à
enfermeira de anestesia. A segurança da sala e dos factores externos à pessoa e
à técnica, cabem à enfermeira circulante. E assim por diante, cada um dos
intervenientes tem um papel próprio, interagindo todos em sinergia. “O que é
claro é que o Bloco Operatório representa uma unidade funcional única onde
anestesistas, os cirurgiões, e os enfermeiros devem desenvolver as relações de
sinergia necessárias para prestar um cuidado eficiente, compassivo, rentável e
seguro””37.
37
Idem, “What is clear is that the operating room represents a unique functional unit where
anesthesiologists, surgeons, and nurses must develop synergistic relationships designed to deliver
efficient, compassionate, cost-effective, and safe care to patients.” (tradução livre).
38
IFPN / EORNA- Recomendações para o desenvolvimento de padrões de boa prática. Segurança dos
doentes – o nosso primeiro objectivo. Em http://www.aesop-enfermeiros.org
15
segurança. Foi o caso da AORN (Association of periOperative Registered Nurses) e
da sua tomada de posição39 sobre a segurança dos doentes, considerando que
esta é a responsabilidade primária da enfermeira perioperatória, que a relação
com o cliente tem o laço da confiança na enfermeira e na equipa cirúrgica e que
proteger a segurança e promover resultados óptimos mais fortalecerá esse laço.
39
http://www.aorn.org/PracticeResources/AORNPositionStatements/Position_PatientSafe
16
os membros da equipa ou entre os membros da equipa, m) equipas com dotação
reduzida, n) cultura de culpa, o) arrumação confusa de medicação e materiais, p)
instrucções pouco claras, q) treino e orientação insuficiente, r) características dos
clientes, requerendo procedimentos pouco habituais, s) falhas em incluir o cliente e
40
família na avaliação e tomada de decisão.”
40
http://www.aorn.org/PracticeResources/AORNPositionStatements/Position_PatientSafe. Tradução livre
de: “Among contributing factors are inadequate communication among team members, incomplete
review of patient health records and diagnostic studies, traditional hierarchical and autocratic cultures,
patient-related decisions made only by physicians, rapidly and frequently changing technology,
intimidating management styles, absent or inconsistently applied policies and procedures, fatigue,
multitasking, time pressures and constraints, emergency surgery, cultural differences between patients
and staff members and among staff members, staffing shortages, a blaming culture, confusing
packaging of medications and supplies, unclear instructions, insufficient orientation and training, patient
characteristics requiring unusual setup or requirements, and failure to include the patient and family
members in assessment and decision making.”
41
As fontes de algumas destas estratégias são IFPN / EORNA- Recomendações para o desenvolvimento
de padrões de boa prática. Segurança dos doentes – o nosso primeiro objectivo. Em http://www.aesop-
enfermeiros.org e a Position Statement da AORN, Patient safety, http://www.aorn.org.
17
materiais, na validação ou verificação das etapas anteriores (ou seja,
pressupôr o mínimo para reduzir a possibilidade de incorrer em erro);
e) considerar, na aquisição ou contratação de novas tecnologias, as cláusulas
que incluam o apoio à formação do pessoal (considerar sempre como
essencial assegurar a formação do pessoal que vai manusear e colaborar na
utilização dos equipamentos ou materiais);
f) normalizar procedimentos tanto quanto possível (e mantê-los actualizados e
de acordo com os mais recentes resultados da investigação);
g) documentar as observações, as intervenções e os resultados, cumprindo o
dever de registar e assegurar a continuidade dos cuidados e possibilitando o
estudo posterior das situações, a recolha de evidências;
h) participar em processos de garantia e melhoria da qualidade – em ligação a
desenvolver políticas e procedimentos dirigidos a identificar e corrigir práticas
inseguras (pode abarcar os aspectos da segurança na selecção e aquisição
dos produtos e materiais, o correcto armazenamento e identificação dos
fármacos, a análise dos circuitos e dos próprios procedimentos);
i) manter zelosamente as melhores condições de funcionamento, não facilitando
nos processos, o que pode ser potenciado por uma liderança assertiva da
equipa e na sala.
18
responder pelos actos e consequências, na esfera das atribuições de cada um, e
em articulação e complementaridade, pode ser desenvolvida e acautelada por
processos de gestão do risco42.
42
Controlar o risco, na prática, promove a prestação de cuidados de qualidade, o que corresponde a
realizar plenamente a obrigação para com a sociedade. O objectivo da gestão do risco enquanto
processo que identifica, analisa e trata potenciais perigos num contexto de prática circunscrita é
identificar e eliminar riscos potenciais antes que alguém seja ferido ou lesado e desenvolver e avaliar
políticas e procedimentos que definam guidelines na instituição e para a prática directa. Estas
actividades são úteis na protecção da organização, em caso de processo legal mas, mais importante do
que isto, servem para proteger o público tanto quanto os profissionais.
43
EOE, Código Deontológico do Enfermeiro, Artigo 78, nº 3.
19